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1 Direitos Humanos como ferramenta de combate à corrupção Conceitos e instrumentos para o exercício de uma cidadania ativa no combate à corrupção 3 2 Enap Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2021 SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF Conteudista: Daniel Fassa Evangelista (Conteudista, 2021); Diretoria de Desenvolvimento Profissional. 3 Sumário Unidade 1: Cidadãos e sociedade civil organizada no combate à corrupção ........ 5 1.1 Sociedade civil, cidadania e participação ............................................................ 5 1.2 Os desafios ao exercício de uma cidadania ativa ............................................. 6 Unidade 2: Participação e controle social .................................................................. 6 2.1 Leis de iniciativa popular e ação popular ............................................................. 6 2.2 Conselhos de políticas públicas: espaço de incidência e fiscalização ......... 7 2.3 Lei de Acesso à Informação (LAI) ........................................................................ 9 2.4 Instrumentos digitais de monitoramento ............................................................ 12 2.5 Interação com órgãos públicos via redes sociais digitais ............................... 16 2.6 Aplicativos .................................................................................................................... 17 2.7 ONGs que auxiliam no monitoramento ............................................................... 18 Unidade 3: Denúncias ..................................................................................................... 19 3.1 Garantias e proteção ao denunciante ................................................................... 19 3.2 Principais canais de denúncia ................................................................................. 20 Referências ........................................................................................................................ 23 4 5 Ao final desta unidade, você será capaz de esclarecer os conceitos de cidadania, sociedade civil e capital social. Direitos e deveres são duas dimensões inseparáveis da cidadania, porque, sem o comprometimento de todos, é impossível implementar o projeto de sociedade republicana e democrática que lhes dá fundamento. Não por acaso, o Capítulo I do Título II de nossa Constituição (1988) intitula-se “Dos direitos e deveres individuais e coletivos”. Mas há diferentes maneiras de interpretar essa relação. Há quem afirme, por um lado, que os deveres que todos assumimos enquanto cidadãos resumem-se a cumprir a lei e respeitar os direitos dos outros. Embora limitada, essa concepção já implica, ao menos em tese, a adesão de todos a comportamentos íntegros. Afinal, respeitar os direitos de nossos concidadãos significa, sobretudo, não colocar interesses privados acima do interesse público. Por outro lado, há concepções de cidadania que vão além, enfatizando a importância da contínua participação dos cidadãos na fiscalização dos agentes públicos e na definição dos rumos de nossas cidades, estados e país. Desse ponto de vista, cabe a nós um exercício de cidadania ativa, por meio dos diversos instrumentos disponíveis para isso, como as audiências públicas e os conselhos de políticas públicas, além da mobilização em prol de causas específicas por meio de associações e/ou movimentos sociais. E aqui chegamos a outro ponto fundamental para refletirmos sobre nosso papel no combate à corrupção: trata-se do conceito de sociedade civil. Como explicam Andrew Arato e Jean Cohen no livro “Civil Society and Political Theory” (1994) (“Sociedade civil e Teoria Política”, em tradução livre para o português), o Estado democrático de direito caracteriza-se pela distinção entre Estado, Mercado e Sociedade Civil. Ainda que se influenciem reciprocamente, cada uma dessas esferas opera segundo lógicas diferentes, cujas especificidades devem ser preservadas. O Estado é composto por instituições cuja finalidade é o exercício do poder (como o Executivo, o Legislativo e o Judiciário); o Mercado é o espaço das relações econômicas; finalmente, a Sociedade Civil define-se pela pluralidade de indivíduos, grupos e associações (como organizações não governamentais) que se articulam para refletir, debater, questionar e/ou reafirmar valores, identidades e normas que regem a vida coletiva. A sociedade civil é, por excelência, a esfera em que se manifesta, de modo plural, dinâmico e às vezes conflituoso, o interesse público em cujo nome o poder político deve ser exercido. Por isso, pode-se afirmar que uma sociedade civil complexa e participativa tende a favorecer que as instituições democráticas funcionem de modo mais responsivo, eficiente e virtuoso. No clássico “Making Democracy Work” (em tradução literal, “Fazendo a Democracia Funcionar”), o cientista político Robert Putnam realizou importantes reflexões sobre esse tema. Publicado no Brasil com o título “Comunidade e Democracia: a experiência da Itália moderna” (1997), o livro tem como base a análise empírica de instituições políticas de governança regional criadas em todo o território italiano na década de 1970. Após 20 anos de observação, o cientista político e sua equipe constataram que essas instituições funcionavam melhor e registravam menos corrupção nos locais em que havia maior “engajamento cívico”, ou seja, onde eram maiores as taxas de leitura de jornais, comparecimento a referendos, participação em associações voluntárias, culturais e recreativas etc. Assim, os governos regionais localizados nas regiões administrativas do norte da Itália, onde ao longo de séculos formaram-se verdadeiras “comunidades cívicas”, tiveram desempenho mais satisfatório do que aqueles localizados no Sul, marcados historicamente por fragmentação, isolamento e desconfiança. As comunidades cívicas se definem pela presença de cidadãos atuantes, que constroem relações igualitárias e colaborativas, com base na confiança e no espírito público. Elas possuem aquilo que Putnam (1997) denomina, recorrendo ao sociólogo James Coleman, capital social, ou seja, redes de relações baseadas na confiança e em normas de reciprocidade que favorecem a realização de determinados objetivos compartilhados. A grande questão que emerge dessa análise – e que Putnam (1997) procura responder no último capítulo de sua