Buscar

modulo_2_o_que_e_assedio_moral_no_ambiente_de_trabalho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2. O que é Assédio Moral no Ambiente 
de Trabalho 
Introdução do módulo 02 
 
Você certamente já ouviu falar em assédio moral especialmente, o assédio 
moral no ambiente de trabalho. 
E também já deve ter se perguntado: de onde vem esse termo? O que significa 
exatamente? Como identificar atos que podem ser classificados como assédio 
moral? Quais as consequências do assédio moral no ambiente de trabalho? 
De fato, são muitas dúvidas! 
Nós vamos conhecer um pouco sobre esse tema procurando diferenciar o que 
pode ser ou não considerado assédio moral no trabalho conhecer a origem do 
termo principais características e os tipos existentes. Mas, antes de conceituar o 
assédio moral no trabalho é necessário conhecermos um conceito mais amplo e 
anterior a ele. Trata-se do dano moral que compreende a ofensa à dignidade da 
pessoa e à sua honra. 
Veja um conceito de dano moral. 
 
“Os danos morais derivam de práticas atentatórias à personalidade humana 
que afetam o valor da pessoa intimamente e/ou perante a sociedade, sendo 
capazes de lesar a dignidade da vítima, ferindo um direito personalíssimo“. 
(NASCIMENTO, 2015) 
 
Quando algum ato ou alguma prática atingem a esfera íntima de uma pessoa 
atingem sua dignidade ou sua honra a consequência é o dano moral. 
A proteção à dignidade humana é tão importante que tanto a Constituição 
Federal quanto o Código Civil contemplam a proteção à nossa dignidade sendo 
assegurada a reparação por dano moral decorrente de atos que atentem contra 
esse direito fundamental. 
Vamos ver como esse tema é abordado na Constituição Federal e no Código 
Civil. 
 
Proteção à dignidade da pessoa na Constituição Federal: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
 
Proteção à dignidade da pessoa no Código Civil: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo. 
 
Esse assunto é tão relevante nos dias atuais que a ONU, por intermédio da 
Organização Internacional do Trabalho instituiu a Declaração sobre os Princípios 
e Direitos Fundamentais no Trabalho. 
Essa declaração prevê expressamente que devem ser eliminadas quaisquer 
formas de trabalho forçado ou obrigatório e toda e qualquer forma de 
discriminação em matéria de emprego e ocupação. 
O assédio moral é uma prática de constrangimento que gera dano moral e que 
contraria princípios da nossa Constituição sendo um ato condenado por se 
tratar de conduta que pode gerar dano a direitos fundamentais. 
 
Origem do termo Assédio Moral 
 
Você pode estar se perguntando: onde surgiram os estudos e o reconhecimento 
do assédio moral como uma prática que atenta contra a moral das pessoas? 
Embora o fenômeno provavelmente seja tão antigo quanto o próprio trabalho o 
estudo do tema é recente. Os primeiros estudos sobre assédio moral 
começaram na Suécia na Universidade de Estocolmo. 
Vejamos em quais resultados eles chegaram. 
 
“No início dos anos 80, Heinz Leymann, doutor em psicologia e professor na 
Universidade de Estocolmo, começou a investigar o sofrimento no trabalho e 
chegou a resultados inéditos e preocupantes, que o estimularam a ampliar 
em nível nacional as suas pesquisas. 
O objetivo de seu trabalho era sensibilizar assalariados, sindicalistas, 
administradores, médicos do trabalho e juristas para a gravidade da situação, 
demonstrando sobre o combate e a prevenção desses processos destruidores”. 
(FREITAS, 2017) 
 
A prática do assédio moral é conhecida por meio de diferentes termos. 
• Nos países escandinavos e na Alemanha por exemplo, é utilizado o termo 
mobbing. 
• Nos países de língua espanhola foi adotada a expressão “acoso moral” ou 
“acoso psicológico”. O termo “acoso” significa perseguição desenfreada, 
sistemática. 
• Já em Portugal, é utilizado o termo “psicoterrorismo” ou “terror psicológico”. 
• Na Inglaterra e nos EUA é adotada a expressão bullying que significa 
intimidar, aterrorizar, tiranizar praticar atos vingativos ou cruéis. 
• No Brasil, o termo adotado para o ambiente de trabalho é “assédio moral”. 
Já o termo bullying é usado para os ambientes escolares. 
 
