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L02 - Diario Estoico

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Estoicismo Diário #273 — Ninguém pode limitar sua mente
"Se você colocar suas mãos violentas em mim, você terá meu corpo, mas minha mente permanecerá com Estilpo." — Zenão de Cítio
Zenão não tinha poderes mágicos para impedir que algo negativo acontecesse ao seu corpo físico, seja o mal provocado por outros ou os infortúnios da natureza — acidentes, doenças.
Mas ele tinha um poder absoluto: o de proteger a mente de qualquer dano, habilidade cultivada sob os ensinamentos de Estilpo. Nas palavras de Marco Aurélio, ele tinha acesso à sua fortaleza interior.
Assim como Zenão, você tem a mesma habilidade. Espero que você nunca precise usá-la em situações de violência ou de injustiça, mas no meio do caos ou frente a qualquer adversidade, ela está ali. Sempre disponível.
Não importa o que aconteça a você, não importa o que o mundo externo jogar no seu caminho, sua mente pode permanecer com a filosofia de Estilpo. Ela é sua. Ela é intocável. E, neste sentido, você também o é.
Aplicação pessoal
Na década de 1960, o pugilista Rubin Carter foi erroneamente acusado de homicídio triplo e, devido a um júri enviesado, considerado culpado e condenado a três prisões perpétuas.
Ao ser levado para a prisão, ele pediu para falar com o diretor e fez a seguinte declaração:
"Eu sei que você não teve nada a ver com a injustiça que me trouxe a esta prisão, então estou disposto a permanecer aqui até que possa sair. Mas eu não irei, em nenhuma circunstância, ser tratado como um prisioneiro — porque eu não sou e jamais serei impotente."
Carter poderia ter entrado em desespero, mas ele se recusou a entregar aquilo que era seu: sua atitude, suas crenças, suas escolhas. E qualquer um que encostasse nele devia estar preparado para uma briga.
Novamente, espero que você jamais precise usar essa habilidade em algum momento de injustiça ou violência. Mas se você se encontrar fisicamente limitado(a) ou impedido(a) por algum obstáculo, você não precisa deixar sua mente ficar confinada neste mesmo espaço.
Aquilo que afeta seu corpo não pode afetar sua mente.
Como disse Carter em outro momento: "Eu não reconheço a existência dessa prisão. Ela não existe para mim."
Estoicismo Diário #271 —Quando "mais" se torna o padrão
"Nada pode satisfazer a ganância, mas mesmo os pequenos atos satisfazem a natureza. Então a pobreza de um exílio não traz infortúnios, pois nenhum lugar no exílio é tão árido ao ponto de não poder oferecer suporte amplo a uma pessoa."
 — Sêneca
Reflita um pouco sobre o que você considerava como normal.
Seu primeiro salário parecia enorme. Comer miojo no almoço para não gastar muito dinheiro era rotina. Seu primeiro quarto tinha o tamanho perfeito para caber tudo.
Hoje, as condições do passado não seriam mais suficientes. E é provável que você deseje ainda mais do que possui agora. Mas há alguns anos, tudo parecia suficiente. Tudo estava bem.
À medida que vamos nos tornando "bem sucedidos", esquecemos quão resilientes éramos. Na verdade, começamos a nos tornar frágeis, acreditando que não podemos viver sem o que temos agora.
Você vai ficar bem se as coisas derem errado. Você pode viver bem com muito menos do que acredita ser necessário para ter uma vida confortável. Se acredita que não consegue, é só revisitar algumas memórias.
(Só evite voltar ao miojo.)
Aplicação pessoal
Há alguns anos vi uma reportagem sobre um homem que vivia em uma casa rural no Camboja e sobre um homem que vivia em um apartamento de luxo em Nova Iorque. Adivinhe qual deles era o mais feliz.
O cambojano, satisfazendo suas necessidades básicas, não sentia que precisava de outra coisa. Ele tinha uma família, um trabalho e uma vida feliz. Enquanto isso, o nova-iorquino vivia insatisfeito.
Ryan Holiday afirmou: “Quando você não sabe o que quer, MAIS se torna o padrão.” Quanto você precisaria ganhar por mês para viver bem? O que você precisa ter para viver de forma confortável?
A probabilidade de você ter respondido algo muito acima da sua necessidade real é grande. E o próprio Holiday sugere que quanto mais cedo você achar a resposta para essas perguntas, melhor. Você viverá de forma menos reativa.
