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1 Ana Catarina Rios – Odontologia – UFAL Cariostático – Diamino Fluoreto de Prata Cárie Dentária Doença biofilme-açúcar-dependente. Declínio de 61,7% de 1967 para 2003 no Brasil como um todo. Superfícies mais susceptíveis à cárie = oclusal e interproximais. Primeiro sinal clínico visível = lesão de mancha branca. Cárie em Esmalte: O esmalte cariado é cerca de 10x mais poroso que o esmalte hígido. Lesões incipientes (iniciais) tendem a remineralizar ao realizar o controle químico (fluoretos) e mecânico correto do biofilme. Caso contrário, as lesões incipientes tendem a progredir (atingir esmalte). Cárie em Dentina: Progressão mais rápida que em esmalte, devido a composição e estrutura da dentina. Por isso, a importância de diagnosticar e paralisar a progressão. Pacientes em Atividade de Cárie Existem meios que irão atuar no controle da progressão da cárie, dentre eles a remineralização da estrutura dental por meio do flúor. Porém, às vezes, esse tratamento não é estável, uma vez que o controle da progressão da lesão depende também da moderação dos fatores etiológicos da doença. As manifestações da doença cárie, principalmente em crianças, ainda é uma condição crítica, visto que o tratamento odontológico nesses indivíduos representa um quadro extremamente difícil por se tratar de pacientes imaturos e nem sempre receptivos à proposta. Assim, torna-se importante o uso de agentes que controlem a progressão da lesão na espera do tratamento restaurador ou mesmo na adaptação da criança aos novos hábitos higiênicos e alimentares. Para tal situação preconiza-se, primeiramente, a adequação do meio bucal e o condicionamento psicológico até que a criança esteja preparada para receber o tratamento restaurador. Diamino Fluoreto de Prata Um dos produtos disponíveis no mercado que apresenta alta concentração de fluoreto é o Diamino Fluoreto de Prata (DFP), também conhecido como Cariostático. Esta substância possui propriedades preventivas e cariostáticas. Assim, o DFP atua na prevenção e no tratamento da lesão de cárie. O uso desta substância teve início em 1972, no Japão. Composição: O DFP é um líquido incolor, básico (pH 8,0) e composto por: • Hidróxido de amônia • Nitrato de prata • Hidróxido de cálcio • Ácido fluorídrico • Solvente Esta substância é encontrada em diferentes concentrações (10%, 12%, 30% e 38%). Quanto maior a concentração, maior é o efeito e a toxicidade. Mecanismo de Ação: O mecanismo de ação baseia-se na atuação de dois principais constituintes: • Nitrato de prata (AgNO3) = atua na porção orgânica • Fluoreto de sódio (NaF) = atua na porção inorgânica O fluoreto de sódio (NaF), ao reagir com o esmalte dentário (porção inorgânica), forma fosfato de cálcio (CaF2) e fosfato de prata (AgPO4), que ficam OBS: entretanto, alguns estudos mostram que nem sempre uma maior concentração proporciona um maior efeito. OBS: não existe nenhum relato na literatura de intoxicação por DFP. 2 Ana Catarina Rios – Odontologia – UFAL precipitados na superfície do dente, agindo como uma resistência contra a cárie dentária. Além disso, o fluoreto de sódio é capaz de obliterar os túbulos dentinários, dificultando a difusão de ácidos provenientes das bactérias e a invasão das mesmas. O CaF2, por sua vez, atua como uma reserva de flúor para neutralização de eventual desequilíbrio no processo DES-RE. O nitrato de prata (AgNO3) apresenta potente ação de coagulação da proteína. A ação da prata sobre as proteínas garante a ação antibacteriana do DFP. A coagulação proteica inativa enzimas do metabolismo bacteriano e reduz a microbiota envolvida no processo carioso, inibindo a aderência e o crescimento bacteriano e, consequentemente, a formação do biofilme dentário. Apesar