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Contrato de Depósito

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CONTRATO 
 
CONCEITO 
Conforme o primeiro dispositivo, pelo 
contrato de depósito o depositário 
recebe um objeto móvel e corpóreo, 
para guardar, até que o depositante o 
reclame. De acordo com a 
manifestação de vontade o depósito 
pode ser classificado em voluntário ou 
necessário (obrigatório), subdividindo-
se este último em legal e miserável. 
Depositário – recebe um bem móvel e 
corpóreo para guardar. 
Depositante – entrega o bem. 
O depósito é um contrato, em regra, 
unilateral e gratuito. Entretanto, é 
possível o depósito bilateral e oneroso, 
diante de convenção das partes, 
atividade ou profissão do depositário. 
Há depósito oneroso naqueles 
contratos de guarda em cofres públicos 
prestados por instituições bancárias, 
negócios esses que podem ser 
configurados como contratos de 
consumo, aplicando-lhes o CDC. 
CARACTERÍSTICAS 
Regra geral: o contrato de depósito é 
unilateral e gratuito. 
No entanto, há casos em que poderá 
ser oneroso, pois se observa que será 
introduzida também a bilateralidade. 
Pela convenção, atividade 
desempenhada ou porque o depositário 
pratica por profissão. 
O exemplo típico é a guarda do bem no 
cofre, aplicando a questão do 
consumidor. 
Sendo o depósito oneroso ou 
sinalagmático, não constando lei ou 
convenção o valor da remuneração do 
depositário, será essa determinada 
pelos costumes do lugar e, na falta 
destes, por arbitramento (art. 628 
§único) 
O contrato em questão é comutativo e 
também personalíssimo (intuitu 
personae), fundado na confiança do 
depositante em relação ao depositário. 
Trata-se de um contrato temporário, 
que pode ser fixado por prazo 
determinado ou indeterminado. 
Constitui contrato real, pois, a exemplo 
do comodato e do mútuo, tem 
aperfeiçoamento com a entrega da 
coisa a ser depositada (tradição). 
É um contrato real, porque depende da 
tradição. 
Personalíssimo, uma vez que se 
extingue com a morte das partes. 
Apesar da similaridade, o contrato não 
se confunde com o comodato 
(empréstimo de uso). No depósito o 
depositário apenas guarda a coisa, 
tendo uma obrigação de custódia, sem 
poder de usá-la. 
Depósito voluntário ou 
Convencional 
Inicialmente, cumpre ressaltar que é 
estipulado pelas partes. 
Regras: O contrato de depósito é um 
contrato de guarda, sendo o depositário 
Depósito 
obrigado a ter na guarda e conservação 
da coisa depositada o cuidado e 
diligência que costuma ter com o que 
lhe pertence, bem como a restituí-la, 
com todos os frutos e acrescidos, 
quando o exija o depositante (art. 629 
do cc). Justamente por essa natureza 
do contrato é que a jurisprudência tem 
entendido que a cláusula de não 
indenizar não tem validade no contrato 
de depósito, particularmente no caso 
de depósito de jóias e pedras preciosas 
em cofres de bancos. 
Como se extrai dos julgados, as 
instituições financeiras, 
corriqueiramente, pretendem afastar 
suas responsabilidades denominadas o 
contrato como de locação e não de 
depósito, o que não pode prosperar. 
Se o depósito se entregou fechado, 
colado, selado, ou lacrado, nesse 
mesmo estado se manterá, devendo 
ser mantido o seu sigilo (art. 630 do cc). 
Relembre-e a proteção do sigilo como 
um direito natural inviolável. Sendo 
descumprido esse dever por parte do 
depositário, o depositante poderá 
ingressar com ação de rescisão do 
contrato por resolução (inexecução 
voluntária). 
Prescreve o art. 631 do cc que, salvo 
disposição em contrário, a restituição 
da coisa deve dar-se no lugar em que 
tiver de ser guardada. As despesas de 
restituição correm por conta do 
depositante. Como se pode perceber, a 
norma não é cogente, mas dispositiva, 
podendo as partes dispor em contrário 
em relação ao local da entrega, o que é 
comum na prática. 
Se a coisa houver sido depositada no 
interesse de terceiro, o depositário tiver 
sido cientificado deste fato pelo 
depositante, não poderá o depositário 
exonerar-se restituindo a coisa ao 
depositante, sem consentimento do 
terceiro (art. 632 do cc). O dispositivo 
constitui mais uma exceção ao princípio 
da relatividade dos efeitos contratuais, 
aproximando-se da estipulação em 
favor de terceiro. 
Desse modo, se o terceiro não foi 
cientificado, terá direito a ser 
indenizado. 
Ainda que o contrato fixe prazo para a 
restituição, o depositário entregará a 
coisa depositada assim que a mesma 
seja exigida pelo depositante (art. 633 
do cc), exceção feita aos seguintes 
casos: 
a) Se tiver o direito de retenção a 
que se refere o art. 644 do cc em vigor, 
em relação às despesas e prejuízos do 
depósito; 
b) Se o objeto for judicialmente 
embargado; 
c) Se sobre ele pender execução 
notificada ao depositário; 
d) Se houver motivo razoável de 
suspeitar que a coisa foi dolosamente 
obtida. Havendo essa suspeita, desde 
que o exposto o seu fundamento, o 
depositário requererá que se recolha a 
coisa ao Depósito Público, mediante 
pedido judicial (art. 634 do cc). 
Salvo os casos listados, o depositário 
não poderá furta-se à restituição do 
depósito alegando não pertencer a 
coisa ao depositante ou sustentando 
haver a possibilidade de compensação, 
diante da existência de dívidas 
recíprocas, exceto se o depósito tiver 
