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Psicologia Social FICHAMENTO REFERENTE AOS PRINCIPAIS CONCEITOS DO TEMA AGRESSIVIDADE O que é Agressividade? Agressividade como um comportamento físico ou verbal com intenção de causar danos. Essa definição exclui danos involuntários, como acidentes de carro ou colisões na calçada, e também exclui ações que envolvam o sofrimento como um efeito colateral inevitável de se ajudar alguém, p. ex., tratamentos dentários ou – no extremo – suicídio assistido. Incluem chutes e tapas, ameaças e insultos, até mesmo fofocas ou observações sarcásticas. Inclui decisões tomadas durante experimentos sobre o quanto machucar alguém, tais como quanto aplicar de choque elétrico. Também inclui destruir propriedade, mentir e outros comportamentos cujo objetivo é machucar. A definição abrange dois tipos distintos de agressividade. Os animais exibem agressividade social, caracterizada por manifestações de raiva, e agressividade silenciosa, como quando um predador persegue sua presa. As agressividades social e silenciosa envolvem regiões cerebrais distintas. Nos seres humanos, os psicólogos chamam os dois tipos de agressividade de “hostil” e “instrumental”. A agressividade hostil vem da raiva; seu objetivo é ferir. A agressividade instrumental também visa ferir, mas apenas como um meio para outro fim. A maior parte do terrorismo é agressividade instrumental. A agressividade hostil é “quente e furiosa”; a agressividade instrumental é “fria e ponderada”. A maioria dos assassinatos, no entanto, é agressividade hostil. Alguns assassinatos e muitos outros atos violentos de vingança e coerção sexual, no entanto, são instrumentais. Quais são algumas das teorias da agressividade? Ao analisar as causas de agressividade hostil e instrumental, os psicólogos sociais têm se concentrado em três grandes ideias: Há um impulso agressivo de raiz biológica; A agressividade é uma resposta natural à frustração; O comportamento agressivo é aprendido. Agressividade como fenômeno biológico A primeira visão, proposta pelo filósofo francês do século XVIII Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778), culpa a sociedade, e não a natureza humana, pelos males sociais. A segunda ideia, associada ao filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679), credita à sociedade a restrição do animal irracional humano. No século XX, a visão irracional – de que a atitude agressiva é inata e, portanto, inevitável – foi proposta por Sigmund Freud, em Viena, e Konrad Lorenz, na Alemanha. TEORIA DO INSTINTO E PSICOLOGIA EVOLUTIVA Freud especulou que a agressividade humana surge a partir de um impulso autodestrutivo, redirecionando a outros a energia de uma pulsão de morte primitiva (o “instinto de morte”). Lorenz, especialista em comportamento animal, considerava a agressividade adaptativa e não autodestrutiva. Os dois concordaram que a energia agressiva é instintiva (não aprendida nem universal). A teoria do instinto também não leva em conta as variações da agressividade de pessoa para pessoa e culturais. Embora a agressividade seja biologicamente influenciada, a propensão humana para agredir não se constitui em comportamento instintivo. O comportamento agressivo foi uma estratégia para obter recursos, defender-se contra ataques, intimidar ou eliminar concorrentes masculinos por mulheres e dissuadir os companheiros de infidelidade sexual. INFLUÊNCIAS NEURAIS Não há um lugar único no cérebro que a controle, mas os pesquisadores descobriram sistemas neurais em animais e seres humanos que facilitam a agressividade. Quando os cientistas ativam essas áreas do cérebro, aumenta a hostilidade; quando as desativam, a hostilidade diminui. INFLUÊNCIAS GENÉTICAS A hereditariedade influencia a sensibilidade do sistema neural a estímulos agressivos. A agressividade também varia entre primatas e humanos. Nossos temperamentos – o quanto somos intensos e reativos – são trazidos ao mundo por nós, em parte, influenciados pela reatividade de nosso sistema nervoso simpático. INFLUÊNCIAS BIOQUÍMICAS A química do sangue também influencia a sensibilidade neural à estimulação agressiva. ÁLCOOL- Dados de experiências laboratoriais e da polícia indicam que o álcool desencadeia agressividade quando as pessoas são