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SP02- “Super Lig�” 1) Conhecer a História Natural da Doença da Febre Amarela e a sua importância para o planejamento das ações em saúde (comparar com as manifestações clínicas com outras doenças causadas pelo Aedes Aegypti). A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa que se mantém endêmica ou enzoótica nas florestas tropicais da América e África causando periodicamente surtos isolados ou epidemias de maior ou menor impacto em saúde pública, sendo transmitida ao homem mediante a picada de insetos hematófagos da família Culicidae, em especial dos gêneros Aedes e Haemagogus. Os pacientes mais acometidos são geralmente indivíduos jovens, do sexo masculino, realizando atividades agropecuárias e de extração de madeira, bem como ecoturistas que se embrenham nas matas sem vacinação prévia. Clinicamente, a febre amarela pode se apresentar assintomática, oligossintomática, moderada, grave e maligna. Pode ser prevenida pelo uso da vacinação anti-amarílica mediante aplicação da vacina 17D, uma das vacinas de vírus vivo atenuado mais seguras e eficazes; O vírus da febre amarela pertence ao gênero Flavivirus da família Flaviviridae. Ele pertence ao mesmo gênero e família de outros vírus responsáveis por doenças no homem, entre os quais o Dengue. ➔ A febre amarela é uma doença hemorrágica viral, como a dengue e o ebola. Ela é causada por um vírus de RNA transmitido por um mosquito Aedes aegypti ou Haemagogus – apenas as fêmeas infectadas podem, de fato, transmitir a doença e picam principalmente durante o dia. Em cerca de 80% dos casos, as infecções provocam nenhum sintoma ou sintomas leves, semelhantes à gripe ou malária, e geralmente desaparecem de 3 a 4 dias. Em cerca de 20% dos casos,a doença é muito mais grave e outros sintomas são desenvolvidos: icterícia (daí o nome febre amarela), distúrbios renais, sangramento intenso, convulsões e até coma. Embora tenha sido descoberto há 90 anos, ainda não há medicamento específico para o tratamento da doença – os pacientes só podem ajudá-los a superar a doença tratando os sintomas. Então, a prevenção é crucial. Para reduzir o risco de picadas de mosquito, é necessária uma proteção pessoal com uso de repelente, redes protetoras de portas e janelas e mosquiteiros. Além disso, o controle vetorial é muito importante, isso inclui: eliminação de água parada (criadouro), uso de inseticidas e fumigação para eliminação do inseto adulto. CICLOS DE TRANSMISSÃO O vírus da febre amarela mantém-se em dois ciclos básicos: um ciclo urbano simples do tipo homem-mosquito onde o Aedes aegypti responsabiliza-se pela disseminação da doença e, outro, silvestre complexo, onde várias espécies de mosquitos responsáveis pela transmissão diferem: na África, os mosquitos Aedes e na América os mosquitos Haemagogus e Sabethes. CICLO URBANO Neste ciclo, a transmissão pelo Aedes aegypti é feita diretamente ao homem sem necessitar da presença de hospedeiros amplificadores, ou melhor, o próprio homem infectado e em fase virêmica atua como amplificador e disseminador do vírus na população. Em geral, também é o homem que introduz o vírus numa área urbana. Uma vez introduzido o vírus no ambiente urbano, o paciente infectado desenvolverá viremia, pode expressar a doença e servir de fonte de infecção a novos mosquitos (Aedes aegypti). Assim, o ciclo se perpetua, até que se esgotem os suscetíveis ou se realize vacinação em massa da população para bloquear a transmissão. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Os mosquitos transmissores do vírus são fêmeas hematófagas, ou seja, se alimentam de sangue. Ao picarem primatas infectados, que podem ser macacos ou humanos, o vírus infecta o intestino do mosquito e migra para as glândulas salivares e permanecem ali até que o mosquito se alimente novamente. O vírus então é inoculado em outro primata, a exemplo o ser humano, por meio da picada. Ao entrar na corrente sanguínea, o vírus infecta as células do sangue para se multiplicar. Após uma grande multiplicação do vírus, ele passa para outras partes do corpo, como rins, fígado e baço, causando inflamações. CICLOS SILVESTRES Envolve a transmissão do vírus entre primatas como, por exemplo, macacos bugios, e espécies de mosquitos encontrados na floresta, como Haemagogus e Sabethes. Mas o mosquito pode transmitir o vírus