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9
Capítulo 1
O Serviço Social com grupos
Darlene de Moraes Silveira
Seção 1
A história do Serviço Social com grupos
O Serviço Social chega ao Brasil na década de 1930, com a primeira escola 
criada em São Paulo, em 1936, seguida da escola do Rio de Janeiro, em 1937. 
O surgimento e o desenvolvimento do Serviço Social no Brasil tem sua gênese 
relacionada à negação dos antagonismos oriundos do capitalismo, presentes no 
acelerado processo de industrialização mundial. 
As práticas sociais revestiam-se de ações humanizantes e tinham o sentido da 
minimização desses antagonismos. Práticas contraditórias do Serviço Social, 
assim, considerado “tradicional”, negando os conflitos existentes e atuando 
sem as percepções sócio-históricas de tais condições, realizando processos de 
adaptação, orientação e administrando conflitos mediante “certas técnicas de 
ajuda”.
Para a compreensão do que se qualifica como “Serviço Social tradicional”, 
recorre-se a José Paulo Netto (2005, p. 6), pois o autor apresenta-o 
sumariamente como: 
prática empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada, orientada 
por uma ética liberal burguesa, que, de um ponto de vista 
claramente funcionalista, visava enfrentar as incidências 
psicossociais da ‘questão social’ sobre indivíduos e grupos, 
sempre pressuposta a ordenação capitalista da vida social como 
um dado factual ineliminável. 
book_trabalho_social_com_grupos.indb 9 28/03/16 14:21
10
Capítulo 1 
Com abordagens marcadas pelo atendimento individualizado, as orientações 
voltavam-se para as adaptações dos sujeitos às condições impostas pela 
sociedade capitalista. Diante do avanço da questão social, frutos das relações 
sociais contraditórias, de exploração e de dominação, ampliam-se também as 
demandas para o Serviço Social. Como forma de responder paliativamente a 
essas demandas, o Serviço Social brasileiro adota o trabalho com grupos já em 
vigência, nos países da Europa e da América do Norte, como resposta imediata 
aos dramas e consequências da II Guerra mundial e, assim, influenciando o 
Serviço Social da América Latina. 
Ao apontar o início da abordagem com grupos no Serviço Social brasileiro, 
Faleiros (1985, p. 23), descreve as características destes grupos: 
A partir de 1945, o Serviço Social enfatizou o trabalho com 
grupos, geralmente grupos recreativos e de lazer. Na sociedade 
norte-americana, a finalidade destes grupos era de “democratizar” 
os seus membros, proposição ao nazismo, e resolver problemas 
pessoais de seus membro. Segundo Konopka, os grupos de 
Serviço Social tinham a finalidade de possibilitar a internalização 
dos valores da sociedade norte-americana, por meio da interação. 
Mais tarde os grupos, em Serviço Social, foram utilizados com 
fins terapêuticos, no sentido de melhor adaptação do homem ao 
seu meio.
Na década de 1960, o Serviço Social no Brasil apresentava três métodos, quais 
sejam: atendimento de caso, grupo e desenvolvimento de comunidade. O 
atendimento de caso tratava de atender o indivíduo em busca de uma solução 
imediata para as situações e dificuldades do cotidiano, como desemprego, fome, 
moradia, entre outros. 
Sobre o Serviço Social com grupos, Faleiros (1985, p. 24) escreve que:
Os grupos em Serviço Social são considerados como um 
conjunto de pessoas em integração, por intermédio dos quais 
se busca ‘harmonizar os interesses’, chegar ao consenso, à 
compreensão, a objetivos comuns, dentro do sistema. Estes 
objetivos são avaliados segundo princípios eternos e valores 
imutáveis, como a dignidade do homem e o bem-estar ideal.
O desenvolvimento de comunidade emerge no Serviço Social como uma 
resposta modernizadora com o propósito de trabalho com a população, tendo a 
planificação como a solução para o subdesenvolvimento. Inicialmente, as ações 
ocultavam as contradições inerentes ao avanço do sistema capitalista e de 
urbanização.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 10 28/03/16 14:21
11
Trabalho Social com Grupos 
Esses métodos reduziam as potencialidades da ação profissional, 
mascaravam os fundamentos da sociedade com base capitalista e as 
contradições a ela inerentes. Transformavam o Serviço Social em ações 
fragmentárias e de especializações (assistente social de ‘caso’, ou de 
‘grupo’ ou de ‘comunidade’), desconectando instrumentais e técnicas da 
visão de totalidade e de leitura de contexto social.
