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Teste do Qui- Quadrado Análise Estatística dos Dados Genéticos Vimos que o cálculo da probabilidade pode nos auxiliar a avaliar as chances de ocorrência de um dado evento, considerando o genótipo e/ou fenótipo dos genitores. O próximo teste é do Qui- quadrado, escrito sem o termo em latim “chi”, representado pela letra . 𝑥 2 Em genética, este teste estatístico permite avaliar se o número de descendentes nascidos com determinadas características fenotípicas está de acordo com a frequência fenotípica esperada, baseando- se no pressuposto ou suposição quanto ao modo de herança do fenótipo observado e também quanto ao genótipos dos genitores; esse pressuposto deve ser baseado no conhecimento sobre herança dos caracteres fenotípicos. Vamos avaliar apenas caracteres herdados de modo Mendeliano, porém poderá ser empregado para outros modos de herança que Mendel não observou ao estudar as características das ervilhas de jardim, em suma, avaliaremos se os desvios ou diferenças entre a frequência fenotípica observada na descendência de um cruzamento difere ou não, signi�cativamente, da frequência esperada, de modo que os desvios observados possam ser atribuídos ao acaso e a nossa hipótese possa ser aceita. Observações Frequência fenotípica observada : É o número de descendentes com dado fenótipo, também pode ser apresentado como razão fenotípica observada, que a proporção em relação ao total de possibilidades. Frequência fenotípica esperada (razão esperada) : É o número ou proporção estimada de descendentes com características fenotípicas de acordo com modo de herança e o genótipo dos genitores. Pressuposto ou premissa : É a suposição que fazemos sobre o modo de herança e genótipo dos genitores do cruzamento, que forma a base para estimar a frequência esperada. Desvio: É a variação do observado ou do resultado observado em relação ao esperado ou do resultado esperado. Hipótese nula ( ) : 𝐻 0 Prevê não haver diferença signi�cativa entre o observado e o esperado, atribuindo as diferenças ou desvios ao acaso. Probabilidade Vimos no cálculo da probabilidade que jogando a moeda para cima a razão esperada de resultados é de 1:1 , , assim como, ( 1 2 1 2 ) no cruzamento teste, ou seja, entre o indivíduo heterozigoto e o homozigoto recessivo, ao analisar uma característica transmitida por herança Mendeliana a razão fenotípica esperada na descendência é de um indivíduo com fenótipo dominante para um indivíduo com fenótipo recessivo (1A:1a). O mesmo ocorre para cada gestação onde a razão esperada de nascimento de menina e menino é 1:1, porém é comum observarmos em todos esses exemplos desvios em relação a razão esperada. Exemplo: ➢ Uma família com dez meninos e apenas uma menina. Assim como o nascimento de dez meninos, lançando uma moeda apenas quatro vezes podemos obter apenas cara ou coroa como resultado, isso porque quanto menor o número amostral maior é o impacto do acaso. Em outras palavras, à medida que o tamanho amostral aumenta, o desvio em relação à razão esperada decresce na mesma proporção , ou seja, seria estatisticamente impossível obter o mesmo resultado em mil lançamentos da moeda. Herança Mendeliana Por exemplo, na herança Mendeliana é esperado uma razão fenotípica na F2 do cruzamento mono (3A:1a) e di-hibridismo (9AB:3Ab:3aB:1ab). Ainda podemos obter 1A:1a no cruzamento teste, considerando um par e 1AB:1Ab:1aB:1ab, considerando dois pares. Ao acasalar indivíduos heterozigotos para um par de genes e homozigotos para o segundo esperamos obter na descendência uma razão fenotípica de 3AB:1Ab:3aB:1ab. Assim, de acordo com os genótipos dos genitores estas e outras proporções fenotípicas poderão ser observadas. No entanto, embora essas razões fenotípicas sejam esperadas, o número de descendentes em cada uma das classes fenotípicas pode variar, pois na herança Mendeliana o único fator �xo é que cada alelo de um gene é dominante ou recessivo. Já os resultados da segregação meiótica, da distribuição independente e da fecundação, assim como no caso do lançamento de uma moeda, são sujeitos à �utuações ou variações dos resultados devido ao acaso. Teste do Qui- quadrado Exemplo: ➢ Na espécie cavia porce�us , o porquinho-da-índia, preá ou cobaia, do cruzamento entre dois animais de pelos curtos nasceram 132 descendentes de pelos curtos e 48 de pelos longos. Com base na aplicação do teste do qui-quadrado, explique o mecanismo genético que controla o caráter em questão. Ao analisar o resultado apresentado no problema, aparentemente, ele está de acordo com a F2 da herança Mendeliana, onde ao acasalar indivíduos com o mesmo fenótipo e heterozigotos obtém-se uma proporção na descendência de três com fenótipo dominante para cada um com fenótipo recessivo (3:1). Desse modo podemos enunciar o nosso pressuposto ou premissa, relacionado mecanismos genéticos em jogo. Premissa: O caráter em questão é dado de modo Mendeliano, onde o alelo que determina pelo curto (L) é dominante em relação ao alelo que determina pelos longos (l). Neste cruzamento os genitores são heterozigotos Ll x Ll , sendo esperada na descendência uma razão fenotípica de três com fenótipo dominante para cada um com fenótipo recessivo (3L:1l). Em seguida formulamos a ou a hipótese 𝐻 0 nula que em estatística é aquela que será testada. Hipótese Nula: Não há diferença signi�cativa entre a razão fenotípica esperada e a observada, sendo os desvios atribuídos ao acaso. Se após fazer os cálculos estatísticos as diferenças observadas não forem signi�cativas iremos aceitar a , caso haja 𝐻 0 diferença signi�cativa estatisticamente, teremos que rejeitar . 