para os humanos quando entramos nas regiões de matas (trabalho ou turismo). Além de complexo, é ainda imperfeitamente compreendido e varia de acordo com a região onde ocorre. Os mosquitos, além de serem transmissores, são os reservatórios do vírus, desde que uma vez infectados assim permanecem por toda a sua vida, ao contrário dos macacos que, como os homens, ao se infectar morrem ou se curam, e ficam imunes para sempre. Portanto, os macacos atuam tão somente como hospedeiros amplificadores da virose. A febre amarela silvestre é transmitida através da picada de mosquitos Haemagogus, que vivem em matas e vegetações. Quando o mosquito infectado pica um macaco, ele adoece e torna-se uma fonte de transmissão do vírus para outros mosquitos. Esses mesmos mosquitos infectados podem picar o homem que entra em contato com a área de transmissão. ★ Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra; o macaco também não transmite a doença. É imprescindível a presença de mosquitos infectados agindo como vetores para que haja transmissão ➔ Período de Incubação: de três a seis dias após a picada do mosquito infectado. ➔ Período de Transmissibilidade: o sangue dos doentes é infectante para os mosquitos cerca de 24-48hs antes do aparecimento dos sintomas, d e três a cinco dias após o início da doença. O período de incubação extrínseco no Aedes aegypti, dura, em média, de nove a doze dias. Uma vez infectado, o mosquito pode transmitir o vírus amarílico durante toda sua vida (3 a 4 meses) BOLETIM DO DIVE Em 2022, entre a SE (situação epidemiológica) 01 a 18 (02/01/2022 a 07/05/2022), foram notificados 56 casos humanos suspeitos de FA, sendo que os 55 foram descartados, e um (01) caso foi confirmado (evoluiu para óbito) com local provável de infecção em Tocantins-TO. No ano de 2021 foram confirmados oito (08) casos (03 evoluíram para óbito) de febre amarela em moradores dos municípios de Águas Mornas, Anitápolis, Blumenau, Imbituba, Palhoça, São Bonifácio e Taió, todos sem registro de vacina contra a febre amarela. Em 2020, tivemos 17 casos confirmados com a doença. Quando se analisa o período de monitoramento atual (julho/2021 a junho/2022), foram notificados 90 casos suspeitos, sendo que 89 foram descartados (75 pelo critério laboratorial e 14 pelo critério clínicoepidemiológico), e UM (01) foi confirmado com a doença (Figura 1). >> Vigilância de Epizootias em Primatas Não Humanos – PNH (macacos) ● A vigilância de epizootias em PNH consiste em captar informações sobre o adoecimento ou morte desses animais e investigar oportunamente, a fim de detectar precocemente a circulação do vírus amarílico e subsidiar a tomada de decisão para a adoção das medidas de prevenção e controle. No ano de 2022, entre a SE 01 a 18 (02/01/2022 a 07/05/2022), foram notificadas 51 epizootias de PNH em 14 municípios de Santa Catarina. Neste período, do total de PNH acometidos, 16 (31%) tiveram a causa do óbito indeterminada (sem possibilidade de diagnóstico devido à ausência de coleta de amostras para análise), 13 (26%) permanecem em investigação, e 22 (43%) foram descartados (Tabela 3 e Figura 2). O grande aumento no número das notificações nos últimos anos, bem como a confirmação da doença em alguns PNH, indica a circulação do vírus da febre amarela e serve como alerta para a adoção imediata de medidas de prevenção, especialmente a vacinação das pessoas a partir dos nove (09) meses de idade, uma vez que a doença nos PNH precede os casos humanos. A sensibilidade dos municípios em notificar epizootias em PNH e coletar amostras oportunamente é o fator determinantepara a redução do risco de exposição das pessoas suscetíveis. Os 14 municípios que notificaram epizootias no ano de 2022 podem ser visualizados no mapa abaixo (Figura 3). Considerando o período de monitoramento atual de julho/2021 a junho/2022 (Figura 4) foram notificadas 122 epizootias em PNH, em 35 municípios de Santa Catarina. Do total de PNH notificados, 69 (57%) tiveram resultado negativo, 37 (30%) tiveram a causa do óbito indeterminado, 13 (11%) estão em investigação e três (03) (2%) foram positivas para febre amarela (ocorreram em Urussanga, São Cristóvão do Sul e Pedras Grandes). >> Imunização A vacina contra a febre amarela é o único meio de prevenção contra a doença. É altamente imunogênica, segura e confere proteção a 95% a 99% dos vacinados. Desde