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Educação Ambiental CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Departamento Nacional José Manuel de Aguiar Martins Diretor Geral Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações Confederação Nacional da Indústria Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Educação Ambiental Brasília 2010 Ariane Sirugi de Souza Cunha © 2010. SENAI – Departamento Nacional Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190 http://www.senai.br Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs Luciano Mattiazzi Baumgartner - Departamento Regional do SENAI/SC Coordenador de EaD – SENAI/MS Maise Rodrigues Sá Giacomeli – DITEC/COED – SENAI/MS Coordenador de EaD – SENAI/SC em Florianópolis Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em Florianópolis Design Gráfico e Diagramação Equipe de Desenvolvimento de Recursos Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis Design Educacional, Ilustrações e Revisão Textual FabriCO Fotografias Banco de Imagens SENAI/SC http://www.sxc.hu/ http://office.microsoft.com/en-us/images/ http://www.morguefile.com/ http://www.photoxpress.com/ http://www.everystockphoto.com/ Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB 14/937 – SENAI/SC Florianópolis C972e Cunha, Ariane Sirugi de Souza Educação ambiental / Ariane Sirugi de Souza Cunha. Brasília: SENAI/DN, 2010. Inclui bibliografias. 1. Meio ambiente. 2. Educação ambiental. 3. Poluição. 4. Desenvolvimento sustentável. I. SENAI. Departamento Nacional. II. Título. CDU 504 58 p. : il. color ; 30 cm. Sumário Apresentação do curso .................................................................................07 Plano de estudos ............................................................................................09 Unidade 1: Desenvolvimento Sustentável x Desenvolvimento Industrial ............................................................................................................11 Unidade 2: Poluição dos Recursos Naturais ..........................................27 Conhecendo o autor .....................................................................................55 Referências .......................................................................................................57 7 Educação Ambiental Apresentação do Curso Prezado aluno, seja bem-vindo ao curso Educação Ambiental! Para dar início ao nosso percurso, vamos nos cons- cientizar do seguinte: se compreendermos as cau- sas e as consequências que a degradação ambiental traz para o meio ambiente, perceberemos o quanto de nossos consumos são desnecessários e o quanto podemos estar prejudicando o meio ambiente. Por isso, necessitamos discutir essa e tantas outras questões ambientais, pois nos levará a refletir e contribuirá para uma mudança em nossos posi- cionamentos e em nossos padrões de consumo, contribuindo para o fortalecimento de um desen- volvimento sustentável e para a construção de uma política sustentável. Este curso está dividido em duas unidades, cada uma abordando um tema específico. Elas são com- postas, predominantemente, de explanação do assunto-objeto de aprendizagem, seguida de uma proposta de atividade para prática do conteúdo visto. Espero que você perceba a importância da preser- vação do meio ambiente e os benefícios que ela trará para sua vida pessoal, social e profissional, por meio dos conteúdos apresentados e das atividades que você desenvolverá. Desejo a você um ótimo aproveitamento dos conte- údos, uma boa leitura e um ótimo aprendizado! 9 Educação Ambiental Plano de Estudos Carga horária: 12 horas Ementa Meio ambiente; crise ambiental; desenvolvimento industrial; desenvolvimento sustentável; educação ambiental; degradação ambiental; poluição dos re- cursos naturais. Objetivos Objetivo Geral � Conhecer os processos de intervenção antrópica que ocorrem no meio ambiente, suas consequên- cias e as características das atividades produtivas geradoras de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. Objetivos Específicos � Conhecer as origens das atividades antrópicas que impactam diretamente no meio ambiente e como essas atividades geram os grandes impactos que interferem no contexto da sociedade. � Examinar as principais ferramentas de gestão am- biental disponíveis para a melhoria contínua dos padrões de qualidade ambiental. 10 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes � Avaliar os efeitos ambientais causados por resíduos sólidos, emissões at- mosféricas e efluentes líquidos, identificando suas consequências sobre a saúde humana e sobre a economia. 11 Educação Ambiental 1Desenvolvimento Sustentável x Desenvolvimento Industrial Objetivos do Curso Ao final desta unidade, você terá subsídios para: � compreender o conceito de meio ambiente e como sua preservação é essencial ao desen- volvimento do planeta; � analisar a evolução da crise ambiental para que os mesmos erros do passado e do pre- sente não voltem a ser cometidos e para que um futuro melhor seja garantido às próximas gerações; � conhecer os princípios ambientais (desenvol- vimento sustentável e educação ambiental) que necessitam ser implantados para preser- vação e conservação do meio ambiente. Aulas Acompanhe nesta unidade as seguintes aulas: � Aula 1 – Meio ambiente � Aula 2 – Crise ambiental: desenvolvimento industrial x meio ambiente � Aula 3 – Desenvolvimento sustentável � Aula 4 – Educação ambiental 12 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Para Iniciar Você está iniciando a primeira unidade do curso Educação Ambiental. Nesta etapa, você estudará conceitos sobre meio ambiente e como os consumos prejudicam e esgotam os recursos naturais que o meio am- biente fornece. Você conhecerá a evolução da crise ambiental e como ela ajudou a ampliar as legislações que regem o meio ambiente, além de como os países estão desenvolvendo convenções em favor do desenvolvimento sustentável e da educação ambiental. Aula 1 Meio ambiente Nesta aula, você estudará um pouco sobre o meio ambiente e os instrumentos que podem ser implantados para a proteção desse valioso recurso disponível aos seres humanos. O principal objetivo desta aula é que você conheça as conceituações sobre o meio ambiente e os principais instrumentos de proteção e preservação ambien- tal, como o princípio da educação ambiental e o princípio do desenvolvimento sustentável. Reflita um pouco sobre o meio ambiente como condição de vida. Educação Ambiental 13Unidade 1 Pergunta O que é meio ambiente? É a condição de existência da vida na Terra! É tudo que está à sua volta (fauna, flora, ar, solo, água, ar) e que permite o desenvolvimento, pois os recursos que ele oferece são necessários para a sobrevivên- cia. O conceito de meio ambiente é global, e isso é percebido nas relações de equilíbrio entre os diversos elementos. Os seres humanos necessitam sempre utilizar os recursos naturais que o meio ambiente oferece. Exemplo disso é a dependência da água para o as- seio, a alimentação e para a manutenção da vida. Desse modo, pense nas três questões a seguir: � Se as pessoasdependem do meio ambiente para se desenvolverem, por que é que não dão o devido valor a ele? � Por que as pessoas necessitam explorar tanto os recursos naturais até esgotá-los? � Por que as pessoas não dão o devido valor ao seu maior tesouro: o meio ambiente? Cuidar do meio ambiente é um assunto que diz respeito a toda população mundial e o melhor caminho é fazer o uso correto e com equilíbrio dos recursos naturais, que estão se tornando escassos pelo consumo excessivo e desequilibrado. ÁGUA: recurso natural presen- te em 70% da superfície terrestre, sob a forma de mares, lagos e rios, e essencial à vida. Veja mais informações no site Amigo da Água <www. amigodaagua.com.br>. Reflita 14 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes O meio ambiente que se procura proteger é um meio ambiente humano, vis- to que os indivíduos ocupam determinado espaço e necessitam dos recursos disponíveis. A preservação do meio ambiente vem se tornando cada vez mais imprescindí- vel na sociedade, tendo em vista a crescente devastação que tem sido gerado e que pode gerar cada vez mais consequências negativas significativas à qualida- de de vida dos seres que habitam o planeta. Para ampliar seus conhecimentos sobre o que é o meio ambiente e quais ins- trumentos podem ser utilizados para sua preservação e seu monitoramento, seu conceito será definido em bases