provocadas. O álcool aumenta a agressividade ao reduzir a autoconsciência das pessoas, ao centrar sua atenção em uma provocação e à medida que as pessoas o associam com a agressividade. O álcool desindividualizada, além de desinibir. TESTOSTERONA - As influências hormonais parecem ser muito mais fortes nos animais inferiores do que em seres humanos, mas a agressividade humana está correlacionada ao hormônio sexual masculino, a testosterona. BAIXOS NÍVEIS DE SEROTONINA - Outro culpado encontrado com frequência na cena de violência é um baixo nível do neurotransmissor serotonina, para o qual os lobos frontais controladores de impulsos têm muitos receptores. BIOLOGIA E COMPORTAMENTO INTERAGEM- Assim, as influências neurais, genéticas e bioquímicas predispõem algumas pessoas a reagir agressivamente ao conflito e à provocação. “É cientificamente incorreto [dizer que] a guerra ou qualquer outro comportamento violento está geneticamente programado na natureza humana [ou que] a guerra é causada por ‘instinto’ ou qualquer motivação única”. Agressividade como resposta à frustação Teoria da frustração agressividade- Teoria de que a frustração desencadeia uma disposição a agredir. Frustração- Bloqueio de comportamentos direcionados a objetivos. A frustração é qualquer coisa (como a máquina de venda automática com defeito) que bloqueie a realização de um objetivo. Ela cresce quando nossa motivação para alcançar um objetivo é muito forte, quando esperávamos gratificação e quando o bloqueio é completo. A energia agressiva não precisa explodir diretamente contra a fonte. Aprendemos a inibir a retaliação direta, sobretudo quando outros podem desaprová-la ou puni-la; em vez de reagir, redirecionados nossas hostilidades a metas mais seguras. Redirecionamento- Redirecionamento de agressividade a um alvo que não seja a fonte da frustração. Em geral, o novo alvo é um mais seguro ou socialmente mais aceitável. A agressividade desencadeada por frustração às vezes se manifesta na forma de ataques de raiva no trânsito. Esse tipo de ataque de raiva é alimentado pela percepção de intenções hostis por parte de outros motoristas, como quando se é cortado no trânsito. Teoria da frustação- Agressividade Revisada Berkowitz teorizou que a frustração produz raiva, uma disponibilidade emocional para agredir. A raiva surge quando alguém que nos frustra poderia ter escolhido agir de outra forma. Uma pessoa frustrada tem mais probabilidades de atacar quando as características agressivas puxam a tampa, liberando a raiva contida. A questão não é que a privação e a injustiça social são irrelevantes para a agitação social, mas que a frustração decorre da diferença entre expectativas e realizações. Quando suas expectativas são atendidas por suas realizações e quando seus desejos são acessíveis com sua renda, você se sente satisfeito em vez de frustrado. Privação Relativa Esses sentimentos, chamados de privação relativa, explicam por que a felicidade tende a ser menor, e as taxas de criminalidade maiores, em comunidades e nações com grande desigualdade de renda. Além disso, explica por que os habitantes da antiga Alemanha Oriental se revoltaram contra seu regime comunista: eles tinham um padrão de vida mais alto do que o de alguns países da Europa Ocidental, mas frustrantemente abaixo de seus vizinhos da Alemanha Ocidental. Privação Relativa- Percepção de que se está em situação pior do que a deoutros com quem nos comparamos. Televisão ajuda a transformar a privação absoluta (falta do que os outros têm) em privação relativa. Agressividade como comportamento social aprendido As teorias de agressividade com base em instinto e frustração pressupõem que os instintos hostis surgem de emoções interiores que, naturalmente, “empurram” a agressividade de dentro. Os psicólogos sociais afirmam que a aprendizagem também “puxa” a agressividade para fora de nós. RECOMPENSAS DA AGRESSIVIDADE Por experiência e observando outras pessoas, aprendemos que a agressividade muitas vezes compensa. As pessoas também podem aprender as recompensas de agressividade. Teoria da aprendizagem social- Teoria de que aprendemos o comportamento social observando e imitando, bem como sendo recompensados e punidos. APRENDIZAGEM POR OBSERVAÇÃO Albert Bandura (1997) propôs