julho de 2018, todo o estado de Santa Catarina é Área com Recomendação de Vacina (ACRV). A vacina é elaborada a partir de vírus vivo atenuado, que estimula a produção de anticorpos contra a doença. Está indicado no calendário vacinal a partir dos nove (09) meses de idade, exceto para aquelas em situação com condições de imunização especial. Até o mês de dezembro de 2021, a cobertura vacinal em Santa Catarina é de 81,16%. Na Figura 5, é possível visualizar a situação de cada município. É importante destacar que a cobertura vacinal em Santa Catarina não é homogênea, sendo fundamental o reforço nas áreas com percentual de vacinados abaixo de 95%. Essa análise é especialmente importante nos locais em que há evidência da circulação do vírus da FA, bem como naqueles em que a análise de risco aponta a possibilidade de disseminação da doença (Figura 7). >> Eventos Adversos Pós Vacinação Evento adverso pós-vacinação (EAPV) é qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação e que, não necessariamente, possui uma relação causal com o uso de uma vacina ou outro imunobiológico (imunoglobulinas e soros heterólogos). Um EAPV pode ser qualquer evento indesejável ou não intencional, isto é, sintoma, doença ou um achado laboratorial anormal (CIOMS; WHO, 2012). A partir do dia 1º de janeiro até o dia 09 de maio de 2022, não foram notificados casos de evento adverso grave pós-vacinação pela vacina de febre amarela. É importante destacar que a ocorrência de eventos adversos, em especial os casos considerados graves, são raros, mas necessitam de atendimento médico imediato para avaliação e conduta, bem como a investigação pela Vigilância Epidemiológica. >> Avaliação de risco para circulação do vírus da FA em SC As características ambientais do deslocamento da doença são conhecidas a partir da notificação do adoecimento e morte dos Primatas Não Humanos (PNH – macacos), para que assim seja possível realizar a coleta das vísceras e identificar a circulação viral, bem como com os casos humanos confirmados. Com as informações atualmente disponíveis, estudos de avaliação de risco que vem sendo realizados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina em parceria com os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, Ministério da Saúde e Fiocruz, sendo possível estimar a velocidade de deslocamento do vírus pelos corredores ecológicos em 3 Km/dia. No ano de 2021, o estado de Santa Catarina confirmou a circulação do vírus da febre amarela em nove (09) das dezessete (17) Regiões de Saúde: Alto Vale do Rio do Peixe, Carbonífera, Extremo Oeste, Grande Florianópolis, Laguna, Meio Oeste, Médio Vale do Itajaí, Serra Catarinense e Planalto Norte. É fundamental a vacinação de todas as pessoas não vacinadas, especialmente aquelas que residem ou trabalham em áreas silvestres ou próximas às matas. Ressalta-se que toda a expansão da circulação do vírus está associada à ocorrência do ciclo silvestre da doença, não havendo até o momento nenhum indício da sua urbanização. 2) Caracterizar os níveis de prevenção 1° à 4°. a) Prevenção primária: É a ação tomada para remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica. Inclui promoção da saúde e proteção específica (ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir chance de desenvolvimento de obesidade). A prevenção primária é marcada por ações focadas em impedir a ocorrência das doenças antes que elas se desenvolvam no organismo dos pacientes. Ela subdivide-se em dois níveis: a promoção da saúde e a proteção específica. E, como podemos imaginar, contempla o período pré-patogênico (antes do adoecimento) e ações sobre agentes patógenos e seus vetores. Esse nível de prevenção, portanto, diz respeito a ações tomadas para remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional, antes do desenvolvimento de alguma condição clínica. Esse nível de atenção é fundamental para a sociedade, uma vez que tem ação preventiva e contribui para evitar o adoecimento da população. Isso, sem dizer da redução dos gastos com tratamentos de doenças. Os programas de vacinação e imunização de doenças transmissíveis, por exemplo, são exemplos importantes de ações de prevenção primária. Também fazem parte desse nível de prevenção ações de incentivo à educação alimentar, prática de atividade física e campanhas educativas, por exemplo, contra uso de cigarro ou