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Rumo-À-Masculinidade

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Tradução e divulgação sem fim comercial, visando apenas partilhar o 
conhecimento benéfico aos que se interessam pelo assunto tão pouco 
explorado em língua portuguesa. 
Tradução e Adaptação: Mestre Sábio 
Cedido gentilmente para divulgação desde que feito de forma gratuita, 
preservado seu conteúdo de forma inalterada. 
Visto em: Bússola Masculina 
 
rumo à 
masculinidade 
retomando a jornada 
 
alan medinger 
 
 
 
 
 
http://www.bussolamasculina.com/
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Às mulheres em minha vida que me abençoaram além de qualquer medida. Ser um filho, um marido e um pai para você 
é propósito o suficiente para minha masculinidade. 
Com profunda gratidão por todo o seu amor e paciência: Enid, minha amada e finada mãe, Willa, minha preciosa esposa, 
e Laura e Beth, minhas lindas filhas.
índice 
 
Índice ................................................................................................................................4 
Agradecimentos ................................................................................................................5 
Prefácio .............................................................................................................................6 
1. A jornada ................................................................................................................9 
2. Crescer na masculinidade: essencial para a cura ................................................16 
3. Como um homem se desenvolve ........................................................................24 
4. O que aconteceu de errado em nossas vidas? .....................................................36 
5. É possível para nós, hoje? ...................................................................................46 
6. O que é um homem? ............................................................................................57 
7. Compreendendo o masculino ...............................................................................68 
8. O que os homens fazem .......................................................................................76 
9. Fazendo as coisas que os homens fazem ............................................................90 
10. As qualidades de um homem .............................................................................101 
11. Superando os obstáculos ...................................................................................116 
12. Superando o passado ........................................................................................126 
13. Você é aceito ......................................................................................................138 
14. Relacionando-se com mulheres .........................................................................142 
15. Relacionando-se sexualmente com mulheres ....................................................152 
16. Masculinidade plena ...........................................................................................160 
 
Apêndice A – 
reflexões sobre vinte e cinco anos de cura: a história de Alan Medinger.......................165 
Apêndice B – 
a coisa mais importante que você pode fazer para amadurecer na masculinidade.......170 
agradecimentos 
Um homem não amadurece na masculinidade sozinho. Ele precisa de pessoas que o encorajem, 
bons exemplos, e amigos. A mesma coisa acontece com o trabalho formidável que é escrever um livro. São 
necessárias pessoas que dêem ânimo, o apoio de outros que já realizaram o mesmo trabalho, e amigos que 
o suportem ao longo da jornada. Eu fui abençoado com cada um desses, em abundância. 
Minha profunda gratidão aos que demonstraram um dom especial como encorajadores em minha 
vida, meu ministério, e meu trabalho como escritor: Tom Bisset, Frank Watson, Dean Schultz, e Bob 
Davies, homens que sempre acreditaram em mim, e sempre expressaram isto em voz alta quando eu mais 
precisava ouvir. Obrigado também a Joan Guest de Harold Shaw, o grande responsável por fazer este livro 
ser publicado. Agradeço especialmente àquela que talvez seja minha maior apoiadora, minha esposa, Willa. 
Agradeço a Deus pelos homens que ele colocou em minha vida como modelos a ser seguidos. No 
ministério, fui abençoado com a possibilidade de testemunhar o serviço firme e fiel de homens como Frank 
Worthen, Ron Scates, Richard Lipka, Phillip Zampino, Rick Wright, e Ed Meeks. Em minha jornada rumo 
à masculinidade, Deus me deu modelos de masculinidade cristã em Bob Chase, Bruce McCutcheon, Kevin 
Mulligan, e David Keating. Vocês nunca saberão o quanto eu aprendi de vocês. 
Ninguém poderia crescer como homem ou desenvolver um ministério sem o suporte de queridos 
amigos. Mais uma vez, meu cálice transborda. Agradeço em especial à equipe do Regeneração: Jeff 
Johnston, Bob Ragan, Lani Bersch, Kris Svensson, Josh Glaser, Laura Suffecool, e Marcie Schuett – meus 
amigos e colegas – que foram tão pacientes durante os longos meses para escrever este livro; à minha velha 
turma do colégio, que viram os meus piores lados e continuaram a me amar; e aos amigos especiais Jack e 
Sue O'Neill, e Marty e Penny Hylbom. 
Finalmente, agradeço a todos meus colegas de trabalho no Exodus e nos ministérios relacionados, 
que me inspiraram através do seu ensino e escritos, com quem compartilhei esta maravilhosa jornada de 
descobrir os planos de Deus para libertar homens e mulheres do homossexualismo: Anita Worthen, 
Leanne Payne, Andy Comiskey, Joe Nicolosi, e Joe Dallas, e todos os diretores de ministérios Exodus com 
quem colaborei nos últimos vinte anos. Minha oração é que este livro complemente e suporte o incrível 
trabalho que vocês fizeram e têm feito.
prefácio 
Era uma sala na qual eu havia estado, pela última vez, quarenta anos antes. Quando eu estudava na 
Universidade John Hopkins, era o refeitório dos dormitórios. Agora, era uma sala de reunião para 
organizações estudantis. Nesta tarde de sexta-feira, estava sendo utilizada pelo grupo da Associação Cristã 
Hopkins InterVarsity. Dois dos seus líderes haviam se envolvido em uma controvérsia a respeito de 
homossexualismo, e antes que a discussão se estendesse aos membros da comunidade gay do campus, os 
estudantes cristãos queriam se informar melhor a respeito do assunto. Eu fui um dos palestrantes 
escolhidos. Não apenas eu havia sido aluno da escola, mas era o fundador e diretor do Regeneração, um dos 
mais antigos e maiores ministérios "ex-gay" da rede mundial de ministérios Exodus para homens e 
mulheres buscando superar a homossexualidade. 
Ao longo dos anos, muitas coisas haviam mudado, além da sala. A universidade tinha crescido 
muito, e o corpo estudantil era muito mais diverso. Na minha época, metade dos estudantes eram rapazes 
da cidade de Baltimore estudando em Hopkins, não apenas porque era uma boa escola, mas porque nossos 
pais não poderiam pagar uma mudança para estudar mais longe. Agora, uma parcela relativamente reduzida 
dos estudantes era de Baltimore. Quando eu estudava lá, os alunos eram todos homens e maioria deles, 
brancos. Esquadrinhado os rostos dos mais de cem estudantes reunidos naquela noite de sexta, os rapazes 
brancos eram minoria. Nos anos 50, não existiam organizações como o grupo InterVarsity. Para a maioria 
de nós, um cristão era uma pessoa boa – como eu – que ia à igreja. Isso era tudo que tínhamos em comum, 
portanto não havia muita razão para fundar uma organização. 
Mas para mim, pessoalmente, as mudanças na universidade, na sala e no corpo estudantil, eram 
secundárias. Parado lá, pensei no jovem que havia estado naquela sala há tantos anos atrás; um jovem em 
escravidão secreta à homossexualidade, um „nerd‟ que de alguma forma entrou em uma fraternidade, mas 
vivia com terror de que seus irmãos descobrissem sua verdadeira natureza, alguém que já era um mestre em 
levar uma vida dupla, um homem religioso, mas que não conhecia ao Senhor.Agora, aqui estava eu, 39 anos 
depois, um cristão, um marido, um pai, um avô, um homem confortável com sua masculinidade, apto para 
compartilhar com alegria e confiança o que Deus havia feito em minha vida. 
Por mais vibrante que fosse experimentar este extraordinário contraste, minha alegria e entusiasmo 
se elevaram ainda mais ao perceber algo. No momento em que eu estava de pé diante do grupo InterVasity 
da Hopkins, a 40 quilômetros dali, em frente a um grupo InterVasity muito maior na Universidade de 
Delaware, estava Estevão Medinger, meu filho. Estevão, um calouro em Delaware, era um dos líderes do 
grupo cristão e co-liderava as reuniões de sexta à noite. Estevão nasceu 18 meses depois de minha 
libertação da homossexualidade. Pai e filho: nunca essa frase teve tanto impacto em mim. 
Logicamente, eu compartilhei com o grupo de Hopkins a história dos meus 17 anos de atividade na 
homossexualidade, meus esforços frustrados para mudar a mim mesmo, e minha dramática conversão e 
libertação da escravidão sexual que havia sido parte de minha homossexualidade. Não havia tempo para 
compartilhar com eles as outras profundas mudanças que haviam ocorrido nos anos após minha 
conversão, mudanças que eu podia ver tão claramente naquela noite, mudanças que me haviam trazido à 
plenitude de minha masculinidade. 
Este não é um livro de testemunho (embora meu testemunho esteja incluído como apêndice A para 
aqueles interessados), mas muito do que direi aqui é baseado em minha própria experiência de crescimento 
e amadurecimento na masculinidade, um processo que praticamente parou quando eu era um adolescente e 
que não recomeçou até depois de minha conversão, aos 38 anos. 
Nós vamos examinar o quanto a homossexualidade masculina é, em seu âmago, uma questão de 
masculinidade subdesenvolvida, e como a cura verdadeira requer que cresçamos – mesmo como adultos – 
em nossa masculinidade. Vamos examinar como um menino normal amadurece em sua masculinidade, e o 
que aconteceu de errado conosco. Uma das mensagens centrais deste livro é que qualquer homem pode 
amadurecer para uma masculinidade completa, confortável e plena. Eu descreverei como isto pode 
acontecer – mesmo agora. Existem dois princípios que estarão guiando tudo isto. O primeiro é que cada 
homem precisa passar por determinados estágios de desenvolvimento; não há atalhos para a maturidade. Se 
não chegamos a passar por estes estágios quando meninos, precisaremos passar agora. O segundo princípio 
é que a masculinidade é, em grande parte, uma questão de fazer, e iremos crescer ao fazer as coisas que os 
homens fazem. 