obra – é a seguinte: estariam as regiões que possuem baixos níveis de cultura cívica e capital social condenadas a relações e instituições políticas corruptas e ineficientes? Cidadãos e sociedade civil organizada no combate à corrupção U N ID A D E 1 1.1 Sociedade civil, cidadania e participação 6 O exercício da cidadania ativa implica, portanto, engajamento, participação. É importante levarmos em conta, no entanto, que a distribuição dos recursos necessários para viabilizar a participação se dá de maneira heterogênea e, muitas vezes, desigual. No livro “Unequal and unrepresented political inequality and the people’s voice”, os cientistas políticos Henry Brady, Kay Lehman Schlozman e Sidney Verba (2018) afirmam que a disponibilidade de tempo, dinheiro e habilidades cívicas têm um impacto relevante nas possibilidades de participação. Igualmente relevantes são fatores como diversidade de gênero, etnia, trajetória educacional, dentre outros. Por exemplo: para engajar-se em uma associação ou escrever um e-mail para cobrar um político, é necessário ter algum espaço na própria agenda; para promover uma manifestação ou apoiar uma candidatura, precisa-se de recursos financeiros; para envolver-se nessas e outras atividades, são imprescindíveis determinadas habilidades, como a capacidade de comunicação e a compreensão de temas complexos. Evidentemente, quanto maiores as desigualdades sociais, mais acentuadas tendem a ser as diferenças na disponibilidade de tais recursos e, consequentemente, nas possibilidades de participação. Finalmente, também é possívelque a falta de participação política decorra do desinteresse e/ou de mentalidades centradas exclusivamente nos interesses individuais. Mas esse não é sempre o caso, como demonstrou Elinor Ostrom (1990), a primeira mulher da história a ser laureada com o prêmio Nobel de Economia em 2019. Ao analisar empiricamente o comportamento humano em relação aos bens comuns, como os recursos naturais, Ostrom evidenciou que os seres humanos não necessariamente adotam uma postura centrada no interesse individual em detrimento do coletivo. Essa tese de que agimos de modo fundamentalmente egoísta havia sido popularizada pelo ecologista Garret Hardin em 1968, no célebre artigo “A tragédia dos comuns” (1968). No entanto, nas comunidades estudadas por Ostrom, ao invés de cada um buscar maximizar o uso dos bens comuns até o esgotamento, optou-se pela cooperação, com base no diálogo e na confiança recíproca. Ostrom resumiu seus achados durante o discurso proferido na cerimônia do Nobel (2009): “A lição mais importante para a análise de políticas públicas derivada da jornada intelectual que delineei aqui é que os seres humanos têm uma estrutura motivacional mais complexa e mais capacidade para resolver dilemas sociais do que postula a antiga teoria da escolha racional. [...] Uma extensa pesquisa empírica me leva a argumentar que [...] um objetivo central das políticas públicas deveria ser facilitar o desenvolvimento de instituições que despertem o melhor dos seres humanos”. 1.2 Os desafios ao exercício de uma cidadania ativa 2.1 Leis de iniciativa popular e ação popular O cientista político afirma que, embora sejam de fato condicionadas pela história e pela cultura local, as relações sociais e políticas podem aperfeiçoar-se, ainda que muito lentamente, na medida em que se criem instituições que favoreçam a participação, a colaboração e a confiança. “Criar capital social não será fácil, mas é fundamental para fazer a democracia funcionar”, afirma Putnam (1997) na frase derradeira de seu livro. Ao final desta unidade, você será capaz de lançar luz sobre instrumentos de participação ativa no combate à corrupção nos espaços físicos e virtuais. Participação e controle social U N ID A D E 2 Um dos maiores exemplos do impacto que o exercício de cidadania ativa pode ter no combate à corrupção é a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar no 135/2010), que teve origem em um projeto de iniciativa popular. Assim como referendos e plebiscitos, as leis de iniciativa popular estão previstas no artigo 14 da Constituição Federal como direitos políticos fundamentais de todos os brasileiros. Esses direitos são regulamentados pela Lei no 9.709/1998. 7 Diversos trechos da Constituição Federal atribuem aos cidadãos a prerrogativa de participar da formulação, implementação e fiscalização das políticas públicas. Os artigos 198, 204 e 206, por exemplo, dispõem sobre a participação da sociedade nos campos da saúde, da assistência social e da educação, respectivamente. Entre os principais instrumentos para isso estão os Conselhos Gestores de Políticas Públicas e os Conselhos de Direitos. Regulamentados por leis específicas, eles devem existir em nível federal, estadual e municipal. Compostos por representantes do Estado, da sociedade civil e, em alguns casos, de categorias profissionais, os conselhos são espaços privilegiados de interlocução entre agentes públicos e cidadãos. Neles, o controle social pode ser exercido seja por meio da fiscalização, seja mediante a influência sobre as políticas públicas. De acordo com o artigo “O mapeamento da institucionalização dos conselhos gestores de políticas públicas nos municípios brasileiros”, de Danitza Passamai Rojas Buvinich (2014), 44% dos conselhos federais foram criados entre 2003 e 2010, enquanto 38% surgiram entre 1990 e 2002, e apenas 16% antes de 1990. Esses últimos precederam a promulgação da Constituição Cidadã e, por isso, tinham um caráter muito diferente do atual, operando mais como conselho de notáveis do que como espaços de efetiva participação social. Os conselhos cuja existência é definida por lei como obrigatória são os seguintes: saúde, meio ambiente, recursos hídricos, assistência social, segurança alimentar, criança e adolescente, alimentação escolar, fiscalização do Fundeb, proteção dos direitos do idoso, política agrícola e política urbana. Alguns têm caráter consultivo – fazem apenas recomendações – enquanto outros são deliberativos, ou seja, tomam decisões vinculantes para o poder público. Os conselhos municipais são os mais acessíveis aos cidadãos, porque atuam em nível local. Eles são regulamentados pelas leis orgânicas das cidades, que determinam suas áreas de atuação, atribuições e regras de funcionamento. A sociedade civil se faz presente por intermédio de conselheiros eleitos e da participação de qualquer cidadão que deseje acompanhar os debates. Todas as reuniões de conselhos de políticas públicas devem ser realizadas em local de fácil acesso ao público, com horário, data e pauta divulgados com antecedência. No gráfico abaixo, elaborado pelo site Politize com base em dados de 2015 da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, é possível observar a distribuição dos conselhos municipais por área no Brasil. 