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ASSÉDIO MORAL, BULLYING, MOBBING E STALKING

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ASSÉDIO MORAL, BULLYING, MOBBING E STALKING 
Semelhanças, distinções e consequências jurídicas. 
Publicado por Wanderley Elenilton Gonçalves Santos 
há 5 anos 
 
1Sumário: 
1. Introdução 
Antes mesmo de se 
caracterizar como 
trabalhador, o ser humano 
se individualiza como ser 
dotado da característica 
mais valiosa já 
conquistada no cenário 
histórico-axiológico, qual 
seja, a dignidade. 
É com base na proteção 
da dignidade da pessoa humana que nosso ordenamento jurídico é pautado, a fim 
de preservá-la e, quanto o mais puder, estendê-la a todo cidadão, trabalhador ou 
desempregado, velho ou criança, homem ou mulher, hetero ou homossexual. 
Assim, em se tratando de ambiente de trabalho, objeto do presente estudo, salutar 
que a dignidade humana esteja não apenas presente, mas protegida e, acima de 
tudo, assegurada. 
Não obstante a imperiosa proteção à dignidade, o Brasil não possui legislações 
específicas e determinadas que versem sobre o assédio moral, sua erradicação e 
efetiva proteção às vítimas. 
Porém, nosso constituinte originário, de maneira circunspecta, estabeleceu 
como fundamentos da República Federativa do Brasil uma série de preceitos que 
necessariamente devem ser observados, dentre os quais, destacam-se a “dignidade 
da pessoa humana” e “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”. 
Além disso, a Constituição Federal também estabelece em seu artigo 170, que 
“a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, 
 
1 1. Introdução. 2. Conceitos. 3. Modalidades de Assédio Moral. 4. Sujeitos do Assédio Moral. 5. 
Variantes do Assédio Moral. 5.1. Mobbing. 5.2. Byllying. 5.3. Stalking. 6. Consequências Jurídicas. 
6.1. Responsabilidade Penal. 6.2. Responsabilidade Trabalhista. 6.3. Responsabilidade Civil. 6.4. 
Projetos de Leis. 7. Conclusão. 8. Referências 
 
https://delegadowanderley.jusbrasil.com.br/
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10660995/artigo-170-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social 
[...]”. 
Todavia, em que pese tais normas assecuratórias, é de se verificar que o 
assédio moral no trabalho é uma realidade que assola grande parte dos brasileiros, 
que sofrem ou já sofreram violências outras que não físicas, retratadas como condutas 
importunadoras, insidiosas, ameaçadoras, degradantes ou abusivas. 
Notaremos, portanto, no decorrer dessa explanação, que a vítima de assédio 
moral é um ser subjugado à mera “coisa” ou a um “animal”, sofrendo grave violação à 
sua dignidade, bem esse, imprescindível a uma benfazeja vida social. 
2. CONCEITOS 
Para o psicólogo sueco, Heinz Leymann, pioneiro nas pesquisas do fenômeno, 
o assédio moral consiste 
Em uma psicologia do terror, ou, simplesmente, psicoterror, manifestado no 
ambiente de trabalho por uma comunicação hostil e sem ética direcionada a um 
indivíduo ou mais. A vítima, como forma de defesa, reprime-se, desenvolvendo um 
perfil que somente facilita ao agressor a prática de outras formas de assédio moral. A 
alta frequência e a longa duração das condutas hostis acabam resultando em 
considerável sofrimento mental, psicossomático e social aos trabalhadores que são 
vítimas do assédio moral. (LEYMANN) 
Para a doutrinadora Hádassa Dolores Bonilha Ferreira, por sua vez, conceitua 
assédio moral como sendo 
o processo de exposição repetitiva e prolongada do trabalhador a condições 
humilhantes e degradantes e a um tratamento hostil no ambiente de trabalho, 
debilitando sua saúde física e mental. Trata-se de uma guerra de nervos, a qual 
conduz a vítima ao chamado “assassinato psíquico”. (FERREIRA, 2010, p. 42) 
A pesquisadora Margarida Barreto traz como definição de assédio moral 
a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e 
constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no 
exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias 
e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e 
aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado 
(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, 
forçando-o a desistir do emprego. (BARRETO, 2000) 
Para Sônia Mascaro Nascimento, o assédio moral é 
uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade 
psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações 
humilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa à personalidade, à 
dignidade ou à integridade psíquica, e que tem por efeito excluir o empregado de sua 
função ou deteriorar o ambiente de trabalho. (NASCIMENTO, 2011, p. 14) 
Por derradeiro, Luiz Salvador define que o assédio moral 
é caracterizado pela degradação deliberada das condições de trabalho onde 
prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus 
subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos 
e emocionais para o trabalhador e a organização. (SALVADOR, 2003, p. 32) 
Com efeito, diante dos conceitos acima expostos, podemos entender por 
assédio moral todas e quaisquer condutas hostis e degradantes manifestadas por 
meio de constantes comportamentos humilhantes, provocativos, omissivos, abusivos, 
obscenos ou ameaçadores, bem como, mediante gestos jocosos e escritos que 
ofendam a dignidade, a personalidade ou a integridade físico-psíquica do trabalhador, 
expondo-o a toda sorte de intempéries emocionais. 
Impende notar que não obstante todas as definições aludidas, há uma notória 
dificuldade em adequar as condutas ao caso concreto de assédio moral, vez que, 
diante de cada situação será necessária a verificação da subjetividade no julgamento 
do que pode ou não ser abusivo, insidioso, vil ou degradante. Apesar de tal tarefa ser 
laboriosa, imprescindível que se faça a busca pela adequação da conduta praticada 
pelo assediador tomando por base os elementos objetivos trazidos pelas definições 
acima expostas. 
Mister deixar claro que para haver assédio moral, é necessário uma constância 
nas agressões. Daí percebe-se que uma conduta isolada não é assédio moral, muito 
embora possa até dar ensejo à indenização por danos morais. 
Assim, a fim de aclarar o que efetiva e concretamente é assédio moral, cumpre 
destacar as considerações de Sônia Mascaro Nascimento, para quem as condutas 
recorrentes apontadas como assédio moral consistem em: 
(I) desaprovação velada e sutil a qualquer comportamento da vítima; (II) críticas 
repetidas e continuadas em relação à sua capacidade profissional; (III) comunicações 
incorretas ou incompletas quanto à forma de realização do serviço, metas ou reuniões, 
de forma que a vítima sempre faça o serviço de forma incompleta, incorreta ou 
intempestiva, e ainda se atrase para reuniões importantes; (IV) apropriação de ideais 
da vítima para serem apresentadas como de autoria do assediador; (V) isolamento da 
vítima de almoços, confraternizações ou atividades junto aos demais colegas; (VI) 
descrédito da vítima no ambiente de trabalho mediante rumores ou boatos sobre a 
sua vida pessoal ou profissional; (VII) exposição da vítima ao ridículo perante colegas 
ou clientes, de forma repetida e continuada; (VIII) alegação pelo agressor, quando e 
se confrontados, de que a vítima está paranóica, com mania de perseguição ou não 
tem maturidade emocional suficiente para desempenhar as suas funções; e (IX) 
identificação da vítima como “criadora de caso” ou indisciplinada. (NASCIMENTO, 
2011, p. 14-15) 
Apesar das várias condutas descritas como caracterizadoras de assédio moral, 
é oportuno e de extrema necessidade classificar tais atos em modalidades-gêneros, 
das quais podem ramificar incontáveisespécies de práticas abusivas ao trabalhador 
assediado. 
