Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 1 Títulos de crédito e contratos empresariais em espécie Programa - Contratos Categorias de contratos definidos de acordo com a sua função econômica: (a) Transmissão de bens: compra e venda, representação comercial, concessão comercial, etc. (b) Financiamento: mútuo, alienação fiduciária, operações estruturadas, etc. (c) Fusão e aquisição de empresas: alienação de ações, fusões, incorporações de ações, joint venture, consórcios. (d) Contratos futuros 2ª PROVA Títulos de Crédito e contratos empresariais em espécie (02/05/12) Faltamos – tema da aula: contratos de financiamento: mútuo. Alienação fiduciária. Contratos bancários. Alienação Fiduciária (Sinopse Jurídica) Fabio Ulhoa Coelho: Trata-se de contrato instrumental de um mútuo, em que o devedor, para garantia do cumprimento de suas obrigações, aliena ao fiduciário (credor) a propriedade de um bem. É uma modalidade de garantia real. A alienação fiduciária pode recair sobre bens móveis ou imóveis. Súmula 28 do STJ: o contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor. Contratos de financiamento Operações estruturadas de financiamento: utilizam uma série de contratos e institutos relacionados à garantia. Financiamento sempre tem garantias, dívidas sem garantia só em atividade decorrente da atividade comercial como com fornecedores. Contrato de mútuo É uma forma de empréstimo. O comodato tem por objeto coisas infungíveis e é sempre gratuito. Já o mútuo tem por objeto bens fungíveis, e pode ser gratuito ou oneroso Mútuo pode ter por objeto não só dinheiro, mas outros bens fungíveis. Quando o mutuante entrega o bem para mutuário há transferência de propriedade, e este se obriga a devolver não o mesmo bem, mas a mesma espécie, quantidade e qualidade do bem. Juros: na vida civil ou comercial, ou no mercado financeiro. CC/02 revogou lei de usura que fixava em 12% o limite de juros anuais, mas há muito tempo esta limitação não se aplicariam ás instituições financeiras, lei outorgou ao BC e ao CMN a competência de regular a limitação de juros cobrados pelas instituições financeiras. Capitalização de juros: juros sobre juros. A lei de usura permitia capitalização anual apenas. Juros 2 2 simples e compostos tem grande diferença. Lei disciplinava exceções para títulos agrários e imobiliários. Anatocismo: juros sobre juros. CCB: há autorização específica para capitalização de juros com período menor. CC/02: fixa um limite para valor dos juros e para a periodicidade de sua capitalização, CC remete ao CTN: valor dos juros cobrados pela fazenda federal quanto aos seus tributos, 12% ao ano, salvo disposição em contrário da lei tributante, mas lei específica federal sobre tributos diz que é a taxa SELIC, mas jurisprudência aceitou SELIC para definir juros, limites dos juros celebrados por não- instituição financeira é a taxa SELIC, mas SELIC hoje é de 9% ao ano. A capitalização dos juros no mútuo não pode ter capitalização inferior a um ano no regime do CC/02. Lei 4595 - mútuo para instituições financeiras: vige regime de liberdade para bancos definirem quanto vão cobrar de juros, não há limite e a periodicidade da capitalização é liberada em tempo inferior a um ano. Operadora de cartão de crédito não é instituição financeira e não teria direito a liberdade da lei 4595, mas STJ disse que se a operadora de cartão tem custos oriundos de dinheiro tomado dos bancos, então pode repassar esses custos aos clientes. Mas, as operadoras hoje fazem parte dos bancos e podem cobrar estes altos bancos. Spread bancário: diferença entre o que banco cobra nos seus empréstimos e o que o banco paga em termos de custos na captação do dinheiro (custos tributários, de concorrência, de inadimplência, etc). Concentração no mercado financeiro brasileiro afeta spread. Garantia: quais são as garantias disponíveis: Garantias reais Se estrutura a vinculação de um bem ao pagamento de um financiamento. Penhor (bem móvel) e hipoteca (bem imóvel). A hipoteca se constitui pelo registro na matrícula do imóvel. Existem hipotecas de diversos graus, quem é titular da hipoteca de primeiro grau tem garantia que o valor da alienação daquele bem será revertido para satisfazer seu crédito e se sobrar dinheiro irá para o pagamento da hipoteca de segundo grau, terceiro etc. Penhor: bem móvel infungível, tenho que individualizar o bem da dívida. Penhor se constitui com a tradição do bem empenhado (não é contrato consensual, mas real, pois além do encontro de vontades, tem que ter tradição, entrega do bem). Mas empresário não pode entregar máquinas industriais ao banco, pois precisa delas para exercer sua atividade: este penhor empresarial não precisa de entrega do bem (máquina p.ex.). Há, portanto, dualidade de regime jurídico, não há unificação material. Há ainda a possibilidade de penhor de créditos e títulos de crédito. Garantias fidejussórias São garantias pessoais. Pode ser fiança e aval (para títulos de crédito). Fiador pode renunciar a benefício de ordem e pode ser devedor solidário, no aval o avalista é devedor solidário sempre. Fiança é obrigação acessória e a extinção da obrigação principal extingue a fiança também. Já o aval é uma obrigação autônoma e sobrevive mesmo que a obrigação cartular principal seja nula. 3 3 Prioridade em termos de recebimento de crédito e sistema de recuperação de crédito. Qual o sistema de recuperação do crédito? Em regra, uma ação de conhecimento de cobrança para fazer meu direito de crédito valer se não tenho documento escrito (monitória) nem título executivo extrajudicial. Então terei que esperar julgamento na sentença e na apelação, até lá não tenho execução. Mas, se tenho um título do art. 585 do CPC ou de outro dispositivo legal então posso executar