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Apresentação Esse semestre não tem trabalho. Vamos trabalhar com Teoria Geral dos Recursos, em que aprenderemos como funciona o sistema recursal, vamos aprender os elementos comuns a todos os recursos, daí o nome de teoria geral. No semestre que vem, estudaremos os recursos em espécie. No segundo bimestre, teremos a Teoria Geral da Execução. Executar significa produzir resultados práticos, levar a vida das pessoas o resultado prático. Teoria Geral dos Recursos Conceito de recurso Recurso é um meio de impugnação de decisões judiciais. Há outros meios de impugnação dessas decisões, que vamos analisar depois. Histórico Revolução Francesa A existência de recursos tem o efeito de diluição do poder. Os cidadãos franceses tinham essa idéia de lutar contra o autoritarismo. Se não couber recursos à decisão do juiz, ele se tornaria um tirano. Os fundamentos para a existência de recursos Além da diluição dos poderes, o fundamento para a existência dos recursos é o fato de os tribunais produzirem decisões melhores que a dos juízes singulares, por ser formado por juízes mais experientes. Essa fundamentação foi dada há cerca de um século. Chiovenda fez uma afirmação interessante de que se as decisões de segundo grau são melhores, porque existir o juiz de primeiro grau? Essa indagação de cem anos atrás, continua viva até hoje. O professor acha que a maior função dos tribunais é, realmente, a diluição de poderes. A análise de fato e a de direito Assim como o juiz de primeiro grau, o desembargador analisa o fato e o direito aplicável àqueles fatos. Daí falarmos em primeiro e segundo grau de jurisdição. Depois disso, cabe recurso para o STJ e/ou STF. O STJ e o STF são tribunais destinados a analisar exclusivamente matéria de direito. STJ e STF não são terceiro grau de jurisdição, porque entendemos como grau de jurisdição possibilidade de análise de fato e de direito. Se só temos a possibilidade de análise de direito, não se trata de terceiro grau de jurisdição. O STJ e o STF estão preocupados com manter a integridade do nosso sistema jurídico, não estão preocupados com a justiça da decisão[!]. A ação rescisória(art. 485 do CPC) é ação que começa no segundo grau. Cabe, então, apelação ao STJ (art. 102 da CF). Ação autônoma de impugnação São ações que podem ter o mesmo efeito ou a mesma consequência de um recurso, modificando ou anulando uma decisão judicial proferida. Ação rescisória A ação rescisória é um bom exemplo porque só pode ser proposta em até dois anos contados do trânsito em julgado da decisão que se pretende rescindir. Os efeitos da rescisória podem ser parecidos com os efeitos de um recurso. Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa; § 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato O CNJ vem estabelecendo metas ao Poder Judiciário. Uma delas é julgar mais processos do que entram. Isso significa para um juiz de São Paulo dar mais de mil sentenças por ano. Revisado Prof. Bonício Anotado por Caio Ribeiro Aula 1 28 February, 2012 11:28 AM Página 1 de Processo Civil § 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. § 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato. Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> A consequência da ação rescisória é igual à que o recurso teria. Temos, então, meios de impugnação: recursos e ações autônomas de impugnação, esta última tendo a ação rescisória como grande exemplo. Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio de embargos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Redação dada pela Lei nº 12.322, de 2010) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Embargos à execução Se alguém está sofrendo execução e quer se defender dessa execução, ele pode interpor embargos à execução, que serão também ação autônoma de impugnação. Imagine-se que existe uma execução em curso, que tem um procedimento. A certa altura da execução o devedor apresenta embargos à execução, apresentados na forma de processo de conhecimento incidental à execução. Nesse processos de conhecimento incidental, temos uma ação autônoma de indenização. Não há contestação na execução, não há defesa. Afinal, alguém já foi condenado. Mas o sistema, ao mesmo tempo que permite a execução, dá ao devedor a possibilidade de se defender, dá a ele a ação de embargos à execução. Antigamente, a execução era suspensa automaticamente. Atualmente, há pedido de suspensão. Essas ações são meios de rediscutir aquilo que foi decidido, mas não em forma de recurso, em forma de ação autônoma. O réu pode, então, se defender na contestação, no recurso e na ação autônoma de impugnação. Um processo incidental instaura um procedimento novo. Um processo incidental terá petição inicial, contestação, uma sentença incidental e dessa sentença caberá apelação. Página 2 de Processo Civil Teoria Geral dos Recursos - continuação Classificação dos recursos Total ou parcial Um recurso pode ser total ou parcial. O total ataca todos os aspectos da decisão recorrida. O parcial apenas alguns de seus aspectos. Por exemplo, se há uma sentença que condena a pagar danos materiais e morais e recorre-se apenas quanto ao dano moral, esse é um recurso parcial. A parte da sentença que trata dos danos materiais transitará em julgado, torna-se indiscutível e o credor pode cobrá-la, independentemente do resultado do recurso. Independente ou adesivo O recurso pode ser independente ou adesivo. Essa classificação se relaciona ao momento em que o recurso é interposto . Em uma sentença parcialmente procedente, ambas as podem recorrer da sentença. Publicada a sentença, intimada as partes (por Diário Oficial), autor e réu podem recorrer. Se ambos recorrem, dizemos que o recurso dos dois foi autônomo, porém, nesse exemplo, em que existe sucumbência recíproca, pode ser que uma das partes deixe de recorrer no prazo correto. No momento seguinte, o autor recebe um aviso para fazer as contrarrazões ao recurso do réu. É o princípio do contraditório: há oportunidade de falar sobre o recurso interposto pelo réu. O recurso adesivo é subordinado ao principal. O não conhecimento do recurso principal leva ao não conhecimento do recurso adesivo. Quem interpões recurso adesivo, além da peça do recurso adesivo, apresenta contrarrazões. E a outra parte vai apresentar contrarrazões ao recurso adesivo. O que acontece com o recurso adesivo se o autor do recurso principal desiste do recurso? Nesse caso, o recurso adesivo também não será conhecido. Fundamentação livre ou vinculada De acordo com a fundamentação, o recurso pode ser de fundamentação livre ou vinculada. Chamamos de fundamentaçãolivre, o recurso que aborda ou que trata tanto de fato quanto de direito sem restrição. Chamamos de fundamentação restrita ou recurso de estrito direito aquele recurso que só pode tratar de matéria jurídica. A apelação é bom exemplo de recurso de fundamentação livre, enquanto que o recurso extraordinário é exemplo de fundamentação vinculada. Ordinários e extraordinários É possível também a classificação dos recursos em ordinários e extraordinários. Ordinários são aqueles recursos que tratam de questões de fato e de direito. Os extraordinários são aqueles que tratam apenas de questões de direito, mas essa classificação perdeu sentido após a criação do recurso especial em 1988(art. 105, III da CF). Com efeito suspensivo e sem efeito suspensivo Podemos classificar os recursos também de acordo com seus efeitos. Para essa classificação interessa saber qual recurso tem efeito suspensivo e qual não tem. A maioria das apelações possui efeito suspensivo(art. 520, CPC). O recurso de agravo pode, eventualmente, ter efeito suspensivo (art. 527, III do CPC). Enquanto que o recurso especial e o recurso extraordinário, de regra, não possuem efeito suspensivo. A grande maioria das apelações tem efeito suspensivo. Dizer que