legais, isto é, o que os legisladores do país conceituam sobre meio ambiente. A Lei Federal no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, conceitua meio ambiente como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, artigo 3º, inciso I). Pode-se dizer que o conceito de meio ambiente é bastante amplo e abrange toda a natureza, ou seja, as belezas naturais (fauna, flora, ar, solo, água, ar), e o ambiente artificial, isto é, o patrimônio humano, ou cultural (histórico, artístico, paisagístico e arquitetônico), do planeta Terra. É o conjunto de condições, leis e influências que agem sobre os organismos vivos e os seres humanos. É o conjunto de elementos naturais e culturais que proporciona o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. Já a Constituição Federal, em seu capítulo VI, Do meio ambiente, no artigo 225, esboça o conceito de meio ambiente como sendo de caráter patrimonial, ao afirmar que [...] todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e á coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, Capítulo VI, artigo 225). Nota 15Unidade 1 Educação Ambiental Contudo, Milaré (2004, p.114), observa que [...] tanto a Lei 6.938/1981 quanto a Lei Maior (Constituição Federal) omitem-se sobre a consideração essencial de que o ser humano, considerado como indivíduo ou como coletividades, é parte integrante do mundo natural e, por conseguinte, do meio ambiente. Essa omissão pode levar facilmente à ideia de que o meio ambiente é algo extrínseco e exterior à sociedade humana, confundindo-o, então, com seus componentes físicos bióticos e abióticos, ou com recursos naturais e ecossistemas. Se você parar para pensar no que realmente é o meio ambiente, vai se deparar com a ideia de que é a condição de existência de vida no planeta, pois o meio ambiente é tudo que cerca a vida humana e que possibilita o desenvolvimento. Para Silva (1995, p. 29), o “meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. O autor, partindo desse conceito, trabalha com a existência de três aspectos do meio ambiente: o meio ambiente artificial (espaço urbano); o meio ambiente cultural (patrimônio histórico, artís- tico, arqueológico, paisagístico, turístico); e o meio ambiente natural, ou físico (constituído pela interação dos seres vivos com seu meio). 16 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Contudo, Rocha (1997, p. 25) faz a seguinte classificação do meio ambiente: a natural (“aquele constituído pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela fauna e pela flora”); b artificial (“espaço físico transformado pela ação continuada e persistente do homem com o objetivo de estabelecer relações sociais, viver em sociedade”), que pode ser dividido em urbano, periférico e rural; c cultural (“constituído por bens, valores e tradições aos quais as comunida- des emprestam relevância, porque atuam diretamente na sua identidade e formação”); d do trabalho, isto é, o ambiente no qual se desenvolvem as atividades labo- rais. Aula 2 Crise ambiental: desenvol- vimento industrial x meio ambiente Para dar início a esta aula, reflita sobre o seguinte pensamento: O homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo... Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos (Rachel Carson). Os olhares para o meio ambiente começaram quando o crescimento econômico e o processo de industrialização estavam trazendo resultados predatórios ao planeta. Nesse momento, a humanidade interagia com o meio ambiente, pro- vocando efeitos negativos (em maior ou menor grau) por causa do avanço do desenvolvimento industrial e econômico. Reflita Educação Ambiental 17Unidade 1 Foi essa crescente industrialização que a degrada- ção global, o avanço da poluição da água, do ar e do solo e o acúmulo de resíduos gerados fize- ram com que a Suécia propusesse a realização de uma Conferência Internacional à Organização das Nações Unidas (ONU), visando a discutir os princi- pais problemas ambientais que já alcançavam uma dimensão global. Em 1972, foi realizada em Estocolmo, na Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Am- biente Humano, com a participação de 113 países, 250 organizações não governamentais (ONGs) e organismos da ONU. Essa conferência foi o marco inicial, com representações de diversas nações, onde foram discutidos os problemas ambientais, sendo consolidada a relação entre desenvolvi- mento e meio ambiente. Seu principal objetivo era conscientizar os países sobre a importância de promover a não poluição atmosférica nos grandes centros urbanos, o combate à poluição das águas e a preservação dos recursos naturais. O final da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano teve como resultado a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), com sede em Nairóbi, no Quênia, e a aprovação da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano. Essa, conhecida como Declaração de Estocolmo, contém 26 princípios que servem como inspiração e guia para preservar e melhorar o meio ambiente humano aos povos do mundo. A partir desse marco, a questão ambiental tornou- se preocupação mundial e passou a fazer parte das negociações internacionais. POlUIçãO: degradação ambiental provocada pelo lan- çamento, liberação ou disposição de qualquer matéria ou energia nas águas, no ar, no solo ou no subsolo. 18 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes No Brasil, sem um ordenamento jurídico específi- co até então, nasceu o conceito jurídico de meio ambiente em 1981, presente na Lei Federal no 6.938, de 31 de agosto, que dispõe sobre a Políti- ca Nacional de Meio Ambiente, criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente, onde foram estabele- cidas as competências administrativas e legislativas para as diferentes instâncias de poder constituídas (União, estados, Distrito Federal e municípios). Em 1988, a Constituição Federal Brasileira rea- firmou o conceito de meio ambiente e deu mais ênfase à Lei Federal no 6.938, fixando os princípios em relaçãoao meio ambiente e estabelecendo as condutas e as atividades lesivas a ele, onde infra- tores, pessoas físicas ou jurídicas ficariam sujeitos às sanções penais e administrativas e, além disso, obrigados a reparar o dano causado. Após esse período, em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, mais conhecida como Rio 92, ou Eco 92, que teve como tema principal de discussão o desenvolvimento sustentável e como reverter o processo de degradação ambiental, e buscava meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e a proteção dos ecossistemas da Terra. Essa conferência teve como principal objetivo dis- cutir as conclusões e propostas do relatório Nosso Futuro Comum, produzido em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, criada pela ONU no final de 1983, por iniciativa do PNUMA. Esse rela- tório busca o equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente, por meio dos recursos naturais, destacando o conceito de de- senvolvimento sustentável. Durante essa conferência, uma série de conven- ções, acordos e protocolos foram firmados e assi- nados pelos governantes dos países participantes, ratificando o compromisso de adotar um conjunto de atividades e procedimentos para melhorar a qualidade de vida global. DEGRADAçãO AMbIENTAl: alteração adversa das características do meio ambiente, resultante de atividades que, direta ou indiretamente: a) causem prejuízos à saúde, à segurança e ao bem-estar da população; b) causem danos aos recursos ambientais e aos materiais; c) criem condições adver- sas às atividades sociais e econômicas; d) afetem as condições estéticas, de imagem urbana, de paisagem ou sanitárias do meio am- biente; e) infrinjam normas e pa- drões ambientais estabe- lecidos. 