Conceitos utilizados para denominar o Assédio 
Moral no Trabalho 
 
O termo assédio vem do latim e significa “sentar-se em frente de”. O termo era 
empregado para caracterizar o momento em que os exércitos romanos se 
posicionavam em volta das cidades que queriam conquistar. Ao permanecerem 
dispostos em volta das cidades tanto a entrada quanto a saída eram vedadas. 
Assediar é importunar, molestar aborrecer, incomodar. Ou seja, implica cerco, 
insistência impertinente de forma a abalar a moral de quem está sendo 
assediado. 
Já o termo moral refere-se a um conjunto de regras de conduta ou de hábitos de 
um indivíduo grupo ou sociedade. É um conjunto de normas que são cumpridas 
por hábito podendo variar com o tempo modificando-se por questões políticas, 
sociais e econômicas. 
Na expressão “assédio moral” o termo moral é empregado porque a conduta do 
assediador foge ao que é comumente aceito pela sociedade ou pelo indivíduo. 
Você pode ter se deparado com diferentes definições para o assédio moral no 
trabalho. Conheça algumas dessas definições. 
 
“É toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por 
comportamentos, palavras, gestos, escritos que possam trazer dano à 
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, 
pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.” 
(HIRIGOYEN, 2017) 
 
“Pode ser definido como uma conduta abusiva, de natureza psicológica, 
praticada, em regra, de forma reiterada e prolongada, pelo próprio 
empregador ou seu preposto, ou ainda pelos colegas de trabalho, visando 
isolar o empregado no ambiente de trabalho, atingindo diretamente sua 
dignidade e os direitos de personalidade.” 
(MATHIES, 2018) 
 
“É a conduta ilícita do empregador ou seus prepostos, por ação ou omissão, 
por dolo ou culpa, de forma repetitiva e geralmente prolongada, de natureza 
psicológica, causando ofensa à dignidade, à personalidade e à integridade do 
trabalhador. Causa humilhação e constrangimento ao trabalhador.” 
(MARTINS, 2017) 
 
“Uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a 
dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o 
trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de causar 
ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade psíquica, e que tem por 
efeito excluir o empregado de sua função ou deteriorar o ambiente de 
trabalho.” 
(NASCIMENTO, 2015) 
 
Podemos dizer que o assédio moral em uma organização empresarial tem 
relação com a prática vexatória de perseguição ou de violência psicológica. 
O assédio moral é considerado uma prática deliberada e que ocorre 
repetidamente. 
O assédio moral pode ser praticado pelo empregador por superiores 
hierárquicos diretos por colegas de trabalho de mesmo nível hierárquico ou até 
mesmo por subordinados. 
Essa prática tem como objetivo provocar um estado de mal-estar isolamento e 
terror psicológico. É comum que o assédio moral seja confundido com uma 
brincadeira de mau gosto o que pode dificultar a formalização do problema por 
parte da vítima. 
Como uma das principais características do assédio moral é a repetição 
somente depois desse tipo de situaçãoocorrer de forma regular é que a vítima 
geralmente percebe que está sendo assediada. O desequilíbrio no estado 
emocional da vítima geralmente dificulta a sua reação. A vítima sente-se 
humilhada e esse sentimento contribui para o seu isolamento fortalecendo um 
círculo vicioso. Ou seja, quanto mais isolada a vítima se torna mais frágil e 
exposta a novos ataques. 
Resumindo, podemos entender que assédio moral é toda conduta abusiva seja 
por meio de gestos, palavras atitudes, ou comportamentos que ocorrem de 
forma repetida expondo a pessoa a situações humilhantes e constrangedoras 
atingindo a sua dignidade psíquica ou física ameaçando seu emprego ou 
degradando seu clima de trabalho. 
 