𝐻 0 Elaboramos uma tabela Primeiro de�nimos as classes que estão sendo analisadas, nesse caso, pelo longo e pelo curto; em seguida incluímos a frequência absoluta, o número de indivíduos observado em cada classe fenotípica, de acordo com o enunciado, 132 de pelos curtos e 48 de pelos longos. Calculamos a frequência esperada (FE) de acordo com a nossa premissa, ou seja, multiplicando o total de observações ou de descendentes (132 + 48 = 180) pela razão fenotípica esperada, assim: FE = (total de observações) x a razão 𝑛 esperada FE₁ = 180 x (L) ; FE₂ = 180 x (l) 3 4 1 4 FE₁ = 135 ; FE₂ = 45 Na próxima coluna calculamos qual foi o desvio entre a frequência observada e esperada, ou seja, FO - FE: 132 - 135 = -3 e 48- 45 = 3. Elevando os desvios ao quadrado todos os valores tornam- se positivos, temos: ; . − 3 2 = 9 3 2 = 9 Por �m calculamos qual foi o desvio em relação ao esperado para cada classe, dividindo o desvio ao quadrado pela respectiva FE: 𝐷 2 𝐹𝐸 = 0,067 9 135 = 0,200 9 45 Nota: Usar três algarismos signi�cativos, ou seja, três algarismos depois da vírgula. O valor do Qui- quadrado ( ) é obtido 𝑥 2 fazendo o somatório dos desvios ao quadrado sobre FE. 𝑥 2 = ∑𝐷 2 𝐹𝐸 Logo, = 0,267. 𝑥 2 O valor do Qui- quadrado calculado pode ser representado: ● calculado ou calc. 0,267. 𝑥 2 𝑥 2 Como saber se o desvio é ou não signi�cativo? Vimos que houve desvio do observado em relação ao esperar, agora precisamos estabelecer alguns parâmetros para saber se ele é ou não signi�cativo. Como dito, se o desvio não for signi�cativo pode ser atribuído ao acaso e aceita-se a 𝐻 0 formulada, porém se o desvio for signi�cativo, ou seja, maior do que o esperado, teremos que rejeitar a hipótese por ser falsa em relação ao mecanismo genético em jogo, isso quer dizer que não é apenas o acaso responsável pelos desvios observados. Parâmetros necessários para avaliar a signi�cância do teste: Grau de Con�ança Na análise em geral utiliza-se 95% ou 99% de grau de con�ança, ou seja, só 5% ou 1% das vezes pode-se incorrer em erro. Em probabilidade: 0,05 ou 0,01 de incorrer em erro, o que é uma probabilidade baixa. Grau de Liberdade É calculado diminuindo o número de classes fenotípicas ou de classes que estão sendo analisadas, neste caso, duas classes fenotípicas: 2 - 1 = 1. Assim, trabalhamos com 1 grau de liberdade. Tendo o Qui- quadrado calculado ( calc.), 𝑥 2 o grau de con�ança da análise e os graus de liberdade, podemos procurar na tabela o valor do tabelado. 𝑥 2 Na tabela vamos obter o valor crítico do Qui- quadrado, considerando o grau de con�ança e os graus de liberdade. Se o valor do calc. for maior do que o valor crítico, 𝑥 2 estará fora da área contemplada pelo grau de con�ança achado, e então a será 𝐻 0 rejeitada, pois signi�cará que os desvios foram estatisticamente superiores ou signi�cativos e, portanto, não podemos atribuí-los ao acaso, porém se o valor for menor do que o valor crítico tabelado, então esses desvios não foram signi�cativos e a não será rejeitada. 𝐻 0 Nota: Se calc. > tab. = rejeitada, o valor é 𝑥 2 𝑥 2 𝐻 0 signi�cativo. Se calc. < tab. = aceita, o valor não é 𝑥 2 𝑥 2 𝐻 0 signi�cativo. Nota: Se o grau de con�ança que estamos trabalhando é de 95%, o valor crítico da probabilidade é de 0,05 e se for 99% o grau de con�ança, o valor crítico da probabilidade será de 0,01. Para encontrarmos o valor do tabelado 𝑥 2 procuramos o valor crítico em 1 grau de liberdade (GL). Esse valor estará onde houver a interseção com a probabilidade referente ao grau de con�ança dessa análise, no caso a 0,05, então o valor do 𝑥 2 tabelado é de 3,84. Resposta: Sendo calc. 0,267 < o tab. = 𝑥 2 𝑥 2 3,84 os desvios não foram signi�cativos a um grau de con�ança de 95%, portanto, a 𝐻 0 é aceita. Nota: É importante ressaltar que o teste do Qui- quadrado é um teste de hipóteses, então não há sentido em realizar todo esse cálculo estatístico se a hipótese não for formulada inicialmente. Logo, observe o enunciado da questão, estabeleça a premissa para explicar o resultado apresentado no problema, no caso de acordo com a herança Mendeliana e depois descreva qual é a . Muitas vezes o enunciado 𝐻 0 estabelece o grau de con�ança da análise, mas caso não, estabeleça você se vai testar a um grau de con�ança de 95% ou 99% e, por �m, realize as etapas apresentadas e conclua a resposta.
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