19Unidade 1 Educação Ambiental Na Rio 92, consagrou-se a elaboração dos seguintes documentos: Carta da Terra; Convenção da Biodiversidade, Desertificação e Mudanças Climáticas; Declaração de Princípios sobre Florestas; Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento; e Agenda 21 (que serviu de base para que cada país desenvolvesse seu plano de preservação do meio ambiente). A Agenda 21 é um documento que se compromete a refletir, global e local- mente, sobre de que forma governos, empresas, ONGs e todos os setores da sociedade podem cooperar no estudo de soluções para os problemas socio- ambientais. Também compromete as nações a adotarem métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica, criando um fundo para o meio ambiente para ser o suporte financeiro das metas fixadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios (BRASIL, 2000, capítulo 4). Aula 3 Desenvolvimento sustentável Vamos agora entender o que é desenvolvimento sustentável. Você sabe quando surgiu o termo “desenvolvimento sustentável”? Nota Pergunta 20 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Esse termo surgiu em 1987, lançado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento. Ela defende que as necessidades geradas no presente de- vem ser atendidas, tendo-se sempre em mente que as necessidades do futuro não podem deixar de ser atendidas também. De acordo com o Relatório Brundtland, “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibili- dade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” (WORLD COMMISSION, 1987). O desenvolvimento sustentável enfatiza a necessidade de atender às necessidades básicas da geração presente, sem comprometer o atendimento das futuras populações. Isso implica que, para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, a proteção do ambiente tem de ser entendida como parte integrante do processo de de- senvolvimento e não pode ser considerada isoladamente. O princípio do desenvolvimento sustentável, decorrente do Princípio 5 do Pro- tocolo de Estocolmo de 1972, foi reafirmado pela Declaração do Rio de Janeiro, Rio 92, em 1992, quando estabeleceu que “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as neces- sidades de gerações presentes e futuras”. O conceito de desenvolvimento sustentável foi firmado na Agenda 21 e incor- porado em outras agendas mundiais de desenvolvimento e de direitos huma- nos. Atenção 21Unidade 1 Educação Ambiental Para a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável estão rela- cionados com o processo de crescimento da cidade e objetiva a conservação do uso racional dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Entre esses objetivos estão: � Crescimento renovável. � Mudança de qualidade do crescimento. � Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia, alimento e saneamento básico. � Garantia de um nível sustentável da população. � Conservação e proteção da base de recursos. � Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco. � Reorientação das relações econômicas internacionais. A água é fundamental para a vida na Terra! A água é fundamental para a vida na Terra, em relação à sobrevivência humana básica e ao sistema produtivo. O consumo sustentável e responsável otimiza o desperdício do uso dos recursos naturais e preserva a qualidade desses recursos. No campo das discussões para o alcance do desenvolvimento sustentável, um tema em destaque é o uso adequado dos recursos naturais. O uso indiscrimi- nado dos recursos não renováveis pode levar todo o planeta a um colapso e, consequentemente, inviabilizar a vida. Poupe para que as gerações futuras possam usufruir, optar, gerenciar e decidir! A água está no planeta de forma bem diferenciada. Devido a razões naturais, algumas regiões têm em abundância e outras não. Mas, independentemente dessa distribuição natural, outros fatores impedem que todos nós tenhamos acesso irrestrito ao mínimo necessário desse recurso. A falta desse recurso com- promete não só uma vida saudável, mas também as possibilidades de desenvol- vimento de uma região. Dica 22 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes O PNUMA estima que até 2025 a disponibilidade per capita de água fique em torno de apenas 5 mil metros cúbicos, colocando 3 bilhões de pessoas em situ- ação de grave estresse hídrico. Essa possibilidade de escassez deve-se não só ao crescimento populacional, mas também ao mau uso e ao não gerenciamento da água disponível. Qual é a quantidade de água que você consome para lavar seu carro ou sua calçada? Não é desperdício? Aula 4 Educação ambiental No capítulo 36 da Agenda 21, a educação ambiental é definida como o proces- so que busca: [...] desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos (BRASIL, 2000, capítulo 36). Conforme a Lei Federal no 9.795 (BRASIL, 1999, art. 1o), [...] educação ambiental pode ser definida como os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação ambiental é o elemento de sensibilização da população e da neces- sidade da promoção do uso racional dos recursos naturais e do papeldo cida- dão nesse processo de transformação. Para que isso ocorra, há dois exemplos práticos que podem ser aplicados à educação ambiental, tanto nas residências como nos locais de trabalho. Veja! Pergunta 23Unidade 1 Educação Ambiental � Em primeiro lugar, nas residências: verifique se há vazamentos; se sim, elimi- ne-os. Aprenda a administrar e racionalizar o uso da água em atividades não essenciais, como regar jardim e lavar veículos. � Depois, em seu trabalho: racionalize o uso de copos de plástico e o uso de qualquer insumo de fornecimento externo. A educação ambiental é um instrumento de conscientização da sociedade no trato das questões de racionalização e administração da utilização dos recursos ambientais, contribuindo para transformar o cidadão em proativo quanto ao trato adequado da conformidade ambiental na coletividade. É muito importante tratar os recursos naturais como uma problemática, como vem sendo enfrentada dentro da educação ambiental, pois aumentam cada vez mais as preocupações com resíduos sólidos, esgoto, rios e empresas que se instalam sem estrutura adequada. A seguir, estão expostos os objetivos da educação ambiental. Lembre-se sempre de que a educação é a base para fortalecer e transformar os futuros cidadãos sustentáveis. � O estímulo de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social que está cada vez mais exposta. � O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do meio ambiente, entendendo-se que a defesa da qualida- de ambiental é um valor inseparável e inestimável no exercício da cidadania. � O estímulo à cooperação entre as diversas regiões do país, em níveis micros e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambiental- mente equilibrada, fundada nos princípios de liberdade, igualdade, solida- riedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade. � O fortalecimento da integração da educação com a ciência e a tecnologia. � O fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. A educação ambiental visa não só ao desenvolvimento sustentável, como tam- bém ao consumo sustentável, ou seja, busca mudar hábitos na sociedade para possibilitar que as gerações futuras também possam fazer uso dos recursos naturais. Podem-se citar como exemplos as degradações que o meio ambien- te está sofrendo com a poluição, o desperdício dos recursos hídricos (água), a geração de resíduos sólidos e sua destinação final incorreta. Reflita 24 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Colocando em prática Você chegou ao final da primeira unidade! Caso tenha ficado com dúvi- das, retorne ao conteúdo e entre em contato com seu tutor, pois certa- mente ele ajudará você. Agora, acesse o ambiente virtual de aprendiza- gem (AVA) e realize as atividades para testar seus conhecimentos! Relembrando Nesta unidade, você viu que meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Estudou tam- bém que o meio ambiente é bastante amplo e abrange toda a natureza e o ambiente artificial do planeta Terra. Assim, compreende o solo, a água, o ar, a flora e a fauna (as belezas naturais) e o patrimônio huma- no, ou cultural (histórico, artístico, paisagístico e arquitetônico). Observou que o desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras em satisfazer suas necessidades. Você percebeu como é necessário desenvolver uma população que seja consciente em relação ao meio ambiente e aos problemas que lhe são associados e que seja preocupada com eles. Ou seja, uma população que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compro- missos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos. Você está finalizando a primeira unidade do curso Educação Ambien- tal. No decorrer de seu estudo, você recebeu importantes informações sobre o que é meio ambiente e como a educação ambiental e o de- senvolvimento sustentável auxiliarão os seres humanos a aproveitar os recursos naturais disponíveis, mas sem prejudicar as próximas gerações. Garanta que você vai utilizá-los, mas que também vai deixá-los disponí- veis para o nosso futuro. Aproveite e aplique esses conhecimentos! 