3. MODALIDADES DE ASSÉDIO MORAL 
Existem cinco principais condutas que configuram o assédio moral: 1ª) 
impossibilitar uma comunicação adequada com a vítima, recusando a comunicação 
direta; 2ª) Isolar a vítima; 3ª) Atacar a reputação da vítima; 4ª) Degradar as condições 
de trabalho e; 5ª) Atacar diretamente a saúde da vítima com uma efetiva violência. 
Vejamos a seguir os pormenores de cada uma dessas condutas desviadas. 
A recusa na comunicação direta “consiste no tratamento com indiferença, no 
qual o empregador ou superior hierárquico não se comunica diretamente com a vítima, 
não a cumprimentando, fingindo, até mesmo sua existência.” (FERREIRA, 2010, p. 
67-68) 
Essa conduta visa desestabilizar emocionalmente a vítima, silenciando-a, 
impedindo-a de pensar ou reagir, fazendo com que não compreenda o motivo da 
rejeição e do desprezo. Assim, impedida de dialogar, à vítima só resta concluir que tal 
fato nada mais é que uma forma muda de dizer o quanto ela é desinteressante à 
empresa. 
Com o intuito de ser fidedigno, elencamos um julgado do Tribunal Regional do 
Trabalho da 2ª Região (São Paulo), o qual demonstra que a conduta reiterada de 
ignorar uma pessoa no ambiente de trabalho a fim de diminuí-la caracteriza assédio 
moral. Vejamos: 
A reclamante narrou em sua inicial que durante a vigência do pacto laboral 
passou por dissabores no ambiente de trabalho, os quais foram causados pela 
empregadora através de sua coordenadora, Sra. Tais. 
[...] Menciona que não mais foi convidada a participar de debates em palestras. 
Em dado episódio, ao participar de uma reunião de professores, a Sra. Tais, investida 
de sua função de coordenadora cumprimentou nominalmente todos os presentes 
menos a reclamante, tendo-a ignorado de forma ostensiva. Fatos semelhantes a estes 
começaram a ecoar por todo o campus acadêmico, o que veio a causar-lhe 
constrangimento e profunda angustia no seu cotidiano profissional. Além disso, sem 
que fosse encaminhada qualquer comunicação, a reclamada reduziu o seu número 
de aulas, acarretando com este ato a iminente redução salarial. 
Para comprovação dos fatos aduzidos, a reclamante trouxe sua testemunha, 
cujo depoimento deu-se nos seguintes termos: “... Que foi aluna da reclamante; que 
nos dois últimos semestres não teve mais aula com a reclamante, pois a mesma saiu 
da reclamada; que era representante de classe e participava de reuniões com os 
professores e a coordenação; que chegou a ver a reclamante ser destratada; que 
nessas ocasiões, normalmente a coordenadora a cumprimentava os demais 
professores e não cumprimentava a reclamante, além de cortar por diversas vezes 
sua palavra; que sua turma sempre pedia para realizar trabalhos extra aula com a 
reclamante, mas a coordenadora Thais não permitia, sob a alegação de que a mesma 
não era engajada com a faculdade, dando exemplo de professores que considerava 
"modelos", em especial o professor Adolfo; que em palestras todos os professores 
eram chamados para compor a mesa, menos a reclamante; que a depoente entendia 
que tal tratamento era agressivo, e gerava um clima estranho nas reuniões, sendo que 
os demais alunos perguntavam o por quê disso; 
[...] Esta prova aliada aos demais elementos contidos nos autos, dão à 
reclamante o supedâneo necessário a aquilatar o direito à indenização moral [...] 
porquanto restou evidenciado nos autos o comportamento repetitivo e sistematizado 
da reclamada em relação a sua empregada, com o fito de degradar sua integridade 
psíquica e desequilibrar seu bem estar, o que por certo acabou por transcender o 
ambiente de trabalho de modo a afetar o convívio social e familiar, atingindo sua honra 
e dignidade como pessoa humana, de modo a enfeixar a aplicação dos artigos1866 
e9277 doCódigo Civill, com arrimo no artigo5ºº, X daCFF. (BRASIL, TRT, 2ª R., 15ª 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718759/artigo-186-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677854/artigo-927-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730704/inciso-x-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
T., RO 0080100-77.2008.5.02.0034, Rel. Maria Inês Ré Soriano. Disponível em 
<www.trt2.jus.br>. Acesso em: 05/12/2011) 
Perceba, que nesta modalidade, a comunicação é a menor possível, quase 
inexistente. Quando muito, poderá, quiçá, se dar mediante bilhetes, o que acaba, por 
conseguinte, levando à segunda conduta desviada, qual seja, o isolamento. 
O isolamento é uma das práticas consideradas mais comuns dentre as 
existentes no assédio moral. Nessa fase, os colegas de trabalho já estão envolvidos 
de tal maneira com o processo que acabam endossando o tratamento que a vítima 
recebe, talvez por medo ou mesmo por conveniência, passando a tratá-la de modo 
semelhante. (FERREIRA, 2010, p. 68) 
Para Marie-France Hirigoyen 
o isolamento promovido pelo superior hierárquico é evidenciado por privar a 
vítima de informações úteis, não sendo comunicadas as reuniões que serão 
realizadas, ou, ainda, não lhe passando o serviço que deveria fazer, deixando o 
empregado, alvo do assédio moral, ocioso no trabalho. (HIRIGOYEN, 2002, p. 108-
109) 
O julgado abaixo corrobora o isolamento como uma das formas do assediador 
agredir sua vítima, in verbis: 
O reclamante postulou indenização por dano moral por sob dois argumentos 
distintos e independentes: o primeiro, relacionado com as ofensas verbais por parte 
do superior hierárquico sofridas durante o contrato de trabalho; o segundo pelo 
rebaixamento e isolamento funcional. 
[...] Assim, a prova oral demonstrou que o autor tinha mais de 100 
subordinados, não se compreendendo o porquê de a reclamada ter colocado o 
reclamante para trabalhar isolado no “parquinho” do clube. De se ver, portanto, que a 
reclamada não se limitou ao rebaixamento funcional do obreiro, mas extrapolou seu 
poder diretivo ao isolar o empregado em determinada área da ré e impedir que o 
mesmo adentrasse em sala coletiva. 
[...] O dever de indenizar decorre do ato ilícito cometido (art. 186 e 927 do CC), 
consistente em isolar o reclamante em determinada área da ré, procedimento 
humilhante perante os demais colegas de trabalho, em especial os seus anteriores 
subordinados. Deve-se destacar que o reclamante foi admitido em 2000 (fls. 05) e, 
depois de exercer por quase 5 anos a função de encarregado, a reclamada remanejou 
o obreiro para área isolada do clube. 
https://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/322724798/recurso-ordinario-ro-801007720085020034-sp
http://www.trt2.jus.br/
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718759/artigo-186-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677854/artigo-927-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
O dano moral atinge fundamentalmente valores ideais, ligados diretamente ao 
sentimento de honra e dignidade que cada pessoa natural possui. 
