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Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos Apresentação elaborada por: Roberto Name Ribeiro Francisco Carlos B. dos Santos Renato Henrique Pagani 1 2 Capítulo 7: Estruturas de Mercado 1. Introdução 2. Mercado em Concorrência Perfeita 3. Monopólio 4. Oligopólio 5. Concorrência Monopolística 6. Estruturas do Mercado de Fatores 3 As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de 3 características: ✓ número de empresas que compõem esse mercado; ✓ tipo do produto (se as firmas fabricam produtos; idênticos ou diferenciados); ✓ se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. Quanto aos seus objetivos, as empresas podem defrontar-se com duas possibilidades: ✓ Maximizar o lucro total ✓ Maximizar mark up (margem sobre custos) A teoria neoclássica tradicional baseia-se na hipótese de que o empresário racional procura maximizar o lucro total. Veremos que em mercados mais concentrados, as empresas, como conhecem mais seus custos, procuram maximizar mark up, que é a margem sobre os custos diretos. Introdução 4 • Mercado atomizado: mercado com infinitos vendedores e compradores (como átomos”), de forma que um agente isolado não tem condições de afetar o preço de mercado. Assim, o preço de mercado é um dado fixado para empresas e consumidores (são price-takers, isto é, tomadores de preços pelo mercado); • Produtos homogêneos: todas as firmas oferecem um produto semelhante, homogêneo. Não há diferenças de embalagem ou qualidade nesse mercado; • Mobilidade de firmas: não há barreiras para o ingresso de empresas no mercado. • Racionalidade: os empresários sempre maximizam lucro e os consumidores maximizam satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem, ou seja, os agentes agem racionalmente. Concorrência Pura ou Perfeita Características ✓Transparência do mercado: consumidores e vendedores têm acesso a toda informação relevante, sem custos, isto é, conhecem os preços, qualidade, os custos, as receitas e os lucros dos concorrentes. ✓Não existem custos de transporte: completa mobilidade de produtos entre regiões. ✓ Inexistência de externalidades: nenhuma firma influi no custo das demais, e nenhum consumidor afeta o consumo dos demais ✓ Mercado de fatores de produção também em concorrência perfeita: veremos que corresponde a dizer que os preços dos fatores são dados, o que implica as mesmas curvas de custos para todas as empresas. Por simplificação, para facilitar a compreensão do modelo, supõe- se curvas contínuas e divisíveis (ou seja, diferenciáveis, com o que pode- se aplicar derivadas). Concorrência Pura ou Perfeita 5 Como resultado dessas características, o mercado competitivo perfeito tem os seguintes efeitos: ✓ As ações de qualquer único comprador ou vendedor no mercado têm um impacto desprezível no preço do mercado. A saída de qualquer um não afeta a demanda e a oferta de mercado (são “átomos”). ✓ Para cada comprador e vendedor, o preço do mercado é dado, fixado. Nesse sentido, consumidores e vendedores são ditos tomadores de preços ou price takers. Concorrência Pura ou Perfeita 6 7 Teoria Microeconômica ( Teoria Neoclássica ou Teoria Marginalista) Empresas têm como objetivo maior a maximização dos lucros (a curto ou a longo prazo) LT = RT – CT LT = Lucro total; RT = Receita total de vendas; CT = Custo total de produção. A empresa deverá escolher o nível de produção para qual a diferença positiva entre RT e CT seja a maior possível. Concorrência Pura ou Perfeita ✓ Receita média é a receita que a empresa recebe pela venda de uma unidade vendida do bem. É a receita unitária, ou seja, o próprio preço do produto. RMe = RT/q Concorrência Pura ou Perfeita Definição de Receita Média e Receita Marginal 8 ✓ Receita marginal é a variação da receita total obtida com a venda de uma unidade adicional do produto. RMg = RT/q Para empresas em concorrência perfeita, a receita marginal é igual ao preço do bem ou serviço. RMg = ΔRT / ΔQ RMg = p.