25Unidade 1 Educação Ambiental Saiba mais Acesse o site <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constitui%C3%A7ao.htm>, para compreender melhor o capítulo VI, Do meio ambiente, da Constituição Federal. Para obter mais informações sobre a Declaração da Conferência de ONU no Ambiente Humano, acesse <www.mma.gov.br/estruturas/ agenda21/_arquivos/estocolmo.doc>. Alongue-se Agora, tire um tempo para você. Relaxe! Chame um amigo para dar um passeio, tome um suco bem refrescante, escute uma música agradável! Quando estiver relaxado, retorne aos seus estudos. Faça isso sempre que sentir que seu estudo não está rendendo, para aproveitar ao máximo nos- so curso! 27 Educação Ambiental 2Poluição dos Recursos Naturais Objetivos do Curso Ao final desta unidade, você terá subsídios para: � Avaliar as causas da degradação ambiental que começou com a Revolução Industrial e como seus resultados influenciaram o meio ambiente. � Conhecer e diagnosticar as poluições atmos- féricas, do solo e da água. Aulas � Aula 1 – Degradação ambiental: crescimento socioeconômico x meio ambiente � Aula 2 – Poluição dos recursos naturais 28 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Para Iniciar Nesta segunda unidade, serão abordadas as causas da degradação ambiental e como suas consequên- cias influenciam em nosso meio ambiente. Você conhecerá as causas e os efeitos da poluição dos recursos naturais (ar, solo e água) pela interfe- rência do ser humano no meio ambiente. Aula 1 Degradação ambiental: crescimento socioeconômico x meio ambiente Nesta primeira aula da segunda unidade, você encontrará um conteúdo voltado à questão am- biental, tendo como marco a Revolução Industrial e como seus resultados influenciaram na constru- ção do que se convencionou chamar de desenvol- vimento sustentável. O principal objetivo desta aula é que você conheça a construção histórica da degradação ambiental, para que saiba que há muito tempo a relação dos seres humanos com o meio ambiente deixou de ser harmoniosa e está cada vez mais nociva. MEIO AMbIENTE: conjunto de condições, leis, influências e inte- rações de ordem física, química, biológica, socio- econômicas e culturais que permitem, abrigam e regem a vida em todas as suas formas. 29Unidade 2 Educação Ambiental Os problemas ambientais fazem parte do cotidiano e isso é bastante percep- tível, não é mesmo? Basta abrir uma revista ou navegar pela internet que eles estão lá. Algumas vezes, basta olhar pelas janelas das casas para se deparar com lixo nos terrenos baldios, com poluições atmosféricas etc. Atualmente, a questão ambiental possui um grande destaque na sociedade mundial devido à industrialização, à concentração de pessoas no meio urbano e à crescente produção fabril. O meio ambiente está cada vez mais em foco nas discussões ambientais, que buscam zelar sempre pela manutenção de um meio ambiente saudável para as presentes e futuras gerações. Nada do que foi será De novo do jeito que já foi um dia Tudo passa tudo sempre passará… Tudo o que se vê não é Igual ao que a gente viu há um segundo Tudo muda o tempo todo no mundo… (Nelson Motta e Lulu Santos) Podem-se considerar três aspectos básicos para a crise ambiental: o crescimen- to populacional, a demanda por energia e a consequente geração de resíduos, que pode ser denominada poluição. De acordo com Leff (2001, p. 9), A degradação ambiental, o risco de colapsoecológico e o avanço da desigualdade e da pobreza são sinais eloquentes da crise do mundo globalizado. A sustentabilidade é o significante de uma falha fundamental na história da humanidade, crise de civilização que alcança seu momento culminante na modernidade, mas cujas origens remetem à concepção do mundo que serve de base à civilização ocidental. A sustentabilidade é o tema do final da transição da modernidade truncada e inacabada para uma pós-modernidade incerta, marcada pela diferença, diversidade, democracia e autonomia. Desde a Revolução Industrial, o meio ambiente tem sido transformado inten- samente pelas atividades humanas. Apesar da melhoria das condições de vida proporcionadas pela evolução tecnológica, observam-se diversos fatores ne- gativos: explosão populacional; concentração crescente da ocupação urbana; e aumento do consumo com a utilização em maior escala de matérias-primas e insumos (água, energia, materiais auxiliares de processos industriais). Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), o Brasil vem suportando gran- des modificações em detrimento do crescimento demográfico e de seus alicer- ces de desenvolvimento. Esse célere ritmo de industrialização e agrupamento de contingentes populacionais em espaços urbanos passou a provocar fortes impactos ambientais. Com isso, a produção de resíduos oriundos das atividades humanas foi se tornando excessiva, gerando desequilíbrio no meio ambiente. 30 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes A humanidade vive um grande desafio: o de realizar um projeto civilizatório, ecologicamente sustentável, sem provocar a miséria humana e ambiental, asse- gurando a manutenção da vida no planeta. Podem-se citar como as principais fontes de alterações no meio ambiente as queimadas; os resíduos sólidos domésticos, industriais e hospitalares diaria- mente depositados no solo e nos rios de forma inadequada, sem o devido tratamento; o aumento dos gases do efeito estufa, causado pelos gases pro- venientes da queima de combustíveis fósseis (petróleo), que permitem que a radiação solar penetre na atmosfera, retendo grande parte dela e gerando aumento de temperatura; a utilização de agrotóxicos; e o desmatamento desen- freado. A população vem se deparando com um problema que afeta o mundo, que é a degradação do meio ambiente. Você sabe como acontece a degradação do ambiente? A degradação se dá pela exaustão dos recursos naturais. Com o crescimento econômico que está em desequilíbrio com a proteção do meio ambiente, os esforços para mudar tal situação são válidos a partir do momento em que se estuda a possibilidade de um modelo sustentável de desenvolvimento. A degra- dação do meio ambiente implica ameaça direta à humanidade, o que significa atingir o próprio homem. Pergunta Educação Ambiental 31Unidade 2 A influência do homem no meio ambiente se configura como um método contínuo e acelerado. A ideia que prevalece no mundo atual concebe o meio ambiente como uma fonte inesgotável de recursos, que, no entanto, é limitada e finita. Além disso, já se sabe que muito desses recursos pode- rão se esgotar em um futuro próximo. De acordo com a Lei Federal no 6.938 (BRASIL, 1981), é possível classificar os recursos ambientais em: atmosfera, águas interiores, superficiais e sub- terrâneas, estuários, mar territorial, solo, subsolo, elementos da biosfera, fauna e flora. Esses recursos que estão sendo referenciados são os recursos naturais. Como já estudamos na primeira unidade, recurso natural é tudo aquilo que é necessário ao homem e está disponível na natureza, como água, solo, ar, biomassa, combus- tível fóssil, entre outros. Esses recursos podem ser classificados em renováveis e não renováveis. Recursos renováveis São aqueles que a natureza consegue regenerar por meio de seus processos, que, depois de serem utilizados, ficam disponíveis novamente graças aos ciclos naturais. Exemplo: a água (com seu ciclo hidrológico), a biomassa, o ar e a energia eólica. bIOMASSA é formado pelos com- ponentes bióticos de um ecossistema: produtores, consumidores e desinte- gradores. Nota 32 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Recursos não renováveis São aqueles que existem em quantidade fixa no planeta para uso do ser humano, embora a natureza consiga renová-los em milhões de anos. Convencionou-se chamá-los de não renováveis porque a escala temporal de vida do ser humano não permite esperar essa renovação. Um exemplo é o combustível fóssil. Podem- se identificar também duas classes: a dos minerais não energéticos (fósforo, cálcio) e a dos minerais energéticos (combustíveis fósseis e urânio). A utilização dos recursos naturais está presen- te em todas as atividades humanas: obtenção de energia, disponibilização da água para atendimen- to das necessidades diárias, fabricação de mate- riais para diversos usos etc. Nessas diversas utilizações, há a possibilidade de aproveitá-los de forma racional, adequando-os à necessidade a ser atendida, como: uso de recursos renováveis para geração de energia; substituição de fontes energéticas; redução, reúso e reciclagem de materiais; e gerenciamento de resíduos. As