direto. Tem que buscar bens do devedor. Na hipoteca ou penhor o bem vinculado ao meu crédito não pode ser penhorado por um terceiro, eu credor hipotecário ou pignoratício deverei ser intimado da penhora do meu bem, e o produto da alienação do bem será revertido primeiro para o credor pignoratício ou hipotecário. Pode devedor indicar outros bens a penhora, não aqueles já empenhados ou hipotecados. Devedor que possui mais de um credor: conjunto de dívidas e de credores, qual posição do credor em relação às outras dívidas, hierarquia entre os credores, relação importante quando devedor está insolvente (passivo maior que ativo) ou insolvável (não tem liquidez, descompasso de fluxo de caixa, não consegue honrar em dia suas dívidas, apesar de ativo maior que passivo). Procedimento de concurso de credores do CPC, falência e recuperação judicial, ordem hierárquica entre credores, quem recebe primeiro. 1.credor trabalhista (limitados a 150 salários mínimos por credor na falência), 2. credor com garantias reais (hipoteca e penhor), 3. fisco, 4. credores com privilégio, 5. credores quirografários, 6. créditos subordinados como debêntures. Tenho que pagar todos os créditos da classe um, depois passo as demais. A lei 4728 criou instituto novo na década de 1970: alienação fiduciária em garantia. lei 9514 e lei 10931. Alienação fiduciária: desdobramento da propriedade, propriedade fiduciante e do devedor fiduciário, propriedade resolúvel, CC/02, art.1361. Credor e devedor passam a dividir a propriedade do bem, credor se transforma em proprietário do bem. Objetivo de credor proprietário recuperar seu crédito de modo mais eficiente, sem execução judicial, recuperação e falência. O credor fiduciante pode buscar e apreender o bem, feito por instituição financeira, credor fiduciário é proprietário, bem é do credor fiduciante, pode- se converter busca e apreensão em depósito se o bem não for encontrado, pois devedor se torna depositário do bem. Eu, como credor fiduciante, sou proprietário e posso vender o bem extrajudicialmente e devolvo o que sobejar ao devedor. Permite vinculação total do bemao credor, bem na alienação fiduciária sai da ordem da lei de falências, bem integra patrimônio do devedor e massa falida nos outros créditos, mas na alienação fiduciária o bem é do credor e não faz parte da massa falida, a propriedade se consolida nas mãos do banco com o inadimplemento. Credor tinha obrigação de vender bem extrajudicialmente. E na década de 1990: teve-se grande ideia de obter alienação fiduciária para imóveis, lei 9514. Alienação fiduciária de imóvel é contratada por todos, não só pelos bancos, no caso de inadimplência, propriedade do credor se consolida e juiz pode dar reintegração de posse com liminar e há a possibilidade de fazer venda extrajudicial do imóvel. A lei 10.931: alienação fiduciária para mercado financeiro e de capitais, tem por objeto bens móveis fungíveis ou infungíveis, bens fungíveis como dinheiro e títulos de crédito, direitos de crédito, cessão 4 4 fiduciária de créditos e recebíveis. CCI: cessão fiduciária do crédito imobiliário, no caso do crédito: parecido com o penhor de crédito, se o devedor não paga o credor pignoratício pode intimar devedor a pagar a ele diretamente, hipótese extrajudicial de recuperação do crédito, querido devedor do meu devedor pague para mim e se sobrar alguma devolvo para ele e isso ocorre no penhor de título de crédito. Penhor de recebível ou de direito de crédito: banco empresta para empresa e empresa dá em troca direito de crédito de recebíveis ao banco como garantia do empréstimo e banco debita na conta da empresa em caso de não-pagamento, empresa faz contrato de abertura de conta bancária e se compromete a receber tudo numa mesma conta do banco e banco receberá os créditos dos fornecedores da empresa na conta e debita estes crédito da dívida da empresa. Mas, usa-se agora a cessão fiduciária de créditos, o debitar na conta é igual na cessão fiduciária de crédito, posso receber direito do devedor de meu devedor, diferença do penhor de crédito e da cessão fiduciária de crédito é que na cessão fiduciária de crédito banco não entra na ordem da lei de falências. Títulos de Crédito e conteratos empresariais em espécie (16/05/12) Alienação fiduciária: bens móveis infungíveis. Vem se expandindo. Lei 9514 levou para o campo dos imóveis. Depois passou a ser possível o uso para bens móveis fungíveis também, inclusive dinheiro. E há também a propriedade fiduciária do CC, mas aí é restrito aos bens móveis infungíveis, segundo o CC. Alienação fiduciária propicia um sistema mais eficiente de recuperação do crédito; isso porque o credor pode auto-executar o bem da garantia, sem recorrer ao judiciário. Pode vender ou leiloar o bem. E o devedor é considerado depositário, havendo punições severas caso o bem suma. Sem a alienação fiduciária, o tempo para recuperar o crédito era imenso. Também há tratamento privilegiado na inadimplência do devedor. Alienação fiduciária fica de fora da recuperação judicial, e fica de fora do sistema de falências. Isso porque a propriedade do bem se consolida na figura do credor. Logo, o bem não integra a massa falida. Cessão fiduciária de crédito Até anos 2000: grandes financiamentos só eram feitos pelo Estado. Não havia instrumento de financiamento privado a longo prazo. Boa parte do financiamento ainda vem do Estado: ex. BNDES. Mas também começa a haver financiamento do Itaú, Bradesco. Especialmente na área de infraestrutura, começa a surgir financiamento de projeto: estruturas contratuais que visam a financiar projetos, sobretudo na área de estrutura, que exige um volume grande de investimentos e um prazo longo de recuperação daquele investimento. Ex: construção de hidrelétrica, metrô, estádio de futebol (demora anos para construir, para só depois gerar frutos). Investimentos são os insumos necessários para viabilizar a implementação do objeto. A remuneração pela implementação virá somente depois. 