Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MARINALVA DE ALMEIDA TAVARES REIS SERVIÇO SOCIAL E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA Parauapebas 2019 MARINALVA DE ALMEIDA TAVARES REIS SERVIÇO SOCIAL E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social. Orientadora e tutora: Profª Jôsi da Costa Greffe Parauapebas 2019 A Dedicação deste trabalho se faz a Deus e à minha família em geral, ao esposo e filha que com carinho e apoio não mediram esforços para que eu chegasse até essa etapa da minha vida. Agradecimentos Gratidão é a palavra. Portanto agradeço primeiramente a Deus por está sempre ao meu lado, me dando saúde, forças para continuar essa luta sem desistir no meio do caminho. Não me esqueço dos momentos difíceis, mas foi nas minhas orações que me entreguei e confiei em Deus. Ele firmou meus passos nessa caminhada árdua. Ao meu esposo e filha pelo apoio e compreensão que por muitas vezes deixei de da-los atenção por estar focada nos estudos. Aos meus pais (in memória) que incansavelmente dedicaram todo seu amor, carinho e cuidado. A minha filha Viviane que mesmo não estando presente em vida, sempre foi um incentivo. A minha família, meus irmãos (as), cunhados (as), sobrinhos (as) e amigos, que de forma direta e indireta compartilharam desse momento. Aos meus amigos de turma pela contribuição valiosa durante toda a jornada. As minhas amigas de estágio e a Assistente Social Maria da Guia (Meg) que muito contribuíram e aprimoraram meu aprendizado. Ao meu sobrinho Hudson Ygor, que mesmo distante não mediu esforços para que meus primeiros passos fossem dados para essa realização. Um agradecimento especial à minha filha Vitória que esteve presente principalmente nas madrugadas colaborando e muitas das vezes editando meus trabalhos. Aos meus tutores presenciais e on-lines. Agradeço a todos que contribuíram e participaram dessa jornada LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CONANDA –Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes C.F. – Constituição Federal CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social CT – Conselho Tutelar ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente CDCA – Conselho de Defesa da Criança e do Adolescente. CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente FUNABEM – Fundação Nacional do Bem Estar do Menor FEBEM – Fundação do Bem–Estar do Menor MDS – Ministério do Desenvolvimento Social OMS – Organização Mundial de Saúde ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social PNAS – Política Nacional de Assistência Social SMAS – Secretaria Municipal de Ação Social SDH/PR – Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República SUAS - Sistema Único da Assistência Social Resumo O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é fruto de um estudo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e a articulação dos direitos infanto- juvenis nas ações das políticas públicas. Buscando compreender a atuação do assistente social com os menores. Para o desenvolvimento deste estudo, foi elaborada uma pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfico, a fim de responder o problema de pesquisa: “Como ocorre a atuação do Assistente Social frente aos direitos de crianças e adolescentes preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente nas diferentes políticas públicas?”. O trabalho contempla uns resgates teóricos sobre o ECA, direitos sociais e políticas públicas. No primeiro capítulo aborda-se o contexto histórico que antecede o ECA até a implantação do Estatuto em 1990. Reflete as principais contribuições do ECA, reconhecendo crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. Em seguida articula-se a discussão entre ECA e políticas públicas a fim de evidenciar as ações que materializam os direitos preconizados pelo ECA e o Serviço Social. Palavras - chaves: Estatuto da Criança e do Adolescente, Serviço Social e Políticas Públicas. Abstract This Final Course Paper (CBT) is the result of a study on the Statute of Children and Adolescents and the articulation of children's rights in public policy actions. Seeking to understand the performance of the social worker with minors. For the development of this study, a qualitative bibliographic research was elaborated in order to answer the research problem: public policy?". The work includes a theoretical rescue about the ECA, social rights and public policies. The first chapter deals with the historical context that precedes the ECA until the implementation of the Statute in 1990. It reflects the main contributions of ECA, recognizing children and adolescents as subjects of rights. Then the discussion between ECA and public policies is articulated in order to highlight the actions that materialize the rights advocated by the ECA and the Social Service. Keywords: Child and Adolescent Statute, Social Work and Public Policies Sumário Introdução ................................................................................................................................. 9 CAPÍTULO 1: Direitos da Criança e do Adolescente ................................................................ 11 1. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE. .......................................................................... 11 2. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ....................................................................... 13 3. O ECA SOB A GARANTIA DE DIREITOS ................................................................................. 15 3.1. Política de atendimento ............................................................................................... 17 4. DIREITOS RESGUARDADOS PELO ECA ................................................................................. 18 5. O ECA E A LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS). ................................................ 20 6. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PNAS) ........................................................ 22 7. SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) ............................................................... 24 8. FUNDAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ......................................................................................... 26 CAPITULO 2: Atuação do Assistente Social ............................................................................. 28 1. REGULAMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ..................................................................... 28 1.1. Políticas Sociais e Políticas Públicas. ............................................................................ 30 2. O ASSISTENTE SOCIAL FRENTE A CRIANÇA E O ADOLESCENTE .......................................... 33 2.1. Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) ................................................................................................................................ 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 37 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 40 9 Introdução É função do Estado, juntamente com os outros órgãos da sociedade, desenvolver programasem diversas áreas, como educação, saúde, que tenha como objetivo o desenvolvimento da criança e do adolescente, pondo a salvo de qualquer risco, descriminação, trabalho desumano, exploração de qualquer espécie, etc. Com relação as políticas de proteção e desenvolvimento da criança e do adolescente a constituição diz: O estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais (...) (BRASIL, 1988). Para completar, o que esta contida no artigo 227 da CF no ano de 1990 foi promulgada a Lei 8.069/1990, que propõe a sociedade uma participação mais afetiva, o pleno exercício da cidadania a propõe a garantia da criança e adolescente na condicional de sujeitos de direitos; a criança é prioridade absoluta. O Estatuto da Criança e do adolescente contextualiza a conquista do esforço geral da sociedade brasileira no pleno exercício da democracia, buscando a transformação histórica não pensar sobre o ser social, voltado para a solução das necessidades d população e fundamentado na doutrina da proteção integral (BRASIL, 1990). Para proteger a criança e o adolescente, como deseja o CF e o ECA, são necessários que se desenvolvam políticas sociais, par estas. Diante das diversas questões que envolvem criança e o adolescente, como o trabalho infantil, a exploração sexual, e que o assistente social deve intervir. Através da metodologia qualitativa e bibliográfica foram analisados os contextos de históricos sobre o tema até o contexto atual. Buscando atingir o objetivo este Trabalho de Conclusão e Curso – TCC. O objetivo de compreender o papel do Serviço social frente ao contexto abordado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA . Analisando assim o estatuto e a Política Nacional de Assistência Social. O presente trabalho está dividido em dois capítulos. O primeiro tem como escopo uma breve análise do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. E o segundo sob a hipótese de que forma o assistente social, que possui a capacidade teórico metodológico, técnico operativa e ético político, realiza 10 seus processos de trabalho contribuindo para que os menores a usufruam de seus direitos Este trabalho foi norteado pela problemática: Como ocorre a atuação do Assistente Social frente aos direitos de crianças e adolescentes preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente nas diferentes políticas públicas?”