ΔQ / Δ Q = p 9 A maximização do lucro ocorre em um nível de produção tal que a receita marginal da última unidade produzida seja igual ao custo marginal desta última unidade produzida. RMg = CMg ✓ RMg = CMg há a maximização do lucro, sendo CMg crescente. ✓ RMg > CMg há interesse de aumentar a produção, pois cada unidade adicional fabricada aumenta o lucro; ✓ RMg < CMg há interesse de diminuir a produção, pois cada unidade adicional que deixa de ser fabricada aumenta o lucro; Concorrência Pura ou Perfeita 10 Custos ($) q 0 q 0 p Concorrência Pura ou Perfeita A firma maximiza o lucro ao produzir a quantidade para a qual o custo marginal é igual à receita marginal, no ramo crescente do custo marginal CMg CTMe RMg=po=RMe Concorrência Pura ou Perfeita Porque o lucro é maximizado “no ramo crescente do Custo Marginal”? $ CTMe CMg CMg CTMe p q1 q0 Dependendo do formato do CMg, podem existir 2 pontos onde RMg=CMg. Entretanto, em q1, a empresa está tendo prejuízo. Se for aumentando a sua produção,a partir desse ponto, a RMg é maior que o CMg, até atingir a produção q0, quando então terá o lucro máximo. 11 p0 Oferta de Mercado Demanda de Mercado Mercado Total do Produto q P ($) q P ($) Demanda para a Firma Individual Uma firma isolada p0 Concorrência Pura ou Perfeita Curva de Demanda de Mercado e Demanda da firma individual 12 Demanda da Firma Individual: ✓ Como o preço é fixado pelo mercado, não conseguiria vender acima desse preço, porque existem milhares de empresas produzindo um produto idêntico; ✓ Também não venderá a um preço mais baixo. Como todas as empresas tem igual estrutura de custos, ou seja, a estrutura de custos também é dada, ele não venderia mais, se reduzisse seu preço, pois teria uma redução do lucro (fere o princípio da racionalidade) ✓ Ou seja, corresponde a dizer que a demanda para a firma individual é perfeita ou infinitamente elástica. Concorrência Pura ou Perfeita 13 Lucro qo Quantidade0 $ Po =RMe = RMg CTMe CMg Po CTMeo Quantidade que maximiza o lucro Empresa com lucros Determinação gráfica da área de lucro total, a partir das curvas médias e marginais: LT = RT – CT como CT = CTMe x qo RT = RMe x qo então LT = RMe.q0 – CTMe.q0 14 Concorrência Pura ou Perfeita Prejuízo Quantidade0 $ Po =RMe = RMg CTMe CMg Po qo Quantidade que miniminiza o prejuízo Firma com prejuízos CTMeo 15 Concorrência Pura ou Perfeita Vamos demonstrar que a curva de oferta da firma, em concorrência perfeita, é o ramo crescente da curva de custo marginal, acima do custo variável médio. ✓ A empresa maximiza lucros onde a RMg = CMg, no ramo crescente do CMg. Como em concorrência perfeita RMg = p, podemos escrever que a condição de equilíbrio é p = CMg; ✓ Ou seja, a resposta da empresa, face a alterações de preços de mercado, dar-se-á sobre a curva de CMg, como mostra o gráfico seguinte. ✓ Em seguida, demonstraremos que a oferta da firma é o ramo crescente do CMg, acima do CVMe. Concorrência Pura ou Perfeita 16 qFIRMA CMg R$ p0 p1 p2 p3 q3 q2 q1 q0 Ou seja, dada uma mudança no preço de mercado, sempre a resposta da empresa em concorrência perfeita será “em cima” da curva de Custo Marginal CMg, onde RMg = CMg. RMg0 RMg1 RMg2 RMg3 A Curva de Oferta no Curto Prazo p0 p1 p2 p3 S3 S2 S1 S0 MERCADO FIRMA INDIVIDUAL QMERCADOQ3 Q2 Q1 Q0 Concorrência Pura ou Perfeita R$ D0 D1 D2 D3 17 Sabemos, então, que a curva de oferta da empresa em concorrência perfeita corresponde ao ramo crescente do CMg. Falta demonstrar porque a curva de oferta é a curva de Custo Marginal, mas acima do Custo Variável Médio. Para tanto, vamos verificar 3 situações: ✓ preço de mercado acima do CTMe (lucro) ✓ preço de mercado abaixo do CTMe, mas acima do CVMe (prejuízo). ✓ preço de mercado abaixo do CVMe (prejuízo). Veremos que a empresa, mesmo com prejuízo a curto prazo, minimizará perdas se o preço de mercado permitir cobrir os custos variáveis. Caso contrário, eledeve paralizar temporariamente a produção, aguardando dias melhores. Concorrência Pura ou Perfeita A Curva de Oferta no Curto Prazo 18 ✓ p >CTMe; RT > CT RT = 8.400 CT = 6.000 CVT= 4.800 CFT = 1.200 LT = 2.400 Lucro positivo. Concorrência Pura ou Perfeita A Curva de Oferta no Curto Prazo Quantidade CMg CTMe CVMe R$ p0 = 7,oo CTMe0=5,oo CVMe0=4,oo q0 = 1.200 19 ✓ p > CVMe RT > CVT RT = 5.000 CT = 6.000 CVT= 4.000 CFT = 2.000 LT = -1.000 Se continua, prejuízo de 1.000. Se suspende a produção, não recebe RT, não precisa pagar o CVT, e portanto prejuízo de 2.000(CFT). Minimiza perda se a empresa continuar a operar! Quantidade CMg CTMe CVMe R$ Concorrência Pura ou Perfeita A Curva de Oferta no Curto Prazo CVMe0=4,oo CTMe0=6,oo p0 = 5,oo q0 =1.000 20 ✓p< CVMe RT< CVT RT = 1.600 CT = 6.400 CVT= 2.400 CFT = 4.000 LT = -4.800 Se continua, prejuízo de 4.800. Se suspende a produção, prejuízo de 4.000 (CFT). Minimiza perda se paralizar temporariamente! Quantidade CMg CTMe CVMe R$ Concorrência Pura ou Perfeita A Curva de Oferta no Curto Prazo CTMe0=8,oo CVMe0=3,oo p0 =2,oo q0=800 21 A Decisão da Empresa de Suspender suas Atividades no Curto Prazo No segundo caso, onde RT> CV, (ou seja, p > CVMe), a empresa pode operar com prejuízo a curto prazo, desde que espere ter lucros a longo prazo, seja pelo aumento do preço de mercado, seja pela queda de custos de produção. A receita obtida permite pagar os custos variáveis, e ainda permite compensar parte da perda devida aos custos fixos já incorridos. Portanto, paralizar sua atividade não seria a melhor estratégia. Deve continuar a operar para minimizar as perdas. Concorrência Pura ou Perfeita 22 No terceiro caso, onde RT < CV (ou seja, p < CVME), se continuar produzindo, sua receita não será suficiente para pagar parte dos custos variáveis, e ainda tem que pagar os custos fixos. Por isso, deve paralizar temporariamente as atividades.. Perde sua receita, mas não precisa mais pagar os custos variáveis. Só deve sair do mercado, se julgar que não há perspectivas de melhora a longo prazo. É o caso de setores com muita sazonalidade. Por exemplo, parques aquáticos. No Inverno, eles teriam de cobrar um preço muito baixo, que provavelmente não cobriria o custo de salários e energia. Portanto, melhor dispensar os trabalhadores, e fechar temporariamente. Outro exemplo: quiosques na praia, fora da temporada. A Decisão da Empresa de Suspender suas Atividades no Curto Prazo Concorrência Pura ou Perfeita 23 Enfim, no segundo e no terceiro caso, com a Receita Total menor que Custo Total (preço de mercado abaixo do custo médio total), a estratégia da empresa, a curto prazo, passa a ser minimizar perdas, já que não é possível maximizar lucros. Concorrência Pura ou Perfeita A Decisão da Empresa de Suspender suas Atividades no Curto Prazo ✓Conclui-se que a decisão de paralização da produção é uma decisão de curto prazo. A empresa deve deixar de produzir durante um certo período de tempo, devido às condições do mercado (enquanto o preço de mercado não permite cobrir seus custos variáveis). ✓A saída definitiva é uma decisão de longo prazo e implica em deixar o mercado, se as condições não melhorarem. ✓Portanto, o segmento da curva de custo marginal que situa-se acima do custo variável médio é a curva de oferta de curto prazo da empresa em concorrência perfeita. É o trecho no qual a firma opera efetivamente, em resposta a alterações no preço de mercado. 24 Quantidade CMg CTMe CVMe Conclui-se que a seção da curva de CMg acima do CVMe, é também a curva de oferta de curto prazo da empresa. Custos Concorrência Pura ou Perfeita A Decisão da Empresa de Suspender suas Atividades no Curto Prazo 25 Quantidade Curva de Oferta Preços ($) Concorrência Pura ou Perfeita A Curva de Oferta da Empresa no Curto Prazo 26 A curva de oferta de mercado corresponde à soma horizontal das curvas de oferta das empresas individuais, ou seja, a soma das curvas de custo marginal, acima do custo variável médio de cada empresa. Oferta de Mercado no Curto Prazo Oferta de mercado= CMg de todas empresas Concorrência Pura ou Perfeita (a) Oferta de uma empresa=Cmg Quantidade (empresa) 0 Preço CMg 1.0 0 100 200 (b) Oferta de mercado= Cmg $2.0 0 Quantidade (mercado) Preço 0 Oferta= CMg 1.0 0 100.0 00 200.0 00 27 Equilíbrio de Longo Prazo da Empresa A longo prazo, em concorrência perfeita, só existirão lucros normais. A existência de lucros econômicos a curto prazo atrai novas empresas, deslocando a curva