No caminho, vamos pensar no que um homem é, qual é o significado do masculino, e o que os 
homens fazem – não apenas no sentido cultural, mas o que os homens fazem que reflete sua masculinidade 
universal, criada por Deus. Como não estamos procurando simplesmente uma masculinidade genérica, 
iremos percorrer as qualidades especiais que Deus implantou nos homens, que ele gostaria de ver 
manifestas em nós. Ao pensarmos nisto, creio que seu desejo por desenvolver sua própria masculinidade irá 
começar a remover os seus desejos homossexuais restantes, de possuir a masculinidade de outro homem. 
Como a jornada rumo à masculinidade não é nada fácil, iremos prestar muita atenção nos 
obstáculos que são encontrados na estrada rumo a este alvo, e como podem ser superados. Não se 
desespere antes de ler esta parte. Conforme você pensa em todas as razões pelas quais você se desviou do 
processo de crescimento quando adolescente, e percebe que muitas delas ainda estão presentes hoje, pode 
ser tentador jogar as mãos para cima e declarar que, se você não conseguiu fazer a jornada antes, também 
não irá conseguir agora. Mas você pode; as coisas são diferentes, agora. Quero mostrar a você como. 
Eu não compreendia exatamente o que Deus estava fazendo quando recomecei a amadurecer para 
a masculinidade. Muitas vezes, ele me concedeu oportunidades para crescer, e eu lutei contra com toda a 
força. Isto tornou o meu processo extremamente devagar. Minha esperança é que este livro possa supri-lo 
com algumas diretrizes que façam a sua própria jornada mais rápida. 
Este não é um livro completo sobre como vencer a homossexualidade. Você precisará de uma 
compreensão mais ampla da homossexualidade do que a que é dada aqui, e a maioria dos leitores precisará 
também passar por um processo de cura, que envolve oração e aconselhamento. Outras pessoas 
escreveram sobre estes assuntos. Este livro envolve um aspecto da homossexualidade – crescimento e 
maturidade – um assunto que não vejo como coberto completamente pelo que outros escreveram, mas que 
estou convencido de que é essencial para a cura verdadeira da homossexualidade. 
 
1 
a jornada 
A estrada rumo à masculinidade é longa. É uma estrada de constante aprendizado, de tentativas e 
falhas, de novas tentativas, de vitórias e derrotas. A maioria dos rapazes nem está consciente de que está 
trilhando essa estrada, e poucos percebem quando alcançam seu objetivo principal; a grande maioria, 
porém, consegue chegar ao fim, com sucesso. Para a maioria dos homens, leva o tempo desde a concepção 
até a juventude para que alcancem um ponto em que, em um nível profundo, interno e indescritível, eles 
sabem que são homens. Eles podem não estar plenamente satisfeitos com a qualidade de sua 
masculinidade, mas não têm nenhuma dúvida de que são homens; e aconteça o que acontecer, estarão aptos 
a cumprir a maioria de suas responsabilidades como homens. 
Alguns rapazes, entretanto, não chegam a alcançar este destino. Em algum ponto, o esforço 
necessário foi grande demais, as derrotas e falhas dolorosas demais, e eles desistiram; saíram da estrada 
principal e tomaram um desvio. Chegaram à idade cronológica que os classificava como homens, pareciam 
ter todas as partes que faziam deles homens, mas em seu interior, no lugar de um senso de masculinidade, 
havia um vazio. Eles não sentiam que eram mulheres (ao menos a maioria deles), mas, de alguma forma, 
não pertenciam ao mundo dos homens. 
Eu fui um desses rapazes. Não posso marcar exatamente quando e onde entrei no desvio – talvez 
entre a idade de oito ou dez anos – mas sei quando voltei à estrada principal: com trinta e oito anos. Nesse 
meio tempo, assim como com tantos rapazes, meu desvio me fez passar pelo mundo do homossexualismo. 
Hoje, ao olhar para trás, posso perceber que busquei em outros homens a masculinidade que 
desesperadamente desejava, mas acreditava que nunca teria. 
Eu voltei à estrada em uma noite em novembro de 1974, quando aceitei a Cristo. Este livro não é 
sobre meu testemunho, mas baseia-se na jornada que realizei, ou seja, tudo o que aconteceu comigo depois 
que este “garoto” de trinta e oito anos voltou ao caminho correto. (Meu testemunho completo está no 
Apêndice A.) Ao contrário da maioria dos adolescentes que atravessam o processo de amadurecimento 
para a masculinidade, com pouca percepção consciente do que está acontecendo, eu tive a vantagem de 
observar conscientemente a formação de grande parte de minha identidade como homem. Meu filho, 
Estevão, nasceu dezoito meses depois de minha conversão, e pude vê-lo crescer da maneira normal, para se 
tornar um homem cristão forte e sólido, em todos os aspectos, um homem que é a alegria de qualquer pai. 
Muito do que está nesse livro é baseado em minha própria experiência, e um pouco na de Estevão. 
Apesar de não estar oferecendo minha história completa aqui, é importante que eu compartilhe 
com você que houve um ponto em que percebi que meu problema de homossexualidade era, em grande 
parte, de masculinidade incipiente, ou seja, não desenvolvida. Minha conversão aos 38 anos foi repentina, 
dramática e incomum. A maioria das pessoas que consegue identificar um momento específico de 
conversão pode apontar coisas em suas vidas que mudaram instantaneamente – seus próprios pequenos 
milagres.Para mim, duas coisas especialmente dramáticas mudaram imediatamente: Eu me apaixonei 
completamente pela minha esposa e passei a desejá-la fisicamente, e minha atração sexual por homens 
desapareceu (observe que isso é incomum na maioria dos casos de pessoas libertas do homossexualismo. 
Na maioria dos casos, trata-se de um lento processo). Compreensivelmente, eu pensei que havia sido 
totalmente liberto do homossexualismo, e passei a falar isto às pessoas. 
Em relação à parte sexual do homossexualismo, isto era verdade; vinte e cinco anos foram deixados 
para trás. Mas o que eu não reconheci naquele momento foi que a homossexualidade é muito mais que 
simplesmente uma questão do direcionamento das atrações sexuais de alguém. Ela tem outros dois 
importantes componentes: as necessidades emocionais e a identidade própria. Levou muito mais tempo 
para eu lidar essas duas coisas. 
Nos primeiros anos após minha cura inicial, eu ainda tinha um desejo profundo e doloroso por um 
homem forte que cuidasse de mim. Não era algo sexual, mas eu ainda queria estar na presença de um 
homem que me amasse, valorizasse e fosse meu protetor. Por um período de cinco anos, Deus supriu esta 
necessidade de maneira maravilhosa. Em meus momentos devocionais, pude estabelecer um 
relacionamento profundo e pessoal com Jesus que preencheu todos estes espaços vazios dentro de mim. 
Eu saí desse período com aquilo que acredito ser nada mais do que a necessidade normal de um homem por 
amizade e afirmação de homens. Este foi meu “milagre de cinco anos”. 
A respeito de minha identidade, foi outra história. Isto se tornou claro para mim rapidamente. De 
muitas maneiras, após minha conversão, eu ainda era um garotinho de oito anos no corpo de um homem 
de trinta e oito. Como um novo cristão, eu queria fazer tudo certinho, e com o poder de Deus à minha 
disposição, não via razão para o fracasso. Mas não tive sucesso, especialmente ao tentar desempenhar meus 
papéis de marido e pai. Quando me converti, era casado e tinha duas filhas, de dez e doze anos. Eu lia livros 
sobre o que um marido e pai cristão deve fazer, mas simplesmente não conseguia. Eu tentava realizar todas 
as coisas certas, ser firme, disciplinar, liderar minha família espiritualmente – mas, vez após vez, fracassava. 
Fora de casa, com exceção do trabalho, onde eu tinha um papel claramente definido, ocorreu o 
mesmo. Sentia-me inadequado, especialmente em relacionamentos com outros homens cristãos. 
Frequentemente, sentia-me como um garotinho na presença deles. Ao tentar viver o papel de um homem 
cristão, eu me sentia como um rapazinho que faz uma tatuagem para provar que ele é um homem. 
Enxergava-me como alguém ridículo, como uma criança vestida no paletó de seu pai. Constantemente, eu 
me condenava pelas minhas falhas. 
Esses foram tempos muito difíceis, e se eu não tivesse experimentado a realidade do Senhor e de 
seu poder para me transformar, eu poderia ter desistido e simplesmente me encolhida na concha de minha 
vida cristã. Mas eu sabia que o que tinha experimentado era real, então eu tentava com mais força. Se eu 
falhasse no meu papel de ter disciplina para realizar devocionais regulares com minha família, eu tentava 
novamente. Eu não compreendia a razão porque não conseguia realizar essas coisas, porque não podia 
satisfazer os papéis que Deus deu para o homem. 
Mas havia uma razão. Eu não podia fazer as coisas que os homens fazem porque, de muitas 
maneiras, eu não era um homem. Eu era apenas um garotinho. Fisicamente e intelectualmente maduro, 
porém com uma parte presa na pré-adolescência. Eu não poderia desempenhar minhas responsabilidades 
de forma completa e efetiva como marido e pai – como homem – simplesmente porque as qualidades 
necessárias para cumprir com estes papéis nunca haviam se desenvolvido em mim. 
Minha primeira abençoada revelação deste fato me veio através do livro Crise Na Masculinidade 
(Crisis in Masculinity), de Leanne Payne. Conforme li suas explicações a respeito de o que é um homem, e 
aprendi sobre o verdadeiro masculino e feminino, percebi que simplesmente não havia crescido, não havia 
me tornado maduro. Eu não fora liberto da obrigação de cumprir os papéis que Deus me dera, mas já não 
precisava me condenar quando falhava. Agora, eu precisava começar a crescer. Tendo ganhado o 
entendimento e auto-aceitação com o ensinamento de Leanne Payne, podia ser paciente comigo mesmo. 
Que alívio! 
Então, há mais de vinte anos comecei a trilhar a estrada do amadurecimento para a masculinidade. 