Consubstancia-se, portanto, na agressão à auto-estima que a pessoa possui 
em relação ao seu sentimento de moral e dignidade, cuja natureza é a mais 
importante, já que a partir dela se forma o homem e por conta dela se forma, na soma 
de todos, a própria sociedade. 
Presente a conduta, o dano, a culpa e o nexo causal, não há como se afastar 
a condenação. (BRASIL, TRT, 2ª R., 17ª T., RO 0043000-96.2009.5.02.0020, Rel. 
Maria de Lourdes Antonio. Disponível em <www.trt2.jus.br>. Acesso em: 05/12/2011) 
Outra conduta desviada caracterizadora de assédio moral é o ataque à 
reputaçãoda vítima, consistente, segundo Hádassa Dolores Bonilha Ferreira 
em desqualificar e desacreditar a vítima, colocando em dúvida sua 
competência, ou mesmo sua sanidade, para que ela perca sua autoconfiança. [...] O 
agente assediador utiliza-se de humilhações e ridicularizações, fazendo insinuações 
quanto à etnia, gênero sexual, religião ou traços físicos da vítima. (FERREIRA, 2010, 
68-69) 
Para Marie-France Hirigoyen, os assediadores 
utilizam-se insinuações desdenhosas para desqualificá-la. Fazem gestos de 
desprezo diante dela (suspiros, olhares desdenhosos, levantar de ombros...). É 
desacreditada diante dos colegas, superiores ou subordinados. Espalham rumores a 
seu respeito. Atribuem-lhe problemas psicológicos (dizem que é doente mental). 
Zombam de suas deficiências físicas ou de seu aspecto físico; é imitada ou 
caricaturada. Criticam sua vida privada. Zombam de suas origens ou de sua 
nacionalidade. Implicam com suas crenças religiosas ou convicções políticas. 
Atribuem-lhe tarefas humilhantes. É injuriada com termos obscenos ou degradantes. 
(HIRIGOYEN, 2002, p. 109) 
Retratando essa dura realidade, convém colacionar julgados atinentes à essa 
modalidade de assédio moral: 
Dano Moral. Falta de civilidade no trato com os empregados. A convivência em 
sociedade é informada por regras de boas maneiras e respeito mútuo. Ofensas 
verbais continuadas e gerais praticadas pelo empregador, demonstrando má 
educação, grosseria e xingamentos, viola os Direitos da Personalidade do empregado, 
ensejando condenação em indenização de dano moral. [...] 
https://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/321223415/recurso-ordinario-ro-430009620095020020-sp
http://www.trt2.jus.br/
Consta dos autos que o autor era ofendido e humilhado pelos próprios 
administradores da empresa, Srs. Rogério e seu filho Augusto. Salienta-se que esse 
procedimento se estendia a todos os empregados da empresa. 
[...] O Sr. Edilson de Almeida, testemunha do autor, destaca que: era comum 
tanto o senhor Rogério quanto o seu filho Augusto xingarem o depoente e humilharem 
todos os funcionários, sendo inclusive que ao cumprimentar aquelas pessoas pela 
manhã, às vezes ouvia um “vai tomar” como resposta. 
O Sr. Rodrigo Fermino, também testemunha do autor, declarou que: era comum 
o senhor Augusto dirigir-se ao depoente e aos demais funcionários como burros e 
ignorantes, e às vezes sequer respondia a um bom-dia no início do expediente. 
Nesse contexto, vê-se que o tratamento dispensado aos empregados não era 
dos mais amistosos. Ademais, como bem ressaltado na sentença, restou 
demonstrada a violação moral sofrida pelo autor. Assim, entendo correta a decisão de 
primeiro grau que determinou que a ré indenizasse o autor em danos morais. (BRASIL, 
TRT, 12ª R. 1ª T., RO 03041-2006-002-12-00-9, Rel. Alexandre Luiz Ramos. 
Disponível em <www.trt12.jus.br>. Acesso em: 05/12/2011) 
Dano moral. Ofensas à autora. A autora era chamada de “gorda, relaxada, 
barriga de pochete, topeira, pêra cintura”. O dano moral ficou evidenciado. (BRASIL, 
TRT, 2ª R., 8ª T., RT 01480-2005-401-02-00-7, Ac. 20070601997, Rel. Sergio Pinto 
Martins, DOE/SP, 14/08/2007) 
Dano moral – confinamento de trabalhador acidentado e sequelado em sala de 
vidro apelidada de “gaiola das loucas” e “cemitério”. Aguardo, por prazo indefinido, de 
recolocação em posto de trabalho compatível. Situação vexatória que desencadeou 
chacotas e zombarias. Rotulação depreciativa dos trabalhadores acidentados, 
mantidos afastados dos demais, sem qualquer atividade, de “sequelados, “gardenal”, 
“rivotril”, “vagabundos”, “zero à esquerda”, etc. A conduta patronal de manter todos os 
trabalhadores acidentados, com recomendação médica de readaptação, isolados em 
sala especial, com proibição de saída e aplicação de punição de suspensão, configura 
tratamento desumano, humilhante, insultuoso, e portanto, ofensiva à dignidade 
humana. Inconteste o dano moral e a responsabilidade do empregador. Inteligência 
dos artigos 1º, III, e 5º, caput e inciso X, da CF. (BRASIL, TRT, 2ª R., 6ª T., RO 02098-
2004-465-02-00-9, Ac. 20060729303, Rel. Ivani Contini Bramante, DOE/SP, 
06/10/2006) 
http://www.trt12.jus.br/
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641860/artigo-1-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731879/inciso-iii-do-artigo-1-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
Seguindo a linha de condutas assediadoras, temos também a degradação 
proposital das condições de trabalho, que se caracteriza pela omissão de informações 
para o desenvolvimento do trabalho ou, até mesmo, pela ausência de instalações 
físicas em condições mínimas para a realização laboral. Com tal atitude, quer o 
agressor imputar à vítima a incompetência pela ausência da prestação do serviço ou 
pelo serviço mal realizado. Perceba, entretanto, que o agressor foi quem tolheu o 
empregado para que o compromisso não se realizasse ou ao menos não obtivesse a 
qualidade desejada. Tal atitude, por vezes, perdura até que a vítima, não suportando 
tais condições, esmoreça, vindo a pedir sua demissão. 
Marie-France Hirigoyen traz-nos uma lista exemplificativa de deterioração das 
condições do trabalho: 
Retirar da vítima a autonomia. Não lhe transmitir mais informações úteis para a 
realização de tarefas. Contestar sistematicamente todas as decisões. Criticar seu 
trabalho de forma injusta ou exagerada. Privá-la do acesso aos instrumentos de 
trabalho: telefone, fax, computador... Retirar o trabalho que normalmente lhe compete. 
Dar-lhe permanentemente novas tarefas. Atribuir-lhe proposital e sistematicamente 
tarefas inferiores às suas competências. Atribuir-lhe proposital e sistematicamente 
tarefas superiores às suas competências. Pressioná-la para que não faça valer seus 
direitos (férias, horários, prêmios). Agir de modo a impedir que obtenha promoção. 