5 5 Empresário geralmente faz uma alienação fiduciária das ações de sua empresa pros credores. Os credores não querem ser proprietários da empresa (não querem ser donos da empresa), mas se houver algum problema, podem assumir a direção da empresa que está usando o dinheiro deles. Credores podem até entregar as ações para outro empresário/grupo que podem administrar melhor. Sobre essas ações, também pode haver hipoteca, penhor. SPE = sociedade de propósito específico. Ex: sociedade que só foi criada para construir a obra. Geralmente fazem isso para desvincular o negócio do restante do patrimônio, dos riscos. Ex: Odebrecht cria outra PJ só para determinada obra. Assim, se der problema, não afeta todo o patrimônio da Odebrecht. Geralmente não há somente um credor só, e sim vários credores. Cessão fiduciária: o devedor transfere ao credor a titularidade de recebíveis imobiliários, até a liquidação da dívida. Desta forma, o credor passa a receber os créditos cedidos diretamente dos devedores e, após deduzidas as despesas, credita o produto da operação para o devedor. A falência do devedor-cedente não alcança a cessão fiduciária. No caso de direitos de crédito, o credor-cessionário pode recuperar os ativos da massa falida via ação de restituição, nos termos do Artigo 20 da Lei nº 9.514, de 20 de novembro de 1997: Tendo em vista a redação do art. 66-B da Lei 4.728/1965, a alienação fiduciária de créditos vêm sido utilizada largamente no mercado financeiro como garantia para a concessão de créditos a empresas. Verifica-se ainda que, para a formalização da referida garantia é utilizado o formato da cessão fiduciária que, por sua natureza, representa contrato bilateral entre as partes Project Finance O Project Finance é uma estruturação financeira visando viabilizar um determinado projeto de investimento. Em alguns casos é criada uma sociedade de propósito específico, isolando o projeto dos acionistas. Esta estrutura tem sido utilizada principalmente em projetos de infra-estrutura, devido à existência de um fluxo de receitas previsível. A idéia de viabilizar um projeto de telefonia, energia ou concessão rodoviária através de Project Finance visa essencialmente o isolamento entre o risco do projeto e risco dos acionistas. Dessa forma, no Project Finance puro, não é solicitada nenhuma espécie de garantia e aporte de recursos próprios dos empreendedores, o que não têm acontecido na prática. Um Project Finance garante uma maior tranqüilidade para o empreendedor e para o próprio credor, pois não existe uma garantia mais líquida do que os recebíveis do projeto para garantir o pagamento das prestações do financiamento. Além disso, modelar um Project Finance custa caro, devido à necessidade contratação de consultorias e de advogados especializados. Para que o fluxo de receita garanta o pagamento dos juros e das amortizações do financiamento é criada em um banco chamado de "trustee" uma conta a "escrow account" por onde passam primeiramente as receitas do projeto, sendo acumulado o montante de recursos suficiente para pagamento de algumas prestações futuras do financiamento, para que depois sim, os recursos sejam disponibilizados para a empresa. O Project Finance ao contrário dos financiamentos tradicionais possui algumas facilidades como: a 6 6 idéia do projeto se auto financiar e se auto pagar; menor comprometimento de recursos próprios dos acionistas; não prestação de garantias reais e pessoais; balanços dos empreendedores menos endividados; transparência sobre os resultados do projeto; liquidez das garantias prestadas ao credor; entre outras, o que pressupõe sua maior utilização no futuro. Site do BNDES: É uma forma de engenharia financeira suportada contratualmente pelo fluxo de caixa de um projeto, servindo como garantia os ativos e recebíveis desse mesmo projeto. Considera-se colaboração financeira estruturada sob a forma de project finance a operação de crédito realizada que possua, cumulativamente, as seguintes características: a. O cliente deve ser uma Sociedadepor Ações com o propósito específico de implementar o projeto financiado, constituída para segregar os fluxos de caixa, patrimônio e riscos do projeto; b. Os fluxos de caixa esperados do projeto devem ser suficientes para saldar os financiamentos; c. As receitas futuras do projeto devem ser vinculadas, ou cedidas, em favor dos financiadores; d. O Índice de Cobertura do Serviço da Dívida (ICSD) projetado para cada ano da fase operacional do projeto deve ser de, no mínimo, 1,3; o ICSD poderá ser de, no mínimo, 1,2, desde que o projeto apresente Taxa Interna de Retorno (TIR) mínima de 8% a.a. em termos reais. e. O capital próprio dos acionistas deve ser de no mínimo 20% do investimento total do projeto, excluindo-se, para efeito desse cálculo, eventuais participações societárias da BNDESPAR. A critério do BNDES, a geração de caixa do projeto poderá ser considerada como parte do capital próprio dos acionistas; e f. Os contratos da operação devem vedar a concessão de mútuos do cliente aos acionistas e ainda estabelecer condições e restrições aos demais pagamentos efetuados pelo cliente a seus acionistas, a qualquer título. 1) Crédito futuro: é um crédito que ainda não ingressou no patrimônio da pessoa, é uma expectativa. Não dá pra fazer cessão fiduciária de crédito futuro, pois o crédito ainda não existe (??). Mas posso dizer no contrato que quando eu tiver tal bem, vou dar em garantia (obrigação de fazer). Pode fazer direto em conta, ou seja, credor pode debitar mês a mês o valor. 