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Livro - Leitura e Produção de Textos (1)

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1 
 
Disciplina: Leitura e Produção de Textos 
Autores: M.e Luis Gabriel Venancio Sousa 
Revisão de Conteúdos: M.e Sonia Maria Packer Hubler 
Designer Instrucional: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm 
Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima 
Ano: 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Luis Gabriel Venancio Sousa 
 
 
 
 
 
Leitura e produção de textos 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2021 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Sonia Maria Packer Hubler 
 
Designer Instrucional 
Alexandre Kramer Morgenterm 
 
Revisão Ortográfica 
Lucimara Ota Eshima 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
Desenvolvimento da Capa 
Carolyne Eliz de Lima 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
SOUSA, Luis Gabriel Venancio. 
Leitura e produção de textos / Luis Gabriel Venancio Sousa. – Curitiba: Faculdade 
UNINA, 2021. 
57 p. 
ISBN: 978-65-5944-169-3 
1. Autores. 2. Leitura. 3. Livros. 
Material didático da disciplina de Leitura e Produção de Textos – Faculdade 
UNINA, 2021. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ..................................................................................................... 07 
Aula 1 – Ler vai além dos livros: reflexões iniciais ...................................... 08 
Apresentação da aula 1 ............................................................................ 08 
 1.1 Leitura: por que, como e para que lemos ....................................... 08 
 1.1.1 A leitura é maior do que a gente imagina ................................... 12 
 1.2 Diferentes formas de leitura .......................................................... 14 
Conclusão da aula 1 .................................................................................. 16 
Aula 2 – A leitura: interpretar ou compreender um texto? .......................... 17 
Apresentação da aula 2 ............................................................................. 17 
 2.1 Diferença entre interpretação e compreensão de textos ............... 17 
 2.2 Pré-leitura ..................................................................................... 19 
 2.2.1 Estrutura .................................................................................... 21 
 2.2.2 Linguagem ................................................................................. 21 
 2.3 A leitura ......................................................................................... 23 
 2.3.1 Leitura exploratória .................................................................... 24 
 2.3.2 Leitura analítica ou interpretativa ............................................... 24 
 2.3.3 Leitura crítica .............................................................................. 25 
Conclusão da aula 2 .................................................................................. 28 
Aula 3 – A escrita na Universidade: principais gêneros .............................. 28 
Apresentação da aula 3 ............................................................................. 28 
 3.1 Condição de produção e leitura: a peça-chave do texto ................ 29 
 3.2 Tipos de conhecimentos no Ensino Superior ................................ 32 
 3.2.1 Conhecimento popular ............................................................... 32 
 3.2.2 Conhecimento filosófico ............................................................. 33 
 3.2.3 Conhecimento religioso .............................................................. 34 
 3.2.4 Conhecimento científico ............................................................. 34 
 3.3 Principais gêneros discursivos utilizados no Ensino Superior ....... 36 
 3.3.1 Gêneros discursivos mais lidos por estudantes de graduação .. 38 
 3.3.2 Gêneros discursivos mais produzidos por estudantes de 
graduação .................................................................................................. 
 
39 
Conclusão da aula 3 .................................................................................. 40 
Aula 4 – A escrita: reflexões para produzir um bom texto ........................... 41 
Apresentação da aula 4 ............................................................................. 41 
 4.1 Dissertação e descrição ................................................................ 41 
 
 
6 
 
 4.1.1 A dissertação científica e a importância da argumentação ........ 44 
 4.2 Coesão e coerência ...................................................................... 50 
Conclusão da aula 4 .................................................................................. 52 
Índice Remissivo ........................................................................................ 54 
Referências ............................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
Olá, estudante! 
Seja bem-vindo(a) à disciplina Leitura e Produção de Textos. 
Nesta disciplina, vamos refletir sobre a leitura em diversos contextos: o 
ato de ler; como a leitura e o livro contribuem para construir uma imagem social 
de prestígio intelectual; como a leitura no ambiente digital é diferente do 
analógico; como se dá a leitura no Ensino Superior etc. 
Além disso, você vai aprender também como se dá a escrita no âmbito 
acadêmico e como ela se diferencia do que você fez ao longo da sua vida 
escolar. 
Nossa disciplina está organizada da seguinte forma: nas duas primeiras 
aulas, vamos contemplar discussões acerca da leitura; nas duas últimas, 
focaremos na escrita. 
Sugiro que acesse os links indicados ao longo do texto e assista, 
também, aos vídeos das aulas. Todos eles se complementam para que você 
tenha o máximo de aprendizado e sucesso nesta disciplina. 
Espero que seja tão prazeroso paravocê estudar quanto foi para mim, 
ao longo da escrita e do preparo dessas aulas. 
Desejo, desde já, um bom estudo e muito sucesso na sua caminhada 
acadêmica. 
Professor Luis Gabriel. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
Aula 1 – Ler vai além dos livros: reflexões iniciais 
 
Apresentação da aula 1 
 
Quantas vezes você já ouviu discursos de que fazemos parte de um país 
de pessoas não leitoras? A resposta para responder a esse argumento é 
complexa e exigiria mais que uma disciplina para debatermos as questões que 
a representa. Contudo, nesta aula, você vai poder ampliar seu conhecimento a 
respeito do que é ser leitor, do que lemos, quando lemos, por que lemos e como 
lemos! 
Bom estudo e boa leitura! 
 
1.1 Leitura: por que, como e para que lemos 
 
 
Leitura tradicional em livro impresso/analógico 
Fonte: Pixabay (2021). 
 
Ao longo do tempo, criou-se um mito popular de que para ser considerado 
um leitor, seria preciso lermos livros literários. Isso se dá pelo fato de, 
antigamente, o acesso à cultura e à informação ser restrito a uma parcela 
pequena da sociedade, além de os valores de uma obra literária serem altos 
para os padrões sociais. 
Como uma parcela muito grande da sociedade mundial não era 
alfabetizada, a leitura e a escrita eram utilizadas como mecanismo de poder, 
 
 
9 
 
afinal, quanto menos as pessoas tivessem acesso à informação, mais fácil seria 
para que as camadas sociais de prestígio mantivessem os seus postos de 
controle. 
Além disso, ler também era questão de status, além de mostrar “cultura” 
por ser alfabetizado, ter uma biblioteca em casa também representava, de certa 
forma, poder social, uma vez que, além de mostrar nível intelectual, comprar 
livros também era ter acesso a artigo de luxo. 
Essa concepção se alastra ainda hoje, como foi percebido durante a 
pandemia de covid-19, em que as formas de interações foram alteradas, com a 
popularização das lives (eventos caseiros com transmissão ao vivo) e de 
pessoas trabalhando em suas casas, os cenários para que as pessoas 
surgissem ao vivo de seus espaços privados eram, aos poucos, cuidadosamente 
arquitetados. Divulgar seus espaços privados é divulgar parte de sua intimidade, 
parte de si. 
Nesse sentido, os livros ganharam grande destaque para compor os 
cenários de cantores, jornalistas, apresentadores, professores etc., ter estantes 
de livros ao fundo virou “tradição”, sites de papéis de parede chegaram a vender 
“fundo falso de livros”, para estampar bibliotecas, recurso utilizado, inclusive, por 
políticos em suas aparições online. 
 
 Saiba mais 
A Revista Vogue, do Grupo Globo, publicou uma reportagem relatando que as 
estantes de livros eram os fundos favoritos de personalidades para suas lives. 
Quer ler? É só clicar no link a seguir: 
https://vogue.globo.com/celebridade/noticia/2020/05/estante-de-livros-e-o-pano 
-de-fundo-preferido-das-personalidades-para-lives.html 
 
Veja nas imagens a seguir algumas dessas utilizações dos/das 
livros/bibliotecas nas lives. 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
Caetano Veloso fazendo live 
Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/caetano-veloso-retorna-as-
lives-para-especial-de-fim-de-ano-com-espirito-natalino-1.3014847. (Acesso em: 
12/11/2021, às 11h12 - Adaptado para fins pedagógicos) 
 
 Repare que a live realizada por Caetano Veloso é para contemplar o 
gênero música. Conhecido por suas letras/canções que trazem reflexões sociais, 
políticas, literárias etc., os livros compondo a live podem reforçar os argumentos 
das letras escritas por Caetano. Além disso, o cantor também é uma 
personalidade de opiniões fortes que ultrapassam o espaço da música, 
ocupando destaque na camada intelectual brasileira. Desse modo, os livros 
corroboram para reafirmar a intelectualidade do cantor. 
Vamos ver mais um exemplo de como os livros podem contribuir ou não 
para a discussão apresentada até aqui, isto é, a leitura e os livros como 
construção para o status de intelectualidade. 
O jornalismo é um desses espaços culturais que exigem muita leitura de 
seus profissionais. Aqueles que atuam em colunas, opinando sobre 
assuntos/temas específicos, têm ainda mais prestígio pelo vasto conhecimento 
construído ao longo da vida. 
Por isso, os livros e as bibliotecas também ganharam grande destaque 
para reforçar esse status ao longo das lives e das aparições dos jornalistas em 
suas casas, como é possível perceber na imagem a seguir: 
 
 
11 
 
 
Livros compondo cenário de jornalistas durante período de trabalho 
remoto, causado pela pandemia por Covid-19 
Fonte: <https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/04/07/direto-da-estante-jornalistas-
da-globonews-dao-dicas-de-livros.ghtml>. (Acesso em: 12/11/2021, às 11h27. 
Adaptado para fins pedagógicos). 
 