Ryan queria uma fazenda no Texas, animais no quintal, escrever e poder correr todos os dias. Ele também é um autor de best-sellers, mas isso é efeito colateral do bom trabalho que ele faz. O que ele realmente desejava, ele já conseguiu — o resto é um bônus da vida.
Não se baseie nos outros, defina os limites adequados para suas necessidades e você não precisará se preocupar com escolhas. Nas palavras de Ido Portal, limites oferecem liberdade.
Estoicismo Diário #268 — Por que somos todos viciados
"Mostre-me alguém que não é um escravo! Um é escravo da luxúria, outro é escravo da ganância e outro do poder, e todos somos escravos do medo. Eu poderia nomear um ex-Cônsul que é escravo de uma mulher idosa, um milionário que é escravo de uma moça da limpeza… Nenhuma servidão é mais deplorável do que a auto-imposta."
— Sêneca
Todos somos viciados de uma forma ou de outra.
Somos viciados nas nossas rotinas, no nosso café (guilty!), no conforto, na aprovação de outra pessoa. Essas dependências significam que não estamos no controle das nossas escolhas, a dependência está.
Epictetus disse que qualquer um que queira ser verdadeiramente livre não desejará algo que pertence a outra pessoa, exceto se o verdadeiro desejo é se tornar um escravo.
As pessoas pelas quais temos afeição podem sair de nossas vidas tão rápido quanto entraram. Nossas rotinas podem ser perturbadas por eventos externos. O médico pode nos proibir de beber café (espero que nunca aconteça). Podemos não ter mais água quente no chuveiro ou um ar condicionado no quarto.
Dada a imprevisibilidade do mundo, devemos testar nossas dependências antes que elas se tornem grandes demais.
Hoje, resista a algo que você considera como necessário. Será que vai ser tão ruim assim?
Aplicação pessoal
Uma filosofia com poucos princípios é mais fácil de ser estudada e aprendida do que uma que dependa de modelos complexos do mundo — o sistema razoável que você consegue seguir é melhor do que o perfeito que você abandona. Essa é uma das razões para os Estóicos são considerados como repetitivos, mas essa repetição é necessária.
Com Sêneca, voltamos a um dos exercícios preferidos: a prática do infortúnio (que já mencionei aqui, aqui, aqui e aqui, e em outros textos que não lembro o título).
Hoje você pode resistir a algo? Ao café (acredite ou não, eu consigo passar dias sem café). A atender ao celular assim que ele tocar. A responder os emails assim que chegarem na inbox. Ao banho quente. A perguntar a alguém se sua roupa está adequada ou deveria trocá-la.
Nesta semana você pode deixar seu carro de lado? Neste mês você pode mudar sua dieta? Abandonar alimentos processados e bebidas calóricas.
Para mim, jejum é um dos piores momentos da semana porque… eu adoro comer (mesmo que o vício não se reflita no meu peso). Mas isso é apenas minha dependência falando.
A percepção do evento tende a ser terrível e insuportável quando o evento em si não provoca qualquer dor ou incômodo. Mesmo que algo pareça impossível, comece. Nada é tão ruim quanto nossa mente faz parecer. Aprenda a se tornar invulnerável enquanto ainda pode.
Estoicismo Diário #269 — O propósito oculto do lazer
"Lazer sem estudo é morte — uma tumba para o vivo." 
— Sêneca
Você trabalha. Você se esforça. Você sacrifica.
Você merece férias.
Então pegue um avião, faça o check-in em um hotel e vá à praia.
Mas lembre-se de levar um livro. Não uma revista qualquer. Um livro.
Aproveite seu tempo de relaxamento como um poeta — não passivamente, mas ativamente. Observe o ambiente ao seu redor. Absorva. Entenda melhor seu lugar no mundo.
Tire uma folga do trabalho, mas não pare de aprender.
Talvez seu objetivo seja ter dinheiro suficiente para se aposentar cedo. Vá em frente. Mas o propósito de se aposentar não é viver uma vida de indolência ou esperar o seu tempo acabar sentado(a) no sofá assistindo ao Netflix ou Hulu.
Aposentadoria, ou qualquer tempo livre, é o momento de perseguiraquilo que lhe atrai. E é o momento perfeito porque durante suas folgas você não tem as obrigações ou distrações do mundo real.
Sentar no sofá o dia todo e não fazer coisa alguma não é uma vida. Também não é liberdade.
Aplicação pessoal
Bill Gates tem o costume de se retirar para um local calmo por duas semanas inteiras. Não são férias. Gates passa os 15 dias apenas analisando seus negócios, lendo, estudando, refletindo sobre suas escolhas.