“. A função do assistente social, a as importâncias dessas questões, consiste na luta da busca de direitos, garantidos pela CF e o ECA. O profissional do serviço social trabalha no desenvolvimento e aplicação de políticas sociais, cujo objetivo é retirar as crianças e adolescentes, das condições desumanas, que estão envolvidos, e desenvolver com estes um trabalho de socialização, de mudança de vida, não só para eles, mas também para sua família. 11 CAPÍTULO 1: Direitos da Criança e do Adolescente 1. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE. O Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) é fruto dos movimentos sociais ligados a infância e juventude, como resposta ao modelo repressor e seletivo no atendimento as crianças em situação de vulnerabilidade social e baixa renda. A grande conquista do ECA foi nortear o debate sobre os direitos fundamentais da criança e adolescente. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) é a lei n.°8.069 promulgada em 1990, que regulamentou e assegurou os direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988, especificamente no Capítulo VII no que tange aos direitos da criança e do adolescente. Os princípios norteadores para a elaboração do ECA foram a compreensão da criança e do adolescente como pessoas em condições de desenvolvimento e sujeitos de direitos fundamentais com absoluta prioridade de proteção pelo Estado, pela família e pela sociedade em geral. (Cirqueira, 2007 p. 16). Segundo Cirqueira, (2007) os princípios norteadores para a elaboração do ECA- Estatuto das criança e adolescente é tê-los como pessoas em condições de desenvolvimento e sujeitos de direitos fundamentais com absoluta proteção dada pelo Estado, família e sociedade em geral, lei n° 8.069 que foi promulgada em 1990, que regulamentou e assegurou os direitos já estabelecidos na Constituição de 1988, especificamente no Capitulo VII no que diz sobre os direitos das criança e adolescente. Observa-se especialmente o artigo 227 da Constituição Federal. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Cirqueira, 2007, pág. 16) De acordo com a autora (2007) o Artigo 227 da Constituição Federal descreve claramente os deveres com as crianças e adolescentes. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 12 convivência familiar e comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Na década de 80, parcela da sociedade brasileira lutava e se organizava de diversas formas, grande parte em movimentos sociais, expressavam a insatisfação com os direcionamentos políticos, econômicos e sociais reflexo da Ditadura Militar de 1964, lutavam pela redemocratização do país e pela defesa dos direitos da criança e do adolescente e contra o agravamento das diversas formas das expressões da questão social. Não se pode deixar de frisar que a elaboração do ECA foi o resultado de uma década (1980) de luta da sociedade brasileira pela redemocratização do país e de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Parcela da sociedade se organizava de diversas formas, na maioria das vezes através de movimentos sociais para expressar sua insatisfação com os direcionamentos políticos, econômicos e sociais da Ditadura Militar de 1964, dentre eles a ausência dos direitos civis e políticos e o agravamento das múltiplas expressões da questão social. Existiam movimentos sociais que lutavam pelo voto direto para a presidência, pela volta dos exilados politicamente, enfim pela efetivação dos direitos sociais, políticos e civis. Apesar da diferenciação das questões centrais das reivindicações, havia um propósito em comum: a luta pela instalação da democracia e pelo reconhecimento dos indivíduos como cidadãos. (Cirqueira, 2007, p. 16). Alguns movimentos sociais lutavam pelo voto direto para presidência, pela efetivação dos direitos sociais, civis, políticos e pela volta dos exilados políticos. Mas todos tinham em comum o desejo da instalação da democracia e do reconhecimento como cidadão. Com a então criação do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, e com a resolução 113 do CONANDA, resolução que determina e explica a sistemática do sistema de Garantia de direitos da Criança e do Adolescente. Esse sistema busca articular e integrar a instâncias públicas governamentais a sociedade civil. Um dos objetivos do SGDCA é aproximar a realidade da lei, mudar a realidade para fazer cumprir a lei, e não mudar a lei para validar a realidade. Para garantir a proteção integral a crianças e adolescentes, o ECA institui um sistema de operacionalização e efetivação das políticas públicas voltadas ás crianças e aos adolescentes: O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. (SGD, 2006, pág. 03). OECA quando foi aprovado em 1990 ele concretizou um notável avanço no campo democrático ao regulamentar os direitos da criança e do adolescente 13 que estão assegurados no art 227 da constituição de 1988 e na convenção internacional dos direitos da criança e adolescente aprovada pela assembleia geral das nações unidas em 1989. Para garantir esse avanço e que de fato os direitos sejam garantidos as crianças e adolescentes, ele cria o SGDCA, um modelo novo de ação, coloca a princípio de corresponsabilização, como atribuição do Estado, da família e da Sociedade Civil os direitos fundamentais das crianças e adolescentes. Como lei inovadora, o primeiro passo que o ECA deu foi a criação de conselhos políticos, divididos em frentes: os conselhos de Direitos e os conselhos tutelares. 2. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Historicamente percebe-se que a sociedade brasileira tratou a criança e o adolescente com medidas paliativas, configuradas através de práticas sociais influenciadas pela caridade religiosa, pela filantropia privada e pela assistência pública de cunho assistencialista, paternalista e clientelista. Somente com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº8. 068 de 13 de julho de 1990, tal postura foi substituída pela doutrina de “Proteção Integral” das crianças e dos (as) adolescentes como cidadãos de direito (art.1º), que difere das Doutrinas do Direito Penal do Menor e da Situação Irregular, até então vigente. A partir daí, a criança e o adolescente deixaram de ser considerados pelo prisma da “incapacidade” para se tornarem “sujeitos de direito”, capazes de exercer seus direitos fundamentais e deveres, respeitados como pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. (CUNHA, 1998). A nova Política de atendimento à criança e ao Adolescente promove uma verdadeira revolução, agora, entendida como “um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.” (CUNHA, 1998, p.49). Assim, fez-se necessário um conjunto articulado e integrado de programas, projetos e serviços que atendam as necessidades das crianças e dos adolescentes, como sintetiza a Constituição Federal de1988 no seu Artigo 227: 14 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Com isso, o ECA trouxe inúmeras inovações quanto a garantia dos direitos da criança e do adolescente, tendo sua estrutura organizacional dividida em duas partes. A primeira dispõe os direitos fundamentais de modo geral, e a segunda, enfatiza os elementos especiais da política de atendimento, destacando reconhecimento das entidades, a fiscalização, as medidas de proteção, as práticas de ato infracional, as medidas sócio-educativas, as medidas pertinentes aos pais ou responsáveis, o Conselho Tutelar, o acesso à justiça (da infância e da juventude), os procedimentos quanto à apuração de irregularidades nas entidades e as administrações das normas, dos recursos, da função do Ministério Público, do advogado, da proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos, e dos crimes e infrações administrativas. (CUNHA, 