uma teoria da aprendizagem social sobre a agressividade. Ele acredita que aprendemos a agressividade não só experimentando suas recompensas, mas também observando os outros. A FAMÍLIA Filhos fisicamente agressivos tendem a ter pais fisicamente punitivos, que os disciplinaram segundo modelos de agressividade ao gritar, dar tapas e surrar (Patterson et al., 1982). É comum que esses pais tenham tido, eles próprios, pais fisicamente punitivos. A questão é simplesmente que há uma correlação: onde e quando o pai é ausente, aumenta o risco de violência. A CULTURA - O ambiente social fora de casa também oferece modelos. Resumo: Quais são algumas das teorias da agressividade? A agressividade (definida como um comportamento verbal ou físico voltado à intenção de causar danos) se manifesta de duas formas: agressividade hostil, que nasce de emoções como raiva, e agressividade instrumental, que pretende causar danos como meio para chegar a outro fim. Existem três teorias gerais sobre agressividade. A visão do instinto, mais comumente associada a Sigmund Freud e Konrad Lorenz, sustentou que a energia agressiva irá se acumular a partir de dentro, como água atrás de uma represa. Embora as evidências disponíveis ofereçam pouca sustentação a essa visão, a agressividade é biologicamente influenciada pela hereditariedade, a química do sangue e o cérebro. De acordo com a segunda opinião, a frustração provoca raiva e hostilidade. Diante de estímulos agressivos, essa raiva pode provocar agressividade. A frustração não advém de privação, mas da diferença entre expectativas e realizações. O ponto de vista da aprendizagem social apresenta a agressividade como um comportamento aprendido. Pela experiência e pela observação do sucesso dos outros, às vezes aprendemos que a agressividade compensa. A aprendizagem social permite influências familiares e subculturais sobre a agressividade, assim como influências da mídia (que discutiremos na próxima seção). Incidentes aversivos As receitas para agressividade geralmente incluem algum tipo de experiência aversiva: dor, calor desconfortável, um ataque ou superlotação. DOR A dor também aumenta a agressividade em seres humanos. Berkowitz (1983, 1989, 1998) propôs que a estimulação aversiva, e não a frustração, é o gatilho básico da agressividade hostil. A frustração certamente é um importante tipo de dissabor, mas qualquer evento aversivo, seja uma expectativa não cumprida, um insulto pessoal ou dor física, pode incitar uma explosão emocional. Até mesmo o tormento de um estado depressivo aumenta a probabilidade de comportamento agressivo hostil. CALOR Variações climáticas temporárias podem afetar o comportamento. Odores desagradáveis, fumaça de cigarro e poluição do ar já foram relacionados ao comportamento agressivo (Rotton & Frey, 1985), mas o fator ambiental de irritação mais estudado é o calor. ATAQUES Ser atacado ou ofendido por outra pessoa é uma situação especialmente propícia à agressividade. EXCITAÇÃO Um determinado estado de excitação corporal alimenta uma emoção ou outra, dependendo de como a pessoa interpreta e rotula a excitação. A excitação sexual e outras formas de excitação, como a raiva, podem, portanto, amplificar uma à outra. Uma situação frustrante, quente ou insultante aumenta a excitação. Quando isso acontece, a excitação, combinada com pensamentos e sentimentos hostis, pode formar uma receita para o comportamento agressivo. Estímulos à agressividade As armas vinculam pensamentos hostis e julgamentos punitivos As armas não só servem como estímulos para a agressividade, mas também colocam distância psicológica entre agressor e vítima. Como nos ensinaram os estudos de Milgram sobre obediência, o distanciamento em relação à vítima facilita a crueldade. Uma faca pode matar alguém, mas um ataque de faca exige muito mais contato pessoal do que puxar um gatilho a distância. Influências da mídia: Pornografia e violência sexual Os psicólogos sociais relatam que ver essas cenas ficcionais de um homem dominando e excitando uma mulher pode (a) distorcer as percepções de uma pessoa sobre como as mulheres realmente respondem à coerção sexual e (b) aumentar a agressividade contra as mulheres. PERCEPÇÕES DISTORCIDAS DA REALIDADE SEXUAL A pornografia que retrata agressividade