bebidas alcoólicas. b) Prevenção secundária: É a ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, no indivíduo ou na população, facilitando o diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo (ex.: rastreamento, diagnóstico precoce). Ao contrário do nível primário, aqui a doença já se manifestou, mas ainda em fase inicial. A prevenção secundária é essencial, uma vez que o diagnóstico precoce é fundamental para o êxito de tratamentos de várias doenças, muitas delas, fatais. Vale destacar que esse nível também é dividido em dois níveis: Diagnóstico precoce e Limitação da incapacidade. Portanto, a prevenção secundária tem como foco detectar um problema de saúde em estágio inicial, reduzindo ou prevenindo sua disseminação e efeitos a longo prazo. Um exemplo de ação nesse sentido é o rastreamento para diagnóstico precoce. Esse nível de prevenção busca identificar e confirmar o diagnóstico e impedir que a enfermidade avance ou tenha seu quadro piorado. Em caso de doenças infecciosas, é fundamental, pois pode reduzir sua disseminação. O objetivo aqui é promover melhor evolução clínica para pacientes por meio de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. c) Prevenção terciária: É a ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação (ex.: prevenir complicações do diabetes, reabilitar paciente pós-infarto – IAM ou acidente vascular cerebral). Esse nível de atenção é a evolução do nível anterior. Nessa fase, por exemplo, o quadro patológico do paciente já evoluiu e a proposta é reduzir complicações ou agravos no quadro do indivíduo. As ações que integram esse nível de prevenção se fazem necessárias ações para reduzir os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico. Podemos definir a prevenção terciária, portanto, como o conjunto de ações que objetivam reduzir a incapacidade do paciente, de forma a permitir sua rápida e melhor reintegração na sociedade. A prevenção terciária é implementada para reduzir em um indivíduo ou em uma população os prejuízos funcionais advindos de um problema agudo ou crônico, a exemplo do diabetes ou do acidente vascular cerebral. Trata-se, assim, da busca pela reabilitação de pacientes com doenças clinicamente detectáveis. d) Prevenção quaternária: De acordo com o dicionário da WONCA 3 é a detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas, excessivas para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadase sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis. Esse nível de prevenção é demandado com quando o paciente já está com a doença em estágio mais avançado. Nesse sentido, podemos definir a prevenção quaternária como sendo o conjunto de ações realizadas com o objetivo de evitar danos relacionados a intervenções médicas e de outros profissionais de saúde. É o caso, por exemplo, quando o tratamento é considerado pior do que a doença. A proposta aqui é, principalmente, prevenir o que chamamos de hipermedicalização do cuidado, que nada mais é do que o uso excessivo de medicamentos. Além disso, é objetivo da prevenção quaternária evitar intervenções invasivas desnecessárias, como cirurgias ou exames, assim como fortalecer a política de redução de danos junto ao paciente. O desafio dos profissionais de saúde nesta fase é promover procedimentos científica e eticamente aceitáveis para melhor qualidade de vida do paciente. e) Prevenção qüinqüenária: Esse nível de prevenção ganha ainda mais importância após a pandemia da Covid-19 e todo o contexto vivido por profissionais de saúde em virtude da disseminação do vírus. Esse conceito surgiu recentemente, em 2014, com foco em prevenir o dano no paciente, atuando no médico. Ou seja: é preciso cuidar de quem cuida. Podemos dizer, então, que a prevenção quinquenária trata de medidas preventivas que visam a melhoria da qualidade dos cuidados prestados ao paciente, mirando no cuidador, de ondem emergem os cuidados. Um exemplo disso é a prevenção ao Burnout (esgotamento) dos profissionais de saúde. Vale aqui reforçar que o Burnout é o estado de exaustão física e ou psicológica no contexto do trabalho. Hospitais e prontos-socorros são ambientes tensos por natureza. Mas, o que se viu com a pandemia do novo coronavírus foi um cenário desolador, com médicos e profissionais da linha de frente exaustos – não só pelo excesso de trabalho, quanto pelo medo em relação ao vírus e pelo cenário de incertezas que impactou todos nós. Esse nível de prevenção é sim um grande avanço para profissionais de saúde. É preciso reconhecer, também, seus benefícios para a qualidade dos serviços prestados à população. 