Repare que todos os jornalistas utilizam livros para compor os cenários 
durante as suas aparições ao vivo. Mais precisamente nesta foto, os jornalistas 
argumentam sobre cenários políticos/sociais, principalmente no contexto da 
pandemia por covid-19. 
Nesse sentido, trazer os livros ao fundo, endossa a composição social de 
que esses objetos foram lidos, trazendo ainda mais prestígio intelectual aos 
profissionais. Quanto mais livros compondo o cenário, mais impacto esses 
artefatos geram. 
No entanto, cabe salientar que a leitura e o prestígio intelectual nem 
sempre vêm dos livros impressos/analógicos. Hoje em dia, o conhecimento e a 
informação estão espalhados em diversos lugares, com mais acesso às 
múltiplas camadas sociais. 
 
 
12 
 
 Importante 
Portanto, estabelecer relação de intelectualidade ou conhecimento com a leitura 
de livros impressos é equivocada. 
 
Os livros físicos, atualmente, dividem lugar com os e-books; as 
bibliotecas físicas também vão assumindo um lugar no âmbito online; os jornais 
vão dando lugar às notícias online etc. São inúmeras as alterações sociais que 
as tecnologias digitais têm trazido à modernidade recente, o que materializa 
ainda mais a concepção de que o conhecimento está em muitos espaços, além 
do que é visível aos olhos alheios. 
 
Vocabulário 
E-book: é um livro digital que abrange qualquer conteúdo de informação. Tem 
formato e diagramação quase sempre diferente dos livros impressos/analógicos, 
mas há aqueles que seguem a mesma padronização dos impressos. Pode ser 
lido em equipamentos eletrônicos (computadores, tabletes, Kindle – leitor de 
livros digitais – ou até mesmo em celulares smartphones). 
 
1.1.1 A leitura é maior do que a gente imagina 
 
Ainda prevalece atualmente, em alguns casos, o estereótipo de que, para 
se ser um leitor, é preciso consumir livros literários clássicos, de autores de 
prestígio (ditos por quem, quando?), renomados ou premiados. Colocam numa 
balança o que é leitura boa ou ruim; leitura que ensina e leitura inútil. 
 
Reflita 
Como considerar os tipos de leitura e se o que eu leio ajuda a construir 
conhecimento ou não? 
 
 
13 
 
 
 Com a popularização da internet, o acesso à informação e aos 
conhecimentos se tornaram mais fáceis. Claro que o termo fácil, aqui, estudante, 
precisa levar em consideração os grandes centros urbanos, uma vez que 
sabemos da grande desigualdade social que assola nosso país e o alto índice 
de pessoas ainda sem acesso a alimentos básicos, quiçá internet e tecnologias 
digitais. 
 Dito isso e levando em consideração a popularização das formas de 
leitura na/pela internet, é preciso se considerar, primeiro, o que é leitura. 
 
A leitura é tudo aquilo pelo qual conseguimos construir sentido no mundo. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 Todo mundo consegue ler em algum momento da vida. Precisamos 
desmistificar que só quem lê são pessoas alfabetizadas ou aquelas que 
conseguem decodificar os símbolos da cultura letrada. Ler vai muito além de 
identificar e juntar letras, ler é construir sentido por meio das nossas 
vivências no mundo. 
 Todasas experiências que as pessoas têm no seu cotidiano vão lhes 
dando bagagem e visão de mundo para que elas aprimorem cada vez mais as 
suas possibilidades de construir sentido. Claro que pessoas letradas têm mais 
acesso aos conhecimentos, justamente por terem oportunidade de buscar 
leituras formais em notícias, livros, publicidades etc. 
 Portanto, para que se tenha êxito na construção dos sentidos, é preciso 
aliar a minha vivência de mundo com o texto inédito. Vamos aprofundar mais 
essas questões na aula 2. 
 A partir de agora, você vai poder ampliar a sua visão com relação ao que 
é ler e produzir textos muito além dos estereótipos culturais que separam 
pessoas leitoras das não leitoras; pessoas que leem bem das que não leem etc. 
Você vai ver que todos somos leitores em algum momento, bem como aprenderá 
onde, quando e como é preciso ser um leitor específico, de acordo com a 
situação de exigências para tal fim. 
 
 
 
 
14 
 
1.2 Diferentes formas de leitura 
 
Ao longo da história, diferentes mídias comportaram os formatos de 
artefatos de leitura. Como nosso foco não é fazer um panorama da história do 
livro ou do quesito informação, vamos restringir essas mudanças em três 
grandes períodos: no primeiro; os livros eram escritos à mão, o que demorava 
meses/anos para serem reproduzidos e disponibilizados ao leitor; depois da 
prensa de Gutemberg, a impressão em massa ampliou o acesso à leitura; e 
depois da criação da internet, mais uma vez os formatos de leituras/textos foram 
ressignificados/expandidos. 
 
 Mídias 
Quer saber mais sobre como foi a revolução social após a prensa de 
Gutemberg? É só clicar no link a seguir para assistir ao documentário. 
https://www.youtube.com/watch?v=2xSRTAxcYTY&ab_channel=Nerdologia 
 
É importante salientar que antes da criação da escrita, propriamente dita, 
e, consequentemente, dos livros, não havia leitores e escritores, por mais que 
existissem os desenhos rupestres. As histórias eram narradas e ouvidas, logo, 
tínhamos narradores e ouvintes. Como os acontecimentos eram propagados em 
forma oral, criou-se o que conhecemos atualmente como mito. Assim, surge 
nessa época a ideia da importância de se ter uma boa oratória. 
 
 Importante 
É possível considerar, então, grosso modo, que a concepção de leitor só surge 
na humanidade após a criação da escrita. 
 
Com o surgimento da escrita, da prensa de Gutemberg e da internet, as 
formas de ler foram sendo modificadas nessa linha do tempo. Hoje, por exemplo, 
nunca se leu tanto no mundo, ao contrário do que alguns discursos propagam 
 
 
15 
 
por aí. As redes sociais são o grande exemplo dessa intensificação de leitura. 
Tudo o que fazemos virtualmente necessita, obrigatoriamente, de leitura. São 
leituras de textos verbais, não verbais, hipertextos, links e inúmeros outros tipos 
de textos que se aglomeram nos ambientes digitais e no nosso cotidiano. 
Veja na imagem a seguir os diferentes modos textuais, que compõem um 
único texto, presentes em uma notícia divulgada na internet. 
 
Texto típico da internet 
Fonte: <https://www.tecmundo.com.br/dispositivos-moveis/150244-acontece-voce-nao-ligar-o-
modo-aviao-durante-o-voo.htm>. Acesso em: 12/11/2021, às 17h05 (Adaptado para fins 
pedagógicos) 
 
Repare na imagem a quantidade de marcações em vermelho. Todas essas 
marcações representam uma intencionalidade específica na construção de 
sentido do texto, mas para que essas intencionalidades obtenham sucesso, é 
preciso que o leitor as conheça e saiba as suas respectivas funções dentro do 
texto. 
Veja a seguir o que cada uma delas representa na imagem utilizada como 
exemplo. Repare, também, que os números indicam o local em que cada 
elemento está na imagem representada: 
 
1. Possibilidade de compartilhar o texto em redes sociais. 
2. Imagem (linguagem não verbal) que compõe a notícia. 
3. Autor do texto e hiperlink para acessar a origem do texto. 
 
 
16 
 
4. Quantidade de compartilhamento da notícia, a fim de dar popularidade e 
credibilidade ao leitor. Na cibercultura, muitas vezes, um texto com muitos 
compartilhamentos pode ser considerado um texto de prestígio, por 
exemplo. 
5. Quantidade de comentários dos leitores a respeito do texto. 
6. Links com indicação de textos relacionados à temática. 
7. Hiperlinks para direcionar a algo escrito com a palavra destacada. 
Também exerce a função de destacar as palavra-chave do texto, neste 
caso, avião e celular (o texto diz respeito ao uso do modo avião do celular 
durante voos). 
8. O texto propriamente dito. 
 
Essa multiplicação de textos dentro de um outro (o principal) exige de nós 
uma gama de conhecimentos para compreensão e interpretação. Caso o leitor 
não saiba a função de algumas dessas expressões típicas de textos publicados 
em espaços digitais, a possibilidade de construção de sentido e 
interpretação/compreensão pode ser comprometida. 
A leitura de um livro impresso, de um/uma jornal/notícia ou qualquer outro 
texto impresso também exige de você alguns conhecimentos prévios para que 
seja realizada com sucesso. 
É importante destacar que “as práticas de leitura se desenvolvem em 
aprendizagens culturais das quais os sujeitos se apropriam como parte de sua 
identidade” (BALTAR et al, 2011, p. 123). Logo, quanto mais acesso à cultura e 
percepção de mundo você tiver, mais amplo será seu conhecimento para se 
apropriar das temáticas dos textos e de conseguir interpretá-lo com êxito. 
Na próxima aula, vamos iniciar nosso estudo de quais são esses pré-
requisitos necessários para uma boa leitura em diferentes meios (digitais ou 
analógicos). 
 
Conclusão da aula 1 
 
Chegamos ao final da nossa primeira aula da disciplina Leitura e Produção 
de Textos. Você viu alguns mitos que permeiam a concepção de leitura, leitor e 
intelectualidade, além de compreender as novas formas de leitura no meio 
 
 
17 
 
digital. Além disso, analisamos um texto multimodal, específico do contexto da 
internet, e vimos como as formas de leituras, além do texto, ajudam a construir 
sentidos, como os livros utilizados em lives no período de pandemia por covid-
19. 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Ler vai muito além de identificar símbolos e juntar letras. Se a leitura for 
realizada no âmbito digital, outros recursos precisam ser mobilizados para que 
os sentidos sejam construídos, certo? Acesse algumas notícias de jornais 
online e repare na quantidade de recursos utilizados para compor uma notícia, 
quais são os outros links indicados e se eles estão relacionados à notícia 
principal. 
 
 
 
Aula 2 – A leitura: interpretar ou compreender um texto? 
 