Warren Buffett e Charlie Munger reservam horas inteiras dos seus dias apenas para ler.
O ato de Gates, Buffett e Munger se aproxima muito do que Sêneca afirmou na sua carta para Lucílio.
Precisamos viver. Mas viver depende de aprender a viver. Aprender quem somos, o que podemos fazer, o que devemos fazer, como o mundo funciona, como interpretar os eventos, como lidar com percepções.
Durante nossos dias, temos obrigações e prioridades; não devemos tolerar distrações. Quando finalmente estamos livres, devemos nos dedicar à nossa ferramenta mais versátil: nossa mente. Aproveite seus momentos livres para aprender algo, seja sobre o mundo, sobre uma habilidade ou sobre você.
Nas palavras de Henry Ford, "Aquele que para de aprender está velho. Seja aos vinte ou aos oitenta. A melhor coisa da vida é manter a sua mente jovem."
Na sua próxima viagem, lembre-se de levar um livro. Ou pare na livraria do aeroporto.
Estoicismo Diário #262 — A flexibilidade da mente
Ou como não ser um robô e aproveitar as oportunidades
"Lembre-se que mudar sua mente e seguir com a correção de alguém é consistente com o livre arbítrio. Porque a ação é sua, e apenas sua — para cumprir seu propósito de acordo com seu impulso e seu julgamento, e sim, sua inteligência." 
— Marco Aurélio
Quando você diz que vai fazer algo, você faz? Você vai até o fim? Se consegue, é algo impressionante. A maioria das pessoas não consegue se comprometer por mais de uma semana.
Mas essa determinação nem sempre é útil. Ela pode criar um tipo de escravidão: o de jamais reconsiderar as situações e o contexto. Cedo ou tarde, a determinação de ferro pode virar um risco.
Condições mudam. Novos fatos se tornam conhecidos. Circunstâncias surgem. Se você não se adapta ao novo cenário, se você segue em frente, incapaz de se ajustar a essa informação adicional, você é tão bom quanto um robô.
Robôs recebem ordens e as seguem estritamente. Humanos têm plasticidade neural, são adaptáveis. A questão não é ter vontade de ferro, mas uma vontade adaptável — reconhecer as mudanças e usar a razão, dado o novo cenário, para clarificar percepções, impulsos e julgamentos (e jogar fora o que não serve mais).
Antifragilidade é resistir a algo e melhorar após o impacto (algo além da resiliência). Mas como você pode melhorar se decidir marcar tudo em pedra?
Aplicação pessoal
"Quando eu considerar X, é porque minhas outras opções se esgotaram", afirmei categoricamente, há alguns anos, enquanto conversava com minha mãe. Hoje, me pergunto porque relutei tanto em considerar a sugestão.
Talvez, no passado, eu tivesse me considerado um fracasso se tivesse logo aceitado a opinião dela — na verdade, provavelmente me sentiria assim. Devo me considerar um fracasso hoje por ter aceitado mudar meus objetivos? Claro que não. As condições eram outras, as expectativas também. O contexto mudou, assim como a coisa mais lógica a ser feita.
Não existe fraqueza alguma ou covardia em admitir o erro. Precisamente o contrário. (Ninguém gosta de admitir que está errado, não faz bem para o ego.) Covardia é persistir com algo que não faz mais sentido para não reconhecer a falha no julgamento.
Como diria Charlie Munger, "é mais fácil evitar a estupidez do que surgir com uma ideia genial".
Se é estúpido continuar fazendo X, então faça Y, mesmo que Y não vá mudar o mundo.
Estoicismo Diário #260 — Como lidar com quem não gosta de você
"Alguém me menospreza. É problema dele.
Meu problema: não fazer ou dizer algo desprezível.
Alguém me odeia. É problema dele.
Meu problema: ser paciente e alegre com todos, incluindo os que me odeiam. Estar pronto para lhes mostrar seu erro. Não de forma rancorosa, ou para me gabar do meu auto-controle, mas de uma forma honesta e correta. (…) É assim que deveríamos ser internamente e jamais deixar que os deuses nos encontrem sentindo raiva ou ressentimento."
 — Marco Aurélio
Marco Aurélio, sendo imperador, provavelmente tinha uma legião de opositores. Pessoas que não concordavam com suas escolhas, que não gostavam dele, políticos que tentavam invalidar suas decisões e inimigos entre seus amigos.