origem em outro contrato de depósito 
estabelecido entre as partes (art. 638 
do cc). 
O art. 635 do cc faculta ao depositário 
converter o depósito convencional em 
judicial na hipótese em que, por motivo 
plausível, não puder guardar a coisa e 
o depositante não quiser recebê-la. 
O depositário que, por caso fortuito 
(evento imprevisível) ou por força maior 
(evento previsível, mas inevitável), 
houver perdido a coisa depositada e 
recebido outra em seu lugar, é obrigado 
a entregar a segunda ao depositante. 
Além disso, o depositário deverá ceder 
ao depositante as ações que no caso 
tiver contra o terceiro responsável pela 
restituição da primeira. Em outras 
palavras, deverá ser restituída a coisa 
sub-rogada, que substituiu a primeira, 
caso de sub-rogação real e legal. Isso, 
sem prejuízo da indenização que 
couber diante da referida substituição. 
Como antes apontado, o contrato de 
depósito é personalíssimo, sendo 
extinto com a morte do depositário. 
Com a extinção do contrato por 
cessação, resta aos herdeiros do 
depositário a obrigação de devolver a 
coisa. No entanto, quanto ao herdeiro 
do depositário que de boa-fé vendeu a 
coisa depositada, este será obrigado a 
assistir (assistência processual) o 
depositante na reivindicação e a 
restituir ao comprador o preço recebido. 
O código civil de 2022 reconhece ainda 
a possibilidade de depósito voluntário 
conjunto, constando dois ou mais 
depositantes (art. 639). Sendo divisível 
a coisa, no ato da sua devolução, o 
depositário entregará a cada um dos 
depositantes a respectiva parte, salvo 
se houver entre eles solidariedade 
estabelecida por força de contrato 
(solidariedade ativa convencional). 
Frise-se que o contrato de depósito 
trata-se de um mero contrato de 
guarda, conforme mencionado 
anteriormente, justamente por isso, é 
motivo para a rescisão do contrato 
(resolução com perdas e danos) o fato 
de o depositário servir-se da coisa 
depositada ou alienar a coisa sem a 
expressa autorização do depositante 
(art. 640 do cc). Com essa conduta, o 
depositário quebra com a finalidade 
social do contrato, o que motiva a sua 
rescisão. 
Se, por algum motivo, o depositário se 
tornar absolutamente ou relativamente 
incapaz (incapacidade superveniente), 
a pessoa que lhe assumir a 
administração dos bens diligenciará 
imediatamente para restituir a coisa 
depositada (art. 641 do cc). Em outras 
palavras, a hipótese legal é de rescisão 
do contrato por inexecução involuntária 
(resolução com perdas e danos). Não 
querendo ou não podendo o 
depositante recebê-la, recolherá a 
coisa ao DepósitoPúblico ou 
promoverá nomeação de outro 
depositário. 
Por uma razão lógica, em regra, o 
depositário não responde por caso 
fortuito ou força maior (art. 642 c/c art. 
393, ambos do cc). Mas, para que lhe 
valham essas excludentes de 
responsabilidade, terá de prová-las. 
Por fim, quanto aos efeitos do depósito 
voluntário, mesmo sendo o contrato 
gratuito, em regra, o depositante é 
obrigado a pagar ao depositário as 
despesas feitas com a coisa, e os 
prejuízos que do depósito provierem. 
Não ocorrendo esse pagamento, o 
depositário poderá reter o depósito 
(direito de retenção) até que se lhe 
pague a retribuição devida, o líquido 
valor das despesas ou de eventuais 
prejuízos, desde que devidamente 
comprovados (arts. 643 e 644 do CC). 
Prevê o parágrafo único do art. 644 que 
se essas dívidas, despesas ou 
prejuízos não forem provados 
suficientemente, ou forem ilíquidos, o 
depositário poderá exigir caução idônea 
do depositante ou, na falta desta, a 
remoção da coisa para o Depósito 
Público, até que se liquidem. Essa 
caução pode ser real ou fidejussória 
(fiança). 
O DEPÓSITO NECESSÁRIO 
Segundo os ensinamentos de Maria 
Helena Diniz, “o depósito necessário é 
aquele que independe da vontade das 
partes, por resultar de fatos imprevistos 
e irremovíveis, que levam o depositante 
a efetuá-lo, entregado a guarda de um 
objeto a pessoa que desconhece, a fim 
de subtraí-lo de uma ruína imediata” 
a) Depósito legal – é aquele 
realizado no desempenho de obrigação 
decorrente de lei, como ocorre no caso 
previsto no art. 641 do CC (depósito 
legal em caso de incapacidade 
superveniente, negando-se o 
depositante a receber a coisa). 
b) Depósito miserável (depositum 
miserabile) – é aquele efetuado por 
ocasião de calamidades, como nos 
casos de inundação, incêndio, 
naufrágio ou saque. Em casos tais, o 
depositário é obrigado a se socorrer da 
primeira pessoa que aceitar o depósito 
salvador. 
c) Depósito do hospedeiro – refere-
se à bagagem dos viajantes ou 
hóspedes nas hospedarias onde eles 
estiverem (art. 649 do CC). Os 
hospedeiros responderão como 
depositários, assim como pelos furtos e 
roubos que perpetrarem as pessoas 
empregadas ou admitidas nos seus 
estabelecimentos, já que o contrato é 
de guarda (art. 649, parágrafo único, do 
CC). Cessa essa responsabilidade dos 
hospedeiros, se estes provarem que os 
fatos prejudiciais aos viajantes ou 
hóspedes não podiam ter sido evitados. 
A remuneração está incluída no preço 
da hospedagem. 
d) Depósito regular: entrega coisa 
móvel, corpórea e infungível. (não 
admite substituição. 
e) Deposito irregular: entrega de 
coisa móvel, corpórea e fungível (art. 
645 do cc). 
 