No caso do trabalho com grupos, como escreve Moreira (2013, p. 52):
A influência positivista esteve nas reflexões dos profissionais 
de Serviço Social sobre o tema em pauta durante a década de 
1970 e mesmo em meados da década seguinte. O trabalho dos 
agentes de Serviço Social tinha como fim sempre o indivíduo, 
independentemente das ações profissionais realizadas. O viés 
da ajuda circundava notadamente a lógica do trabalho dos então 
chamados ‘assistentes sociais de grupo’. Mas não uma ‘ajuda’ 
nos moldes iniciais da nossa profissão, marcada por ações 
persuasivas e coercitivas. Tais ações deram lugar a umaajuda 
menos autoritária, mas ainda norteadas por vieses conservadores.
Nas décadas seguintes, o Serviço Social brasileiro mergulha em revisões de 
ordem teórica e metodológica, ética e política. As reflexões e necessárias 
revisões envolviam a fragmentação da ação profissional, que se vinculava à 
leitura recortada da realidade social e repercutiam em ações segmentadas. 
Processos interventivos que Iamamoto (1998, p. 55) destaca como “as 
abordagens unilaterais, antes acentuadas, acabaram por provocar um relativo 
afastamento entre o Serviço Social e a própria realidade social, o que explica a 
reiterada proclamação da urgência de um estreitamento de vínculos entre ambos”.
As rupturas, no caso do Serviço Social, envolvem os estigmas e práticas 
repressivas/assistencialistas e as construções - por meio de concepções 
e práticas libertadoras (com suas especificidades). Os pontos norteadores 
dos novos sujeitos sociais correspondem a projeções políticas imbuídas de 
expectativas de democratização da relação entre Estado e sociedade rumo à 
construção de uma ‘nova ordem societária’.
As revisões no Serviço Social não significaram o abandono dos diferentes 
instrumentais de trabalho, entre eles o atendimento individual, o trabalho 
com grupos e de organização comunitária/social. Paulatinamente, a 
ação profissional passou a considerar amplo acervo técnico-operativo, 
porém, com a exigência de sintonia deste com a realidade social em suas 
demandas e necessidades sociais. 
book_trabalho_social_com_grupos.indb 11 28/03/16 14:21
12
Capítulo 1 
A relação do assistente social com o trabalho com grupos vem perpassando a 
história do Serviço Social no Brasil, como escreve Moreira (2013, p. 11), pois: 
O trabalho com grupos é uma prática inerente à cultura 
profissional do assistente social e está presente no trabalho de 
campo desde seus primórdios. Mesmo após todas as mudanças 
pelas quais o Serviço Social brasileiro experimentou - em 
especial com o Movimento de Reconceituação - este instrumento 
permanece ocupando um importante lugar no arsenal técnico-
operativo de seus profissionais. Muitas são as formas de se 
explorar a dimensão político-pedagógica do assistente social 
durante um trabalho grupal.
O trabalho com grupos em Serviço Social também foi ressignificado. Deixou de 
ser um “método” que colocava uma espécie de especialização, tornando o/a 
“assistente social de grupo”, passando a ser mais um importante instrumento no 
processo de intervenção profissional. 
As transformações ocorridas no Serviço Social a partir das décadas de 
1970 e 1980, com a inspiração da teoria social marxista e a forte influência 
dos ensinamentos de Paulo Freire e a educação popular, trouxeram novas 
perspectivas para o trabalho com grupos em Serviço Social.
Já na década de 1990, o Serviço Social com grupos é parte integrante da Lei 
nº 8.662/1993, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras 
providências, com o seguinte texto:
Artigo 4º.Constituem competênciasdo Assistente Social:
(...)
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a 
indivíduos, grupos e à população;
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais 
no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no 
atendimento e na defesa de seus direitos;
(...)
No mundo contemporâneo, o Serviço Social é chamado a contribuir no 
enfrentamento à questão social, preparando-se para tanto. Os novos rumos ético-
políticos, teórico-metodológicos e técnico-operativos (dentre estes o trabalho 
com grupos) sintetizam o alinhamento da profissão com a realidade social. A 
permanente sintonia e qualificação profissional são exigências da realidade social.
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13
Trabalho Social com Grupos 
Sobre este aspecto, Iamamoto (1998, p. 49) escreve que:
Exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua 
competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, 
pesquisa e decifra a realidade. Alimentado por uma atitude 
investigativa, o exercício profissional cotidiano tem ampliadas 
as possibilidades de vislumbrar novas alternativas de trabalha 
neste momento de profundas alterações na vida em sociedade. 
O novo perfil que se busca construir é de um profissional afinado 
com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões 
macroscópicas quanto em suas manifestações cotidianas; um 
profissional criativo e inventivo, capaz de entender o tempo 
presente, os homens presentes, a vida presente e nela atuar, 
contribuindo, também, par moldar os rumos de sua história.