sexual como algo prazeroso para a vítima aumenta a aceitação do uso da coerção nas relações sexuais. AGRESSIVIDADE CONTRA A MULHER ESTUDOS CORRELACIONAIS - As evidências também sugerem que a pornografia contribui para a agressividade real de homens em relação a mulheres. ESTUDOS EXPERIMENTAIS- “a exposição à pornografia violenta aumenta o comportamento punitivo em relação às mulheres” As mulheres correm mais risco quando se deparam com homens que exibem comportamento promíscuo e aquelas atitudes hostis que a pornografia cultiva. Homens sexualmente agressivos. Os homens que coagem sexualmente as mulheres muitas vezes combinam história de sexo impessoal com masculinidade hostil, relata Neil Malamut. Influências da mídia: televisão Já vimos que assistir a um modelo agressivo atacando um joão-bobo pode desencadear impulsos agressivos em crianças e lhes ensinar novas maneiras de agredir. Também vimos que depois de assistir a filmes que retratam violência sexual, muitos homens furiosos agem com mais violência em relação às mulheres. No geral, a televisão irradia suas ondas eletromagnéticas aos olhos das crianças por mais horas, durante seu crescimento, do que elas passam na escola – na verdade, mais do que em qualquer outra atividade em vigília. Uma variação sobre a hipótese da catarse, sustenta que assistir a programas violentos permite que as pessoas liberem suas hostilidades contidas. Catarse - Liberação emocional. A visão da agressividade baseada na catarse é a de que o impulso agressivo é reduzido quando se “libera” a energia agressiva, seja agindo de forma agressiva, seja fantasiando agressividade. Uma das grandes contribuições da televisão é ter trazido o assassinato de volta à casa, onde é o seu lugar. Ver um assassinato na televisão pode ser uma boa terapia. Pode ajudar a processar os HITCHCOCK. Estudos de acompanhamento confirmaram essas conclusões de várias formas, incluindo as seguintes: Correlacionando a violência assistida por crianças de 8 anos com sua probabilidade posterior de abusar de cônjuge adulto (Huesmann et al., 1984, 2003). Correlacionando a violência assistida por adolescentes com sua probabilidade posterior de cometer assalto, roubo e ameaças de lesão (Johnson et al., 2002) Correlacionando a exposição de crianças de escola fundamental a mídia violenta com a frequência com que se envolviam em brigas quando reestudados, dois a seis meses mais tarde (Gentile et al., 2004). EXPERIMENTOSCOM TV “a exposição à violência dos filmes... levou a um aumento na agressividade dos espectadores”. A alta exposição à violência na mídia é uma das principais causas que contribuem para o alto índice de violência na moderna sociedade dos Estados Unidos. Evidências inequívocas de que a exposição à violência na mídia pode aumentar a probabilidade de comportamento agressivo e violento em contextos imediatos e de longo prazo.” POR QUE ASSISTIR À TV AFETA O COMPORTAMENTO? Representações na mídia também evocam imitação. Também em outros aspectos, a televisão apresenta modelos de um mundo irreal. Porém, também há boas notícias. Se as formas de se relacionar e resolver problemas mostradas na televisão realmente geram imitação, sobretudo entre espectadores jovens, a apresentação de modelos de comportamento pró-social pela TV deveria ser socialmente benéfica. EFEITOS DA TELEVISÃO SOBRE O PENSAMENTO DESSENSIBILIZAÇÃO Repita um estímulo que desencadeie uma emoção, como uma palavra obscena, várias vezes. O que acontece? A resposta emocional vai se “extinguir”. Depois de assistir a milhares de atos de crueldade, há boas razões para se esperar um entorpecimento emocional semelhante. A resposta mais comum pode muito bem se tornar “não me incomoda nem um pouco”. À medida que a televisão e o cinema se tornaram sexualmente mais explícitos – o número de cenas contendo falas ou comportamentos sexuais em horário nobre nos Estados Unidos quase duplicou entre 1998 e 2005 (Kaiser, 2005) –, a preocupação dos adolescentes com representações de sexo na mídia também diminuiu. Os adolescentes de hoje “parecem ter ficado consideravelmente mais dessensibilizados em relação a representações vívidas de violência e sexo do que os seus pais eram quando tinham a idade deles”, conclui a pesquisadora do Gallup Josephine Mazzuca (2002). As representações na mídia dessensibilizam. ROTEIROS SOCIAIS - Quando nos encontramos em situações novas, sem saber exatamente como agir, contamos com os roteiros sociais – instruções mentais fornecidas culturalmente para a ação. As representações na mídia implantam roteiros sociais. Para quem vê muita televisão, o mundo se torna um lugar assustador. Representações na mídia formam percepções da realidade. CONDICIONAMENTO COGNITIVO - Novas evidências também revelam que assistir a vídeos violentos condiciona redes de ideias relacionadas à agressão. As representações da mídia condicionam o pensamento. EFEITOS DOS JOGOS COM QUE AS CRIANÇAS BRINCAM Gentile e Anderson, no entanto, apresentam algumas razões pelas quais um jogo violento pode ter um efeito mais nocivo do que assistir à televisão violenta. Ao jogar, os jogadores : identificam-se com um personagem violento e desempenham seu papel; ensaiam ativamente a violência, não apenas a assistem passivamente; envolvem-se em toda a sequência de prática da violência: escolher as vítimas, adquirir armas e munições, perseguir a vítima, mirar a arma, puxar o gatilho; estão envolvidos com violência e ameaças de ataque contínuas; repetem os comportamentos violentos muitas vezes; são recompensados por uma agressão eficaz. Jogar videogames violentos, mais do que os não violentos, aumenta a excitação: a frequência cardíaca e a pressão arterial sobem. aumenta o pensamento agressivo; aumenta sentimentos agressivos: os níveis de frustração sobem, assim como a hostilidade expressa, embora os sentimentos hostis diminuam poucos minutos após o término do jogo (Barlett et al., 2009). aumenta comportamentos agressivos: após um jogo violento, crianças e jovens brincam de forma mais agressiva com seus pares, entram em mais discussões com seus professores e participam de mais brigas. diminui comportamentos pró-sociais: depois de jogar um videogame violento, as pessoas demoram mais a ajudar uma pessoa choramingando no corredor ao lado e a oferecer ajuda a colegas. Como revelado pela diminuição da atividade cerebral associada à emoção, elas também se tornam dessensibilizadas à violência (Bartholow et al., 2006; Carnagey et al., 2007). Além disso, quanto mais violentos forem os jogos, maiores serão os efeitos de jogá-los. Quanto mais sangrento for o jogo (p. ex., quanto maior a definição do nível de sangue em um experimento com jogadores de Mortal Combat), maior a hostilidade e a excitação do jogador após a partida (Barlett et al., 2008). Os videogames se tornaram mais violentos, o que ajuda a explicar por que estudos mais recentes encontram efeitos maiores. Os pais podem não ser capazes de controlar o que seus filhos assistem, brincam e comem na casa de outra pessoa, tampouco podem controlar o efeito da mídia sobre a cultura de seus filhos entre seus pares (é por isso que aconselhar os pais a “simplesmente dizer não” é ingênuo), mas podem supervisionar o consumo em sua própria casa e proporcionar mais tempo para atividades alternativas. Estabelecer redes com outros pais pode construir um bairro propício para crianças, e as escolas podem ajudar fornecendo educação sobre consciência da mídia. INFLUÊNCIA DO GRUPO Por meio do “contágio” social, os grupos ampliam tendências agressivas, da mesma forma como polarizam outras tendências. Jovens que compartilham tendências antissociais e carecem de laços familiares próximos e expectativas de sucesso escolar podem encontrar identidade social em uma gangue. À medida que a identidade do grupo se desenvolve, aumentam as pressões da conformidade e a desindividuação (Staub, 1996). A identidade própria diminui à medida que os membros se entregam ao grupo, muitas vezes sentindo uma unidade satisfatória com os outros. O resultado frequente é o contágio social – excitação, desinibição e polarização alimentadas pelo grupo. Como observou o especialista em gangues Arnold Goldstein (1994), até saírem da gangue por terem se casado, ficado mais velhos ou morrido, os membros se mantêm nelas. Elas definem seu território, exibem suas cores, desafiam rivais e, às vezes, cometem atos delinquentes e lutam por drogas, território, honra, mulheres ou insultos. Quando as circunstâncias provocam reação agressiva de um indivíduo, acrescentar