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Farmacologia → Introdução - Bactéria • Organismos procarióticos Seres simples comparados aos eucariontes, sem membrana nuclear (carioteca), desse modo seu material genético fica disperso no citoplasma, não possui grande compartimentalização (grande quantidade de organelas). • Podem viver isolados ou agrupados em colônias • Possuem diversos formatos Cocos, bacilo, vibrião, espirilo, espiroqueta... • São encontradas em qualquer meio: mar, água doce, solo, ar, como também, no interior dos seres vivos → Parede celular Estrutura que os seres humanos não possuem em sua célula, essa exclusividade garante um alvo para terapia farmacológica. A parede é responsável pela: • Forma, rigidez e divisão celular • Manutenção osmótica • Formada por peptidoglicano (mureína) Vários polímeros de açúcar unidos entre si por ligações cruzadas. Obs: Micoplasma (bactérias que causam infecções no trato respiratório, genital e urinário) e uma das formas de clamídia são uma das poucas bactérias que não possuem parede celular. Obs: A parede é uma estrutura vital paras as demais bactérias, sem ela esses organismos morrem. Formação é resumida em 3 etapas: • Síntese de monômeros - Intracelular - Monômero é a unidade fundamental da parede celular feita da junção de alguns aminoácidos (Analogia: é como se fosse um tijolo, a unidade básica para formação de uma parede) - N-acetilglicosamina (NAG) - N-acetilmurâmico (NAM) • Polimerização dos monômeros - Extracelular - União dos monômeros • Ligação cruzada - Extracelular. - A ligação cruzada, várias ligações químicas que formam uma rede tridimensional, é o que vai garantir a resistência da parede. - Aspecto bidimensional e tridimensional. Diferença Bactérina Gram + vs Gram - Antibacterianos - A gram positiva possui acima da membrana plasmática uma espessa camada de peptoglicano (mureína), elas são mais simples em termo de organização. Ficam roxa na coloração de Gram. - Nas gram negativa eu tenho uma fina camada de peptoglicano, porém apresentam uma organização mais complexa, graças a presença de uma membrana externa, que lembra a membrana plasmática pois é bicamada fosfolipídica, nessa estrutura temos o LPS (importante antígeno para o sistema imune, aumenta a virulência, mas na bactéria serve para fixação) também possui proteínas porinas (passagem de moléculas solúveis em água). Ficam Vermelhas ou rosadas na coloração de Gram. → Antibacterianos Fármacos usados para tratar as infecções causadas por bactérias RDC ANVISA 20/2011: Todos os antibióticos só devem ser vendidos mediante apresentação de receita Particularidades que tornam um antibacteriano efetivo: • Toxicidade seletiva: Capacidade de causar toxicidade apenas na bactéria, causando o mínimo de efeitos adversos no hospedeiro. • Alto índice terapêutico: Janela terapêutica. • Interações entre si: Associações sinérgicas onde dois medicamentos são usados em conjunto para um melhor resultado. → Resistência Ocorre quando os MO são capazes de evoluir rapidamente em resposta a pressões adaptativas • Ocorre quando os MO são capazes de evoluir rapidamente em resposta a pressões adaptativas • Uma das principais causas: TERAPIA FARMACOLÓGICA! (Paciente não segue o tratamento corretamente, mas também pode ocorrer na terapia seguida corretamente). • Pode ser: NATURAL ou ADQUIRIDA Natural: Microplasma e clamídia que nascem sem parede Adquirida: • Alteração de permeabilidade - Acontece principalmente na Gram negativa, formam uma porina mutante que fecha o poro, não permitindo a entrada do antibiótico na bactéria. • Mecanismo enzimático - É quando a bactéria produz enzimas que destroem o antibiótico, após troca do plasmídeo a bactéria passa a produzir