Enfim, o/a assistente social tem o desafio cotidiano de acionar diferentes 
instrumentais de trabalhado, entre eles o trabalho com grupos, 
alinhando-se às demandas da realidade social devidamente integrado com 
os sujeitos (indivíduos e grupos), com os quais interage profissionalmente.
São desafios do Serviço Social brasileiro que devem alinhar-se com os princípios 
fundamentais do Código de Ética, pois é a partir deles que ocorre a constituição 
das orientações para a ação profissional, no sentido que reflete Marilda Iamamoto 
(2001, p. 78):
Os princípios constantes no Código de Ética são focos que 
vão iluminando os caminhos a serem trilhados, a partir de 
alguns compromissos fundamentais acordados e assumidos 
coletivamente pela categoria. Então ele não pode ser um 
documento que se ‘guarda na gaveta’: é necessário dar-lhe 
vida por meio dos sujeitos que, internalizando seu conteúdo, 
expressam-no por ações que vão tecendo o novo projeto 
profissional no espaço ocupacional cotidiano.
Essa sintonia profissional exige a permanente formação e/ou qualificação, 
fundamentando o caráter crítico reflexivo e a proposição das ações que 
envolvem a intervenção do/a assistente social, como determina o Código de ética 
profissional do/a assistente social (1993), entre seus princípios fundamentais: 
compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o 
aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional.
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14
Capítulo 1 
Seção 2
Os grupos e as ações socioeducativas
É na sociedade moderna que o/a homem/mulher aparece como ser histórico. 
Sociedade em que mais se desenvolve o ser social e, contraditoriamente, onde 
há maior alienação.
O homem/mulher compreendidos como ser social são sujeitos da história, 
capazes de autodeterminar-se, de criar suas próprias leis, de ser universal, 
consciente, pertencente ao gênero humano.
Como bem sinalizou Torres (1985, p. 11): “os grupos existem para satisfazer as 
diversas necessidades que os seres humanos possuem e que não poderiam 
resolver sozinhos”.
A sociedade é o conjunto das relações entre homens e mulheres. Seres históricos, 
construtores da história.
Os apontamentos de Marx remetem ao pensamento do/a homem/mulher como 
sujeito da história e consciente, pertencente ao gênero humano. Em ‘A ideologia 
alemã’, apresenta-se a percepção de que:
a produção das ideias, representações, da consciência está a 
princípio diretamente entrelaçada com a atividade material e o 
intercâmbio material dos homens, linguagem da vida real [...] 
os homens são os produtores das suas representações, idéias, 
etc. [...[ a consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser 
consciente, e o ser dos homens é o seu processo real de vida.( 
Marx 1981, p. 29).
O pensamento com bases históricas e materialistas reporta à reprodução do 
ser social, que se faz por meio do próprio homem/mulher. Assim, tudo o que diz 
respeito ao homem deve ser analisado aqui historicamente, a partir da percepção 
do real. Tudo o que se quiser investigar está pautado na história, sem 
recorrer ao transcendente. 
O/a homem/mulher estão carregados da dinâmica da sociedade, do seu 
tempo e apreendendo seus fenômenos. Ser histórico não é apenas saber 
que os fenômenos e suas determinações existem, mas constitui também 
ir à gênese desses fenômenos – determinações fundantes. Para além do 
acompanhamento da constituição histórica dos fenômenos, é preciso identificar 
sua processualidade.
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15
Trabalho Social com Grupos 
Para Marx, o ser social se desenvolve de forma progressiva, distanciando-
se, no entanto, da concepção linear e evolutiva, é parte da riqueza humana, 
que é critério para se pensar a ética e o pleno desenvolvimento de todas as 
potencialidades e capacidades do ser humano, como a sociabilidade, e a 
liberdade. O ser humano é genérico e universal. Também envolve a consciência, 
os desejos (subjetividade) e o conhecimento.
Assim, a liberdade é valor e capacidade. A liberdade se torna valor mediante a 
capacidade dos homens de se conscientizarem da sua capacidade. Capacidade 
de realizar escolhas entre alternativas viávei,s com o propósito de responder 
suas necessidades. A liberdade está intrinsecamente vinculada à capacidade de 
escolha, não há escolha sem as alternativas, e somente se tem alternativas se 
o homem/mulher constituí-las. A liberdade é condição ontológica da existência 
do/a homem/mulher - ser social. E é sobre essa liberdade que o Código de 
Ética profissional do/a Assistente Social concebe ao prever entre seus princípios 
fundamentais ao contemplar “reconhecimento autonomia, emancipação e plena 
expansão dos indivíduos sociais”.
Ao se referir sobre a libertação, Marx & Engels (1981, p. 32) expõem “[...] que 
não é possível conseguir uma libertação real a não ser no mundo real e com 
meios reais [...] a libertação é um acto histórico, não um acto do pensamento, e é 
efetuada por realções históricas [...]”. 