Requisitos 
 
Apesar de o assédio moral possuir diferentes conceitos fica clara a recorrência 
de certos elementos e outros aspectos que somados delimitam a prática do 
assédio moral no ambiente de trabalho. 
O assédio moral pode ter impactos muito negativos na vida de uma pessoa 
ainda que sua prática seja silenciosa ou disfarçada. 
A prática do assédio ocorre por meio de comportamentos aparentemente 
insignificantes como gestos, palavras, ações ou omissões que refletem um 
processo de violência invisível capaz de atingir a vítima. 
Para que uma prática possa configurar assédio moral deve possuir, 
necessariamente “conduta abusiva”, “natureza psicológica”, “conduta reiterada” 
e “intenção”. 
Vamos conhecer um pouco mais cada um desses conceitos. 
 
Conduta abusiva 
Na “conduta abusiva” o ato praticado decorre de gestos palavras, 
comportamentos inadequados que alcançam a esfera íntima da vítima e lhe 
causam dano ou prejuízo psíquico ou físico degradando o seu clima de trabalho 
ou ameaçando a manutenção de seu emprego. Portanto, trata-se de ato ilícito e 
que não pode ser confundido com situações de conflito pertinentes ao dia a dia 
profissional. 
 
Natureza psicológica 
Na “natureza psicológica” o campo de investigação do assédio moral reside na 
violação de direitos da personalidade do indivíduo com prática de atos que 
atentam contra a dignidade psíquica. Quando a conduta afeta também aspectos 
corpóreos do ser humano pode-se verificar a ocorrência de algum outro tipo de 
ato ilícito como a agressão física, por exemplo. 
 
Conduta reiterada 
Na “conduta reiterada” o ato faltoso, desrespeitoso é repetido por várias vezes. 
O ato isolado não caracteriza assédio. Precisa ser praticado mais de uma vez. 
Não necessita ser prolongado no tempo mas deve ser reiterado para ser 
considerado assédio moral. 
 
Intenção 
Na “intenção”, como o próprio nome diz a prática do ato de assédio tem que ser 
intencional. O assediador pratica o ato com a intenção de atingir a vítima 
causando seu isolamento humilhação, constrangimento seja com o objetivo de 
prejudicar a vida funcional da vítima, ou, simplesmente de mantê-la sob tortura 
psicológica. Às vezes uma pessoa pode entender que está sendo assediada mas, 
se faltar a intenção de quem pratica o ato não se trata de assédio e sim uma 
possível interpretação equivocada dos fatos. Por esse motivo, a análise deve ser 
realizada caso a caso. 
 