Um dos amigos-que-viraram-inimigos de Marco Aurélio tentou matá-lo para tomar o trono do império Romano, afirmando que merecia a coroa mais do que o próprio Marco. Marco conteve sua investida e… o perdoou. Ele não odiou quem o odiava, enquanto o resto da sociedade romana esperava uma condenação.
Quando alguém tem uma opinião forte sobre algo, normalmente essa opinião diz mais a respeito da pessoa do que sobre o objeto da opinião. Especialmente quando se trata de preconceito ou ódio em relação a outros.
Por essa razão, o Estóico adota a seguinte postura ao encontrar alguém pregando o ódio, expondo uma opinião prejudicial ou falando mal deles: eles se perguntam "essa opinião está no meu controle?", se existe uma chance de influenciá-la, eles educadamente apresentam fatos que mostram o erro na lógica alheia. Caso não possam fazer algo, eles aceitam a pessoa como ela é.
Nossa vida já é difícil o bastante. Não temos tempo a perder pensando sobre o que os outros estão pensando, mesmo que seja sobre nós.
Aplicação pessoal
A atitude estóica em relação aos outros pode parecer passiva, mas é uma lógica simples.
Se você tenta convencer alguém de que algo não está correto, essa pessoa não aceita seus argumentos nem os fatos e também direciona a raiva a você por ter uma opinião contrária, vale a pena continuar insistindo? Não. A tentativa não foi desperdício de tempo, mas insistir na discussão seria.
Pessoas que têm algum tipo de preconceito fecharam a mente. Elas acreditam apenas naquilo que percebem como sendo verdade. Mas para cada trouxa de mente fechada, você pode encontrar dezenas de pessoas de mente aberta.
Um bom exemplo sobre como lidar com opositores é o autor Neil Strauss. Sempre que ele começa a escrever um livro, ele pensa em todos os possíveis contra-argumentos serão usados para invalidar suas afirmações e apresenta as respostas no próprio livro. Se não adiantar e alguém surgir afirmando que ele escreveu 400 páginas de besteiras, ele vai ficar perturbado? Não, ele aceita que existem pessoas incapazes de aceitar outros pontos de vista. Essas pessoas vão dar uma estrelinha na Amazon, mas muitas outras vão achar utilidade naquilo que ele escreveu.
Não perca seu tempo se preocupando com o que os outros pensam de você ou deixam de pensar, mas não perca a chance de mostrar a verdade a alguém sempre que for possível — seja a acusação a respeito de você ou não. Porque mesmo que não seja a vítima do preconceito ou do ódio, você pode ajudar a contê-los.
Estoicismo Diário #258 — Nós não somos Estóicos
"Primeiro pratique não contar as pessoas quem você é — mantenha sua filosofia para você por um tempo. Da mesma maneira que uma fruta é produzida — a semente é enterrada em uma estação, escondida, crescendo gradualmente de forma a chegar à maturidade. Mas se os grãos brotarem antes que o caule esteja completamente desenvolvido, jamais serão colhidos… Este é o tipo de planta que você é, apresente o fruto cedo demais e o inverno o matará."
 — Epictetus
Em A Lógica do Cisne Negro, Nassim Taleb fala da Antibiblioteca de Umberto Eco. Os visitantes do signore Eco podiam ser divididos em dois grupos:
1. O grupo que, ao ver a biblioteca, perguntava: “Uau, professore dottore Eco, que biblioteca o senhor tem! Quantos desses livros o senhor já leu?”.
2. O outro grupo entendia que a biblioteca particular não é um apêndice para elevar o ego, e sim uma ferramenta de pesquisa.
Afirmar que somos estóicos porque gostamos das ideias, brincar com livros de retórica complexa,ou possuir uma biblioteca intimidante que de nada serve é como ter um jardim com intuito de impressionar os vizinhos — o propósito oposto ao da biblioteca de signore Eco.
A biblioteca de Umberto Eco não era uma propriedade pessoal com intuito de impressionar as pessoas, da mesma forma que Eco não escrevia para parecer inteligente. Ele entendia que filosofia (no caso, a semiótica) precisava ser estudada, compreendida e aplicada e, para isso, ele também precisava dessa biblioteca extensa.
As raízes da filosofia levam tempo para se espalhar e dependem da prática, não de apenas conhecer a teoria e acumular livros. Livros são uma ferramenta, mas por si só não são o bastante.
Entender isso é começar a criar um jardim cujos frutos têm utilidade, ao invés de ser apenas decoração.
