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História e Princípios da Bioética

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B I O É T I C A 
 BARBEIROS—CIRURGIÕES 
 
CÓDIGO DE HAMURABI (primeiro código de leis da história e vigorou na mesopotâmia) 
 Entre 1972 e 1750 a.C 
 
LEI DO TALIÃO (olho por olho, dente por dente) 
 
Relações comerciais entre médicos e pacientes. 
 
JURAMENTO DE HIPÓCRATES 
 Século V a.C 
 
Detalham comportamentos e atitudes na relação médico x paciente. 
 
 
Manuscrito bizantino do século XI em que o juramento de Hipócrates está 
escrito em forma de cruz. (Biblioteca Vaticana) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V A N E S S A L U D W I G 
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B I O É T I C A 
Alemanha (1930) 
‘’Destastre de Liberck’’ 
 
*estudando a vacina bcg (tuberculose) - 100 crianças receberam (75 morreram) 
 
EUA (1930) 
399 negros (Estudo sobre a história natural da sífilis) 
 
Denúncia apenas em 1972 pela imprensa leiga 
 
Alemanha nazista 
Estudo com os judeus 
*Hipotermia (para avaliar as alterações cardíacas, neurológicas) 
 
 
Brasil 
Denúncia—jornal correio brasiliense 
 
Março 2002 (ESQUISTOSSOMOSE) efeito placebo. 
 
Pacientes com síndrome de pânico (crise ao vivo para estudo) 
 
Pacientes hipertensos 
 
PELO PROGRESSO DA CIÊNCIA 
 
1970 
 
Van Ressenlaer Potter 
Conhecimento biológico e valores humanos 
 
André Hellegers (EUA) 
Fundação do Instituto de Ética Kennedy. (Universidade de Washington) 
 
1975 
Karen Ann Quinlan 
21 anos – estado vegetativo persistente 
 LUTA JUDICIAL (médicos + pais + juiz = Comitê de ética para decidir a melhor conduta) 
 
 
1988—Constituição federal 
 - Conselho Nacional da Saúde (CNS) 
 
1993: Revista de bioética 
V A N E S S A L U D W I G 
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B I O É T I C A 
1995: Sociedade Brasileira de Bioética 
 
1996: CNS Resolução 196/96: Regulamentação de pesquisas com humanos 
 
 
 
CONCEITOS 
 
ÉTICA: Conjunto de regras vigentes que os membros de um grupo adotam para evitar 
e/ou resolver sues conflitos internos. 
 
ÉTICA = MORAL 
 
RELIGIÃO: Atitude emocional do indivíduo com repeito a algo que transcende esse mundo 
 
 
Relação entre bioética e religião: Pensamentos influenciam na decisão final. 
 
 
 
* ateus 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOÉTICA: 
 
 Análise dos argumentos morais a favor e contra de determinadas práticas humanas 
que afetam a qualidade e o bem-estar do ser humano e outros seres vivos e a qualida-
de dos seus ambientes. 
 
SERES VIVOS + MEIO AMBIENTE EM QUE VIVEM 
 
 Estudo das dimensões morais das ciências da vida e dos cuidados de saúde 
 
 Estudo dos problemas e implicações morais despertadas pelas pesquisas científicas em 
biologia e medicina 
 
 Fundamentação ética do tratamento da vida e seus variados aspectos 
 
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B I O É T I C A 
Evitar procedimentos 
invasivos desnecessários 
BENEFICÊNCIA 
Obrigação em atuar em benefício do paciente, ajudando a promover em seus legítimos 
interesses 
 
Juramento de Hipócrates: “Usarei o tratamento para ajudar os doentes, de acordo com 
minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-lo” 
 
O princípio da beneficência obriga o profissional de saúde a ir além da não maleficência 
(não causar danos intencionalmente) e exige que ele contribua para o bem estar dos paci-
entes, promovendo ações para prevenir e remover o mal ou dano que, neste caso, é a do-
ença e a incapacidade para fazer o bem, entendido aqui como a saúde física, emocional e 
mental. A beneficência requer ações positivas, ou seja, é necessário que o profissional 
atue para beneficiar seu paciente. 
 