2) Crédito existente: o crédito existe, mas ainda não foi performado (por exemplo, decorre de contrato habitual entre empresa e para quem ela vai vender a energia elétrica). Existe exceção do contrato não cumprido. Se credor não cumprir, devedor pode não pagar a energia. Há um risco de ele não existir, do devedor não cumprir. Mas já é passível de penhor e alienação fiduciária. 3) Crédito performado: já cumpriu a obrigação, há certeza do crédito. Crédito é cedido para empresa de securitização. Crédito performado é um crédito mais certo. Ex: já entreguei minha mercadoria, está tudo ok. Então o crédito já existe, é certeza. Uma hora recebo. Enquanto ainda não tenho o crédito (crédito futuro) – tenho que trabalhar com a cessão de crédito. Não tem como emitir título de crédito pra crédito futuro. 7 7 Criação de PJ específicas; entrega da PJ para financiador; trabalhar com pacote de garantias (pool de credores); criar contratos de seguros; trabalhar com os crédito futuros (cessão de crédito, cessão fiduciária, penhor de crédito) = é o que se usa nos grandes financiamentos. Títulos de Crédito e contratos empresariais em espécie (23/05/12) Quando tratamos das operações de financiamento de projeto, em certa medida trabalhamos com todos os contratos e institutos que tratamos anteriormente. Quem são as partes em um projeto de financiamento no modelo clássico? De um lado, uma ou um grupo de instituições financeiras (Financiadores), e de outro o empreendedor. No contrato da arena de Pernambuco tem o Banco do Brasil, e também o BNDES. Os empreendedores são os patrocinadores. Quem recebe o dinheiro é a Arena Pernambuco S.A.. Quem é o acionista dessa Arena? A Odebrecht. Por que criar uma sociedade específica para explorar a construção do estádio? Ao criar uma sociedade específica para desenvolver um projeto, estamos segregando riscos. A Odebrecht é um grupo enorme, com uma série de ativos e passivos. Quando se cria uma nova PJ, estamos destacando esse empreendimento do conjunto de outros negócios realizados pela Odebrecht. Com isso, eu consigo destinar tudo relativo ao projeto para a sociedade específica. Além disso, significa que estamos tirando esse negócio dos riscos envolvidos nos outros negócios do grupo Odebrecht. Por meio da criação de uma nova PJ, dá-se a autonomia patrimonial e subjetiva. Uma das primeiras garantias é que os financiadores querem é poder “step in”. Já que a recuperação do meu crédito investido depende do sucesso daquele projeto, os financiadores querem ter a garantia de que se o projeto não der certo, eu assumo o controle daquele projeto. Quais são os instrumentos jurídicos para tanto? (a) Cessão fiduciária de todas as ações ou das ações de controle ou (b) penhor de ações. Por meio desses dois institutos o credor tem o poder para assumir o controle da sociedade específica que irá desenvolver o projeto em caso de inadimplemento do financiamento. Há também uma terceira modalidade (c) acordo de acionistas - dava-se uma ação para a instituição financeira, conferindo uma série de direitos de voto e veto, de modo que sua participação seria até mesmo ativa; a lei permite que eu confira ao credor titular de penhor determinados direitos de voto. É possível estabelecer no próprio contrato e penhor determinados vetos, segundo a LSA; ou (d) debêntures. Art. 113. O penhor da ação não impede o acionista de exercer o direito de voto; será lícito, todavia, estabelecer, no contrato, que o acionista não poderá, sem consentimento do credor pignoratício, votar em certas deliberações. Parágrafo único. O credor garantido por alienação fiduciária da ação não poderá exercer o direito de voto; o devedor somente poderá exercê-lo nos termos do contrato. Porém, você não pode transferir o direito de voto para o credor. Os financiadores não podem decidir se vai ou não aumentar o capital social. Mas é possível exigir que os financiadores autorizem eventual aumento de capital. A cessão fiduciária segue a mesma lógica do penhor. 8 8 Via acordo de acionistas é possível fazer o que quiser em termos de votos. É possível falar no acordo de acionistas que os financiadores podem, unilateralmente, decidir pelo aumento do capital social, por exemplo. No caso de acordo de acionistas é possível fazer uma interferência no negócio até mais gravosa. Por que isso é menos usual? Porque os credores têm receio do risco disso. Se os financiadores são acionistas, podemos pensar que os financiadores são acionistas controladores, de modo que eventuais dívidas podem alcançá-lo. Os financiadores não querem ser confundidos com a figura do acionista ou do controlador. Por isso, a despeito de uma estrutura que permita uma interferência mais estruturada, inclusive com execução específica, o que facilita a sua execução, os financiadores preferem o penhor ou a cessão fiduciária. Tratando-se da hipótese de debêntures, é possível atribuir direitos de veto e também criar debêntures conversíveis em ações, de tal maneira que aquele título de dívida torne-se controlador do negócio. Determinadas matérias podem ser estipuladas como dependentes do voto dos debenturistas. Quais são os institutos mais utilizados? O penhor e mais ainda a cessão fiduciária. No caso da Arena de Pernambuco houve o penhor de ações. Outra maneira é instituir “covenants”: cláusulas que submetem à autorização do credor algumas deliberações do devedor. Se uma deliberação é feita sem a manifestação de voto de acionista que deveria votar, aquela deliberação será nula. Por outro lado, se há cláusula que imputa autorização prévia do credor, não haverá nulidade da deliberação, mas mera quebra de contrato. Desse modo, as consequências serão aquelas próprias dispostas no contrato, como o vencimento antecipado. O instituto do covenant constitui, no direito