essas enzimas. • Bomba de efluxo - Proteína que joga para fora substâncias estranhas no meio intracelular, as bactérias possuem essa estrutura normalmente, mas ao adquirir resistência, elas aumentam a sua expressão como meio de defesa. • Alteração do sítio de ação - Alterações moleculares no local de ação, não permitindo a ligação com o medicamento. → Classificação - Antibacterianos • Efeito - Bactericida: O antibiótico mata a bactéria ao atuar em suas estruturas vitais. - Bacteriostático: O antibiótico não mata a bactéria, ele inibe seu crescimento, permitindo que o próprio corpo do hospedeiro possa eliminá-la. • Espectro de atividade - Antibiótico de amplo espectro: Aquele que combate um maior número de espécies. - Antibiótico de espectro reduzido: Aquele que combate um menor número de espécies. • Mecanismo de ação - Agentes que agem na síntese da parede celular - Agentes que agem direto na membrana - Agentes que agem na replicação e tradução do DNA → Classes e agentes - Síntese da parede celular • Inibidores da síntese de monômeros • Inibidores da polimerização da mureína • Inibidores da ligação cruzada de polímeros - Replicação e tradução do DNA • Inibidores da topoisomerase • Inibidores da tradução • Inibidores da síntese de folato • Agem direto na membrana celular INIBIDORES DA SÍNTESE DE MONÔMEROS → Fosfomicina • Inibem a síntese de UDP-NAM, através da inibição da enzima MurA (enolpiruvato transferase) • Fosfomicina é efetiva contra gram (-) que infectam trato urinário (não é a melhor e nem uma das mais utilizadas) • Não pode ser usada com antiácidos, pois devido a presença de alguns sais como cálcio, magnésio e alumínio, o medicamento tem sua absorção diminuída • Efeitos adversos: cefaleia, diarreia e náuseas → Bacitracina • Interfere na desfosforilação do bactoprenil difosfato (carreador do monômero em formação) impedindo a saída do monômero, desse modo, bloqueia a sequência de etapas para formação da parede • Geralmente é comercializada em apresentações adjuntas de Neomicina, pois a neomicina age na síntese proteica, nos ribossomos, por isso ela precisa da ajuda da bacitracina para conseguir chegar até lá • Sempre em apresentações tópicas devido sua toxicidade • Toxicidade renal, neurológica e medula óssea (tópica) • Uso: infecções dérmicas ou oftalmológicas OBS: Medicamentos de uso tópico dermatológico contendo somente neomicina ou neomicina associada a bacitracina são isentos de prescrição pela Resolução RDC 138/2003, portanto, as obrigatoriedades impostas pela RDC 20/2011 não se aplicam a eles. INIBIDORES DA POLIMERIZAÇÃO → Vancomicina e Teicoplanina • Ligam-se a extremidade terminal do monômero de mureína, bloqueando a adição de novas unidades • São glicopeptídeos bactericidas contra bacilos e cocos gram (+), pois devido o tamanho de suas moléculas, elas não conseguem atravessar as porinas na membrana externa das gram (-) • Usada em infecções graves causadas por estafiloc. resistentes, endocartdite, septicemia, osteomielites • Vanco melhor contra Estafilococos e Teico contra Estreptococos • Restritas em ambientes hospitalares e de uso intravenosa → Reações adversas comuns • Rubor cutâneo • Nefrotoxicidade (É mais comum na Vanco) • Ototoxicidade • Reações de hipersensibilidade • Febre • Desconforto gastrintestinal • Síndrome do pescoço vermelho (Quando a Vancomicina é administrada de forma rápida, devida sua toxicidade nos mastócitos, ela acaba desgranulando ele, liberando muita histamina no paciente) INIIBIDORES DA LIGAÇÃO CRUZADA: Β- lACTÂMICOS • Elemento chave: presença do anel betalactâmico, que é a estrutura da molécula responsável pelo efeito desse grupo • Maior classe e a mais prescrita → Mecanismo de ação “Inibem a síntese de