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FLÁVIO PIEROBON CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA Londrina/PR 2020 © Direitos de Publicação Editora Thoth. Londrina/PR. www.editorathoth.com.br contato@editorathoth.com.br Diagramação e Capa: Editora Thoth Revisão: o autor. Editor chefe: Bruno Fuga Coordenador de Produção Editorial: Thiago Caversan Antunes Diretor de Operações de Conteúdo: Arthur Bezerra de Souza Junior Conselho Editorial Prof. Me. Anderson de Azevedo • Me. Aniele Pissinati • Prof. Me. Arthur Bezerra de Souza Junior • Prof. Dr. Bianco Zalmora Garcia • Prof. Me. Bruno Augusto Sampaio Fuga • Prof. Dr. Carlos Alexandre Moraes • Prof. Dr. Celso Leopoldo Pagnan • Prof. Dr. Clodomiro José Bannwart Junior • Prof. Me. Daniel Colnago Rodrigues • Profª. Dr. Deise Marcelino da Silva Prof. Dr. Elve Miguel Cenci • Prof. Me. Erli Henrique Garcia • Prof. Dr. Fábio Fernandes Neves Benfatti • Prof. Dr. Fábio Ricardo R. Brasilino • Prof. Dr. Flávio Tartuce • Prof. Dr. Gonçalo De Mello Bandeira (Port.) • Prof. Me. Henrico Cesar Tamiozzo • Prof. Me. Ivan Martins Tristão Profª. Dra. Marcia Cristina Xavier de Souza • Prof. Dr. Osmar Vieira da Silva • Esp. Rafaela Ghacham Desiderato • Profª. Dr. Rita de Cássia R. Tarifa Espolador • Prof. Me. Smith Robert Barreni • Prof. Me. Thiago Caversan Antunes • Prof. Me. Thiago Moreira de Souza Sabião • Prof. Dr. Thiago Ribeiro de Carvalho • Prof. Me. Tiago Brene Oliveira • Prof. Dr. Zulmar Fachin • Prof. Dr. Antônio Pereira Gaio Júnior Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Pierobon, Flávio. Constituição Federal Anotada / Flávio Pierobon. – Londrina, PR: Thoth, 2020. (Coleção Códigos Anotados Editora Thoth) ISBN 978-65-990261-5-7 1. Constituição Federal. 2. Código anotado. 3.Direito constitucional. I. Título. CDU - 341.2 Índices para catálogo sistemático 1. Direito Constitucional: 341.2 Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização. Todos os direitos desta edição reservardos pela Editora Thoth. A Editora Thoth não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nesta obra por seu autor. SOBRE O AUTOR FLÁVIO PIEROBON Advogado. Professor Universitário. Coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas da Faculdade Positivo Londrina-PR. Professor convidado de vários cursos de Pós-Graduação lato senso. Mestre em Ciência Jurídica pela UENP - Universidade Estadual do Norte do Paraná. Possui pós-graduação (lato senso) nas áreas de Direito, Educação e Filosofia e aperfeiçoamento em direitos fundamentais e globalização pela Universidade Complutense de Madrid-Espanha. áreas de Direito, Educação e Filosofia e aperfeiçoamento em direitos fundam Para Dudu. Razão e motivo de tudo em minha vida. AGRADECIMENTOS A realização desta obra nasceu com o generoso convite feito pela Editora Thoth, por meio do Dr. Bruno Fuga. Agradeço pela confiança e aproveito para deixar registrado a minha satisfação de ter sido lembrado para um projeto tão bonito e grandioso. Thoth e Bruno Fuga, mesmo sendo muito jovens, já registraram os seus nomes nas letras jurídicas nacionais. Muito obrigado. É importante também agradecer ao amigo e colega de trabalho Eliezer Rosa da Silva. Sem a tua colaboração, gentil e competente, esta obra não seria possível, não tenho palavras para agradecer pelo seu trabalho e pela parceria, há um futuro brilhante para o teu presente. Obrigado. Por fim, é necessário tornar público aquilo que no particular já se sabe de sobra, obrigado pelo apoio e compreensão Natália D’Angelo Pierobon, minha companheira de vida. Esta obra também é tua. Sem você nada disso seria possível e nem desejável. QUESTÕES INICIAIS A presente obra busca dar ao texto constitucional um apanhado geral. Desta forma, são adotadas as seguintes anotações: jurisprudência do STF, especialmente naqueles casos onde a decisão possui efeito vinculante ou em casos cuja decisão apresenta questões muito relevantes ou em casos onde a repercussão geral foi reconhecida pelo Tribunal. Recursos extraordinários serão usados excepcionalmente, apenas em casos muito específicos ou em casos onde houver controle difuso de constitucionalidade. A jurisprudência de outros Tribunais é observada apenas em situações onde a tomada de decisão está diretamente relacionada com a Constituição. As anotações também indicarão súmulas do STF, vinculantes ou não. Nas ocasiões onde houver, serão indicadas as leis que regulamentam o texto constitucional ou que tratam do tema em análise. Por fim, serão considerados tratados internacionais, preferencialmente os já incorporados pelo sistema jurídico brasileiro e os comentários do organizador. Os comentários serão reduzidos ao essencial, a fim de que a obra atenda ao seu objetivo, que é ser uma Constituição Federal anotada, de rápido manejo e com informações diretas e de fácil entendimento. APRESENTAÇÃO COLEÇÃO CÓDIGOS ANOTADOS No ano de 2020, a Editora Thoth lança a Coleção Códigos Anotados. Diversos Códigos serão publicados por professores Londrina/Pr, cidade sede da Editora Thoth, com o propósito de disponibilizar Códigos com as respectivas leis e anotações pertinentes. As anotações nos artigos legais consistiram em enunciados, direito jurisprudencial dos Tribunais Superiores, súmulas, resoluções e afins, sempre ligados ao artigo e ao Código em questão. A coordenação geral é de responsabilidade do Professor Bruno Fuga, que foi responsável pela ideia inicial do projeto e por conversar com todos os professores responsáveis pelos respectivos Códigos, alinhando entre todos uma padronização na pesquisa para criar harmonia no projeto como um todo – respeitando, claro, a particularidade de cada Código. De parabéns, assim, todos os autores da Coleção Códigos Anotados da Editora Thoth, por aceitarem o desafio e, dessa