A sociabilidade corresponde à compreensão de que o/a homem/mulher é um ser 
que existe em relação a outros homens/mulheres. É um ser que ao mesmo tempo 
é produto e produtor de suas condições históricas na relação social com outros 
homens/mulheres.
A consciência, ainda na visão de Marx (1981, p. 30): “Não é a consciência que 
determina a vida, é a vida que determina a consciência”. O autor ressalta ainda 
que “a consciência é, pois, logo desde o começo, um produto social, e continuará 
a sê-lo enquanto existirem homens” (1981, p. 39).
Ao compreendermos o grupo como espaço de vivências, de aprendizagens 
coletivas, o homem/mulher nele inseridos tem a oportunidade de socializar 
experiências e ensinar/aprender reciprocamente.
O grupo, na abordagem deste texto, torna-se a expressão da percepção do ser 
social na sua totalidade, envolvendo a razão, as aprendizagens, a emoção e suas 
vivências cotidianas. Isso perpassado por procedimentos, fundamentos teórico-
metodológicos que orientam ações técnico-operativas carregadas da dimensão 
lúdica do encontro com os indivíduos que passam a compor o grupo, interagindo 
com a perspectiva educativa.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 15 28/03/16 14:21
16
Capítulo 1 
Retomando a dimensão educativa do trabalho com grupo, importa saber que ela 
pode ocorrer no sentido ampliado como: as reuniões,encontros, assembleias, 
encontro com uma família, entre outros. 
O encontro entre os indivíduos de forma sistemática, mediante objetivos 
compartilhados, gerando interações sociais, é um fértil campo para desencadear 
experiências educativas.
Transformar os encontros do cotidiano em espaços de experiências 
educativas é o desafio colocado ao Serviço Social na relação com grupos. 
Passam a ter esse caráter quando os indivíduos assumem sua condição de 
sujeitos, apropriando-se da realidade e paulatinamente interferindo nela.
Seguindo nesse viés, encontramos apoio em Paulo Freire (1985, p. 30), ao 
destacar que:
Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar 
hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. 
Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um 
mundo próprio. 
Considerando o aporte teórico-metodológico do Serviço Social, o trabalho com 
grupos envolve a atividade continuada de trocas entre seus componentes e a 
difusão de conhecimento, de forma a contribuir para um processo educativo a 
partir das experiências e do conhecimento dos sujeitos.
O processo educativo na organização de grupos é perpassado pelo caráter 
democrático e participativo, proporcionando novas percepções da realidade 
e das formas como nos relacionamos com ela. Paulo Freire (1985, p. 86) 
ressalta que assim “nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa 
incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que 
simplesmente a de nos adaptar a ela”.
O que realmente importa ao pensarmos sobre o Serviço Social com grupos é 
valorizar o encontro do grupo como espaço educativo, onde os indivíduos 
passam a ter a oportunidade de novas experiências e novas relações em 
sociedade. É um espaço que envolve a ressignificação dos valores e percepções 
do mundo. O grupo é também espaço de prazer, pois todo o processo educativo, 
de aprendizagens para a vida social, também se configura, ou, assim deve ser, de 
forma prazerosa, contemplando, desse modo, todas as dimensões do humano. 
Reafirmamos, com Rubem Alves, que “só aprendemos aquelas coisas que nos 
dão prazer e é a partir da sua vivência que surgem a disciplina e a vontade de 
aprender”.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 16 28/03/16 14:21
17
Trabalho Social com Grupos 
Assim, chamamos a atenção para o desenvolvimento de atividades 
perpassadas pela dimensão lúdica, gerando as condições adequadas para 
o harmonioso funcionamento do grupo. Ao oportunizar a integração grupal, 
o relaxamento, a confiança mútua entre os componente do grupo cria-se 
um ambiente acolhedor, que possibilitará a socialização das vivências, 
os novos aprendizados, as trocas e as mudanças necessárias para a 
concretização dos acessos (às políticas de direitos) e da humanização do/a 
homem/mulher.
Ao assistente social que trabalha com grupos, segue-se a perspectiva de Freire 
(1996, p. 81) ao escrever que:
Como educador preciso ir ‘lendo’ cada vez melhor a leitura do 
mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de 
seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte. O que 
quero dizer é o seguinte: não posso de maneira alguma, nas 
minhas relações político-pedagógicas com os grupos populares, 
desconsiderar seu saber de experiência feito. Sua explicação do 
mundo de que faz parte a compreensão de sua própria presença 
no mundo. E isso tudo tem vem explicitado ou sugerido ou 
escondido no que chamo ‘leitura do mundo’ que precede sempre 
a ‘leitura da palavra’.