Apresentação da aula 2 
 
Na aula anterior, você aprendeu sobre os mitos relacionados à leitura e 
como o livro contribui para a construção de uma imagem intelectual do sujeito. 
Nesta aula, você vai ver como se dá o processo de leitura, perpassando 
por elementos desde a pré-leitura, caminhando também pela diferença de leitura 
e compreensão de textos e, por fim, conhecendo um arsenal de dicas para 
realizar leituras, principalmente em textos acadêmicos. 
Iniciaremos pela diferença do que é interpretar ou compreender um texto. 
Bom estudo! 
 
2.1 Diferença entre interpretação e compreensão de textos 
 
A leitura é uma atividade humana que permite ao leitor ampliar o seu 
conhecimento de mundo, além de dar acesso ao conhecimento produzido ao 
longo do tempo. Assim, há inúmeras possibilidades de ações quando se pega 
um texto, entre elas, apenas absorver o que está contemplado lá ou refletir a 
 
 
18 
 
respeito da temática abordada. Portanto, lemos não apenas para abstrair 
conhecimento, mas também, e principalmente, para construir conhecimento. 
Por algum momento, pode ser que você imagine que compreender e 
interpretar textos seja a mesma coisa, isto é, sinônimos. No entanto, cada um 
indica uma intencionalidade específica para o leitor! Veja qual a diferençadesses 
dois termos, iniciando pela compreensão! 
 
A compreensão está atrelada ao que você entende do texto exatamente com 
as informações que o compõe, ou seja, é a análise que você faz do que está 
escrito/apresentado no próprio texto. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 Importante 
Dica 1 
Um aspecto importante para você assimilar o que é a “compreensão do texto” é: 
você nunca vai opinar, criticar, concordar ou discordar. Quando alguma questão 
pedir que você compreenda o texto, é preciso que você responda exatamente 
como o texto apresenta o que for solicitado. 
 
Já a interpretação está atrelada ao que você entende do texto a partir das 
informações que o compõe, ou seja, é quando você lê e compreende o que 
está escrito, mas vai além das informações dadas, ampliando a sua reflexão da 
temática abordada. 
 
 Importante 
Dica 2 
Na interpretação, você sempre precisará opinar, refletir e criticar o que está 
escrito no texto. O seu conhecimento de mundo, as suas experiências de vida e 
o seu conhecimento intelectual serão fundamentais para que você interprete um 
texto. Um exemplo simples são as tirinhas, como as do Armandinho e da 
Mafalda, em que não há uma informação precisa e única; para que você as 
 
 
19 
 
compreenda, é preciso ter um conhecimento prévio do assunto contemplado 
nesses gêneros textuais. 
 
 Saiba mais 
Clique no link a seguir para ler algumas tirinhas da personagem Armandinho e 
analisar como se dá o processo de interpretação desse gênero textual! 
Link: https://tirasarmandinho.tumblr.com/ 
 
Para ficar mais fácil ainda de você entender a diferença desses dois 
conceitos, essenciais para ser um bom leitor, analise a tabela a seguir com 
algumas dicas que podem ajudá-lo. 
 
Compreensão Interpretação 
Exatamente o que está escrito no 
texto. 
Está além do texto (implícito). 
Não depende do seu conhecimento 
de mundo. 
Vai depender do seu conhecimento 
de mundo. 
Nunca extrapola o texto. Vai sempre além do que o texto diz. 
Expressões típicas: “Segundo o 
autor”; “O texto ponta que...”; “o autor 
diz que...” etc. 
Expressões típicas: “conclui-se do 
texto”; “é possível refletir a partir do 
texto” etc. 
Fonte: elaborado pelo autor (2020), adaptado pelo DI (2021). 
 
Depois de saber se a sua intenção ao ler o texto é de interpretá-lo ou 
compreendê-lo, é preciso identificar alguns pontos específicos que o ajudarão 
na construção de sentido. 
 
2.2 Pré-leitura 
 
De antemão, é importante você ter ciência de que cada leitor, por mais 
que vários leitores leiam o mesmo texto, terá uma interpretação única/particular, 
pois cada um tem uma experiência de vida individualizada e conhecimentos e 
 
 
20 
 
formação cultural individualizados também. Portanto, cada um terá uma 
percepção diferente de um texto, por mais que, no final, o conteúdo assimilado 
esteja no mesmo contexto. 
 
 Importante 
Por isso há críticas quanto aos professores que propõem aos alunos perguntas 
de interpretação de texto, tal como: “o que o autor quis dizer?” Justamente 
porque a interpretação é individualizada e específica de cada leitor. Isso não 
quer dizer que cada um pode interpretar o que quiser de um texto, afinal, o autor 
tem uma intencionalidade ao escrever, no entanto, as percepções para construir 
o sentido da história será individual. 
 
Baltar et al (2011, p. 128) justifica essa ideia dizendo que “os textos serão 
lidos de modo particular pelos diferentes leitores nos diferentes momentos 
históricos em que isso se processar, o que, porém, não autoriza a cada leitor 
conferir ao texto uma interpretação tão particularizada a ponto de tangenciar ou 
deformar o que está escrito no texto ou tergiversar sobre tal conteúdo”. 
 
Vocabulário 
Tergiversar: virar de costas; usar de evasivas ou subterfúgios; e procurar 
rodeios. 
 
Sendo assim, as dicas a seguir de pré-leitura o ajudarão a construir um 
sentido do texto de forma que você não julga a proposta do autor, pois essa 
interpretação particularizada não significa que possa haver fuga da temática 
abordada. 
Uma das etapas da leitura começa muito antes de você iniciar o texto 
propriamente dito, ela começa com a pré-leitura. A seguir, você vai ver quais são 
os pontos a que você precisa ficar atento antes de iniciar a leitura de um texto. 
Vamos lá! 
 
 
 
21 
 
2.2.1 Estrutura 
 
A estrutura do texto vai indicar como ele foi elaborado e já dá indícios da 
intencionalidade do autor. Uma tirinha, por exemplo, será composta por 
linguagem verbal e não verbal; um artigo acadêmico conterá aspectos 
específicos e tamanho de texto longo; um resumo representará as ideias de um 
outro texto. E assim, identificando essa estrutura do texto, você consegue fazer 
uma das pré-leituras necessárias. 
Outro ponto específico da estrutura é identificar qual o gênero textual que 
você vai ler. Um romance contemplará uma narrativa longa e poderá ser uma 
ficção ou baseada em história real; uma notícia de jornal vai informar algo do 
cotidiano; uma tirinha vai fazer uma crítica a algo relacionado à realidade 
humana; um artigo de opinião vai expor o que o autor do texto acredita/pensa 
etc. 
Portanto, por meio da identificação da estrutura do texto, você consegue 
supor a que tipo de leitura você estará exposto e que tipos de reflexões você 
precisará ter para construir o sentido do texto. 
 
2.2.2 Linguagem 
 
Identificar a linguagem é o segundo passo mais importante na pré-leitura. 
Reflita em algumas questões: 
 
➢ Qual o idioma? É primordial que isso seja identificado, caso você saiba 
mais de uma língua, pois as palavras podem ter sentidos diferentes em 
outros países, o que determina consideravelmente a 
compreensão/interpretação do texto. 
 
➢ Existem palavras destacas em negrito, itálico, sublinhado ou como 
hiperlink? As palavras destacas nos textos têm relevância na construção 
do sentido. A intenção do autor ao destacá-las é chamar a atenção do 
leitor para algo específico. Geralmente, essas palavras representam um 
conceito-chave, o que pode ajudá-lo a enfatizar a temática do texto e 
direcionar a sua leitura para um caminho específico. Ao percebê-las, tente 
 
 
22 
 
analisar se elas têm relação com o título e com as imagens (quando 
estiverem presentes), pois essa relação é o que vai determinar a 
intencionalidade do autor com o assunto tratado no texto. 
 
➢ Tem imagens, elas estão relacionas ao título? As imagens são 
complementos de ideias e têm papel fundamental na composição de 
construção de sentido do leitor. Fazer uma pré-leitura, antes de iniciar o 
texto, ajudará a ter uma prévia do que pode ser abordado. Assim, você 
conseguirá direcionar a sua atenção/reflexão para a temática. Portanto, 
uma dica valiosa é: analise o contexto da imagem com o título do texto 
para que você tenha uma ideia do que focalizar na sua leitura. 
 
➢ Qual o subtítulo da imagem? Toda imagem tem uma legenda, a qual 
podemos chamar também de subtítulo. Essa descrição, aliada ao 
conteúdo da imagem e ao título ajudarão você a ter uma percepção e uma 
leitura prévia do que será abordado no texto. Assim, o ajuda-lo-á a não 
fugir do tema proposto pelo autor. 
 
 
Leitura em recursos digital 
Fonte: Pixabay (2020). 
 
➢ Quem é o autor do livro? Você já o conhece? Sabe qual o estilo de 
escrita dele, os gêneros que ele mais escreve? Saber quem escreveu 
o texto que você vai ler é fundamental para compreender o conteúdo 
contemplado. Ao ler Machado de Assis, por exemplo, você vai saber que 
 
 
23 
 
ele remete seus textos a críticas sociais; ao ler um texto de Clarice 
Lispector, você vai saber que ela remete a crises existenciais do ser 
humano; se for ler texto de algum jornalista de posicionamento político 
específico, vai saber qual o teor apontado por ele. Portanto, conhecer e 
saber quem é o autor do texto o ajudará bastante nesse processo prévio 
de leitura, pois você pode ter ideiada linguagem, se haverá gíria ou 
expressões específicas que o autor utiliza etc. 
 