A prisão do depositário infiel na 
civil-constitucional. 
 
O art. 5.º, inc. LXVII, da CF/1988 
possibilita a prisão civil por dívidas em 
dois casos, inadimplemento voluntário 
e inescusável da obrigação alimentar e 
do depositário infiel. 
“Art. 652. Seja o depósito voluntário ou 
necessário, o depositário que não o 
restituir quando exigido será compelido 
a fazê-lo mediante prisão não 
excedente a um ano, e ressarcir os 
prejuízos”. 
Pelo que consta da norma, o 
depositário que, injustificadamente, não 
restituir a coisa depositada ao final do 
contrato, ou quando solicitada, e desde 
que não esteja amparado pelas causas 
de exclusão da obrigação de restituir 
(arts. 633 e 634 do CC), passará a ser 
considerado depositário infiel e poderá 
ter decretada sua prisão, pelo prazo de 
até um ano, sem prejuízo de eventual 
indenização cabível. A prisão estaria 
justificada na quebra da confiança, da 
fidúcia que o depositante tem em 
relação ao depositário. 
O STF acabou por concluir pela 
inconstitucionalidade da previsão, 
diante da força supralegal do Pacto de 
San José da Costa Rica, tratado 
internacional do qual o Brasil é 
signatário e que proíbe a prisão civil por 
descumprimento contratual (STF, RE 
466.343/SP e HC 87.585/TO). Tal 
conclusão gerou a edição da Súmula 
Vinculante 25 pelo STF, que enuncia: 
“É ilícita a prisão civil de depositário 
infiel, qualquer que seja a modalidade 
do depósito”

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