Atribuir à vítima, contra a vontade dela, trabalhos perigosos. Atribuir à vítima tarefas 
incompatíveis com sua saúde. Causar danos em seu local de trabalho. Dar-lhe 
deliberadamente instruções impossíveis de executar. Não levar em conta 
recomendações de ordem médica indicadas pelo médico do trabalho. Induzir a vítima 
ao erro. (HIRIGOYEN, 2002, p. 108) 
Perceba pelo julgado abaixo essa modalidade de assédio moral, onde o 
empregado era obrigado a cumprir metas por vezes inatingíveis: 
Os empregados conviviam com a possibilidade de a qualquer momento serem 
dispensados ou punidos por “falta grave” caso não atingissem as cotas diárias 
repassadas pelos prepostos da reclamada ou não repassassem para os clientes os 
produtos acessórios ocorridos com as vendas [...]. 
Observa-se [que] a reclamada atribui ao empregado toda a responsabilidade 
pelo sucesso do empreendimento, cobrando sua condição de “ator” para ludibriar o 
consumidor e violando os fins sociais da empresa e a boa fé objetiva inerente a 
qualquer relação. [sic.] 
Os documentos apresentados coma exordial, em especial os já supra 
mencionados, deixam claro a pressão vivida diariamente pela reclamante, fazendo-os 
ver que nada importa, a não ser vender, mesmo que isso venha em detrimento de 
terceiros, no caso o cliente. 
A prova oral apresentada pela reclamante ratifica a tese da exordial e confirma 
que existiam dois tipos de “boca de caixa”, um mediante escala e outro como forma 
de castigo aos vendedores que não atingissem as metas. Salientou ainda, que o 
seguro garantia era incluído no produto sem o conhecimento do cliente. 
Nesse diapasão, manifesta é a ocorrência do alegado assédio moral, revelador 
do constrangimento sofrido pela autora com as ofensas e degradações no ambiente 
de trabalho. Restou demonstrada, de modo indubitável, a conduta desrespeitosa e 
humilhante dos gerentes do reclamado em relação ao tratamento a ela dispensado. 
Diante desse contexto, não dúvida deque houve, no presente caso, não só 
meros “aborrecimentos”, mas ofensa à esfera moral da laborista, de modo a ensejar 
a indenização vindicada. 
Impende ressaltar, ainda, que, demonstrado o ato ilícito, o dano que daí decorre 
advém como corolário, ante a manifesta afronta à dignidade da pessoa humana. 
Desse modo, a reparação pertinente encontra assento, como supra 
mencionado, tanto na legislação civil quanto na Carta Constitucional. (BRASIL, TRT, 
2ª R., 1ª T., RO 0198700-07.2009.5.02.0492, Rel. Luís Augusto Federighi. Disponível 
em <www.trt2.jus.br>. Acesso em: 05/12/2011) 
Por derradeiro, a conduta mais grave, dentre as elencadas como assédio moral 
é o ataque direto à saúde da vítima com efetiva violência, ou seja, violência verbal, 
física ou sexual. 
Segundo Hádassa Dolores Bonilha Ferreira 
a violência, em geral, consiste na última conduta adotada pelo 
agente agressor, uma vez que o assédio moral já é visivelmente 
percebido por todos. Fica difícil para a vítima resistir diante da 
violência, que inclusive invade a esfera íntima dela. (FERREIRA, 
2010, p. 70) 
Como exemplo dessa atitude extremada, podemos citar: ameaças, agressões 
físicas, empurrões, chacoalhões, batidas de porta na cara, gritar com a vítima, 
devassar sua vida privada, perseguição, causar danos físicos pessoais ou a objetos 
ligados à vítima, propostas sexuais, lesão à imagem, etc. 
https://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/321319525/recurso-ordinario-ro-1987000720095020492-sp
http://www.trt2.jus.br/
A seguir, vejamos um julgado que elucida bem o que passa a vítima dessa 
modalidade de assédio: 
A reclamante alegou ter sofrido assédio sexual por parte do gerente geral da 
agência, Sr. José Carlos de Andrade, consubstanciado, segundo a decisão de 
primeiro grau, em "’convites’ e cantadas’ de conotação sexual de seu superior 
hierárquico, o Sr. José Carlos de Andrade, até mesmo com carícias corporais 
indesejadas" (fls. 232), caracterizando “assédio sexual por chantagem". 
Pela prova oral, apurou-se que tinha o hábito de conversar pegando nos seus 
interlocutores, o que é referido por diversas testemunhas, sendo que a testemunha 
Andreia Talita Machado Pinto informou que "o gerente geral José Carlos de Andrade 
não era respeitoso, fazendo assédio moral e inclusive sexual com relação à depoente; 
a depoente e a autora estavam na cozinha, quando o sr. José chegou e abraçou a 
cintura da depoente e disse ‘que estava emagrecendo e ficando gostosinha como os 
homens gostam’; o sr. José normalmente conversava pegando, apesar de o 
interlocutor dar um passo para trás, mas sr. José continuava a se aproximar; em todas 
as vezes dava a entender que se quisesse continuar no Banco, deveria ‘dar algo mais’; 
foi sr. José Carlos quem dispensou a autora; a autora já chegou a reclamar do sr. 
José, dizendo que a postura dele era inadequada até porque ele sabia que a autora 
era casada; a autora reclamou mais de uma vez; [...] a depoente chegou a discutir 
com sr. José por não aceitar a sua postura; disse ao sr. José que se ele não parasse 
com o assédio, que ia levar o assunto ao conhecimento da superintendência, o que 
ocorreu" (fls. 193/194). 
[...] Desta forma, se o gerente possuía o hábito de conversar" pegando "nas 
pessoas, possuía um mau hábito, não muito condizente com o ambiente de trabalho. 
Quanto à questão de não ter sido presenciado assédio algum por outra pessoa, 
talvez seja o caso de considerar que propostas inconvenientes geralmente não são 
feitas abertamente, justamente porque não são para serem descobertas. Atos ilícitos 
em geral são assim, e a questão da prova do assédio sexual, mais do que do moral, 
é clássica, como a prova dos crimes sexuais no Direito Penal quando perdido o corpo 
de delito. Desta forma, a utilização desse argumento como razão de decidir deve ser 
feita com cautela. Não é porque ninguém viu que o fato não aconteceu. 
[...] Houve assédio sexual. Configurou-se o dano moral, sobre o qual nem é 
necessário expender maiores considerações. Deve ser indenizado. (BRASIL, TRT, 2ª 
R., RO, Origem 5ª V. Trabalho de São Paulo, Recorrentes 1. Banco Santander S/A; 
2. Jordana Parreira e Silva, Rel. Davi Furtado Meirelles. Disponível em 
<www.trt2.jus.br>. Acesso em: 05/12/2011) 
Importante frisar que as condutas elencadas acima podem se dar de forma 
isolada ou concomitantes entre si. 