peptideoglicano ao impedir a formação da ligação cruzada” • O anel β-lactâmico confere afinidade para transpeptidases (PLP, proteínas ligadoras depenicilinas), que realizam a ligação com o peptidoglicano (ligações cruzadas) • As ligações cruzadas conferem rigidez estrutural a parede celular, sem elas a parede fica fraca e se rompe • Os β-lactâmicos inibem a reação de transpeptidação • Pode ocorrer resistência por bomba de efluxo, permeabilidade e alteração do alvo • Porém, a resistência por produção de enzimas inativantes é o mecanismo de resistência mais comum nesse grupo - Βetalactamases (Enzimas que inativam os betalactâmicos por quebrarem o anel betalactâmico) → Classificação dos Betalactâmicos • Penicilinas • Cefalosporinas • Monobactâmicos • Carbapenêmicos • Inibidores da β-lactamase INIIBIDORES DA LIGAÇÃO CRUZADA: β-lACTÂMICOS Penicilianas ✓ Todas as penicilinas apresentam a estrutura básica: Um anel tiazolidínico (A) esta fixado a um anel β- lactâmico (B), que transporta um grupo amino secundário ✓ Amplo espectro de ação (A grande maioria são efetivas no tratamento de várias espécies de Gram + e Gram -) Classificação: • Penicilinas naturais • Penicilinas estafilocócicas • Aminopenicilinas • Carboxipenicilinas • Ureidopenicilinas → Penicilinas naturais Penicilina G* e V • G possui administração parenteral, geralmente intramuscular devido sua instabilidade em meio ácido e V oral • G mais usada hoje em dia • Amplo espectro • Sensíveis as β-lactamases • Formas de depósito • Penicilina G se divide em benzatina e Procaína, diferenciam-se na forma de depósito (oleosa), desse modo sua liberação ocorre de forma mais lenta porém com duração diferente • Benzatina tem efeito de até 4 semanas • Procaína tem tempo de duração entre 12 a 24 horas, ou até um pouco mais • Usadas no tratamento de pneumonia, otite, sinusite, faringite, infecções cutâneas, infecções no aparelho reprodutor ou em algum casos até mesmo como profilaxia → Penicilina Antiestafilocócica Oxacilina* e Nafcilina • Baixo aspectro • Carecem de atividade contra Gram – • Resistentes a algumas betalactamases (enzimas de resistência bacteriana) • Infecções de pele e tecidos moles • Oxacilina causa muita hepatotoxicidade, necessitando que seja monitorado a TGO e TGP do paciente com exames de sangue → Aminopenicilinas Amoxicilina e Ampicilina • Maior atividade contra Gram –, sendo melhor até que a Penicilina G pois seu espectro é mais amplo • Espectro ampliado com inibidor da betalactamase. - Amoxicilina geralmente usada com o Clavulanato, pois ele é inibidor da enzima beta-lactamase - Ampicilina com Sulbactan • Muito usada em infecções otorrinolaringoscópicas (Nariz, ouvido e garganta), também usada na odontologia • A Ampicila interage com alimentos, podendo diminuir até 50% do seu efeito → Carboxipenicilinas Carbenicilia e Ticarcilina • Ação contra pseudomonas, bem comum em infecções hospitalares • Uso hospitalar • Mais ativo para Gram- e enterobactérias • Sensíveis a betalactamases → Ureidopenicilinas Piperacilina • Mais ativo contra pseudomonas e enterobactérias do que o grupo anterior • Restrita a ambiente hospitalar • Associada ao Tazobactan, inibidor da beta- lactamase diminuindo a resistência → Farmacocinética das penicilinas • Absorção afetada por alimentos e ácido (exceto amoxicilina) • São amplamente distribuídas • Em condições normais não cruzam a BHE • São excretados por secreção tubular ativa → Reações adversas das penicilinas • Reações de hipersensibilidade, geralmente cruzada (Muito comum alergia a penicilina, tendo alergia a uma é muito comum ter as outras devido a semelhança estrutural) • Urticárias • Hepatotoxicidade (oxacilina) • Convulsões (Penicilina G) • Febre • Desconforto