1998, p.51). Os direitos e deveres reconhecidos pelo ECA devem ser respeitados e efetivados entre as esferas governamentais (União, Estado, Municípios, Distrito Federal e sociedade civil), visam assegurar um bom desenvolvimento pessoal, intelectual e social para todas as crianças e adolescentes do Brasil. Para a efetivação desses direitos os órgãos competentes pela implementação devem seguir algumas linhas de ações instituídas na política de atendimento da criança e do adolescente, conforme preconiza o ECA no art.87 (1990, p.25): I- Políticas sociais básicas; II- Políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que necessitem; III- Serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vitimas de negligencia, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; IV- Serviços de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos; V- Proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Tais ações precisam ser direcionadas pelas seguintes diretrizes: I- Municipalização do atendimento; II- Criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular partidária por meio de organismos representativos; 15 III- Criação e manutenção de programas específicos, observado a descentralização político-administrativa; IV- Manutenção dos fundos nacionais, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente; 10 V- Integração operacional de órgão do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribui autoria de ato infracional; VI- Mobilização da opinião pública no sentido da indispensável participação dos diversos segmentos e da sociedade. (ECA, 1990, Art.88). Tais medidas constituem a garantia de que os direitos da criança e do (a) adolescente estão vinculados a iniciativas descentralizadas entre as esferas governamentais, não governamentais e sociedade civil, através de projetos, programas e serviços socioassistenciais nos diferentes aspectos, que perpassam o processo de elaboração, execução, fiscalização, financiamento e de avaliação e monitoramento dessas ações. 3. O ECA SOB A GARANTIA DE DIREITOS Os conselhos de Direitos, denominados conselhos de políticas públicas ou conselhos gestores de políticas setoriais, ou seja, o Conanda (âmbito Federal), os Condecas (âmbito Estadual) e os CMDCAs (âmbito Municipal) devem promover e deliberar sobre as políticas estatais, estabelecendo diretrizes para garantia dos direitos consagrados, interferindo sobretudo na condução orçamentária para as ações em prol da infância e da adolescência para cumpri a primazia constitucional. São conselhos dos Direitos instâncias permanentes, sistemáticas, institucionais e formais, criadas por lei com competências definidas, são órgão colegiados, paritários e deliberativos, com autonomia decisória, conforme preconiza a lei Federal 8069/1990, no art 88. Os conselhos de direitos: Art. 23. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente deverão acompanhar, avaliar e monitorar as ações públicas de promoção e defesa de direitos de crianças e adolescentes, deliberando previamente a respeito, através de normas,recomendações,orientações. § 1º As deliberações dos conselhos dos direitos da criança e do adolescente, no âmbito de suas atribuições e competências, vinculam as ações governamentais e da sociedade civil organizada, em respeito aos princípios constitucionais da participação popular, da prioridade absoluta do atendimento à criança e ao adolescente e da prevalência do interesse superior da criança e do adolescente, 16 conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal. (SGDA, 2006, pág.13). Sobre os conselhos tutelares, estes são instituições da sociedade civil que fiscalizam e têm autoridade para fazer cumpri a proteção, a defesa e a promoção desses direitos no dia a dia, com poderes conferidos legalmente para tal atuação. Art. 10. Os conselhos tutelares são órgãos contenciosos não jurisdicionais,encarregados de “zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente”, particularmente através da aplicação de medidas especiais de proteção a crianças e adolescentes com direitos ameaçados ou violados e através da aplicação de medidas especiais a pais ou responsáveis (art. 136, I e II da Lei 8.069/1990). Parágrafo Único. Os conselhos tutelares não são entidades, programas ou serviços de proteção, previstos nos arts. 87, inciso III a V, 90 e 118, §1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 11.As atribuições dos conselhos tutelares estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, não podendo ser instituídas novas atribuições em Regimento Interno ou em atos administrativos semelhante de quaisquer outras autoridades. Parágrafo Único. É vedado ao Conselho Tutelar aplicar e ou executar as medidas socioeducativas, previstas no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 12. Somente os conselhos tutelares têm competência para apurar os atos infracionais praticados por crianças, aplicando-lhes medidas especificas de proteção, previstas em lei, a serem cumpridas mediante requisições do conselho. (artigo 98, 101,105 e 136, III, “b” da Lei8.069/1990). (SGDCA, 2006, pág. 08). O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, em seu capítulo I e II busca exatamente o comprimento da legislação através de um conjunto de ações integradas governamentais ou não governamentais, onde se articula e se integram entre si, na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento e ações de promoção, defesa e controle para efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes em todos os níveis de governo Crianças e adolescentes são considerados em condição peculiar por se tratarem de seres em pleno desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e sociocultural e por não terem conhecimento pleno de seus direitos o SGDCA deve promover, defender e controlar a efetivação dos direitos civis. 17 3.1. Política de atendimento O artigo 86 do ECA assim define a política de atendimento: “A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 2006). Conforme Brasil (2006) esta política se desdobra em quatro grandes linhas de ação. Linhas estas que, podem ser assim representadas: Políticas de Garantia de Direitos; Políticas de Proteção Especial; Políticas de Assistência Social; Políticas Sociais Básicas. A implementação dos programas e ações em cada uma dessas quatro linhas de ação da política de atendimento é regida por um conjunto de seis diretrizes básicas, contidas no Art. 88 do ECA, onde são possíveis visualizar princípios estruturadores do sistema de proteção integral dos direitos da criança e do adolescente: Os princípios das Políticas de Garantia de Direitos: Princípio da Descentralização: municipalização do atendimento; Princípio da Participação: criação de Conselhos; Princípio da Focalização: criação e manutenção de programas específicos; Princípio da Sustentação: manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais; Princípio da Integração Operacional: atuação convergente e intercomplementar dos órgãos do Judiciário, Ministério Público, Segurança Pública e Assistência Social no atendimento ao adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; Princípio da Mobilização: desenvolvimento de estratégias de comunicação, visando a participação dos diversos segmentos da sociedade na promoção e defesa dos direitos da população infanto juvenil. Os princípios estruturantes a vinculação à teoria da proteção integral, a universalização, o caráter jurídico garantista e o interesse superior da criança. Afirmado pela lei do SINASE (2006) o adolescente passa a ser atendido pelas políticas dos municípios, não mais somente pela Política de Assistência Social. A Assistência Social era uma das políticas públicas que já atendia por meio do CREAS os adolescentes em cumprimento de medidas. O serviço é ofertado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) em dias úteis, com possibilidade de operar em finais de semana, conforme demanda e identificação pela equipe de referência. Além da oferta do serviço no CREAS. 18 É necessária a articulação com a rede socioassistencial, deve integrar os serviços de Proteção Social Básica e Proteção Social Especial; Serviços das políticas públicas setoriais; Sociedade civil organizada; Programas e projetos de preparação para o trabalho e de inclusão produtiva; Demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos; Serviços, programas e projetos de instituições não governamentais e comunitárias. 