3) Conceituar Reservatório Natural, Vetor, e H.I e H.D. RESERVATÓRIO NATURAL Qualquer local, vegetal, animal ou humano onde vive e multiplica-se um agente etiológico e do qual é capaz de atingir outros hospedeiros. Um reservatório natural de um patógeno é um hospedeiro, animal ou inseto, que por não apresentar as características da doença, “convive” com o agente de forma pacífica. No Brasil, tatus são reservatórios para a doença de Chagas e morcegos podem abrigar o vírus da raiva. VETOR Quando falamos que uma doença é transmitida por um vetor, estamos dizendo que, para que a patologia seja passada de um ser para outro, é necessário um veículo de transmissão. Os mosquitos são importantes vetores, como é o caso do Aedes aegypti, que leva o vírus causador da dengue, Zika, febre amarela e chikungunya. De acordo com a Sociedade Brasileira de Parasitologia, existem dois tipos de vetores: ❖ Vetor biológico: é aquele em que o agente etiológico multiplica-se. ❖ Vetor mecânico: é aquele que funciona apenas como transporte, não havendo multiplicação do agente etiológico." HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO É aquele que apresenta o parasito em sua fase larvária ou assexuada. Ex.: o caramujo é o hospedeiro intermediário do S. mansoni. HOSPEDEIRO DEFINITIVO É o que aloja o parasita em sua fase de maturidade ou em fase de reprodução sexuada. HOSPEDEIRO PARATÊNICO É aquele que serve apenas como uma espécie de veículo para o parasita. Aqui, temos organismos que transportam o parasita de um local para o outro, não sendo relevantes ou fundamentais para o ciclo transmissivo de uma doença. Exemplos desse tipo de hospedeiro são alguns peixes grandes, que ingerem peixes menores contaminados com larvas de Diphyllobothrium. O processo termina quando o ser humano ingere o peixe maior, geralmente cru. 4) Conceituar e calcular os principais indicadores epidemiológicos (incidência e prevalência, coeficiente de mortalidade geral e infantil - Perinatal, neonatal, tardia) compreendendo seu significado nas condições de saúde de uma população. Os coeficientes mais utilizados na área da saúde baseiam-se em dados sobre doenças (morbidade) e sobre eventos vitais (nascimentos e mortes). ● Coeficientes de MORBIDADE (doenças): Coeficiente de incidência da doença, Coeficiente de prevalência da doença , Coeficiente de letalidade. ● Coeficientes de MORTALIDADE: Coeficiente geral de mortalidade (CGM), Coeficiente de mortalidade infantil (CMI), Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis. INCIDÊNCIA ➢ Incidência: A incidência refere-se ao número de novos eventos ou casos novos que o correm em uma população de indivíduos em risco durante um determinado período de tempo. Existem duas formas de se medir incidência: ❖ incidência cumulativa e ❖ taxa de incidência ou densidade de incidência A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período. Traz a ideia de intensidade com que acontece uma doença numa população, mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. Da fórmula acima fica evidente que a prevalência, além dos casos novos que acontecem (incidência), é afetada também pela duração da doença, a qual pode diferir entre comunidades, devido a causas ligadas à qualidade da assistência à saúde, acesso aos serviços de saúde, condições nutricionais da população, etc. Assim, quanto maior a duração média da doença, maior será a diferença entre a prevalência e a incidência. A incidência cumulativa fornece uma estimativa da probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença durante um período específico de tempo e, por isso, é também chamada simplesmente de risco. Esta medida assume que todos os indivíduos identificados no início do seguimento foram acompanhados por todo o período em questão. O tempo de observação ou seguimento é variável, mas deve sempre ser claramente indicado. A fórmula proposta para incidência cumulativa (Ic) é PREVALÊNCIA ➔ Prevalência: A prevalência mede a proporção de indivíduos em uma população que estão acometidos da doença em um determinado momento. É, portanto, uma medida estática (análoga a uma fotografia) relacionada a