anglo-saxão, um compromisso ou promessa em qualquer contrato formal de dívida protegendo os interesses do credor e estabelecendo que determinados atos não devem ou devem cumprir-se, podendo ser traduzido como compromissos restritivos (restrictive covenants) ou obrigações de proteção (protective covenants). Constitui, portanto, um sistema de garantia indireta, próprio de financiamentos, representado por um conjunto de obrigações contratuais acessórias, positivas ou negativas, objetivando o pagamento da dívida. Isso tudo permite com que o credor possa interferir no negócio e transferi-lo para terceiro. A debênturepode trazer um direito de ao convertê-las em ações, eu me torno acionista, enquanto no penhor e na cessão fiduciária a opção que temos é a alienação das ações. Outro tipo de garantia, além das ações, são os ativos do próprio negócio. Há diversas fases da operação. Uma fase é a pré-operacional, na qual há apenas o terreno. O que pode ser feito é uma hipoteca ou alienação fiduciária de imóvel. É também possível pedir alienação fiduciária ou penhor de todos os bens móveis. Em geral cada vez mais se vê alienação fiduciária de móvel/imóvel. Entrando na fase operacional, além do imóvel e dos equipamentos, passaremos a ter receitas. Espera-se que a Arena passe a ter receitas. Essas receitas ou esses recebíveis são sempre muito importantes. O valor do imóvel, dos equipamentos raramente são maiores que o fluxo de recebíveis que 9 9 se espera dentro de um determinado período de tempo. Esses direitos de crédito são passíveis de serem dados em garantia. Quais são os mecanismos para transferir recebíveis? Primeiro podemos ter um (i) crédito futuro, que é um crédito ainda não existente. Por outro lado, podemos ter um (ii) crédito existente, mas não performado, pois depende do cumprimento da obrigação contratual. E pode haver um (iii) direito de crédito existente e performado. Há dois sistemas de ceder créditos. Há o regime da cessão de crédito civil (a) (art. 286 e ss.) e temos (b) a cessão de crédito baseado nas regras próprios dos títulos de crédito. E daí vai depender do título de crédito específico. Qual é o regime básico da cessão de crédito civil? É um contrato no qual o credor assume a relação jurídica. De acordo com o CC, a cessão de crédito não depende da anuência do devedor. A mudança do polo ativo depende do mero acordo de vontades entre o credor cedente e o credor cessionário. O devedor, para que a cessão seja eficaz perante ele, precisa ser notificado. Além disso, todas as defesas que o devedor tinha contra o cedente continuam sendo oponíveis contra o cessionário. Na verdade é um crédito que se consubstancia num preço de contrato de compra e venda, assim, todos os problemas do contrato de compra e venda podem ser alegados contra o cessionário. Há ainda uma terceira característica: o crédito a ser cedido pode ser determinável, não determinado. Isso tudo leva a conclusão que podemos fazer uma cessão de crédito futuro. De acordo com o código civil, é possível transferir toda a receita que a sociedade terá em 2014 com aluguel da arena para shows ou jogos de futebol. Será que é possível estruturar essa cessão por um sistema de título de crédito? Não, porque o título de crédito sempre representa um crédito atual, mas não crédito futuro. É possível existir penhor do próprio crédito ou dos títulos de crédito. Além do penhor, qual outra garantia eu tenho? A cessão fiduciária de crédito. É também possível fazer cessão fiduciária de título de crédito. Qual é a diferença entre o penhor e a alienação fiduciária? Regime aplicável no caso de falência ou recuperação judicial. A alienação permite que o credor autoliquidem a garantia. Isso significa que eu não preciso ingressar com uma ação de conhecimento para cobrar o débito (lei 9.514). No caso de penhor, o penhor é uma garantia real, portanto o credor de penhor está sujeito a recuperação judicial. Ele seria um credor n.º 2, dos credores reais. No caso da hipoteca ou do penhor, o credor (em geral) deve executar o contrato através de ação ordinária. A execução da alienação fiduciária se faz através de simples busca e apreensão, como se faria sobre um bem próprio que estivesse com um terceiro. Qualquer direito trabalhista ou fiscal prefere aos direitos do credor pignoratício ou hipotecário, enquanto que, no caso da alienação fiduciária, há a elisão das preferências, em virtude da transferência de propriedade ao credor. 10 1 Quando há recuperação judicial, determina-se um período de 6 meses onde os credores não podem cobrar ou executar dívidas. Se a sociedade empresarial falir, o credor deverá se habilitar no processo de falência e ele receberá em 2ª ordem, pois eles vêm depois dos credores trabalhistas (concurso de credores). Os credores reais também não estão sujeitos às determinações da assembleia dos credores (ex: hair cut). Os credores reais não estão vinculados a decisão da maioria. De acordo com a lei de falências, os bens que servem de garantia por alienação fiduciária não estão sujeitos ao prazo de 6 (seis) meses de não cobrar o valor e, além disso, ele não entra na ordem do concurso de credores. Ele apenas pede a restituição do bem que é dele. No caso, se o bem for dinheiro, é mais difícil obter a sua recuperação. Em outras palavras, o credor de alienação fiduciária viria até mesmo antes do credor trabalhista. Além disso, é comum que existam cláusulas no contrato que obriguem o devedor a abrir uma conta na instituição financeira para receber todos os recebíveis. Nessa conta o devedor autoriza o credor a fazer débitos diretos, se o devedor não adimplir o financiamento. Posso fazer uma cessão fiduciária de um crédito que ainda não existe? Há a interpretação de que sim, que é possível. Não obstante há