gastrintestinal INIIBIDORES DA LIGAÇÃO CRUZADA: β-lACTÂMICOS Cefalosporinas • Diferem estruturalmente das penicilinas pela presença de um anel acessório de 6 membros • Estáveis a muitas betalactamases (demoram a sofrer resistência bacteriana) • Espectro ampliado em relação as penicilinas (pegam mais espécies) Classificação: • Cefalosporinas de 1ª geração • Cefalosporinas de 2ª geração • Cefalosporinas de 3ª geração • Cefalosporinas de 4ª geração • Cefalosporinas de 5ª geração Recomenda-se que o médico comece a recomendação pela primeira geração e vá avançando para dar mais opções ao paciente no caso de resistência → 1° Geração CEFALEXINA*, CEFADROXILA*, CEFALOTINA, CEFAZOLINA ✓ Ativas contra Gram (+) bem como contra bacilos gram (-) como o Proteus mirabilis, E. coli e Klebisiella pneumoniae ✓ FARMACOCINÉTICA: administração oral variável, excreção por filtração glomerular e secreção tubular ✓ INDICAÇÕES: ITU, Celulites, Infecções de tecidos moles, Profilaxia cirúrgica (geralmente odontológica) → 2° Geração CEFACLOR*, AXETILCEFUROXIMA*, CEFUROXIMA, CEFOXITINA ✓Mesmo espectro da 1ª geração ampliando para Gram (-) (Pega mais grams negativas que a primeira) ✓ Resistente a um número maior de betalactamases ✓ FARMACOCINÉTICA: administração por VO, EV, IM. Excreção renal ✓ INDICAÇÕES: Otites, sinusites, Pneumonia, Doença inflamatória pélvica → 3° geração CEFTRIAXONA*, CEFTAZIDIMA, CEFOTAXIMA ✓ Cobertura ampliada para Gram – ✓ Tenta atingir a pseudomonas e infecções hospitalares ✓ Resistente a muitas betalactamases ✓ FARMACOCINÉTICA: Boa penetração nos tecidos. Atravessam a BHE (bom para quando o paciente tem infecções a nível de sistema nervoso central). Excreção renal ✓ INDICAÇÕES: Meningites, endocardites, Infecções respiratórias inferiores → 4° Geração CEFEPIME* ✓ Ativo contra muitas enterobactérias, Haemophillus, P. aeruginosa e S. aureus (ela vai conservar toda sua ação contra gram negativa, inclusive pseudomanas, porém já pega algumas gram positivas mais resistentes, como o S. aureus) ✓ Resistente a muitas betalactamases ✓ FARMACOCINÉTICA: Boa penetração no LCR. Excreção renal ✓ INDICAÇÕES: Tratamento empírico das infecções hospitalares (quando o médico ainda não sabe a infecção hospitalar que está atingindo o paciente, ele usa o cefepime até o resultado dos exames) ✓ Em alguns hospitais o cefepime vai ser a última opção de cefalosporina, por ausência da 5° geração → 5° Geração CEFTAROLINA ✓ Atividade Gram (–) comparada a 1° geração ✓ Atividade Gram (+) ampliada para S. pneumoniae e S.aureus resistente a meticilina Restrita a uso hospitalar ✓ FARMACOCINÉTICA: Boa distribuição. Eliminado pelos rins → Reações adversas • Reações de hipersensibilidade ( Se o paciente tiver alergia grave a penicilina, como nos casos de anafilaxia, não é recomendado o uso de cefalosporinas) • Exantema cutâneo • Urticárias • Nefrite • Febre • Desconforto gastrintestinal MONOBACTÂMICOS AZTREONAM • Único representante dos monobactâmicos • Ativo contra a maioria das gram (-), porém carece de atividade contra gram (+) • Úteis para pacientes com grave alergia a penicilina, pois também não vai ser recomendado o uso de cefalosporina, sendo esse uma via alternativa • Boa penetração no LCR (Líquido céfalo raquidiano, que protege o sistema nervoso central) • Administração EV ou IM • Usada contra Pneumonia, meningite e sepsia (infecção generalizada) • Um dos efeitos adversos é a lesão hepática, sendo possível visualizar a TGO e TGP, e até mesmo pequenas lesões cutâneas, sendo necessário a monitoria Carbapanêmicos • Imipenem*, meropenem*, ertapenem e doripenem • Administração EV e IM (Só via parenteral) • Espectro de atividade mais amplo (Gram positivo e negativo, mas principalmente o