interação com o grupo muitas vezes a amplifica. Em ambos os contextos, o aumento da agressividade é indicado pelo seguinte: Atores masculinos Personalidades agressivas ou propensas à raiva Uso de álcool Assistir violência Anonimato Provocação Presença de armas Interação grupal Resumo: O que influencia a agressividade? Muitos fatores exercem influência sobre a agressividade. Um deles é o das experiências aversivas, que incluem não apenas frustrações, mas também desconforto, dor e ataques pessoais, tanto físicos como verbais. A excitação vinda de quase qualquer fonte, até mesmo exercício físico ou estimulação sexual, pode ser transformada em outras emoções, como a raiva. Estímulos à agressividade, tais como a presença de uma arma, aumentam a probabilidade de um comportamento agressivo. Assistir à violência (1) gera um aumento modesto no comportamento agressivo, principalmente em pessoas que são provocadas, (2) dessensibiliza espectadores à agressividade e (3) altera suas percepções da realidade. Essas descobertas vão ao encontro de resultados de pesquisas sobre os efeitos de assistir à pornografia violenta, que pode aumentar a agressividade de homens contra mulheres e distorcer suas percepções sobre as respostas delas à coerção sexual. A televisão permeia a vida cotidiana de milhões de pessoas e retrata uma violência considerável. Estudos correlacionais e experimentais convergem na conclusão de que a exposição à violência pesada na televisão tem correlaçãocom o comportamento agressivo. Jogar videogames violentos repetidamente pode aumentar pensamentos, sentimentos e comportamentos agressivos ainda mais do que a televisão ou filmes, já que a experiência envolve muito mais participação ativa do que os outros meios de comunicação. Muitas agressões são cometidas por grupos. Circunstâncias que provocam indivíduos também podem provocar grupos. Por meio de difusão de responsabilidades e ações de polarização, situações de grupo amplificam reações agressivas. COMO A AGRESSIVIDADE PODE SER REDUZIDA? CATARSE? O conceito de catarse geralmente é creditado a Aristóteles. Embora nunca tenha dito coisa alguma sobre agressividade, ele afirmou que podemos purgar as emoções vivenciando-as e, portanto, assistir às tragédias clássicas permitiria uma catarse (purgação) da compaixão e do medo. Uma emoção excitada, ele acreditava, é uma emoção liberada (Butcher, 1951). A hipótese da catarse foi ampliada para incluir a liberação emocional supostamente obtida não só observando-se o drama, mas também recordando e revivendo eventos passados e expressando emoções, bem como por meio de nossas ações. UMA ABORDAGEM DE APRENDIZAGEM SOCIAL Experiências adversas, como expectativas frustradas e ataques pessoais, predispõem para a agressividade hostil. Por isso, é aconselhável abster-se de plantar expectativas falsas e inalcançáveis na mente das pessoas. As recompensas e custos esperados influenciam a agressividade instrumental, o que sugere que devem recompensar o comportamento cooperativo e não agressivo. O castigo físico também pode ter efeitos colaterais negativos. A punição é estimulação aversiva, a qual mostra modelos do comportamento que visa prevenir, e é coercitiva (lembre-se que raramente interiorizamos ações coagidas com fortes justificativas externas). É por essas razões que adolescentes violentos e pais que abusam dos filhos muitas vezes vêm de casas onde a disciplina tomou a forma de punição física severa. Para promover um mundo mais suave, poderíamos modelar e recompensar a sensibilidade e a cooperação desde cedo, talvez ensinando os pais a disciplinarem sem violência. Estímulos agressivos também desencadeiam agressividade, o que sugere a redução da disponibilidade de armamentos, tais como armas de fogo. Resumo: Como a agressividade pode ser reduzida? Como podemos minimizar a agressividade? Contrariamente à hipótese da catarse, expressar agressividade por meio de catarse tende a gerar mais agressividade, e não a reduzi-la. A abordagem da aprendizagem social sugere controlar a agressividade contrariando os fatores que a provocam: reduzindo estímulos adversos, premiando e apresentando modelos de não agressividade e provocando reações incompatíveis com a agressividade.
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