forma, colaborar com a pesquisa e estudo, cada qual na sua respectiva área. Londrina, janeiro de 2020. APRESENTAÇÃO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA Quem, em pleno século XXI, ainda lança uma obra com anotações a uma lei? Parece que em tempos digitais fazer uma obra com anotações ao texto constitucional é fora de época e de contexto, mas não é isso que a prática jurídica vem demonstrando, ter em mãos um livro onde estejam disponíveis o texto constitucional, sua interação com outros dispositivos constitucionais, com a legislação infraconstitucional e com tratados e decisões de cortes internacionais, além da jurisprudência e das súmulas, vinculantes ou não, do STF, parece ainda ter um espaço de utilidade na vida dos vários estudiosos do Direito. Vale ressaltar que não há uma forma de usar ou um público específico para quem se destina uma legislação anotada, ela serve tanto para o Juiz quanto para o bacharel ou bacharelando em direito. É, portanto, uma obra de uso plural. O texto que ora se apresenta foi feito pensando na necessidade de compreensão global do Direito, pois um texto constitucional não se interpreta só, assim como não gera efeitos, muitas vezes, por si só, é necessária a interação com outros dispositivos constitucionais e, em muitos casos, a conformação por normas infraconstitucionais. Pensamos em uma Constituição Federal Anotada que fizesse menção a outros dispositivos constitucionais, o que permite àquele que estiver a manuseá-la ter uma compreensão geral das diversas possibilidades de efeitos do texto constitucional, normas que veiculam princípios muitas vezes deitam suas raízes em mais de um dispositivo, tornando necessário, para a adequada interpretação do texto constitucional, uma imprescindível visão global da Constituição Federal. O texto sai atualizado com as novas emendas e com a legislação federal elaborada até janeiro de 2020. As decisões judiciais foram preferencialmente aquelas tomadas em controle concentrado de constitucionalidade e, dentre estas, as mais recentes, mas fizemos questão de trazer decisões tomadas em ações cujo efeito se dá interpartes ou em ações onde não há efeito vinculante, especialmentequando tais decisões são marcos no entendimento sobre determinada matéria. Neste sentido trouxemos, como exemplo, a anotação do HC 143.641, acerca da prisão domiciliar para detentas grávidas ou mães de crianças até 12 anos. Além da jurisprudência do STF, trouxemos algumas decisões tomadas em Tribunais internacionais, assim como tratados internacionais que apresentam relação direta com o dispositivo constitucional em análise. As anotações também contemplam as observações gerais emitidas pelo Comitê de Direito Econômicos sociais e culturais a respeito do teor das normas contidas no Pacto internacional de Direitos econômicos Sociais e culturais que estão também previstas no texto constitucional. Trata-se de uma obra feita com o intuito de colaborar na prática diária de profissionais e estudantes de Direito, é uma obra inacabada, como toda obra humana, mas feita com o firme propósito de demonstrar respeito ao texto constitucional e reforçar a sua importância para a construção de um país com justiça social, igualdade e liberdade. Encerro esta apresentação com um trecho do discurso de promulgação da Constituição Federal, feito por Ulysses Guimarães em 05 de outubro de 1988: “A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia.” É com este espírito que elaboramos esta obra, uma ode à Constituição, ao seu respeito e à sua observação. Vida longa ao texto da liberdade, da igualdade, da dignidade humana e da cidadania. Avante! Londrina-PR, 05 de fevereiro de 2020 Flávio Pierobon LISTA DE ABREVIAÇÕES LC – lei complementar ADI - Ação direta de inconstitucionalidade ADI (QO) - Ação direta de inconstitucionalidade – questão de ordem ADC – Ação declaratória de Constitucionalidade ADO – Ação Direta de inconstitucionalidade por omissão ADPF – arguição de descumprimento de preceito fundamental CODESC - Comitê de Direitos Econômicos Sociais e Culturais da ONU CF/88 – Constituição Federal de 1988 DL – decreto legislativo HC – habeas corpus LO – Lei Ordinária MS – mandado de Segurança MSC – Mandado de Segurança Coletivo PIDESC – Pacto internacional de direitos Econômicos Sociais e Culturais RE – Recurso extraordinário RG – Repercussão geral SUMÁRIO SOBRE O AUTOR ......................................................................................... 5 AGRADECIMENTOS ..................................................................................... 9 APRESENTAÇÃO COLEÇÃO CÓDIGOS ANOTADOS .............................. 13 APRESENTAÇÃO CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA ........................ 15 TÍTULO I - Dos Princípios Fundamentais ................................................. 25 TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais ................................ 31 CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI- VOS ......................................................................................................... 31 CAPÍTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS .............................................. 63 CAPÍTULO III - DA NACIONALIDADE.................................................... 72 CAPÍTULO IV - DOS DIREITOS POLÍTICOS ........................................ 74 CAPÍTULO V - DOS PARTIDOS POLÍTICOS ........................................ 77 TÍTULO III - Da Organização do Estado ................................................... 79 CAPÍTULO I - DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA ....... 79 CAPÍTULO II - DA UNIÃO ....................................................................... 81 CAPÍTULO III - DOS ESTADOS FEDERADOS ................................... 