negativo) • Penetram adequadamente nos tecidos e LCR • Fármacos de escolha para tratar infecções por Gram (-), principalmente as do grupo BLEA (Bactcétias produtoras de enzimas betalactamasesde espectro ampliado) → IMIPINEM • Você só o encontra associado a cilastatina, pois quando ele é usado, o imipinem sofre uma inativação renal e a cilastatina inibe essa enzima, mas essa associação não tem como propósito combater de melhor forma a bactéria Amplo espectro • Atividade contra Gram (-) incluindo P. aeruginosa e anaeróbios resistente a βlactamases • Indicado para ITU, vias respiratórias inferiores, pele, intra-abdominais, ossos, articulações e etc • Em altas doses pode causar convulções → Meropenem • Menor tendência a causar convulsões • Não precisa ser associado a cilastatina pois não sofre com a enzima renal → ERTAPENEM • Meia-vida mais longa • Atividade inferior para P. aeruginosa • Infecções intra-abdominais e pélvicas → DORIPENEM • Espectro semelhante ao imipenem e meropenem • Eficaz contra algumas cepas de Pseudomonas → Reações adversas dos carbapenêmicos • Distúrbios do TGI • Flebite e exantema cutâneo • Reações de hipersensibilidade • Crises convulsivas (altas doses do imipinem) Inibidores da B-lactamase ÁCIDO CLAVULÂNICO, SULBACTAM, TAZOBACTAM E AVIBACTAM • Moléculas que podem inativar as β-lactamases e evitar a destruição dos antibióticos • Conhecidos como “moléculas suicidas” (pois se sacrificam no lugar do antibiótico) • Associados para reduzir a resistência e aumentar o espectro • Pouca atividade antibacteriana intrínseca 1. Ácido clavulânico + Amoxicilina (VO) ou Ticarcilina (EV) 2. Sulbactam + Ampicilina (VO, IM e EV) 3. Tazobactam + Piperacilina (EV) 4. Avibactam + Ceftazidima (EV) AGENTES QUE AGEM DIRETO NA MEMBRANA Principalmente a membrana externa das Gram (-) → Polimixinas (B e E) • Sintetizadas por cepas de Bacillus polymyxa • São agentes anfipáticos: interagem com os fosfolipídios e desorganizam a estrutura da membrana celular, levando a alteração de permeabilidade • Não são absorvidas por via oral • Reações adversas: apneia, parestesias, nefrotoxicidade • Usos: em preparações tópicas associadas a outros antimicrobianos. • Útil também no tratamento de infecções graves causadas por bacilos gram (–) multirresistentes AGENTES QUE AGEM NA REPLICAÇÃO E NA TRADUÇÃO DO DNA → REVISANDO ALGUNS CONCEITOS: • Toposiomerases (GIRASE E IV) As topoisomerases são responsáveis por aliviar o superenrolamento do DNA durante a replicação (pois durante a replicação ocorre a formação das forquilhas, os locais onde a fita começa a se abrir para iniciar a replicação, na regiões posteriores ocorre um estado de tensão muito grande, chamadas de superenrolamento) Elas fazem isso através da quebra transitória de ligações fosfodiéster, gerando uma forma intermediária, na qual a proteína continua ligada ao DNA, covalentemente, permitindo assim, que as fitas do DNA passem umas sobre as outras, alterando o superenrolamento da molécula Também ajuda na separação da molécula filha Essas enzimas são encontradas tanto em organismos procariotos, quanto em eucariotos, e são essenciais nos processos de replicação, transcrição e recombinação do DNA. Na transcrição e recombinação, as topoisomerases irão separar temporariamente as fitas da dupla hélice de DNA, enquanto na replicação, as fitas terão separação permanente → Resumindo: Durante a transcrição, a abertura das fitas de DNA para síntese de RNA, induz a superenrolamentos do DNA, que precisa ser relaxado para que o processo ocorra. Já na replicação, as duas moléculas geradas são completamente separadas pelas topoisomerases para que possam segregar para as células-filhas. Obs: Existem medicamentos que atuam na fase de