algumas decisões dizendo que a cessão fiduciária de um crédito futuro não retiraria esse crédito da ordem da falência, como ocorre com a alienação fiduciária. Aqui há uma polêmica. Esses são fundamentalmente os institutos envolvidos em project financing e operações de financiamento em geral. Há polêmica sobre a extensão dos direitos de credor a respeito do exercício de voto, possibilidade de cessão fiduciária de crédito futuro, possibilidade de adjudicação direta de bens. Alguns desses institutos são muito novos, como a cessão fiduciária de crédito. Em geral nessas operações há um grupo de credores, mas um único conjunto de bens e serviços que serão a garantia desses credores. Essas operações se efetuam por meio de um termo de compartilhamento de garantias. É possível definir a ordem de credores nesses termos de compartilhamento de garantias. O crédito a ser cedido pode estar representado por um título de crédito, como uma duplicata, ou pode não estar representado por nada. Outra alternativa seria securitizar meus recebíveis. Imagine que eu tenho uma série de duplicatas. Eu posso pegar a duplicata e endossá-la para um fundo de investimento em direito creditório (FIDC). Os fundos de investimentos imobiliário (FII) e os outros fundos são figuras disciplinadas por resoluções da CVM, e do ponto de vista jurídico são condomínios civis. É uma comunhão de interesse. Há quotistas do fundo. É preciso ter um administrador autorizado pela CVM. O quotista se assemelha a um acionista. É possível transferir as duplicadas para esses fundos, e ai eu vou vender as quotas publicamente. Quem se tornou o proprietário da duplicata? O fundo. Como eu financiei o contrato? Por meio de do pagamento do dinheiro que eu recebi com o endosso disso. E eficiência desses institutos jurídicos é fundamental para bom desenvolvimento do país. Além disso, 11 11 dependemos em boa a parte do judiciário, dado que a arbitragem não serve aos fins de cobrança de dívidas. Títulos de Crédito e contratos empresariais em espécie (30/05/12) Os contratos mercantis podem ser típicos ou atípicos. Atípicos são quaisquer outros contratos criados que não estão previstos na legislação, e que combinam aspectos diversos de vários contratos. O Código Civil disciplina os principais contratos. A dinâmica dos Empresários criou diferentes contratos a partir dessas linhas gerais estabelecidas no CC. O leasing é um exemplo de contrato atípico, por exemplo. Aqui já se falou de leasing, franquia, alguns contratos de financiamentos e etc. Nessas duas últimas aulas vamos falar de alguns outros contratos, como swap, hedge, contratos de fusão, incorporação, cisão e etc. A ideia é discutir um pouco cada um desses contratos. Na aula seguinte cada um dessescontratos será discutido na prática. Revisões das noções geiam estudadas no último semestre: equilíbrio contratual, boa fé, noção de atividade de risco etc. Devemos partir da premissa que esses contratos envolvem riscos, que são sabidos de antemão pelas partes. Contratos futuros São quaisquer contratos que tem por objeto produto ou serviço futuro, sujeito ou não a uma condição. São contratos negociados em bolsa de mercadorias e futuros. São contratos normalmente ligados a um tipo de produto específico, como as commodities (produto vendido em larga escala para muitos compradores em que é possível estabelecer negociações padrões). Os contratos aleatórios mantêm conexão com os contratos futuros, pois é da própria essência do negócio a não existência do produto ou serviço ao tempo da celebração do contrato. O risco pode ser a causa do contrato por dois pontos de vista. Quem quer comprar um produto ou vender um produto que não existe, está assumindo um risco maior do que se o produto já existisse. O sujeito aumenta seu lucro pelo próprio risco. Aqui haveria uma nítida noção de especulação. Por outro lado, as partes podem celebrar esse contrato por uma necessidade, e não por especulação. Por que o risco é tão importante? A principal diferença entre contratos mercantis e não mercantis é que o primeiro envolve partes empresárias e que sabem do risco. Em princípio essas partes não poderiam alegar desequilíbrio contratual ou onerosidade excessiva. Se todos os compradores pudessem discutir os termos dos contratos futuros celebrados, como por exemplo, uma geada, nós começamos a desestruturar completamente o mercado de produtos e serviços futuros. Na próxima vez que aquele mesmo produtor quiser fazer um contrato futuro, ele não vai conseguir, porque ninguém mais irá confiar nesse sistema. Contrato de opção É um contrato típico e nada mais é do que um desdobramento de contrato de compra e venda. É 12 1 muito comum contrato de opção de compra. Porque fazer esse tipo de contrato? (i) esperar certa condição ser implementada: ex: alguém te oferece oportunidade de entrar em certa sociedade que tem um grande potencial de crescimento. A pessoa que recebe a oferta exerce a opção de compra quando ela achar que é bom. A pessoa que tem a opção de compra pode querer não entrar na sociedade antes por conta de responsabilidades. Uma vez resolvido os problemas, ela poderá entrar na sociedade. E porque fazer o contrato agora? Porque essa pessoa quer ter a opção de compra, que ter a oportunidade de exercer essa opção quando as condições forem adequadas; (ii) estabelecer uma garantia: quais são as garantias que você tem quando compra uma fazenda? Muitas. Uma delas pode ser um contrato de opção de compras de sociedade do devedor. No ambiente de bolsa de valores, há duas categorias bastante comuns de contratos de opção. Pode ser: (i) um incentivo para administradores ou empregados de modo a alinhar interesses: várias empresas têm plano de outorgas de ações. Como funciona isso? Por uma série de regras