Quero compartilhar dessa jornada com você, caminhar com você nessa estrada difícil. Se você é como o 
“garotinho” de trinta e oito anos que eu era, rogo para que me deixe auxiliá-lo a caminhar nesta estrada, e 
peço de todo o coração que você tente. Será uma das viagens mais difíceis que você já fez; por vezes, a dor 
será excruciante, mas as vitórias trarão alegria além de qualquer medida. E a dor de suas falhas irá durar 
apenas um curto tempo; mas o fruto de suas vitórias estará com você para sempre. 
P O R Q U E F A Z E R E S T A J O R N A D A T Ã O D I F Í C I L ? 
Quer você seja alguém que está lutando com o homossexualismo (buscando mudar da 
homossexualidade para a heterossexualidade) ou um homem cuja masculinidade subdesenvolvida levou à 
imaturidade heterossexual, esta jornada não é obrigatória. Você pode continuar pelo resto de sua vida no 
seu nível atual de maturidade. É provável que nenhum desastre lhe aconteça. Provavelmente, você ainda 
terá um emprego, família e amigos. Você poderá ser ativo na igreja e na comunidade em que vive; pode até 
continuar a desenvolver certos talentos e habilidades específicas. A vida pode prosseguir com poucas 
mudanças. Isso acontece com inúmeros homens que não avançam até o fim no desenvolvimento de sua 
masculinidade. Ninguém o obrigará a fazê-lo, e ao menos que seu comportamento atual seja de risco, 
continuar assim como você está não irá ameaçar a sua sobrevivência. 
Mas existem razões muito fortes para que você faça esta jornada. A primeira é que a alternativa ao 
amadurecimento não é extremamente desejável; a alternativa a ter uma identidade como homem é ter outra 
identidade. Qual seria ela? Alguns homens cristãos que lutam com o homossexualismo buscando se tornar 
“homossexuais não-praticantes”. Esta pode ser uma opção para alguns, mas muitos descobrem que 
enquanto se identificarem internamente como homossexuais, a parte “não-praticante” se torna muito 
difícil, se não impossível, de manter. Alguns se apropriam e mantêm a identidade do “ex-gay”, definindo-se 
por aquilo que não são, ao invés do que são. Outros buscam permanecer num estado “intermediário”. 
Ficam suspensos em uma vida que Deus nunca pretendeu para ninguém, uma vida cuja maior esperança é 
uma forma de assexualidade, negando sua homossexualidade, mas não se definindo como heterossexuais. 
Qualquer uma destas opções provavelmente levará um homem a um estado de profundo arrependimento, 
quando ele perceber como sua vida é incompleta em alguns de seus elementos mais básicos. 
Outra razão para fazer a jornada é que as recompensas no fim da estrada são muito, muito maiores 
que qualquer um de nós pode imaginar. Conforme você prossegue a leitura, espero que possa convencê-lo 
disto. Para mim, as recompensas de conquistar a masculinidade completa valeram cada esforço e momento 
de dor; e valerão para você também. 
Um garotinho parece saber instintivamente que a masculinidade é algo desejável, algo a ser 
capturado. É por isso que Estevão, quando tinha cinco ou seis anos, dobrava seu cotovelo, fazendo saltar o 
músculo, e pedia que eu o sentisse. Um músculo significa masculinidade, e ele queria que eu afirmasse a 
dele. Um rapaz adolescente vê a masculinidade como um prêmio a ser conquistado, e persegui-la é o que dá 
energia a muitas das atividades que ele faz. A masculinidade é boa, muito boa. Alcançá-la de forma plena é 
estarem um lugar de segurança e paz. É sentir-se adequado – adequado a tudo o que é esperado de você. 
Ser um homem é ser libertado de muitos dos medos que o cercam na vida cotidiana. É poder tirar os olhos 
de si mesmo e ter a capacidade de olhar o mundo ao redor como algo empolgante, desafiador e repleto de 
potencial. É para isto que a jornada pode levá-lo, e vale a pena tudo o que custa para chegar lá. 
A terceira razão para fazer a jornada é a mais importante de todas, porque tem a ver com o 
propósito e o desejo de Deus para a sua vida. Um amigo meu certa vez montou uma miniatura de um trem, 
com um trajeto de trilhos, uma carregadora de carvão, pequenas casinhas e lojas – tudo completo. Quando 
ele pôs o projeto em execução pela primeira vez, nada funcionou direito. A locomotiva só andava de ré, a 
carregadora espalhava carvão por todo lugar, e as luzes da estrada piscavam sem parar. Ele tinha um plano 
de como as coisas deveriam funcionar, mas poucas ocorreram da maneira certa, portanto ele encontrou 
pouca satisfação após tanto esforço. 
Nós também fazemos parte de um plano. Se crermos em um Deus criador, temos também de 
acreditar que ele tem um plano para como devemos funcionar como homens – o que devemos ser e como 
devemos viver nossa masculinidade. Temos de acreditar que ele teve uma razão para nos fazer diferentes 
das mulheres, e que nosso crescimento em direção à maturidade tem um objetivo. Ele revelou a si próprio 
como Pai, e sabemos que todo bom pai deseja que seu filho cresça para a plenitude de sua masculinidade. 
Poderia o Pai perfeito desejar menos para seus filhos? Podemos não concordar totalmente em relação ao 
que significa masculinidade completa, porque os modelos ao nosso redor são falhos; mesmo assim, Deus 
não nos deixou sem orientação em relação a isso. Podemos descobrir muito do seu plano para nós como 
homens. Este é um dos propósitos deste livro. 
Mesmo agora, você certamente tem alguma idéia a respeito daquilo que Deus criou um homem 
para ser, e alguns podem sentir que não estão completamente dentro disso; talvez até muito longe. Se o seu 
desejo é ser obediente a Deus e ser o filho que traz alegria ao coração do Pai, então você é chamado a 
realizar esta jornada. Você deve estar disposto a amadurecer até a plenitude de sua masculinidade. Por que 
ele o ama e quer o melhor para você o seu crescimento trará grande alegria a ele. 
U M M A P A P A R A O C A M I N H O 
Quero compartilhar com você, brevemente, os princípios que usarei para guiá-lo na estrada à 
masculinidade. Estou convencido que, para a maioria dos homens que lida com este problema, a 
homossexualidade é, em seu âmago, um problema de identidade. Um homem assim não se sente como 
homem, da forma que ele percebe que os homens sentem a respeito de si mesmos. O Dr. Bill Consiglio 
referiu-se a isto como “vazio de gênero”. Este é um termo bem descritivo, porque esse homem se sente 
vazio; ele está confuso e incerto quanto à sua masculinidade. Ele não se sente como uma mulher, e pode 
não ter ainda adotado a identidade de gay ou homossexual, mas ele se sente vazio em algum lugar onde 
deveria ser firme e sólido. Entretanto, o problema dele não é apenas que ele não se sente como um homem, 
mas que ele não é, de fato, um homem – em termos de haver passado por todos os estágios de crescimento 
e amadurecimento que levam os meninos da infância à masculinidade plena. Ele achou o processo difícil ou 
doloroso demais, portanto se desviou e pulou uma parte dele. 
O Dr. Joseph Nicolosi, na obra Terapia Reparativa da Homossexualidade Masculina (Reparative Therapy 
of Male Homosexuality), diz que eles se tornaram “meninos na janela da cozinha”. Se você foi um desses 
meninos, escolheu se retirar do envolvimento ativo no mundo competitivo, áspero e físico dos meninos, e 
se tornou um mero observador desse mundo, assistindo da janela da cozinha. Mas não era apenas o mundo 
das praças, campos de futebol e casas na árvore que você se afastou; você removeu sua presença do campo 
em que sua masculinidade seria formada. Em diversos aspectos, você colocou seu crescimento para a 
masculinidade em suspenso. 
Agora, quinze, vinte, ou quarenta anos depois, se quiser continuar a amadurecer, você precisará se 
aventurar de volta no mundo dos meninos e dos homens. Essencialmente, você terá que desenvolver sua 
masculinidade da mesma forma que os meninos fazem, através de um processo de aprendizado, testes, 
falhas, levantar-se e fazer novas investidas, e finalmente triunfar. Nós amadurecemos para a plenitude de nossa 
masculinidade ao fazer as coisas que os homens fazem. 
Uma vez que você está em meio ao processo e já obteve alguns triunfos – independentemente das 
falhas no meio – começará a obter um progresso. Conforme você fizer com sucesso as coisas que os 
homens fazer, você: 
• Descobrirá que está sendo afirmado pelos outros homens. 
• Começará a moldar seu próprio senso interior do que um homem é. 
• Começará a perceber que está se tornando o homem que Deus criou você para que fosse, e 
através do Espírito Santo, você saberá que está cumprindo o seu propósito como homem. 
“Fazer as coisas que os homens fazem” pode parecer algo terrivelmente superficial – e talvez, por si 
só, seja mesmo – mas suas consequências, nem um pouco. Conforme você for afirmado pelos outros 
homens, começar a moldar o seu próprio senso de masculinidade, e se descobrir indo em direção ao plano 
de Deus para você como homem, profundas mudanças começarão a acontecer nas partes mais profundas 
do seu ser. A sua identidade básica começará a ser transformada. 
O objetivo deste livro é auxiliar homens a alcançarem a plena masculinidade, portanto deixe-me 
explicar o que quero dizer com esta expressão. Masculinidade plena, ou apenas masculinidade, é utilizado neste 
livro para expressar o estado em que: 
• Podemos confortavelmente cumprir com os papéis que Deus nos deu como homens, e 
podemos assumir as responsabilidades que os outros têm direito de esperar que assumamos. 
Como maridos, como pais, como membros do corpo de Cristo, como cidadãos, somos 
esperados a cumprir com determinados papéis. Na masculinidade plena, somos capazes de 
cumprir estas obrigações. Conforme prosseguimos, falarei mais sobre quais são esses papéis e 
obrigações. 
• Alcançamos o ponto em que crescer como homens já não é mais o ponto central de nossa vida. 
Isso não significa que nos tornamos homens perfeitos (só existiu um homem perfeito), mas que 
nosso amadurecimento passará a acontecer naturalmente, durante nossa caminhada normal 
como cristãos. 