➢ Identificar linguagens literais e não literais: saber identificar se o texto 
contém apenas linguagem literal ou não é outro fato predeterminante para 
você interpretar um texto. Alguns gêneros textuais, como os contos, as 
crônicas, as tirinhas etc. usam a linguagem não literal para fazer o leitor 
refletir a respeito de algo que não está dito no texto. A linguagem literal é 
usada em gêneros mais técnicos, como os manuais, os artigos 
acadêmicos etc. Portanto, saber identificar qual tipo de linguagem o autor 
usa em seu texto é importante para a sua leitura. Veja um exemplo: a 
expressão “levou um pé na bunda”, se você ler no sentido literal vai 
entender que a pessoa realmente sofreu um chute na nádega. Já, se você 
interpreta de forma não literal, vai entender que é uma expressão para 
dizer que alguém terminou um relacionamento ou foi dispensado de 
alguma situação. 
 
2.3 A leitura 
 
Provavelmente você já leu um texto e, ao final dele, pensou: “Não entendi 
nada!” Depois disso, de duas, uma: ou leu de novo até entender, ou desistiu. 
Certo? 
Fatores como esses não são exclusivos a você, estudante. É muito 
comum que leiamos algum texto e não o compreendamos na primeira leitura, 
ainda mais se for de alguma temática a que não estamos habituados. Por isso é 
tão importante ler de tudo um pouco, inteirar-se de assuntos diversos e expandir 
a nossa capacidade cognitiva a outras áreas do conhecimento. 
É por isso que há contradições aos discursos de classificar pessoas como 
analfabetas funcionais ou que não sabem ler. A questão é muito mais complexa 
 
 
24 
 
e, para que você consiga ler e entender um pouco de tudo, este item contemplará 
algumas dicas de leitura, principalmente àquelas voltadas ao Ensino Superior. 
 
2.3.1 Leitura exploratória 
 
A leitura exploratória é aquela que você faz investigando o que há de 
primordial no texto. 
Assim, quando você iniciar uma leitura e não estiver entendendo nada, 
leia até o fim. O foco inicial da leitura é você conseguir entender qual é a ideia 
central do texto. A partir disso, você vai conseguir explorar as outras ideias 
secundárias relacionadas à principal. 
 
2.3.2 Leitura analítica ou interpretativa 
 
Esta é a leitura mais complexa, porque é nela que o seu conhecimento de 
mundo e linguístico (aquele relacionado à gramática) estarão presentes. 
Nesta leitura, no que tange à gramática, é primordial que você saiba 
pontuação, crase e ambiguidade, por exemplo. São três quesitos gramaticais 
que podem mudar completamente a interpretação do que está escrito. Veja o 
exemplo a seguir: 
 
Pontuação: 
 
➢ “Não vai ter copa”. “Não, vai ter copa”. (Repare que as duas orações têm 
sentido diferente apenas por causa da inserção da vírgula depois do 
“não”. Na primeira, afirma-se que não existirá copa; na segunda, há uma 
negação da resposta e a afirmação de que haverá a copa. Debate muito 
aflorado durante a preparação da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. 
 
➢ “Vamos comer gente?”. “Vamos comer, gente?” (Na primeira, você é um 
canibal que como pessoas; na segunda, você está convidando as 
pessoas para irem comer alguma coisa. Consegue perceber a 
importância da vírgula para a construção de sentido de um texto?) 
 
 
 
25 
 
Crase: 
 
➢ À tarde, ficava feliz com a sua chegada. (Nesta oração, “à tarde” exerce 
a função de tempo, ou seja, alguém fica feliz com a sua chegada apenas 
no período da tarde). 
 
➢ A tarde ficava feliz com a sua chegada. (Neste caso, “a tarde” – sem crase 
– exerce a função de substantivo, isto é, é exatamente ela quem fica feliz 
com a sua chegada, independentemente, do horário que não está 
descrito.) 
 
Ambiguidade: 
 
➢ “Vi o gato do seu irmão.” (Repare que, devido à oração não ter um 
contexto, não sabemos se a palavra “gato” se refere a um elogio ao irmão 
da pessoa ou ao animal que o irmão da pessoa tem. 
 
Questões como essas são essenciais para que você consiga fazer uma 
interpretação correta de um texto. Fique atento(a)! 
 
2.3.3 Leitura crítica 
 
É aquela leitura que engloba todas as outras vistas até aqui, por ela, você 
consegue identificar a intenção do autor no texto e tecer críticas a ela: concorda, 
discorda etc. 
 
 Importante 
A leitura crítica é você aliar a compreensão do texto e a sua interpretação dele. 
 
Nesse sentido, para fazer uma leitura crítica, você analisa, concorda, 
discorda, relaciona a outros exemplos etc. 
 
 
26 
 
 Importante 
Ao ler um artigo científico, por exemplo, você deve ficar atento a alguns quesitos 
que podem ajudá-lo a interpretar o texto: identificar o objetivo geral e os objetivos 
específicos; qual a metodologia utilizada; quais os teóricos presentes; e, 
principalmente, qual a análise dos dados e a ideia defendida pelo autor. 
 
Cavalcante (2009, p. 4), ancorada nas questões socráticas de técnica de 
leitura, explica que 
 
questionar o que estamos lendo nos ajuda a fixar o conteúdo e 
apreendê-lo em seus diversos matizes. Também nos ajuda a adquirir 
um posicionamento crítico, essencial na construção de nosso 
conhecimento. É que temos o hábito de considerar como verdadeiro 
tudo aquilo que lemos, é mais fácil não pensar sobre o assunto, não 
questionar, não criticar (p. 4). 
 
Outras questões, segundo Cavalcante (2009), que podem guiar a sua 
leitura são: 
 
 
➢ Perguntas de esclarecimento 
 
➢ O que o autor quer dizer quando afirma que ______? 
➢ Qual é o ponto crucial de seu texto? 
➢ Qual é a relação entre _____ e _____? 
➢ Isso pode ser explicado de uma outra maneira? 
➢ Vejamos se entendi o ponto de vista do autor: ele quer dizer _____ ou 
_____? Qual é a relação entre isto e o foco do 
problema/discussão/argumento? 
➢ Será que eu consigo resumir com as minhas palavras o que o autor 
disse? 
➢ Ele traz algum exemplo? 
➢ _____ seria um bom exemplo disso? 
 
➢ Perguntas que verificam suposições 
 
 
27 
 
 
➢ Qual é a suposição do autor aqui? 
➢ O que eu poderia supor em vez disto? 
➢ Todo o discurso do autor depende da ideia de que _____. 
➢ Por que ele baseou a sua hipótese em _____ em vez de em _____? 
➢ Parece que ele supõe que _____. Posso ter isso como uma verdade? 
➢ É sempre assim? Por que ele acha que essa suposição é pertinente? 
➢ Por que alguém partiria desta suposição? 
 
➢ Perguntas que verificam evidências e linhas de raciocínio 
 
➢ Qual a linha de raciocínio do autor? 
➢ Como isso se aplica a este caso? 
➢ Existe uma razão para duvidar desta evidência? 
➢ Quem pode saber que isto é verdade? 
➢ O que ele diria a alguém que afirmasse o contrário? 
➢ Algum outro autor apresenta evidências a favor deste ponto de vista? 
➢ Como ele chegou a essa conclusão? 
➢ Como podemos descobrir se isso é verdade? 
 
➢ Perguntas sobre pontos de vista ou perspectivas 
 
➢ Em que implica essa afirmação? 
➢ Quando ele diz _____, subentende-se _____? 
➢ Mas se isto acontecesse, quais seriam os outros resultados? Por quê? 
➢ Quais seriam os efeitos disso? 
➢ Isso aconteceria necessariamente ou é apenas uma possibilidade? 
➢ Existem alternativas? 
➢ Se _____ e _____ são verdadeiros, o que mais poderia sê-lo? 
➢ Se dissermos que ____ é ético, o que podemos dizer de _____? 
 
➢ Perguntas que verificam implicações e consequências 
 
➢ Como posso descobrir isso? 
 
 
28 
 
➢ Qual é a suposição dessa pergunta? 
➢ Seria possível elaborar essa questão de outra forma? 
➢ Que outro autor poderia esclarecer essa questão? 
➢ É possível subdividir essa questão? 
➢ Essa pergunta é clara? Entendi isso? 
➢ Essa pergunta é fácil ou difícil de responder? Por quê? 
➢ Para responder a essa pergunta, que outras perguntas são preciso 
responder primeiro? 
➢ Por que essa questão é importante? 
➢ Essa é a pergunta mais importante ou existe umaoutra questão na qual 
essa se baseia? 
➢ É possível relacionar isso a algum outro conteúdo ou área de estudo? 
Fonte: CAVALCANTE (2009) 
 
 
Conclusão da aula 2 
 
Chegamos ao final da nossa segunda aula. Você viu a diferença entre 
compreensão e interpretação de textos, além de conhecer um arsenal de dicas 
para realizar leituras de diferentes gêneros/tipos. 
Na nossa próxima aula, vamos aprofundar essas questões relacionando-
as aos textos mais comuns no Ensino Superior. 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Agora que você já sabe a diferença entre ler e compreender um texto, que tal 
procurar por provas de concursos públicos, Enem ou Enade, e analisar as 
questões propostas? Analise se os enunciados sugerem que o leitor faça uma 
interpretação ou compreensão da questão. Essa é uma ótima forma de 
estudar para esse tipo de prova e não fugir do tema proposto. 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Aula 3 – A escrita na Universidade: principais gêneros 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá, estudante. Seja bem-vindo à terceira aula da disciplina Leitura e 
Produção de Textos. Até agora, você viu as diferentes possibilidades de leitura 
e algumas dicas de como realizá-las. Nesta aula, você vai conhecer os principais 
tipos de textos utilizados no Ensino Superior e como ler/escrever alguns deles. 
Vamos lá?” 
 
3.1 Condição de produção e leitura: a peça-chave do texto 
 
A escrita e a leitura na Universidade têm aspectos particulares daqueles 
que conhecemos ao longo da vida escolar, por isso muitas pessoas têm 
dificuldade de compreender e/ou produzir um texto acadêmico. 
Entender as condições de produção e circulação de um texto é peça-
chave para que consigamos compreendê-lo da melhor forma possível. Para 
explicar esses fatores, vale mencionar dois elementos elucidados por Koch e 
Elias (2009) ao falarem dos contextos de produção e leitura do texto: 
 
1) O fato de que um texto pode ser lido em um lugar e tempo muito 
distantes daquele em que foi produzido; 
2) O fato de que um texto pode ser reescrito de muitas formas, 
objetivando atender a tipos diferentes de leitor. 
 