de oferta de mercado para a direita, o que reduz gradativamente o preço de mercado As empresas entram no mercado até que o lucro econômico ou extraordinário chegue a zero, e só restam os lucros normais, embutidos nas curvas de custos (custos de oportunidade). Significa que a receita da empresa remunera os proprietários pelo tempo e dinheiro que gastaram para manter o negócio em atividade. Assim, no longo prazo, o preço é igual ao custo total médio mínimo, que corresponde à escala eficiente ou ótima de produção. Concorrência Pura ou Perfeita 28 q CMgL C TM eL 0 q 2 p 2 2 2p RMe L RMg L= = 1 p 0 p 1 1 1 p RMe L RMg L= = 0 0 0 p RMe L RMg L= = CMeL mínimo = Escala ou tamanho ótimo 1 q2q X Q 0 S 0 Q 2 p 1 p 0 p 1 Q 2 Q 1 S 2 S Total do mercado Firma individual D Equilíbrio de Longo Prazo da Empresa p($) $ Concorrência Pura ou Perfeita 29 A Decisão da Empresa de sair do Mercado no Longo Prazo No longo prazo, a empresa sai se a receita que obteria com a produção for menor que seu custo total: RT < CT ou p < CTMe A longo prazo, não existem custos fixos, com o que todos os custos são variáveis: CT=CVT Concorrência Pura ou Perfeita 30 Na hipótese de que a entrada de novas firmas não afete os custos dos insumos, a curva de oferta do mercado no longo prazo é horizontal, ao preço de mercado inicial. Oferta de Mercado de Longo Prazo Concorrência Pura ou Perfeita MercadoFirma individual Quantidade (empresa) 0 $ CMg CTMe p0 Quantidade (mercado) $ 0 D0 p0 q0 A Oferta de Longo Prazo p0 31 Na hipótese de que o aumento da demanda de insumos devido à entrada de novas firmas no mercado provoque um aumento dos custos dos insumos, a curva de oferta do mercado no longo prazo torna-se positivamente inclinada. Concorrência Pura ou Perfeita Quantidade (mercado) p($) p1 Oferta de Longo Prazo com custos de produção crescentes Oferta de Mercado de Longo Prazo 32 Trata-se de um conceito muito utilizado em Contabilidade e Administração, mas pouco em Economia. O Break Even Point corresponde ao ponto a partir do qual a empresa passa a gerar lucro contábil, ou seja, onde RT = CT Neste conceito, em Economia, CT inclui os custos de oportunidade; na Contabilidade Empresarial, é o custo contábil, não sendo considerados os custos de oportunidade. Conceito de Break Even Point 33 q RT CT ($) qo RT CT (No planejamento estratégico, contadores e administradores costumam trabalhar com curvas de RT e CT lineares) Conceito de Break Even Point 34 ✓ uma única empresa produtora do bem ou serviço ✓ não há produtos substitutos próximos ✓ c) existem barreiras à entrada de firmas concorrentes Monopólio Hipóteses 35 Barreiras ao acesso de novas empresas • Monopólio puro ou natural: devido à alta escala de produção requerida, exige-se um elevado montante de investimento. A empresa monopolísta já está estabelecida em grandes dimensões e pode operar com custos relativamente baixos. Torna-se muito difícil alguma empresa conseguir oferecer preço equivalente à firma monopolista; • Patentes: direito único de produzir o bem; • Controle de matérias-primas chaves: por exemplo, o controle das minas de bauxita pelas empresas produtoras de alumínio; • Tradição no mercado: as novas firmas têm que investir durante muito tempo, para ganhar o mercado: relógio suiço, chocolate belga,etc • Monopólio estatal ou institucional: protegido pela legislação,normalmente em setores estratégicos ou de infra-estrutura. É analisado à parte do tipo de monopólio formado naturalmente no mercado aqui apresentado. Por exemplo, Petrobrás Monopólio 36 Dmercado = Dfirma Curva de Demanda da firma monopolista p q Monopólio 37 ( )$P q Em monopólio, a RMg é diferente da RMe. Isso porque a quantidade adicional é vendida a um preço mais baixo do que o preço anterior. Quando a quantidade aumenta de 10 para 11: RMe0 = RT0/q0 = (1275x11)/11 = 1.275 RMg0 = ΔRT/Δq = RT1 – RT0 = (1275x11)– (1350x10) = 14025 – 13500 = 525 E portanto RMe > RMg (1275 > 525) Demanda=RMe Qo= 10 Q1=11 Po = 1.350 P1 = 1.275 Curvas de RMg e Rme da firma monopolista Monopólio 38 A B Prova-se que 0A = AB (ou: OB=2xOA) (ou seja, a Receita Marginal corta o eixo