de estudos publicados demonstrarem sua eficácia clínica, o DFP ainda é pouco utilizado no serviço público. Indicações: O DFP é indicado para: • Alta atividade de cárie; • Paralisar as lesões de cárie agudas em crianças, adultos e idosos; • Redução da sensibilidade da dentina; • Promover o endurecimento da dentina amolecida para facilitar o preparo cavitário e protético; • Prevenção de cáries recorrentes. Dessa forma, a aplicação do DFP pode ser efetuada tanto em dentes decíduos como em permanentes, geralmente em pacientes que tenham um elevado risco de cárie, como em crianças propensas à cárie. Vantagens: A utilização do DFP é uma opção não invasiva perfeitamente exequível para o controle de lesões cavitadas quando da impossibilidade de abordagem convencional. Ainda, as soluções cariostáticas à base de DFP são alternativas na prevenção de lesões em superfícies oclusais em substituição aos selantes oclusais. A sua utilização pode ser feita na fase aguda da doença em pacientes não colaboradores, especiais e de acordo com as condições de trabalho em determinadas situações – como na falta de material –, uma vez que se trata de um material: • De baixo custo; • Indolor; • Seguro; • De fácil aplicação; • Não invasivo (dispensa a utilização de anestesia e brocas); • Que não destrói a estrutura dental; • Que tem alta eficácia. Desvantagens: • Cor; • Gosto metálico; • Irritação gengival e da mucosa; • Manuseio (estabilidade e cor). Existem algumas ressalvas em relação ao caráter antiestético do DFP, visto que a sua utilização torna enegrecidas as áreas afetadas pelo processo carioso. Apesar de ser uma substância incolor, ao entrar em contato com a luz, o DFP torna-se enegrecido. Por isso, devido a sua característica enegrecida, alguns profissionais não costumam indicar ou utilizar esse agente cariostático, receosos de uma possível não aceitação por parte dos pacientes ou seus responsáveis legais. Todavia, no que concerne à aceitação dos pais de crianças brasileiras na utilização do DFP sobre dentes decíduos portadores de lesões cariosas, constatou-se que os responsáveis consideraram que a estética não é um fator decisivo no momento da indicação deste agente. Instruções de Uso: Segundo os fabricantes, o DFP pode ser utilizado de duas formas: • Tratamento de Choque • Tratamento de Manutenção Tratamento de Choque: • Consiste em 4 aplicações; • 1 aplicação por semana, com duração de 1 a 4 minutos dependendo da idade. 3 Ana Catarina Rios – Odontologia – UFAL Tratamento de Manutenção: • 1 aplicação a cada 6 ou 12 meses. Técnicas ou Procedimentos: 1. Limpar ou fazer profilaxia com água e pedra pomes; 2. Proteger os tecidos moles com vaselina ou isolamento absoluto; 3. Secar e aplicar o produto por cerca de 2 a 3 minutos; 4. Lavar. OBS: repetir a aplicação pelo menos mais uma vez e manter o paciente sob controle. OBS: caso ocorra o contato desta substância com tecido mole, por exemplo, a gengiva, formando uma área esbranquiçada, deve-se neutralizar a ação do diamino com solução salina a 3%. Se acontecer o contato do produto com a pele e as roupas, recomenda-se lavar com água, amônia ou água oxigenada. OBS: estudos mostram que não é mais necessário fazer a remoção da dentina amolecida com cureta para aplicar o DFP. A profilaxia também pode ser dispensada, mas é indicado fazer pelo menos uma escovação antes da aplicação do DFP. DFP + Iodeto de Potássio Existe no mercado um novo produto que apresenta dois frascos, um contendo o DFP e outro, o iodeto de potássio. A aplicação do iodeto de potássio após a exposição ao DFP promove uma reação capaz de neutralizar o diamino fluoreto de prata e impedir o escurecimento do dente. Antes do tratamento 7 dias após o tratamento
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