Essa perspectiva auxilia a reduzir resistências e na superação das inseguranças 
nas relações entre os componentes do grupo. Cabe ao Serviço Social o fomento 
à condição autônoma do/a homem/mulher, na mesma direção do pensamento 
de Freire (1996, p. 59) “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é 
imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”.
Ao dispor de técnicas e dinâmicas de grupo, é possível potencializar a qualidade 
das relações entre os indivíduos, o encontro do indivíduos consigo mesmo e a 
profusão de novos conhecimentos. 
Nesse sentido, a abordagem de Freire (1996, p. 69) converge com essa 
perspectiva, ao abordar que:
Mulheres e homens, somos únicos seres que, social e 
historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, 
somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, 
algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir 
a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar 
para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura 
do espírito.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 17 28/03/16 14:21
18
Capítulo 1 
O desenvolvimento de grupos, como instrumentos em Serviço Social, é mediado 
por técnicas que deve oportunizar processos de conscientização e de autonomia 
aos sujeitos que dele fazem parte. A atenção do/a assistente social é para o 
alinhamento ao projeto ético político profissional em sintonia com as demandas e 
interesses do grupo. Nesse sentido, o trabalho com grupos não se restringirá ao 
grupo isolando-o do contexto territorial e social. Tal qual prevê os fundamentos 
do Serviço Social, a dimensão da totalidade e a dialeticidade das relações sociais 
devem perpassar o trabalho social.
O trabalho social dirige-se, portanto, à possibilidade de os sujeitos se 
descobrirem como tal, assim como o reconhecimento de sua identidade social e 
valores, construindo vivências novas e refletindo sobre as experiências.
Essa não é tarefa de fácil execução, pois a sociedade com seu traços capitalistas 
tem suas marcas na competição, no individualismo e no descompromisso de 
uns pelos outros. Contrariando essa perspectiva, o trabalho social com grupos 
oportuniza o ‘encontro’ e a dimensão do ser eminentemente ‘social’.
Seção 3
A dimensão ético-política e técnico-operativa 
do trabalho com grupos
Ao pensarmos o Serviço Social com grupos, partimos da compreensão de grupo 
como um conjunto de pessoas que interagem conjuntamente e compartilham os 
mesmos objetivos. A ação conjunta reflete o aspecto relacional entre as pessoas 
que compõem o grupo.
Para avançarmos nas definições de grupo, recorremos a Wefort citandoPichon-
Riviere eLewin.
A abordagem trazida por Wefort (1994, p. 16) lembra a concepção de Pichon-
Riviere, ao tratar de grupo:
Quando um conjunto de pessoas movidas por necessidades 
semelhantes se reúnem em torno de uma tarefa específica. No 
cumprimento de desenvolvimento das tarefas, deixam de ser um 
amontoado de indivíduos, para cada um assumir-se enquanto 
participante de um grupo com um objetivo mútuo.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 18 28/03/16 14:21
19
Trabalho Social com Grupos 
Para Lewin (1989, p. 48) a formação de um grupo emerge:
A partir do momento que temos três ou mais pessoas se 
comunicando e trocando informações podemos dizer que elas 
estão se movimentando, aprendendo, e se há uma interação há a 
dinâmica. Portanto, para o autor, a dinâmica de um grupo é o seu 
movimento.
São abordagens que convergem na percepção de que o grupo passa a existir 
a partir do encontro de pessoas e quando essas apresentam interesses e/ou 
objetivos comuns num movimento que acompanha a vida em sociedade.
O Serviço Social associa-se a essa percepção, sintonizando o agrupamento de 
pessoas, suas características e interesses individuais, alinhadas ao propósito 
coletivo (construção de objetivos de grupo) com a realidade social. 
É a compreensão de que um grupo é uma totalidade dinâmica (não é abstrato), 
autônoma e compõe um determinado contexto social. Deve ser compreendido 
em razão desse contexto e das ideologias que o cercam (do nível conceitual, 
cultural, simbólico e de expectativas expressas pelo grupo).
É importante destacar o que escreve Moreira (2013, p. 47):
Compactuamos com a concepção gramsciana de que cultura e 
política são elementos indissociáveis. A cultura de determinados 
grupos sociais é, portanto, a base fundante do direcionamento 
político que estes empenham em suas ideias e ações. Os 
arcabouçosculturais dos segmentos apresentam-se no terreno 
da prática como resultantes das variadas formas de inserção às 
quais esses grupos foram submetidos e se postaram no curso 
dos processos sócio-históricos.