horizontal na metade do ponto onde a Receita Média corta o mesmo eixo) Curvas de RMg e Rme da firma monopolista O p RMe=D Rmg q Monopólio 39 ✓ Podemos supor que as curvas de custos do monopolista têm o mesmo formato das curvas em concorrência perfeita ✓ Como em concorrência perfeita, o preçc de equilíbrio do monopolista po (ponto de maximização do lucro), ocorre na produção (qo) onde RMg=CMg ✓ A partir do ponto onde RMg=CMg, o preço de venda da firma no mercado p0 é determinado em cima da curva de demanda (D=RMe). ($) 0 p0 Equilíbrio de Curto Prazo RMg=CMg CTMe CMg D = RMe RMg q0 q Monopólio 40 ($) 0 RT= RMe0.q0 =p0.q0 CT= CTMe0.q0 LT= RT - CT RMg=CMg CMg RMg q0 q CTMe0 P0 = RMe0 CTMe Lucro Total, Receita Total e Custo Total Monopólio D = RMe 41 ✓ O monopolista não tem curva de oferta, porque não há uma relação bi- unívoca entre preço e quantidade vendida. Como mostra o gráfico abaixo, para uma dada quantidade, é possível que hajam vários preços (e não apenas um), dependendo da curva de demanda. ✓ Assim, a oferta do monopolista é um ponto específico em cima da curva de demanda. ($) 0 p0 CMg D0 RMg0 q0 q RMg1 D1 p1 Oferta de uma empresa monopolista Monopólio 42 q RMg RM e D= q1 q2 0 Relação entre Receita Total e Elasticidade-preço da demanda RT |Epp|=1 (máximo da RT) |Epp|>1 |Epp|<1 ✓ Quando a RT é zero, a RMe também é zero ✓ No máximo da RT, a RMg é igual a zero ✓ Como o nível de produção q1 é metade de q2, A corresponde ao ponto médio da curva de demanda. Como vimos anteriormente, nesse ponto a demanda tem elasticidade unitária |Epp|>1 |Epp|<1 q1 q2 Monopólio 43 p q ✓ Nunca posição de máximo lucro do monopolista pode estar na faixa inelástica da curva de demanda. ✓ Isso porque o ponto de máximo lucro ocorre quando RMg=CMg. Como o CMg é sempre positivo, a RMg que se iguala ao CMg evidentemente tem que ser positiva. ✓ E, como mostra o gráfico anterior, a RMg é positiva apenas no ramo elástico da curva de demanda. O Lucro do monopolista e a Elasticidade-preço da demanda Monopólio ✓ Diferentemente da concorrência perfeita, os lucros extraordinários devem persistir também a longo prazo em mercados monopolizados, pois existem barreiras ao acesso de novas empresas. Equilíbrio a Longo Prazo no Monopólio 44 a) Discriminação de preços: Se o monopolista puder dividir (segmentar) o mercado, de acordo com a elasticidade-preço da demanda, poderá cobrar mais dos consumidores cuja demanda é mais inelástica. Ou seja, cobra preços diferenciados pelo mesmo produto, sem que haja diferenças relevantes nos custos de produção. Exemplo: roupas na José Paulino x na Oscar Freire. b) Tarifa em Duas Partes: Cobra-se um preço de entrada, e um preço de utilização, como nos parques de diversão. A empresa tem o chamado Dilema de Mickey Mouse: deve cobrar um preço de entrada reduzido, garantindo grande afluência de consumidores, e um preço de utilização relativamente elevado, ou então o contrário? Exemplo: Disneyworld, Playcenter c) Venda em Pacotes: Refere-se à venda de produtos de forma conjunta, de forma a extrair-se o máximo de disposição a pagar do consumidor: MacDonald`s (no.1,2,etc.), pacote de férias, automóvel com acessórios adicionais, TV a cabo, etc. d) Venda casada (no atacado): comerciante é obrigado a comprar uma certa quantidade de produtos de menor saída, para poder obter o de maior saída: Coca-cola e cerveja Kaiser, Guaraná e água tônica. Modelos de Precificação 45 Na Concorrência Imperfeita, as empresas têm concorrentes mas, ao mesmo tempo, a concorrência não é tanta que as transforme em tomadoras de preço. Elas tem condições de atuar sobre os preços de venda de seus produtos. As estruturas de mercado que estão entre a concorrência perfeita e o monopólio são denominadas de Concorrência Imperfeita. Outras Estruturas de Mercado 46 Tipos de Concorrência Imperfeita ✓ Concorrência monopolística Há muitas empresas vendendo produtos que são similares mas não idênticos (produtos diferenciados). ✓ Oligopólio Há poucas empresas dominantes. ✓ Duopólio Duas empresas concorrentes. Usados em Teoria dos Jogos, pois envolvem estratégias de negociação, de reação