não se conhece de um recurso é dizer que seus pressupostos de admissibilidade não estão presentes. É mais ou menos o que acontece com as condições da ação. Decisão interlocutória é uma decisão menor dada no curso do processo e que resolve apenas questão incidental. Contra elas cabe agravo, que também poderá ser total ou parcial. RevisadoAula 2 06 March, 2012 11:24 AM Página 3 de Processo Civil A sentença que estiver de acordo com os comandos dos tribunais superiores é uma sentença irrecorrível. Com isso convivemos, então, com hipótese de decisão irrecorrível. Existe algum outro exemplo no sistema de decisão irrecorrível? O art. 527, parágrafo único determina que a decisão liminar em um agravo de instrumento não é passível de recurso. Caberia, nesses casos, mandado de segurança(que é ação autônoma de impugnação). Princípio da taxatividade Essa princípio significa que somente a lei pode criar recursos, que estão, portanto, taxativamente, previstos no sistema. A conclusão que se tira disso, é que não existe recurso por analogia. Também não existe criação jurisprudencial de recursos, nem a fusão entre dois recursos para se criar um terceiro. Teoria Geral dos Recursos - continuação 2 Princípios do sistema recursal Duplo grau de jurisdição Isso significa que há, ou deve haver, ao menos duas possibilidade de análise das questões de fato e das questões de direito. Para grande parte da doutrina (Ada Pelegrini Grinover), o duplo grau de jurisdição é uma garantia constitucional, inerente até mesmo ao direito de ação. Não tem previsão expressa na constituição federal, porém a previsão de existência de tribunais já seria pressuposto para o duplo grau de jurisdição. Outra parte da doutrina (Dinamarco) considera que apesar de o duplo grau de jurisdição ser um princípio constitucional, ele não é uma garantia constitucional[?]. Nesse sentido, é possível o sistema de decisões irrecorríveis. Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006) § 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Nesse sentido, o art. 518, p. 1o e o art. 527, p. único Revisado Aula 3 13 March, 2012 9:38 AM Página 4 de Processo Civil Se uma determinada decisão é interlocutória mas tem conteúdo de sentença, qual é o recurso cabível? Agravo. Já que apelação pressupõe término das atividades no primeiro grau. Os autos vão para o tribunal. Falou-se em apelação por instrumento também, mas apenas a lei, taxativamente, cria recursos. Esse princípio da taxatividade é seguido à risca pela jurisprudência. Princípio da fungibilidade Temos que pensar nesse princípio como uma noção de flexibilização de algumas regras dentro de alguns princípios bem fechados. Significa a possibilidade de receber um recurso como se fosse outro, desde que exista boa-fé, inexistência de erro grosseiro e tempestividade. Tal princípio não está expresso na lei, mas é amplamente difundido pela doutrina e pela jurisprudência. A jurisprudência passou a julgar as "apelações por instrumento" como agravos de instrumento. Dúvida objetiva e dúvida subjetiva Dúvida objetiva é aquela que se encontra na doutrina ou na jurisprudência. Dúvida subjetiva é aquela pessoal, em princípio esta dúvida não fundamenta o princípio da fungibilidade. Princípio da singularidade/unirrecorribilidade/ unicidade Significa que, para cada decisão judicial, só pode haver um recurso. Esse princípio encontra exceção quando se abre a possibilidade de recurso especial e recurso extraordinário. Pela sistemática do código, primeiro é julgado o recurso especial e, depois, o recurso extraordinário (que fica sobrestado até esse momento). Mas os fundamentos são distintos, um está fundamentado na violação à lei e outro na violação à constituição. Princípio da dialeticidade dos recursos É preciso fundamentar o recurso, são necessárias as razões recursais, os planos de argumentos que devem ser apresentados. Princípio da voluntariedade Significa dizer que não existe recurso obrigatório. Ou seja, as partes podem deixar de recorrer e, portanto, se conformar com decisões interlocutórias (preclusão) ou com decisões definitivas ( coisa julgada). Mas há a figura do recurso de ofício. Entes públicos podem ser autores ou réus. Nesses casos, há reexame necessário(art. 475 do CPC). Esse reexame necessário só existe para a apelação, não há agravo de instrumento ou recurso especial ou extraordinário necessários. Nem mesmo na hipótese de menor incapaz, que está representado por seu curador no processo, há obrigatoriedade de interpor recurso, uma vez que se parte do pressuposto que o curador é maior e capaz. Reexame necessário O correto é falar em reexame necessário e não apelação de ofício. Quando é proferida uma sentença de primeiro grau contrária aos interesses do Estado, a lei obriga que o juiz de primeira instância remeta os autos ao tribunal, para revisão daquela decisão. Mas o legislador reduziu o reexame necessário. Quando a condenação é igual ou inferior a 60 salários Página 5 de Processo Civil Mas o legislador reduziu o reexame necessário. Quando a condenação é igual ou inferior a 60 salários mínimos, não existe reexame necessário. Também quando houver jurisprudência pacificada a respeito do tema e o Estado não recorrer, não ocorrerá exame necessário. O novo CPC torna ainda mais brando o reexame necessário. Princípio da proibição da reformatio in pejus Aquele que recorre sozinho, ao menos em princípio, não pode ter a sua situação agravada pelo tribunal. Ou seja, ao julgar o recurso, o tribunal pode, no máximo, manter a decisão que foi objeto de recurso mas não pode piorar a situação daquele que recorre sozinho. Esta ideia também tem por fundamento a regra segundo a qual aquele que não recorreu não pode ser beneficiado(proibida a atuação de ofício dotribunal). Se somente o autor recorre, o réu se conforma com 60 mil. O tribunal conhece do recurso de apelação, mas entende que o autor é parte ilegítima e julga extinto o processo sem julgamento de mérito. Matéria de ordem pública pode ser reconhecida de ofício em qualquer tempo e grau de jurisdição. Página 6 de Processo Civil Teoria Geral dos Recursos - continuação 2 Princípios do sistema recursal - continuação Princípio da proibição da reformatio in pejus - continuação Quando se fala em condições da ação e em pressupostos processuais, não falamos em reformatio in pejus, que diz respeito somente ao direito material. Se o tribunal entender que falta uma condição da ação ou um pressuposto processual, o tribunal pode conhecer do recurso e extingui-lo sem julgamento de mérito. Princípio da consumação/ da preclusão Não pode ser interposto outro recurso para complementar ou alterar o recurso já interposto. Ou seja, todos os temas devem ser esgotados em um único momento, em um único recurso. Preclusão é a perda de uma faculdade processual, ela pode ser temporal, lógica(adota-se postura incompatível com outra dentro do processo), consumativa [...]. Princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias O último princípio recursal é o da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias. No processo do trabalho, as decisões interlocutórias não são irrecorríveis. Às vezes, temos decisões que não são tão interlocutórias, têm conteúdo de sentença, mas não são sentença. Por exemplo, quando o juiz retira uma das parte do polo passivo. No processo civil, não é assim. Para o processo civil, as decisões interlocutórias são recorríveis e a ausência de recurso leva à preclusão. Nos juizados especiais, não há possibilidade de recorrer das decisões interlocutórias. Portanto, não há preclusão, e tudo se transforma em argumentos de apelação. Quando as decisões provocar efeitos irreparáveis ou de difícil reparação, porém, permite-se recurso contra decisão interlocutória mesmo na justiça do trabalho e nos juizados especiais. Agravo de instrumento e agravo retido O art. 522 diz que, se a decisão interlocutória causar prejuízo de difícil ou incerta reparação cabe agravo de instrumento. Se não causar danos dessa natureza, cabe agravo retido. Chamamos de agravo retido, o agravo que é dirigido ao próprio juiz que proferiu a decisão. Ao receber o agravo retido, o juiz dá vista à outra parte para contrarrazões e depois diz se mantém ou se reforma sua decisão. Aquele agravo fica retido e pode receber provimento no tribunal quando houver apelação. A utilidade do agravo retido é evitar a preclusão. Há uma tendência de deixar o processo civil mais assemelhado ao trabalhista. Admissibilidade dos recursos O tema da admissibilidade dos recurso é ligado à ideia de conhecer ou não de um recurso. Não conhecer de um recurso significa que não estão presentes os pressupostos processuais. Para cada decisão, a lei diz qual é o recurso cabível. Então, ao menos em princípio, a utilização equivocada de um recurso permite que o tribunal não conheça esse recurso. Legitimidade do interesse O MP não é parte em sentido material, mas apenas em sentido processual. Revisado Aula 4 20 March, 2012 11:33 AM Página 7 de Processo Civil Legitimidade do interesse O tribunal só vai conhecer do recurso se quem está recorrendo tem legitimidade e interesse para isso. Quem tem legitimidade para recorrer são as partes que estão no processo. Mas o conceito é mais abrangente. O MP tem legitimidade quando há interesses indisponíveis, basicamente de menores incapazes. Dentro da legitimidade, prevê-se que o terceiro prejudicado pode recorrer também. Quem é esse terceiro prejudicado? Estamos diante de figura semelhante à do terceiro interveniente. Mas a pergunta principal é: uma decisão judicial pode prejudicar quem não é parte do processo? A sentença só faz coisa julgada entre as partes, então a resposta inicial seria que não. Mas não é bem assim. Eventualmente, uma decisão pode, sim, beneficiar ou prejudicar terceiros. O que vai legitimar a atuação do terceiro é a intensidade do prejuízo. Na medida da intensidade da decisão judicial, o sistema abre as portas para que o terceiro venha se defender dentro do próprio processo. Mas, por exemplo, uma decisão determinou que diversos stands de um shopping popular fechassem, mas, entre eles, havia empresários que não estavam irregulares. O advogado de um deles interpôs agravo de instrumento de terceiro prejudicado. Fica a pergunta: quem foi vitorioso integralmente pode recorrer? Página 8 de Processo Civil Admissibilidade dos recursos Esse tema está totalmente relacionado a expressão ou a idéia equivalente ao não conhecimento do recurso. O não conhecimento de um recurso é o equivalente a dizer que não estão presentes os seguintes pressupostos recursais: Cabimento ou Adequação do Recurso Para cada decisão, a lei diz qual é o recurso cabível. Dessa forma, ao menos em princípio, a utilização equivoca de um recurso permite que o tribunal não conheça esse recurso. Apesar disso, a troca de um recurso pelo outro, pode ser convalidado pelo princípio da fungibilidade. Para tanto, é necessário que seus requisitos estejam presentes: (i) boa-fé; (ii) prazo; e (iii) inexistência de propósito protelatório. Na maioria dos casos, quando o recurso é interposto em desacordo com a previsão legal, ele não é convertido no recurso equivalente. O juiz pode rejeitar liminarmente a reconvenção: contra tal decisão, cabe agravo. Apesar de hoje tal entendimento estar pacificado, antigamente era possível a aplicação da fungibilidade caso fosse interposta apelação, tendo em vista as distinções doutrinárias e jurisprudenciais presentes sobre tal matéria. Legitimidade e Interesse Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. § 1º Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. § 2º O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. Há um paralelo com as condições da ação. O conhecimento do recurso só se dá se houver: (i) legitimidade de parte para recorrer: é legitimado a recorrer as partes processuais (Art. 499, CPC). Segundo o art. 499, § 2º, CPC, o MP pode interpor um recurso, visando refender os interesses indisponíveis de uma das partes ou ainda o interesse público. Apesar de não ser parte de alguns processos, a lei lhe confere legitimidade para interpor recursos. Segundo o art. 499, § 1º, CPC, um terceiro prejudicado pode interpor recurso (embargos de terceiro). O que o legitima a intervenção de um terceiro no processo é a configuração da gravidade do prejuízo por ele sofrido. Tempestividade É tempestivo o recurso interposto dentro do prazo. Em regra os prazos para interposição de recursos é de 15 dias, com exceção do agravo. Início da contagem de prazos: o prazo começa a ser contado quando da publicação da sentença, ou seja, o prazo começa a correr no dia imediatamente posterior (regra). Em São Paulo e nos Tribunais Superiores, como o sistema é totalmente eletrônico, exclui-se, além do dia da publicação, também o dia seguinte. Dessa forma, o prazo começa a contar 2 dias após a publicação da sentença. Recurso interposto antes do prazo é tempestivo? Teoria Geral dos Recursos - continuação 3 Revisado Aula 5 28 May, 2012 7:45 PM Página 9 de Processo Civil Recurso interposto antes do prazo é tempestivo? Via de regra, o STJ costumava não aceitar que o recurso fosse interposto antes da publicação do acórdão. Porém, atualmente, a doutrina e a jurisprudência tem considerado que o conhecimento dos atos processuais pelas partes, mesmo que antes da publicação é ato válido, e portanto, o recurso interposto antes do início da contagem do prazo deve seraceito para convalidação dos atos processuais, economia e celeridade. Intimação Pessoal (Art. 236, CPC) Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial. § 1º É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação. § 2º A intimação do Ministério Público, em qualquer caso será feita pessoalmente. A intimação pessoal é necessária para que praticamente todos os atos processuais não sejam considerados nulos. Sem que a contraparte seja intimada dos atos, o processo não pode ter prosseguimento. Realizada a intimação, o prazo começa a ser contado a partir da juntada aos autos do mandado de intimação cumprido. Para tanto, exclui-se o dia da juntada do mandado, passando o prazo a correr no dia seguinte a juntada do mandado de intimação. Preparo (Art. 511, CPC) Preparo é o recolhimento de custas e despesas para acompanhamento do recurso. Tal valor é informado ao final da sentença de primeiro grau. Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1º São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2º A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. O valor das custas corresponde a 1% do valor da causa e é um tributo enviado ao Estado, para funcionamento da sua aparelhagem. O valor das despesas corresponde a R$ 20,00 por volume do processo, são pagos em guias separadas. O preparo é considerado uma condição de admissibilidade do recurso, isto é, a ausência de preparo faz o recurso se considerado deserto, não sendo, assim, conhecido. No caso do preparo ser juntado com valor inferior ao valor devido, o recurso não será considerado deserto. De acordo com o art. 511, § 2º, só será considerado deserto o recurso que, num prazo de 5 dias, não tiver o valor do preparo complementado. Existe controvérsia para no caso da parte recolher um valor irrisório para o recurso, apenas buscando a prolação do prazo. (Ex.: a parte recolhe R$0,20 de preparo). Os tribunais começaram a recusar os recursos que traziam preparo com valores irrisórios. Apesar disso, as partes começaram a recorrer para o STJ e tiveram seus recursos providos. Com o tempo, tendo em vista a necessidade de interpor novo recurso para que o primeiro não seja considerado deserto, tal prática deixou de ser recorrente. Regularidade formal Ainda para a admissibilidade do recurso, ele deverá seguir todos os requisitos formais, na forma da lei. Tais requisitos são: o recurso deve estar escrito, em papel, devidamente assinado pelo advogado constituído nos autos, etc. Página 10 de Processo Civil Legitimidade recursal Para que possamos admitir o recurso de um terceiro prejudicado, é importante que ele tenha realmente sido prejudicado. Preparo Outro pressuposto de admissibilidade é o preparo. Preparar um recurso significa recolher as custas(tributo) e recolher as despesas do processo (normalmente despesas de transporte) Quando não há preparo, dizemos que o recurso está deserto, faltou o pagamento das custas ou das despesas judiciais. Momento de análise dos pressupostos de admissibilidade Quando o recurso for interposto perante o mesmo órgão que proferiu a decisão, compete a este órgão fazer a primeira análise dos pressupostos de admissibilidade. Se faltar um requisito, competirá a esse órgão dizer que nega seguimento ao recurso, ou dizer que não recebe o recurso. Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006) § 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm> Faltado pressuposto de admissibilidade, o juiz determina que é intempestivo. Contra essa decisão, cabe agravo de instrumento. Competirá ao desembargador analisar a tempestividade, o preparo, o interesse em recorrer. Ele provavelmente conhecerá do agravo e dirá depois que, no mérito, dá provimento ao recurso. Se o juiz diz que o recurso é tempestivo, o tribunal pode dizer que é intempestivo? Sim, ele não está vinculado ao juízo de admissibilidade feito no primeiro grau de jurisdição. O juiz pode voltar atrás na consideração dos pressupostos de admissibilidade recursal? Pressupostos de admissibilidade constituem matéria de ordem pública. Sendo matéria de ordem pública, não existe preclusão.(art. 518, p 2o). Mas quando a lei fala "faculdade" na verdade há obrigação. Efeitos dos recursos Efeito devolutivo O primeiro efeito é o chamado efeito devolutivo. Ao proferir uma sentença, o poder judiciário encerra a prestação de um serviço jurisdicional (art. 463, Teoria Geral dos Recursos - continuação 4 Revisado Aula 6 10 April, 2012 9:22 AM Página 11 de Processo Civil Ao proferir uma sentença, o poder judiciário encerra a prestação de um serviço jurisdicional (art. 463, CPC). O juiz ao sentenciar encerra o procedimento, não exatamente o processo. Ao apelar, a parte recorrente devolve ao poder judiciário a obrigação de julgar novamente aquele mesmo litígio, mas essa devolução se dá na medida daquilo que o recorrente quiser ver julgado novamente ( tantum devolutum quantum apellatum). Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) § 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm> O art. 515 do CPC é utilizado para dimensionar não só o efeito devolutivo do recurso de apelação mas também o efeito devolutivo de todos os demais recursos e é, portanto, uma espécie de polo metodológico do nosso sistema a respeito do efeito devolutivo. Importante lembrar que o efeito devolutivo pode ser analisado sob dois ângulos diferentes: (a) em extensão, o que já foi visto, e é aquilo que delimita o campo de trabalho do órgão destinatário do recurso; (b) em profundidade, que faz a análise daquilo que está subjacente ao campo de trabalho fixado pelo efeito devolutivo em extensão. Ou seja, que temas que podem ser objeto de apreciação pelo tribunal(art. 515, p. 1o). Analisando o art. 515, p. 1o, chegamos à conclusão que, ao julgar, o tribunal pode ir além daquilo que foi decidido pelo juiz em termo de questões suscitadas no processo. Ou seja, o tribunal não está adstrito ao julgado, ele está adstrito ao alegado. O tribunal pode usar argumentos que não estão na apelação desde que eles tenham sido alegados noprocesso. O art. 515, p. 2o também fala do efeito devolutivo em profundidade, porque permite a devolução de todos os fundamentos da defesa ou do autor mesmo que o juiz não tenha julgado esses fundamentos. O art. 515, p. 3o dispões que, por razões de economia e praticidade, o tribunal pode julgar o mérito mesmo que a sentença tenha sido de extinção sem julgamento de mérito quando o litígio for exclusivamente de direito ou estiver em condições de imediato julgamento. Página 12 de Processo Civil Teoria Geral dos Recursos - continuação 5 Efeitos dos recursos - continuação Efeito devolutivo - continuação Até onde pode ir o tribunal na análise do caso? Ele pode ir até todas as alegações das partes e ainda a tudo o que foi suscitado no processo, pois não está limitado ao que foi alegado no recurso. Primeiro, portanto, fixa-se o campo de trabalho e, depois, discute-se a profundidade quando se tratar de ordem pública. Pode-se dar provimento à apelação por fundamentação da contestação. Isso diz respeito à profundidade do efeito devolutivo do recurso de apelação. Efeito suspensivo Esse efeito está no art. 520 e no art. 527. Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996) VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm> Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005) III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) IV - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, § 2o), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial; (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)VI - ultimadas as providências referidas nos incisos III a V do caput deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)Parágrafo único. A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm> Revisado Aula 7 17 April, 2012 9:24 AM Página 13 de Processo Civil O efeito suspensivo da apelação O recurso que possui efeito suspensivo automático é o de apelação e isso significa dizer que a sentença sequer chega a produzir efeitos, porque o sistema já disponibiliza um recurso que tem efeito suspensivo automático. Em algumas situações, a apelação não terá efeito suspensivo e estas situações nos incisos do art. 520 e também em leis especiais como a lei de ação civil pública(7347/85) e também a lei de ação popular (4717/65). Em termos de prestação de serviço jurisdicional, o efeito suspensivo é aquele que impede que a pessoa beneficiada pela sentença já possa usufruir da condenação. Isso frustra a expectativa das partes. Não se pode receber, porém, porque o recurso interposto tem efeito suspensivo. O projeto de código civil pretende que o efeito suspensivo das apelações não seja mais necessário. O professor acha que isso seria uma grande novidade. Os casos em que a apelação não têm efeito suspensivo estão listadas no art. 520. A apelação que decide processo cautelar também só é recebida no efeito devolutivo. Sempre que houver antecipação de tutela em uma ação e essa antecipação for confirmada na sentença, a apelação não terá efeito suspensivo. Essa é a principal salvação do sistema para dar agilidade ao processo em que fica evidente que uma das partes tem razão. Quando criamos a tutela antecipada, a tutela antecipada constituiu um atalho dentro do sistema para dar celeridade a determinadas situações. Alguns juízes dão tutela antecipada na sentença, apesar de isso parecer não fazer muito sentido. Hoje está pacificado que a liminar dada na sentença enseja apenas apelação. No passado, entendia-se que caberiam dois recursos: agravo para a liminar e apelação para o restante. Hoje recorre-se no recurso de apelação e pede-se efeito suspensivo. Se o juiz não recebe no efeito suspensivo, cabe agravo contra essa decisão que não concedeu o efeito suspensivo. Efeito suspensivo do agravo Enquanto o efeito suspensivo na apelação é automático, o efeito suspensivo do agravo só aparecerá se for pedido pelo agravante e o tribunal atribuir ao recurso a título de antecipação de tutela recursal (art. 527, III do CPC). Se as decisões tiverem potencial de causar prejuízo, admite-se agravo de instrumento. Conceder efeito suspensivo significa que a decisão do recurso de agravo não pode ter efeitos práticos.