Apesar de este livro ter sido escrito primeiramente para pessoas que estão lutando com a 
homossexualidade, se outros, homens puderem achar algumas verdades amplas que podem auxiliá-los a 
desenvolver e aceitar sua própria masculinidade, ótimo. Quanto a isto, gostaria de frisar ao homem 
buscando superar a homossexualidade que os outros homens podem, sim, aproveitar algo deste livro, porque 
muitas das lutas que você tem também são encontradas na caminhada dos outros homens; a principal 
diferença é que você – e eu – desertamos da batalha por algum tempo 
Estou convencido de que todo homem, não importa quão tarde começa, não importo o quão 
destituído de gênero se sinta, se ele escolhe a masculinidade e está disposto a aceitar as oportunidades e 
desafios que Deus coloca diante dele, pode esperar, ainda nesta vida, experimentar a masculinidade plena. 
 
2 
crescer na masculinidade: essencial para a cura 
“Eu guardei o seu número de telefone em minha gaveta por três anos. Eu ficava adiando e adiando, 
mas finalmente tive que ligar para vocês”. Declarações desse tipo são ouvidas frequentemente nos 
escritórios do ministério Regeneração. Regeneração é parte da coalizão mundial Exodus, de ministérios 
cristãos cujo foco principal é ajudar homens e mulheres a superarem o homossexualismo. Às vezes eu 
penso que, se cada cristão lidando coma homossexualidade que tem o nosso número de telefone em sua 
carteira ou gaveta decidisse nos ligar no mesmo dia, nossas linhas telefônicas não aguentariam a sobrecarga. 
Este tipo de ligação sugere três coisas a respeito da pessoa. Primeiro, obviamente, em algum nível 
ele está insatisfeito com a sua homossexualidade. Segundo, alguns obstáculos poderosos – normalmente 
ambivalência e medo – o mantiveram resistente a pedir ajuda. E terceiro, ele finalmente chegou ao ponto 
em que a sua homossexualidade lhe causou tanta angústia, que ele está disposto a enfrentar estes 
obstáculos; ele está disposto a confrontar seus medos e resolver a ambivalência. 
B A R R E I R A S Q U E D I F I C U L T A M B U S C A R A J U D A 
Vamos olhar para estes obstáculos e para as questões específicas que acompanham a pessoa que 
está passando por isso. O primeiro deles está relacionado à natureza dos pecados de vício. Embora um homem 
possa odiar a sua homossexualidade com todo seu coração e mente, ao mesmo tempo há certas maneiras 
em que ele a ama. Para muitos de nós, ceder a nossos desejos foi, por anos e anos, a nossa forma de lidar 
com a vida, uma forma de escape, de consolo próprio, de encontrar alívio temporário da terrível dor e vazio 
que sentíamos por dentro. Nós odiávamos e ao mesmo tempo amávamos; em nossa ambivalência, 
estávamos paralisados, sem saber para que lado ir. 
Eu odiava minha homossexualidade. Ela me levou a fazer coisas tolas e degradantes. Ela me 
impeliu a ações arriscadas que eu sabia que podiam me custar tudo: minha esposa, meus filhos, minha 
carreira, até minha vida. Mas, por dez anos adentro do meu casamento, eu me apeguei a ela. Como poderia 
viver sem ela? 
O segundo grande obstáculo é o medo. Há o medo simples do desconhecido. “Se eu me envolver 
com um ministério, o que essas pessoas vão querer que eu faça, e o que elas farão comigo? Que tipo de 
pessoas são elas? São algum grupo de mente estreita e fundamentalistas, anti-gays disfarçados de cristãos, 
ou mascates de alguma nova teoria psicológica maluca?” Há também o medo de se expor, um temor em 
geral enraizado no orgulho ou na vergonha. “Eu já sou um cristão há dez anos. Eu deveria ser capaz de 
cuidar disso sozinho. Admitir o problema e procurar ajuda significa reconhecer o grande fracasso que eu 
sou como cristão. As pessoas iriam até questionar se eu sou, de fato, um cristão”. Estes medos são 
normalmente mais intensos em alguém que cresceu em uma comunidade cristã conservadora, onde o 
estigma do homossexualismo é mais severo. 
Baixa auto-estima é uma grande parte da maior parte dos casos de homossexualidade masculinha. 
Este é um dos principais assuntos do livro do Dr. William Consiglio, Homossexual, Nunca Mais (Homosexual 
No More). Uma defesa comum contra a dor da baixa auto-estima é construir uma imagem – para nós 
mesmos e para os outros – de um homem que é bom, honrado e forte. Portanto, dizer na presença de outra 
pessoa: “eu sou um homossexual”, é destruir a falsa identidade que nos oferecia o único retalho de 
auto-estima que possuíamos. 
O P O N T O D E D I Z E R “ JÁ C H E G A ” — F O N T E S D E A N G Ú S T I A 
Apesar destes obstáculos, os homens procuram ajuda. Qual é a angústia tão poderosa que um 
homem considera deixar para trás os seus vícios, e estar disposto a caminhar através de um campo minado 
de temores? Se o homem é um cristão – e a grande maioria dos homens que vem aos ministérios Exodus 
possui algum tipo de fé ou crença na moralidade cristã – a angústia vem de uma ou duas áreas. 
Primeiro, e talvez mais óbvio, é a aflição pelo seu comportamento. Ele está em um terrível conflito por 
causa da contradição entre aquilo que ele acredita ser um bom comportamento, e o que ele está fazendo. 
Ele se sente como Paulo, que escreveu em Romanos 7 sobre ser induzido a fazer aquilo que ele detesta. 
Entretanto, ele pode sentir que os problemas de Paulo deviam ser muito menores do que os dele. Isso será 
verdade especialmente se o comportamento dele foi além de masturbação e fantasia. (Neste livro, eu incluo 
a fantasia e a masturbação como partes do comportamento homossexual, além da atividade sexual com 
outra pessoa.) Calculo que mais de 90% dos homens que buscam ajuda nos ministérios ex-gay, o fazem por 
causa do grande conflito que sentem entre seu comportamento e o que acreditam que Deus quer para eles. 
A segunda área de angústia está relacionada com a direção de suas atrações sexuais. Ele é atraído 
sexualmente por homens, mas gostaria de ser atraído por mulheres. Em relação aos homens, a atração está 
criando um intenso desejo que ele sente que nunca o deixará e que crê, como cristão, que jamais poderá 
satisfazer. O desejo pode ser puramente sexual ou pode ser emocional. Apesar de nossa tendência de 
pensar na homossexualidade masculina com foco na atração física e na homossexualidade feminina como 
atração emocional, em muitos homens há um desejo quase esmagador de pertencer, ser cuidado, amado 
por um homem, ou por transferência, de possuir, cuidar, amar outro homem. Eu ouvi homens cujo grau de 
promiscuidade sexual seria considerado inacreditável pelos padrões heterossexuais, derramando sua dor, e 
dizendo: “não era o sexo que eu realmente queria; era alguém para me amar”. Eu acredito neles. Esta ânsia 
não satisfeita pode ser tão intensa quanto a sexual. É claro, os dois não podem ser totalmente separados. 
Leanne Payne e outros apontaram muitas vezes como nossos desejos sexuais são, frequentemente, desejos 
emocionais mais profundos, que se tornaram erotizados. 
A atração pelo mesmo sexo é apenas um lado da angústia relativa à natureza de suas atrações; o 
outro lado é a falta de atração pelo sexo oposto. Ele não sente absolutamente nenhuma atração romântica 
e sexual por mulheres, mas quer um dia se casar e ter filhos. Como os outros homens, ele tem uma 
percepção de que muito do propósito e da plenitude de vida de um homem é satisfeito através do 
casamento e da paternidade. Ele quer se sentir atraído por uma mulher, mas simplesmente não há nada 
onde deveria haver. A ausência de qualquer atração pelo sexo oposto está na raiz de sua percepção de que 
jamais poderá viver uma vida normal, de que está preso em um ponto e jamais poderá progredir. 
Existe uma terceira área de angústia, que pode não transparecer até que o homem tenha lidado com 
as outras duas. Esta tem a ver com sua identidade como homem. Uma vez que ela não é tão diretamente “sexual” 
como o comportamento e as atrações, ele pode a princípio não fazer uma conexão com a sua condição 
homossexual. Além disso, está tão estabelecido como parte “daquilo que ele é”, que ele pode nunca ter 
considerado que poderia ser mudado. Não é uma identidade que diz simplesmente: “eu sou gay”, mas uma 
que, mais profundamente, diz: “eu não sou um homem”, ou, ao menos: “eu não sou um homem como os 
outros homens”. Ele não está à altura. Na adolescência, e talvez até mais cedo, ele se sentia diferente dos 
outros rapazes, e diferente sempre significava “menos que” ou “inferior a”. Estes sentimentos continuaram 
através dos anos da adolescência e pela vida adulta. Mesmo hoje, na companhia de outros homens, ele sente 
de alguma forma que não faz parte do mundo deles. 
A S P E C T O S D O P R O B L E M A D E I D E N T I D A D E 
Os problemas dele em relação a isto se manifestam principalmente em duas áreas da vida. Primeiro, 
ele passa por um grande desconforto e embaraço na companhia de outros homens, especialmente em 
grupos de homens e em situações desestruturadas. Ele sempre sente como se estivesse fora do mundo 
deles, olhando para dentro. Ele não compartilha dos mesmos interesses que os outros homens têm, e isto 
sustenta o seu sentimento de sempre estar desassociado deles. 
Segundo, o problema da identidade é manifesto em acreditar – e, frequentemente, em provar na 
prática – de que em muitas áreas, ele é incapaz de fazer as coisas que oshomens fazem. Não apenas na 
companhia de outros homens, mas em sua família e em tudo que é lugar, ele sente-se fortemente 
inadequado em exercer as virtudes masculinas, principalmente em tomar a iniciativa e exercer autoridade. 