Vocabulário 
Texto: compreenda texto como toda e qualquer forma materializada de 
linguagem, isto é, tudo aquilo com que temos contato no mundo e produzimos 
sentidos pode ser considerado como um texto, desde um quadro ou uma 
fotografia a um artigo de opinião ou um livro escrito. 
 
 
 
30 
 
O primeiro elemento indicado por Koch e Elias (2009) nos possibilita dizer 
que o tempo e o espaço onde um texto é/foi produzido e, posteriormente, lido, 
interferem diretamente nos sentidos que ele pode proporcionar. Dessa forma, 
conhecer quando, onde, por quem e em quais condições o texto foi elaborado 
podem ser determinantes para o leitor. 
Além disso, como trazido no segundo elemento, o texto pode ter muitas 
formas de escrita, assim como uma história pode ser contada por diferentes 
lentes. 
Vamos ver como esses fatores acontecem no exemplo a seguir: 
 
Exemplo 1 
 
— “Caíram só trezentos, nada mais nada menos”. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
Lendo o exemplo apenas com o texto descrito, o que você consegue 
compreender? Alguém falando de vítimas de uma guerra? Falando de dinheiro? 
É difícil responder sem saber todas as condições de produção, certo? As 
possibilidades de relações seriam infinitas se tentássemos adivinhar sobre o que 
diz respeito o fragmento. 
Agora, se essas condições de produção são elucidadas ao leitor, 
possivelmente os sentidos que você vai construir do texto serão outros, certo? 
Vamos ver no exemplo a seguir. 
 
Exemplo 2 
 
Ainda era dia 2. Carla tinha recebido o pagamento há exatos dois dias. Durante 
uma conversa com sua amiga Lilian sobre a crise financeira que assolava o 
país, em 2021, quando muitas empresas estavam parcelando os salários dos 
funcionários, a professora relatou: 
— “Caíram só trezentos, nada mais nada menos.” 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 
 
31 
 
Observe que no exemplo 2 há uma gama de informações das condições 
de produção do texto, possibilitando uma leitura mais detalhada e limitada dos 
fatos. Assim sendo, conseguimos perceber os dois elementos destacados por 
Koch e Elias (2009): 
 
➢ Elemento 1 - um texto pode ser lido em um lugar e tempo muito 
distantes daquele em que foi produzido: a) ao identificar que há uma 
crise econômica no país, em 2021, temos uma marcação temporal de 
quando esse texto foi produzido, logo, se for lido em outra época, terá aqui 
uma marcação histórica desse fato; b) devido à crise, empresas estão 
parcelando salários dos funcionários, portanto Carla fala do que recebeu 
equivalente ao seu salário, isto é, 300 reais. 
 
➢ Elemento 2 - um texto pode ser reescrito de muitas formas, 
objetivando atender a tipos diferentes de leitor: a) quem produz o 
texto/a mensagem principal é uma professora, Carla; b) a situação de 
produção do texto é uma narração de alguém que sabe da história; c) há 
uma descrição da conversa entre amigas, o que direciona a informalidade 
da linguagem; c) há um relato de um acontecimento, que podemos 
considerar como exemplo de um período histórico; d) se o texto fosse 
produzido em uma notícia de jornal ou em uma postagem em rede social, 
por exemplo, as formas de escrita poderiam e seriam outras. 
 
Apresentada a importância de se compreender e explicitar as condições 
de produção e leitura de um texto, no Ensino Superior isso se torna ainda mais 
fundamental, devido aos diferentes tipos de conhecimentos que circulam nesse 
espaço, cada um com suas particularidades e importância. Vamos conhecer, 
sucintamente, algumas das diferenças desses conhecimentos que circulam no 
Ensino Superior para, depois, ver como eles são formalizados/escritos. 
 
Uma das condições essenciais para se compreender o texto é saber a que tipo 
de conhecimento ele está atrelado, uma vez que ele vai direcionar a sua 
veracidade ou relevância, de acordo com a situação de circulação. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 
32 
 
3.2 Tipos de conhecimentos no Ensino Superior 
 
 No nosso cotidiano e por meio das nossas relações sociais, temos 
diferentes formas de acessar e produzir conhecimentos. Nesta seção, você vai 
conhecer, sucintamente, os quatro principais deles: o popular, o filosófico, o 
religioso e o científico. 
 
3.2.1 Conhecimento popular 
 
Também conhecido como conhecimento empírico, vulgar, popular ou 
senso comum, é o tipo de conhecimento que vamos adquirindo pelas nossas 
experiências, interações e vivências no mundo; vai passando de geração para 
geração, isto é, são conhecimentos que surgem a partir das interações do sujeito 
com o ambiente que o rodeia, sem ter necessidade de uma comprovação 
científica para ele (MENEZES, 2021). 
Vale destacar, segundo Menezes (2021) afere, que nesse tipo de 
conhecimento não há uma preocupação em refletir criticamente sobre o objeto 
em observação, nem necessidade de explicação lógica, porque ele não tem 
pretensão de ser tomado como uma verdade absoluta, ele é subjetivo ao sujeito 
e atrelado apenas a uma dedução. 
É possível trazer como exemplo os aprendizados passados ao longo do 
tempo pela humanidade, como tratamentos por meio de ervas naturais, tradições 
culturais, simpatias, procedimentos de colheitas por agricultores, artesanatos 
etc. 
 
As simpatias são exemplos de conhecimentos populares 
Fonte: acervo do autor (2021). 
 
 
33 
 
 Importante 
O conhecimento popular ou empírico pode ser utilizado no Ensino Superior como 
objeto de investigação/estudo. No entanto, é preciso ter cuidado, pois ele não 
deve ser utilizado como verdade absoluta, mas como exemplo de experiências 
de vida ou objetos de análises. Por isso, pode ser trazido em gêneros 
discursivos/textuais como: relatos de experiência, documentários, contos e 
crônicas etc. (veremos como isso é possível na próxima seção, quando você for 
conhecer os gêneros discursivos/textuaisdo Ensino Superior). 
 
3.2.2 Conhecimento filosófico 
 
 Já o conhecimento filosófico surgiu a partir da capacidade de o ser 
humano refletir, principalmente a respeito de questões subjetivas, imateriais, 
conceitos e ideias. Desse modo, tem como objetivo questionar à luz da razão a 
realidade humana para diferenciar o que é mais correto ou verdadeiro sobre 
todas as coisas. 
 Esse tipo de conhecimento é racional e valorativo e traz como principal 
característica sua forma inacabada, isto é, está sempre em transformação. Como 
exemplo, é possível relacionar os estudos de filósofos como Aristóteles e Platão 
com os de filósofos contemporâneos, como Byung-Chul Han e Slavoj Zizek, 
cujos pensamentos se diferenciam e refletem a respeito de questões diferentes 
em suas respectivas épocas. 
 
 Saiba mais 
Clique no link a seguir para conhecer uma lista de 11 dos principais filósofos 
contemporâneos e quais foram suas principais contribuições de conhecimentos 
filosóficos para a humanidade. 
https://www.ebiografia.com/grandes_filosofos_contemporaneos/ 
 
 O conhecimento filosófico é muito utilizado no Ensino Superior, tanto 
como ancoragem teórica em pesquisas quanto em reflexões das teorias 
levantadas pelos seus autores. Alguns dos gêneros discursivos/textuais mais 
 
 
34 
 
tradicionais para esse tipo de produção de conhecimento são os ensaios e os 
artigos de opinião. 
 
3.2.3 Conhecimento religioso 
 
 O conhecimento religioso, também conhecido como conhecimento 
teológico, tem como principal característica a sua verdade indiscutível, baseada 
na fé das pessoas, isto é, toda a verdade desse conhecimento está pautada em 
uma divindade. 
 Nesse sentido, esse conhecimento é inquestionável, justamente por ele 
ser a verdade absoluta. Um dos exemplos mais emblemáticos é o fato de que, 
para os cristãos, Deus criou o homem. 
 Os principais gêneros discursivos/textuais desse tipo de conhecimento 
são: salmos, versículos e ritos religiosos em geral. No ambiente acadêmico, ele 
tem espaço para ancoragens teóricas que se relacionam aos contextos 
subjetivos-reflexivos, tal como os filosóficos. 
 
 Importante 
Cabe salientar que, quando relacionado ao contexto acadêmico, esse tipo de 
conhecimento não é inserido como uma verdade absoluta, mas como um aporte 
para reflexões e indagações de um objeto específico. 
 
3.2.4 Conhecimento científico 
 
Este é o principal conhecimento mobilizado no Ensino Superior, por isso 
vamos nos debruçar sobre ele a partir de agora. Além de entender o que é e 
como ele é produzido no ambiente acadêmico, vamos ver detalhadamente quais 
são os principais gêneros discursivos/textuais que o materializam nesse cenário. 
Segundo Menezes (2021, n.p.), o conhecimento científico “está 
relacionado com a lógica e o pensamento crítico e analítico. É o conhecimento 
que temos sobre fatos analisados e comprovados cientificamente, de modo que 
sua veracidade ou falsidade podem ser comprovadas”. 
 
 
35 
 
 Importante 
Em suma, o conhecimento científico procura encontrar respostas para os 
fenômenos que norteiam o ser humano. 
 
 Veja na tabela a seguir uma síntese dos quatro tipos de conhecimentos 
apresentados aqui. Depois, vamos aprofundar como os conhecimentos 
científicos são produzidos, registrados e circulados no Ensino Superior, vendo 
quais são os principais gêneros discursivos/textuais utilizados para esse fim. 
 