2.2 Conselhos de políticas públicas: espaço de incidência e fiscalização Para que sejam aprovadas pelo Congresso, as leis de iniciativa popular devem contar com assinaturas de no mínimo 1% do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos cinco estados diferentes. No caso da Lei da Ficha Limpa, por exemplo, foram coletadas mais de 1,6 milhão de assinaturas. Esse imenso trabalho de articulação foi realizado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), uma rede fundada em 2002 por mais de 70 entidades da sociedade civil, inspiradas por um projeto de combate à corrupção desenvolvido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entre 1997 e 1998. Sancionada em maio de 2010, a Lei da Ficha Limpa torna inelegíveis, por oito anos, pessoas que tenham sido condenadas em órgãos colegiados (segunda instância) por crimes como improbidade administrativa, lavagem de dinheiro e ocultação de bens, abuso de autoridade, dentre outros. Também ficam impedidos de se candidatar políticos que tenham perdido seus cargos por alguma infração cometida durante o mandato ou que tenham renunciado só para evitar processos ou condenações, dentre outras situações. Vale recordar também outros dois recursos à disposição dos cidadãos: o Direito de Petição e a Ação Popular, ambos previstos no art. 5º da Constituição Federal. O Direito de Petição consiste na prerrogativa de acionar os poderes públicos em situações de ameaça a direitos fundamentais, ilegalidade ou abuso de poder (inciso XXXIV). A Ação Popular, por sua vez, permite que qualquer cidadão recorra ao Poder Judiciário para “anular ato lesivo ao patrimônio público” (inciso LVIII), exercendo diretamente a função de fiscalização dos atos do poder público. 8 A existência desses conselhos contribui para coibir a corrupção? De acordo com os conselheiros entrevistados em uma pesquisa realizada pela professora Eleonora Schettini Cunha (2011), da UFMG, sim. A partir de uma amostra de membros de 34 conselhos nacionais (334 pessoas, de um total de 1878), a pesquisadora constatou que a maioria dos conselheiros acredita que esses espaços participativos desempenham um papel relevante no combate à corrupção, como se pode observar na tabela a seguir. Os tipos de conselhos analisados (e diferenciados na tabela) foram os seguintes: conselhos de políticas sociais (conselhos de previdência social, saúde, assistência social, segurança alimentar, economia solidária), conselhos de direitos (conselhos da criança e do adolescente, da pessoa idosa, da mulher, da juventude, indigenista, da pessoa com deficiência), conselhos de políticas de desenvolvimento, infraestrutura e produção (conselhos de meio ambiente, das cidades, de aquicultura e pesca, do desenvolvimento ruralsustentável, de recursos hídricos, do turismo) e conselhos de políticas de segurança (de drogas, política criminal e penitenciária, segurança pública). Opinião dos conselheiros sobre a atuação dos conselhos na coibição da corrupção nas políticas públicas x tipo de conselho Fonte: Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. Arte: Politize https://www.politize.com. br/conselhos-municipais-fatos-importantes/ Fonte: Centro de Referência do Interesse Público, 2010. https://www.politize.com.br/conselhos-municipais-fatos-importantes/ https://www.politize.com.br/conselhos-municipais-fatos-importantes/ 9 A Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), regulamentada pelo Decreto nº 7.724/2012 é outro marco importante no fortalecimento do combate à corrupção pelos cidadãos, porque lhes garante instrumentos para exigir do poder público não apenas a disponibilização de informações de interesse público, mas também agilidade e eficiência ao fornecê-las quando solicitadas. Dos termos da lei se depreendem duas formas de divulgação: a transparência ativa e a transparência passiva. A transparência ativa consiste na publicação contínua de informações de interesse público nos sites dos órgãos públicos, sem a necessidade de requerimento dos cidadãos. Entre as informações que devem ser divulgadas estão: • Registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; • Registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros; • Registros das despesas; • Informações sobre licitações, inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados; • Dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras de órgãos e entidades; • Respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. Os sites oficiais utilizados para essa finalidade devem conter ferramenta de pesquisa que permita o acesso à informação de forma objetiva, clara e em linguagem de fácil compreensão, possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos e o acesso automatizado através de softwares de coleta de informações, além de garantir a autenticidade dos dados divulgados e mantê-los sempre atualizados. A transparência passiva, por sua vez, consiste na divulgação de informações a partir de solicitações específicas dos cidadãos. Como veremos nos infográficos a seguir, a lei estabelece que os pedidos devem ser respondidos satisfatoriamente, com linguagem compreensível e dentro de determinados prazos. Os órgãos públicos não podem exigir justificativa para o pedido nem cobrar pelo serviço (com exceção de eventuais gastos com reprodução de documentos). 2.3 Lei de Acesso à Informação (LAI) Divulgada por meio do artigo “Conselhos de políticas: possibilidades e limites” (2011), a pesquisa de Eleonora Cunha também revelou que os conselheiros acreditam que os próprios conselhos podem ser espaços de práticas corruptas, ainda que raramente. A fim de coibi-las, eles sugerem a adoção de maior transparência e rigor nos procedimentos operacionais desses espaços participativos. Frequência com que detecta corrupção nas deliberações do conselho x tipo de conselho Fonte: Centro de Referência do Interesse Público, 2010. 