O julgado colacionado abaixo relata uma vítima que sofreu diversas 
modalidades de assédio moral no mesmo ambiente de trabalho. Vejamos: 
[...] afirmou “... Que aconteceu de vendedores que não atingirem as metas do 
dia anterior serem motivos de chacota na reunião matinal; que o autor era apelidado 
de ‘negão malzibier’; que o nome do vendedor que não alcançasse a meta ficava 
exposto num quadro e era o motivo de chacotas; que presenciou vendedor pagando 
polichinelo, e o próprio depoente pagou polichinelo; que viu vendedor pagando 
‘prenda’, se vestindo de mulher, geralmente por não ter atingido a meta; que também 
era feito um corredor polonês, no qual passava o vendedor; que viu vendedor 
chorando, pelo constrangimento; que o depoente entende que o apelido do autor tinha 
conotação pejorativa e até racista; que o depoente tem o sobrenome Galina e às 
vezes, era chamado de ‘galinha’; que essas chacotas partiam dos superiores 
hierárquicos; que presenciou o autor pagando apoio e passando pelo corredor 
polonês”. (...) Ao contrário do alegado pela reclamada, nenhuma prova restou 
produzida em sentido contrário pela reclamada, em face do que deve ser acolhida a 
prova testemunhal produzida pelo autor. Analisando a prova oral produzida, não resta 
dúvida de que os atos praticados por prepostos da empresa causaram 
constrangimento, humilhação, atingindo a honra subjetiva do empregado, gerando a 
obrigação de indenizar. (BRASIL, TRT, 4ª R., RO 00594-2006-011-04-00-4, Rel. Maria 
Beatriz Condessa Ferreira. Disponível em <www.trt4.jus.br>. Acesso em: 05/12/2011) 
4. SUJEITOS DO ASSÉDIO MORAL 
Veremos nesse tópico que a relação de hierarquia não é fator crucial para que 
haja assédio moral. Tanto é assim, que podemos classificar o assédio moral nas 
relações de trabalho sob três vertentes: (I) assédio moral vertical descendente – a 
agressão parte do superior para o subordinado; (II) assédio moral horizontal – a 
agressão se dá perante trabalhadores da mesma posição e; (III) assédio moral vertical 
ascendente – mais raro, ocorre quando a agressão parte do subordinado para seu 
superior. 
http://www.trt2.jus.br/
http://www.trt4.jus.br/
Assim, apesar de ser prescindível a relação hierárquica entre a vítima de 
assédio moral e seu agressor, podemos dizer que a forma mais comum de se verificar 
tal conduta ocorre na posição vertical descendente (superior agredindo subordinado). 
Porém, há de se ressaltar que poderá haver também assédio moral entre 
colegas da mesma posição numa relação de trabalho, ou seja, entre pessoas 
hierarquicamente igualitárias. Como vimos, quando isso ocorre, dá-se o nome de 
assédio moral horizontal. 
Sem prejuízo das duas classificações de assédio moral já citadas (vertical 
descendente e horizontal), cumpre analisarmos uma terceira, compreensivelmente 
rara de se observar, porém, possível, no qual o assédio se instala da posição 
hierárquica inferior para a superior, ou seja, do subordinado perante seu chefe. Essa 
forma de assédio moral é o chamado vertical ascendente. 
Segundo Hádassa Dolores Bonilha Ferreira 
a relação mais comum é a descendente ou assimétrica, na qual o assédio moral 
emana da hierarquia. Dentro dessa relação, as causas que levam ao processo 
assediador são diversas, as quais se destacam: o objetivo puro e simples de eliminar 
a vítima para valorizar o próprio poder (do agressor); há, também, a finalidade de levar 
a vítima a pedir demissão, o que eliminaria custos adicionais e impediria 
procedimentos judiciais; e, ainda, há a própria gestão de empresa que incentiva eaprova o assédio moral como meio de administrar seus empregados. (FERREIRA, 
2010, p. 52) 
Continua a doutrinadora dizendo que 
a relação pode ser estabelecida, ainda, na forma horizontal, ou simétrica, 
quando o assédio é desenvolvido entre os colegas de trabalho. Geralmente ocorre 
quando dois empregados disputam a obtenção de um mesmo cargo ou uma 
promoção. [...] Além disso, há alguns fatores que podem ser responsáveis pela prática 
desse tipo de assédio moral, como a competição, a preferência pessoal do chefe 
porventura gozada pela vítima, a inveja, o racismo, a xenofobia e motivos políticos. 
(FERREIRA, 2010, p. 52-53) 
E, conclui a autora mencionando a última modalidade de assédio moral, qual 
seja, a realizada 
na direção ascendente, isto é, quando um superior hierárquico é assediado por 
um ou mais subordinados. A situação pode não ser muito comum, mas ocorre, nas 
formas já observadas, diante das falsas acusações de assédio sexual, ou, ainda, 
quando todo um grupo de subordinados se une para ‘boicotar’ um superior hierárquico 
indesejado. (FERREIRA, 2010, p. 55-56) 
Com efeito, há que se ressaltar que tal classificação não exclui a possibilidade 
de condutas com sujeitos plúrimos. Isso quer dizer que alguém poderá ser vítima de 
assédio moral tendo como agressor tanto seu superior hierárquico (assédio moral 
vertical descendente), como também seus pares (assédio moral horizontal), sendo, 
nesse contexto, atacada por todos os lados. É o que Sonia Mascaro Nascimento 
chama de assédio moral misto. (NASCIMENTO, 2011, p. 16) 
5. VARIANTES DO ASSÉDIO MORAL 
O assédio moral pode se travestir de diversas nomenclaturas diferentes, porém, 
todas, em sua essência, visam reduzir a dignidade do ser humano atacado, seja 
expondo-o ao ridículo, seja ocasionando situação vexatória, seja humilhando-o. 
Percebe-se, portanto, que independentemente das espécies que analisaremos 
a seguir, é importante frisar que todas têm por escopo fundamental a ofensa à 
integridade física e psíquica da pessoa “escolhida” para ser vítima desse despautério. 
O termo “escolhido” se faz presente por uma simples razão: a vítima de assédio 
moral é eleita pelo seu agressor. Razões de compleição física, de características 
intelectuais, de introspecção, de gênio ou qualquer outra peculiaridade que a vítima 
possa ter fazem com que ela se destaque positiva ou negativamente perante os 
demais, o que acaba por atrair a atenção para si, tornando-se potencialmente elegível 
para ser vítima das agressões laborais. 
Passemos adiante, à análise das variantes do assédio moral. 
5.1. MOBBING 
É de se notar que o mobbing, o bullying e o sltalking, variantes do assédio 
moral, são fenômenos que se complementam, vez que não existem diferenças 
técnicas entre elas, distinguindo-as apenas pela etimologia e tempo histórico de 
surgimento. 
Sendo assim, partindo das explicações de Hádassa Dolores Bonilha Ferreira, 
podemos compreender que 
a primeira forma de descoberta do assédio moral foi o chamado mobbing. Esse 
termo advém do verbo inglês to mob, que transmite a idéia de tumulto, turba, 
confusão. [...] Consiste em um processo envolvendo vários indivíduos contra apenas 
um. [...] Sua utilização hodierna corresponde a perseguições coletivas, as quais 
podem culminar em violência física. (FERREIRA, 2010, p. 57) 
Perceba que diante da definição exposta, tudo o que foi visto até aqui se amolda 
ao conceito de mobbing, assim como se amoldará também ao conceito 
de bullying e stalking. 
