Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Circulação dos leucócitos e migração para os tecidos - A propriedade única do sistema imune que o distingue de todos os outros sistemas teciduais no corpo é o movimento constante e altamente regulado de seus principais componentes celulares através do sangue, para os tecidos e frequentemente de volta para o sangue. Este movimento tem três funções principais: A. Neutrófilos e monócitos que chegam à medula óssea circulam no sangue e são recrutados para os locais teciduais de infecção ou lesão, onde eles eliminam os patógenos infecciosos, limpam os tecidos mortos e reparam o dano. B . Linfócitos naïve que surgem na medula óssea ou no timo migram para órgãos linfoides secundários, tais como linfonodo (ou baço, não mostrado), onde se tornam ativados pelos antígenos e se diferenciam em linfócitos efetores. C. Linfócitos efetores que se desenvolvem nos órgãos linfoides secundários migram para os locais teciduais de infecção, onde participam da defesa microbiana. 1- Distribuição de leucócitos de linhagem mieloide (principalmente neutrófilos e monócitos) da circulação para os tecidos e locais de infecção ou lesão, onde as células realizam suas funções protetoras de eliminar patógenos infecciosos, limpando tecidos mortos e reparando o dano. 2- Distribuição de linfócitos dos seus locais de maturação (medula óssea ou timo) para órgãos linfoides secundários, onde eles reconhecem antígenos e se diferenciam em linfoides efetores. 3- Distribuição de linfócitos efetores dos órgãos linfoides secundários nos quais eles são produzidos para locais de infecção em qualquer tecido, onde eles realizam suas funções protetoras. Conceitos/nomenclaturas: - Homing ou endereçamento: migração do leucócito específico ao tecido lesionado. - Recrutamento: movimento das células do sangue para o tecido. Esse recrutamento depende tanto da adesão dos leucócitos ao endotélio do vaso quanto do movimento dos leucócitos para o tecido extracelular. - Moléculas de adesão e quimiocinas. Moléculas de adesão nos leucócitos e células endoteliais envolvidas no recrutamento de leucócitos - A adesão de leucócitos circulantes e o endotélio do vaso é mediada por duas classes de moléculas, denominadas selectinas e integrinas, e seus ligantes. A expressão destas moléculas varia dentre diferentes tipos de leucócitos e em vãos sanguíneos de diferentes localizações, e estas diferenças influenciam quais tipos celulares migram preferencialmente para qual tecido. SELECTINAS - As selectinas são moléculas proteicas de adesão ligadas a carboidratos de membrana plasmática que medeiam um passo inicial de adesão de baixa afinidade dos leucócitos circulantes nas células endoteliais . As selectinas e seus ligantes são expressos nos leucócitos (na sua membrana) – selectina L - e nas células endoteliais – selectinas P e E. - Ligantes de P e E selectinas: carboidratos e glicoproteínas expressas em leucócitos; Agressão e defesa INTEGRINAS - As integrinas são proteínas da superfície celular que medeiam legações das células e outras células e /ou a matriz extracelular, por meio de interações específicas de ligação com vários ligantes. - Ligantes de integrinas: proteínas e glicoproteínas no endotélio. - Essas proteínas se expressam na membrana dos leucócitos e se ligam fortemente no endotélio do vaso. - Ocorre mudança conformacional na sua estrutura quanto mais perto da lesão, passando de baixa afinidade para alta afinidade, o que implica em maior fixação ao endotélio. - A ativação das integrinas se dá a partir de um sinal dado pelas quimiocinas. Uma vez que, esse processo é intermediado pela proteína G, que utiliza da energia de um GTP e posterior liberação de um fosfato para mudar a conformação da negrinha de baixa afinidade para alta afinidade. De modo que, todo esse processo é mediado pelos receptores de integrinas. QUIMIOCINAS E RECEPTORES - As quimiocinas são uma grande família de citocinas estruturalmente homólogas que estimulam o movimento dos leucócitos e regulam a migração dos leucócitos do sangue para os tecidos. - As quimiocinas estão classificadas em quatro famílias baseadas no número e localização e número de resíduos de