O trabalho com grupos exige o ordenamento dos aspectos ético-político, teórico-
metodológico e técnico-operativos da profissão. Exige ações planejadas, 
acompanhadas e com avaliação sistemática, em busca do desenvolvimento 
de habilidades, de flexibilidade pedagógica e de dinamismo para o 
reconhecimento do desenvolvimento do processo grupal.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 19 28/03/16 14:21
20
Capítulo 1 
Ao tratar do Serviço Social com grupos, MIOTO (2009, p. 507-508)) escreve que:
A formação de grupos é altamente recomendável porque permite, 
por meio da reunião de diferentes sujeitos, a realização do 
processo educativo de forma coletiva. Tanto nas reuniões como 
nos encontros individuais (entrevistas), que são s instrumentos 
utilizados para a abordagem dos sujeitos, o desenvolvimento do 
processo educativo se faz com a utilização de inúmeros recursos. 
Esses incorporam técnicas de dinâmica de grupo, recursos 
audiovisuais, técnicas de reconhecimento do território, entre 
outras (...) todo o seu percurso necessita de planejamento e 
avaliação sistemática. 
Independentemente dos recursos educativos para a interação com o grupo, o 
planejamento das ações, definindo o caminho educativo com os sujeitos do 
grupo, é fundamental para o processo interventivo do/a assistente social.
E o planejamento é parte singular da ação profissional, tal qual escreve BAPTISTA 
(2000; p. 13) sobre a abordagem do planejamento social:”na perspectiva lógico-
racional, refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional 
e científica de questões que se colocam no mundo social [...] supõe ação 
contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento 
histórico”. Para a autora, “ a dimensão política do planejamento decorre do fato 
de que ele é um processo contínuo de tomada de decisões, inscritas nas relações 
de poder, o que caracteriza ou envolve a função política” (Baptista, 2000; p. 17).
Ao apresentar uma definição de planejamento social, Baptista (2000, p. 14), 
focaliza-o como uma “ferramenta para pensar e agir dentro de uma sistemática 
analítica própria, estudando as situações, prevendo seus limites e suas 
possibilidades, propondo-se objetivos, definindo-se estratégias”.
A abordagem sobre o planejamento social remete-nos inicialmente à perspectiva 
de mudança social, pois mais do que a organização técnica das ações está 
contida a melhoria ou consecução das ações desejadas e compartilhadas com os 
sujeitos, componentes de grupos, envolvidos com a ação profissional.
O Serviço Social desenvolve o processo de trabalho na perspectiva de mudança 
social, porém, a mudança só se efetiva quando emerge do próprio grupo.
O trabalho com grupos exige a compreensão diagnóstica do sujeito indivíduo 
e do grupo, para além das questões imediatas ou emergentes. Trata-se de 
conhecer a realidade de cada indivíduo e da trajetória de formação do grupo. Tem 
o propósito de subsidiar o/a assistente social em busca de proposições as quais 
serão a base do diálogo com o grupo.
book_trabalho_social_com_grupos.indb 20 28/03/16 14:21
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Trabalho Social com Grupos 
O conhecimento do grupo e da realidade que o envolve é um processo 
cumulativo, dinâmico e de participação coletiva permeada por aproximações 
sucessivas. O diagnóstico deve articular as informações diretamente 
vinculadas aos componentes do grupo, ao contexto territorial e determinações 
macroeconômicas e sociopolíticas. 
O Serviço Social com grupos envolve a definição de finalidades, de atribuições 
e de papéis a partir da realidade de cada grupo. O trabalho com grupos não se 
inscreve em modelos pré-concebidos.
Ressaltamos o que escreve Mioto (2009, p.):
É importante assinalar que as ações socioeducativas se 
constituem como processos que se constroem e se reconstroem 
continuamente, não existindo modelos pré-definidos. Porém, 
para desenvolvê-las, é necessário estabelecer um alto grau de 
coerência entre a direção teórico-metodológica e ético-política e 
a definição dos objetivos e dos procedimentos operativos. 
Esse passa a ser um desafio constante para o/a assistente social, a compreensão 
de permanente reflexão sobre a realidade de cada grupo, assim como de cada 
movimento do grupo nos diferentes tempos de formação dele.
A atribuição fundamental do profissional de Serviço Social é o de ser um 
facilitador para o grupo. Essa atribuição é compartilhada com os integrantes do 
grupo.
Partindo dessa percepção, recorre-se a Martinelli (1998, p. 149) ao abordar que 
o/a assistente social deve:
Saber estabelecer uma nova relação com a profissão tendo 
presente que quem produz a prática são os sujeitos sociais 
dela participantes - agentes institucionais e usuários - e quem a 
legitima são exatamente esses usuários e não os mandantes e/ou 
contratantes da prática.
O/a assistente social atua nas lutas sociais em defesa da consolidação e 
ampliação dos direitos sociais e da cidadania, e a agenda de trabalho com 
grupos deve ser perpassada por essa percepção, prescrita pelo Código de 
ética profissional do/a assistente social (1993), cujo conteúdo nesse viés é aqui 
destacado em parte: “defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do 
arbítrio e do autoritarismo; ampliação e consolidação da cidadania, considerada 
tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis 
sociais e políticos das classes trabalhadoras”.