Síntese dos tipos de conhecimentos 
 Popular Científico 
O que é? Esse tipo de conhecimento 
surge a partir da interação do 
ser humano com o ambiente 
que o rodeia. 
Engloba informações e fatos 
que foram comprovados, 
tendo como base análises e 
testes científicos. 
Valor Valorativo, apoiando-se nas 
experiências pessoais. 
Factual, lida com fatos e 
ocorrências. 
Verificação É verificável. É verificável. 
Exatidão Falível e inexato. Falível e aproximadamente 
exato. 
Sistema Assistemático, pois é 
organizado com bases nas 
experiências de um sujeito, e 
não em um estudo para 
observar o fenômeno. 
Sistemático, pois é um saber 
ordenado logicamente. 
 Religioso Filosófico 
O que é? Acredita que a fé religiosa 
possui a verdade absoluta e 
apresenta todas as 
explicações para justificar esta 
crença. 
É o conhecimento lógico-
racional orientado pela 
construção de conceitos. 
Valor Valorativo, apoiando-se nas 
doutrinas sagradas. 
Valorativo, pois lida com 
hipóteses e teorias que 
 
 
36 
 
podem ou não ser 
comprovadas. 
Verificação Não é verificável. Pode ou não ser verificável. 
Exatidão Infalível e exato. Falível e aproximadamente 
exato. 
Sistema Conhecimento sistemático do 
mundo. 
É sistemático, pois é um 
saber lógico-racional, mesmo 
que não haja comprovação. 
Fonte: Adaptado de Menezes (2021, n.p.). 
 
3.3 Principais gêneros discursivos utilizados no Ensino Superior 
 
 Koch e Elias (2009) salientam que nos processos que envolvem a 
linguagem na construção de sentido, tanto na leitura quanto na escrita, há como 
base as suas formas padrão e relativamente estáveis de estruturação. Por isso, 
no nosso cotidiano, em nossas atividades comunicativas, são incontáveis as 
vezes em que não somente lemos textos diversos, como também produzimos ou 
ouvimos enunciados, como: “escrevi um e-mail”; “mandei um áudio no 
whatsapp”; “postei um texto no facebook”; “li um anúncio da série de que gosto”; 
“ouvi uma piada ótima”; “fiz um resumo do livro” etc. (KOCH; ELIAS, 2009). 
Portanto, para materializar os conhecimentos que circulam no mundo 
usam-se os gêneros discursivos/textuais. Já para os conhecimentos científicos 
produzidos e que circulam no Ensino Superior, alguns gêneros 
discursivos/textuais são mais específicos. Antes de falarmos de alguns deles, 
é importante salientar que o Ensino Superior está fragmentado em alguns 
espaços que acabam diferenciando os principais gêneros utilizados em cada um 
deles, por isso vamos nos ater àqueles utilizados por estudantes em cursos de 
graduação. 
 
Vocabulário 
Gêneros discursivos/textuais: Bakhtin (2015[1979]) define os gêneros do 
discurso como formas estáveis de enunciados elaborados de acordo com as 
 
 
37 
 
condições específicas de cada campo da comunicação verbal. Logo, os gêneros 
são infinitos, porque nossas formas de nos comunicarmos também são infinitas. 
Alguns autores preferem o termo gêneros textuais, por isso ao longo desse livro, 
você encontra a grafia “discursivos/textuais”. 
 
A partir de agora, você vai conhecer os principais gêneros utilizados no 
ambiente acadêmico e como eles são estruturados/organizados. Vamos 
organizar da seguinte forma: primeiro, os gêneros mais lidos pelos estudantes; 
depois, os mais produzidos na escrita; por último, os gêneros orais. 
 
 Saiba mais 
Para saber mais como são/devem ser estruturados cada um dos gêneros 
apresentados aqui, acesse o Manual de Normas Acadêmicas para elaboração 
de trabalhos científicos da Faculdade Unina, disponível no link a seguir: 
https://unina.edu.br/wp-content/uploads/2020/12/Manual-de-Normas-de-Trabalh 
os-Acad%C3%AAmicos-Faculdade-Unina.pdf. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual de Normas Acadêmicas 
Fonte: https://unina.edu.br/wp-content/uploads/2020/12/Manual-de-Normas-de-Trabalh 
os-Acad%C3%AAmicos-Faculdade-Unina.pdf 
 
 
 
38 
 
3.3.1 Gêneros discursivos mais lidos por estudantes de graduação 
 
➢ Artigo Científico: é o gênero mais comum no ambiente acadêmico tanto 
para a leitura quanto para a escrita. Segundo a ABNT (NBR 6022, 2003, 
p.2), o artigo científico pode ser definido como a “publicação com autoria 
declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos 
e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. É uma forma mais 
rápida de apresentar os resultados e as discussões sobre uma 
investigação. Não traz uma verdade absoluta, mas um recorte de um 
assunto determinado. Além da linguagem obedecer às normas 
específicas, como da ABNT, também apresentaestrutura textual que 
deve seguir alguns critérios básicos, tais como: elementos pré-textuais, 
textual e pós-textual. 
 
 Saiba mais 
Quer saber dez dicas de como produzir um artigo científico de qualidade? No 
link a seguir, você tem acesso ao texto do pesquisador Maurício Pereira 
mostrando dez passos para a construção de um artigo. Não deixe de ler. 
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-497420170003 
00661 
 
➢ Resenhas: outro gênero muito comum no ambiente acadêmico tem como 
objetivo aferir reflexões críticas ou comentários a respeito de um texto, 
livro, filme etc. É importante você se lembrar de que, como a resenha se 
refere a um outro texto, alguns procedimentos são essenciais para que as 
vozes dos autores (da resenha e da obra resenhada) não se misturem. A 
linguagem deve seguir a norma culta, bem como devem ser utilizadas as 
normas da ABNT para organização do texto. 
 
➢ Livros teóricos: este é o principal gênero para acessar os conhecimentos 
históricos produzidos na humanidade. Não há uma forma padrão de 
escrita, como é corriqueiro nas resenhas e nos artigos científicos, por 
 
 
39 
 
exemplo, isso fica a cargo dos estilos dos próprios autores e das editoras. 
Nesse gênero, você tem acesso às discussões de intelectuais que formam 
o aporte teórico de áreas específicas. Além disso, são esses teóricos que 
contribuem para reforçar as concepções e os resultados encontrados em 
pesquisas científicas. 
 
Curiosidade 
Converse com o seu professor-tutor e pesquise quem são os principais autores 
da sua área de formação. Quais livros são os carros-chefes para compreender 
os estudos/conhecimentos produzidos na sua área? A biblioteca online da 
Faculdade é um ótimo espaço para você encontrar esses livros. 
 
3.3.2 Gêneros discursivos mais produzidos por estudantes de graduação 
 
➢ Resenha crítica: é um dos gêneros mais pedidos em atividades 
acadêmicas. Nele, você expõe comentário e opinião sobre um outro texto, 
fazendo relações com as suas experiências de mundo e aporte teórico 
que teve ao longo da vida. Justamente por você intervir na discussão 
apresentada, é uma forma de construir e aprimorar conhecimento sobre 
assuntos específicos. 
 
➢ Resumo: muitas vezes confundido com a resenha, no resumo você 
apenas relata, de forma sucinta, os pontos principais de um texto. Nele, 
você jamais deve expor sua opinião ou tecer comentários sobre o texto, 
deve-se, apenas, apresentar as ideias principais do que você 
empreendeu do texto. 
 
➢ Fichamento: outro gênero muito comum no ambiente acadêmico, serve 
para o registro de informações sobre livros, artigos, dissertações, teses 
etc. Nele, você apresenta informações resumidas sobre o texto lido, tais 
como: a autoria, o conteúdo e onde o material original pode ser 
encontrado. Muitos estudantes usam os fichamentos para organizar 
 
 
40 
 
citações de um determinado autor, assim, quando vão produzir textos 
(artigos, resenhas, TCC etc.) já têm um aporte de citações específicas 
para reforçar e enriquecer a discussão apresentada. 
 
➢ Fórum (na EaD): muito comum na EaD, o fórum é um espaço de 
interação entre estudantes e professores para discussões sobre 
determinados assuntos. Nele, os estudantes não seguem uma forma 
específica de escrita, mas utilizam-se de linguagem formal para 
apresentar sua opinião a respeito do tema proposto. 
 
➢ Relatórios: os relatórios são registros de informações utilizadas para 
reportar resultados parciais ou totais de uma determinada atividade, 
experimento, projeto, ação, pesquisa ou outro evento que esteja acabado 
ou em andamento. 
 
Conclusão da aula 3 
 
Chegamos ao final da nossa terceira aula. Você viu os tipos de 
conhecimentos e como eles estão relacionados ao Ensino Superior, além disso 
pôde conhecer os principais gêneros discursivos/textuais do ambiente 
acadêmico. 
Na próxima aula, você vai entender mais precisamente como se dá o 
processo de escrita na esfera acadêmica. 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Agora que você sabe melhor os tipos de conhecimentos, realize uma pesquisa 
breve na internet identificando se os conhecimentos dispostos podem ser 
questionados ou não, além disso, tente classificá-los como conhecimentos 
religioso, filosófico, popular ou científico. Esses conhecimentos se relacionam 
e acrescentam a sua formação acadêmica? Como eles estão registrados, isto 
é, em qual gênero discursivo/textual? Reflita! 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Aula 4 – A escrita: reflexões para produzir um bom texto 
 
Apresentação da aula 4 
 
Chegamos à nossa última aula da disciplina Leitura e Produção de Textos. 
Com toda a bagagem adquirida ao longo da disciplina, vamos finalizar nosso 
estudo entendendo quais são os principais elementos a que você deve ficar 
atento(a) para produzir um bom texto. 
Bom estudo! 
 
