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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 5: LOMBALGIA 1 1. Introdução A lombalgia é uma das queixas mais comuns no ser humano Várias são as razões de sua ocorrência. Dentre elas destacam-se as de origem musculoesquelética, incluindo especialmente, as síndromes dolorosas miofasciais Os dados de história e de exame físico são a base do diagnóstico das etiologias e nosologias das lombalgias A investigação diagnóstica com exames laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagens deve ter seus achados validados com base no exame clínico e na história O tratamento é fundamentado no controle dos sintomas e de suas repercussões físicas e psicossociais e na restauração da funcionalidade das estruturas regionais A dor lombar, um dos principais motivos de consultas médicas, hospitalizações e intervenções cirúrgicas, acomete comumente homens acima de 40 anos e mulheres entre 50 a 60 anos de idade, estas provavelmente em decorrência da maior prevalência e consequências da osteoporose A lombalgia pode ser classificada como primária ou secundária, com ou sem comprometimento neurológico; mecânico-degenerativa; não-mecânica; inflamatória, infecciosa, metabólica, neoplásica ou secundária a repercussão de doenças sistêmicas. Ainda há o importante grupo das lombalgias não orgânicas, de extrema importância no contexto ocupacional ou pericial, à custa dos frequentes ganhos secundários pertinentes a essas situações. Entre as lombalgias não orgânicas há aquelas secundárias à síndrome de Munchausen (pouco frequente), as lombalgias simuladas com o interesse direto e consciente de ganhos secundários óbvios (usualmente financeiros) e as lombalgias psicossomáticas, secundárias a conflitos psicológicos usualmente inconscientes, podendo ou não ser acompanhadas de queixas somáticas. Os ganhos secundários também podem ter relação com este último tipo (psicossomático), porém, de maior complexidade que aqueles com simples simulação. Também pode ser classificada sob o ponto de vista do comprometimento dos tecidos como de origem muscular e ligamentar: lombalgia por fadiga da musculatura para-vertebral e lombalgia por distensão muscular e ligamentar; de origem no sistema de mobilidade e estabilidade da coluna: lombalgia por torção da coluna lombar ou ritmo lombo-pélvico inadequado e lombalgia por instabilidade articular; de origem no disco intervertebral: lombalgia por protrusão intra-discal do núcleo pulposo e lombalgia por hérnia de disco intervertebral; e como predominantemente psíquica: lombalgia como uma forma de conversão psicossomática ou objetivando ganhos secundários. A Classificação Internacional de Comprometimentos, Incapacidades e Deficiências da Organização Mundial de Saúde reconhece a lombalgia como um comprometimento que revela perda ou anormalidade da estrutura da coluna lombar deetiologia psicológica, fisiológica ou anatômica ou, ainda, uma deficiência que traduz uma desvantagem que limita ou impede o desempenho pleno de atividades físicas. Ainda sob a perspectiva dessa classificação, a lombalgia pode evidenciar síndromes de uso excessivo, compressivas ou posturais, relacionadas a desequilíbrios musculares, fraqueza muscular, diminuição na amplitude ou na coordenação de movimentos, aumento de fadiga e instabilidade de tronco 2. Epidemiologia 5-10% estão associadas a patologias graves Lombalgia encontra-se no top10 dos sintomas que levam o doente ao pronto socorro 90% adultos têm, pelo menos, um episodio durante a sua vida Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 5: LOMBALGIA 2 90-95% das lombalgias agudas são situações banais 85% são idiopáticas e autolimitadas em 4-6 semanas 3. Etiologia Mecânica Inflamatória Infecciosa Metabólica Tumoral Dor visceral referida na coluna lombar 4. Mecânica Anormalidades congênitas ❖ Espinha