Isto pode resultar nele assumindo um papel bastante passivo na vida, ou, no caso de alguns homens, de 
adotar uma autoconfiança agressiva, que tenta cobrir sentimentos de fraqueza e insegurança. 
Obviamente, estas características podem estar presentes em homens cuja orientação sexual é 
heterossexual, mas há uma diferença fundamental na natureza desta deficiência nos dois tipos de homem. 
No que possui orientação heterossexual, estas inseguranças se fundamentam em uma crença em geral 
subconsciente: “eu sou inadequado como homem”. No homem orientado à homossexualidade, entretanto, 
a crença fundamental é: “eu não sou um homem de verdade”. A maioria dos meninos e muitos homens 
lutam duramente para provar – principalmente a si mesmos – que são adequados como homens. A maioria 
de nós que crescemos com orientação à homossexualidade desistiu desta luta, mais cedo. Acreditando que 
jamais seríamos realmente homens, começamos a buscar a masculinidade nos outros. 
Quando me pedem para descrever o que acontece na cura de um homem homossexual, eu falo 
dessas três áreas que acabei de descrever: comportamento, atrações e identidade. Eu explico que o homem 
que está lutando pode esperar vitória total ou quase completa na área de comportamento, uma mudança 
significativa – se não completa – em suas atrações sexuais, e pode se tornar completamente confortável e 
em paz com sua identidade masculina – sua masculinidade. Estou convencido de que esta mudança é 
possível para qualquer homem que realmente buscá-la, e que rende a sua vida e sua sexualidade a Jesus. 
O P A P E L C E N T R A L D A I D E N T I D A D E 
Apesar da cura do homem homossexual ser, de muitas maneiras, um processo indireto – como 
resultado das mudanças amplas em sua vida espiritual – quase todo homem que está lutando com isso terá 
de confrontar estes três elementos do problema. Nunca haverá recuperação até que o comportamento, 
atrações e identidade tenham sido tratados e, até certo ponto, transformados. Apesar da inclinação natural 
voltar-se ao comportamento e às atrações – pois é aí que ele sente o peso – creio que o fruto mais rico irá 
brotar em sua vida ser ele escolher focar mais fortemente (e mais cedo) na área da identidade. 
E isto é verdadeiro por duas razões. Primeiro, por que a identidade é mais maleável ao ataque direto do que 
o comportamento e as atrações. Nunca encontrei um homem que dissesse: “Hoje eu vou começar a ser atraído 
por mulheres ao invés de homens”, e, salvo por um verdadeiro milagre, descobrisse que algo realmente 
mudou. Quanto ao comportamento, embora tentar ser obediente seja uma parte essencial do processo de 
cura, uma mudança no comportamento, sem uma transformação profunda na identidade, será pouco mais 
que uma abstinência forçada. A identidade, por outro lado, pode ser mudada significativamente através de 
um programa de escolhas conscientes e ações específicas. 
A segunda razão pela qual o processo de mudança pode ser avançado significativamente ao lidar 
com o problema da identidade é que a identidade masculina incompleta de um homem é o que abastece e dirige o seu 
comportamento e atrações homossexuais. Esta identidade masculina quebrada ou incompleta é o mecanismo que 
dá direção às atrações sexuais e o motor que alimenta o nosso comportamento pecaminoso. Vamos 
examinar isto com mais detalhes. 
Em relação às atrações, a essência da atração sexual parece ser as „diferenças‟, a percepção do 
„outro‟. Certamente, para o homem orientado à heterossexualidade, algo da atração sexual está no 
conhecimento de que a interação do pênis dele com a vagina de uma mulher pode trazer um prazer 
extraordinário. Mas todos nós sabemos que há muito mais envolvido na atração sexual do que isto. O que 
dizer dos seios da mulher? Por que eles são objeto de atração sexual para um homem? Eles são 
simplesmente órgãos para amamentar um bebê; eles não possuem função sexual direta. E quanto ao 
traseiro, o formato arredondado e a suavidade da sua pele? O que dizer de coisas que ela faz 
intencionalmente, como deixar o cabelo ficar longo ou usar batom? Por que estas coisas despertam desejo 
sexual na maioria dos homens? Pode haver diversas razões. O corpo de uma mulher – seus seios, o formato 
arredondado – podem atiçar o seu desejo de ser bem cuidado; as diferenças dela podem instigar o apetite 
dele por mistério; a vulnerabilidade dela pode engatilhar o desejo dele por conquista. Todos estes fazem 
sentido, mas o que mais atrai o homem sexualmente à mulher é que ela é a “outra”. Ela possui coisas em si 
mesma que um homem não possui em si próprio. 
Estas características que uma mulher possui e o homem não, que simbolizam a mulher, o atraem a 
ela. Elas expressam o feminino e atraem o masculino. A parte masculina de um homem anseia pela sua 
outra metade. Olhando para isso espiritualmente, o homem pode estar procurando tornar-se completo, por 
restauração da parte dele que foi tirada quando a mulher foi criada. Ou talvez porque masculino e feminino, 
juntos, refletem Deus mais habilmente do que apenas o homem ou mulher sozinhos – tendo sido ambos 
criados à imagem de Deus – o desejo de um homem por um complemento reflita o seu Criador de forma 
mais plena. 
Eu sou um homem, e procuro meu complemento na mulher. Mas, e se um homem não possui esse 
senso profundo de que é um homem? Ele experimentará as mesmas atrações por uma mulher? Ela será o 
seu “outro”? Não, e isto é algo crítico. Se ele não se sente completo como um homem, seu primeiro desejo 
não será pela mulher, mas pela masculinidade completa; ele será atraído pelo masculino em outros homens. 
Este será o seu “outro”, sua costela faltando. Esse será o seu meio de se sentir completo. Portanto, o 
desenvolvimento de nossa masculinidade – buscar ser completo em nós mesmos – terá grandes benefícios, 
tanto no sentido de diminuir nossas atrações pelo mesmo sexo, quanto iniciar nossa atração sexual pelas 
mulheres. 
Eu disse que nossa identidade masculina incompleta, além determinar a direção de nossas atrações 
sexuais, também é o motor que alimenta o nosso comportamento homossexual. O enorme poder do desejo 
homossexual pode ser percebido nas atitudes tolas, até insanas, que muitos homens homossexuais têm para 
conseguir algum tipo de contato com a masculinidade. O que leva um homem sensível a deixar um rapaz 
durão que não conhece entrar no seu apartamento, sabendo muito bem dos riscos de ser roubado, 
espancado ou até pior? Por que um homem de negócios ou profissional bem sucedido arrisca ser preso ou 
ser humilhado publicamente ao tentar fazer contato sexual com outro homem em um banheiro público? 
Por que eu fui repetidas vezes ao um bar gay em uma das principais ruas de Baltimore, sabendo que podia 
ser visto por qualquer um e ter todas as minhas mentiras expostas? 
Nós fizemos estas coisas por causa do desejo gigantesco que havia dentro de nós. Nós ansiávamos 
por algum tipo de contato com aquilo que representasse ou simbolizasse a masculinidade: uma aparência 
rígida, firme, músculos, um pênis. Todos estes são símbolos da masculinidade – a masculinidade que não 
possuíamos – e pela qual éramos atraídos, até obsessivamente, a olhar, tocar, cheirar, juntar-nos, de alguma 
forma. Nossa masculinidade incompleta clamava por isso, pelos seus elementos faltando. 
Leanne Payne ilustra esta ânsia pela masculinidade com sua teoria do canibalismo. Em A Imagem 
Quebrada (The Broken Image) ela descreve como os canibais comem apenas as pessoas que admiram, 
acreditando que desta forma podem adquirir algumas de suas características. Este desejo „consumidor‟ pela 
masculinidade no homem homossexual se torna óbvio: um homem que sente a falta da masculinidadecompleta satisfaz a necessidade por ela através do seu comportamento homossexual, esperando adquirir 
algo da masculinidade do outro homem. 
O ponto principal para se lembrar, entretanto, é que a ânsia pela masculinidade do outro só está 
presente em um homem que sente que falta algo em sua própria masculinidade. Não é assim que ocorre 
também com todos os tipos de cobiça? Nós desejamos as coisas que não temos, ou que pensamos não ter. 
Esse desejo é tão intenso – tão intenso é o motor que pode dirigir um homem ao comportamento 
homossexual – que até quando tal comportamento é completamente contrário ao seu instinto humano de 
proteger a si próprio, bem como à suas crenças religiosas mais básicas, ele ainda não consegue segurar a si 
próprio. 
A questão da identidade se manifesta também de outra forma. Muitos de nós percebemos o 
fracasso em ser aprovado pelos homens (ou, inversamente, o sentimento de termos sido rejeitados) como 
um elemento chave no desenvolvimento de nossa homossexualidade. Neste ponto, o desejo homossexual 
poderoso é um apelo desesperado do garotinho interior: “Alguém pode me mostrar que tenho valor como 
um homem, para um homem?” Esta não é só a ânsia de aliviar a dor da baixa auto-estima. Um homem pode 
ser bem valorizado pelas mulheres em sua vida, e pode reconhecer que possui dons extraordinários em 
determinadas áreas, mas o clamor do menininho ainda está lá. O valor dele precisa ser demonstrado por um 
homem, e a área sendo valorizada precisa expressar a masculinidade. 
Assim como tantas outras partes da vida, especialmente áreas de profunda necessidade, esse desejo 
pode ser „sexualizado‟. A partir deste ponto, o contato sexual, ou simplesmente receber um sinal de que 
outro homem o deseja, mesmo que apenas como um objeto sexual, de alguma forma satisfaz esta ânsia, 
temporariamente. Isto explica muito dos „passeios desinteressados‟ que os homens homossexuais fazem, 
indo a lugares onde outros homens se aproximem deles, mesmo em um momento onde o contato sexual 
não é desejado. Às vezes, vindo para casa do trabalho, quando eu sabia que não teria como explicar 
chegarem casa mais de meia hora atrasado, eu ainda passava no bar gay. Eu não estava atrás de nenhum 
contato, mas apenas esperava que algum homem demonstrasse que me queria. 