4. DIREITOS RESGUARDADOS PELO ECA No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069, de 1990, considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e define adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade (artigo 2o), e, em casos excepcionais e quando disposto na lei, o estatuto é aplicável até os 21 anos de idade. (artigos 121 e 142). O adolescente pode ter o voto opcional como eleitor e cidadão a partir dos 16 anos. O conceito de menor fica subentendido para os menores de 18 anos O artigo 8º do Estatuto da Criança e do Adolescente concentra unicamente na gestante. A proteção à gestante assume caráter de extrema relevância social na medida em que o seu bem-estar é essencial para que se resguarde também o mais importante e primordial direito fundamental: o direito à vida. Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. § 1o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal. § 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele necessitem. § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o 19 acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 4o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser também prestada a gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá ser prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 6o A gestante e a parturientetêm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 7o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019). O ECA, por sua vez, trata de impor ao Poder Público a obrigação de disponibilizar serviços médicos e medidas de proteção à gestante (apoio alimentar, por exemplo), através do SUS (Sistema Único de Saúde), bem como garantir cuidados especiais ao próprio recém-nascido, assegurando que este permaneça em companhia de sua genitora durante os seis primeiros meses de vida, ainda que esta se encontre privada de liberdade. 20 Como descrito no ECA, o direito à vida que condiciona os demais direitos da personalidade e, de um modo geral, do ser gerado e, após o nascimento, o direito de continuar vivo dignamente, segundo padrões mínimos que resguardem a condição humana. E também, no Código Civil, em seu artigo 2º resguarda todos os direitos, dos adolescentes, desde a sua concepção. No Brasil, é na camada social com menor poder aquisitivo que se encontram os maiores índices de fecundidade. A baixa perspectiva de vida, a violência, a baixa escolaridade e, muitas vezes, a repetência, aliada à falta de recursos materiais, financeiros e emocionais, fazem com que a adolescente veja na gravidez a sua única expectativa de futuro e independência. 5. O ECA E A LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS). O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) veio substituir, ao mesmo tempo, o antigo Código de Menores e a Política Nacional do Bem Estar do Menor (PNBEM). Ele representa a incorporação, na Constituição e nas leis brasileiras, do conteúdo e do espírito da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989. A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS – Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993), ao contrário, trata-se de uma legislação com destinação muito específica. Ela se dirige “aqueles que dela necessitam”, conforme consta no artigo 203 da Constituição de 5 de outubro de 1988. Com a promulgação da Constituição Federal do Brasil em 1988, a Assistência Social entra em um novo patamar, agora inserida no campo da Seguridade Social, entendida como um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988, p.121). 21 A assistência social tem seus direitos reconhecidos nos artigos 203 e 204, os quais delimitam o público alvo, objetivos, diretrizes, financiamento e a organização administrativa entre as instâncias. Essa toma como base os seguintes princípios: universalidade, uniformidade, equivalência dos benefícios, seletividade, distribuição dos benefícios, equidade dos custeios, diversidade do financiamento, um caráter democrático e de descentralização administrativa (BRASIL, 1988, art. 194). Nessa perspectiva, a assistência social foi reconhecida como uma Política Pública que tem por objetivo garantir os direitos sociais, como afirmar o art. 1º da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS): A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade social não contributiva, que provê os mínimos sociais realizadas através de um conjunto integrado de ações de iniciativas públicas e da sociedade para garantir um atendimento as necessidades básicas (1993, p.07). Quanto à organização da assistência social, a LOAS propõe uma gestão descentralizada, participativa entre as esferas Federal, Estadual, Municipal, Distrito Federal e a Sociedade civil com a criação do Conselho de Assistência Social, buscando fortalecer o controle social por parte da sociedade sobre recursos assistenciais, evitar práticas clientelistas, paternalistas e assistenciais, que dificultam ainda a efetivação dos direitos sociais. Assim, enquanto o Estatuto regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) regulamenta os artigos 203 e 204. Em dezembro de 2003, após dez anos da LOAS intensificaram-se inúmeras discussões voltadas para o processo de reestruturação da política pública de Assistência Social. Estas discussões resultaram na construção de um novo modelo de gestão da Política de Assistência social, o Sistema Único da Assistência Social (SUAS). A Política de Assistência Social não tem como destinatários o conjunto da população, mas aquele subconjunto que se encontra em estado de necessidade. A PNAS tem por objetivo a consolidação dos direitos sociais reconhecidos na LOAS e a implantação e implementação do SUAS, que está baseada nos seguintes princípios democráticos: universalidade, supremacia de 22 atendimento as necessidades, respeito, dignidade, igualdade e divulgação dos benefícios, programas, projetos assistenciais, dentre outros fundamentos. O SUAS tem por finalidade definir e organizar os elementos essenciais e imprescindíveis a execução da Política da Assistência Social, possibilitando a normalização dos padrões dos serviços e a qualidade no atendimento, apontando ainda, os indicadores de avaliação dos resultados, nomes dos serviços, das redes socioassistenciais e dos eixos estruturantes (PNAS, 2004), numa perspectiva de proteção social a partir das necessidades socioassistenciais da população. Nesse sentido a PNAS tem suas ações sócio-assistenciais centralizadas na família, esta entendida “[...] como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, protetora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida” (2004, p. 33). As relações entre o ECA e a LOAS devem ser elucidadas pelos respectivos Conselhos Nacionais, por meio de normas infralegais que regulamentem as práticas cotidianas no nível dos Estados e das municipalidades. Neste sentido, a política de Proteção a Criança e ao Adolescente tomam como base a Política de Assistência Social e o Estatuto da Criança e do adolescente, o qual preconizaos direitos e deveres desse segmento social. 6. POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (PNAS) A assistência social é um direito do cidadão e dever do Estado, instituída como política pública não contributiva, integrante da seguridade social. A Assistência Social é um direito do cidadão e dever do Estado, instituído pela Constituição Federal de 1988. A partir de 1993, com a publicação da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, é definida como Política de Seguridade Social, compondo o tripé da Seguridade Social, juntamente com a Saúde e Previdência Social, com caráter de Política Social articulada a outras políticas do campo social. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social a Assistência Social, diferentemente da previdência social, não é contributiva, ou seja, deve atender a todos os cidadãos que dela necessitarem. 23 Realiza-se a partir de ações integradas entre a iniciativa pública, privada e da sociedade civil, tendo por objetivo garantir a proteção social à família, à infância, à adolescência, à velhice; amparo a crianças e adolescentes carentes; à promoção da integração ao mercado de trabalho e à reabilitação e promoção de integração à comunidade para as pessoas com deficiência e o pagamento de benefícios aos idosos e as pessoas com deficiência. Em 1993, a Política de Assistência Social inicia seu trânsito para um campo novo, o campo de direitos, da universalização dos acessos e da responsabilidade do Estado na implementação e execução das ações. Caracteriza-se como uma política de proteção social articulada a outras políticas do campo social voltadas à garantia de direitos e de condições dignas de vida. Esse sistema de proteção social resulta da ação pública que visa resguardar a sociedade dos efeitos de riscos. A Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), Lei no 8.742, de 7 dezembro de 1993, cria uma nova matriz para a assistência social, tendo como perspectiva torná-la visível como política pública e como direito dos que dela necessitarem. (Berzins, Giacomin e Camarano, 2014, pág 3. 