diversas atividades produtivas desenvolvidas pelo homem geram inúmeros resíduos e poluentes para o ar, os rios e os mares e contaminam o solo. A poluição atmosférica provocada pelos gases CFC está criando buracos na camada de ozônio, aumentando a incidência de raios ultravioleta na superfície do planeta, aquecendo a temperatura média da Terra. RECURSOS AMbIENTAIS: recursos naturais como o ar e a atmosfera, o clima, o solo e subsolo; as águas interiores e costeiras, superficiais e subterrâne- as, os estuários e o mar territorial; a paisagem, a fauna, a flora, bem como o patrimônio histórico- cultural e outros fatores condicionantes da salubri- dade física e psicossocial da população. Educação Ambiental 33Unidade 2 Por tudo isso, vive-se hoje sob uma grande crise ambiental de âmbito mundial. Essa crise se mani- festa por meio de fenômenos como secas, chuvas torrenciais, maremotos, aquecimento da atmos- fera terrestre, diminuição da camada de ozônio, poluição por resíduos nucleares etc. Economizar os recursos naturais implica usá-los de forma econômica e racional, para que os renová- veis não se extingam por mau uso e os não reno- váveis não se extingam. Aula 2 Poluição dos recursos naturais De acordo com a Lei Federal no 6.938 (BRA- SIL,1981, art. 3o, inciso III), poluição é definida como: [...] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. AqUECIMENTO GlObAl (definição de Walter Tesck): na linha do IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas), o inglês Nicho- las Stern, chefe do serviço econômico do governo de seu país (Inglaterra), rece- beu uma tarefa colossal há 16 meses: medir o impac- to do aquecimento global na economia mundial. Ex- economista chefe do Banco Mundial e diplomado pelas universidades de Cambridge e Oxford, Stern lançou mão de modernos modelos ma- temáticos e econômicos na tentativa pioneira de estimar os prejuízos decorrentes do chamado efeito estufa – o acúmulo de gases poluen- tes na atmosfera, que está fazendo a temperatura da Terra subir assustadora e ra- pidamente. O ambicioso tra- balho resultou num relatório batizado de “Estudo Stern”, lançado na Inglaterra e recebido com barulho pelos ambientalistas. Nele, Stern discorre sobre os prejuízos econômicos no mundo com o aquecimento global, que chegam à cifra monumental dos sete trilhões de dólares, e faz um alerta urgente: “É preciso agir agora”. A cidade deSão Paulo aprovou, em junho de 2009, o que deve ser a primeira lei municipal no Brasil que busca controlar as emissões poluentes. 34 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Pode-se ainda conceituar poluição como a alteração indesejada ao meio am- biente natural, causada pela introdução de materiais que comprometem a qua- lidade ambiental, contaminando os recursos ambientais que estão disponíveis ao consumo. De acordo com Braga et al. (2002, p. 6), A poluição é uma alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera, provocada pelas atividades e intervenções humanas no meio ambiente, que possa causar dano à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos e outras espécies, ou ainda deteriorar materiais. Os poluentes são os resíduos gerados pelas atividades humanas que causam um impacto negativo no meio ambiente. Desse modo, a poluição está associada à concentração de poluentes presentes no ar, na água ou no solo. 35Unidade 2 Educação Ambiental Poluição atmosférica A poluição atmosférica se refere a alterações da atmosfera susceptíveis de cau- sar impacto no meio ambiente ou na saúde humana, por meio da contaminação por gases, partículas sólidas ou líquidas em suspensão, material biológico ou energia. Conforme a Resolução Conama no 3, de 28 de junho de 1990, considera-se [...] poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade (BRASIL, 1990, artigo 1, parágrafo único). Considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem-estar público; danos aos materiais, à fauna e à flora ou sendo prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade, e às atividades normais da comunidade. De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias po- luente presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação. 36 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Você sabe como os poluentes são divididos? Para facilitar a classificação, os poluentes são divididos em duas categorias, de acordo com a CETESB: � Poluentes primários: aqueles que são emitidos diretamente pelas fontes de emissão. Exemplo: os gases que provêm do tubo de escape de um veículo au- tomóvel ou de uma chaminé de uma fábrica. � Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera por meio da reação quí- mica entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera. Ainda conforme classificação da CETESB (2006), os poluentes podem ser de mate- rial particulado (MP) e gases. Materiais particulados Nos materiais particulados, encontram-se um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém sus- penso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. O material particulado também pode se formar na atmosfera a partir de gases como dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs), que são emitidos principalmente em atividades de combustão, transformando-se em partí- culas como resultado de reações químicas no ar. Podem ser classificado como: � Partículas totais em suspensão (PTS): aquelas em que diâmetro aerodinâmico é menor que 50 µm. Uma parte dessas partículas é inalável e pode causar proble- mas à saúde. Outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da população, interferindo nas condições estéticas do ambiente e prejudicando as atividades normais da comunidade. Pergunta Educação Ambiental 37Unidade 2 � Partículas inaláveis (MP10): aquelas em que o diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm. As partículas inaláveis podem ser classificadas como: a finas, ou MP2,5 (< 2,5 µm): devido ao seu tamanho diminuto, podem atingir os alvéolos pulmonares; b grossas (2,5 a 10 µm): ficam retidas na parte superior do sistema respiratório. � Fumaça (FMC): está associada ao material particulado suspenso na atmosfera provenien- te dos processos de combustão. O método de determinação da fumaça é baseado na medi- da de refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a esse parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na atmosfera. � Dióxido de enxofre (SO2): resulta principal- mente da queima de combustíveis que contêm enxofre, como óleo diesel, óleo combustível industrial e gasolina. É um dos principais for- madores da chuva ácida. O dióxido de enxofre pode reagir com outras substâncias presentes no ar, formando partículas de sulfato. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, sendo que, quanto menores, maiores os efeitos provocados. O particulado pode também reduzir a visibilidade na atmosfera. ChUvA ÁCIDA: é a chuva contaminada pelas emissões de óxidos de enxofre na atmosfera, decorrentes da combus- tão em indústrias e, em menor grau, dos meios de transporte. Atenção 38 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Poluente Fontes principais Efeitos gerais sobre a saúde Efeitos gerais ao meio ambiente Partículas totais em suspensão (PTS) Processos industriais, veículos motorizados (exaustão), poeira de rua ressuspensa, queima de biomassa. Fontes natu- rais: pólen, aerossol mari- nho e solo. Doença pulmonar, asma e bronquite. Danos à vegeta- ção, deterioração da visibilidade e contaminação do solo. Partículas inaláveis (MP10) e fumaça Processo de combus- tão (indústria e veículos automotores, aerossol secundário (formado na atmosfera). Aumento de atendimen- tos hospitalares e mor- tes prematuras. Danos à vegeta- ção, deterioração da visibilidade e contaminação do solo. Dióxido de enxofre (SO2) Processos que utilizam queima de óleo combustí- vel, refinaria de petróleo, veículos a diesel, polpa e papel. Desconforto na respira- ção, doenças respira- tórias, agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares já existentes. Pessoas com asma, doenças crônicas de coração e pulmão são mais sensí- veis ao SO2. Pode levar à for- mação de chuva ácida, causar corrosão aos ma- teriais e danos à vegetação. Quadro 1 – Fontes, características e efeitos dos principais poluentes na atmosfera Fonte: Adaptado de CETESB (2006). Gases � Monóxido de carbono (CO): é um gás incolor e inodoro que resulta da quei- ma incompleta de combustíveis de origem orgânica (combustíveis fósseis, biomassa etc.). Altas concentrações de CO são encontradas em áreas de intensa circulação de veículos. 