cisteína no N-terminal. - Embora existam exceções, o recrutamento de neutrófilos é mediado principalmente pelas quimiocinas CXC, o recrutamento de monócitos é mais dependente das quimiocinas CC e o recrutamento de linfócitos é mediado por ambas as quimiocinas CXC e CC. - As quimiocinas das subfamílias CC e CXC são produzidas pelos leucócitos e por vários tipos de células teciduais, tais como células endoteliais, células epiteliais e fibroblastos. Em muitas destas células, a secreção das quimiocinas é induzida pelo reconhecimento dos microrganismos através de vários receptores celulares do sistema imune inato. - Ações biológicas das quimiocinas: 1. As quimiocinas são essenciais para o recrutamento de leucócitos circulantes dos vasos sanguíneos para os locais extravasculares; 2. Adesão aumentada dos leucócitos ao endotélio; 3. Migração dos leucócitos para locais de infecção ou tecido danificado; 4. As quimiocinas estão envolvidas no desenvolvimento dos órgãos linfoides e regulam o tráfego dos linfócitos e outros leucócitos através das diferentes regiões dos tecidos linfoides periféricos; 5. As quimiocinas são necessárias para a migração das células dendríticas dos locais de infecção para a drenagem dos linfonodos. Interações leucócito-endotélio e recrutamento de leucócitos para os tecidos - Selectinas, integrinas e quimiocinas trabalham em conjunto para regular a migração dos leucócitos para os tecidos. RESUMO: Múltiplos passos da interação leucócito endotélio mediando o recrutamento de leucócitos para os tecidos. Nos locais de infecção, os macrófagos que encontraram microrganismos produzem citocinas (como TNF e IL-1) que ativam as células endoteliais de vênulas próximas a produzirem selectinas, ligantes para integrinas e quimiocinas. As selectinas medeiam a fraca ligação dos leucócitos sanguíneos ao endotélio, e a força de cisalhamento do fluxo sanguíneo faz os leucócitos rolarem ao longo da superfície endotelial. As quimiocinas produzidas nos tecidos infectados vizinhos ou pelas células endoteliais são mostradas na superfície endotelial e se ligam a receptores nos leucócitos em rolamento, o que resulta em ativação das integrinas do leucócito a um estado de alta afinidade de ligação. As integrinas ativadas se ligam às suas superfamílias de Ig ligantes nas células endoteliais, o que medeia a firme adesão dos leucócitos. Os leucócitos passam, então, pelas junções entre as células endoteliais e migram através da parede venular. Neutrófilos, monócitos e linfócitos T utilizam essencialmente os mesmos mecanismos para migrar para fora do sangue. 1. Rolamento de leucócitos no endotélio mediado por selectina. As células endoteliais que revestem as vênulas pós- capilares são ativadas em resposta aos microrganismos, citocinas produzidas pelos macrófagos e outras células teciduais que encontram os microrganismos, e outros mediadores, tais como histamina e trombina, que podem ser produzidos durante várias reações inflamatórias. Nos locais de inflamação, os vasos sanguíneos se dilatam e o fluxo sanguíneo fica mais lento. Como resultado, os leucócitos, sendo maiores do que as hemácias, tendem a se mover para fora do eixo axial central do fluxo e mais próximos do revestimento do vaso, um processo conhecido como marginação. Isso permite que os ligantes expressos nos microvilos dos leucócitos se liguem às selectinas nas células endoteliais. Os leucócitos repetitivamente desligam e se ligam novamente e, assim, rolam ao longo da superfície endotelial. 2. Aumento na afinidade das integrinas mediada pela quimiocina. As quimiocinas apresentadas nas células endoteliais das vênulas pós-capilaresno local de uma infecção se ligam a seus receptores nos leucócitos em rolamento. Isso resulta em ligação mais forte das integrinas dos leucócitos a seus ligantes na superfície endotelial. 3. Adesão estável de leucócitos ao endotélio mediada Em paralelo à ativação das integrinas, a expressão de seus ligantes nas células endoteliais é regulada positivamente pelas citocinas inflamatórias e produtos microbianos nos locais de infecção. Assim, os leucócitos se ligam firmemente ao endotélio, seu citoesqueleto é reorganizado e eles se espalham para fora da superfície endotelial. 