societárias, uma empresa faz um contrato/regulamento e dá o direito de que o Diretor Presidente adquira ações de empresa em uma determinada condição. Geralmente se fixa um preço e um prazo para a compra de ações. Geralmente o preço de aquisição dessas ações é inferior ao valor comercializado no mercado. Essas ações geralmente estão em tesouraria. É um contrato de opção de compra porque o sujeito não está comprando naquele momento, mas tem a opção de adquirir no futuro. (ii) contratos de opção que já podem ser considerados deliberativos: deliberativos são metacontratros, são a 2ª parte de um contrato que já existe. Em vez de comprar a ação diretamente da Petrobras, você compra um opção de compra de ações da Petrobras. Na compra você já tem um ativo na sua carteira e já esta sofrendo inteiramente os riscos. Por outro lado, o contrato de opção de compra tem um valor, que é inferior ao valor das ações, você recebe o direito de comprar aquele ativo em certo prazo. Se você compra uma opção de compra no valor de 1 real, e de cada ação no valor de 10 reais (você pagará por cada ação 10 reais), você aposta que o valor daquela ação vai subir, porque se hoje ela vale 10 e daqui 6 meses ela vale 15, você tem o direito adquirido de comprar aquelas ações pelo valor fixado lá atrás de 10 reais e lucrar na diferença. Esses contratos foram criados, portanto, ora como forma de especulação ora como forma de garantia. Há diversos contratos de opção sobre diversos objetos. Bruno explica a crise de 2008, os contratos derivativos e a ausência de regulação. Contrato de swap (“permuta”) É um contrato que troca dois tipos de ativos. Você vende muitos produtos para os EUA e sempre recebe em dólares. Você tem algum risco cambial dependendo de outra ponta, qual seja você compra de seus fornecedores em euro. Você recebe em dólar e paga em euros. Se o dólar subir muito, eu passo a ter lucros. Se o euro subir muito, vai encarecer meu produto, e eu vou continuar ganhando o mesmo. O sujeito quer não especular. Ele quer se proteger dessa variação. Ele vai ao mercado e faz um contrato com uma posição em uma parte contrária. Nesse contrato elas fixam o valor que elas irão pagar por 13 1 euros e por dólares. Por exemplo, eu vou sempre pagar dólar a X e vender Euro a Y. O contrato de swap pode ter objeto não só dinheiro, mas juros ou quaisquer outras oscilações (índices). Esses contratos servem para proteger ou para especular. Normalmente os bancos entram em todos esses contratos, de maneira geral para ganhar dinheiro ou para se proteger em algumas determinadas situações. Acordo entre duas partes para troca de risco de uma posição ativa (credora) ou passiva (devedora), em data futura, conforme critérios preestabelecidos. Os swaps mais comuns são os de taxas de juro, câmbio e commodities. Entende-se como swap um contrato de troca de indexadores, que funciona como proteção, permitindo conseqüentemente aos participantes do mercado se protegerem dos riscos inerentes aos ativosque operam. Um exemplo comum é o do exportador conservador que não gostaria de correr os riscos de uma oscilação cambial. Isso ocorre porque suas receitas são em dólares e despesas em reais, não interessando a ele portanto, correr o risco da variação do câmbio. Em virtude dessa situação ele pode fazer um swap com um contrato de DI contra dólar. Nesse caso o banco assume o risco em dólar e, em troca, o exportador conta com os juros do DI - que é um ativo corrigido pela taxa diária dos juros. Outra operação muito comum é a de quem tem uma dívida pós- fixada e quer evitar o risco de uma alta nos juros. Nessa situação o devedor procura um banco que aceita a troca da taxa pós-fixada por uma taxa prefixada e assume o risco. Após acertados os termos do negócio, o contrato deverá ser registrado ou na CETIP ou na Bolsa de Mercadorias & Futuros(BM&F). Contrato de hedge Foi criado exclusivamente para a proteção, mas também é usado para a especulação. Você vende no mercado interno, mas compra a matéria-prima no exterior em dólar. O que você faz para se proteger dessa variação? Você fixa o valor do dólar para os próximos 10 anos. Se o dólar subir muito ou baixar muito, você vai sempre pagar aquela quantia. Hedge serve para qualquer matéria, não só para a compra de dólares. Existindo risco na obtenção ou não do lucro, os mercados futuros, de um modo geral, constituiram mecanismos de redução desses riscos (hedging). A finalidade do hedge é a de proteger alguém de eventuais perdas resultantes do aumento do valor de suas obrigações ou da redução do valor de seus bens. O hedging é o método de dirimir os riscos de perda, causados pela flutuação do preço. Consiste na compra ou venda a termo de produtos semelhantes, em dois mercados diferentes, com a expectativa de compensar lucros e prejuízos, por se encontrarem em posições opostas. O termo hedging caracterizauma transação comercial que visa primordialmente uma proteção contra os riscos do mercado financeiro. "Trata-se de operação que economicamente consiste numa cobertura contra os riscos das variações e oscilações dos preços", Contrato de concentração empresarial 14 1 É um tipo de contrato de compra e venda, o qual pode ser do mais simples possível ao mais complexo. O mais simples seria você ir à sua corretora e comprar ações da Petrobras. É um contrato eletrônico, não tem assinatura física e passa pela câmara de liquidação da bolsa. Quem compra não sabe exatamente de quem está comprando, e vendendo também não sabe para quem está vendendo. A pessoa física passa a ordem para a corretora. Esse contrato de compra e venda pode ficar mais complexo, quando alguém por exemplo quer comprar 30% de ações de uma S.A. Fechada. Esse contrato de compra e venda é, em última análise, contrato de compra e venda de uma empresa, ou de parte dela. A pessoa quer saber quanto ela vale, se ele estará assumindo mais responsabilidades, quais são as garantias que ele tem de irá ser administradores, qual é a garantia para eventual indenização por contingências trabalhistas, etc. No outro extremo há os contratos que envolvem alienação de controle. Se for uma empresa limitada pequena, o controle pode ser 50%+1, se for limitada deve ser mais de 75% e etc. As questões de responsabilidade na alienação de controle são ainda mais importantes. Saber a situação real da empresa também torna-se imprescindível. Quando você compra o controle, há algumas consequências diretas: o controlador tem 80% das ações e os minoritários 20%. Geralmente quem faz a alienação de controle é o controlador. 