104 CAPÍTULO IV - DOS MUNICÍPIOS ...................................................... 107 CAPÍTULO V - DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS........113 Seção I - DO DISTRITO FEDERAL .....................................................113 Seção II - DOS TERRITÓRIOS ...........................................................113 CAPÍTULO VI - DA INTERVENÇÃO ......................................................113 CAPÍTULO VII - DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ................................115 Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................115 Seção II - DOS SERVIDORES PÚBLICOS .........................................125 Seção III - DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS ........................................................................134 Seção IV - DAS REGIÕES ..................................................................134 TÍTULO IV - Da organização dos poderes ..............................................135 CAPÍTULO I - DO PODER LEGISLATIVO ............................................135 Seção I - DO CONGRESSO NACIONAL ............................................135 Seção II - DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL .........136 Seção III - DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ......................................139 Seção IV - DO SENADO FEDERAL ....................................................140 Seção V - DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES .........................143 Seção VI - DAS REUNIÕES ................................................................145 Seção VII - DAS COMISSÕES ............................................................146 Seção VIII - DO PROCESSO LEGISLATIVO ......................................148 Subseção I - Disposição Geral ..........................................................148 Subseção II - Da Emenda à Constituição ..........................................148 Subseção III - Das Leis ......................................................................150 Seção IX - DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA ................................................................................158 CAPÍTULO II - DO PODER EXECUTIVO ..............................................162 Seção I - DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLI- CA ........................................................................................................162 Seção II - DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ..164 Seção III - DA RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLI- CA ........................................................................................................167 Seção IV - DOS MINISTROS DE ESTADO .........................................169 Seção V - DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL ............................................................................169 Subseção I - Do Conselho da República ............................................169 Subseção II - Do Conselho de Defesa Nacional ................................170 CAPÍTULO III - DO PODER JUDICIÁRIO ..............................................170 Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS .......................................................170 Seção II - DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL .................................183 Seção III - DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ...........................190 Seção IV - DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS ............................................................................................192 Seção V - DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO, DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO E DOS JUÍZES DO TRABALHO ..........194 Seção VI - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS .........................196 Seção VII - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES ..........................198 Seção VIII - DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS ..................198 CAPÍTULO IV - DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ..................200 Seção I - DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..................................................200Seção II - DA ADVOCACIA PÚBLICA ..................................................207 Seção III - DA ADVOCACIA ..................................................................207 Seção IV - DA DEFENSORIA PÚBLICA ...............................................208 TÍTULO V - Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas .......209 CAPÍTULO I - DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO ....209 Seção I - DO ESTADO DE DEFESA ....................................................210 Seção II - DO ESTADO DE SÍTIO ........................................................210 Seção III - DISPOSIÇÕES GERAIS ..................................................... 211 CAPÍTULO II - DAS FORÇAS ARMADAS ............................................. 