5.2. BULLYING 
O Bullying ou Bullyin, se caracteriza por ser um fenômeno de chacota que teve 
como precursor o ambiente escolar da Inglaterra, gerando diversos conflitos entre os 
próprios alunos, onde um (ns) figurava (m) como agente (s) provocador (es) enquanto 
outro (s) como vítima (s), chegando a casos extremos, porém não raros, de suicídio 
por parte do provocado em decorrência da humilhação sofrida. 
Conforme ensinamentos de Hádassa Dolores Bonilha Ferreira 
o termo bully em inglês significa provocador, tirânico, sendo que o verbo traduz 
a idéia de maltratar e intimidar, tratar com desumanidade. A aplicação à relação 
laboral é visto pela própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) como uma 
forma de violência no trabalho. (FERREIRA, 2010, p. 58) 
Para Cleo Fante 
o bullying [...] define o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra 
pessoa e colocá-la sob tensão; é um termo que conceitua os comportamentos 
agressivos e anti-sociais, utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos 
estudos sobre a violência escolar. (FANTE, 2005, p. 27) 
Com propriedade que lhe é peculiar sobre o assunto, Lélio Braga Calhau expõe 
que 
o fenômeno bullying estimula a delinquência e induz a outras formas de 
violência explícita, produzindo, em larga escala, cidadãos estressados, deprimidos, 
com baixa autoestima, capacidade de autoaceitação e resistência à frustração, 
reduzida capacidade de autoafirmação e de autoexpressão, além de propiciar o 
desenvolvimento de sintomatologias de estresse, de doenças psicossomáticas, de 
transtornos mentais e de psicopatologias graves. Tem, como agravante, interferência 
drástica no processo de aprendizagem e de socialização, que estende suas 
consequências para o resto da vida podendo chegar a um desfecho trágico. 
(CALHAU, 2009, p. 98) 
Marie-France Hirigoyen aduz que “o termo bullyin [...] vai de chacotas e 
isolamento até condutas abusivas de conotação sexual ou agressões físicas. Refere-
se mais a ofensas ou violência individual do que organizacional”. (HIRIGOYEN, 2002, 
p. 27) 
É de se notar que, embora sem distinções de relevo, alguns pesquisadores do 
tema (juristas, sociólogos, psicólogos, médicos, educadores, etc.) classificam 
o mobbing como sendo a agressão realizada em ambiente laboral, enquanto 
o bullying seria a agressão realizada em ambiente escolar. Em que pese tal afirmação, 
é inócua a tentativa de distinção, vez que tratam de situações de ofensa à dignidade 
da pessoa humana, com as mesmas consequências para a vítima seja ela 
trabalhadora ou estudante. 
5.3. STALKING 
O Professor Lélio Braga Calhau, parafraseando Damásio de Jesus, ensina-nos 
que o 
stalking é uma forma de violência na qual o sujeito ativo invade a esfera de 
privacidade da vítima, repetindo incessantemente a mesma ação por maneiras e atos 
variados, empregando táticas e meios diversos: ligações nos telefones celular, 
residencial ou comercial, mensagens amorosas, telegramas, ramalhetes de flores, 
presentes não solicitados, assinaturas de revistas indesejáveis, recados em faixas 
afixadas nas proximidades da residência da vítima, permanência na saída da escola 
ou trabalho, espera de sua passagem por determinado lugar, frequência no mesmo 
local de lazer, em supermercados etc. O stalker, às vezes, espalha boatos sobre a 
conduta profissional ou moral da vítima, divulga que é portadora de um mal grave, que 
foi demitida do emprego, que fugiu, que está vendendo sua residência, que perdeu 
dinheiro no jogo, que é procurada pela Polícia etc. Vai ganhando, com isso, poder 
psicológico sobre o sujeito passivo, como se fosse o controlador geral dos seus 
movimentos. Segundo Damásio de Jesus, esse comportamento possui determinadas 
peculiaridades: 1ª) invasão de privacidade da vítima; 2ª) repetição de atos; 3ª) dano à 
integridade psicológica e emocional do sujeito passivo; 4ª) lesão à sua reputação; 5ª) 
alteração do seu modo de vida; 6ª) restrição à sua liberdade de locomoção. (CALHAU, 
2009, p. 102) 
De acordo com o doutrinador Jorge Trindade 
é bastante difícil delimitar os comportamentos que configuram o fenômeno 
do stalking. Na realidade, trata-se de uma constelação de condutas que podem ser 
muito diversificadas, mas envolvem sempre uma intrusão persistente e repetida 
através da qual uma pessoa procura se impor à outra, mediante contatos indesejados, 
às vezes ameaçadores, gerando insegurança, constrangimentose medo na vítima. 
Em decorrência dessa invasão na sua privacidade, a vítima também inicia um conjunto 
de comportamentos evitativos, tais como trocar o número do telefone, alterar a rotina 
diária, os horários, os caminhos e os percursos que costumava fazer, deixar avisos 
no trabalho ou em casa, ou aumentar os mecanismos de segurança e proteção 
pessoal, podendo transitar da evitação para a negociação e mesmo para o confronto. 
(TRINDADE, 2008, p. 352-353 ) 
Diante dos mais variados conceitos, o que se observa é que, trazendo para o 
universo laboral, tais ocorrências fenomenológicas de impulsionar o próximo ao 
abismo da violência física e psicológica consiste, na verdade, em espécies do gênero 
assédio moral. 
6. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS 
Antes de analisarmos as consequências jurídicas oriundas do assédio moral, 
importa destacar que de tais agressões decorrem uma série de outras implicações 
não jurídicas, porém, consideradas tão graves quanto às primeiras. Assim, pode-se 
destacar como corolários do assédio moral: a queda de produtividade da vítima, o 
retrocesso econômico, tendências ao alcoolismo, perturbações mentais, insônia, 
queda da libido, lesões à saúde, involução social, danos psicológicos, isolamento, 
descontrole emocional, depressão e, em casos mais agudos até mesmo o suicídio, 
entre outros. 
É de se notar que as consequências não jurídicas podem trazer danos 
irreversíveis ao trabalhador, o que sensivelmente agravará as consequências jurídicas 
de tais atos. 
Por certo que a consequência não jurídica prejudica tão somente a vítima do 
assédio moral, ao passo que a consequência jurídica visa reprimir prioritariamente o 
agressor das ofensas. 
A fim de compreendermos o tema em seu todo, cumpre explanarmos acerca 
das responsabilidades legais. Para tanto, é preciso decompor os encargos jurídicos 
advindos do assédio moral em: (I) responsabilidade penal; (II) responsabilidade 
trabalhista e; (III) responsabilidade civil. 
6.1. RESPONSABILIDADE PENAL 
Não obstante a ausência de lei específica de repressão e punição dos 
praticantes de assédio moral, é certo que a aplicação dos instrumentos fornecidos 
pela legislação vigente têm, com suas limitações, servido para coibir tal prática 
degradante. 