4.1 Dissertação e descrição 
 
Na aula 2, você viu que a diferença entre interpretar e compreender um 
texto vai direcionar ações específicas para responder a uma questão, escrever 
um texto etc., certo? Da mesma forma, na aula 3, viu a importância dos gêneros 
discursivos/textuais para organizar as formas de comunicações. Outro fator 
fundamental para escrever um texto é saber a que você se propõe nele. Para 
isso, é importante identificar se a sua intenção é dissertar, narrar ou descrever 
algum fato. 
Nesta seção, você vai ver a diferença desses três indicadores e como 
cada um deles o ajuda a organizar a sua ideia e o seu texto/escrita de uma forma 
diferente. 
Vamos iniciar pela descrição, que, segundo Fiorin e Platão (2007, p. 297), 
“é um tipo de texto em que se relatam as características de uma pessoa, de um 
objeto ou de uma situação qualquer, inscritos em um certo momento estático do 
tempo”. 
Veja como isso acontece no exemplo a seguir: 
 
“Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares, bocas 
cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Nas ruas, 
pedestres apressados se atropelam. O trânsito caminha lento e nervoso. Eis 
São Paulo às sete da noite” (FIORIN; PLATÃO, 2007, p. 297). 
 
 
 
42 
 
Repare que no texto, ainda que de forma poética, o autor apenas descreve 
ações e fatos que acontecem de forma simultânea. Além disso, perceba que 
nesse texto: 1) não existe um enunciado que possa ser considerado 
cronologicamente anterior ao outro, eles podem ser reorganizados sem alterar 
sentido algum; 2) ainda que se fale de ações (conversam, atropelam e caminha), 
todas elas estão no presente, não indicando, portanto, nenhuma transformação 
de estado; 3) se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correríamos o 
risco de alterar nenhuma relação cronológica (poderíamos, inclusive, inverter o 
último enunciado colocando-o no início do texto, colocar o segundo enunciado 
por último etc., sem alterar os sentidos do texto); (FIORIN; PLATÃO, 2007). 
 
 Importante 
Vale destacar que a descrição não relata as transformações de estado que vão 
ocorrendo progressivamente com as pessoas ou coisas, como é feito em um 
texto narrativo, por exemplo, mas descreve as propriedades e os aspectos 
desses elementos em um certo estado, considerando como se estivesse parado 
no tempo (FIORIN; PLATÃO, 2007). 
 
 A dissertação é uma das formas mais utilizadas nos textos acadêmicos. 
Ela é um tipo de texto que analisa e interpreta dados da realidade por meio de 
conceitos abstratos. É possível fazer relação com a interpretação de texto, em 
que você aciona outras referências de mundo e leituras para construir sentidos. 
 Fiorin e Platão (2007) explicam que na dissertação predominam os 
conceitos abstratos, isto é, a referência ao mundo real acontece por meio de 
conceitos amplos e genéricos, muitas vezes abstraídos do tempo e do espaço. 
 
Curiosidade 
Se na descrição não há relação de anterioridade e posteridade entre os 
enunciados, porque se relatam aspectos simultâneos de um objeto, na 
dissertação,em princípio, não existe progressão temporal entre enunciados. 
Nesse tipo de texto, no entanto, os enunciados guardam entre si relações de 
 
 
43 
 
natureza lógica, isto é, relações de implicação (causa e efeito; um fato e sua 
condição; uma premissa e uma conclusão etc.)” (FIORIN; PLATÃO, 2007, p. 
299). 
 
 Vista essa diferença entre a descrição e a dissertação, é importante, 
estudante, que você não confunda a dissertação com outro estilo de texto: a 
narração. Vamos diferenciá-los, para, depois, aprofundarmos a discussão 
quanto à dissertação de textos científicos. 
 Na narração, segundo Fiorin e Platão (2007), o autor se propõe a relatar 
fatos, em um espaço concreto e um tempo definido, além disso, os fatos 
narrados não são simultâneos como na descrição e há mudança de um estado 
para o outro e, por isso, entre os enunciados, existe uma relação de anterioridade 
e posteridade. É comum em textos literários que a narração seja de uma história 
criada, isto é, não real. 
 Diferente disso, na dissertação, quem a escreve expressa explicitamente 
a sua opinião, trazendo como objetivo a análise e a interpretação das 
transformações relatadas (FIORIN; PLATÃO, 2007). 
 Veja na síntese a seguir as principais características dos textos narrativos, 
descritivos e dissertativos. 
 
 
Síntese conceitual dos tipos de escrita 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
Es
cr
it
a
Narração: narra fatos concretos, em um espaço concreto e um 
tempo definido; os enunciados são simultâneos e há uma 
relação de anterioridade e posteridade.
Descrição: é um tipo de texto em que se relatam as 
características de uma pessoa, de um objeto ou de uma 
situação qualquer, inscritos num certo momento estático do 
tempo.
Dissertação: é um tipo de texto que analisa e interpreta dados 
da realidade por meio de conceitos abstratos; predominam os 
conceitos abstratos, isto é, a referência ao mundo real 
acontece por meio de conceitos amplos, genéricos, muitas 
vezes abstraídos do tempo e do espaço.
 
 
44 
 
4.1.1 A dissertação científica e a importância da argumentação 
 
A dissertação científica é o modo de escrever um texto mais presente no 
ambiente acadêmico, logo, há pontos cruciais que precisam ser observados, 
justamente porque não é uma dissertação comum, em que você apenas expõe 
a sua opinião, explicitamente. Alguns fatores linguísticos precisam ser 
considerados, como o gênero discursivo/textual, por exemplo. Não vamos 
retomar os gêneros, uma vez que você já aprendeu sobre isso na aula 3. 
Veremos, a partir de agora, quais cuidados linguísticos precisam ser 
considerados quando você se propuser a dissertar cientificamente. 
 
 Importante 
Vale lembrar que sempre deve-se considerar, também, as condições de 
produção de um texto. Como Fiorin e Platão (2007, p. 309) explicam: “qualquer 
enunciado pressupõe que alguém o tenha produzido, uma vez que nenhuma 
construção linguística surge sem que alguém a tenha elaborado”. 
 
 Além das condições de produção, outro fator que você precisa ter em 
mente é: qual efeito de sentido você quer trazer para o seu texto? 
 Ter esse objetivo em mente vai condicionar diretamente a forma como 
será conduzida a escrita do seu texto, mais principalmente o sentido que ele terá. 
Vamos ver como isso acontece nas duas sentenças do exemplo a seguir. 
 
1. O reajuste do salário do professor é menor que o aumento da inflação. 
2. Eu afirmo que o reajuste do salário do professor é menor que o aumento 
da inflação. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 Repare que tanto o enunciado 1 quanto o 2 pretendem transmitir o mesmo 
conteúdo, isto é, de que o reajuste do salário do professor é menor do que o 
aumento da inflação. No entanto, há uma diferença importante entre eles. 
 A principal diferença está na identificação de quem profere o texto, ao 
marcar a posição “eu afirmo”, na segunda sentença. Enquanto na primeira essa 
 
 
45 
 
informação é omitida, na segunda fica explícita. Isso gera uma diferença de 
sentido, conforme explica Fiorin e Platão (2007): 
 
No primeiro caso, pretende-se criar um efeito de objetividade, pois se 
enfatizam as informações a serem transmitidas; no segundo, o que se 
quer é criar um efeito de sentido de subjetividade, mostrando que a 
informação veiculada é o ponto de vista do indivíduo sobre a realidade 
(p. 309). 
 
Curiosidade 
“Usa-se um ou outro modo de construir os enunciados em função do sentido que 
se quer criar. Há textos que são mais convincentes se forem elaborados de 
maneira a criar efeitos de sentido de objetividade. Outros persuadem melhor se 
mostrarem um efeito de subjetividade” (FIORIN; PLATÃO, 2007, p. 309). 
 
 Na dissertação científica o sentido construído sempre estará voltado para 
a objetividade, neutralizando o “dono do texto”. Vale ressaltar que mesmo que 
se tenha o intuito de “esconder” quem é o autor, todo texto é produzido por 
alguém, em um determinado contexto, trazendo a visão de mundo de quem o 
escreve. Isso deve sempre ser levado em consideração, ok?! 
 
 Importante 
O discurso dissertativo de caráter científico deve ser elaborado de maneira a 
criar um efeito de sentido de objetividade, pois pretende dar destaque ao 
conteúdo das afirmativas feitas (o texto) e não à subjetividade de quem as 
proferiu (no caso o autor) (FIORIN; PLATÃO, 2007, p. 309). 
 
Ademais, para se conseguir escrever o texto de modo a “esconder” ou 
não marcar a posição explícita do autor, alguns recursos linguísticos são 
essenciais. Você vai ver três dicas de como utilizar esses recursos nas suas 
produções textuais. 
 
 
46 
 
 Saiba mais 
Ficou curioso e quer melhorar sua escrita? Saber aspectos específicos para 
escrever um bom texto, além daqueles apresentados nesta disciplina para você? 
O livro O texto e a construção dos sentidos, publicado pela Editora Contexto, e 
escrito pela linguista Ingedore V. Koch é excelente para auxiliá-lo nessa 
evolução. Não deixe de procurá-lo na biblioteca online. 
 
 
 
 
 
 
 
O texto e a construção dos sentidos 
Fonte: Ingedore V. Koch (2003). 
 
 A primeira dica de recursos linguísticos para a escrita de uma dissertação 
científica é: evite usar verbos na primeira pessoa do singular. 
 Ao deixar o texto impessoal, você elimina a ideia de que o conteúdo 
escrito por você seja uma verdade absoluta ou mera opinião. Portanto, evite usar 
verbos como: digo, penso, acho, na minha opinião, afirmo etc. 
 Veja como isso acontece no exemplo a seguir: 
 
1) Textos em que o autor marca sua posição, utilizando verbos na 
primeira pessoa, deixa o sentido como mera opinião, isto é, sem 
relevância para textos científicos: 
 
➢ Eu acredito que 5 milhões de pessoas morreram em decorrência da 
Covid-19, apenas em 2021. 
 