211 CAPÍTULO III - DA SEGURANÇA PÚBLICA ..........................................213 TÍTULO VI - Da tributação e do orçamento ..............................................215 CAPÍTULO I - DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL ........................215 Seção I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS ..................................................215 Seção II - DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR ..................219 Seção III - DOS IMPOSTOS DA UNIÃO ..............................................223 Seção IV - DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDE- RAL ......................................................................................................226 Seção V - DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS .................................231 Seção VI - DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS ..........231 CAPÍTULO II - DAS FINANÇAS PÚBLICAS .........................................235 Seção I - NORMAS GERAIS ...............................................................235 Seção II - DOS ORÇAMENTOS ..........................................................236 TÍTULO VII - Da Ordem Econômica e Financeira ...................................247 CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMI- CA ...........................................................................................................247 CAPÍTULO II - DA POLÍTICA URBANA .................................................258 CAPÍTULO III - DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA ...............................................................................................259 CAPÍTULO IV - DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL .....................262 TÍTULO VIII - Da Ordem Social .............................................................262 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÃO GERAL ....................................................262 CAPÍTULO II - DA SEGURIDADE SOCIAL ...........................................262 Seção I - DISPOSIÇÕES GERAIS ......................................................262 Seção II - DA SAÚDE ..........................................................................266 Seção III - DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ...............................................270 Seção IV - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................274 CAPÍTULO III - DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO ....276 Seção I - DA EDUCAÇÃO ...................................................................276 Seção II - DA CULTURA ......................................................................286 Seção III - DO DESPORTO .................................................................289 CAPÍTULO IV - DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ................291 CAPÍTULO V - DA COMUNICAÇÃO SOCIAL .......................................293 CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE ..................................................297 CAPÍTULO VII - Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso ......................................................................................................302 CAPÍTULO VIII - DOS ÍNDIOS ..............................................................309 TÍTULO IX - Das Disposições Constitucionais Gerais ............................310 ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS .............319 25 FLÁVIO PIEROBON CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Jurisprudência - STF Devem ser postos em relevo os valores que norteiam a Constituição e que devem servir de orientação para a correta interpretação e aplicação das normas constitucionais e apreciação da subsunção, ou não, da Lei 8.899/1994 a elas. Vale, assim, uma palavra, ainda que brevíssima, ao Preâmbulo da Constituição, no qual se contém a explicitação dos valores que dominam a obra constitucional de 1988 (...). Não apenas o Estado haverá de ser convocado para formular as políticas públicas que podem conduzir ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá de se organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma comunidade fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-se, expressamente, ao Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988, escolia José Afonso da Silva que “O Estado Democrático de Direito destina-se a assegurar o exercício de determinados valores supremos. ‘Assegurar’, tem, no contexto, função de garantia dogmático- constitucional; não, porém, de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu ‘exercício’. Este signo desempenha, aí, função pragmática, porque, com o objetivo de ‘assegurar’, tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação em favor da efetiva realização dos ditos valores em direção (função diretiva) de destinatários das normas constitucionais que dão a esses valores conteúdo específico” (...). Na esteira destes valores supremos explicitados no Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se afirma, nas normas constitucionais vigentes, o princípio jurídico da solidariedade. [ADI 2.649, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-5-2008, P, DJE de 17-10-2008.] Vide também [ADI 2.076 – Não se trata de norma de reprodução obrigatória nas Constituições estaduais, pois não possui força normativa.] TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; Relação com outros dispositivos constitucionais Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 18 e art. 60, §4º, I da CF/88. Jurisprudência – STF (…) Os princípios democrático e republicano repelem a manutenção de expedientes ocultos no que concerne ao funcionamento da máquina estatal em suas mais diversas facetas. É essencial ao fortalecimento da democracia que o seu financiamento seja feito em bases essencialmente republicanas e absolutamente transparentes. Prejudica-se o aprimoramento da democracia brasileira quando um dos aspectos do princípio democrático — a democracia representativa — se desenvolve em bases materiais encobertas por métodos obscuros de doação eleitoral. Sem as informações necessárias, entre elas a identificação dos particulares que contribuíram originariamente para legendas e para candidatos, com a explicitação também destes, o processo de prestação de contas perde em efetividade, obstruindo o cumprimento, pela justiça eleitoral, da relevantíssima competência estabelecida no art. 17, III, da CF. [ADI 5.394, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 22-3-2018, P, DJE de 18-2-2019.] Art. 4º, I; art. 5º, LXXI; art. 17; art. 21, I e II; art. 49, II;art. 84, VII, VII e XIX; art. 9; art.170 e art. 231, §5º da CF/88. II - a cidadania Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 5º, LXXI, LXXIII, LXXVII; art. 22, XIII; art.62, I, “a”; art. 68, §1º, II e art. 205. Legislação infraconstitucional Lei 9.265/96 – Dispõe sobre a gratuidade dos atos necessários ao exercício da cidadania. Lei 10835/2004 - Institui a renda básica de cidadania e dá outras providências. Jurisprudência - STF Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrario, nega- se o Estado de Direito. Precedentes. 