Sendo assim, no âmbito penal, dependendo do caso concreto, a conduta do 
agressor poderá subsumir-se em: (I) crimes contra a honra – do qual se destacam a 
calúnia, a difamação e a injúria; (II) crimes contra a liberdade individual – com 
destaque tanto para o constrangimento ilegal quanto para a ameaça e; (III) crime 
contra a dignidade sexual – referente ao delito de assédio sexual. 
De forma concisa e sem esgotar suas peculiaridades, veremos os significados 
de cada um desses delitos. 
A calúnia, tipificada no artigo 138 do Código Penal Brasileiro, consiste na falsa 
imputação a alguém da prática de crime. Já a difamação, tipificada no artigo 139 do 
mesmo Código, consiste na imputação de fato ofensivo à reputação da vítima. Por 
fim, para encerrar as condutas ofensivas à honra, temos, no artigo 140 do Código 
Penal, o crime de injúria, no qual a vítima tem sua dignidade ou decoro subjetivos 
ofendidos. 
No rol dos crimes contra a liberdade individual, temos o constrangimento ilegal, 
delito previsto no artigo 146 do Código Penal, consistente em coagir alguém, 
mediante violência ou grave ameaça a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que 
ela não manda; e temos também, a ameaça, tipificada no artigo 147 do Código Penal. 
Além desses crimes, o assédio moral, dependendo da conotação da conduta 
do agressor, poderá configurar assédio sexual, delito pertencente ao rol dos crimes 
contra a dignidade sexual, tipificado no artigo 216-A do Código Penal, o qual se 
consuma mediante o constrangimento de “alguém com o intuito de obter vantagem ou 
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior 
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. 
Cumpre ressaltar que a grande maioria das condutas do assédio moral se 
amoldará em algum desses crimes elencados, porém, isso não exclui a possibilidade 
de aplicação de legislações especiais, caso se adéquem com maior especificidade ao 
caso concreto. 
6.2. RESPONSABILIDADE TRABALHISTA 
Como exaustivamente fora dito, nossa Constituição Federal delineou preceitos 
para a proteção de um dos bens mais valiosos que o indivíduo carrega consigo, qual 
seja, a dignidade humana. 
Não obstante a suprema tutela que nossa Carta Constitucional impinge à 
dignidade, impende ressaltar que na seara infraconstitucional ela também tem seu 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622974/artigo-138-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622653/artigo-140-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10621886/artigo-146-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10621647/artigo-147-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003933/artigo-216a-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
amparo, vale dizer, na Lei n.º 9.029/1995, que provê o cidadão de mecanismos para 
sua proteção, bem como proíbe a discriminação nas relações de trabalho. 
Assim, em conformidade com os ditames constitucionais, estabelece o 
artigo 1º, da Lei n.º 9.029/1995, a proibição da adoção de qualquer prática 
discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua 
manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou 
idade, ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao menor previstas no 
inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal. 
Com efeito, de acordo com o artigo 4º da Lei n.º 9.029/1995, caso haja o 
rompimento da relação de trabalho por ato discriminatório, nos moldes [do artigo 1º] 
desta Lei, além do direito à reparação pelo dano moral, faculta ao empregado optar 
entre: (I) a readmissão com ressarcimento integral de todo o período de afastamento, 
mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente, 
acrescidas dos juros legais ou; (II) a percepção, em dobro, da remuneração do período 
de afastamento, corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais. 
Além dessa proteção, a Consolidação das Leis Trabalhistas também resguarda 
o empregado vítima de assédio moral. Neste sentido, pertinente são as palavras de 
Sônia Mascaro Nascimento, para quem 
o assédio moral praticado pelo empregador além de caracterizar 
descumprimento de obrigação contratual afeta a honra e a boa fama do empregado, 
o qual fica autorizado a deixar o emprego e pleitear a rescisão indireta do contrato, 
nos termos do art. 483, d ou e, da CLT. (NASCIMENTO, 2011, p. 163) 
Todavia, ocorrendo a hipótese do autor da agressão não ser o empregador, 
mas sim outro empregado da empresa, a vítima deverá comunicar tal fato à direção 
da organização, para que a conduta ilícita do assediador possa ser punida com a 
rescisão do contrato de trabalho por justa causa, conforme artigos 482, alínea, j, 
da CLT. 
6.3. RESPONSABILIDADE CIVIL 
A Constituição Federal, mais do que tutelar a dignidade da pessoa humana, 
conferiu ao indivíduo – independente de raça, credo, cor, sexo, nacionalidade– ampla 
proteção aos seus direitos e garantias fundamentais, possibilitando, inclusive, a 
reparação pelo dano moral sofrido, conforme se extrai de seu artigo 5º, 
incisos V e X, in verbis: 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127425/lei-9029-95
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/12086499/artigo-1-da-lei-n-9029-de-13-de-abril-de-1995
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127425/lei-9029-95
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10725715/inciso-xxxiii-do-artigo-7-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641213/artigo-7-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/12086070/artigo-4-da-lei-n-9029-de-13-de-abril-de-1995
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/127425/lei-9029-95
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10708868/artigo-483-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10709394/artigo-482-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730887/inciso-v-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10730704/inciso-x-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
[...] 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente 
de sua violação; 
Destarte, sendo o assédio moral uma agressão causadora de um injusto à 
vítima, violadora da dignidade da pessoa humana e ofensiva a tais preceitos 
constitucionais, nada mais plausível que seja civilmente indenizável. 
Neste mesmo sentido, Hádassa Dolores Bonilha Ferreira aduz que a 
solução do assédio moral através de indenização por danos morais encontra 
respaldo legal na legislação civil, aplicável subsidiariamente na seara trabalhista. A 
nova principiologia civil determina que os contratos de modo geral – incluindo os de 
trabalho – sejam regidos desde a pré-contratação até a pós-contratação pelos 
princípios basilares da eticidade, boa-fé, sociabilidade e operabilidade. Isto é 
depreendido do art. 422 do Código Civil Vigente que dispõe que “os contratantes 
estão obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, 
os princípios de probidade e boa-fé”. (FERREIRA, 2010, p. 119) 
Complementando a idéia da responsabilidade civil pelo prática do assédio 
moral, Sônia Mascaro Nascimento anota que 
de acordo com os arts. 932, III, 933, 934 e 935 do Código Civil vigente, os 
quais devem ser combinados com os arts. 1.521, III, 1.522 e 1.523 do mesmo diploma 
legal, o empregador responde pelos danos que causar a terceiros em decorrência de 
obrigação contraída pela emprega, firmando relações jurídicas nacionais ou 
internacionais, por atos praticados por seus empregados ou prepostos, nacionais ou 
estrangeiros, com fundamento nas culpas in vigilando e in eligendo. (NASCIMENTO, 
2011, p. 165) 
Tal posicionamento é corroborado pela Súmula n.º 341 do Supremo Tribunal 
Federal, o qual assinala que “é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato 
culposo do empregado ou preposto”. 
Cumpre destacar, todavia, que caso o empregador tenha que indenizar a vítima 
do assédio moral, fica àquele assegurado o direito a ação regressiva contra o 
empregado causador do prejuízo restando comprovado ter agido com dolo ou culpa. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704748/artigo-422-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677562/artigo-932-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677442/inciso-iii-do-artigo-932-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677313/artigo-933-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677270/artigo-934-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10677229/artigo-935-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
Com o mesmo entendimento, a 1ª Jornada de Direito Civil, realizada pelo 
Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal, ratificou, em seu 
enunciado n.º 44 que “na hipótese do art. 934, o empregador e o comitente somente 
poderão agir regressivamente contra o empregado ou preposto se estes tiverem 
causado dano com dolo ou culpa”. 