10 Fonte: Governo Federal. https://www.gov.br/ acessoainformacao/pt-br/ central-de-conteudo/ infograficos. https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos 11 Fonte: Governo Federal. https:// www.gov.br/acessoainformacao/ pt-br/central-de-conteudo/ infograficos. https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br/central-de-conteudo/infograficos 12 2.4 Instrumentos digitais de monitoramento Em março de 2021 foi sancionada a Lei do Governo Digital (Lei nº 14.129/2021), que estabelece regras e instrumentos para a prestação digital de serviços públicos, através de portais e aplicativos oficiais. Além de promover a desburocratização, a inovação e o aumento da eficiência da administração pública, a lei também serve ao incremento da participação cidadã, fato atestado logo em seu primeiro artigo. A nova lei determina que deverá ser possível demandar e acessar documentos sem necessidade de solicitação presencial. Órgãos públicos poderão emitir em meio digital atestados, certidões, diplomas ou outros documentos comprobatórios com validade legal, assinados eletronicamente. O usuário também poderá optar por receber qualquer comunicação, notificação ou intimação por meio eletrônico. As novas regras valem para os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), nas três esferas de governo (federal, estadual ou distrital e municipal), além de tribunais de contas e Ministério Público. O fomento à participação cidadã e à transparência figuram em diversos trechos da lei. No inciso IV do artigo 3º, afirma- se que “a transparência na execução dos serviços públicos e o monitoramento da qualidade desses serviços” é uma das diretrizes do Governo Digital. A lei também estabelece que as plataformas públicas digitais têm a obrigação de cumprir a transparência ativa, definida como “disponibilização de dados pela administração pública independentemente de solicitações” (art. 4º inciso XI). Finalmente, os artigos 44 e 45 preveem que os entes públicos podem criar “laboratórios de inovação, abertos à participação e à colaboração da sociedade para o desenvolvimento e a experimentação de conceitos, de ferramentas e de métodos inovadores para a gestão pública, a prestação de serviços públicos, o tratamento de dados produzidos pelo poder público e a participação do cidadão no controle da administração pública”. Dez anos depois da sanção da Lei de Acesso à Informação, a Lei do Governo Digital soma-se, portanto, aos esforços no sentido de colocar as novas tecnologias de informação e comunicação a serviço da transparência pública. Vejamos a seguir alguns instrumentos de monitoramento e combate à corrupção que surgiram ao longo desse processo. - Fala.Br [Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação] Mantido pela Controladoria-Geral da União, este portal é resultado da união de dois predecessores que tinham finalidades semelhantes: o E-Sic [Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão] e o E-Ouv [Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo Federal]. Nele é possível fazer pedidos de informações, denúncias, reclamações, elogios, sugestões e solicitações, como evidencia o vídeo disponível no canal da Controladoria-Geral da União na plataforma YouTube. - Portal da Transparência Igualmente administrado pela CGU, o site disponibiliza informações sobre o uso do dinheiro público em âmbito federal, tais como: orçamento anual, receitas, despesas, gastos por cartão de pagamento, emendas parlamentares etc. O vídeo disponível no canal da Controladoria-Geral da União no YouTube explica como utilizar o Portal da Transparência. - SIGA Brasil O SIGA Brasil é um sistema de informações sobre orçamento público federal vinculado ao Senado Federal. Com base em dados do Sistema Integrado de Administração Financeira-SIAFI, ele oferece interfaces gráficas e interativas que permitem a cidadãos e especialistas análises plurianuais e pesquisas por palavras-chave. Há também um painel específico sobre a execução das emendas do orçamento da União, além de uma área que permite a usuários especializados analisar relatórios pré-elaborados ou fazer elaborações próprias com base nos dados. Saiba mais sobre o funcionamento do sistema neste vídeo introdutório do Senado Federal disponível no YouTube. SAIBA MAIShttps://falabr.cgu.gov.br/ https://www.youtube.com/watch?v=SfZt1JO9XrE http://www.portaltransparencia.gov.br/ https://www12.senado.leg.br/orcamento/sigabrasil https://www.youtube.com/watch?v=g5qbQQPODqY 13 Recursos nos estados, municípios e Distrito Federal Além dos portais ligados à administração federal, há também recursos de transparência e prestação de contas ligados aos governos estaduais e às prefeituras. Geralmente os Portais da Transparência realizam a transparência ativa, divulgando informações de interesse público, enquanto os Sistemas de Informação ao Cidadão se encarregam da transparência passiva, respondendo às solicitações de informações. Confira os links a seguir. - Tribunal de Contas da União Neste site você encontra, dentre outras coisas, informações sobre a auditoria do setor público e a prestação de contas do Presidente da República. - Controladoria-Geral da União Além de abrir caminho para o acesso a informações de interesse público, o site disponibiliza materiais didáticos muito úteis e informações sobre iniciativas como o Programa de Transparência e Integridade em Municípios e Estados. - Painel da Lei de Acesso à Informação Esta é uma ferramenta desenvolvida pela CGU para facilitar o acompanhamento do cumprimento da LAI pelos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. O portal disponibiliza informações sobre a quantidade de pedidos e recursos registrados, cumprimento de prazos, perfil dos solicitantes, omissões, transparência ativa, entre outros aspectos. É possível comparar dados de órgãos e entidades com a média do Governo Federal e da categoria da entidade pesquisada. - Busca de pedidos e respostas via Lei de Acesso à Informação Por meio desta ferramenta é possível encontrar as respostas dadas aos pedidos de informação feitos a órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. A pesquisa pode ser feita por palavras-chave ou por filtros específicos. - Portal Brasileiro de Dados Abertos O portal disponibiliza dados relativos às mais variadas temáticas da administração pública. Ele funciona como um catálogo que facilita a busca e uso de diversos dados publicados pelos órgãos do governo, como, por exemplo, a série histórica de preços de combustíveis, os preços de medicamentos no Brasil, as compras públicas do governo federal etc. - Tribunal Superior Eleitoral (TSE) No site do