➢ Na minha opinião, 3 em cada 10 crianças são criadas pelos avós ou 
não têm registro do nome dos pais no documento. 
 
➢ Penso que o governo deveria investir em energia eólica, a fim de 
diminuir a emissão de carbono na atmosfera. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 
 
47 
 
2) Textos em que o autor marca sua posição de forma explícita, deixando o 
sentido do texto objetivo e impessoal, distante de uma mera opinião de quem 
o escreveu: 
 
➢ Cerca de 5 milhões de pessoas morreram em decorrência da Covid-19, 
apenas em 2021. 
 
➢ É possível apontar que 3 em cada 10 crianças são criadas pelos avós 
ou não têm registro do nome dos pais no documento. 
 
➢ O governo deveria investir em energia eólica, a fim de diminuir a 
emissão de carbono na atmosfera. 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
Repare que a opinião no segundo exemplo continua explícita, mas sem a 
pessoalidade de quem escreve. Vale destacar, estudante, que esse uso de 
verbos na primeira pessoa deve ser evitado e não proibido. Em alguns 
momentos, você pode encontrar ou utilizar essa escrita no seu texto, mas de 
modo a “indicar certeza e cujo sujeito se dilui sob a forma de um elemento de 
significaçãoampla e impessoal, indicando que o enunciado é produto de um 
saber coletivo, que se denomina ciência” (FIORIN; PLATÃO, 2007, p. 310). 
 Aqui está, então, a segunda dica: a impessoalidade e a generalização. 
Para isso, utilizam-se verbos como: pode-se, conclui-se, constata-se, temos, 
acredita-se, fala-se etc. Veja como isso acontece no exemplo a seguir: 
 
➢ Constata-se que o analfabetismo digital é... 
➢ Fala-se que, atualmente, o índice de desempregados no Brasil... 
➢ Pode-se considerar que as mulheres são vistas... 
➢ Temos como consequência do desemprego pessoas... 
Fonte: elaborado pelo autor (2021). 
 
 A terceira dica é: argumentação. No texto dissertativo científico, você 
precisa a todo tempo argumentar para conseguir defender a ideia central 
proposta no seu texto. Para isso, utilizam-se de citações, de exemplos do mundo 
real, de comprovação de fatos etc. Vamos ver agora alguns desses tipos de 
argumentos e como eles podem ser utilizados: 
 
 
48 
 
 O argumento de autoridade é o mais utilizado nas dissertações 
científicas. Segundo Fiorin e Platão (2007, p. 311), nesse tipo de argumento, 
“apoia-se uma afirmação no saber notório de uma autoridade reconhecida em 
um certo domínio do conhecimento. É um modo de trazer para o texto o peso e 
a credibilidade da autoridade citada”. Geralmente, utiliza-se desse tipo de 
argumento ancorando-se em textos teóricos, isto é, de autores renomados e 
reconhecidos pelos seus trabalhos intelectuais, bem como em pesquisas e 
outros textos científicos. 
 É importante salientar que há formas específicas de utilizar esse tipo de 
argumento em trabalhos científicos. As normas da ABNT padronizam essa 
estrutura, indicando quais são os critérios para esse uso, por exemplo, citações 
diretas longas e curtas, citações indiretas, paráfrases etc. 
 
 Saiba mais 
No Manual de Normas Acadêmicas você tem acesso a explicações e exemplos 
de cada uma dessas formas de citações. Clique no link a seguir para conferir: 
https://unina.edu.br/wp-content/uploads/2020/12/Manual-de-Normas-de-Trabalh 
os-Acad%C3%AAmicos-Faculdade-Unina.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual de Normas Acadêmicas 
Fonte: https://unina.edu.br/wp-content/uploads/2020/12/Manual-de-Normas-de-Trabalh 
os-Acad%C3%AAmicos-Faculdade-Unina.pdf 
 
 Outra forma de trazer argumentos ao seu texto é no apoio na 
consensualidade. Fiorin e Platão (2007, p. 311) explicam que “há certos 
enunciados que não exigem demonstração nem provas, porque seu conteúdo 
 
 
49 
 
de verdade é aceito como válido por consenso, ao menos dentro de um certo 
espaço sociocultural”. 
 Veja alguns exemplos a seguir: 
 
➢ O investimento na Educação é indispensável para o desenvolvimento 
econômico de um país; 
➢ A fome é um dos fatores que atrapalham na aprendizagem das crianças. 
 
O argumento trazendo provas concretas é outro bastante utilizado, 
principalmente em textos jornalísticos. Nele, você busca dados em pesquisas 
que comprovem seus argumentos, utilizando gráficos, tabelas ou apenas 
números que enfatizam esses dados. 
Veja o exemplo a seguir. 
 
O tema da redação do Enem 2021 trouxe à tona um problema antigo no país: 
a população sem registro civil. Apesar de ter diminuído desde o início do 
século, o número de pessoas invisíveis ao Estado ainda é alto: cerca de 3 
milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 
2015, dado mais recente sobre o problema, contingente semelhante à 
população do Uruguai. 
 
Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/direitos-humanos/tema-da-redacao-
do-enem-falta-de-registro-civil-atinge-ao-menos-3-milhoes-25287754. Acesso em: 
27/11/2021. 
 
Por fim, é importante você se atentar, estudante, em um fator fundamental 
para a sua escrita: seu texto deve ser escrito sempre respeitando a linguagem 
padrão/culta da língua portuguesa. Não seria possível trazer toda a discussão 
quanto a esse tipo de linguagem nesta disciplina, por envolver diversos fatores 
linguísticos como ortografia, sintaxe, morfologia etc. 
 No Programa de Letramento Acadêmico (Prolac) da Faculdade Unina, 
mais precisamente na disciplina Conhecimentos em Língua 
Portuguesa/Nivelamento da Língua Portuguesa, você teve a oportunidade de 
compreender melhor as diferentes formas de escrita e alguns conteúdos 
basilares para uma boa escrita. Caso tenha necessidade, volte ao material 
disponibilizado e releia o livro da disciplina, bem como assista novamente aos 
 
 
50 
 
vídeos. Além disso, os professores-tutores do Prolac estão disponíveis para 
ajudá-lo(-la) com indicações e explicações de conteúdos relacionados à 
linguagem padrão/culta da língua portuguesa. 
 Para finalizar a nossa disciplina, vale relembrar dois conceitos 
fundamentais para a escrita de um texto, principalmente o dissertativo científico, 
que você viu no Prolac: a coesão e a coerência. 
 
4.2 Coesão e coerência 
 
Ao ler um texto, frequentemente, opinamos se ele faz sentido, se é 
coerente; se não faz sentido e se não é coerente. Certo?! 
Isso acontece devido ao fato de acionarmos outros recursos e 
experiências de mundo para que um texto faça sentido ou não para o leitor. 
Vimos como isso ocorre nas aulas 1 e 2, quando discutimos sobre a leitura e os 
processos de construção de sentido por meio dela. 
Na escrita também é preciso ter esse cuidado, por isso a coesão e a 
coerência merecem atenção especial. Primeiro, pelo fato de o autor não ter a 
oportunidade de conversar com o leitor caso este tenha dúvidas; segundo, 
porque um texto bem escrito é aquele que consegue passar a mensagem de 
modo a não gerar dúvidas ao leitor. 
 Nesse sentido, Koch e Elias (2009) explicam que 
 
a coesão não é condição necessária nem suficiente da coerência: as 
marcas de coesão encontram-se no texto (“tecem o tecido do texto”), 
enquanto a coerência não se encontra no texto, mas constrói-se a partir 
dele, em dada situação comunicativa, com base em uma série de 
fatores de ordem semântica, cognitiva, pragmática e interacional (p. 
189). 
 
Fiorin e Platão (2009) dizem que a coerência deve ser entendida como 
unidade de sentido do texto. Segundo os mesmos autores, “um texto coerente é 
um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira 
complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada 
contraditório, nada desconexo” (FIORIN; PLATÃO, 2009, p. 261). 
Os tipos de coerência são diversos, mas vamos nos ater, sucintamente, a 
alguns deles: 
 
 
51 
 
 
➢ Coerência sintática: relacionada ao conhecimento linguístico do 
autor, diz respeito ao uso adequado de estruturas linguísticas. O 
uso inadequado de palavras, pontuação etc. podem gerar 
ambiguidade e mudança de sentido no texto, como no caso da 
crase, da ausência de pontuação, da escrita ortográfica ou uso de 
palavras com duplo sentido. 
 
➢ Coerência semântica: está relacionada às relações de sentidos 
de expressões presentes no texto. Não podemos dizer, por 
exemplo, que você viu o sol nascer pela janela do seu quarto 
voltado para o oeste, se o sol nasce ao leste, certo? 
 
➢ Coerência narrativa: quando toda a história precisa estar 
contemplando a mesma ideia. Não se pode, por exemplo, dizer 
que em um momento do texto que mais da metade da população 
foi dizimada pela covid-19 e depois apresentar uma informação de 
que 70% da população foi apenas contaminada pelo vírus. 
 
➢ Coerência figurativa: está relacionada à harmonia entre o que o 
texto se propõe a discutir e os exemplos trazidos para elucidar os 
fatos/a história. Não podemos, por exemplo, falar que uma pessoa 
estava descansando nas férias no Nordeste, na praia, e relatar que 
ela usava roupas como casaco de pele. Também não podemos 
dizer que ela estava viajando para Curitiba/PR e foi ver o pôr do 
sol na praia (Curitiba não tem praia). 
 
Já a coesão, grosso modo, é que vai ligar as ideias do seu texto. Vai tecer 
um parágrafo e outro, um enunciado

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