39Unidade 2 Educação Ambiental � Ozônio (O3) e oxidantes fotoquímicos: oxidante fotoquímico é o nome que se dá à mistura de poluentes secundários formados pelas reações entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de luz solar, sendo estes últimos liberados na queima incompleta e evaporação de combustíveis e solventes. O principal produto dessa reação é o ozônio, por isso mesmo utilizado como parâmetro indicador da presença de oxidantes fotoquímicos na atmosfera. Tais poluentes formam a chamada névoa foto- química ou “smog fotoquímico”, que possui esse nome porque causa dimi- nuição da visibilidade na atmosfera. � Nitrogênio: gás marrom avermelhado, com odor forte e muito irritante. Pode levar compostos orgânicos tóxicos. É encontrado em processos que utilizam óleo ou gás, como incinerações. N itrog ên io (N O 2) Processos que utilizam óleo ou gás, incinera- ções. Aumento da sensibilidade à asma e à bronquite, redução da resistência às infecções respiratórias. Pode levar à formação de chuva ácida, danos à vegetação e à colheita. M on óx id o de c ar - bo no (C O ) Combustão incompleta em veículos automo- tores. Altos níveis de CO estão associados a prejuízo aos reflexos, à capacidade de estimar intervalos de tempo, ao aprendizado, ao trabalho visual. Pode levar à formação de chuva ácida, danos à vegetação e à colheita. O zô ni o (O 3) Não é emitido direta- mente na atmosfera. É produzido fotoqui- micamente pela ra- diação solar sobre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis. Irritação nos olhos e vias respiratórias, sensação de aperto no peito, tosse e chiado na respiração. O O3 tem sido associado ao aumento de admissões hospitalares. Danos às colheitas, à vegetação natural, às plantações agrícolas e às plantas ornamentais. Quadro 2 – Fontes, características e efeitos dos principais poluentes na atmosfera Fonte: Adaptado de CETESB (2006). 40 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Consequências da poluição atmosférica � Efeito estufa O efeito estufa é um processo que ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Como consequência disso, o calor fica retido, não sendo libertado para o espaço. O efeito estufa é de vital importância, pois serve para manter o planeta aquecido, e assim garantir a manutenção da vida. Consequências: 1 Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. 2 Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecos- sistemas. Somando-se a isso o desmatamento que vem ocorrendo princi- palmente em florestas de países tropicais, a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas do planeta Terra. 3 Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas têm sofrido com as ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças. 41Unidade 2 Educação Ambiental � Destruição da camada de ozônio A camada de ozônio situa-se na estratosfera e tem por finalidade filtrar as radiações ultravioletas emitidas pelo sol, de forma a proteger a vida na Terra. Diversas substâncias químicas acabam destruindo o ozônio quando reagem com ele. Essas substâncias contribuem também para o aquecimento do planeta, conhecido como efeito estufa. Você sabe que substâncias são essas? Os óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos exaustores dos veículos e o CO2 produzido pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, são as principais substâncias que causam problemas para a camada de ozônio. Porém, em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozônio, nada se compara ao grupo de gases chamado clorofluorcarbonos (CFCs). Consequências: 1 Aumento dos casos de câncer de pele. 2 Ataque ao sistema imunológico, minando a resistência humana a doenças como herpes. 3 Diminuição da produção agrícola, o que reduziria a oferta de alimentos. 4 Alteração de ecossistemas. � Chuva ácida As queimadas de combustíveis fósseis (carvão ou derivados de petróleo) libe- ram óxidos de nitrogênio (NxOy), carbono (Cox) e enxofre (SOx) que, combina- dos com a água, formam os ácidos nítrico (HNO3) e sulfúrico (H2SO4), presentes nas precipitações de chuva. As águas da chuva, ao caírem na superfície, alteram a composição química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares, destroem florestas e lavouras e atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações. Pergunta 42 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Um dos problemas das chuvas ácidas é o fato de elas poderem ser transporta- das por meio de grandes distâncias, podendo vir a cair mesmo em locais onde não há queima de combustíveis, prejudicando-os como se houvesse. A poluição que sai das chaminés é levada pelo vento, sendo que uma parte dela pode permanecer no ar durante semanas, antes de se depositar no solo. Nesse período, pode ter viajado muitos quilômetros. Quanto mais a poluição perma- nece na atmosfera, mais sua composição química se altera, transformando-se em um complicado coquetel de poluentes que prejudica o meio ambiente. Você já refletiu sobre as consequências das chuvas ácidas? Vamos vê-las! Consequências: 1 Alteração de ecossistemas. 2 Corrosão de monumentos históricos e prédios públicos e particulares. 3 Prejuízos à saúde humana: liberação de metais tóxicos que estavam no solo, que podem alcançar rios e ser utilizados pelo homem, causando sérios pro- blemas de saúde. 4 Acidificação de lagos: perdendo toda a sua vida. Pergunta 43Unidade 2 Educação Ambiental � Inversão térmica A inversão térmica é um fenômeno natural meteorológico que ocorre mais facilmente no final da madrugada e no início da manhã e, principalmente, nos meses de inverno. Manifestam-se quando o ar quente retido nas altitudes im- pede a elevação do ar frio que, por ser mais denso e pesado, encontra grandes dificuldades para subir. Esse processo ainda faz com que os poluentes lançados na atmosfera permane- çam retidos nela juntamente com o ar frio. Tal fenômeno tende a acontecer com mais facilidade em regiões onde o solo recebe mais calor durante o dia e perde mais calor durante a noite. � Smog Smog é um fenômeno fotoquímico caracterizado pela formação de uma espécie de neblina composta por poluição, vapor de água e outros compostos quími- cos. A palavra smog é de origem inglesa, formada pela união de smoke (fumaça) e fog (neblina, nevoeiro). Geralmente, o smog se forma em grandes cidades, onde a poluição do ar é ele- vada e provocada, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (gaso- lina e diesel) pelos veículos automotores. Em regiões com grande presença de indústrias poluidoras, o smog industrial também ocorre. 44 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Além do vapor de água, pode-se encontrar em um smog a presença de alde- ídos, dióxido de nitrogênio, ozônio, óxido de nitrogênio, hidrocarbonetos e outros compostos orgânicos voláteis. O smog causa um efeito visual característico, deixando uma camada cinza de ar sobre a cidade. Nas situações mais extremas, em função das baixas condições visuais, inviabiliza o trânsito de veículos, aviões e helicópteros. Formas de combate à poluição do ar Você tem pensado em formas de diminuir a poluição do ar? Faz alguma coisa para ajudar nosso planeta? Então observe seu dia a dia e reflita se há alguma maneira de você contribuir no combate à poluição do nosso ar! Verifique algumas formas para ajudar nests combate: � Uso de transporte coletivo: desse modo, o número de carros em trânsito diminui e, como conseqüência, a quantidade de poluentes também. � Utilização de fontes de energia menos poluentes: hidrelétrica, geotérmica, eólica. � Purificação dos escapamentos dos veículos: utilizar gasolina sem chumbo e adaptar um conversor catalítico; utilizar combustíveis com baixo teor de enxofre. Poluição do solo O uso da terra para centros urbanos e para as atividades agrícola, pecuária e in- dustrial tem tido como consequências elevados níveis de contaminação do solo. Essa contaminação tem se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública. Pergunta 45Unidade 2 Educação Ambiental O solo atua frequentemente como um “filtro”, tendo a capacidade de depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No entanto, essa capacidade é limitada,podendo ocorrer alteração da qualidade do solo, devido ao efeito cumulativo da deposição de poluentes atmosféricos, à aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e à disposição de resíduos sólidos industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos. A poluição do solo é a alteração das características naturais da camada superficial do solo, causando malefícios diretos ou indiretos à vida humana, à natureza e ao meio ambiente em geral. Os principais poluentes do solo são: adubos, herbicidas, pesticidas usados nas explorações agrícolas, resíduos urbanos (lixo doméstico), resíduos industriais e esgotos urbanos e industriais. A seguir veja algumas das principais fontes poluidoras dos solos e as suas con- sequências. � Desmatamento: é uma prática de eliminação da cobertura vegetal do solo, pela destruição de florestas, matas e campos nativos, com finalidades diver- sas, como a exploração comercial da madeira e a abertura de novas pasta- gens e áreas agrícolas. O desmatamento desordenado tem influência sobre a degradação do solo, pois a chuva compacta o solo quando cai por causa da força que as gotícu- las de água imprimem em solo desmatado. Com a compactação do solo, a água da chuva que cai, em vez de infiltrar, corre, causando erosão dos solos, inundação nos rios, não alimentação das águas subterrâneas, solos secos e pobres (pois a chuva não umedeceu a superfície), vegetação pobre e des- truição dos habitats onde os animais ficarão sem alimentos e abrigo. � Fertilização: consiste no uso de adubos, geralmente minerais. A agricultura moderna utiliza doses cada vez maiores de adubos sintéticos em troca dos adubos tradicionais, como o esterco. A consequência é a redução no teor de húmus e a degradação da estrutura do solo. Quando utilizados em excesso, ocorre verdadeiro desperdício de nutrientes do solo: alguns são arrastados pelas chuvas e eutrofizam as águas (aumento excessivo de nutrientes em uma massa de água provocando o aumento de algas, diminuindo o oxigênio da água e sua qualidade); outros se acumulam em vegetais, como o espi- nafre, que no intestino humano é transformado em tóxicos e em nutrientes cancerígenos. O excesso de adubos no solo perturba a fisiologia dos ve- getais, que acabam florescendo mal e produzindo menos frutos e menos sementes. Nota 46 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes � queimada: é uma técnica comum utilizada para a limpeza de pastos e cam- pos. A vantagem de promover a limpeza rápida do terreno e o enriqueci- mento do solo com as cinzas tem perpetuado essa prática em várias regiões do mundo. Embora seja método barato em curto prazo, é muito caro em longo prazo, pois promove a decadência do solo com a perda de minerais que são queimados ou diluídos pelas águas de chuva ou de irrigação. A queimada controlada raramente é maléfica, por não roubar do solo sua co- bertura morta, eliminando somente o excesso de vegetação. Entretanto, quan- do feita de forma descontrolada, torna-se maléfica por: Educação Ambiental 47Unidade 2 1 eliminar, pelo calor excessivo, os microrganis- mos presentes no solo, os quais são responsá- veis por sua fertilidade; 2 destruir, pelo calor, sementes, caules e raízes de plantas que voltariam a se desenvolver, recons- tituindo a cobertura vegetal original; 3 eliminar a cobertura vegetal, expondo o solo ao impacto das chuvas, favorecendo aos fenô- menos de erosão. � Agrotóxicos: agrotóxicos, defensivos agrícolas, ou pesticidas, são produtos químicos, natu- rais ou sintéticos utilizados pelo homem com a finalidade de eliminar “pragas” animais ou vegetais. A ação dos agrotóxicos pode ser resumida nos seguintes tópicos, se utilizados sem os devidos cuidados: 1 destruição do solo; 2 acumulação nos ecossistemas, podendo perdu- rar por vários anos; 3 armazenamento nos alimentos e, em certas quantidades, produção de efeitos danosos à saúde; 4 aparecimento de espécies resistentes que se tornam mais difíceis de serem eliminadas; 5 formação de resíduos tóxicos que, em certas doses, provocam a mortandade de peixes e outros animais aquáticos quando lançados em corpos d’água; 6 contaminação dos alimentos, por meio de resíduos remanescentes no solo (originários de culturas anteriores e absorvidos pelas novas culturas) ou através de doses excessivas; 7 interferência no tratamento das águas nas esta- ções; 8 distúrbios a curto e longo prazo à saúde huma- na; 9 poluição indistinta da água, do ar e do solo. AGROTóxICOS: produtos químicos usa- dos na agricultura para combater pragas que ata- cam diversas espécies. 48 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes O uso dos agrotóxicos tem inúmeros benefícios, como: aumento das colheitas; aumento da produção de leite e de carne; diminuição das perdas de alimentos em armazéns; diminuição da mão de obra nas atividades agrícolas; erradicação de epidemias perigosas; melhor higiene pessoal, e desinfecção de instalações e equipamentos. Tais usos justificam sua aplicação, desde que seja observada a legislação oficial sobre o assunto. � Resíduos sólidos (lixo): é todo material resultante das atividades humanas, sem valor para ser conservado pelos seus geradores e que não pode fluir diretamente para a água, o ar ou o solo. A objeção do lançamento do lixo no ambiente se dá por quatro razões princi- pais, você sabe quais são? Vamos ver: 1 Risco à saúde pública: o lixo abriga microrganismos infecciosos e vetores de doenças e polui o ar, a água e o solo, representando sérios riscos à saúde e à segurança da população. 2 Estética: o acúmulo do lixo causa danos à paisagem, como no caso do lixo abandonado em ruas, terrenos baldios e estradas ou depositados a “céu aberto” em grandes áreas. O vento e a chuva podem dispersar parte desses materiais, causando problemas em áreas distantes. 3 Espaço: o lixo, onde quer que seja lançado, ocupa espaço. Quando chega à área destinada à disposição final, o valor das terras se torna muito baixo, pois a digestão do lixo com geração de gás pode prejudicar a utilização da terra por muitos anos, mesmo após o abandono da área. Educação Ambiental 49Unidade 2 4 Degradação dos recursos naturais: o manejo inadequado do lixo causa poluição das águas (pelo chorume, que altera a sua qualidade e os sólidos que entopem corpos d’água); poluição do solo (pela alteração da sua composição quí- mica e presença de material tóxico); e poluição do ar (pelos gases tóxicos e mal cheirosos, com consequências diretas e indiretas sobre a fauna e flora locais, e sobre o próprio homem). Poluição da água De acordo com a Declaração de Dublin, na Irlanda (BRASIL, 1992, Princípio no 1), “A água é um recur- so natural, finito, estratégico, essencial à vida, ao meio ambiente e ao desenvolvimento econômico e social, sendo necessário controlá-la e preservá-la”. Assim, são indispensáveis a conservação e o con- trole da qualidade da água, pois os recursos hídri- cos são objetos de demanda crescente, devido ao grande desenvolvimento populacional. Para isso, é necessário que a água esteja em quantidade sufi- ciente e em qualidade adequada. Conforme Porto (1991, p. 378), A utilização de padrões de qualidade atende a dois propósitos: a) manter a qualidade do curso d’água ou definir uma meta a ser atingida; b) ser a base para definir os níveis de tratamento a serem adotadas na bacia, de modo que os efluentes lançados não alterem as características do curso da água estabelecidas pelo padrão. ChORUME: efluente líquido prove- niente de vazadouros de lixo e aterros sanitários. PADRõES DE qUAlIDA- DE: as medidas de intensida- de e de concentração de poluentes presentes nas águas, no solo ou no ar, que, ultrapassadas, po- derão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral. 50 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes Na legislação brasileira, existeo Padrão de Potabilidade da Água para o Con- sumo Humano. Essa legislação é a Portaria no 518/GM de 25 de março de 2004, que estabelece os procedimentos e as responsabilidades relativos ao controle e à vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de pota- bilidade, em seu caput. De acordo com a Portaria no 518/GM (BRASIL, 2004, artigo 4, inciso I), “Água Potável é a água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde”. O homem utiliza a água para inúmeros fins, pois depende dela para sobreviver. A água é um bem fundamental nas indústrias, na agricultura, nos lares e em todas as atividades humanas. A água pode ser utilizada para diversos fins pelo homem: abastecimento doméstico e industrial; irrigação; navegação; geração de energia elétrica; recreação; preservação da fauna e da flora; e diluição e afastamento dos despejos, sendo que o uso mais nobre é o abastecimento doméstico