TSE, além de serviços ao eleitor, estão sempre disponíveis informações atualizadas sobre as eleições mais recentes, prestação de contas dos partidos políticos, checagem de fatos sobre o processo eleitoral e canais de comunicação (inclusive pelo Whatsapp). - Painel da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos Esta ferramenta apresenta, de modo detalhado e interativo, os dados sobre as denúncias de violações de direitos humanos e violência contra a mulher acolhidas pelos canais Disque 100, Ligue 180 e aplicativo Direitos Humanos Brasil. Quer conhecer a história do TCU? Confira este vídeo no canal do Tribunal de Contas da União no YouTube. SAIBA MAIS Saiba Mais sobre a CGU neste vídeo disponível no canal da instituição no YouTube. SAIBA MAIS https://portal.tcu.gov.br https://www.gov.br/cgu/pt-br http://paineis.cgu.gov.br/lai/index.htm http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/SitePages/principal.aspx https://dados.gov.br/ https://www.tse.jus.br/ https://www.gov.br/mdh/pt-br/ondh/paineldedadosdaondh https://www.youtube.com/watch?v=QjiLZUxnZEg https://www.youtube.com/watch?v=6XiyFmK7O6Y 14 Portais da Transparência nos Estados e no Distrito Federal Acre http://transparencia.ac.gov.br/#/dashboard Alagoas http://transparencia.al.gov.br/ Amapá http://www.transparencia.ap.gov.br/ Amazonas http://www.transparencia.am.gov.br/ Bahia http://www.transparencia.ba.gov.br/ Ceará https://cearatransparente.ce.gov.br/ Distrito Federa http://www.transparencia.df.gov.br/ Espírito Santo https://transparencia.es.gov.br/ Maranhão http://www.transparencia.ma.gov.br/ Mato Grosso http://www.transparencia.mt.gov.br/ Mato Grosso do Sul http://www.transparencia.ms.gov.br/ Minas Gerais http://www.transparencia.mg.gov.br/ Natal https://www.natal.rn.gov.br/transparencia/ Paraíba https://transparencia.pb.gov.br/ Pará http://www.transparencia.pa.gov.br/ Paraná http://www.transparencia.pr.gov.br/ Pernambuco http://web.transparencia.pe.gov.br/ Piauí http://transparencia.pi.gov.br/ Rio de Janeiro http://www.transparencia.rj.gov.br/ Rio Grande do Norte http://transparencia.rn.gov.br/ Rio Grande do Sul http://www.transparencia.rs.gov.br/ Rondônia http://www.transparencia.ro.gov.br/ Roraima https://www.transparencia.rr.gov.br/ Santa Catarina http://www.transparencia.sc.gov.br/ São Paulo http://www.transparencia.sp.gov.br/ Sergipe https://transparencia.se.gov.br/ Tocantins https://transparencia.to.gov.br/ 15 Sistema de Informação ao Cidadão (SIC) nos Estados e no DF SIC Alagoas http://e-sic.acessoainformacao.al.gov.br/ SIC Amapá http://esic.ap.gov.br/ SIC Amazonas https://acessoainformacao.am.gov.br/ SIC Bahia http://www.bahia.ba.gov.br/lei-de-acesso-a-informacao/ SIC Ceará https://cearatransparente.ce.gov.br/ SIC Distrito Federa https://www.e-sic.df.gov.br/ SIC Espírito Santo https://acessoainformacao.es.gov.br/ SIC Goiás https://www.controladoria.go.gov.br/ SIC Maranhão http://www.e-sic.ma.gov.br/ SIC Mato Grosso https://ouvidoria.controladoria.mt.gov.br/ SIC Mato Grosso do Sul http://www.esic.ms.gov.br/ SIC Minas Gerais http://www.acessoainformacao.mg.gov.br/ SIC Pará https://www.sistemas.pa.gov.br/ SIC Paraíba https://sic.pb.gov.br/ SIC Paraná http://www.transparencia.pr.gov.br/ SIC Pernambuco http://200.238.112.13:8080/ModuloCidadao/ SIC Piauí https://acessoainformacao.pi.gov.br/ SIC Rio de Janeiro http://www.esicrj.rj.gov.br/ SIC Rio Grande do Norte http://www.sic.rn.gov.br/ SIC Rio Grande do Sul https://www.centraldocidadao.rs.gov.br/ SIC Rondônia http://esic.cge.ro.gov.br/ SIC Roraima https://www.esic.rr.gov.br/ SIC Santa Catarina http://www.ouvidoria.sc.gov.br/ SIC São Paulo http://www.sic.sp.gov.br/ SIC Sergipe http://lai.se.gov.br/ SIC Tocantins http://www.gestao.cge.to.gov.br/ 16 De acordo com a pesquisa Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC Governo Eletrônico 2019 (2019), os órgãos públicos federais, estaduais e municipais têm aumentado a presença na internet, por meio de sites e perfis em redes sociais. Realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao Comitê Gestor da Internet, a pesquisa analisou a presença na internet e o uso de tecnologias digitais por governos, parlamentos e órgãos do Judiciário nas três esferas federativas. Enquanto o uso dos sites supera a marca de 94% das instituições consultadas, os perfis em redes sociais foram criados por 85% delas. As redes mais populares são Facebook e Yahoo Profile (79%), publicadores de fotos e vídeos como Flickr, Snapchat Periscope e Instagram (64%), Youtube ou Vimeo (50%), Twitter (50%), Whatsapp ou Telegram (28%). 2.5 Interação com órgãos públicos via redes sociais digitais Portais da Transparência nos Municípios (capitais) Aracaju - SE http://transparencia.aracaju.se.gov.br/ Belém do Pará - PA http://www.belem.pa.gov.br/transparencia/ Belo Horizonte - MG https://transparencia.pbh.gov.br/ Boa Vista – RR https://transparencia.boavista.rr.gov.br/ Campo Grande - MS https://transparencia.campogrande.ms.gov.br/ Cuiabá - MT http://transparencia.cuiaba.mt.gov.br/ Curitiba - PR https://www.transparencia.curitiba.pr.gov.br/ Florianópolis - SC http://www.pmf.sc.gov.br/transparencia/ Fortaleza - CE https://transparencia.fortaleza.ce.gov.br/ Goiânia - GO https://www.goiania.go.gov.br/transparencia/ Goiás - GO http://www.transparencia.go.gov.br João Pessoa - PB https://transparencia.joaopessoa.pb.gov.br/ Macapá - AP http://transparencia2.macapa.ap.gov.br/ Maceió - AL http://www.transparencia.maceio.al.gov.br/ Manaus - AM https://transparencia.manaus.am.gov.br/ Palmas - TO http://prodata.palmas.to.gov.br:8080/sig/app.html#/transparencia/indexPorto Alegre - RS https://transparencia.portoalegre.rs.gov.br/ Porto Velho - RO https://transparencia.portovelho.ro.gov.br/ Recife - PE http://transparencia.recife.pe.gov.br/ Rio Branco - AC http://transparencia.riobranco.ac.gov.br/ Rio de Janeiro -RJ http://www.rio.rj.gov.br/web/contasrio/ Salvador - BA http://www.transparencia.salvador.ba.gov.br/ São Luís - MA https://transparencia.saoluis.ma.gov.br/ São Paulo - SP http://transparencia.prefeitura.sp.gov.br/ Teresina - PI http://transparencia.teresina.pi.gov.br/ Vitória - ES https://transparencia.vitoria.es.gov.br/ 17 2.6 Aplicativos A publicação de notícias, serviços e campanhas é a principal atividade desenvolvida nesses canais (sempre acima de 90% dos casos), mas eles também são utilizados para responder a comentários e tirar dúvidas dos cidadãos (87% em nível federal