2. Ainda que o paciente tenha se ocultado para não se submeter a ordem de prisão ilegal, este fato não foi o único fundamento suficiente do segundo decreto de prisão, baixado por outra autoridade judiciária em outro processo; a nova CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA 26 ordem de prisão atende às previsões dos arts. 312, 313, I, e 315 do CPP. 3. “Habeas-corpus” originário, substitutivo de recurso ordinário em “habeas-corpus”, conhecido, mas indeferido. [HC 73454, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Segunda Turma, julgado em 22/04/1996, DJ 07-06-1996 PP-19827 EMENT VOL-01831-01 PP-00125] Jurisprudência – STF A Lei 8.899/1994 é parte das políticas públicas para inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade da pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles sejam alcançados. [ADI 2.649, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-5- 2008, P, DJE de 17-10-2008.] III - a dignidade da pessoa humana; Documentos internacionais Carta das Nações Unidas Declaração Universal de Direitos Humanos. Convenção americana de Direitos humanos. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Convenção sobre os Direitos da Criança. Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência Súmula vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Súmula vinculante 56 - A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. Jurisprudência - STF - STF Presunção de não culpabilidade. A condução coercitiva representa restrição temporária da liberdade de locomoção mediante condução sob custódia por forças policiais, em vias públicas, não sendo tratamento normalmente aplicado a pessoas inocentes. Violação. Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). O indivíduo deve ser reconhecido como um membro da sociedade dotado de valor intrínseco, em condições de igualdade e com direitos iguais. Tornar o ser humano mero objeto no Estado, consequentemente, contraria a dignidade humana (NETO, João Costa. Dignidade Humana: São Paulo, Saraiva, 2014. p. 84). Na condução coercitiva, resta evidente que o investigado é conduzido para demonstrar sua submissão à força, o que desrespeita a dignidade da pessoa humana. (...) A condução coercitiva representa uma supressão absoluta, ainda que temporária, da liberdade de locomoção. Há uma clara interferência na liberdade de locomoção, ainda que por período breve. Potencial violação ao direito à não autoincriminação, na modalidade direito ao silêncio. Direito consistente na prerrogativa do implicado a recursar-se a depor em investigações ou ações penais contra si movimentadas, sem que o silêncio seja interpretado como admissão de responsabilidade. Art. 5º, LXIII, combinado com os arts. 1º, III; 5º, LIV, LV e LVII. O direito ao silêncio e o direito a ser advertido quanto ao seu exercício são previstos na legislação e aplicáveis à ação penal e ao interrogatório policial, tanto ao indivíduo preso quanto ao solto – art. 6º, V, e art. 186 do CPP. O conduzido é assistido pelo direito ao silêncio e pelo direito à respectiva advertência. Também é assistido pelo direito a fazer-se aconselhar por seu advogado. Potencial violação à presunção de não culpabilidade. Aspecto relevante ao caso é a vedação de tratar pessoas não condenadas como culpadas – art. 5º, LVII. A restrição temporária da liberdade e a condução sob custódia por forças policiais em vias públicas não são tratamentos que normalmente possam ser aplicados a pessoas inocentes. O investigado é claramente tratado como culpado. A legislação prevê o direito de ausência do investigado ou acusado ao interrogatório. O direito de ausência, por sua vez, afasta a possibilidade de condução coercitiva. Arguição julgada procedente, para declarar a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tendo em vista que o imputado não é legalmente obrigado a participar do ato, e pronunciar a não recepção da expressão ‘para o interrogatório’, constante do art. 260 do CPP. [ADI 3.510, rel. min. Ayres Britto, j. 29-5-2008, P, DJE de 28-5-2010.] Jurisprudência de Tribunais internacionais A Convenção Americana, por sua vez, reconhece expressamente o direito à integridade pessoal, bem jurídico cuja proteção encerra a finalidade principal da proibição imperativa da tortura 27 FLÁVIO PIEROBON e penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Este Tribunal considerou de maneira constante em sua jurisprudência que essa proibição pertence hoje ao domínio do ius cogens. O direito à integridade pessoal não pode ser suspenso em circunstância alguma. (...) 132. A Corte considera que as precárias condições de funcionamento da Casa de Repouso Guararapes, tanto as condições gerais do lugar quanto o atendimento médico, se distanciavam de forma significativa das adequadas à prestação de um tratamento de saúde digno, particularmente em razão de que afetavam pessoas de grande vulnerabilidade por sua deficiência mental, e eram per se incompatíveis com uma proteção adequada da integridade pessoal e da vida. (...) 