Espécies 
 
Sabemos que o assédio moral pressupõe pelo menos um autor de condutas 
assediadoras neste caso, o agressor e um alvo de tais condutas, a vítima. 
No mundo do trabalho, podemos reconhecer quatro tipos diferentes de assédio: 
vertical descendente, vertical ascendente, horizontal e organizacional. 
Na relação de trabalho há duas partes: o gerente, que pratica atos de gestão em 
nome do empregador e o empregado. 
Os atos de gestão importam em dar ordens comandar, dirigir e fiscalizar as 
atividades realizadas pelo empregado. A relação de trabalho é de subordinação 
fazendo-se presente o poder diretivo do empregador representado pelo gestor. 
Porém, o poder diretivo não exime o empregador de respeitar os direitos da 
personalidade do empregado. Da mesma forma, o poder diretivo não pode ser 
usado para justificar qualquer tipo de violência ao empregado como ocorre no 
assédio moral. 
Nesse caso, ao extrapolar o ato de gestão e dar ordens com abuso de 
autoridade e de forma reiterada, repetitiva que provoque humilhação, 
constrangimento ou fira a dignidade psíquica e/ou física do empregado ocorre a 
prática de assédio moral. 
Então, o assédio moral vertical descendente se refere a um gestor que pratica 
atos contra um empregado ou grupo de empregados subordinados. 
Na hierarquia organizacional é o assédio de cima para baixo sendo o mais 
comum, em razão da subordinação inerente às relações de trabalho entre 
gestores e empregados. 
O assédio moral vertical ascendente apesar de menos comum, acontece quando 
o empregado pratica atos de assédio em relação ao seu superior hierárquico. A 
vítima do assédio não é o empregado mas o gestor ou o empregador. 
O empregado age com a intenção de desestabilizar o gestor apresentando-se 
como manipulador e com a intenção de obter benefícios. Na hierarquia 
organizacional é o assédio de baixo para cima. 
No Assédio Moral Horizontal também denominado de assédio transversal não 
há subordinação hierárquica entre as partes. O assédio é realizado entre os 
próprios colegas de trabalho do empregado. Ou seja, o assédio decorrente de 
comportamentos gestos, atitudes humilhantes ou constrangedoras provém de 
pessoas de mesmo nível hierárquico. 
Esse tipo de assédio pode acontecer em decorrência, por exemplo de 
dificuldade no convívio com diferenças ou em razão de competitividade, 
inimizade ou até mesmo inveja no ambiente de trabalho. 
Se o assédio moral horizontal se perpetuar no tempo ou seja, se tiver longa 
duração pode caracterizar também um assédio moral descendente numa 
demonstração de que o empregador nada fez para evitar a conduta 
assediadora. Isso porque, cabe ao empregador representado pelo gestor 
manter o bom ambiente de trabalho. E se o gestor se mantém calado em 
relação ao assédio moral horizontal que ocorre em sua equipe tanto o gestor 
quanto a empresa poderão ser responsabilizados. 
Por fim, temos o Assédio Moral Organizacional que também é denominado de 
assédio institucional ou corporativo. Esse tipo de assédio ocorre quando a 
empresa determina trabalho que implica prejuízo para a dignidade dos seus 
trabalhadores. Ainda que a realidade atual do mundo do trabalho imprima 
necessariamente a busca por maior produtividade e alcance de metas há ações 
organizacionais que podem configurar práticas de assédio moral. 
Práticas empresariais como pressão abusiva sem razoabilidade ou critérios de 
bom-senso, reforço injustificado de espaços de controle, exclusão de 
determinados grupos de profissionais, submissão de empregados a práticas de 
humilhação, exposições exageradas e ameaças entre outras ações que resultem 
em danos morais físicos e psíquicos aos empregados são exemplos de situações 
que podem configurar o assédio moral organizacional. 
 
E o que não é assédio moral no trabalho 
 
É comum que as pessoas confundam assédio moral no ambiente de trabalho 
com o estresse, aumento de demandas de trabalho um conflito pontual com a 
chefia ou um colega ou ainda, quando uma decisão gerencial gera insatisfação 
do empregado. 
No entanto, é importante termos em mente que o assédio adquire significado 
pela insistência à submissão a ataques repetidos e destinados a um alvo com o 
objetivo de destruí-lo. 
Assim, desconstruir falsas crenças em relação à ocorrência do assédio moral no 
ambiente de trabalho é tão importante quanto compreender o que ele é suas 
características e requisitos. 
Tenha em mente que o estresse ou o aumento de demandas no trabalho não 
caracterizam o assédio moral. Que uma divergência ou um conflito não são 
necessariamente assédio moral. E que atos de gestão que contrariam o 
empregado não se caracterizam, isoladamente como assédio moral. 
A sobrecarga de trabalho, por si só não se confunde com o assédio moral 
mesmo que o assédio passe por uma fase de estresse. Se a pessoa está com 
sobrecarga de trabalho e nãolhe deram os meios para executá-lo é preciso 
tempo para observar se o tratamento é generalizado e pontual ou se é 
recorrente e destinado exclusivamente a ela. Diferente de quando existe um 
claro objetivo de prejudicar como ocorre na fase de assédio moral quando a 
recusa de comunicação é manifesta e humilhante quando as críticas a respeito 
do trabalho são maldosas e as palavras utilizadas são desrespeitosas. 
Muitas vezes, as condições de trabalho exigem que os profissionais produzam 
cada vez mais e melhor, com urgência e alteração de estratégias permanentes 
gerando um ambiente de pressão por resultados e estresse. 
Nas relações humanas é natural a ocorrência de situações que geram 
divergências entre uma ou mais pessoas. No ambiente de trabalho que exige 
constante inter-relacionamento entre os profissionais esse tipo de situação 
também pode ocorrer. É comum que durante as interações para tratar de 
questões ligadas ao trabalho as pessoas envolvidas assumam posições 
diferentes e discordem da opinião de um colega ou de uma chefia. No entanto, 
tais situações não devem ser interpretadas de forma negativa nem tampouco 
ser confundidas com o assédio moral pois são inerentes às relações de trabalho. 
O conflito no ambiente de trabalho pode ser entendido como desacordo entre 
pessoas ou grupos derivado de discordâncias relativas a ideias crenças, 
perspectivas, valores ou sentimentos. O conflito tem origem na necessidade de 
mudança e mobiliza pessoas podendo ser fonte de renovação. Portanto, é útil 
no ambiente de trabalho. 
No assédio, ao contrário não existe nenhum conflito estabelecido ou explicitado 
sendo decorrente do que não é falado do que está escondido. No assédio moral 
não se observa uma relação simétrica, como no conflito mas uma relação 
dominante-dominado na qual aquele que comanda o jogo procura submeter o 
outro até fazê-lo perder a identidade. O assédio pressupõe a dominação 
psicológica pelo agressor e a submissão forçada da vítima desconsiderando a 
presença de um interlocutor válido o que permite que a identidade do agredido 
seja mais facilmente destruída. Quando há uma relação de subordinação 
formalizada o agressor também se utiliza do abuso de poder hierárquico e da 
autoridade legítima sobre um subordinado. 
Veja um quadro comparativo com as principais diferenças entre assédio moral e 
conflitos no trabalho: 
 