e 82% no estadual). As interações online ocorrem sobretudo por e-mail (98% nos entes federais, 95% nos estaduais e 95% nos municipais), mas também através de mecanismos de acesso à informação (90%, 64% e 71%, respectivamente), denúncias online (80%, 61% e 62%) e formulário eletrônico (76%, 59% e 68%). Desse modo, esses espaços também têm se transformado em instrumentos complementares de interlocução entre Estado e sociedade civil. Na lista abaixo você encontra alguns aplicativos que auxiliam na participação, na prestação de contas, no monitoramento e na formação para a cidadania ativa. Cidadão +BRASIL O aplicativo visa fornecer transparência sobre as transferências de recursos públicos operacionalizadas por meio da Plataforma +BRASIL. App Store Google Play Onde está o dinheiro da saúde? Desenvolvido pela Fiocruz, este app educativo traduz os dados contábeis e as informações da administração pública em uma linguagem simples e acessível para qualquer cidadão. Apenas no Google Play Transparência MDR O aplicativo dá acesso a informações sobre os empreendimentos monitorados pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Apenas no Google Play Direitos Humanos Brasil O app permite denunciar violações de direitos humanos, de forma identificada ou anônima. Cada denúncia recebe um número de protocolo para acompanhamento em tempo real dos andamentos. App Store Google Play Pardal – Justiça Eleitoral Ativo principalmente em época de eleições, este aplicativo possibilita o envio de denúncias com indícios de práticas eleitorais indevidas ou ilegais. App Store Google Play MPF Serviços O app do Ministério Público serve de canal de comunicação entre a instituição e o cidadão. Dentre outros serviços, permite que qualquer pessoa faça denúncias de corrupção. App Store Google Play https://apps.apple.com/br/app/cidad%C3%A3o-mais-brasil/id1399736853 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.mpdg.siconvcidadao https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.eadfiocruzpe.OEDS.development https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.transparenciamdr https://apps.apple.com/us/app/direitos-humanos-brasil/id1505861506?l=pt&ls=1 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.direitoshumanosbrasil&hl=pt_BR https://apps.apple.com/br/app/pardal/id1138128680 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.jus.trees.pardalmobile https://apps.apple.com/br/app/mpf-servi%C3%A7os/id1446296113 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.mp.mpf.appmpf&hl=pt_BR&gl=US 18 Algumas organizações da sociedade civil se especializaram no monitoramento do poder público e também da iniciativa privada, contribuindo diretamente na luta contra a corrupção. Confira algumas delas a seguir: - Transparência Brasil A Transparência Brasil é uma organização da sociedade civil que há mais de 20 anos atua na promoção da transparência, do controle social e da integridade do poder público. A ONG realiza pesquisas, produz informações e oferece ferramentas de monitoramento de instituições públicas para a sociedade. - Transparência Internacional Sediada em Berlim, na Alemanha, essa ONG internacional busca contribuir com a construção de um mundo em que governos, empresas e o cotidiano das pessoas estejam livres da corrupção, através da divulgação de pesquisas e da promoção de ações de conscientização sobre transparência e integridade. - Contas Abertas Fundada em 2005, a Associação Contas Abertas reúne pessoas físicas e jurídicas interessadas em contribuir para o controle social sobre os orçamentos públicos. Atua com assessoria institucional, capacitação, checagem de dados e palestras, dentre outros serviços. - Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral O MCCE é uma rede formada por entidades da sociedade civil, movimentos, organizações sociais e religiosas que tem como objetivo combater a corrupção eleitoral, bem como realizar um trabalho educativo sobre a importância do voto. Atua com conscientização, monitoramento e fiscalização da implementação da Lei nº 9840/1999 (Lei da Compra de Votos) e da Lei Complementar nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa). - Observatório Social do Brasil Por intermédio de vários núcleos espalhados pelo Brasil, esta organização sem fins lucrativos realiza monitoramento das compras públicas em nível municipal, desde a publicação do edital de licitação até o acompanhamento da entrega do produto ou serviço. Atua também com educação fiscal, inserção de micro e pequenas empresas em processos licitatórios, além da construção de Indicadores da gestão pública, com base na execução orçamentária e nos indicadores sociais dos municípios, fazendo o comparativo com outras cidades de mesmo porte. - Instituto Ethos O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que trabalha na sensibilização e mobilização de empresas para a gestão socialmente responsável de seus negócios. A integridade é uma das temáticas trabalhadas pela organização, partindo do pressuposto de que as empresas possuem um papel fundamental para promover um ambiente de negócios mais ético. Game da Cidadania Idealizado pela CGU, este jogo procura fazer com que o público-alvo (11 a 17 anos) reflita sobre o impacto de nossas ações cotidianas, evidenciando que existem diversos caminhos e escolhas que podem nos levar a ser bons cidadãos ou pequenos corruptos. Trabalha conceitos como respeito, tolerância, regras de convivência, cidadania, ética, bullying etc. Apenas no Google Play - Um por todos O app dá acesso a revistas em quadrinhos da Turma da Mônica, com histórias e passatempos sobre ética e cidadania. Trabalha temas como integridade, ética, empatia, diálogo, cidadania, participação, responsabilidade e transparência, entre outros. App Store Google Play 2.7 ONGs que auxiliam no monitoramento https://www.transparencia.org.br/ https://transparenciainternacional.org.br/ https://www.contasabertas.com.br http://www.mcce.org.br https://osbrasil.org.br/ https://www.ethos.org.br https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.cgu.cidadania https://apps.apple.com/us/app/um-por-todos-revistas/id1508208821?l=pt&ls=1 https://play.google.com/store/apps/details?id=com.msp.revistadigital&hl=pt_BR 19 - Unidos Contra a Corrupção Esta é uma coalizão formada por diversas organizações sem fins lucrativos, movimentos e instituições sem vínculos partidários que atuam no combate à corrupção. Seu objetivo é promover um pacote