Aplicação pessoal
Você não é uma pessoa estóica. Eu não sou uma pessoa estóica. Ainda estamos no processo vegetativo. Mas, neste momento, posso parecer hipócrita. Você pode afirmar que estou indo contra as palavras de Epictetus.
Em minha defesa, escrever é uma forma de refletir sobre o que aprendi. Da mesma forma que Meditações era um exercício espiritual de Marco Aurélio para ele mesmo, meus textos tendem a ser uma reflexão pessoal, uma tentativa de transpor o que li em algo mais prático — lembretes que poderei usar nos momentos que sair do caminho. (Poderia escrever e não publicar, mas ao tornar os textos públicos, sou obrigada a continuar a escrevê-los.)
É uma das formas que tenho para cuidar das sementes. Mas fazer uso daquilo que escrevo sempre será mais eficaz que escrever. No seu caso, fazer uso daquilo que lê, ou encontrar sua forma de aplicar.
Filosofia não é uma roupa que você coloca ou um discurso que profere quando for conveniente. Utilizando as palavras de Sêneca para resumir as de Epictetus: filosofia é para agir, não para falar.
Estoicismo Diário #254 — Com o que “menos” se parece?
“Nos acostumemos a jantar sem as multidões, a ser um escravo de poucos escravos, a adquirir roupas pelo seu propósito real e a viver em acomodações mais modestas.”
 — Sêneca
Em 41 DC, Sêneca foi exilado para a Córsega. Como consequência foi desprovido do seu título e das suas posses, vivendo em condições precárias até ser chamado de volta a Roma.
Apesar das dificuldades da situação e alguns momentos de desespero, Sêneca suportou seu exílio com a conhecida resiliência estóica.
Não corremos o risco de sermos exilados como Sêneca, mas em qualquer momento podemos encontrar uma situação que nos forçará a ter menos. Menos dinheiro, menos liberdade, menos reconhecimento, menos recursos, menos acesso, menos oportunidades. A própria idade também irá impor suas limitações — menos energia, menos mobilidade.
Uma forma de se proteger das oscilações do destino é viver dentro das suas possibilidades agora. Você pode viver com menos do que acredita ser necessário.
Aplicação pessoal
Por que pessoas com salários altos continuam se afogando em dívidas? Enquanto isso, existem outros como Mr. e Mrs. Money Mustache que, em apenas 9 anos de trabalho, juntaram dinheiro suficiente para se aposentar.
Os dois grupos (endividados e Mustachians) têm acesso aos mesmos recursos, ao mesmo conhecimento e poderiam ter uma condição financeira similar. Por que, então, configuram extremos de um mesmo espectro?
Porque um desses grupos não aprendeu a viver dentro das próprias possibilidades. Foram ensinados que devem viver acima delas. Enquanto isso, Mustachians vivem abaixo das possibilidades — eles não fazem sacrifícios, apenas escolhas conscientes.
Se você decidisse viver com menos do que acha que precisa, como seu dia seria? Talvez abdicasse de um pouco de conforto. Fora isso, tudo seria praticamente igual.
Faça o teste: por um mês, tente viver com no máximo 60% de tudo o que receber. (Pense na possibilidade de se aposentar mais cedo.) O choque inicial rapidamente dará lugar à sensação de normalidade.
Estoicismo Diário #246 — Na guerra ou na paz, continue treinando
"Nós devemos nos submeter a um treinamento árduo no inverno e não nos apressarmos a fazer aquilo para o qual não nos preparamos."
 — Epictetus
No passado, era comum os exércitos se desmembrarem ao final de uma guerra, quase como soldados de meio-período.
Quando Epictetus disse "um treinamento árduo no inverno", ele usou a palavra grega cheimaskêsai. Cheimaskêsai indica que não existe algo de “meio-período”, seja no exército ou em qualquer outra atividade.
Ele afirma que, para conseguir uma vitória, você precisa se dedicar integralmente. O tempo de preparação para o grande momento é tão importante (ou talvez mais) do que o grande momento.
Hoje, você acha que um exército que só se reunisse em períodos de guerra conseguiria neutralizar o inimigo? Não. Por isso os soldados treinam durante os períodos de paz. E quando o momento decisivo chega, eles estão preparados.
Não podemos passar pela vida como humanos de meio-período. Devemos nos preparar para o que a vida reservou. E quando o momento chegar, conseguiremos uma vitória.