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Capítulo 1 
Entende-se a cidadania como algo que deve ser conquistado e não apresentado 
aos sujeitos. A cidadania não se encontra garantida pelos direitos básicos, mas 
sim pela apropriação de si mesmo enquanto sujeitos de direitos, que tem nas 
mãos a responsabilidade de fazer história.
Há uma dimensão educativa na ação profissional do/a assistente social, como 
escreve Martinelli (1998, p. 147) ao conceber a prática educativa:
Toda a prática social concebida na perspectiva que estamos 
anunciando é verdadeiramente uma prática educativa: é a 
expressão concreta da possibilidade de trabalharmos com os 
sujeitos sociais na construção de seu real, de seu viver histórico. 
É uma prática que se despoja da visão assimétrica dos sujeitos 
com os quais trabalha e que se posiciona diante deles como 
cidadãos, como construtores de suas próprias vidas. É, portanto, 
prática do encontro, da possibilidade do diálogo, da construção 
partilhada.
Nessa direção, encaminha-se o trabalho do/a assistente social com 
grupos, buscando promover ações fundamentadas no aporte teórico-
metodológico e ético-político do Serviço Social, fortalecendo a cidadania e 
a possibilidade de emancipação dos sujeitos. 
Nas palavras de Freire (1985, p. 30), “quando o homem compreende sua 
realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar 
soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo 
próprio”.
Ao prever o trabalho social com grupos, faz-se necessário retomar o pensamento 
de Iamamoto (1998, p. 24) sobre o objetivo do Serviço Social nos seguintes 
termos:
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas 
mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos 
as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, 
na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que 
sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que 
vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta 
tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia 
e da resistência que trabalham os assistentes sociais, situados 
nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais 
não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em 
sociedade, [...]... a questão social, cujas múltiplas expressões são 
o objeto de trabalhocotidiano do assistente social.
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Trabalho Social com Grupos 
Um dos desafios na prática profissional é de separar, na prática, a elaboração 
de planos de intervenção da relação com o sujeito indivíduo e o grupo, assim 
como com o contexto comunitário ou organizacional. Na prática, significa que 
os indivíduos devem participar de todo o processo de planejamento das ações 
nas mais variadas dimensões da vida social e de políticas sociais, tais como: a 
educação, a saúde, assistência social, a política ambiental, trabalhando com 
grupos de idosos, de crianças, de gestantes, pessoas se preparando para a 
aposentadoria, grupos de famílias, de mulheres, entre outros. 
A construção da identidade de cada grupo vai delimitar o acervo temático e a 
agenda de trabalho. Cabe ao assistente social desenvolver debates e atividades 
sobre temas inerentes ao cotidiano do grupo de forma acolhedora e afetiva, sem 
perder a perspectiva fundante do Serviço Social e a intencionalidade política no 
processo de planejamento das ações. Trata-se de contemplar de forma coletiva 
as questões que envolvem o cotidiana dos indivíduos, porém, sem subtrair a 
atenção individualizada. 
Sobre este tema envolvendo o trabalho do/a assistente social com grupo, Moreira 
(2013, p. 110) concebe que “o trabalho com grupos aparece assim com o intento 
de deslocar para o âmbito da coletivização questões que são comumente 
individualizadas”.
O/a assistente social e os componentes do grupo estão numa relação dialógica, 
onde todos têm a possibilidade de expor-se à mudança em meio ao caminho 
percorrido de interação entre o profissional e os sujeitos do trabalho social 
(componentes do grupo).
Ratificando essa perspectiva, retoma-se o pensamento de Moreira (2013, p. 117) 
ao escrever que:
Ao profissional comprometido com os processos pedagógicos 
de caráter emancipatório cabe a tarefa permanente de dialogar, 
que por sua vez implica na disposição de falar e ouvir, de dar 
voz e vez, em uma reflexão individual e grupal, possibilitando a 
elaoração e o fortalecimento de culturas centradas em valores 
solidários e coletivos. É justamente a incidência no campo do 
conhecimento, dos valores, dos comportamentos, ou seja, no 
campo da cultura, que se alargam as possibilidades para o 
assistente social colocar-se na função de um intelectual capaz 
de possibilitar ao usuário a percepção de contradições que se 
apresentam na realidade devidamente fetichizada por influência 
da ação da ideologia.
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Capítulo 1 
As informações devem circular, ocorrer as trocas, possibilitando a descoberta 
de significados comuns. Essa é a atitude que considera o grupo com efetiva 
capacidade de, com a devida orientação, construir as alternativas para a 
superação das dificuldades e/ou caminhar rumo a novas oportunidades e 
conquistas.