a ações do concorrente. Outras Estruturas de Mercado 47 Características básicas ✓ muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço; ✓ cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos; ✓ cada empresa tem um certo poder sobre os preços, dado que os produtos são diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência. ✓ exemplos: livros, discos, médicos, dentistas Concorrência Monopolística 48 Diferenciação de Produtos: ✓ características físicas (potência, composição química, desenho); ✓ propaganda e publicidade ✓ promoção de vendas (brindes); ✓ embalagem; ✓ manutenção; ✓ assistência técnica; ✓ garantias; ✓ prestígio (médicos, economistas, escritores, etc.) Concorrência Monopolística 49 Como em concorrência perfeita, também na concorrência monopolística não existem barreiras para a entrada de firmas. Com isso, a longo prazo, há tendência apenas para lucros normais (RT=CT). Ou seja, os lucros extraordinários a curto prazo atraem novas firmas para o mercado, aumentando a oferta do produto, até chegar-se a um ponto em que persistirão lucros normais, quando então cessa a entrada de concorrentes. Assim, as únicas diferenças com a concorrência perfeita são que, na concorrência monopolística: a) Os produtos são ligeiramente diferenciados, o que dá algum “poder” para a empresa alterar preços b) São muitas empresas, mas não se trata de um mercado atomizado Concorrência Monopolística x Concorrência Perfeita 50 Definição: Podem ser definidos de duas maneiras: ✓oligopólio concentrado: um pequeno número de empresas no setor (indústria automobilística) ✓oligopólio competitivo: um pequeno número de empresas domina um setor com muitas empresas. (AMBEV, Coca-Cola, Nestlé) Tipos de Oligopólio: ✓com produto homogêneo (alumínio, cimento); ✓com produto diferenciado (indústria automobilística). Oligopólio 51 Oligopólio ✓ Como no monopólio, no oligopólio há barreiras para a entrada de novas empresas no setor (as mesmas barreiras que vimos no caso de monopólio. Principalmente a exigência de altos investimentos, por tratarem-se de setores com grande escala de operações. ✓Também como no monopólio, no oligopólio, no longo prazo permanecem lucros extraordinários (econômicos) acima dos lucros normais. 52 ✓Concorrem entre si: via guerra de preços (pouco frequente), ou de promoções, atendimento, pós-venda, etc; ✓Solução de Monopólio: formam cartéis (conluios, trustes). Devido à existência de empresas dominantes (líderes), agem em bloco como um monopólio, pois têm o poder de fixar os preços de venda em seus termos. Assim, formam cartéis (conluios, trustes). ✓Cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor, que determina a política para todas as empresas do cartel. O cartel fixa preços e a repartição (cota) do mercado entre as empresas. Oligopólio Formas de atuação das empresas oligopolistas 53 Modelo de Liderança de Preços ✓ Nos chamados oligopólios competitivos,com muitas empresas, as empresas dominantes (líderes) formam um cartel, e fixam o preço de mercado nos seus termos. A precificação pode ser tanto maximizando lucros (modelo neoclássico) como mark up, e estabelecem suas cotas de mercado. ✓ As demais empresas consideram o preço fixado pelas líderes como dado e, supondo que a estrutura de custos de todas elas seja idêntica, repartem o restante do mercado. Ou seja, as empresas menores comportam-se como price takers, como em concorrência perfeita. Oligopólio 54 Regras de fixação de preços em oligopólios ✓ Não existe uma regra geral para fixação do preço de venda pela empresa oligopolista, pois esses mercados são muito diferentes entre si. Ou seja, não há um modelo geral de oligopólio, como existe dentro da teoria neoclássica um modelo geral de concorrência perfeita e de monopólio. ✓ Os modelos de precificação mais comuns em oligopólios são o modelo neoclássico e o modelo de mark up. Existem outros, que não serão discutidos aqui, como por exemplo o modelo de maximização do market share (cujo objetivo é ganhar a maior parcela de mercado, independente de estar maximizando lucro). Oligopólio 55 O mark-up é a margem sobre os custos