137. A Corte já salientou que da obrigação geral de garantia dos direitos à vida e à integridade física nascem deveres especiais de proteção e prevenção, os quais, neste caso, se traduzem em deveres de cuidar e de regular. [Caso nº 12.237 - Corte IDH. Ximenes Lopes vs. Brasil. Mérito, reparações e custas. Sentença de 4- 7-2006.]. IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 5º, XIII, art.7º; art. 21, XXIV; 22, I, XVI, art. 24, V; art. 170 a 174; art. 192. Legislação infraconstitucional Decreto nº 591/1992 – promulga o pacto Internacional de direitos Econômicos sociais e culturais. Lei nº 13.874/2019 Jurisprudência - STF O motorista particular, em sua atividade laboral, é protegido pela liberdade fundamental insculpida no art. 5º, XIII, da Carta Magna, submetendo-se apenas à regulação proporcionalmente definida em lei federal, pelo que o art. 3º, VIII, da Lei Federal 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Lei Federal 12.587/2012, alterada pela Lei 13.640 de 26 de março de 2018, garantem a operação deserviços remunerados de transporte de passageiros por aplicativos. A liberdade de iniciativa garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da Constituição brasileira consubstancia cláusula de proteção destacada no ordenamento pátrio como fundamento da República e é característica de seleto grupo das Constituições ao redor do mundo, por isso que não pode ser amesquinhada para afastar ou restringir injustificadamente o controle judicial de atos normativos que afrontem liberdades econômicas básicas. (...) O exercício de atividades econômicas e profissionais por particulares deve ser protegido da coerção arbitrária por parte do Estado, competindo ao Judiciário, à luz do sistema de freios e contrapesos estabelecidos na Constituição brasileira, invalidar atos normativos que estabeleçam restrições desproporcionais à livre iniciativa e à liberdade profissional. Jurisprudência: RE 414426 Relator(a): Min. Ellen gracie, Tribunal Pleno, julgado em 01- 8-2011; RE 511961, Relator(a): Min. Gilmar mendes, Tribunal Pleno, julgado em 17-6- 2009. O sistema constitucional de proteção de liberdades goza de prevalência prima facie, devendo eventuais restrições ser informadas por um parâmetro constitucionalmente legítimo e adequar-se ao teste da proporcionalidade, exigindo-se ônus de justificação regulatória baseado em elementos empíricos que demonstrem o atendimento dos requisitos para a intervenção. (...) A captura regulatória, uma vez evidenciada, legitima o Judiciário a rever a medida suspeita, como instituição estruturada para decidir com independência em relação a pressões políticas, a fim de evitar que a democracia se torne um regime serviente a privilégios de grupos organizados, restando incólume a Separação dos Poderes ante a atuação dos freios e contrapesos para anular atos arbitrários do Executivo e do Legislativo. A Constituição impõe ao regulador, mesmo na tarefa de ordenação das cidades, a opção pela medida que não exerça restrições injustificáveis às liberdades fundamentais de iniciativa e de exercício profissional (art. 1º, IV, e 170; art. 5º, XIII, CRFB), sendo inequívoco que a necessidade de aperfeiçoar o uso das vias públicas não autoriza a criação de um oligopólio prejudicial a consumidores e potenciais prestadores de serviço no setor, notadamente quando há alternativas conhecidas para o atingimento da mesma finalidade e à vista de evidências empíricas sobre os benefícios gerados à fluidez do trânsito por aplicativos de transporte, tornando patente que a norma proibitiva nega ‘ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente’, em contrariedade ao mandamento contido no art. 144, § 10, I, da Constituição, incluído pela Emenda Constitucional 82/2014. [ADPF 449, rel. min. Luiz Fux, j. 8-5-2019, P, DJE de 2-9-2019.] V - o pluralismo político. Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 5º, VIII; art. 17 e art.8º do ADCT. Legislação infraconstitucional Lei nº 9.70981998 – Dispõe sobre os partidos políticos Jurisprudência - STF Normas que condicionaram o número de candidatos às câmaras municipais ao número de representantes do respectivo partido na Câmara Federal. Alegada afronta ao princípio da isonomia. Plausibilidade da tese, relativamente aos parágrafos do art. 11, por instituírem critério caprichoso que não guarda coerência lógica com a disparidade de tratamento neles estabelecida. Afronta à igualdade caracterizadora do pluralismo político consagrado pela Carta de 1988. CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA 28 [ADI 1.355 MC, rel. min. Ilmar Galvão, j. 23- 11-1995, P, DJ de 23-2-1996.] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 14; art. 15; art. 45; art. 60, §4º, II. Legislação infraconstitucional Lei nº 9.709/1998 – regulamenta os mecanismos de participação direta do Povo (plebiscito, referendo e iniciativa popular) dispostos no art. 14 da CF/88. Jurisprudência - STF A aplicação retroativa das novas regras que ampliaram o número de vereadores nos Municípios brasileiros para alcançar o processo eleitoral concluído em 2008, tal como prevista no inciso I do art. 3º da EC 58/2009, contraria inarredavelmente os princípios constitucionais (...). (...) O art. 1º, parágrafo único, da Constituição brasileira é taxativo ao dispor que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos”. Apenas titularizam essa condição aqueles que foram assim proclamados pela Justiça Eleitoral, nos termos das normas constitucionais e legais que vigiam no momento das eleições. Os suplentes de vereadores, aqueles que não lograram se eleger, não podem ser alçados à condição de eleitos por força de emenda à Constituição, por ato de representante do poder soberano. Admitir o contrário consagraria espécie de eleição indireta, contrastando com a previsão contida na parte final do art. 29, I, da Constituição da República. [ADI 4.307, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 11-4-2013, P, DJE de 1º-10-2013.] Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 44; 60, §4º, III; art. 76; art. 92; art. 2º do ADCT. Súmula – STF Súmula 43 - Não contraria a Constituição Federal o art. 61 da Constituição de São Paulo, que equiparou os vencimentos do Ministério Público aos da magistratura. Súmula 649 - É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros Poderes ou entidades. Jurisprudência - STF Art. 10, II (...), da Lei 10.542/1997 do Estado de Santa Catarina. Normas que exigem prévia e específica autorização legislativa para operações de recolhimento antecipado do ICMS com a concessão de desconto (...). Violação à separação de poderes. [ADI 1.703, rel. min. Alexandre de Moraes, j. 8-11-2017, P, DJE de 19-12-2017]. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: a) Os objetivos fundamentais da República configuram verdadeira obra de um constituinte programático, cuja realização não está à disposição dos governantes ou dos legisladores. Os objetivos fundamentais da República justificam e marcam a existência do Estado brasileiro e, por esta razão, são de observação obrigatória. I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; Relação com outros dispositivos constitucionais Art.5º; art. 170 e art. 193. Jurisprudência – STF O art. 7º da Lei 6.194/1974, na redação que lhe deu o art. 1º da Lei 8.441/1992, ao ampliar as hipóteses de responsabilidade civil objetiva, em tema de acidentes de trânsito nas vias terrestres, causados por veículo automotor, não parece transgredir os princípios constitucionais que vedam a prática de confisco, protegem o direito de propriedade e asseguram o livre exercício da atividade econômica. A Constituição da República, ao fixar as diretrizes que regem a atividade econômica e que tutelam o direito de propriedade, proclama, como valores fundamentais a serem respeitados, a supremacia do interesse público, os ditames da justiça social, a redução das desigualdades sociais, dando especial ênfase, dentro dessa perspectiva, ao princípio da solidariedade, cuja realização parece haver sido implementada pelo Congresso Nacional ao editar o art. 1º da Lei 8.441/1992. [ADI 1.003 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 1º- 8-1994, P, DJ de 10-9-1999.] II - garantir o desenvolvimento nacional; Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 5º, XXIX; art. 21, IX; art. 23, parágrafo único; art. 43; art. 174, parágrafo único; art. 180; art. 192; art. 200, V; 215,§3º;art. 216-A; art. 218 caput e §2º; art. 219; 239,§1º Jurisprudência – STF A questão do desenvolvimento nacional (CF, art. 3º, II) e a necessidade de preservação da integridade do meioambiente (CF, art. 225): O princípio do desenvolvimento sustentável como fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia. O princípio do desenvolvimento sustentável, além de impregnado de caráter eminentemente 29 FLÁVIO PIEROBON constitucional, encontra suporte legitimador em compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro e representa fator de obtenção do justo equilíbrio entre as exigências da economia e as da ecologia, subordinada, no entanto, a invocação desse postulado, quando ocorrente situação de conflito entre valores constitucionais relevantes, a uma condição inafastável, cuja observância não comprometa nem esvazie o conteúdo essencial de um dos mais significativos direitos fundamentais: o direito à preservação do meio ambiente, que traduz bem de uso comum da generalidade das pessoas, a ser resguardado em favor das presentes e futuras gerações. [ADI 3.540 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 1º- 9-2005, P, DJ de 3-2-2006.] III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 23, X; art. 170, VII, art. 203, V; art. 79 a 82 (ADCT); art. 84, §2º, III (ADCT). Legislação infraconstitucional Decreto nº 7.492/2011 – Institui o Plano Brasil sem miséria. IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 5º, XLI, XLII; art. 7º, XX, XXXI; art. 227 caput e §1º, II. Legislação infraconstitucional. Decreto nº 4.377/2002 – Promulga a convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979. Decreto nº 4.886/2003 - Institui a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial – PNPIR. Jurisprudência - STF Não se pode permitir que a lei faça uso de expressões pejorativas e discriminatórias, ante o reconhecimento do direito à liberdade de orientação sexual como liberdade existencial do indivíduo. Manifestação inadmissível de intolerância que atinge grupos tradicionalmente marginalizados. [ADPF 291, rel. min. Roberto Barroso, j. 28- 10-2015, P, DJE de 11-5-2016.] Art. 4º A República Federativa do Brasil rege- se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: a) Vale notar que a Constituição utiliza a expressão princípios, significa dizer que os dispositivos abaixo são normas constitucionais que enunciam princípios que darão a origem a outras normas que hão de decorrer da interpretação e das condições factuais que impuserem a aplicação do texto normativo. Jurisprudência – STF (...) gostaria (...) de tecer algumas considerações sobre a Convenção da Haia e a sua aplicação pelo Poder Judiciário brasileiro. (...) A primeira observação a ser feita, portanto, é a de que estamos diante de um documento produzido no contexto de negociações multilaterais a que o País formalmente aderiu e ratificou. Tais documentos, em que se incluem os tratados, as convenções e os acordos, pressupõem o cumprimento de boa-fé pelos Estados signatários. É o que expressa o velho brocardo pacta sunt servanda. A observância dessa prescrição é o que permite a coexistência e