replicação, transcrição e da tradução ou síntese proteica INIBIDORES DA TOPOISOMERASE → Quinolonas Ácido nalidíxico, ciprofloxacino*, ofloxacino, levofloxacino*, gatifloxacino, moxifloxacino • Atuam através da inibição da topoisomerase II bacteriana: - DNA girase - Topoisomerase IV • O não enrolamento da nova cadeia de DNA formada faz com que ele ocupe um espaço maior que o contido nos limites da bactéria e ele começa a se romper • Efeito bactericida (doses terapêuticas) • Uso: infecções urogenitais (infecção urinária), respiratórias e gastrintestinais • Resistência: mutações nos genes que codificam a topoisomerase, alteração das porinas e bombas de efluxo • Usadas com mais frequência para gram (-) • Efeitos adversos: náuseas, vômito, dor articular* (As quinolonas não podem ser utilizadas em pacientes menores de 18 anos) e diarreia • Em pacientes menores de 18 pode ocorrer impacto no crescimento, devido as lesões em cartilagens, principalmente as que estão em crescimento, podendo ser significativas • Ciprofloxacino e mofloxacino sofrem interação com alimentos, qualquer alimento ou fonte de cálcio, magnésio ou alumínio INIBIDORES DA TRADUÇÃO Resumindo o processo de tradução: O ribossomo bacteriano parece muito com o humano, mas existem particularidades: O da bactéria é 70s formada por duas subunidades, uma menor (30s) e uma maior (50s) Dentro desse ribossomo temos 3 regiões importantes: • Sítio A (Sítio aceptor): ele recebe os aminoácidos que formarão a proteína e depois para o sítio P • Sítio P (Peptidio): onde ocorre a ligação peptídica • Sítio E (Exit): por onde a proteína que está sendo formada vai saindo do ribossomo Complexo de iniciação: Para que seja possível iniciar a tradução, é necessário que primeiramente as subunidades que formam o ribossomo bacteriano se juntem • Alvo dos antibióticos: subunidade 30S ou 50S do ribossomo bacteriano • Exercem efeitos também sobre os ribossomos citosólicos humanos: efeito adverso • A inibição completa da síntese proteica não é suficiente para destruir a bactéria • São em sua maioria bacteriostático, pois a bactéria adulta já possui suas proteínas essenciais formadas, porém, para se reproduzir ela necessitará realizar síntese proteica (exceção: aminoglicosídios) → Como os inibidores da tradução são divididos: Agem na subunidade 30S • Aminoglicosídios • Espectinomicina • Tetraciclinas Agem na subunidade 50S • Macrolídeos • Cloranfenicol • Lincosamidas • Estreptograminas • Limesolida Aminoglicosídios Estreptomicina, Neomicina*, Canamicina, Tobramicina, Gentamicina* e Amicacina • Usados principalmente no tratamento de infecções por gram(-) • Bactericidas Mecanismo de ação: • Agem na porção 30S do ribossomo, por 3 maneiras: 1. Impedem a formação do complexo de iniciação 2. Geram uma leitura errônea (desloca o ribossomo e faz com que ele leia de forma desorganizada o mRNA, desse modo ele posiciona os aminoácidos de forma errônea e gera a proteína errada) 3. Impedem a translocação do ribossomo • Podem atuar nas bactérias que ainda não iniciaram a síntese proteica, como também, naquelas que já iniciaram • Atuam de modo sinérgico com os betalactâmicos (facilita a entrada dos aminoglicosídeos) • Não são bem absorvidos em via oral, necessário aplicação tópica ou parenteral • Resistência: ➢ Inativação enzimática por acetilação e fosforilação ➢ Entrada dificultada (Eliminação das porinas) ➢ Mutação na subunidade 30S • Efeitos adversos: ➢ Reações de hipersensibilidade ➢ 3 efeitos específicos: Por motivos ainda desconhecidos esses medicamentos tendem a se acumular nos ouvidos e nos rins - Ototoxicidade (+ importante) - Nefrotoxicidade - Bloqueio neuromuscular (Altas doses) Espectinomicina • Também se liga a subunidade 30S (em localização