 Proteger e defender o direito dos outros 
 Prevenir danos 
 Remover as condições que irão provocar danos 
 Ajudar pessoas deficientes 
 Salvar pessoas em perigo 
 
NÃO-MALEFICÊNCIA 
Não causar prejuízo ou dano a alguém intencionalmente 
 
Dano ou prejuízo pode ser compreendido como ação de contrariar, frustar ou interpor obs-
táculos aos interesses de alguém 
 
“A obrigação de não causar danos” 
“Cria o hábito de duas coisas: socorrer (ajudar) ou, ao menos, 
não causar danos” 
 
O uso da prudência diante de situações que exijam do profissional de saúde a não inter-
venção, já que, dependendo do caso, a ação “beneficência”, poderia causar um mal maior 
que os benefícios decorrentes. 
A não-maleficência tem importância porque, muitas vezes, o risco de causar danos é inse-
parável de uma ação ou procedimento que está moralmente indicado. 
 
V A N E S S A L U D W I G 
BENEFICÊNCIA NÃO-MALEFICÊNCIA JUSTIÇA AUTONOMIA 
Prevenção 
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B I O É T I C A 
Doação de órgãos 
 Não matar 
 Não causa dor ou sofrimento 
 Não incapacitar os outros 
 Não ofendê-los 
 Não privá-los dos bens necessários à vida 
 
JUSTIÇA 
Distribuição equitativa de recursos 
 
Benefícios x Riscos 
(entre os membros de uma sociedade) 
Justiça refere-se ao tratamento que as pessoas esperam receber, como iguais ou em fun-
ção de suas diferenças sociais, dos demais membros da coletividade e do ordenamento ju-
rídico que regula as relações entre eles. 
 
Isto inclui garantias de igualdade de direitos, eqüidade na distribuição de bens, riscos e 
benefícios, respeito às diferenças individuais e a busca de alternativas para atendê-las. 
 
A justiça é necessária para a proteção dos sujeitos autônomos, mas a solidariedade 
também é indispensável, pois, se a justiça garante igual direito e respeito para cada su-
jeito autônomo, a solidariedade exige empatia e preocupação pelo bem estar do próximo. 
 
AUTONOMIA 
Capacidade de deliberar 
 
Respeitar a autonomia no cuidado da saúde significa apresentar, de forma clara e transpa-
rente as opções de tratamento e seus efeitos, respeitando a decisão sobre o que cada um 
entendem ser melhor para si 
 
Compreender que o paciente e seus familiares tenham perspectivas e desejos diferentes 
do seu 
 
-> Agir intencionalmente 
-> Com conhecimento do que faz 
-> Livre de influências externas 
 
• Aborto 
• Eutanásia 
 
Regras do princípio da autonomia: 
 Fale a verdade 
 Respeite a privacidade dos outros 
 Proteja informações confidências 
V A N E S S A L U D W I G 
Profissional pode dar sua 
opinião ou mesmo intervir, 
sempre levando em conta 
a vontade do paciente! 
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B I O É T I C A 
 Obtenha consentimento do paciente para fazer intervenções 
 Quando solicitado, ajude os outros a tomar informações importantes 
 
O consentimento livre e informado deve ser entendido como um processo de relaciona-
mento onde o papel do profissional de saúde é o de indicar as opções, seus benefícios, 
seus riscos e custos, discutí-las com o paciente e ajudá-lo a escolher aquela que lhe é 
mais benéfica. 
 
Situações especiais que impedem esse processo: 
 A incapacidade: tanto a das crianças e adolescentes como aquela causada, em adultos, 
por diminuição do sensório ou da consciência, e nas patologias neurológicas e psiquiá-
tricas severas; 
 As situações de urgência, quando se necessita agir e não se pode obtê-lo; 
 A obrigação legal de declaração das doenças de notificação compulsória; 
 Um risco grave para a saúde de outras pessoas, cuja identidade é conhecida, obriga o 
médico a informá-las mesmo que o paciente não autorize; 
 Quando o paciente recusa-se a ser informado e participar das decisões. 
 