a cooperação entre nações soberanas cujos interesses nem sempre são coincidentes. Os tratados e outros acordos internacionais preveem em seu próprio texto a possibilidade de retirada de uma das partes contratantes se e quando não mais lhe convenha permanecer integrada no sistema de reciprocidades ali estabelecido. É o que se chama de denúncia do tratado, matéria que, em um de seus aspectos, o da necessidade de integração de vontades entre o chefe de Estado e o Congresso Nacional, está sob o exame do Tribunal. (...) Atualmente (...) a Convenção é compromisso internacional do Estado brasileiro em plena vigência e sua observância se impõe. Mas, apesar dos esforços em esclarecer conteúdo e alcance desse texto, ainda não se faz claro para a maioria dos aplicadores do direito o que seja o cerne da Convenção. O compromisso assumido pelos Estados-membros, nesse tratado multilateral, foi o de estabelecer um regime internacional de cooperação, tanto administrativa, por meio de autoridades centrais, como judicial. A Convenção estabelece regra processual de fixação de competência internacional que em nada colide com as normas brasileiras a respeito, previstas na LICC. Verificando-se que um menor foi retirado de sua residência habitual, sem consentimento de um dos genitores, os Estados-partes definiram que as questões relativas à guarda serão resolvidas pela jurisdição de residência habitual do menor, antes da subtração, ou seja, sua jurisdição natural. O juiz do país da residência habitual da criança foi o escolhido pelos Estados-membros da Convenção como o juiz natural para decidir as questões relativas à sua guarda. A Convenção também recomenda que a tramitação judicial de tais pedidos se faça com extrema rapidez e em caráter de urgência, de modo a causar o menor prejuízo possível ao bem-estar da criança. O atraso ou a demora no cumprimento da Convenção por parte das autoridades administrativas e judiciais brasileiras tem causado uma repercussão negativa no âmbito dos compromissos assumidos pelo Estado brasileiro, em razão do princípio da reciprocidade, que informa o cumprimento dos tratados internacionais. (...) É CONSTITUIÇÃO FEDERAL ANOTADA 30 este o verdadeiro alcance das disposições da Convenção. [ADPF 172 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto da min. Ellen Gracie, j. 10-6-2009, P, DJE de 21-8-2009.] I - independência nacional; Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 78; art. 91, §1º, IV. II - prevalência dos direitos humanos; Normas equivalentes a emenda constitucional (art.5º, §3º da CF/88) Decreto Legislativo nº 186/2008 - Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo. Decreto nº 6.949/2009 - Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo Decreto Legislativo nº 261/2015 - Aprova o texto do Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso Decreto nº 9.522/2018 - Promulga o Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso. Documentos internacionais Preceitos da Carta das Nações Unidas de 1945. Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem de 1948 Declaração do Direito ao Desenvolvimento de 1986. Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993. Declaração de Pequim de 1995. Legislação infraconstitucional Decreto nº 30.822/52 – Promulga a Convenção para prevenção e repressão do crime de Genocídio. Decreto nº 50.215/1961 – Promulga a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados de 28 de julho de 1951. Decreto nº 65.810/1969 – Promulga a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial. Decreto nº 70.946/1972 – Promulga o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados. Decreto nº 98.386/1989 – Promulga a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura Decreto nº 9.9710/1990 – Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança – 1989. Decreto nº 40/1991 – Promulga a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Decreto nº 678/1992 – Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Decreto nº 591/1992 – Promulga o pacto Internacional de direitos Econômicos sociais e culturais. Decreto nº 592/1992 – Promulga o pacto Internacional de direitos civis e políticos. Decreto nº 1.973/1996 – promulga a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contraa Mulher. Decreto nº 4.316/2002 – promulga o protocolo facultativo à Convenção sobre eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher. Decreto nº 4.377/2002 – Promulga a Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher. III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; Jurisprudência – STF Arguição de descumprimento dos preceitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos: decisões judiciais nacionais permitindo a importação de pneus usados de países que não compõem o Mercosul: objeto de contencioso na Organização Mundial do Comércio, a partir de 20-6-2005, pela Solicitação de Consulta da União Europeia ao Brasil. (...) Autorização para importação de remoldados provenientes de Estados integrantes do Mercosul limitados ao produto final, pneu, e não às carcaças: determinação do Tribunal ad hoc, à qual teve de se submeter o Brasil em decorrência dos acordos firmados pelo bloco econômico: ausência de tratamento discriminatório nas relações comerciais firmadas pelo Brasil. [ADPF 101, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24-6- 2009, P, DJE de 4-6-2012.] VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; Relação com outros dispositivos constitucionais Art. 5º, XLII, XLIII; Legislação infraconstitucional Lei nº 7.716/1989 – Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Decreto nº 5.639/2005 – Promulga a Convenção interamericana contra o terrorismo. Lei nº 12.288/2010 – Institui o Estatuto da igualdade racial
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