bífida ❖ Sacralização/lombarização ❖ Espondilolise/listese ❖ Estenose espinhal Degenerativas ❖ Espondilartroses ❖ Estenhose espinhal Síndromes discogênicas ❖ Hernia de disco Traumatismos 5. Inflamatória Espondilite anquilosante Artrite reumatoide Dor miofascial → Fibromialgia 6. Infecciosa Estafilococos BK Muito associada com pacientes que usam drogas venosas crônicas 7. Metabólica Osteoporose *Fratura clássica da osteoporose Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 5: LOMBALGIA 3 Osteomalácia Doença de Paget → Alteração do turnover ósseo Hiperparatireoidismo → Tumor marrom 8. Biomecânica Compressão no disco → Anterior Distração nos ligamentos → Posterior 9. Caracterização da lombalgia Local Duração dos sintomas Irradiação Características Intensidade Frequência Modo de início Tempo de início Fatores de agravamento Fatores de alívio Sintomas associados 10. Exame físico Marcha Identificar a zona álgica Desvios e assimetrias Dor à palpação e percussão ❖ Escala Visual Analógica (EVA) Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 5: LOMBALGIA 4 Provas de lesão radicular ❖ Laségue ❖ Braggard Provas motoras ❖ Classificação da força de 0-5 Reflexos Sensibilidade 11. Síndrome da cauda equina Considerada emergência ortopédica Compressão de diversas raízes da cauda equina Dor lombar e perianal Aumento da frequência urinária Perda do tônus do esfíncter anal Anestesia em sela → Região genital/perianal Situação rara Tratamento cirúrgico 12. Exames complementares Raio X → Trauma ou deformidade Tc → Trauma RNM ❖ Lesão neurológica ❖ Suspeita de patologia subjacente ❖ Sintomatologia arrastada ❖ Tratamento ineficaz ❖ Tumor → RNM e cintilografia Exames laboratoriais → Guiados com suspeita infecciosa, reumática ou tumoral Não é solicitado para todos os pacientes, normalmente medica o paciente e pede para que o paciente fique em repouso por 48 horas Exames complementares são solicitados, normalmente, quando há sinais de alarme 13. Tratamento não farmacológico Repouso relativo por 48 horas Exercício ❖ Amplitude articular ❖ Flexibilidade ❖ Recuperação do potencial muscular Agentes físicos ❖ Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation (TENS) ❖ USG ❖ Compressa de água morna Acupuntura 14. Tratamento farmacológico Analgésicos → Paracetamol/Dipirona AINES → Celocoxibe/Dicolfenaco Opioide → Codeína/Tramadol Analgesia local → Lidocaína Relaxante muscular → Ciclobenzaprida Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 5: LOMBALGIA 5 Antidepressivos → Amitriptilina (Tricíclico)/Duolexetina (Inibidores da recaptação da serotonina) Antiepiléticos → Pregabalina/Gabapentina Corticoides → Betametasona/Prednisona Tratamento agudo por 5 dias → Analgésico, AINES e relaxante muscular 15. Sinais de alarme História ❖ <20 ou >50 anos ❖ Dorsalgia ❖ >6 semanas ❖ História de trauma ❖ Febre ❖ Arrepios ❖ Sudorese noturna ❖ Agravamento com repouso ❖ Agrava à noite ❖ Terapêutica analgésica ineficaz ❖ História de neoplasia ❖ Imunossupressão ❖ Procedimentos → Bacteremia ❖ Drogas ilícitas Exame físico ❖ Febre ❖ Hipotensão ❖ Hipertensão extrema ❖ Palidez ❖ Massa abdominal pulsátil → Pensar em aneurisma de aorta ❖ Sinais neurológicos focais ❖ Retenção urinária aguda Avaliação secundária ❖ Exame de imagem ❖ Internação ❖ Chama o ortopedista 16. Tratamento cirúrgico Refratário ao tratamento conservador Sinais de Síndrome da cauda equina Déficit neurológico progressivo Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 5: LOMBALGIA 6 17. Fluxograma de abordagem a lombalgia Referência bibliográfica Aula de Dr.Davi (15/03/2021) Imamura, S. T., Kaziyama, H. H. S., & Imamura, M. (2001). Lombalgia. Revistade medicina, 80, 375-390. Ponte, C. (2005). Lombalgia em cuidados de saúde primários. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 21(3), 259-67.
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