um ponto no tem po, mesmo que a coleta de dados ocorra durante dias, meses o u até anos. O numerador é composto de casos ativos no momento do estudo, sejam eles recentes ou antigos. A fórmula para o cálculo da prevalência (P) é A prevalência indica qualidade do que prevalece, prevalência implica em acontecer e permanecer existindo num momento considerado. Portanto, a prevalência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado local e período. O coeficiente de prevalência é mais utilizado para doenças crônicas de longa duração. Ex: hanseníase, tuberculose, AIDS, tracoma ou diabetes. Casos prevalentes são os que estão sendo tratados (casos antigos), m ais aqueles que foram descobertos ou diagnosticados (casos novos). A prevalência, como ideia de acúmulo, de estoque, indica a força com que subsiste a doença na população. A prevalência pode aumentar com o aumento da Incidência ou pela migração de grupos nos quais essa doença seja muito prevalente. Pode aumentar por tratamentos que prolonguem a vida (sem curar) e também por técnicas que levam a identificação da doença (diagnóstico mais fácil). A prevalência pode diminuir com novos tratamentos que curam a doença, pela diminuição da incidência ou pelo aumento da letalidade da doença, entre outros. COEFICIENTE DE LETALIDADE ➢ Coeficiente de letalidade: representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade da doença ou agravo napopulação. Isso pode ser uma característica da própria doença (por exemplo, a raiva humana é uma doença que apresenta 100% de letalidade, pois todos os casos morrem) ou de fatores que aumentam ou diminuem a letalidade da doença na população (condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a medicamentos, por exemplo). É dado pela relação: Seu resultado é dado, portanto, sempre em percentual (%). Não deve ser confundido com coeficiente de mortalidade geral, que é dado por 1000 habitantes, e representa o risco de óbito na população. A letalidade, ao contrário, representa o risco que as pessoas com a doença têm de morrer por essa mesma doença. COEFICIENTE GERAL DE MORTALIDADE ➢ Coeficiente geral de mortalidade (CGM): representa o risco de óbito na comunidade. É expresso po r uma razão, e pode ser calculado, como todos os demais coeficientes, também através de regra de três simples (se numa população de 70.000 habitantes tenho 420 óbitos, em 1000 habitantes terei “ x”, sendo 1000 o parâmetro que permitirá comparar com outros locais ou outros tempos): Este coeficiente, no entanto, não é m uito utilizado para comparar o nível de saúde de diferentes populações, pois não leva em consideração a estrutura etária dessas populações (se a população é predominantemente jovem ou idosa). Um coeficiente geral de mortalidade alto para uma população mais idosa significa apenas que as pessoas já viveram o que tinham para viver e, por isso, estão morrendo. Já para uma população mais jovem estaria significando mortalidade prematura. P ara comparação de duas ou mais populações com diferentes estruturas etárias, ou de sexo, há necessidade de padronizar os coeficientes, tendo como referência uma população padrão. COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL ➢ Coeficiente de mortalidade infantil (CMI): é uma estimativa do risco que as crianças nascidas vivas tem de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das condições de vida e saúde de uma comunidade. Pode ser calculado por regra de três ou através da seguinte razão: COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS ➢ Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis: é uma estimativa do risco de a população morrer por doenças infecciosas e parasitárias (tuberculose, tétano, diarreia infecciosa, aids etc.), classificadas atualmente no Capítulo I da CID-10. Quanto mais elevado o resultado deste coeficiente, piores as condições de vida. É dado pela equação: COEFICIENTE DE MORTALIDADE PERINATAL ➢ Coeficiente de mortalidade perinatal: segundo a Classificação Internacional de Doenças em vigor (a CID-10), o período perinatal vai da 22ª semana de gestação até a primeira semana de vida da criança, diferenciando da definição anterior (da CID-9) que considerava a partir da 28ª semana de gestação. Dessa maneira, o coeficiente atualmente é dado pela seguinte razão: COEFICIENTE DE MORTALIDADE MATERNA ➢ Coeficiente de mortalidade materna - representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério, sendo um indicador da qualidade de assistência à gestação e ao parto numa comunidade. É dado pela equação: Conhecer as definições da Organização Mundial da Saúde é fundamental para o cálculo correto deste indicador: ➔ Morte materna: é a morte da mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais. Pode ser subdividida em: a) morte obstétrica direta, sendo aquela resultante de complicações obstétricas devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto, etc. (aborto, infecção puerperal, etc) e b) morte obstétrica indireta, quando resulta de doenças existentes antes da gravidez, ou desenvolvidas durante a gravidez, não devidas a causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez (diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, etc). No cálculo do coeficiente de mortalidade materna entram, portanto, todos os casos de óbitos maternos, tanto por causas obstétricas diretas, como indiretas, que ocorreram em até 42 dias após o término da gestação. Apesar de não entrarem no cálculo para fins de comparação, é importante o serviço de saúde registrar, ainda, as mortes por causas obstétricas (diretas ou indiretas) que ocorreram após 42 dias do término da gestação, bem como as mortes relacionadas com a gravidez, sendo assim definidas (OMS, 1994): ➔ Morte materna tardia: é a morte de uma mulher por causas obstétricas diretas ou indiretas mais de 42 dias mas menos de um ano após o término da gravidez. ➔ Morte relacionada com a gravidez: é a morte de uma mulher enquanto grávida ou até 42 dias após o término da gravidez, qualquer que tenha sido a causa de morte. COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSA ➢ Coeficiente de mortalidade por causa - Permite conhecer os riscos de morrer por uma determinada causa e consequentemente orientar sua prevenção específica. Nas doenças transmissíveis é bom indicador para avaliar as ações de saneamento e a eficácia e o impacto de medidas de prevenção e controle adotadas. Relaciona o número de óbitos por uma determinada causa pela população exposta. NATALIDADE ❖ Natalidade: Os principais coeficientes que medem a natalidade (nascimentos) de uma população são o coeficiente de natalidade e o de fecundidade. Enquanto o coeficiente de natalidade está relacionado com o tamanho da população, o de fecundidade está relacionado com o número de mulheres em idade fértil. Por isso, é comum a fecundidade ser expressa também em média de filhos por mulher (por exemplo: 2,5 filhos por mulher). O coeficiente de natalidade, portanto, pode ser calculado pela seguinte equação: FECUNDIDADE O coeficiente de fecundidade, como está relacionado à população feminina em idade fértil, é dado pela fórmula (ou calculado por regra de três): ❖ Esperança de vida - é o número médio de anos que ainda restam para serem vividos por indivíduos de determinada idade, pressupondo-se que a probabilidade de morte que foi base deste cálculo continue inalterada nesta população. É muito usada a esperança de vida ao nascer. 5) Conhecer as Curvas de mortalidade proporcional (Nelson de Morais) compreendendo seu significado das condições de saúde da população. As curvas de mortalidade proporcional, ou como são conhecidas, curvas de Nelson de Moraes, receberam este nome em homenagem ao sanitarista brasileiro que as idealizou em 1959. São construídas a partir da distribuição proporcional dos óbitos por grupos etários em relação ao total de óbitos. O seu formato gráfico permite avaliar o nível de saúde da região estudada. O eixo x representa faixas etárias predeterminadas (menor que 1 ano; 1 a 4 anos; 5 a 19 anos; 20 a 49 anos; 50 anos ou mais) e o eixo y é a mortalidade proporcional para cada faixa etária representada no eixo x. A curva possui 4 tipos com formas características que correspondem a distintas condições de vida da população estudada: N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J Os grupos etários considerados nas curvas são: menores de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 19 anos, 20 a 49 anos e 50 anos ou mais, correspondendo, esta última, à faixa etária do indicador de Swaroop-Uemura As variações da curva de mortalidade proporcional representam distintos níveis de saúde, como você pode visualizar a seguir:
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