[?] Só faz sentido falar de efeito suspensivo quando a decisão concedeu algo. Se ela concedeu algo, é preciso impedir que esses efeitos se projetem. Se a decisão de primeiro grau não concede nada, não faz sentido conceder efeito suspensivo ao recurso. Efeito suspensivo no recurso especial e extraordinário Os recursos especial e extraordinário também não têm efeito suspensivo, mas nada impede que os tribunais concedam esse efeito excepcionalmente impedindo a execução da decisão até o julgamento desses recursos. O efeito suspensivo pode ser concedido pelo tribunal estadual ou pelo ministro. O efeito suspensivo tem a mesma dimensão do efeito devolutivo. Ou seja, só haverá suspensão naquilo que foi devolvido no tribunal. Portanto, se uma apelação é parcial, apenas a parte ou o capítulo Página 14 de Processo Civil que foi devolvido no tribunal. Portanto, se uma apelação é parcial, apenas a parte ou o capítulo impugnados no recurso ficará suspenso. Quando o juiz tem que receber um recurso de apelação, ele diz que recebe "em seus regulares efeitos". Mas aquele que sabe que a apelação foi parcial fica em dúvida. Pode ser possível a concessão de efeito suspensivo apenas para uma parte da decisão. Por exemplo, em uma ação de investigação de paternidade: a declaração é recebida em efeito suspensivo, os alimentos em efeito devolutivo. Quando, nesse caso, se fala apenas em "regulares efeitos", cabe recurso de embargos de declaração. Efeito expansivo Efeito expansivo subjetivo O recurso só beneficia aqueleque recorreu. Não pode ser beneficiada a pessoa que concordou com a decisão. Existe, no entanto, a possibilidade de expandir(falamos em expansão subjetiva) os efeitos da decisão para quem não recorreu. Segundo o art. 509, o recurso interposto por um litisconsorte aproveita a todos, salvo se os seus interesses forem distintos ou opostos. Esta regra tem sido interpretada de forma restrita porque a regra do art. 48 é clara no sentido de que os atos de um litisconsorte não beneficiam nem prejudicam os demais litisconsortes. Há pouca jurisprudência a respeito, já que normalmente todos recorrem. Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns. Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm> A doutrina diz que o art. 509 só seria aplicável quando o litisconsórcio é necessário ou unitário. Ele é necessário quando duas ou mais pessoas têm que estar presentes porque a lei exige ou por necessidade lógica. No litisconsórcio necessário faz sentido dizer que a apelação de um litisconsorte aproveita aos demais. O assunto é nebuloso. Efeito expansivo objetivo Pode-se falar também em efeito expansivo objetivo, que permitiria ao tribunal o julgamento de temas que não foram atingidos pelo recurso de apelação. Por exemplo, no julgamento de uma apelação sobre danos materiais o tribunal resolve, também, julgar os danos morais se a) houver relação de dependência entre as duas partes da decisão e b) o julgamento envolver matéria de ordem pública. Página 15 de Processo Civil Semana passada falávamos de efeito expansivo do recurso. Mas vivemos em um sistema liberal em grande medida, o que significa dizer que cada um cuida de seus interesses no processo. É nesse sentido que o art. 48 do CPC diz que os atos do litisconsorte não aproveita aos demais. Efeito expansivo subjetivo O p. único do art. 509 chama atenção para um detalhe curioso: havendo solidariedade entre os litisconsortes(e a solidariedade é um fenômeno do direito material, não processual),o recurso interposto a todos aproveita. Imagine-se que os devedores solidários são condenados. Apenas um recorre e o argumento da apelação é a prescrição. Ao reconhecer a prescrição, o tribunal absolve não só aquele réu que apelou, mas também todos os demais que não apelaram. Nesse caso, a justificativa é a solidariedade. Melhor dizendo, existe uma situação muito homogênea entre eles. Ainda assim, temos que entender que a doutrina é contrária a essa ideia. Então prevalece o entendimento de que a apelação interposta por um apenas aproveita a ele mesmo. Efeito expansivo objetivo O segundo aspecto do efeito expansivo é o efeito expansivo objetivo, de que tratamos na semana passada, é a hipótese em que o recurso interposto atinge partes ou capítulos da decisão que não foram objeto do efeito devolutivo, ou seja, não foram atingidos pelo recurso. Quando houver nexo de dependência entre uma parte impugnada e uma parte não impugnada, o efeito pode ir além e atingir partes não impugnadas. O que permite isso é o nexo de dependência, que vem do direito material, não do direito processual. Por exemplo: há um contrato e há uma multa decorrente do descumprimento desse contrato. Só há multa se o contrato for descumprido. O réu apela apenas da parte em que foi declarado descumprimento. Em princípio, o capítulo da multa não foi impugnado, transitou em julgado. Mas e se o tribunal der provimento ao recurso? Se o tribunal fizer isso, ele vai provocar no campo material um conflito lógico. O desembargador pode, porém, absolver o réu de pagar a multa também. Mas isso é raro, já que, geralmente, "todo mundo recorre de tudo". Encerramos aqui efeito expansivo Efeito translativo/trasladivo[?] (art. 267, § 3º) Esse efeito é muito próximo do efeito expansivo, mas esse efeito diz respeito apenas ao direito processual. É um efeito que trata exclusivamente de questões processuais. Ao recorrer, o recorrente transporta para o tribunal a matéria impugnada (art. 515, caput), na profundidade do que foi alegado durante o processo (art. 515, §1º e §2º), mas também transporta as matérias de ordem pública e aquelas que, sendo de ordem particular, podem ser conhecidas de ofício; Teoria Geral dos Recursos - continuação 5 Efeitos dos recursos - continuação RevisadoAula 8 24 April, 2012 9:19 AM Página 16 de Processo Civil matérias de ordem pública e aquelas que, sendo de ordem particular, podem ser conhecidas de ofício; por exemplo, a prescrição. Bom exemplo que confirma essa tese é a ideia de que a prescrição pode ser enunciada pela parte. Ao mesmo tempo, o sistema permite que o juiz conheça de ofício da prescrição. Mas vamos voltar ao nosso efeito translativo: ao receber um recurso, o tribunal tem transportado para ele as matérias impugnadas, mas o desembargador pode conhecer as matérias de ordem pública. As matérias de ordem pública básicas em nosso sistema são as condições da ação e pressupostos processuais. Pressupostos processuais é "uma bagunça", mas condições da ação é um tema mais consistente. Mas o autor pode dizer "eu nunca fui chamado a falar sobre ilegitimidade da parte". Isso violaria a garantia constitucional do contraditório. O professor acha que, ainda que se trate de matéria de ordem pública, o tribunal só pode decidir sobre esse tema se permitir às partes se manifestar sobre o assunto ( princípio do contraditório). Esse entendimento já existe e está previsto no novo CPC. Quanto mais submetido ao contraditório, mais democrático é o processo. O efeito translativo é de relativa incidência. Cerca de 15% dos recursos, segundo o professor, recebem alguma influência dessa ideia. Nos recurso aos tribunais superiores, que são recursos de estrito direito, o efeito translativo tem sua importância reduzida. Ou seja, a tendência dos tribunais superiores é dizer que ainda que exista matéria de ordem pública, não se a reconhece de ofício. As matéria de ordem pública perdem importância nos tribunais superiores. O professor entende que o efeito devolutivo tem as mesmas consequências em todos os graus de jurisdição. E se há apelação, por exemplo, apenas dos danos materiais e o tribunal percebe que o juiz de primeira instância era corrupto ou absolutamente incompetente?Aqui há uma dúvida. Efeito substitutivo Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso. Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm> Esse efeito está previsto no art. 512 do CPC, segundo o qual o julgamento dos tribunais substitui os julgamentos anteriores naquilo que for objeto de impugnação. Dessa forma, o acórdão do TJ ou do STJ ou do STF substitui a sentença de primeiro grau que, portanto, deixa de produzir efeitos no processo. Em resumo, o que vai ser executado é o acórdão e não a sentença. O efeito substitutivo não se opera quando o recurso não é conhecido. Se temos um sistema escalonado de tribunais, temos um conjunto constante de impugnações às decisões. Então, poderíamos falar que, se a sentença foi impugnada, subirão os autos ao tribunal, o tribunal vai proferir um acórdão e esse acórdão só pode estar em um dentre três caminhos: dá provimento, não dá provimento ou não conhece. Nas duas primeiras, ocorre o chamado efeito substitutivo. Mas se o recurso não for conhecido, a sentença de primeiro grau prevalece. Isso é importante porque isso nos diz o que será objeto de execução em uma determinada situação. Transitado em julgado, executa-se o acórdão, não a sentença. Página 17 de Processo Civil Estudamos até agora processo de conhecimento. Estudando recurso ainda estudávamos processo de conhecimento. O que temos que imaginar daqui pra frente é que o processo de conhecimentoterminou. Haverá uma nova fase chamada de "execução". Na execução daremos resultado práticos. Antes de chegar à execução, pode ser necessário parar o processo em uma fase de liquidação. O tema da aula de hoje é liquidação de sentença. Liquidação de sentença Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) § 1o Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) § 2o A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) § 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério, o valor devido. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Em princípio, devemos evitar a fase de liquidação. Devemos evitar a fase de liquidação porque ela só será admissível quando a sentença não determinar o valor devido. Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> O art. 286 do CPC determina quando um autor pode formular pedido genérico de condenação: são as hipóteses de ações universais, quando não for possível determinar as consequências do ato ou do fato ou quando a apuração do valor depender de um ato ainda a ser praticado pelo réu. O juiz indefere a petição inicial quando o pedido é incerto e não se trata dessas hipóteses. É a sentença genérica que vai ensejar a liquidação de sentença. Mas nosso problema está relacionado com "preguiça" do juiz, que não apura o valor da condenação quando poderia fazê-lo ( fora das hipóteses do art. 286). Nesse caso, as partes vão apelar e os processos vão passar anos nos tribunais. Modalidades de liquidação de sentença Simples cálculos aritméticos não ensejam liquidação. Não há liquidação de sentença quando a condenação depender de meros cálculos aritméticos (art. 475-B). Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o Revisado Aula 9 15 May, 2012 11:24 AM Página 18 de Processo Civil Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) § 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) § 2o Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) § 3o Poderá o juiz valer-se do contador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e, ainda, nos casos de assistência judiciária. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Além disso, cálculos não dependem de homologação, o que, erroneamente, permitíamos antigamente. Não existe homologação de cálculos. Quando se depende apenas de cálculos aritméticos, parte-se direto para a execução. Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) II – o exigir a natureza do objeto da liquidação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Liquidação por arbitramento (art. 475-C) O juiz designa um perito e as partes designam assistentes técnicos permitindo discussões e influências na elaboração do laudo. Ao final, o juiz profere uma decisão aceitando ou não o laudo e fixando o valor da indenização. Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Esta decisão está sujeita a recurso (art. 475 - H). Isso não tem nada a ver com arbitragem. Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 272). (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Liquidação por artigos (art. 475-E e art. 475-F) Neste caso, há a necessidade de uma petição inicial expondo fatos novos. Haverá uma contestação, seguida de uma fase instrutória e de uma decisão ao final, também sujeita a recurso. É o exemplo mais apontado pela doutrina da natureza jurídica da liquidação, que seria de conhecimento, declaratória(porque não cria nem modifica nada). É proibido rediscutir a condenação anterior ou modificar esta condenação. Ou seja, o objetivo principal é complementar ou esclarecer a condenação anterior, mas não de modificar esta condenação, sob pena de ofensa à coisa julgada. Todos os exemplos aqui ensejariam liquidação de sentenças por artigo. Erro médico, por exemplo: cada fato novo é um artigo de liquidação. Note-se que nem há prescrição, porque o fato é novo. Diferença entre execução e fase de cumprimento de sentença Página 19 de Processo Civil O importante inicialmente é estabelecermos algumas premissas: sempre que tivermos um título executivo judicial, o instrumento de que nos utilizaremos é o cumprimento de sentença ( a sentença é o mais importante título executivo judicial). Mas, excepcionalmente, o processo de execução será necessário. Mas a jurisprudência tem entendido que para alimentos novos é necessário a execução, já que existe o procedimento especial que permite a prisão. Atos de instrução são necessários no processo de execução. São justamente aqueles atos que constrinjam patrimônio. Em resumo: usamos o cumprimento de sentença quando tivermos título judicial, a não ser que subsista procedimento especial que justifique o processo de execução (como alimentos novos e fazenda pública). O processo de execução vai sobrar para todos os títulos extrajudiciais. Para a execução é necessário título executivo, caracterização do inadimplemento e liquidez. O inadimplemento para o cumprimento de sentença Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Quando efetivamente o inadimplemento fica caracterizado? Muitos sustentaramque quinze dias a partir do trânsito julgado. Uma interpretação literal do 475-J. Este parece o entendimento mais adequado e não violador de nenhuma garantia. Mas há o entendimento de que só se podem contar os 15 dias a partir de quando o processo for baixado e o réu pessoalmente intimado. Mas com isso não ganharíamos nada em agilidade. Então, o STJ fixou o entendimento de que, com o trânsito em julgado, o credor precisa requerer a intimação e o devedor precisa ser intimado, mas não pessoalmente, mas por seu advogado através de publicação na imprensa. A partir dessa intimação, o devedor teria 15 dias, incidiria a multa de 10%. O inadimplemento para o processo de execução Normalmente, o processo de execução envolve título executivo extra-judicial, que têm, em sua grande maioria, fixação de termo para cumprimento da obrigação. O momento em que fica caracterizado o inadimplemento é um momento diferente. No caso de o título não possuir termo, data de vencimento, há notificação que constitua o credor em mora e o réu possa dizer que não foi notificado. A liquidez no processo de execução Se tivermos sentença judicial ilíquidas, vamos para a fase de liquidação. Se for ilíquido o título, será necessário o processo de conhecimento. Diferenças relacionadas ao procedimento O ato de comunicação é diferente(v. 475-J e 652). Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Página 20 de Processo Civil Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> A defesa do devedor é diferente (v. 475-J e 738) Página 21 de Processo Civil Execução Execução é o que chamamos de fase final. Porque é a partir da execução civil que vamos chegar a resultados práticos. A primeira ideia é que a execução civil busca encontrar resultados práticos aos comandos dados na sentença. Há o processo de conhecimento, há a sentença, discutimos a sentença em recurso, voltamos e, eventualmente, temos liquidação de sentença. Finalmente, temos a execução civil. Execução do quê? Do comando contido na sentença. Logicamente, não vamos precisar de execução se nosso devedor cumprir a execução voluntariamente. Enquanto falávamos de conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, aqui temos conflito de interesse qualificado por uma pretensão não cumprida, não efetivada. A valorização da execução no processo No passado, acreditava-se que a função da justiça se esgotava no processo de conhecimento. Assim, competiria ao juiz declarar o direito. Não se pensava em execução. Execução era algo secundário, era apenas penhorar um bem, retirar algo do devedor: a função nobre da justiça era declarar o direito. A jurisdição se esgotava no processo de conhecimento. Nos anos 20 e nos anos 30, o processo era uma ciência autônoma que se preocupava com seus próprios conceitos. Isso significa dizer que, no processo, essa ideologia se refletia com a pouca estruturação da execução civil. Com o Estado social do direito, passamos a nos preocupar mais com o resultado do processo na vida das pessoas, não adianta mais apenas "dizer o direito". Hoje, temos um processo mais efetivo: um processo que se preocupa com penhora on-line. Um processo que facilita a penhora de bens imóveis. Um processo que, eventualmente, é redirecionado até mesmo para quem não é devedor (desconsideração da pessoa jurídica via CC ou CDC). A autonomia do processo de conhecimento O processo de execução é autônomo ou ele é mera fase do processo de conhecimento? Antes de 2006, o processo de execução era absolutamente autônomo. Isso quer dizer que ele estava desvinculado do processo de conhecimento, que ele exigia citação para ser iniciado e, também, que ele possuía regras completamente diferentes do processo de conhecimento. Regras que, no fundo, não teriam nada a ver com o processo de conhecimento. Com a citação, começava um processo novo, autônomo em relação ao processo antigo. Havia duas relações jurídicas: uma relação jurídica processual de conhecimento e uma relação jurídica processual de execução. O processo civil sincrético - reformas de 2006 A partir de 2006, passamos a encarar o processo de execução, através de uma das reformas do processo civil, como uma simples fase do processo de conhecimento. Isso foi de extrema importância: o processo de execução passou a se chamar "fase de execução". Daí surgiu a expressão "processo sincrético". Na configuração atual, só existe uma citação, que é a do processo de conhecimento. Falar em sincretismo significa que duas coisas são tratadas como uma só. Grandes vantagens práticas, no entanto, não são tão perceptíveis. O professor Bedaque chama o sincretismo de "estelionato processual". Hoje, transitado em julgado, o credor apresenta petição pedindo o julgamento. Se o devedor não cumprir a obrigação, haverá multa de 10%. Por último, com esse sincretismo, conseguimos hoje afirmar que o processo de execução não é algo diferente do processo de conhecimento. Ele guarda as mesmas características do processo de conhecimento. Revisado Aula 10 22 May, 2012 9:26 AM Página 22 de Processo Civil conhecimento. Aplicam-se as condições e aplicam-se os pressupostos processuais. A teoria geral da execução está dentro de uma teoria geral do processo. O juiz intima o devedor para que cumpra a obrigação. Isso está no diário oficial, não depende mais de oficial de justiça. Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Para dar efetividade à execução, avançamos para a criação da penhora on-line(art. 655-A). Se o juiz não faz o desbloqueio após sucessivos pedidos, é possível a interposição de agravo de instrumento por omissão. As condições da ação na execução civil Quais são as condições da ação na execução civil? Legitimidadea. Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232,de 2005) Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;(Redação dada pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. (Incluído pela Lei Quem é parte legítima na execução? Aquelas pessoas que estão no título executivo. Título executivo é a sentença, mas também pode ser o título executivo extra-judicial, quando se tratar de cheques, notas promissórias ou contratos em geral(art. 475-N e art. 585, CPC). Página 23 de Processo Civil VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. (Incluído pela Lei nº 11.382, de 2006). Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Art. 566. Podem promover a execução forçada: I - o credor a quem a lei confere título executivo; II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei. Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir: I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for transmitido o direito resultante do título executivo; II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo Ihe foi transferido por ato entre vivos; III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. Art. 568. São sujeitos passivos na execução:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) IV - o fiador judicial; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante. (Incluído pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> A lei determina quem são os credores e os devedores na execução(art. 566 a 568). Basicamente, é o autor, o sub-rogado. Em princípio, é parte na execução quem está no título executivo judicial.Eventualmente, pode ser o espólio, tanto do credor quanto do devedor. Também pode promover a execução um cessionário. E quem é o sub-rogado? Em direito civil, é quem toma o lugar de outra pessoa não por uma cessão propriamente dita, mas porque a lei permite. A desconsideração jurídica é muito usada na prática e "cria uma névoa" sobre a questão de quem é parte na execução. Fala-se, também, em desconsideração inversa da pessoa jurídica: afasta-se a pessoa física e chega-se à jurídica. Mas falamos em desconsideração, basicamente, das limitadas, não das S.A. Nas S/A fala-se em desconsideração apenas em relação aos diretores que, aliás, podem ou não ser sócios. 2. Interesse de agir na execução civil Demonstra-se o interesse de agir com a existência de título executivo, e há títulos executivos judiciais(sentença) e extra-judiciais (cheque, nota promissória, contrato, etc.). Qual é o resultado que o processo de conhecimento vai dar? Um título. Uma sentença que impõe uma ordem de pagamento. Se há uma dívida e um título executivo, não é necessário processo de conhecimento. Há interesse de agir na execução civil, demonstrado com o título executivo. Claro que falamos aqui do interesse de agir na modalidade adequação, não na modalidade necessidade. Afinal, sabemos que o interesse se desdobra em dois: a necessidade de se ir ao processo judiciário e a adequação. 3. Possibilidade jurídica na execução civil A possibilidade jurídica na execução civil é praticamente a mesma do processe de conhecimento.Ou Página 24 de Processo Civil A possibilidade jurídica na execução civil é praticamente a mesma do processe de conhecimento.Ou seja, só haverá execução quando não houver proibição explícita daquilo que se pretende executar. Os exemplos ficam na teoria: alguém contrata que o pagamento será com o próprio corpo, etc. Essas condições são prova de que a execução está inserida na teoria geral, não obstante ter particularidades. Se alguém pede execução de título que já venceu, o que o juiz deve fazer? A execução deve ser extinta por falta de interesse de agir na modalidade necessidade. Se não há título executivo, é extinta a execução por falta de interesse de agir na modalidade adequação. Atuação da sanção secundária A sanção primária que temos em um processo vem pela condenação. Condena-se ao pagamento de um valor x. A sanção secundária é a sujeição do patrimônio da pessoa à execução dessa dívida. Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens: V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução. Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Aí aparece a "fraude de execução"(art. 592, V). Mas como faz o credor para atingir bem que não está mais no patrimônio do devedor? Ele alega fraude de execução. Um bem penhorado não é um bem retirado do patrimônio do devedor. É um bem constrito, objeto de uma restrição. "Cerca-se" o bem. O devedor deixa de ter amplos direitos sobre ele, seu direito de propriedade é restringido. Depois da penhora, virá uma avaliação do bem penhorado. Às vezes, o bem pode ser facilmente avaliado, e o próprio oficial de justiça faz isso; outras vezes, será necessário perícia. O último passo é o leilão. No leilão, oferecemos o bem ao credor. O credor pode aceitar o bem antes do leilão. Semana que vem falaremos de títulos executivos. Página 25 de Processo Civil Execução - continuação Título executivo Para Carnelutti, título executivo seria prova doscréditos. Depois, passou-se ao entendimento de que título executivo seria o crédito e a prova do crédito. Hoje entendemos que título executivo é um ato jurídico a que a lei empresta força executiva. Disso já decorre uma consequência importante: título executivo é aquele que está previsto na lei. Somente a lei diz, taxativamente, quais são os títulos executivos ou o que pode ser título executivo. Por que esse rigor? Por que não podemos pensar em títulos executivos não previstos na lei? Porque é uma violência em relação ao executado. A existência de um título executivo fragiliza a situação do executado, do réu. Quem tem contra si um título executivo, tem poucos momentos para se defender.Deixar alguém a mercê de um credor, é algo que só pode ser feito mediante contraditório e ampla defesa. Quem tem título executivo, além dessa posição de superioridade, está dispensado de processo de conhecimento, não precisa de processo de conhecimento. Ao não precisar desse processo de conhecimento, já pode ir à execução. Quem não tem título executivo, vai ao processo de conhecimento para ter título executivo. Simplificadamente, o processo de conhecimento visa abrir as portas da execução. Quem tem título executivo, não tem interesse de agir no processo de conhecimento. Quem não tem título executivo não tem interesse de agir no processo de execução. Feita essa introdução, passamos à idéia dos atributos de um título executivo. Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Elementos dos títulos executivos Certeza○ Liquidez○ Exigibilidade○ Art. 586 diz que o título executivo tem que ter três atributos: Certeza É perfeitamente identificável a estrutura jurídica que compõe a obrigação: credores, devedores, valor, vencimento, etc. Liquidez Liquidez é a perfeita apuração do valor. Para se chegar ao valor executado nada mais pende, o valor é apurável de plano. Vimos que existe fase de liquidação de título judicial. Mas existe fase de liquidação de título executivo extra-judicial? Não. Não se faz liquidação de título executivo extra-judicial. O que faz então o credor desses títulos para cobrar suas dívidas? Ele deve ir a processo de conhecimento. Exigibilidade A dívida deve estar vencida, o devedor deve estar inadimplente. E nas obrigações sem vencimento? STJ Súmula nº 54 - 24/09/1992 - DJ 01.10.1992 De acordo com a súmula 54 do STJ, desde a ocorrência do fato.[?] Revisado Aula 11 29 May, 2012 9:28 AM Página 26 de Processo Civil STJ Súmula nº 54 - 24/09/1992 - DJ 01.10.1992 Juros Moratórios - Responsabilidade Extracontratual Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. Colado de <http://www.dji.com.br/normas_inferiores/regimento_interno_e_sumula_stj/stj__0054.htm> Existe alguma sentença inexigível? Na teoria, fala-se em "sentenças condicionais", mas elas não existem na prática. Títulos executivos judiciais em espécie (art. 475-N) A sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de uma obrigação[?]. Antes só a sentença condenatória era título executivo. Depois da reforma, consolidou-se o entendimento de que também as sentenças condenatórias ou constitutivas podem servir de título executivo. Até hoje a doutrina não gosta muito dessa ideia, porque pode causa surpresas para o devedor. A sentença condenatória parte de uma crise de inadimplência e chega a uma condenação a pagar essa dívida. Ela é o título executivo por excelência. Se as pessoas estão na justiça discutindo a existência de contrato de leasing. Feita a declaração da existência do leasing, como faz o credor para ter o bem de volta? Se alguém recebe o aviso de uma empresa de que há uma dívida em aberto e descobre-se que seus documentos foram usada fraudulosamente. Pode-se ir à justiça e pedir que aquele contrato seja declarado inexistente. Se derrotado, a credora pode já fazer a execução? Ou precisa de processo novo em que haja condenação? O art. 475-N diz que é título executivo qualquer sentença que reconheça a existência de uma obrigação. Portanto, o credor pode fazer simples petição pedindo a execução. Isso é o que acontece hoje. Mas o problema é a surpresa, o desequilíbrio e a insegurança. Sentença penal transitada em julgado Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> O art. 475-N, II, diz que é título executivo judicial a sentença penal transitada em julgado. Isso tem grande utilização na vida prática. Quando alguém é condenado criminalmente, já surge como obrigação acessória a obrigação de indenizar. Mas falta a liquidez. É preciso ingressar com um processo de liquidação de sentença penal, que vai ser distribuído livremente por um dos juízes cíveis. O juiz do cível pode esperar o desfecho do processo criminal. Pode haver contradição. Homologação de conciliação Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> O art. 475-N III trata de homologação de conciliação. O juiz tem dever de tentar conciliação (art. 125). Se sair acordo, ele dará sentença homologatória do acordo firmado entre as partes. Acordo entre as partes é titulo executivo extra-judicial, se for homologado pela justiça, é titulo executivo judicial. O juiz pode homologar acordo inclusive sobre matéria que não está no processo. Página 27 de Processo Civil O juiz pode homologar acordo inclusive sobre matéria que não está no processo. Sentença arbitral Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> A sentença arbitral é também um título executivo judicial. Acordo extrajudicial homologado judicialmente Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm> Acordo extrajudicial de qualquer natureza, homologado judicialmente(inciso V). Trata-se do acordo anterior à existência de qualquer processo. Por que é necessário homologar esse acordo na justiça? Mas não é necessário homologá-lo. O acordo judicial é apenas um contrato. Por que as pessoas homologam? Este dispositivo dá bem a diferença entre acordos judiciais e extrajudiciais. Títulos executivos judiciais são revestidos de uma proteção chamada coisa julgada. O título executivo judicial é muito mais estável que um extrajudicial. Ainda que venha de simples homologação, o título executivo judicial é revestido dos efeitos de coisa julgada. Por exemplo, há um contrato de confissão de dívida. O credor pode dividir a validade do negócio, o valor, a existência da obrigação? Não, tudo isso esbarra na coisa julgada. Já um contrato é título executivo, porém, como foi formado extrajudicialmente, não está protegido por nada. O juiz não pode se negar a homologar nada. A sentença estrangeira tem que ser homologada pelo STJ. Formal e certidão de partilha homologados Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) Colado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>
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