2014) De acordo com Berzins, Giacomin e Camarano (2014) a assistência social como política pública de direitos é voltada à prevenção, proteção, inserção e promoção social, desenvolvida em conjunto com outras políticas públicas, busca reverter o paradigma de caráter clientelista, imediatista e assistencialista que historicamente marcou essa área. Além disso, também assegura que qualquer cidadão brasileiro tem direito aos benefícios, serviços, programas e projetos socioassistenciais sem qualquer caráter contributivo, o que, em tese, permitiria eliminar ou reduzir os níveis de vulnerabilidade e/ou fragilidade social do cidadão, inclusive idoso. De 1994 até o presente, a política de assistência social apresentou ganhos substanciais em termos de recursos, via programa Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC), bem como de estruturação de sua rede. Quanto à atuação dirigida à pessoa idosa, contudo, observa-se que transferir renda apenas, não basta. (Berzins, Giacomin e Camarano,2014, pág4) Berzins, Giacomin e Camarano (2014) explicam que os fundos de assistência social estão alocados nos respectivos órgãos gestores responsáveis pela política de assistência social, e o repasse de recursos é condicionado à existência e funcionamento dos respectivos conselhos e planos de assistência social. Ressalte-se que, em municípios que não contam com conselhos municipais do idoso, os conselhos municipais de assistência social e 24 seus respectivos fundos respondem pela Política Nacional do Idoso - PNI na esfera municipal. 7. SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é o modelo de gestão utilizado no Brasil para operacionalizar as ações de assistência social. A assistência social é parte do Sistema de Seguridade Social, apresentado pela Constituição Federal de 1988. O SUAS que desenvolve ações específicas para pessoas idosas (maiores de 60 anos), em situação de vulnerabilidade social, com vivências de isolamento social por ausência de acesso a serviços e oportunidades de convívio familiar e comunitário e cujas necessidades, interesses e disponibilidade indiquem a inclusão no serviço de proteção social básica (o Cras). Também são assistidas neste serviço famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, como o Renda Mensal Vitalícia (RMV), o Bolsa Família e o BPC. O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social é uma transferência de renda garantida pelo art. 203 da CF/1988 e regulamentada pelos arts. 20 e 21 da Lei Orgânica de Assistência Social - Loas. Lei no 8.742, conhecida como a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), já havia regulamentado os benefícios assistenciais para o idoso, com a implantação do benefício de prestação continuada (BPC), e os benefícios eventuais, conforme disposto nos arts. 203 e 204 da CF/1988. (Faleiros, 2012, pág. 07) De acordo com Faleiros (2012) o benefício, de um salário mínimo mensal, é destinado a pessoas idosas ou com deficiências incapacitantes para o trabalho, cuja renda familiar per capita seja inferior a um quarto do salário mínimo. De acordo com Berzins et al. (2014) as transferências de renda são independentes de contribuições prévias para o sistema de seguridade social e não são condicionadas a qualquer contrapartida. O Benefício da Prestação Continuada é financiado com recursos da seguridade social alocados no Fundo Nacional de Assistência Social (Fnas). O benefício integra a Política Nacional de Assistência Social - Pnas, coordenada pela Snas do Ministério de Desenvolvimento Social - MDS. A 25 Previdência Social, pelo o INSS é o responsável pela operacionalização do benefício. A gestão das ações e a aplicação de recursos do Suas são negociadas e pactuadas nas Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Esses procedimentos são acompanhados e aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e seus pares locais (Conselhos Estaduais e Municipais), que desempenham o controle social, com poderes segurados pelo Estatuto do Idoso. Cabe ao Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado Desenvolvimento Social (Seds) um papel estratégico na coordenação da política de desenvolvimento social do Estado: estabelecer rumos, diretrizes e fornecer mecanismos de apoio às instâncias municipais, ao terceiro setor e à iniciativa privada. A Secretaria de Estado Desenvolvimento Social, salienta sobre os fundos de assistência social que estão alocados nos respectivos órgãos gestores responsáveis pela política de assistência social, e o repasse de recursos é condicionado à existência e funcionamento dos respectivos conselhos e planos de assistência social. Ressalte-se que, em municípios que não contam com conselhos municipais do idoso, os conselhos municipais de assistência social e seus respectivos fundos respondem pela PNI na esfera municipal. Os fundos de assistência social estão alocados nos respectivos órgãos gestores responsáveis pela política de assistência social, e o repasse de recursos é condicionado à existência e funcionamento dos respectivos conselhos e planos de assistência social. Ressalte-se que, em municípios que não contam com conselhos municipais do idoso, os conselhos municipais de assistência social e seus respectivos fundos respondem pela PNI na esfera municipal. (Berzins, Giacomin e Camarano, 2014, pág.5) De acordo com Berzins et al. (2012) fica exposto pelas autoras sobre a política de assistência social, a partir do Suas deveria ser de caráter universal e não contributiva,estando definidas as responsabilidades do Estado no atendimento à família, à pessoa idosa, a pessoas com deficiência e todos os que vivem em situação de vulnerabilidade ou risco social. O SUAS que desenvolve ações específicas para pessoas idosas (maiores de 60 anos), em situação de vulnerabilidade social, com vivências de isolamento social por ausência de acesso a serviços e oportunidades de 26 convívio familiar e comunitário e cujas necessidades, interesses e disponibilidade indiquem a inclusão no serviço de proteção social básica (o Cras). Também são assistidas neste serviço famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, como o Renda Mensal Vitalícia (RMV), o Bolsa Família e o BPC. De acordo com o Censo Suas 2014, existem 8.088 Cras, distribuídos em 99,6% dos municípios brasileiros; e 2.372 Creas, em 97,5% dos municípios com mais de 20 mil habitantes (Brasil, 2015a). Esse serviço deve atender casos de violação de direitos, como vítimas de abandono, privação, exploração, violência, entre outras (Borges, 2012). (Berzins, Giacomin e Camarano. 2014 pág. 06.) Berzins et al. (2012) sobre o Suas, ao prever uma gestão descentralizada e participativa da assistência social, considera, para a efetivação de suas ações, as desigualdades socioterritoriais. Diante desse novo paradigma, sua atuação se faz a partir de duas categorias de atenção, de acordo com a natureza ou o tipo e complexidade do atendimento: a proteção social básica e a proteção social especial. 8. FUNDAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL O Serviço Social tem em sua base de fundação como especialização do trabalho a questão social. Os assistentes sociais trabalham cotidianamente com as expressões da referida questão social, que os indivíduos vivenciam no trabalho, na família, na saúde, na questão da habitação, etc. “Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a resistem e se opõem” (IAMAMOTO, 2007, p. 28). Para Iamamoto (2007), é necessário repensar a questão social, pois, na atualidade, existe um conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos vinculados a relação capital x trabalho. No código de ética profissional dos assistentes sociais, aprovado em 15 de Março de 1993, a liberdade é reconhecida como valor ético central, o que torna necessário o desenvolvimento do trabalho para promover a autonomia, a emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais, defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo. Nesta perspectiva, Iamamoto ressalta: 27 Uma sociedade hierarquizada que repõe no dia-a-dia e de forma ampliada, privilégios, violências e discriminações de renda, poder, de raça, de gênero, entre outras, ampliando o fosso das desigualdades no marco diversificado das manifestações da questão social (2007, p. 143 – 144). Os direitos sociais são decorrentes do reconhecimento das desigualdades sociais gestadas na sociedade capitalista, por isso, são fundamentados pela idéia de igualdade. Dessa forma, Couto considera que: Essa vinculação de