Aplicação pessoal
A ideia de viver em treinamento (aprendendo) pode parecer árdua. Horas de exercícios, mentais ou físicos, que levam à exaustão. Mas aprender não se resume a absorver livros, praticar movimentos ou repetir um conceito até que o cérebro vire geléia.
Aprender também engloba usar as percepções do dia-a-dia.
Enquanto tem todos os amigos ao seu redor, aprecie o momento, mas lembre-se que esse pode ser o último dia com algum deles. Enquanto esse momento não chegar, você continuará a coletar memórias. Quando chegar, não terá arrependimentos. Apesar do choque e do vazio, lidar com o obstáculo será mais fácil do que se tivesse passado por todos os momentos de olhos vendados.
É isto que Epictetus pede: dedique-se integralmente a tudo o que fizer, desde uma cerveja com os colegas de trabalho ao estudo para alguma prova. Quando um obstáculo surgir, superá-lo será mais fácil.
]
Estoicismo Diário #245 — O que dói, fortalece
"Homens, a escola de um filósofo é um hospital — você não deveria sair sentindo prazer, mas dor, porque não estão bem quando entram."
 — Epictetus
Alguém que já passou por reabilitação física ou fisioterapia sabe que não se trata de uma sessão de massagem. Reabilitação não é algo legal. Ela dói.
O profissional precisa estressar os pontos que necessitam de fortalecimento ou os músculos que atrofiaram. Em outras palavras: são horas com os dentes rangendo por causa da dor.
A filosofia estóica é a mesma coisa. Ela pressiona os pontos em que temos menor resistência. Ela trata dos temas que evitamos todos os dias. Ela deve doer. Ela deve fazer você continuar, mesmo com o sofrimento. Caso contrário, você não está fortalecendo o que deveria.
Mas lembre-se: isso significa que não basta apenas acreditar que você pode superar algo, você precisa efetivamente superar a adversidade.
Aplicação pessoal
O processo de cura não é algo fácil. Ele dói. Muito.
É preciso pressionar, puxar, flexionar, esticar. Vai incomodar. Vai doer. Mas se não fizer, não haverá melhora. Eu sei porque sofri durante 8 meses, 8 horas por semana. Apesar de toda a dor, recuperei quase 100% dos meus movimentos.
Resistência só pode ser desenvolvida quando algo dói.
Você não deve fugir da dor, se esconder ou ignorá-la, mas lembrar-se que, se dói e você continua, isso está lhe fortalecendo de alguma forma — mesmo que a situação seja algo que você gostaria de evitar a todo custo.
Estoicismo Diário #243 — Sêneca sobre como não se ofender pelo erro de alguém
"Sempre que você se sentir ofendido pela infração de alguém, imediatamente volte-se para os seus próprios erros, tais como considerar o dinheiro, ou o prazer, ou um pouco de fama como um deus — não importa a forma que o erro assumir. Ao pensar assim, rapidamente você se esquecerá da sua raiva e entenderá o que compeliu o outro, por que o que mais poderiam fazer? Ou, se você tiver como, remova a compulsão."
 — Sêneca
Sócrates disse que ninguém faz o mal de forma intencional.
Você pode comprovar as palavras ao pensar sobre os momentos em que agiu mal sem terqualquer intenção ou malícia.
Quando foi rude com alguém porque passou dois dias sem dormir direito. Quando chegou a uma conclusão sem ter todos os fatos ou influenciado(a) por uma informação falsa. Todas as vezes em que fez algo errado quando, na verdade, queria ajudar.
Não afaste as pessoas ou as rotule como inimigos. Você também está sujeita(o) a erros — os mesmos erros que elas cometeram.
Seja exigente consigo, mas compreensiva(o) com os outros. É a melhor forma de não destruir relações.
Aplicação pessoal
Epictetus uma vez disse a seus alunos:
Se o seu servo quebrar um copo, como você reagiria? Ficaria irritado e reclamaria por causa da incompetência. 
Mas e se fosse o servo de um amigo seu? Você pediria ao seu amigo para se acalmar, é apenas um copo e ele mesmo poderia tê-lo quebrado sem querer. 
Antes de reagir, coloque-se no lugar do outro.
Se eu sei que sou desastrada e já quebrei vários copos, por que me estressar com a pessoa que o deixou cair no chão?
Não é útil se irritar por algo que você mesmo poderia ter feito.
E se existe um fator humano, jamais podemos esperar a perfeição. Portanto, é sempre melhor perdoar um erro porque você pode ser o próximo a cometê-lo.

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