 
 
Quadro comparativo com as principais diferenças entre 
assédio moral e conflitos no trabalho 
Assédio moral no trabalho Conflitos no trabalho 
Tem o objetivo de prejudicar ou afastar o 
profissional alvo do assédio. 
Surgem de questões relacionadas a situações 
ou questões específicas do trabalho. 
As agressões podem ser difusas e 
escamoteadas. 
As ideias e posições defendidas pelos 
envolvidos são explicitadas. 
Os atos são frequentes e dirigidos a um 
determinado profissional ou grupo. 
São ocasionais e não têm como foco atingir 
uma pessoa específica. 
O assediador pode até mesmo se negar a 
interagir com o assediado, ocasionando seu 
isolamento. 
A interação entre os profissionais que 
possuem posições divergentes é mantida, 
mesmo após a situação conflituosa. 
A prática do assédio é negada e parte de uma 
interação confusa. 
Os envolvidos têm consciência da divergência 
de posicionamentos. 
Gera consequências para o clima de trabalho 
da equipe. 
Gera desconforto naqueles que presenciam, 
no entanto, não traz prejuízo permanente 
para o clima organizacional. 
Visa atacar e causar dano ao profissional ou 
equipe. 
Tem como fundamento contribuir para o 
desenvolvimento de uma atividade ou 
processo. 
 
Um gestor, na condição de representante do empregador tem o dever de 
exercer, em nome da organização o poder diretivo que lhe é delegado em razão 
do exercício da função. Portanto, é responsabilidade do gestor organizar, 
fiscalizar e disciplinar a forma como as atividades dos profissionais da empresa 
são realizadas em decorrência do contrato de trabalho firmado. Cabe ao gestor 
estabelecer limites e possibilidades de atuação dos empregados apresentando 
negativas quando não há fundamento legal normativo ou moral para que uma 
determinada conduta seja adotada uma decisão seja tomada ou um pedido seja 
concedido. 
Para refletir um pouco mais a respeito desses aspectos veja algumas situações 
que são comuns no ambiente de trabalho e que não caracterizam assédio: 
 
Situação 1 
Um empregado, em razão da necessidade pessoal de acompanhar seus filhos 
no período matutino solicita ao seu gerente flexibilização do horário de 
trabalho, de modo que cumpra sua jornada entre 12h30 e 21h. O gestor 
analisa o pedido e informa que não é possível atendê-lo ainda que no 
normativo interno conste que o horário de funcionamento da empresa é de 
6hs às 21hs. Para justificar a negativa o gestor explica que em razão de o 
trabalho realizado pelo empregado ser o atendimento e suporte ao usuário 
interno e considerando que a equipe de atendimento estava reduzida não 
seria possível abrir mão da presença do empregado no período da manhã. 
 