diferente do aminoglicosídeo) • Não induz a leitura incorreta de códon e não é bactericida • Inibe a translocação do ribossomo • Usada como auxiliar no tratamento de gonorreia Tetraciclinas Doxiciclina, Tetraciclina, Minociclina• Bacteriostáticos de amplo espectro (Pega bem gram (+) e pega bem gram (-) • Mecanismo: Ligam-se de modo reversível a subunidade 30S e inibem a síntese proteica por bloqueio do RNAt (Impedem a entrada do mRNA no sítio A) • Acumula-se nas células bacterianas • Podem ser usadas para Infecções por leptospirose, micoplasmam, minocilina é usada regularmente para acne • Efeitos adversos: ➢ Toxicidade renal ➢ Distúrbio gastrintestinal ➢ Náuseas e vômitos ➢ Interação relevante (Quelação) com alimentos ricos em cálcio e com medicamentos que possuam cátions di e trivalentes (Ferro e magnésio) ➢ Pode haver sequestro do fármaco em ossos e dentes Macrolídeos Eritromicina*, Azitromicina*, Claritromicina* • Importantes no tratamento de infecções pulmonares e garganta. Infecções por clamídia, estafilococos, estreptococos, micoplasma • Bacteriostáticos • Mecanismo de ação: Age na subunidade 50s, impedindo o deslocamento da cadeia do sítio A para o P, desse forma bloqueiam o crescimento da cadeia peptídica em formação • Azitromicina tem vida útil de até 3 dias, necessitando geralmente de apenas uma dose diária única. Não podem ser usadas com alimentos e podem reagir com (cálcio, magnésio e ferro) • Efeitos adversos: ➢ Isentos de efeitos adversos graves ➢ Intolerância no TGI (náuseas, vômitos, diarreia) ➢ Eritromicina e claritromicina inibem cit. P450. Obs: Essa classe acaba estimulando uma enzima do intestino chamada de Motilina, que estimula os movimentos peristálticos, gerando a diarreia, no caso da eritromicina é mais forte • Resistência: ➢ Produção de esterases que inativam os macrolídeos ➢ Aumento do efluxo ➢ Produção de metilase (modifica o sítio de ligação) Cloranfenicol • Bacteriostático de amplo espectro • Ativo contra gram (+) e gram (-) • Usos: Sífilis, febre tifoide, peste negra, Rickettsia • Liga-se a subunidade 50S e inibe a formação de ligações peptídicas Toxicidade. Age em local bem próximo de onde os macrolídeos atuam, podendo gerar associação antagônica, não podendo o uso em conjunto • Inibe a síntese proteica mitocondrial • Efeitos adversos: ➢ Síndrome do bebê cinzento: Altas doses em recém-nascidos, pois carecem de mecanismo efetivo de conjugação com ác. Glicurônico ➢ Fármaco acumula-se até alcançar níveis tóxicos ➢ Depressão, anemia, leucopenia, trombocitopenia, distúrbios gastrointestinais Obs: O cloranfenicol é metabolizado por conjugação com ácido glicurônico. Quando é administrado em altas doses em recém nascidos ele não é metabolizado, devido imaturidade hepática, se acumulando e começando a gerar efeitos tóxicos Lincosamidas Clindamicina • Bloqueia a formação de ligações peptídicas, por meio de interações com os sítios A e P • Também age bem próximo ao macrolídeos e cloranfenicol, competindo entre si pelo local de ação, gerando associação antagônica, não recomendado o uso em conjunto • Indicações: tratamento de infecções anaeróbicas graves, causadas principalmente por gram positivas, abscessos pulmonares • Considerada causa potencial de colite pseudomembranosa decorrente da infecção por C. difficile, pois a clindamicina altera a microbiota e essa espécie começa a crescer de forma desproporcional Estreptograminas • Mistura de 2 substâncias: Dalfopristina e Quinupristina • Aprovadas para o tto de infecções graves ou potencialmente fatais (última opção) causadas por Enterococcus ou Streptococcus pyogenes resistentes a vancomicina • Inibem a síntese proteica por sua ligação ao centro peptidil transferase do RNAr bacteriano (induzem mudança na conformação do ribossomo, na subunidade 50s) INIBIDORES DO METABOLISMO DO FOLATO • O folato (Ácido fólico, vitamina do complexo B) é importante para biossíntese de precursores de DNA e RNA, aminoácidos (glicina, metionina e ácido glutâmico), RNAt • Humano: folato é obtido da dieta ou reposição exógena (suplementos) • Bactérias: precisam sintetizar a partir do PABA, pteridina e glutamato 1. Inibidores da di-hidropteroato sintase (Síntese do folato, etapa exclusiva da bactéria) • Sulfonamidas (sulfametoxazol, sulfadiazina) 2. Inibidores da di-hidrofolato redutase (Metabolização do folato, comum em humanos e bactérias) • Trimetoprima • Pirimetamina Sulfonamidas Sulfametoxazol*, Sulfasalazina*, Sulfadiazina de prata* • Análogos do PABA (Para que as sulfas consiga inibir essas enzimas ela precisa ter semelhança com um dos substratos, nesse caso, o PABA) • Bacteriostáticos • Muito Usadas em infecções gastrointestinais • Mecanismo de ação: “Antagonismo competitivo da enzima di- hidropteroato sintase responsável pela síntese de ácido di-hidropteroico” • Sulfasiazina de prata é muito usada para tratamento de infecções em queimaduras, a prata dificulta a absorção sistêmica, e também ajuda na destruição de algumas bactérias, interferindo em algumas reações bioquímicas, mas não se sabe o mecanismo Síndrome de KERNICTERUS em recém-nascidos • Quando o recém-nasccido faz uso de altas concentrações de sulfas elas começam a competir com a bilirrubina pelos sítios de ligação na albumina sérica, a albumina se acumula, e dependendo do local pode gerar diversos problemas no desenvolvimento, como por exemplo o motor • Além disso existem outros efeitos adversos, como: alterações no TGI, vômitos, mal estar e hipersensibilidade TRIMETOPRIMA Trimetropim* • Análogos do folato • Usado junto com o sulfametoxazol (associação sinérgica) devido a capacidade da bactéria de rapidamente desenvolver resistência (produz mais folato, deslocando o trimetropim) • Mecanismo de ação: Ligam-se a dihidrofolato redutase e inibem a formação do tetraidofolato (THF) OBS: INTERAÇÃO ANTIBIÓTICO COM ANTICONCEPCIONAL • Não são todos os antibióticos ou todos os anticoncepcionais que interagem, não se pode generalizar • Algumas substâncias estimulam ou inibem as enzimas p450 que são as enzimas responsáveis pela metabolização dos fármacos • Alguns antibióticos acabam sendo indutores ou inibidores das p450 • Se você estiver usando ou vai começar a usar um antibiótico e você já usa um anticoncepcional que vai estrogênio na composição (etinilestradiol) vai ocorrer a interação graças a circulação êntero- hepática O estrogênio é metabolizado da seguinte forma: • O anticoncepcional desce estômago, vai para o intestino e depois de absorvido ele vai para o fígado, lá no fígado ele se conjuga com o ácido glicurônico e vai para bili e quando necessário ele vai para o intestino • Na presença de bactérias intestinais elas quebram a ligação e é reabsorvido o estrogênio indo novamente para o fígado, seguindo esse ciclo que é chamado de ciclo êntero-hepático • Os antibióticos podem destruir algumas bactérias intestinais, sem elas o ciclo não fecha e o estrogênio vai ser eliminado nas fezes por estar associada ainda • Com isso você tem uma diminuição da concentração de anticoncepcional circulando na corrente sanguínea • Isso é um problema com antibióticos que possuem meia vida alta, como amoxicilina ou azitromicina (72 horas). Pois passam maior tempo surtindo efeito, desse modo é necessário um tempo maior para restabelecimento da microbiota intestinal • Durante o tratamento com antibióticos é recomendado o uso de meios contraceptivos alternativos
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