4. Transmigração dos leucócitos através do endotélio Os leucócitos transmigram entre as bordas das células endoteliais, para alcançar os tecidos extravasculares. Esse processo depende das integrinas nos leucócitos e seus ligantes nas células endoteliais Este processo necessita de um rompimento transiente e reversível das proteínas das junções aderentes.; quebra de caderinas Migração de neutrófilos e monócitos para locais de infecção ou lesão tecidual - Após a maturação na medula óssea, neutrófilos e monócitos entram no sangue e circulam por todo o corpo. Embora estas células possam realizar algumas funções fagocíticas dentro do sangue, seus principais papéis, incluindo a fagocitose e a destruição dos microrganismos e de células teciduais mortas, ocorrem em locais extracelulares de infecção em virtualmente qualquer local do corpo. - Neutrófilos e monócitos sanguíneos são recrutados para os locais teciduais de infecção ou lesão por processos de múltiplos passos dependentes de selectina, integrina e quimiocina, que seguem uma sequência básica comum para a migração de todos os leucócitos para os tecidos. Os neutrófilos são os primeiros tipos de leucócitos a serem recrutados do sangue para o local de infecção ou lesão tecidual. O recrutamento de monócitos segue horas depois e continua, talvez por dias, após a parada no recrutamento dos neutrófilos. Além disso, em alguns locais inflamatórios, os neutrófilos não são recrutados, mas os monócitos são. Migração e recirculação de linfócitos T - Recirculação – timo para o sangue – para os tecidos - para o sangue; objetivo de encontrar antígenos -Migração – endereçamento dos linfócitos T virgens do sangue para os órgãos linfáticos 1. Rolamento por selectinas “L” - O rolamento das células T naïve nas HEVs nos órgãos linfoides periféricos é mediado pela L-selectina na ligação dos linfócitos ao seu ligante carboidrato. 2. Adesão por integrinas - - Assim como na migração do leucócito para outros locais, a subsequente e firme adesão das células T naïve para as HEVs é mediada pelas integrinas, principalmente a LFA-I. 3. Rolamento pelo VEA – não há deslocamento pelo fluxo sanguíneo; (rastejamento); - 4. Extravasamento para tecido extravascular. - As células T naïve que chegaram aos linfonodos, mas falharam em reconhecer o antígeno e não estão ativadas retornarão à corrente sanguínea. Este retorno ao sangue completa uma alça de recirculação e fornece às células T naïve outra chance de entrar nos tecidos linfoides secundários e procurar pelos antígenos que elas podem reconhecer. - A saída das células T naïve dos linfonodos é dependente de um lipídio quimioatraente denominado esfingosina 1-fosfato (SIP), que se liga a um receptor de sinalização nas células T chamado de receptor de esfindosina. O S1P está presente em maiores concentrações no sangue e linfa do que nos tecidos. Este gradiente de concentração é mantido porque a enzima de degradação de S1P, a S1P liase, está presente na maioria dos tecidos; assim, o lipídio é mais catabolizado nos tecidos do que na linfa e no sangue. O S1PR1 é um receptor acoplado à proteína G. Sinais gerados pela ligação de S1P aos S1PR1 nas células T naïve estimulam o movimento direcionado das células em direção ao gradiente de concentração de S1P para fora do parênquima do linfonodo. - Em síntese, ao entrar no gânglio e não ser apresentado a nenhum antígeno o linfócito parte para outro rumo. Uma vez que, a saída desses linfócitos dos gânglios é intermediada por receptores de esfingosinas, que estão presentes no linfócito, e se ligam com as esfingosinas que estão em maior concentração na parte externa. Para permanecer no gânglio, existe uma proteína CD69 que impede a atuação dos receptores de esfingosinas e posterior saída dos linfócitos. - A recirculação de linfócitos é um processo pelo qual os linfócitos naive migram continuamente do sangue para os órgãos linfoides secundários através das HEVs, de volta ao sangue através dos linfáticos e para outros órgãos linfoides secundários. Este processo maximiza a chance da célula naïve se encontrar com o antígeno que ela reconhece e é crítico para o início das respostas imunes.
Compartilhar