• Evitar paternalismo 
 
CASO CLÍNICO 
MPF, 38 anos, casado, natural de Cabrobó - CE, residente em Recanto das Emas - DF. Ad-
mitido no SPA do HUB com quadro de dor em hipocôndrio esquerdo e cefaléia frontal há 
13 dias. Posteriormente, associou-se febre com calafrios e em um dia antes da internação, 
apresentou epistaxe volumosa necessitando de tamponamento nasal, além de dor em 1/3 
superior do hemitórax esquerdo, ventilatório-dependente. Ao exame físico apresentava-se 
lúcido, orientado, hipocorado, taquicárdico, porém hemodinamicamente estável, levemen-
te dispnéico, ansioso. Os exames laboratoriaisforam compatíveis com o diagnóstico de 
leucemia aguda. Foi ainda solicitada transfusão de sangue total e concentrado de plaque-
tas. Logo à admissão ao hospital, o paciente comunicou à equipe médica que era Teste-
munha de Jeová e, por isso, recusava-se terminantemente a receber tratamento com san-
gue ou derivados, referindo que "preferia morrer a receber o sangue, se isso era a vonta-
de de Deus", apresentando, inclusive, documento de identificação como pertencente à re-
ferida religião. Sua posição foi apoiada por sua esposa, que também pertencia a mesma 
religião, os demais familiares do paciente (sua mãe e irmãos), ao indagarem sobre a situ-
ação, posicionaram-se contrariamente ao paciente e sua esposa quanto à realização da 
hemotransfusão, tentando exaustivamente convencer o mesmo a submeter-se ao trata-
mento indicado, sem sucesso 
 
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B I O É T I C A 
Após algumas horas no hospital, o paciente passou a apresentar piora da dispnéia e otor-
ragia, porém mantendo-se lúcido. Os familiares do paciente (sua mãe e irmãos) resolve-
ram recorrer à Justiça e conseguiram um despacho judicial autorizando o hospital a reali-
zar a hemotransfusão e quaisquer outros procedimentos que julgasse necessários, sob o 
risco de ser considerado negligente. Por sua vez, o hospital também solicitou liminar judi-
cial autorizando a realização dos procedimentos, após consulta ao CRM-DF. Cerca de 24 
horas após a admissão, o paciente foi submetido à transfusão de plaquetas e sangue, sob 
efeito de sedativos. Foi realizado mielograma para definição diagnóstica e, após alguns 
dias, iniciada quimioterapia. A despeito das hemotransfusões realizadas, houve piora do 
quadro e o paciente evoluiu para óbito um dia após o início da quimioterapia. 
 
 
Qual foi o princípio utilizado na tomada de decisões? 
 BENEFICIÊNCIA. Passaram por ‘’cima’’ da autonomia do paciente; 
 Princípio da autonomia foi ignorado 
 
Você concorda com os atos realizados? 
Autonomia X Beneficência 
 
 
 
 
A base religiosa que Testemunhas de Jeová alegam para não ser transfundidos é obtida em 
alguns textos contidos na Bíblia, como no livro do Gênesis: “Todo animal movente que está 
vivo pode servir-vos de alimento. Como no caso da vegetação verde, deveras vos dou tudo. 
Somente a carne com sua alma – seu sangue – não deveis comer.” Ou em Levítico: “Quando 
qualquer homem da casa de Israel ou algum residente forasteiro que reside no vosso meio, 
que comer qualquer espécie de sangue, eu certamente porei minha face contra a alma que 
comer o sangue, e deveras o deceparei dentre seu povo”. 
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Caso clínico 01. Paciente de 50 anos apresenta várias seqüelas em conseqüência de Aci-
dente Vascular Cerebral (AVC), necessitando de internação na enfermaria: não pode an-
dar; tem dificuldades para se mover, enxerga apenas vultos, apresenta escaras, enfim, 
está presa ao leito e mal consegue se alimentar sozinha. Apesar da gravidade, seu quadro 
pode ser considerado estável. Médico assistente, porém, tenta mantê-la internada o quan-
to possível, em hospital público, por avaliar que a família, muito pobre, não pode arcar 
com a responsabilidade de cuidar da mulher em casa: seus filhos trabalham e o pouco 
tempo que sobra é dedicado ao cuidado de suas próprias crianças. Não há a figura de um 
possível cuidador que tome para si a tarefa de dar os remédios necessários na hora certa 
ou acompanhá-la nas consultas ambulatoriais. Com base em diversos “diagnósticos” pos-
síveis (infecção urinária, hipertensão etc), o profissional tenta manter, durante tempo in-
determinado, a internação. Porém sofre pressão do hospital para dar alta, pois a demanda 
de atendimento é grande. 
 