N Ã O H Á A T A L H O S P A R A O A M A D U R E C I M E N T O 
Deus poderia imediatamente pegar qualquer um de nós e dar vitória total sobre nosso pecado 
sexual. Houve certa instantaneidade deste tipo em meu processo de cura, de forma que fui liberto do desejo 
de sexo com homens no momento da minha conversão. Mas ele tem um plano bem melhor para nós, e esta 
não é a forma que Deus opera, geralmente. Ele não se contenta apenas com a satisfação do nosso desejo de 
parar com o comportamento pecaminoso, ou em fazer-nos meramente passar a desejar mulheres 
sexualmente. Ele quer que nos tornemos os homens que ele nos criou para sermos, homens de verdade em 
todos os sentidos. Ele pode permitir que o comportamento pecaminoso continue, de forma que nos faça 
chegar ao ponto em que renderemos a ele aquilo que tem nos escravizado. Da mesma forma, ele pode 
permitir que a dor da masculinidade subdesenvolvida continue, para nos tornar enfim dispostos a 
atravessar o doloroso processo de amadurecer como os homens que ele nos criou para sermos. 
Quando meus filhos estavam crescendo, eu detestava vê-los se machucarem fisicamente. Mesmo 
assim, eu tirei as rodinhas de apoio de suas bicicletas. Eu preferia vê-los ganhar alguns arranhões, do que 
nunca poderem andar de bicicleta. Eu preferia vê-los tentar, falhar, e tentar outra vez, do que vê-los 
crescendo e se tornando indivíduos medrosos. 
Se estas são as suas circunstâncias, será que Deus está fazendo disso um jogo com você? Será que 
ele está deixando-o afundar no lamaçal da sua homossexualidade até que você finalmente descubra o que 
deve fazer? É claro que não. Uma das principais metáforas que Deus usa para descrever o relacionamento 
que ele quer com nós é o de pai e filho. O que um homem deseja mais para o seu filho do que ele cresça para 
a plenitude de sua masculinidade? Se nós, que somos pecadores, desejamos isto para nossos filhos, quanto 
mais Deus deseja isto para nós? Ele, que plantou em cada um de nós os atributos da masculinidade, iria 
querer algo menos do que esses atributos se desenvolvessem e florescessem ao máximo? Não. E assim 
como um bom pai disciplina ao filho que ama, assim também o nosso Pai nos deixa sofrer em nossa 
desolação até que ouçamos a sua voz e comecemos a buscar o melhor que ele tem para nós: nossa plena 
masculinidade. 
Deus estabeleceu a família na qual cada pai iria ensinar ao seu filho o que significa ser um homem. 
Nós sabemos, entretanto, que nem sempre a vida funcionou dessa forma. O pecado entrou no mundo, e a 
paternidade, assim como tudo o mais, tornou-se imperfeita. Entretanto, o plano de Deus para nós não 
mudou. Embora seu plano original tenha se descumprido por causa do pecado do homem, a redenção 
pode ser nossa através de Jesus Cristo. Deus será o nosso Pai, e irá caminhar conosco através do processo 
que nos trará à plena masculinidade. Todas as coisas se fazem novas em Jesus Cristo. 
3 
como um homem se desenvolve 
É possível que não vejamos, em nosso tempo de vida, uma resolução definitiva dos debates 
“genética x ambiente”, que ocorrem em relação a todo o tipo de comportamento e condições humanas. É 
muito difícil chegar a uma compreensão plena deste assunto, não apenas porque a interação entre genes e 
ambiente é extremamente complexa, mas porque assim como ocorre com diversos tipos de 
comportamento, um grande número de grupos possui um interesse intenso em promover a crença de que 
um, ou outro, é o fator determinante. Por exemplo, ativistas homossexuais parecem determinados a 
encontrar uma prova irrefutável de que o homossexualismo é implantado na criança, ao nascer. Pensam 
que, se esta crença for aceita, a sociedade terá de reconhecer o homossexualismo como um estilo de vida 
aceitável. Por outro lado, aqueles de nós que desejam que a mudança da homossexualidade para a 
heterossexualidade seja possível, possuem a ânsia de promover a crença de que não nascemos assim. Em 
uma questão semelhante, os antigos feministas radicais promoviam a ideia de que, exceto por certas 
diferenças relacionadas às funções reprodutivas, homens e mulheres são exatamente idênticos, e todos os 
papéis e diferenças comportamentais são o resultado de influências ambientais. Tais ideias extremas e 
politicamente motivadas recebem bem menos aceitação hoje em dia, e as pessoas estão começando a crer 
que o ambiente e a hereditariedade, de forma conjunta – em paralelo ao livre-arbítrio, como a maioria dos 
cristãos crê – desempenham papéis importantes para fazer de nós o que somos. 
Como meninos se tornam homens é uma parte importante deste debate, e certamente muito 
relevante ao tema deste livro. Um garotinho já nasce com as peculiaridades que inevitavelmente o levarão a 
assumir certos papéis, e comportar-se da forma vista como comum pela sociedade? Ou é a nossa cultura 
que ordena isto a ele? Desde as primeiras semanas de suas vidas, os meninos são direcionados pelos seus 
pais e pela comunidade a assumirem os mesmos papéis que seus pais tinham? Ou existe outra coisa, algo 
interno, levando-os para esta direção? 
Eu certamente não poderei resolver este debate em apenas um livro, mas também não posso 
ignorá-lo. Ao invés disso, quero formular duas hipóteses básicas, que acredito serem aceitáveis à maioria 
dos leitores. Falarei mais delas depois. No capítulo 6, vamos falar a respeito das marcas inatas de um 
homem, enquanto examinamos todo o conjunto de diferenças que existe entre os corpos dos homens e das 
mulheres. E ao longo do restante do livro, conforme discutimos como a masculinidade se desenvolve, 
iremos considerar os fatores ambientais continuamente.As duas hipóteses abaixo são necessárias para fundamentar o conceito de amadurecimento da 
masculinidade que será desenvolvido neste livro. Espero que, para você, elas pareçam aceitáveis. Se não, 
recomendo que você continue lendo mesmo assim e veja como elas se encaixam no mundo real – o mundo 
real quase universal – dos meninos que estão se transformando em homens. 
1. Meninos são biologicamente destinados a amadurecerem como homens; homens que são 
diferentes de mulheres, em questões que vão muito além da mera anatomia e das funções 
reprodutivas. 
2. As estruturas sociais sempre existiram para guiar o processo de amadurecimento da infância para a 
masculinidade adulta. 
Juntas, estas hipóteses não representam nenhum ponto de vista que possa ser considerado extremo. 
Não estou argumentando que a masculinidade seja completamente genética, nem completamente 
aprendida. Se assumirmos a hipótese 2 como necessária, não apenas uma casualidade que acontece em cada 
cultura, podemos levá-la um pouco adiante e dizer o seguinte: Meninos são, de fato, geneticamente 
destinados a se tornarem homens, porém orientação ao longo do caminho é necessária; caso contrário, o 
processo pode não ocorrer da forma esperada. 
D E M E N I N O A H O M E M : O Q U E E L E S E T O R N A 
De um ponto de vista puramente fisiológico, quando um menino nasce, se nada vier a tirar a sua 
vida de forma prematura, ele crescerá e se tornará um homem. É simplesmente um fato biológico. Ele 
nasce com a matéria-prima necessária para ser um homem, e o principal elemento necessário para realizar 
esta transformação é o tempo. 
Durante uma parte deste tempo, alguém precisa alimentá-lo e protegê-lo de elementos hostis da 
natureza, bem como quaisquer inimigos que ele venha a encontrar. Desta forma, podemos dizer que ele se 
torna um homem quando puder prover para si próprio o alimento necessário, abrigo, e a defesa pessoal. 
Ele precisa se tornar um produtor ou provedor, apto para obter o necessário para suas necessidades 
básicas. Qual será sua idade neste ponto? Depende. Se havia abundância de alimento disponível, e se os 
elementos não eram hostis, o início da adolescência poderia marcar a sua plena entrada na masculinidade. 
Entretanto, se a natureza não foi tão acomodante, e ele precisou aprender a plantar, pescar ou esperar na 
fila do supermercado para sobreviver, a masculinidade seria adiada até que ele aprendesse essas habilidades. 
Mas isso não é tudo. Reconhecemos que o homem é um membro de uma espécie, portanto ele não 
terá atingido plena masculinidade até ser sexualmente maduro para produzir descendentes. Isso exige que 
no mínimo ele tenha passado pela puberdade. 
Portanto, se a natureza não for acomodadora – e ela raramente é – os filhos que ele vier a ter irão 
morrer, vindo a extinguir a espécie, se ele não estiver disposto a cuidar deles e da mãe durante os primeiro 
anos, especialmente enquanto as crianças ainda forem amamentadas. Existem criaturas – como o cervo, 
por exemplo – em que o pai impregna a mãe e não tem nenhum envolvimento com a sua prole. Entretanto, 
dado o longo período durante o qual os infantes humanos necessitam de cuidado, a sobrevivência da raça 
seria incerta se o homem não estiver pronto a assumir o papel de marido e pai. 
Mas este é apenas o ponto de vista biológico do homem. Ele é mais do que uma entidade biológica 
independente; ele é uma criatura social. Se formos da biologia para a sociologia ou antropologia, 
descobriremos que o homem jamais, em larga escala, viveu de forma solitária ou apenas com seu núcleo 
familiar. Nunca existiu uma civilização que fosse baseada em ermitãos ou em um arquipélago de famílias 
em “ilhas”. Um homem estabelece conexões com outros homens ou outras famílias, com o propósito de 
defesa mútua ou de organizar maneiras de prover de forma mais eficiente para suprir as necessidades de 
cada família. Assim, ele é criado para funcionar dentro uma comunidade maior, ou dentro de diferentes 
níveis de uma comunidade. Para ser um homem funcional, ele precisa participar da vida de sua comunidade 
próxima e de sua nação, às vezes sendo chamado para defendê-la. Hoje em dia, diríamos que ele atua como 
um cidadão. 