 
Situação 2 
Um empregado procura seu gerente e solicita autorização para utilizar seis 
APPDs logo após um período de 60 dias de ausência sendo 30 de licença 
prêmio e 30 de férias necessitando ficar ausente do trabalho quase 70 dias. O 
gestor, utilizando seu poder diretivo nega o pedido, pois no período solicitado 
já havia sido agendado um treinamento com um cliente. O empregado estava 
alocado para ser o instrutor nesse treinamento por possuir experiência e 
domínio da solução tecnológica. Portanto, a ausência prolongada no período 
requerido comprometeria a execução do treinamento previsto podendo gerar, 
inclusive, uma multa contratual. 
 
 
Situação 3 
O gerente de uma determinada equipe reúne todos os integrantes e informa 
que a partir do mês posterior será necessário que todos ajustem seus horários 
iniciando a jornada de trabalho a partir das 9 horas da manhã horário que 
atenderia melhor às necessidades do cliente. 
 
 
Situação 4 
Um empregado deixou de ser habilitado para participação no processo de 
promoção por mérito pois não obteve o Coeficiente de Mérito. O empregado 
obteve 40% na avaliação de resultados pois uma das entregas previstas no 
plano de trabalho não foi realizada integralmente. O gestor, durante o 
período de avaliação checou eventuais dificuldades e deu o feedback antes da 
conclusão da avaliação. Durante a abordagem do gestor o empregado não 
apresentou qualquer dificuldade ou necessidade de suporte não questionou o 
percentual registrado na avaliação e também não interpôs recurso. Porém, 
quando o empregado soube que não estaria habilitado ao processo de 
promoção ficou visivelmente contrariado com o gestor. 
 
Situação 5 
Um empregado que exerce suas atividades na área financeira da Empresa 
ficou contrariado quando recebeu uma negativa da chefia quanto à 
possibilidade de tirar férias em determinado período. O empregado alegou 
que já havia comprado passagens e se comprometido com a família. Porém, 
estava estabelecido entre a equipe de gestores e os empregados que os 
integrantes de uma determinada área do financeiro não poderiam tirar férias 
naquele período solicitado em razão de corresponder ao período de 
fechamento financeiro-contábil. 
 
Situação 6 
Um empregado que cumpre jornada de 6 horas foi notificado por sua chefia 
quanto à necessidade de retorno ao cumprimento da jornada de 8 horas. A 
chefia fundamenta a decisão no que prevê a norma que regulamenta o tema 
e na necessidade de realização de entregas complexas e urgentes ao cliente. 
Adicionalmente, ressalta que o empregado é quem que possui expertise no 
assunto e perfil adequado para concretização da entrega. 
 
Situação 7 
O gestor de um determinado empregado formalizou advertência escrita 
conforme previsto no regime disciplinar por ter identificado que durante o 
horário de expediente o empregado acessou de sua estação de trabalho 
novelas e filmes assistindo por tempoprolongado. 
 
Situação 8 
O empregado, constantemente chega ao trabalho fora do horário fixado para 
a sua jornada extrapolando, inclusive o tempo de flexibilidade de uma hora 
previsto nos normativos internos. O gestor orienta o empregado a observar a 
jornada de trabalho pré-determinada. Adicionalmente informa que essas 
oscilações constantes têm comprometido as rotinas da área uma vez que o 
gestor não consegue identificar o horário em que pode contar com o 
empregado. Isso prejudica a realização de reuniões ou resolução de eventuais 
problemas. 
 
O que as situações apresentadas têm em comum? 
Todas correspondem a manifestações do adequado exercício do poder diretivo 
pelo gestor, ainda que explicitamente, tenham desagradado interrompam um 
padrão de comportamento ou tirem o empregado da zona de conforto. É 
importante ter em mente que apesar de atos de gestão poderem gerar no 
empregado ou na equipe insatisfação eles representam o exercício do poder 
diretivo pelo gestor não devendo ser confundidos com a prática do assédio 
moral no trabalho. 
Devemos lembrar também que o gestor deverá estar respaldado por normas 
legislação, necessidades de serviço ou mesmo direcionamentos organizacionais. 
 
	Introdução do módulo 02
	Origem do termo Assédio Moral
	Conceitos utilizados para denominar o Assédio Moral no Trabalho
	Requisitos
	Espécies
	E o que não é assédio moral no trabalho

Outros materiais