Denota-se, com isso, que a vítima do assédio moral detém o poderio de três 
esferas de responsabilidades jurídicas diferentes, o que, em tese, deveria repreender 
a prática desse tipo de agressão. 
6.4. PROJETOS DE LEIS 
Atualmente, existem inúmeros projetos de leis em trâmites perante nosso 
Congresso Nacional. Há projetos de iniciativa da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal, todos versando, de uma forma mais completa, outros nem tanto, do assédio 
moral. 
Existem os que são tendentes a criminalizar a conduta do assédio moral a fim 
de tipificá-los no Código Penal. São eles: PL 4742/2001, PL 4960/2001, PL 5887/2001 
e PL 5971/2001, todos iniciados na Câmara dos Deputados. 
Por outro lado, existe o PL 4591/2001, também iniciado na Câmara dos 
Deputados, que dispõe sobre a aplicação de penalidades à prática de assédio moral 
por parte de servidores públicos da União, das autarquias e das fundações públicas 
federais a seus subordinados, alterando a Lei nº 8.112/1990. 
Nesse contexto, há o PL 7202/2010, iniciado na Câmara dos Deputados, que 
tem por finalidade alterar a alínea b do inciso II do art. 21 da Lei nº 8.213/1991, para 
equiparar o assédio moral ao acidente de trabalho para o segurado do Regime Geral 
de Previdência Social. 
Outro projeto de lei que faremos referência é o PL 2369/2003, iniciado na 
Câmara dos Deputados, no qual dispõe de maneira ampla sobre o assédio moral nas 
relações de trabalho. 
Sem prejuízo dos projetos de leis anteriores, existe o recente PLS 136/2011, 
iniciado no Senado Federal, tendente a criar mecanismos para prevenir, coibir e punir 
a discriminação contra a mulher, abrangendo o assédio moral de forma ampla. 
Cumpre salientar que mesmo ausente uma norma vigente que regule de 
maneira contundente e eficaz o assédio moral, importante mencionar que tal assunto 
já foi objeto de várias leis municipais de inúmeras cidades brasileiras, as quais 
encontram-se em pleno vigor. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/97937/regime-jur%C3%ADdico-dos-servidores-publicos-civis-da-uni%C3%A3o-lei-8112-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11356707/alinea-b-do-inciso-ii-do-artigo-21-da-lei-n-8213-de-24-de-julho-de-1991
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11356781/inciso-ii-do-artigo-21-da-lei-n-8213-de-24-de-julho-de-1991
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11356344/artigo-21-da-lei-n-8213-de-24-de-julho-de-1991
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104108/lei-de-benef%C3%ADcios-da-previd%C3%AAncia-social-lei-8213-91
Todavia, essas leis municipais esparsas, bem como a anomia de norma federal 
sobre o assunto demonstram a necessidade imperiosapor parte dos nossos 
legisladores de acelerar a discussão e, consequentemente a aprovação de uma lei de 
âmbito nacional a fim de padronizar os efeitos de repressão, penalização e 
responsabilização (em sentido amplo) por ela trazidos para todos os municípios 
brasileiros e indistintamente, para qualquer cidadão. 
7. CONCLUSÃO 
Como foi explanado, o assédio moral atinge tanto a saúde psicológica como a 
saúde física do trabalhador, acarretando consequências drásticas em sua vida laboral 
e familiar, levando-o a diminuição da capacidade de se autodeterminar, tornando-o, 
por corolário, uma pessoa depressivamente afastada do universo social. 
Independente de como se caracterizar, seja ataque em grupo ou ataque 
individual, seja com intenção jocosa de humilhação ou de reduzir a motivação do 
próximo, seja para realizar a adaptação de empregados ao sistema arbitrário da 
organização ou para forçá-los a deixar a empresa, ou de qual roupagem o assédio 
moral utilizará, o importante é frisar de que se trata de procedimento de extinção da 
dignidade da pessoa humana que almeja tão somente a desvalorização do cidadão 
em seu ambiente de trabalho. 
Isso pode ser o fruto de uma “evolução” conquistada durante alguns anos onde 
condutas humanas desprovidas de princípios éticos e valores morais norteadores se 
tornaram relativizadas em face da dignidade do próximo, extirpando o tênue limite 
entre o socialmente aceitável e o inaceitável. 
A consequência da relativização dos axiomas sociais poderá fazer com que o 
mundo moderno perca a noção de moral, principalmente entre os jovens, no qual as 
gerações em formação e as vindouras carecerão de senso crítico de certo ou errado, 
sendo “recrutados” a tornarem-se agressores, vítimas ou, ao menos, espectadores 
dos famigerados mobbing, bullying ou stalking, leia-se, assédio moral. 
Não se quer como isso, generalizar tal aspecto, pelo contrário, a existência do 
assédio moral é exceção, porém, devemos como sociedade, como pais, como 
educadores e como Estado, ter consciência de que esse mal deve ser extirpado das 
relações sociais, a fim de se evitar condutas desviantes graves que têm por destino 
uma série de consequêcias já exaustivamente elencadas. 
 
 
8. REFERÊNCIAS 
BARRETO, Margarida, médica do trabalho e organizadora do site 
<www.assediomoral.org.br> – dissertação de mestrado defendida em maio de 2000, 
PUC-SP, denominada Uma Jornada de Humilhações. 
BRASIL, Conselho da Justiça Federal, Jornadas de Direito Civil. Disponível em 
<http://www.cjf.jus.br/revista/enunciados/enunciados.htm>. Acesso em: 06/12/2011. 
CALHAU, Lélio Braga. Resumo de criminologia. 4. Ed. Niterói, RJ: Impetus, 2009. 
FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar 
para a paz. Campinas: Verus, 2005. 
FERREIRA, Hádassa Dolores Bonilha. Assédio moral nas relações de trabalho. 2. 
Ed. Campinas: Russel, 2010. 
HIRIGOYEN, Marie-France. Mal-Estar no Trabalho: Redefinindo o Assédio Moral. 
Tradução de Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 
LEYMANN, Heinz, The Mobbing Encyclopedia. Disponível em 
<www.leymann.se/English/frame.html>. Acesso em: 10/11/2011. 
NASCIMENTO, Sônia Mascaro. Assédio moral. 2. Ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
SALVADOR, Luiz, Assédio Moral: TRT da 17ª R. Reconhece que violação à 
dignidade humana dá direito a indenização; In Justiça do Trabalho, Caderno de 
Direito Previdenciário: Doutrina e Jurisprudência, ano 20, nº 230, Porto Alegre, HS 
Editora Ltda.; São Paulo, Nota Dez, fev.2003. 
TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. 3. Ed. 
Porto Alegre: 2008. 
 
http://www.assediomoral.org.br/
http://www.cjf.jus.br/revista/enunciados/enunciados.htm
http://www.leymann.se/English/frame.html

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