dependência das condições econômicas tem sido a principal causa dos problemas da viabilização dos direitos sociais, que, não 44 raro, são entendidos apenas como produto de um processo político, sem expressão no terreno da materialidade das políticas sociais (2006, p. 48). Esses direitos possuem um caráter redistributivo, pois buscam a promoção de igualdade no acesso a bens socialmente produzidos. Os direitos sociais são materializados através das políticas sociais públicas, portanto, sua concretização depende da intervenção do Estado. O assistente social que trabalha com crianças e adolescentes, na expectativa de efetivação de seus direitos, encontra diversos desafios para concretizar tais direitos, entre eles: o projeto neoliberal, que busca a minimização do Estado; as políticas sociais fragmentadas e insuficientes; a lógica capitalista de submissão das necessidades humanas ao capital, que incentiva o individualismo e a competitividade entre os indivíduos; a naturalização das desigualdades sociais e a política local. Nessa perspectiva Iamamoto (2010, p.149) reflete que: Vale reiterar que o projeto neoliberal subordina os direitos sociais à lógica orçamentária, a política social à política econômica, em especial às dotações orçamentárias. Observa-se uma inversão e uma subversão: ao invés do direito constitucional impor e orientar a distribuição das verbas orçamentárias, o dever legal passa a ser submetido à disponibilidade de recursos. São as definições orçamentárias – vistas como um dado não passível de questionamento – que se tornam parâmetros para a implementação dos direitos sociais implicados na seguridade, justificando as prioridades governamentais. Contudo, o assistente social precisa identificar não somente seus limites, mas principalmente suas possibilidades de efetivação dos direitos sociais das cidadãs e incentivar a adoção de políticas que os habilitem a terem papéis sociais de participação e promoção da independência e autonomia na vida social e luta por seus direitos. 28 CAPITULO 2: Atuação do Assistente Social 1. REGULAMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL A história recente da assistência social no Brasil demonstra-nos que tal atenção foi dispensada aos necessitados nos séculos passados, pela Igreja Católica, sempre sob a percepção de caridade com o padecimento do sofrimento alheio. Tais medidas de assistência social foram por muito tempo asseguradas aos indivíduos necessitados por meio de ações e práticas descontínuas e desarticuladas, voluntaristas, benevolentes, de caridade e de solidariedade irracional, sem nenhum tratamento técnico ou científico (Cisne, Mirla, 2012, pag. 31). Com a Constituição Federal de 1988 a assistência social passou ao status de direitos no Brasil, em seu artigo 6º estão expressos os direitos fundamentais sociais. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. A Assistência Social, no Brasil, faz parte do tripé da seguridade social, junto com a Saúde e a Previdência. Foi somente com a Constituição Federal de 1988, que essa política passou a ser reconhecida como direito social. Nesse contexto, tem-se que a política de Assistência Social, tem caráter não contributivo sendo ela direito do cidadão e dever do Estado. Fundamentando-se, na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), a qual oferece as diretrizes para a gestão das políticas públicas e na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), que estabelece os objetivos, princípios e diretrizes das ações. (BRASIL, 1988). A Assistência Social é regulada por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ações são baseadas na Política Nacional de Assistência Social (PNAS), sendo aprovadas pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), seguindo o que está previsto na Norma Operacional Básica do Suas (NOB/Suas). No que diz respeito, organização a Assistência Social se divide em dois eixos: proteção social básica e proteção social especial. 29 A proteção social básica atua por intermédio de diferentes unidades. Dentre elas, destacam-se o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), cenário de pesquisa deste trabalho. E a rede de serviços socioeducativos direcionados para grupos específicos As ações desenvolvidas no CRAS, o profissional assistente social, é fundamental na composição do quadro de funcionários. Fundamentado na Lei que rege a sua formaçãoe profissão – Lei n. 8662/93 respaldado juridicamente pelo seu Conselho Regional de Serviço Social – CRESS, pelo Código de Ética Profissional do(a) assistente social de 1993 e com um Projeto de Formação Ético- Político do Serviço Social possui capacidade teórico-metodológico, prático-operativo e ético-político. A Lei de Regulamentação da Profissão dá ênfase referente a esse Projeto de intervenção nos incisos I, II, IV e XII: Art. 5º - Constituem atribuições privativas do(a) assistente social: I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social; II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social; III - assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social; IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social; V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular; VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação; VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social; IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social. X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social; XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federais e Regionais; XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas; XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional. Segundo Iamamoto (2009, p. 215): 30 [...} é no convívio e na execução de práticas burocratizadas, tecnicistas e tradicionais que a profissão redefine sua dimensão técnico-operativa, ilustrando o que denomina por “tecnificação pragmatista” do Serviço Social, caracterizada por “cair-se nas amarras do fetichismo metodológico, cujas intervenções do Serviço Social voltam-se para o aperfeiçoamento do instrumental técnico- operativo, expresso pela sofisticação dos modelos de diagnóstico e planejamento, na busca de uma eficiência que se pretendia asséptica, nos marcos de uma crescente burocratização das atividades” O trabalho do (a) assistente social está presente no campo dos direitos sociais onde, o assistente social, com capacidade teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político realiza seus processos de trabalho contribuindo para que os sujeitos usufruam de seus direitos. 1.1. Políticas Sociais e Políticas Públicas. As Políticas Sociais são políticas públicas destinadas ao bem-estar geral da população, mas com caráter distributivo, destinado principalmente às camadas de menor renda da sociedade, em situação de pobreza ou pobreza extrema, visando principalmente o desenvolvimento econômico, a eliminação da pobreza, a redução da desigualdade econômica e a redistribuição de riqueza e renda. As políticas sociais são aquelas políticas públicas voltadas para a oferta de bens e serviços básicos à população, compreendendo às áreas da educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, e assistência aos desamparados. (Brasil, CF, 1988). Na Constituição Federal (CF) Brasileira, de 1988, dentre os princípios fundamentais elencados, estão previstos o desenvolvimento nacional e a preocupação com as desigualdades sociais, como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, conforme: art. 3º: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL, CF, 1988) Os historiadores da política social no Brasil nos remetem aos anos 30, Governo Vargas, como o marco inaugural da formação do nosso Estado do Bem Estar Social. 31 Com a promulgação de leis de proteção aos trabalhadores, a organização dos sindicatos patronais e de trabalhadores, a fundação dos institutos previdenciários, e a criação da justiça do trabalho, que deveria administrar as relações de classe da sociedade brasileira, fica formada a base do nosso Estado do Bem Estar Social, dentro de uma concepção bastante específica, que é a organização corporativa da sociedade brasileira. (Schwartzman, 2001, p.9) As políticas públicas são formas de regulação e intervenção na sociedade, mediante ação ou omissão do Estado. Conforme Souza (2006) elas se articulam diferentes sujeitos, portadores de expectativas e interesses diversos, em torno de recursos produzidos socialmente, com vistas a responder as situações consideradas problemáticas, visando a promoção do bem-estar dos diversos segmentos societários. Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas e Lynn (1980), como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos. Peters (1986) segue o mesmo veio: política pública é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam a vida dos cidadãos. Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer” 4 . A definição mais conhecida continua sendo a de Laswell (1936/1958), ou seja, decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz. (SOUZA, 2006, pag. 12- 13). As Políticas Sociais intervêm do Estado nas questões sociais existentes, para compensar as distorções decorrentes do processo de desenvolvimento capitalista, e se faz integrada da economia juntamente com as políticas públicas na área social. As políticas sociais têm por objetivo a inclusão social, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, a ampliação dos direitos de cidadania e a democratização da sociedade. A principal característica das políticas sociais é a sua transversalidade. Assim como a questão ambiental, as políticas sociais devem ser um objetivo presente e permanente em todas as atividades do governo, e não uma ação setorial e conjuntural. Nesse contexto, as políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos setores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis. Um dos aspectos que o Estatuto da Criança e do Adolescente é ressaltar, o direito à vida e à saúde, onde ele aborda que toda criança e 32 adolescente deve ter um desenvolvimento sadio e harmonioso, e se ele for deficiente deve-se ter um atendimento especializado, lembrando que a criança tem o direito do atendimento integral à saúde e também a condições especiais para a sua internação. Neste ponto ele afirma que toda criança e adolescente tem o direito de ir e vir, de se divertir, de praticar esportes, de se expressar, como também participar da vida familiar e da vida política, ressaltando que jamais deve-se violar a sua integridade física, psíquica e moral. Além disso, tem-se o direito à convivência familiar e comunitária, onde se diz que toda criança deve ser criada e educada no seio da família, sendoque os pais é quem são os responsáveis pelo sustento, guarda e educação dos filhos menores. No entanto em caso de família substitutiva, o ECA determina que a criança deve ser ouvida previamente, considerando suas relações de afinidade, como também sobre os casos de adoção4 , tutela e guarda . Outro fator importante é o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer, onde se tem o objetivo de preparar a criança e o adolescente para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, devendo o Estado garantir o ensino fundamental obrigatório e gratuito, oferecendo também creches e pré-escolas para crianças de até 6 anos, sendo que os pais tem a obrigação e dever de manter os filhos na rede regular de ensino. Diante disso, vê-se que o ECA retrata diversas questões, tendo como mais um deles o direito à profissionalização e à proteção no trabalho, onde nos informa que é proibido o trabalho para menores de 14 anos, como também o exercício do trabalho em locais insalubres, penosos ou em horários noturnos .Portanto, em vista a todos os direitos conquistados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, ressalta-se a sua importância no âmbito das políticas públicas. Nesse sentido, é extremamente necessário respeitarmos os direitos das crianças e dos adolescentes, visando interagir o Estado com a Sociedade. Reforçando assim a direção para a criação e manutenção das Políticas Sociais e/ou políticas públicas destinadas ao bem-estar geral da população. Neste caso dos menores. 33 2. O ASSISTENTE SOCIAL FRENTE A CRIANÇA E O ADOLESCENTE A primeira medida de organização da assistência à infância surgiu com a Lei orçamentária n. 4.242 de 05/01/1921, que criou o “Serviço de Assistência e Prestação à Infância Abandonada e Delinquente”, visando à sua “modesta educação literária e completa educação profissional” Em 1941, houve a criação de um sistema nacional denominado Serviço de Assistência ao Menor (SAM), objetivando em assistir infratores e desvalidos. Com o passar dos anos, a atuação do SAM, tornou-se uma estrutura administrativa altamente burocrática, ineficiente, flexível e sem autonomia por uma política repressora. A atuação do profissional de Serviço Social é construída a partir dos processos teórico metodológicos, ético políticos e técnico operacionais do contexto histórico e político da produção e da reprodução da relação capital e trabalho. De acordo com a resolução do Conselho Federal do Serviço Social - CFESS Nº557/ 2009 o Assistente Social que trabalha em um centro socioeducativo faz parte de uma equipe de trabalho multidisciplinar A resolução do Conselho Federal do Serviço Social - CFESS Nº557/2009 em seu art. 4° estabelece que “o assistente social ao atuar em equipes multiprofissionais, deverá garantir a especificidade de sua área de atuação” O Assistente Social possui a compreensão das dimensões técnicas, administrativas e políticas que norteiam a execução da medida. E o seu trabalho desenvolvido junto aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa é de internação envolva a história de vida, a família, a comunidade, os desejos e os valores do adolescente. Neste sentido Martinelli (2006) descreve os assistentes sociais: (...) profissionais que chegamos o mais próximo possível da vida cotidiana das pessoas com as quais trabalhamos. Poucas profissões conseguem chegar tão perto deste limite como nós. É, portanto, uma profissão que nos dá uma dimensão de realidade muito grande e que nos abre a possibilidade de construir e reconstruir identidades – a da profissão e a nossa – em um movimento contínuo. (Martinelli, 2006, p. 02) 34 E Iamammoto (2008) afirma: [...] o assistente social ingressa nas instituições empregadoras como parte de um coletivo de trabalhadores que implementa as ações institucionais, cujo resultado final é fruto de um trabalho combinado ou cooperativo, que assume perfis diferenciados nos vários espaços ocupacionais.Também a relação que o profissional estabelece com o objetivo de seu trabalho, as múltiplas expressões da questão social, tal como se expressam na vida dos sujeitos com os quais trabalha, dependendo do prévio recorte das políticas definidas pelos organismos, que estabelecem demandas e prioridades a serem atendidas (IAMAMOTO, 2008, p.421). Em 2014 o CFESS elaborou um documento intitulado “Atuação de Assistentes Sociais no Sociojurídico: subsídios para reflexão”. Neste documento, são explicitados diversos campos de atuação do Serviço Social, caracterizando o exercício profissional no Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, execução penal e sistema prisional, execução de medidas socioeducativas, segurança pública, instituições policiais, programas na área de políticas públicas de segurança, serviço de acolhimento institucional/familiar, e a interface do sociojurídico com as políticas públicas em geral. De acordo com CFESS (2014): [...] um dos primeiros campos de trabalho de Assistentes Sociais na esfera pública foi o Juízo de Menores do Rio de Janeiro, então capital da República. Emergente, diante do agravamento dos problemas relacionados à ‘infância pobre’, à ‘infância delinquente’, à ‘infância abandonada’, manifestos publicamente no cotidiano da cidade, o Serviço Social é incorporado a essa instituição como uma das estratégias de tentar manter o controle almejado pelo Estado sobre esse grave problema, que se aprofundava no espaço urbano (IAMAMOTO; CARVALHO apud CFESS, 2014, p. 13). Neste campo de atuação, a ação do Assistente Social o CFESS ao destaca: [...] o debate sobre o lócus do jurídico ganha, no cenário contemporâneo, gradativamente, relevo na concretização da dimensão técnico-operativa do serviço social, na medida em que desenvolve significativa intervenção no cotidiano das diversas instituições onde atuam Assistentes Sociais. Esse movimento tem demandado sua problematização no cerne da representação da categoria, sobretudo pela interferência no cotidiano profissional dos espaços sócio-ocupacionais, mas também pela nítida impositividade do ‘jurídico’, que cerca as demandas inerentes ao sociojurídico. Tal faticidade permite ainda uma singular interferência na elaboração dos instrumentos privativos da ação profissional, determinando também um desafio à efetivação do projeto ético político do serviço social, ao cumprimento de seu Código de Ética e às resoluções do CFESS, destacando-se a Resolução nº 493/2006 (que versa sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional). (CFESS, 2014, p. 38). 