51% das ações valem mais do que 51% do capital social. Porque? Porque o preço de controle traz uma série de vantagens e prerrogativas. Há um diferencial do que é ou não é controle que está embutido no preço. Isso gera uma série de problemas. Quando se vende o controle no Novo Mercado, todo mundo tem o direito de tag along. Isso custa para o controlador, mas é bom para o investidor que não é controlador. O controlador é uma figura extremamente importante no contrato de compra e venda. A pessoa confia no controlador. A mudança do controlador é fundamental, é como se fosse uma alteração de um objeto social. Quando você não é controlador, geralmente se coloca alguma cláusula de que se for alterado o controle você pode vender as suas ações pelo mesmo preço do controlador. Se você for controlador, ao contrário, você vai querer vender apenas o seu bloco de controle. Fusão É a fusão de duas sociedades em uma nova, em uma das sociedades. Faz-se uma assembleia em cada uma das sociedades, precedida de um laudo de avaliação. O principal ponto é saber quanto as suas ações vão valer na nova sociedade. Cisão Você corta a parte de uma empresa e coloca na outra (cisão parcial), ou você tira uma parte de cada empresa e cria uma terceira. Também é preciso aprovação dos dois lados, e ser precedido de um laudo de avaliação. Incorporação É o outro lado da cisão. É uma empresa que incorpora outra parte de outra sociedade. Em vez incorporar ativo e passivo, é possível incorporar ações. 15 1 Contrato de associação Consórcio – construtoras, é registrado na Junta Comercial. Serve para deixar clara a responsabilidade de cada um naquele investimento. Joint Venture A joint venture é uma empresa. Ford e VW se juntaram através de uma joint venture para entrar no mercado automobilístico do Brasil. Há outra famosa empresa de joint venture chamada Haisen (Cosan e Shell), que se juntaram para explorar e vender álcool nos postos de gasolina. Convivem dentro de uma sociedade que tem um propósito específico. As sociedades não estão se fundindo, estão se juntando apenas para aquele fim. A joint venture não precisa ser registrada na Junta Comercial. Duas empresas se juntam e formam uma nova sociedade, com um propósito específico. Vantagem da sociedade: há quóruns de deliberação, isto é, não precisa todo mundo concordar; mais estável; relação entre sócios mais detalhada. Títulos de Crédito e contratos empresariais em espécie (06/06/12) Fundo de investimentos Mais estabilidade que a sociedade e que o contrato. Tem capacidade de transferência/circulação das cotas do projeto. Factoring É um contrato de financiamento. Empresa vende recebíveis para agências de factoring ou bancos que fazem factoring. Empresa junta as faturas que tem pra receber e transfere pra uma factoring. Factoring passa a ter direito ao recebimento desses valores. Não deixa de ser uma cessão de crédito. > O contrato denominado "factoring" ou faturização é aquele segundo o qual o comerciante cede seus créditos relativos às vendas a terceiros a um outro comerciante ou a uma instituição financeira, recebendo o valor do crédito descontado, mas à vista. A empresa compradora também presta àquele serviços de administração de crédito mediante uma remuneração pactuada entre as partes. É contrato atípico, ainda não está regulamentado diretamente, ou seja, em lei específica. Alguns autores entendem como venda do faturamento de uma empresa à outra, a qual se incumbe de cobrá-lo, recebendo em pagamento uma comissão. Há, portanto, um elemento básico na operação, que é a cessão de créditos, mas poderá abranger outras funções, como a gestão de negócios e financiamento de recursos. Para outros autores, factoring é uma atividade comercial mista atípica = serviços + compra de créditos resultantes de vendas mercantis. Factoring é fomento mercantil, porque expande os ativos de suas empresas clientes, aumenta-lhes as vendas. É a prestação contínua e cumulativa de serviços de assessoria mercandológica, creditícia, de seleção de riscos, de gestão de crédito, conjugada com a aquisição pro soluto de créditos de empresas resultantes de suas vendas mercantis ou de prestação de 16 1 serviços, realizadas a prazo. Contrato típico de compra e venda de ações. Objeto são ações, preço, partes. Característica: ações de controle são mais caras. Empresa quer comprar outra. Geralmente pede pra ver as contas. Faz memorando de entendimentos; faz pré-contrato. Pré-contrato: pode ser vinculante ou não. Para ser vinculante precisa ter todos os elementos do contrato. Partes podem fazer constar no pré-contato que ele não é vinculante. Para comprar ações, primeiro decidem-se quantas comprar. Mas o vendedor pode querer continuar com 50% + 1, pra poder continuar recebendo dividendos e continuar com o controle. Pro comprador, pode ser interessante que vendedor fique pois já tem know-how. Tag along: direito de vender se quiser. Drag along: direito de obrigar a vender mesmo que não queira.
Compartilhar