diretos da empresa, ou seja, é quanto a empresa acresce aos custos diretos para fixar o preço do produto. Essa margem deve ser tal que cubra os custos fixos e a rentabilidade desejada pela empresa. O valor do mark-up é dado por: Mark-up = Receita de Vendas – Custos Diretos de Produção e o preço é determinado a partir da expressão p = C (1+ m) sendo p = preço de venda C = custo direto (variável) de produção m= taxa de mark-up Modelo de “mark up” Oligopólio 56 É uma regra de fixação de preços que só pode ocorrer em mercados mais oligopolizados, onde as empresas tem mais poder para fixar o preço do produto. Quanto mais concentrado o mercado, maior o grau de monopólio ou de oligopólio, e portanto maior o mark up. Nota: Na definição de mark up, utiliza-se o conceito de custos diretos, terminologia mais utilizada em contabilidade e administração, e que não incluem os custos de oportunidade, ao invés de custos variáveis, termo mais utilizado pelos economistas, e que, portanto, supõe a inclusão dos custos de oportunidade, em especial o custo de oportunidade do capital (lucro normal). Modelo de “mark up” Oligopólio 57 1. Alimentos 54 2. Bebidas e fumo 85 3. Eletroeletrônico 66 4. Borracha (pneus e artefatos) 75 5. Material de transporte 94 6. Mecânica 67 7. Metalurgia 72 8. Química 49 9. Papel e celulose 56 10. Têxtil 29 11. Minerais não metálicos 73 12. Mineração 76 13. Construção civil (pesada) 47 MÉDIA GERAL DA INDÚSTRIA 63 Grau de concentração média do setor (%)INDÚSTRIA Índice (Grau) de Concentração (segundo o faturamento dos 4 maiores grupos no total de cada ramo) 58 COMÉRCIO Grau de concentração média do setor (%) 1. Varejista, Supermercados (redes) 2. Distribuição de Gás 3. Distribuição de derivados de petróleo MÉDIA GERAL DO COMÉRCIO 55 66 79 71 MÉDIA DE CONCENTRAÇÃO GERAL 64.35 FONTE: PIH, L. O desafio brasileiro, Folha de São Paulo, 2/janeiro/1990 Índice (Grau) de Concentração (segundo o faturamento dos 4 maiores grupos no total de cada ramo) 59 AUTOMÓVEIS - Volkswagen, Ford, Fiat, GM, Honda, Toyota. EQUIP. DE TELECOMUNICAÇÕES - Ericsson, Siemens, NEC, Alcatel, Equitel. FREIOS E COMPONENTES AUTOMOTIVOS - Freios Vargas, AlliedSignal. PNEUS - Pirelli, Goodyear e Firestone. LATICÍNIOS - Nestlé, Spam, Parmalat, Vigor, Leco. CHOCOLATE – Nestlé, Garoto, Lacta SORVETES - Kibon, Nestlé. CIGARROS E FUMO - Souza Cruz e Philip Morris. HIGIENE E LIMPEZA - Gessy Lever, Colgate Palmolive, Bombril e Orniex. LOUÇAS SANITÁRIAS - Celite, Icasa e Logasa. ALUMÍNIO - Alcoa, CBA, Alcan e Albrás. AÇOS ESPECIAIS - Acesita, Vibasa, Villares e Anhanguera. AMORTECEDORES E MOLAS - Cofap, Hoechst, Nakata e Monroe. MEIAS - Lupo, Drastosa, Lolypop e Aço. AÇUCAR - União, Barra, Piedade, Catarinense e Penápolis. CIMENTO E CAL - Votorantim e João Santos. BEBIDAS – AMBEV, Coca-Cola Os principais Oligopólios do País 60 Como a demanda de fatores de produção depende de quanto as empresas vendem no mercado de bens e serviços, diz-se que a demanda de fatores de produção é uma Demanda Derivada. O mercado de fatores de produção pode apresentar as mesmas estruturas do mercado de bens e serviços finais: concorrência perfeita, concorrência monopolística, monopólio e oligopólio. Por exemplo, em concorrência perfeita, existe uma oferta abundante do fator de produção (ex.: mão-de-obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Em textos específicos de Microeconomia, são discutidas as várias combinações possíveis de formas de mercado de bens e serviços, e formas de mercado de fatores de produção. Por exemplo, oligopólio em bens e serviços versus concorrência perfeita no mercado de insumos, etc. Estruturas de Mercado de Fatores de Produção 61 Regra geral para a demanda de fatores de produção A receita marginal da compra do insumo ou fator de produção deve ser igual ao custo marginal de obtê-los, ou seja: RMg do fator = CMg do fator Por exemplo, fator de produção mão-de-obra(N): ΔRT = ΔCT ΔN ΔN N: Não confundir RMg e CMg do fator de produção com RMg e CMg do produto ΔRT = ΔCT Δq Δq Estruturas de Mercado de Fatores de Produção 62 Monopsônio: há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos. Ex. Metrô, na compra de peças Oligopsônio: existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Ex.: Indústria de laticínios. Monopólio bilateral: ocorre quando um monopsonista na compra do fator de produção, defronta-se com um monopolista na venda desse fator. Ex. Um indústria numa dada cidade, que emprega quase toda a mão-de-obra local,e defronta-se com o sindicato local. Algumas Estruturas de Mercado Particulares 63 ESTRUTURA NÚMERO DE FIRMAS T TIPO DE PRODUTO DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE MERCADO ACESSO DE NOVAS EMPRESAS AO MERCADO EXEMPLOS (APROXIMADOS) CONCORRÊNCIA PERFEITA INFINITAS HOMOGÊNEO O MERCADO IMPÕE O PREÇO PARA A FIRMA. ELA É TOMADORA DE PREÇO (*PRICE TAKER) • Hortifrutigrangeiros • Padarias • Feiras Livres CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA MUITAS DIFERENCIADO (1) FIRMA TEM PEQUENA MARGEM PARA DETERMINAR PREÇO NÃO EXISTEM BARREIRAS À ENTRADA DE NOVAS FIRMAS • Médicos, Dentistas • Livros MONOPÓLIO UMA ÚNICO • PALHAS DE AÇO: Bom-Brill OLIGOPÓLIO CONCENTRADO: POUCAS EMPRESAS COMPETITIVO: POUCAS DOMINAM O SETOR HOMOGÊNEO OU DIFERENCIADO (1) MODELO CLÁSSICO: FIRMA MAXIMIZA LUCROS (RMg = CMg) MODELO DE MARK UP: FIRMA TEM PODER DE FIXAR O PREÇO, A PARTIR DE SEUS CUSTOS DE PRODUÇÃO, PELA REGRA DO MARK UP (2) BARREIRAS À ENTRADA DE NOVAS FIRMAS (3) • HOMOGÊNEO: Alumínio, Cimento, Cal • DIFERENCIADO: Veículos (1). Diferenciação: características físicas (potência, composição química, desenho); propaganda e publicidade, promoção de vendas (brindes); embalagem; manutenção; assistência técnica; garantias; prestígio (médicos, dentistas) (2). Mark up = margem sobre custos diretos (variáveis) = receita – custos diretos. O preço é dado por p= C (1+m), sendo C custo direto unitário e m a taxa de mark up. (3). Barreiras à entrada: monopólio estatal; reserva de patentes (xérox); controle de matérias-primas básicas (bauxita para alumínio); monopólio ou oligopólio puro ou natural, devido à grande escala de produção, com custos baixos (bom-bril, automóveis); tradição (relógio suíço) Síntese das Estruturas de Mercado de Bens e Serviços 64 65 Teoria dos Jogos Descrição de um jogo: Jogadores: quem está envolvido; Regras: quem joga e quando? O que ele sabe, quando joga? O que ele pode fazer? Resultados: para cada conjunto de ações possível, qual é o resultado do jogo. Payoffs: quais são as preferênciasdos jogadores sobre os possíveis resultados do jogo? Estratégia dominante: é uma estratégia que é ótima para um jogador independentemente da(s) estratégia(s) escolhida(s) pelo(s) outro(s) jogador(es). Quando cada jogador possui uma estratégia dominante, dizemos que a combinação dessas estratégias é um equilíbrio com estratégias dominantes. 66 Dois parceiros em um crime são presos por um policial. Para cada ladrão, o policial propõe que ele confesse o crime e sirva de testemunha de acusação. Se um dos ladrões confessa o crime e o outro não, aquele que confessou será posto em liberdade e o outro cumprirá pena de 10 anos. Caso os dois confessem, ambos ficarão presos por 3 anos. Se nenhum dos dois confessarem, a penalidade será de apenas um ano. Ex.: Dilema dos Prisioneiros Teoria dos Jogos 67 Prisioneiro A Prisioneiro B confessa (-3,-3) (0,-10) (-10,0) (-1,-1) confessa não confessa não confessa Uma estratégia é dita estritamente dominada quando há uma outra estratégia que gera sempre um melhor resultado independentemente da estratégia escolhida pelo outro jogador. Uma estratégia é dita fracamente dominada quando há uma outra estratégia que gera sempre um resultado melhor ou igual independentemente da estratégia escolhida pelo outro jogador. Teoria dos Jogos 68 O conjunto das estratégias escolhidas pelos jogadores de um jogo constitui um equilíbrio de Nash se, para cada jogador, a sua estratégia é ótima dadas as estratégias adotadas pelos outros jogadores. ✓Todo equilíbrio com estratégias dominantes é um equilíbrio de Nash mas nem todo equilíbrio de Nash é um equilíbrio com estratégias dominantes. Teoria dos Jogos 69
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