35 E assim continua: É patente a importante interface existente entre as demandas postas ao sistema de justiça e as políticas públicas no âmbito da proteção social, envolvendo áreas como a saúde, educação, habitação, trabalho e renda. É nessas que se materializam direitos, portanto, são indissociáveis as interrelações entre as instituições do sociojurídico e as do sistema de proteção social. [...] Nesse contexto, impõem-se desafios como a problematização da lógica da judicialização das expressões da questão social e da criminalização da pobreza; a superação da aparência dos fenômenos, como meros problemas jurídicos, incorporando à sua resolutividade o caráter político e social na dimensão da atuação profissional; a distinção entre os instrumentos do fazer profissional, daqueles voltados para a ‘aferição de verdades jurídicas’, assumindo o estudo social como próprio da intervenção do serviço social, capaz de iluminar as determinações que constituem a totalidade da realidade, suas contradições e diferentes dimensões. (CFESS, 2014, p. 99). Assim, o trabalho da/o assistente social pauta-se pela defesa de direitos, pela ênfase na construção daautonomia e participação do adolescente, na garantia do conjunto dos direitos humanos dos quais os jovens são credores nos espaços das unidades, como alimentação, educação, profissionalização, saúde, expressão, convivência, respeito, entre outros. 2.1. Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e o Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) Em 2014, a deliberação de nº 2 no eixo de Orientação e Fiscalização asseverou que os CRESS/CFESS deveriam: Amadurecer posicionamento do Conjunto sobre a atuação de assistentes sociais em comissões de avaliação disciplinar, de monitoramento e comissões técnicas de classificação previstas no Sinase e na LEP. (CFESS, 2014, p. 15) A ABEPSS realizou uma profunda avaliação do processo de formação profissional do assistente social brasileiro, mediante um debate coletivo entre os Centros de Ensino e as entidades representativas da categoria, como o conjunto Conselho Federal de Serviço Social/Conselhos Regionais de Serviço Social (CFESS/CRESS) e a Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (Enesso). Foi ampliada a concepção de formação profissional por meio dos seguintes pressupostos: a) O Serviço Social no processo de produção e reprodução da vida social como uma profissão interventiva no âmbito da questão social. 36 b) A relação do Serviço Social com a questão social – fundamento básico de sua existência – é mediatizada por um conjunto de processos sócio-históricos e teórico-metodológicos constitutivos de seu processo de trabalho. c) O agravamento da questão social em face das particularidades do processo de reestruturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia neoliberal, determina uma inflexão no campo profissional do Serviço Social. 58 SERVIÇO SOCIAL NO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO d) O processo de trabalho do Serviço Social é determinado pelas configurações estruturais e conjunturais da questão social e pelas formas históricas de seu enfrentamento, permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado, através das políticas e lutas sociais. (Caderno ABESS, nº 7, 1996). (CEFSS – SP 2016 p. 58 – 59) A formação profissional deve pressupor um conjunto de elementos teóricos, metodológicos, éticos, políticos e técnicos operativos para que as(os) assistentes sociais compreendam os diversos projetos sociais em confronto, colocados historicamente pelas classes sociais. Por fim o CEFSS reluz sobre o dever dos assistentes sociais, que devem ser orientados pelos princípios do Código de Ética do Serviço Social, no qual está contida a defesa intransigente dos direitos humanos. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Todos os direitos referendados no ECA em relação à proteção da infância e adolescência estão neste âmbito formalizados no ponto de vista legal. No entanto é preciso materializar os direitos das crianças e dos adolescentes através das ações concretas de políticas publicas. É neste sentido que se ressalta a importância do ECA como balizador para a construção de políticas publicas de proteção às crianças e aos adolescentes. E para compreender a efetivação dos direitos das crianças e adolescentes, desenvolve-se no item a seguir o mapeamento de ações de políticas públicas voltados para este público específico. Segundo Behring e Boschetti (2007) no resgate sobre a constituição das políticas sociais no Brasil na área da infância e da juventude destaca-se o código de menores, e o Serviço de Assistência ao Menor de características assistencialista e punitiva, apresentando uma contradição em relação aos objetivos de proteção ás crianças e adolescentes. No entanto com a aprovação do ECA em 1990, e as mudanças ocorridas no bojo da organização da políticas sociais a partir da Constituição Federal Brasileira de 1988, um novo cenário começa a desenhar-se no sentido de incorporar na agenda das políticas públicas sociais os direitos de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. Atualmente, pode-se visualizar diversas ações em diferentes políticas públicas que materializam os direitos de crianças e adolescentes preconizados pelo ECA. Destaca-se por exemplo algumas das ações identificadas para o público infanto-juvenil: Assistência Social na perspectiva do Sistema Único de Assistência Social – SUAS; na Educação na perspectiva do Ministério de Educação e - Política Nacional de Educação – MEC; a Saúde na perspectiva Sistema Único de Saúde – SUS. Ou seja citadas pelos artigos do ECA como direitos. O Estatuto da Criança e do Adolescente vem de uma longa trajetória que dura até hoje, visando atendera população infanto-juvenil de forma integral e universal, garantindo assim, o seu desenvolvimento pleno, concretizando os 38 seus direitos em vários âmbitos tais como na educação, na saúde e entre outros. O profissional do serviço social trabalha no desenvolvimento e aplicação de políticas sociais, cujo objetivo é retirar as crianças e adolescentes, das condições desumanas, que estão envolvidos, e desenvolver com estes um trabalho de socialização, de mudança de vida, não só para eles, mas também para sua família. O trabalho do assistente social, nas questões da criança e do adolescente, que são vários, consiste na conscientização, na busca da implementação dos seus direitos. Contudo, as crianças e adolescentes não tem conhecimento dos seus direitos, garantidos por lei, não tem acesso a essas informações, e quem as tem, por interesses próprios, os negam, e outros se omitem. São essas áreas que o assistente social atua, no desenvolvimento de um trabalho social, buscando a emancipação e a melhoria da qualidade de vida, da criança e do adolescente, de famílias e consequentemente da sociedade. Ou seja, o profissional de Serviço Social tem um compromisso ético- político pela luta pela a garantia de direitos e pela a autonomia dos usuários. E com os princípios do Código de Ética do Assistente Social. O profissional de Serviço Social, na sua área de atuação deve buscar para que os direitos não só das crianças e adolescente sejam garantidos, mas como de toda sociedade, tendo um compromisso com a qualidade dos serviços prestados pautado no seu projeto ético político e na luta pela emancipação e autonomia dos indivíduos. Ou seja, respondendo a problemática que envolveu este Trabalho de Conclusão e Curso (TCC) sobre a atuação do assistente social com crianças e adolescentes. “Como ocorre a atuação do Assistente Social frente aos direitos de crianças e adolescentes preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente nas diferentes políticas públicas? “. O Assistente Social que por ser um profissional que tem suas ações norteadas pelos valores e princípios do Código de Ética Profissional, o qual fundamenta, junto a outros instrumentos formais e as estratégias políticas das 39 entidades representativas do Serviço Social, o denominado Projeto Ético- Político-Profissional do Serviço Social. O profissional de Serviço Social é pautado nas ações pela defesa de direitos e efetivação e consolidação das políticas sociais. Atuando na política da Assistência Social, tanto na gestão, como no planejamento e execução dessa política, além da inserção em outras políticas sociais como saúde, previdência, educação, trabalho, nos segmentos da criança e adolescente, idosos, grupos étnicos, etc. . 40 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- ABNT; NBR 6023, de agosto de 2002. ALVIN, Rosilene;VALLADARES, Lícia de Prado. Infânciae Sociedade no Brasil: Uma análise da Literatura. Boletim Informativo e Bibliográfico de Ciências Sociais (BIB), Rio de Janeiro, n. 26, 1988. BEHRING, Elaine R. BOSCHETTI, Ivanete. Política Social:
Compartilhar