Mas precisamos ir um passo além. Um homem é mais do que uma criatura biológica ou social; ele 
também é espiritual. Ele não é completo até que sua vida espiritual encontre expressão. Ele precisa viver em 
relacionamento com o Deus em cuja imagem ele foi criado. Primeiramente, os judeus, e depois, os cristãos 
foram ensinados que este tipo de relacionamento também ocorre em comunidade. Para os cristãos, esta 
comunidade é a igreja. A masculinidade plena requer que um homem seja capaz de funcionar como 
membro do corpo de Cristo. 
Então, quando a masculinidade plena é atingida? Podemos dizer que um menino obtém a 
masculinidade quando atinge o ponto em que é capaz de ser um provedor, um marido, um pai, um cidadão, 
e um membro do corpo de Cristo. 
Mas existe mais uma dimensão no amadurecimento da masculinidade. Cada perspectiva dessa 
formação possui um lado qualitativo. Quando Deus criou o homem, ele disse que sua criação era “muito 
boa” (Gênesis 1:31). A masculinidade desejada por cada menino, cada adolescente, e cada adulto, e que 
cada mãe e pai querem para os seus filhos, também possui um lado qualitativo. A própria palavra 
masculinidade possui uma conotação qualitativa. A menos que estejamos falando em termos biológicos 
limitados, quando dizemos que alguém é um “homem de verdade”, estamos expressando nossa opinião da 
qualidade de sua masculinidade. A masculinidade é real quando não fazemos apenas o que é necessário para 
que nós e nossa raça sobrevivamos, mas quando fazemos estas coisas de forma bem feita Conquistar a 
masculinidade é bom por si próprio, mas a masculinidade de alguns homens é superior a de outros. No 
contexto deste livro, e em linha com as aspirações da maioria dos leitores, masculinidade plena implica em 
ser capaz de fazer todas as coisas que um homem faz – ser um provedor, marido, pai, cidadão, e cristão – e 
fazê-las bem. 
A maioria de nós concorda que não devemos criar a expectativa de fazer todas estas coisas 
perfeitamente. Só existiu um homem perfeito. E fazê-las “bem” é um termo subjetivo. Acredito, 
entretanto, que em geral sabemos como e quando aplicá-lo. Por exemplo, quando meu filho, Estevão, 
estava fazendo 21 anos, eu sabia que ele estava pronto para ser um bom marido, pois ele era gentil e 
cuidadoso com sua noiva, e realmente a amava. Ele também gostava muito de crianças. Ele escolheu ser 
professor, e as crianças o adoravam. Além disso, estava claro que ele não teria problemas para ser firme 
com crianças. Ele era um cristão firme, tanto no sentido de testemunhar ativamente como de discipular aos 
outros no colégio. Ele era firme em suas crenças e convicções, e estava destinado e a ser um bom cidadão. 
Faltavam-lhe ainda algumas coisas. Até que completasse sua educação, dentro de um ano, ele dificilmente 
poderia prover o que sua família necessitava. Mesmo levando em conta minha parcialidade como pai, 
acredito que podia identificar o “bom” em Estevão. Olhe ao seu redor. Você pode ver isso em outros, e em 
si mesmo? 
Curiosamente, esta definição de masculinidade – a capacidade de ser um provedor, marido, pai, 
membro do corpo de Cristo, e cidadão, e fazer estas coisas bem – é similar ao que escrevi diversos anos 
atrás no periódico Regeneration News (Notícias de Regeneração) para responder à questão: “Qual o momento 
em que você foi curado da homossexualidade?” Estamos curados ao ver-nos prontos para assumir 
positivamente todas as obrigações e privilégios geralmente atribuídos a um homem. No centro destas está 
a habilidade de ser um pai e marido adequados. Perceba que estou utilizando a palavra habilidade. Nós não 
precisamos estar vivendo ativamente estes papéis no tempo presente, e muitos homens não irão se casar,alguns por causa das circunstâncias e outros por causa de um chamado superior que prevalece sobre o 
casamento. Muitos outros não terão filhos. Mas é a capacidade de cumprir com estes papéis de forma 
satisfatória que indica que alcançamos a masculinidade plena, e para muitos de nós, a cura do 
homossexualismo. 
É essencial que fique claro que a expressão masculinidade não é sinônima de “maioridade” no sentido 
cronológico, embora masculinidade também signifique “possuir as características de um homem adulto”. 
Possuir a maioridade apenas não significa masculinidade; é a maioridade, acrescida de certas qualidades 
diferentes daquelas possuídas por mulheres e crianças. Além disto, estou utilizando masculinidade e termos 
como masculinidade plena ou completa para identificar um ponto em nosso amadurecimento, não a conclusão 
de tudo. Mesmo depois que tenhamos aprendido a fazer todas estas coisas bem, esperamos continuar a nos 
desenvolverem nossos papéis apropriados, e em todas as virtudes masculinas, pelo resto de nossas vidas. 
Muitos dos que estão lendo isto e lutam contra a homossexualidade irão perceber que existem 
algumas áreas nas quais vocês já alcançaram a masculinidade plena. O fato de que você possui seriedade e 
sobriedade suficiente para ler um livro destes, e está disposto a trilhar a difícil estrada sugerida aqui, é um 
indicador de que já ocorreu um amadurecimento considerável em sua vida. Espero que este capítulo o 
tenha afirmado ainda mais em relação a isto. 
Para aqueles de vocês que ainda não atingiram a plenitude de masculinidade nestes critérios, meu 
desafio é que continuem lutando. Você consegue chegar lá! Você será capaz de cumprir todos os 
propósitos que Deus colocou para você aqui na terra – e será capaz de cumpri-los bem. 
C O M O S E C H E G A L Á 
Alcançar a masculinidade, isto é, atravessar todos os processos que nos levam da concepção até a 
plena maturidade, envolve um grande número de mudanças na fisiologia, intelecto, compreensão, 
sexualidade, identidade, habilidades de relacionamento, e muitos outros aspectos. As mudanças individuais 
que ocorrem provavelmente são numerosas demais para listar. Ainda assim, para a maioria dos meninos, o 
processo é “automático”, isto é, ele possui pouca consciência de que o processo está acontecendo. Desta 
forma, a grande maioria dos meninos, se sobreviverem, irá atingir a masculinidade adulta. Isso não significa 
masculinidade perfeita, ou mesmo que estejam plenamente satisfeitos consigo mesmos, mas que se 
tornarão homens funcionais. Uma exceção a isto são os 2 a 5 por cento que crescerão inaptos a 
funcionarem plenamente como homens. Estes são aqueles que identificamos como homens homossexuais. 
Quando pais preocupados perguntam o que devem fazer para garantir que, em uma sociedade 
confusa quanto aos gêneros, seus filhos cresçam com uma identidade sexual normal e saudável, minha 
primeira resposta é: “Faça o que natural e tente não cometer erros”. Isso pode soar simplista, mas possui 
uma grande dose de verdade. O fato de que os pais, em todas as gerações, todas as culturas, com tudo que 
é nível de educação e habilidade, tendem a criar filhos – cerca de 97% deles – com uma identidade sexual 
clara, indica que o processo é razoavelmente “automático”, em grande parte uma questão de fazer aquilo 
que ocorre naturalmente. É claro que pais cometem erros. Iremos lidar com alguns desses – e com o que 
pode ser feito para corrigi-los – mais adiante. 
Na maior parte das vezes, o processo funciona, porque Deus nos criou para sermos macho e fêmea, 
e ele estabeleceu a família, na qual se criam meninos e meninas para serem homens e mulheres. O processo 
funciona quase sempre, seja entre intelectuais e selvagens, entre cristãos e pagãos. Como ele flui a partir no 
nosso ser físico e da estrutura da família, historicamente o homem nunca necessitou de teorias elaboradas a 
respeito de como criar filhos e filhas. Entretanto, na sociedade atual, existem algumas razões pelas quais 
pode ser importante entender o processo. 
A primeira razão é que a sociedade em que vivemos já não possui um consenso a respeito do que 
significa ser um menino ou uma menina. Portanto, esclarecimentos nesta área podem ajudar-nos a realizar 
um trabalho muito melhor na hora de criar nossos filhos – e a nós mesmos, se nossa masculinidade nunca 
se desenvolveu plenamente. Tanto o colapso da família, como a ausência de normas culturais fortes, tem 
tornado a criação de filhos uma tarefa muito mais precária. 
A segunda razão é que compreender o processo de como um homem se desenvolve nos permite 
identificar o que aconteceu de errado com alguns de nós, e se houver alguma forma de corrigir este 
problema, teríamos grandes benefícios. Este livro é baseado na crença de que podemos identificar algumas 
destas coisas, e de que elas podem em grande parte ser corrigidas, não importa quantos anos se passaram. 
Então, vamos examinar o processo através do qual a masculinidade se desenvolve. O senso 
comum, hoje em dia, é de que ele segue estágios distintos e identificáveis. Para compreender o que 
aconteceu de errado em nossas vidas, e para corrigir o que ocorreu, vamos investigar estes estágios. Apesar 
de existirem muitas teorias a respeito da maturidade de um menino rumo à masculinidade, a maioria dos 
entendidos no assunto concordaria que, de uma maneira ou outra, o crescimento envolve os seguintes 
passos: 
1. Fisiológico: No nível celular, na estrutura do corpo e no funcionamento do cérebro, existem 
diferenças no plano masculino e no plano feminino. O crescimento fisiológico começa na 
concepção e continua ao menos até o fim da puberdade. 
2. Separação da mãe: Ocorre fisicamente no processo do nascimento, relacionalmente no processo da 
desmama, e psicologicamente na criação de uma identidade separada da mãe, no menino. 
3. Identificação com o pai ou “o homem”: o menino observa o seu pai e percebe que de alguma forma 
é semelhante a ele. 
4. Seguindo o exemplo/imitando o pai: O menino quer ser como o seu pai, portanto o observa e tenta 
agir de forma semelhante a ele. 