e o menos nobre, porém também bastante antigo, a diluição dos despejos. Este, devido à forma desordenada como vem sendo feito, tem gerado a poluição hídrica. O consumo da água tende a crescer com o aumento da população, o desenvol- vimento industrial e as demais atividades humanas. Cada vez mais água límpi- da é retirada do meio, resíduos líquidos (esgoto) são gerados e quando estes retornam para a água, alteram sua qualidade. Dica 51Unidade 2 Educação Ambiental A poluição da água pode ser definida como a introdução de qualquer matéria ou energia em um corpo de água que venha a alterar as propriedades dessa água, afetando, ou podendo afetar, por isso, a “saúde” das espécies animais ou vegetais que dependam dela ou que tenham contato com ela ou que venham a provocar modificações físico-químicas nas espécies minerais contatadas. De acordo com Motta (2000, p. 112), “A poluição da água resulta da introdução de resíduos na mesma, na forma de matéria ou energia, de modo a torná-la prejudicial ao homem e a outras formas de vida, ou impróprias para um deter- minado uso estabelecido para ela”. Fontes de poluição da água Vamos ver agora as principais fontes de poluição da água em águas superficiais e em águas subterrâneas. � Em águas superficiais (rios, mares, lagos): esgoto doméstico e industrial, águas pluviais (carregando impurezas das superfícies do solo ou esgotos lançados nas galerias), resíduos sólidos (lixo), pesticidas, fertilizantes, deter- gentes e poluentes atmosféricos. � Em águas subterrâneas (aquíferos): infiltração dos esgotos, infiltração do chorume (esgoto dos lixos), infiltração dos pesticidas, fertilizantes e deter- gentes. Consequências da poluição das águas De acordo com Motta (2000), a poluição dos recursos hídricos provoca muitos problemas, que tendem a se agravar por causa do uso incorreto que o homem faz da água e das atividades que desenvolve em suas margens. As consequên- cias negativas da poluição da água podem ser de caráter sanitário, ecológico, social ou econômico, podendo-se causar: � prejuízos ao abastecimento de água, tornando-a veículo de transmissão de doenças; � prejuízos a outros usos da água: industrial, irrigação, pesca, recreação etc.; � agravamento dos problemas de escassez de água de boa qualidade; � elevação do custo do tratamento de água, refletindo-se no preço a ser pago pela população; 52 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes � assoreamento dos mananciais, resultando em problemas de diminuição da oferta de água e de inundações; � proliferação de algas e vegetações aquáticas e suas consequências negati- vas; � degradação da paisagem; � impactos sobre a qualidade de vida da população. Colocando em prática Parabéns! Você chegou ao final de mais uma unidade, a última do nosso curso. Acesse o AVA e realize a atividade relacionada aos temas estudados. Em caso de dúvidas, entre em contato com seu tutor. Relembrando Chegamos ao final do curso Educação Ambiental! No estudo desta unidade você recebeu importantes informações sobre como a degradação ambiental está esgotando os recursos ambientais e como a poluição ambiental prejudica a saúde da população mundial. Vamos agora relembrar alguns tópicos estudados: � A degradação do meio ambiente implica ameaça direta à humanida- de, o que significa atingir o próprio homem, que é a única espécie que pode provocar sua autodestruição. � A influência do homem no meio ambiente se configura como um méto- do contínuo e acelerado. A ideia que prevalece no mundo atual conce- be o meio ambiente como uma fonte inesgotável de recursos, mas já se sabe que ela é limitada, finita e em um futuro próximo muito desses recursos poderão se esgotar. � Recurso natural é tudo aquilo que é necessário ao homem e que está disponível na natureza. São exemplos a água, o solo, o ar, a biomassa, o combustível fóssil, entre outros. Os recursos naturais podem ser classi- ficados em renováveis e não renováveis. � Recursos renováveis são aqueles que a natureza consegue regenerar, por meio de seus processos. 53Unidade 2 Educação Ambiental � Recursos não renováveis são aqueles que existem em quantidade fixa no planeta para uso do ser humano, embora a natureza consiga reno- vá-los em milhões de anos. Convencionou-se chamá-los não renováveis porque a escala temporal de vida do ser humano não permite esperar essa renovação. � Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de ativida- des que, direta ou indiretamente, prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetam desfavoravelmente a biota; afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lançam matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Desejo que você aproveite esses conhecimentos e os aplique! Saiba mais Para obter mais informações sobre o Padrão de Potabilidade da Água para o Consumo Humano, acesse <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/ PORTARIAS/Port2004/GM/GM-518.htm>. Alongue-se Antes de seguir para o desafio, que tal parar um pouco e relaxar? Levante-se, beba água, observe o movimento na rua. Pense em coisas boas, nos seus planos e, quando estiver preparado, volte sua atenção para seus estudos novamente. Concentre-se para o próximo desafio! Desafio Chegou o momento de você realizar o desafio! Lembre-se de que você se dedicou ao estudo e é esta questão vai garantir sua certificação. Então, agora, acesse o AVA, observe a questão com calma e faça o que é pedido. 55 Educação Ambiental Ariane Sirugi de Souza Cunha é graduada em Engenharia Sanitária e Ambiental (UCDB), especia- lizada em Planejamento e Gestão Ambienta. Possui experiência em elaboração de projetos de abasteci- mento de água e esgotamento sanitário em conces- sionária de abastecimento de água e esgotamento sanitário; licenciamento ambiental em usina de açú- car e álcool, e supervisão de educação e tecnologia do CETEC SENAI Dourados. Conhecendo a autora 57 Educação Ambiental ANDRADE, R. O. B.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. de. Gestão ambiental: enfoque estratégi- co aplicado ao desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo, SP: Makron Books, 2002. BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia am- biental. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2002. BRASIL. Lei no 6.938/81: Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de for- mulação e aplicação, e dá outras providências – Legislação de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial [da] República Federativa do brasil, Poder Executivo, Brasília, 31 ago. de 1981. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. ______. CONAMA no 003, de 22 agosto de 1990. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Diário Oficial [da] República Federativa do brasil, Poder Executivo, Brasília, 22 ago. 1990. ______. Declaração de Dublin. Conferência Internacionalsobre Água e Meio Ambiente. Organização das Nações Unidas, Irlanda, janei- ro 1992. ______. lei no 9.795, de 27 de abril de 1999. Diário Oficial [da] República Federativa do brasil, Poder Executivo, Brasília, 27 abr. 1999. Referências 58 Operadores de Estação de Tratamento de Água e Efluentes ______. Portaria no 518/GM em 25 de março de 2004 Estabelece os procedimen- tos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do brasil, Poder Executivo, Brasília, 25 mar. 2004. ______. Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 do brasil. Disponível em: <www.mma.gov.br>. Acesso em: 9 maio 2010. CETESB. Relatório Anual de qualidade do Ar no Estado de São Paulo – 2006. São Paulo, SP: CETESB, 2006. LEFF, E. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Tradução de Lúcia Mathilde Endlich Orth. Petrópolis: Vozes, 2001. MILARÉ, E. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 3. ed. São Paulo, SP: Revista dos Tribunais, 2004. MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. Rio de Janeiro, RJ: ABES, 2000. PINHEIRO, C. Direito ambiental. São Paulo, SP: Saraiva, 2008. PORTO, M. F. A; BRANCO, S. M. & LUCA. Caracterização da qualidade da água. In: PORTO, R. L. L. (Org.). hidrologia Ambiental. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo: Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 1991. ROCHA, J. C. S. Direito ambiental e meio ambiente do trabalho: dano, prevenção e proteção jurídica. São Paulo, SP: 1997. SILVA, G. E. N. Direito ambiental internacional: meio ambiente, de- senvolvimento sustentável e os desafios da nova ordem mundial. 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