com 70 medidas contra a corrupção, dentre as quais anteprojetos de lei e propostas de emenda à Constituição. Elas foram elaboradas a partir da compilação de boas práticas nacionais e internacionais e da colaboração de vários setores da sociedade brasileira. Fazem parte da articulação organizações como Transparência Internacional Brasil, Contas Abertas, Instituto Ethos, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Observatório Social do Brasil, dentre outras. A proteção a pessoas que se disponham a denunciar práticas corruptas é considerada pelas principais convenções internacionais como uma condição imprescindível para o combate à corrupção. A Convenção Interamericanacontra a Corrupção (1996), por exemplo, afirma a necessidade de criar “sistemas para proteger funcionários públicos e cidadãos particulares que denunciarem de boa-fé atos de corrupção, inclusive a proteção de sua identidade, sem prejuízo da Constituição do Estado e dos princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico interno” (artigo III, item 8). Da mesma forma, a Convenção das Nações Unidas contra Corrupção (2004) dedica os artigos 32 e 33 à indicação das medidas necessárias para garantir a segurança de testemunhas, peritos, vítimas e denunciantes. Dentre elas estão a proteção física, a ocultação, quando possível, de sua identidade, a remoção para outra localidade e a realização de denúncias através de videoconferências e outros recursos tecnológicos. No Brasil, a Lei nº 13.964/2019 é um dos marcos nesse sentido. Em seu artigo 15, ela determina que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão manter ouvidorias que assegurem a qualquer pessoa o direito de relatar informações sobre crimes contra a administração pública. A lei também assegura aos denunciantes o direito ao anonimato (exceto em casos de relevante interesse público), além de proteção integral contra retaliações e isenção de responsabilização civil ou penal em relação ao relato, com exceção de casos em que o informante tenha apresentado conscientemente informações ou provas falsas. Outro marco regulatório importante é o Código de Defesa do Usuário dos Serviços Públicos (Lei nº 13.460/2017), regulamentado pelos Decretos nº 9.492/2018 e 10.153/2019, que determina que as ouvidorias federais devem proteger a identidade dos denunciantes. A Lei nº 13.608/2018 trata de tema semelhante e foi alterada pela já mencionada Lei nº 13.964/2019. Importante mencionar, ainda, o artigo 126-A da Lei de Acesso à Informação, que isenta de responsabilização civil, criminal e administrativa os funcionários públicos que levarem ao conhecimento de seus chefes imediatos informações sobre a prática de crimes ou improbidade no serviço público. Finalmente, vale ressaltar que a figura do denunciante se distingue da testemunha. Como explica o jurista Glauco Costa Leite (2014), no artigo “Instrumentos de Fomento a Denúncias Relacionadas à Corrupção”, o denunciante (denominado whistleblower nas convenções internacionais) apenas traz à luz um fato, enquanto a testemunha é peça- chave na produção de provas durante a instrução processual. As garantias às testemunhas no Brasil são determinadas pela Lei de Proteção às Testemunhas e Vítimas Lei nº 9.807/1999. 3.1 Garantias e proteção ao denunciante Denúncias U N ID A D E 3 Ao final desta unidade, você será capaz de evidenciar os principais canais de denúncia disponíveis e os mecanismos de proteção aos denunciantes. https://web.unidoscontraacorrupcao.org.br 20 A Plataforma Fala.Br é hoje o principal canal de denúncias do Governo Federal. De acordo com a Controladoria Geral da União, ela recebeu mais de 108 mil denúncias em 2020. Em 2019, o número foi de 64 mil. A plataforma possibilita o uso de pseudônimos, além de gerar extratos das denúncias, o que permite ao cidadão acompanhar o andamento e à ouvidoria solicitar informações complementares. Confira a seguir o passo a passo para fazer uma denúncia. Ele está disponível no Manual do FalaBr. Acesse o portal e clique em “Denúncia”. 3.2 Principais canais de denúncia Em seguida, será exibida a tela de login. Para prosseguir, escolha a opção “Não identificado”. Será exibido um formulário para inserção das informações acerca da manifestação. Note que alguns campos são obrigatórios, como por exemplo, a ouvidoria destinatária (órgão para o qual você quer enviar sua manifestação) e campo de teor da manifestação (Fale aqui): https://wiki.cgu.gov.br/index.php/Fala.BR_-_Manual https://falabr.cgu.gov.br 21 Pode-se incluir documentos de texto, imagens, planilhas, arquivos no formato pdf, áudios e vídeos, limitados a 10 anexos por manifestação. O tamanho total dos anexos não pode superar 30MB. Pode-se selecionar também o modo de resposta desejado pelo cidadão (e-mail, carta, pessoalmente ou telefone). Após o preenchimento das informações, clique em Avançar; será exibida uma tela de resumo da manifestação: Clique em Concluir. Uma tela de confirmação será exibida. Pronto: sua denúncia foi realizada com sucesso. 22 Ministério Público O Ministério Público (MP) é um órgão independente dos três poderes da República e atua na sua fiscalização, em nome da sociedade. Por isso, é um dos principais aliados dos cidadãos que desejam fazer denúncias. Quando o caso de corrupção tiver ocorrido no estado ou no município, deve-se procurar o MP estadual. Caso se trate de questão nacional, o MP federal deve ser acionado. As denúncias podem ser feitas presencialmente ou pela internet, através das Salas de Atendimento ao Cidadão (SAC). Instituídas pela Portaria PGR/MPF nº 412, de 5 de julho de 2013, elas estão disponíveis tanto nas sedes quanto nos sites das diversas unidades do MP. Na internet o acesso é pelo site da SAC do Ministério Público Federal. Também é possível utilizar o aplicativo MPF Serviços. Basta preencher o formulário com os dados pessoais (que podem ser mantidos em sigilo caso o cidadão sinalize isso no requerimento) e descrever o ilícito. Caso o cidadão possua algum tipo de documento comprobatório, é possível anexá-lo à denúncia. Este vídeo disponível no canal da Justiça Eleitoral no YouTube é um exemplo de como fazer uma denúncia por meio do MP. Ele trata especificamente de denúncias eleitorais e ajuda a compreender o papel do MP em geral. Tribunais de Contas Os Tribunais de Contas são órgãos de controle externo que auxiliam o Legislativo, em nível federal, estadual e municipal, na missão de acompanhar a execução orçamentária e financeira do poder Executivo. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato pode denunciar irregularidades ou ilegalidades aos tribunais de contas, através de seus respectivos sites, que possuem seções específicas para essa finalidade. O link para denúncias no site do Tribunal de Contas da União é este. Disque 100 e Disque 180 Por meio desses serviços é possível denunciar violações de direitos humanos, que muitas vezes estão direta ou indiretamente relacionadas à corrupção. Ambos funcionam 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. O Disque 100 atende denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, população LGBT, população em situação de rua, dentre outras. O Disque 180 é uma Central de Atendimento à Mulher e presta escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de chamada direta e gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel, bastando discar 100 ou 180. Denunciar infrações trabalhistas Este site possibilita aos trabalhadores e cidadãos em geral fazer denúncias trabalhistas de forma ágil e com garantia de sigilo dos dados pessoais. Denúncias de trabalho análogo à escravidão podem ser feitas de modo anônimo. Denunciar infrações à Ordem Econômica Por meio do site do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), é possível denunciar atos de concentração, condutas anticompetitivas, prática de cartel, venda casada de produtos e serviços, criação de dificuldades para funcionamento de empresas concorrentes, entre outras infrações. Caso o formulário eletrônico esteja indisponível, a denúncia pode ser enviada para o e-mail protocolo@cade.gov.br. http://www.mpf.mp.br/servicos/sac https://www.youtube.com/watch?v=1BmYc4bQqws https://representacaov2.apps.tcu.gov.br/denuncie https://denuncia.sit.trabalho.gov.br/home http://www.cade.gov.br mailto:protocolo@cade.gov.br 23 ARATO, Andrew; COHEN, Jean. Civil Society and Political Theory. The MIT Press.Revised ed. Cambridge, Massachusetts, 1994. BRASIL. Constituição Federal. Brasília: 1988. BUVINICH, D. P. R. O mapeamento da institucionalização dos conselhos gestores de políticas públicas nos municípios brasileiros. Rev. Adm. Pública. Rio de Janeiro, 48 (1), pp. 55-82, jan./fev. 2014. Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no setor público brasileiro : TIC governo eletrônico 2019 = Survey on the use of information and communication technologies in the brazilian public sector : ICT electronic government 2019 [livro eletrônico] / [editor] Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. -- 1. ed. -- São Paulo : Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2020. 3.600 Kb ; PDF. Disponível em: <https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20200707094309/tic_governo_eletronico_2019_livro_eletronico. pdf>. Acesso em 30 de julho de 2021. COHEN, J. Sociedade Civil e Globalização: Repensando Categorias. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 46, no 3, 2003, pp. 419 a 459. CUNHA, E. S. M. Conselhos de políticas: possibilidades e limites no controle público da corrupção. Cadernos Adenauer XII, n. 3, 2011. HARDIN, Garrett. 1968. “The Tragedy of the Commons”. Science. 162:1243-1248. Acessível do site da Science, https:// www.hendrix.edu/uploadedFiles/Admission/GarrettHardinArticle.pdf Em português há a tradução de Jose Roberto Bonifacio. LEITE. G. C. Instrumentos de Fomento a Denúncias Relacionadas à Corrupção. Revista Brasileira de Direito, v. 10, n. 1, 2014. OEA. Convenção Interamericana contra a Corrupção. Caracas, 1996. Disponível em: <https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/ articulacao-internacional/convencao-da-oea/documentos-relevantes/arquivos/convencao-oea>. Acesso em 17 maio 2021. ONU. Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção. Nova York, 2004. Disponível em: <https://www.unodc. org/lpo-brazil/pt/corrupcao/convencao.html>. Acesso em 17 maio 2021. Referências https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20200707094309/tic_governo_eletronico_2019_livro_eletronico.pdf https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20200707094309/tic_governo_eletronico_2019_livro_eletronico.pdf https://www.hendrix.edu/uploadedFiles/Admission/GarrettHardinArticle.pdf https://www.hendrix.edu/uploadedFiles/Admission/GarrettHardinArticle.pdf https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/articulacao-internacional/convencao-da-oea/documentos-relevantes/arquivos/convencao-oea https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/articulacao-internacional/convencao-da-oea/documentos-relevantes/arquivos/convencao-oea https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/corrupcao/convencao.html https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/corrupcao/convencao.html 24 OSTROM. Elinor. 1990. Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action. Cambridge, UK: Cambridge University Press. OSTROM. Elinor. 2009. Beyond Markets and States: Polycentric Governance of Complex Economic Systems. Workshop in Political Theory and Policy Analysis, Indiana University, Bloomington, IN 47408, and Center for the Study of Institutional Diversity, Arizona State University, Tempe, AZ, U.S.A. Disponível em: <https://www.nobelprize.org/ uploads/2018/06/ostrom_lecture.pdf>. Acesso em 13 de agosto de 2021. UTNAM, R. D. 1997. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. REIS, B. P. W. Capital Social e Confiança: Questões de Teoria e Método. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 21, pp. 35-49, nov. 2003. SCHLOZMAN K.; BRADY, H.; VERBA, S. Unequal and Unrepresented Political Inequality and the People’s Voice in the New Gilded Age. Princeton: Princeton University Press, 2018. TRANSPARÊNCIA INTERNACIONAL. International Principles For Whistleblower Legislation. European Comission, 2013. https://www.nobelprize.org/uploads/2018/06/ostrom_lecture.pdf https://www.nobelprize.org/uploads/2018/06/ostrom_lecture.pdf no combate à corrupção Cidadãos e sociedade civil organizada 1.2 Os desafios ao exercício de uma cidadania ativa 2.1 Leis de iniciativa popular e ação popular 2.2 Conselhos de políticas públicas: espaço de incidência e fiscalização 2.3 Lei de Acesso à Informação (LAI) 2.4 Instrumentos digitais de monitoramento 2.5 Interação com órgãos públicos via redes sociais digitais 2.6 Aplicativos 2.7 ONGs que auxiliam no monitoramento 3.1 Garantias e proteção ao denunciante 3.2 Principais canais de denúncia Referências