5. Testando a masculinidade: Ele quer provar que é como o seu pai, portanto testa a si próprio para 
receber a afirmação de que é um homem como seu pai, buscando esta afirmação primeiramente do 
seu pai e em seguida de seus semelhantes. 
6. Recebendo afirmação: Ele recebe uma resposta de aprovação de seu pai ou de seus semelhantes, 
dizendo que ele de fato é um homem. 
7. Aceitando sua masculinidade: A afirmação que recebeu é suficiente para ele aceitar, internamente, 
que é um homem. 
Para nossa discussão, será útil agrupar estes sete passos em três fases amplas. O primeiro passo, da 
formação física, permanece sozinho como a fase fisiológica. Os próximos três passos: separar-se da mãe, 
identificar-se com o pai e imitá-lo, constituem o processo de adquirir uma identidade como pessoa e como 
homem. Entretanto, como veremos mais tarde, este não é um processo completo; a identidade é provisória, 
neste ponto. Chamaremos esta fase de Formando uma Identidade Experimental. Os últimos passos, de 
testar a masculinidade, receber afirmação e aceitá-la, representam um processo contínuo de crescimento 
que acontecerá ao longo de vários anos. Chamaremos esta fase de Afirmação. 
Para resumir, a masculinidade é desenvolvida conforme um menino passa pelos três estágios, que 
envolvem os sete passos, conforme a figura abaixo. Vamos examinar cada fase. 
 
Figura 1. Fases do Amadurecimento da Masculinidade 
 
F I S I O L Ó G I C A 
A formação física de um homem – que o distingue de uma mulher – será discutida com algum 
detalhe no capítulo 6, portanto vou oferecer apenas algumas palavras aqui. O processo físico de 
desenvolvimento de um homem começa em sua concepção e permeia sua puberdade e adolescência. Estes 
processos diferenciam meninos de meninas não apenas nas capacidades genitais e reprodutivas, mas em 
aspectoscomo altura, musculatura, gordura corporal, hemoglobina no sangue, formação do cérebro, entre 
outros. O amor de Deus pela diversidade transparece entre os homens (e também entre as mulheres) nas 
diferenças entre os indivíduos, mas ainda há fatores comuns que fazem dos homens, homens, e das 
mulheres, mulheres. 
F O R M A N D O U M A I D E N T I D A D E E X P E R I M E N T A L 
Nos últimos anos, diversos livros, tanto cristãos quanto seculares, têm descrito o processo visto 
como formador da identidade masculina. Resumidamente, a maioria deles tende a descrever a seguinte 
situação: um menino, ao deixar o corpo de sua mãe após o nascimento, nem possui consciência de que é um 
ser distinto da mãe. Isto é compreensível; afinal, ele passou a sua existência inteira contido no corpo dela. A 
amamentação e o colo dela ajudam a manter esta percepção viva por mais um tempo, mas eventualmente a 
realidade chega. Há momentos em que ele é fisicamente separado dela, e há momentos em que ela 
Fases Passos 
I. Fisiológica 1. Criação e maturidade do corpo masculino 
II. Formando uma 
Identidade Experimental 
2. Separar-se da mãe 
 3. Identificar-se com o pai ou “homem” 
 4. Imitar o exemplo 
III. Afirmação 5. Testar sua masculinidade 
 6. Receber afirmação 
 7. Aceitar sua masculinidade 
demonstra uma vontade distinta da vontade dele, portanto ele começa a perceber a separação. Mas o que é 
ele, então? 
A teoria diz que ele começa a procurar ao redor alguém cuja existência o revelará quem ele é. Ele 
precisa de uma identidade à parte de sua mãe, e não pode simplesmente criar uma a partir do nada ou por 
divagação teórica. Mas ele vê o Papai, ou um substituto para o Papai. O Papai é “outra” pessoa, mas, de 
alguma forma, ele é semelhante ao Papai. O Papai demonstra interesse nele, e ele, precisando de uma 
identidade, se conecta ou se identifica com o Papai. Então, uma vez que a necessidade básica de ter uma 
identidade à parte da mãe é satisfeita com o pai, e considerando que ele receba respostas favoráveis do pai 
em relação a isso, sua decisão é de que quer ser como o Papai. Ele começa a imitar as coisas que o Papai faz. 
O Papai se tornou o seu modelo e continuará sendo, ao menos até que ele encontre outros meninos e 
homens significantes em sua vida. 
Esta teoria, de formar uma identidade experimental, parece fazer bastante sentido. Ela nos dá uma 
explicação de como esta pequena criatura proveniente do corpo de sua mãe pode descobrir, em poucos 
anos, que é uma pessoa separada, e um homem. Eu percebi isto em meu filho, Estevão. Quando ele nasceu, 
tinha uma mãe e duas irmãs apaixonadas de 12 e 13 anos, quase o equivalente a três mães. Mas em algum 
momento antes de completar 18 anos, começou a mostrar que era mais como eu do que como suas irmãs 
ou sua mãe. Esta percepção jamais o deixou. Tenho que admitir que, com o fundo de onde vim, tendo saído 
da homossexualidade apenas por um ano e meio quando ele nasceu, eu fiz tudo o que podia para torná-lo 
consciente de sua masculinidade. Mas a consciência de gênero de Estevão não foi produto de minhas 
preocupações. O filho de um amigo meu, que acabou de fazer dois anos, esteve fazendo as seguintes 
perguntas: “Isto é um menino?” “Eu sou um menino?” “Mamãe, você é uma menina?” 
No processo de identificação com o pai, estarei me referindo como identificação, ao invés das 
expressões mais utilizadas de formação de laços ou vínculos. Faço isto porque o conceito de vínculo possui 
certas implicações que poderiam representar um obstáculo desnecessário ao amadurecimento tardio de um 
homem para a masculinidade. 
A imagem que muitos possuem de formação de laços é algo que acontece repentinamente e sempre 
com algum homem específico, em geral o pai do menino. Essencialmente, ela é vista como uma conexão 
imediata, da mesma forma que apaixonar-se. Em um minuto, o filho e seu pai (ou substituto) são dois seres 
separados, e no momento seguinte, estão conectados. Conheci alguns jovens pais que seguravam seus 
recém-nascidos intencionalmente junto ao seu peito, acreditando que algum tipo de laço instantâneo seria 
formado. Esta é uma bela figura, que reflete o coração de um pai que quer muito abençoar o seu filho, mas 
que apresenta a formação dos laços como um evento quase místico. Neste contexto, a formação de laços 
parece ser uma ocorrência única, implicando que, se não vier a acontecer logo no início, o menino jamais 
será capaz de desenvolver uma masculinidade saudável e madura. Para mim, este conceito de formação de 
laços não é aceitável, por duas razões. 
A primeira razão é baseada no quadro de deterioração da família na sociedade moderna, 
especialmente o elevado número de meninos sendo criados sem nenhum homem adulto em suas vidas. É 
verdade, muitos meninos nascidos a mães solteiras possuem o namorado da mãe, ou seu avô, com quem 
podem estabelecer laços, mas um número considerável não possui tais substitutos. Eles são criados apenas 
com a mãe, ou em um ambiente totalmente feminino. Apesar deste fato, não vejo nenhuma evidência de 
que estejamos atravessando um grande aumento na incidência da homossexualidade masculina. Temos que 
reconhecer: pode ser cedo demais para identificar tal tendência, e as restrições do „politicamente correto‟ 
podem vir a desencorajar as instituições acadêmicas de investigar tal fenômeno. Mas temos visto, 
literalmente, centenas de estudo no passado que reportam outras consequências negativas em meninos 
criados sem um pai. No entanto, não apareceu nos resultados nenhum aumento na incidência da 
homossexualidade. 
Identificar-se e seguir um exemplo, em contraste à formação de laços, é quase sempre possível, e 
não precisa acontecer nos primeiros dias da vida de um menino. Se não houver nenhum pai presente, pode 
ser um vizinho ou amigo da família, ou, infelizmente, um personagem de televisão ou traficante de drogas 
na esquina. Meninos órfãos de pai parecem frequentemente se identificar com o tipo de errado de homens, 
mas até onde sabemos, eles adotam uma identidade masculina em proporções idênticas a meninos que 
possuem pais ou figuras paternas. 
A segunda razão pela qual questiono o conceito de que cada menino precisa formar vínculos com o 
seu pai ou com a figura paterna é que, se esta fosse uma parte essencial do amadurecimento para a 
masculinidade, então aqueles que não formaram laços desta forma jamais poderiam atingir a masculinidade 
plena nos anos posteriores. Eu rejeito esta ideia sem temor de estar errado. Se formar vínculos em uma 
idade tenra fosse absolutamente necessário, então à parte de um autêntico milagre, nenhum de nós poderia 
ser curado. Após adultos, não podemos retornar e estabelecer laços como nossos pais como um bebê 
poderia. Nós somos diferentes demais de uma criança. Todas as nossas experiências, imaginações adultas e 
habilidades analíticas, nossas memórias de experiências passadas, nossa tendência masculina de sexualizar 
os relacionamentos – todas estas coisas nos fazem radicalmente diferentes de uma criança no ponto em que 
poderia firmar laços. Os laços que podemos estabelecer com um homem hoje não se parecem em nada com 
a ligação que se forma entre um bebê e um adulto. Ainda assim, muitos de nós eventualmente 
amadurecemos na masculinidade e vencemos a homossexualidade. 
Mas algo acontece entre o momento que o menino se separa da mãe, e a época em que ele começa 
a agir como seu pai ou outros homens ao seu redor. Chamo isto de “identificação”. O menino percebe que, 
de algum modo, ele é diferente de sua mãe, irmãs e avó, sendo parecido com estas outras criaturas 
chamadas homens. Pode ser uma compreensão lenta, ou pode também ser uma experiência imediata 
(“Aha!”), mas de qualquer forma, é um ponto fundamental para direcioná-lo no desenvolvimento de sua 
masculinidade. 
Isto pode parecer uma discussão banal. Afinal, que importa se chamamos o que acontece de 
„formação de laços‟ ou „identificação‟?

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