Tal desafio colocado aos assistentes sociais exige buscas teóricas, aprofundadas 
e incorporadas às observações e práticas, conforme Freire (1985, p. 11): “pensar 
a prática é, por isso, o melhor caminho para pensar certo”. As ações envolvem 
estudo e qualificação permanente dos profissionais, refletindo sobre os limites, 
possibilidades e desafios do contexto socioeconômico-cultural que envolve cada 
componente do grupo e o movimento do mesmo.
O profissional de Serviço Social deve estar atento para o desenvolvimento 
de habilidades, como a comunicação, a criatividade envolvendo técnicas e 
dinâmicas de grupo.
Para Iamamoto (1998, p. 20), cabe ao assistentes sociais a função propositiva, 
assim expressa pela autora:
Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente 
é desenvolver a capacidade de decifrar a realidade e construir 
propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar 
direitos, a partir de demandas emergente no cotidiano. Enfim, ser 
um profissional propositivo e não só executivo.
As mediações que surgem no acompanhamento aos grupos são direcionadas 
para a transformaçãoda relação do/a homem/mulher com a natureza. A 
consciência se amplia, a criatividade aflora, voltando para o/a homem/mulher a 
compreensão de que ele/ela pode transformar a natureza, que possui capacidade 
para tal.
Os contatos e orientações com o grupo devem ocorrer com base 
na compreensão de liberdade e pela postura democrática, sem 
com isso escorregar em práticas espontaneístas. 
Nesse sentido, o/a assistente social envolve-se no processo educativo tal qual 
preconiza Freire (1985, p. 35) ao se referir que o educador quando “democrático, 
no processo, na prática educativa, vai substituir a indução pela colaboração 
crítica e consciente do educando”.
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Trabalho Social com Grupos 
Sobre esse aspecto, Martinelli (1998, p. 149) destaca que:
É indispensável que o profissional tenha claro que em toda a 
prática há um espaço de criatividade a ser explorado, há vias de 
transformação a serem acionadas. Nenhuma prática é um bloco 
monolítico, impenetrável, sempre há caminhos críticos, vias de 
superação a serem trilhadas, porém a verdade é que só são 
encontrados por quem os procura pacientemente, por quem os 
constrói corajosamente.
O processo de trabalho do Serviço Social envolve a identificação e o acionamento 
das habilidades pessoais e do grupo. Retoma-se a dimensão crítica, criativa e de 
iniciativa do/a assistente social, com base nos fundamentos da profissão.
O trabalho com grupos é direcionado de forma a estimular/oportunizar espaços 
para fluir as habilidades e a criatividade dos componentes do grupo, com 
o propósito de contribuir para a evolução do grupo, tanto no sentido de 
desenvolvimento dos indivíduos como do grupo, como parte de um determinado 
território. 
O processo de trabalho deve contemplar não só as relações intragrupo, mas 
também intergrupos, articulando as demandas dos grupos com as demais 
necessidades territoriais e de contexto social, na direção do acesso a serviços e 
políticas de atenção direta ao grupo. 
Os avanços advindos da ampliação do acessos dos componentes do grupo 
aos serviços, programas e projetos sociais materializam novos patamares de 
dignidade na convivência social, como prescreve o Código de ética profissional 
do/a assistente social (1993) em um de seus princípios: “posicionamento em 
favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos 
bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão 
democrática”.
Princípios ético-políticos que balizam a os/as assistentes sociais, pois coadunam 
com o ético-político profissional, que está imerso no movimento dialético, 
envolvendo o contexto societário em suas dimensões econômica, política e 
culturais, sinalizando alternativas às necessidades sociais.
A participação dos usuários no grupo, influindo e compondo o poder decisório 
sobre os rumos de desenvolvimento do grupo, reflete intencionalidade política 
e se expressa na defesa da democracia, assim como na gestão democrática do 
grupo. Tal posicionamento remete ao posicionamento em favor da equidade e da 
justiça social, pois não se pode conceber uma sociedade democrática sem que 
se estenda o acesso aos bens e serviços e à noção de interesse público. 
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Capítulo 1 
Para Vieira (2004, p. 134), a “sociedade democrática é aquela na qual ocorre real 
participação de todos os indivíduos nos mecanismos de controle de decisões, 
havendo, portanto, real participação deles nos rendimentos de produção”.
A democracia aproxima-se inevitavelmente do entendimento de justiça social, 
e equidade de acesso, participação, usufruto e produção dos bens e serviços 
gerados na sociedade. Nesse sentido, Chauí (1997, p. 194) considera que “a 
questão democrática implica, pois, criar condições para que o cidadão seja 
soberano e interfira realmente nas decisões sociais e econômicas atravésdos 
órgãos de decisão política”.
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