Princípio da beneficência e justiça. Paciente estável. É um problema social 
 
Caso clínico 02. Hospital público oferece apenas oito vagas em UTI pediátrica. Duas es-
tão ocupadas, há vários anos, por crianças com distrofia muscular progressiva que perma-
necem lá internadas porque suas famílias alegam não ter condições de cuidar delas em 
casa: entre outras demandas, estão com traqueostomia e ventilador. Direção do hospital 
começa a pressionar os médicos para darem alta, considerando que outros pacientes que 
realmente necessitam de leitos de UTI precisam ser encaminhados a outro hospital, de 
menor porte e com menos recursos. Os pais dos pacientes da UTI ameaçam: caso sejam 
forçados a levar os filhos para casa, entrarão com medida cautelar na Justiça, para man-
ter a situação tal qual está. 
 
• Qual principio da Bioética está sendo apurado nos casos acima? Princípio da Justiça 
• Em que se basear a decisão? Difícil o hospital conseguir, porque a família deve apresn-
tar condições de ter ventilação mecânica em casa. O médico nçao deve comprar a bri-
ga do hospital. 
 
 Tratar com igualdade os iguais e com desigualdade os desiguais. 
 Dividir responsabilidade com a esquipe multiprofissional, comissão de ética e 
em ultimo caso foro judicial. 
 
Caso clínico 03. Há meses homem de 82 anos de idade, totalmente lúcido e ativo, recla-
ma com filha e genro, com quem mora, de “desconfortos” que estão atrapalhando sua ro-
tina de anos – que inclui alimentação saudável, porém abundante, e longas caminhadas 
diárias. Segundo explica, já não “conta com o mesmo apetite de antes” e, após as refei-
ções, apresenta “queimação e inchaço no abdome”, além de certa “canseira”. No início, o 
casal não valoriza as queixas, pois o paciente sempre foi tido como “um pouco hipocondrí-
aco” – comportamento piorado em decorrência da idade e pelo fato de o próprio pai haver 
morrido de câncer, “doença terrível”, como sempre garante. 
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Os familiares começam a se preocupar, ao notar perda de peso e deterioração progressiva 
da saúde do idoso: a dita canseira se transforma em fadiga crônica e passa a ser freqüen-
te o vômito com um pouco de sangue, depois de alimentar-se. 
Acompanhado pela filha, é submetido a consulta de médico do convênio – com o qual não 
tivera contato anterior. Endoscopia digestiva alta e outros exames indicam câncer avança-
do no estômago, sem chances de recuperação, conforme informado pelo médico à filha do 
paciente, quando esta procura saber, por telefone, os resultados dos exames: a quimiote-
rapia poderia até auxiliar, mas só por poucos meses. A moça implora que a gravidade não 
seja revelada ao pai, alegando: “o diagnóstico servirá apenas para abreviar a vida dele”. 
Sugere que os sintomas sejam atribuídos a “uma ulcerazinha”. 
 
O médico deve acatar o pedido ou explicar ao paciente seu estado, baseado no princípio 
da Autonomia? SIM 
 
Comunicar a um parente o diagnóstico de um paciente, antes de comunicar ao mesmo, é 
atitude eticamente aceitável? NÃO 
 
Qual princípio bioético deverá ajudar na tomada de decisão? Princípios da Autonomia e 
Não-Maleficência 
 
 
 Art. 17 do Estatuto do Idoso estabelece que “ao idoso que esteja no domínio 
de suas faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento 
de saúde que lhe for reputado mais favorável”. 
 
 De acordo com o Art. 3º, inciso I da Lei 8.842/94 - Política Nacional do Idoso, 
a família, a sociedade e o Estado “têm o dever de assegurar ao idoso todos os 
direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defenden-
do sua dignidade, bem-estar e o direito à vida” 
 
 É vedado ao médico, conforme o Código de Ética Médica, Art. 48: “exercer sua 
autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente so-
bre sua pessoa ou seu bem-estar”; 
 
Caso Clínico 04. Clínico atende em ambulatório paciente de 42 anos, fumante, obesa e 
diabética do tipo 2. Inicialmente, esta se queixa apenas de algo “errado” com seu pé direi-
to, ou seja, impressões de “formigamento” e “agulhadas”, além de falta de sensações de 
frio e calor na região. Apesar de alertada pelo médico sobre os riscosdo aparecimento de 
lesões de difícil tratamento em virtude do “pé diabético” e a respeito dos cuidados neces-
sários, a paciente desvaloriza os sintomas durante um ano, não procurando mais atendi-
mento. Continua fumando e alimentando-se em excesso. Pior: aconselhada por amigas, 
passa a comprar sapatos dois números menores ao que calça, buscando reaver “o equilí-
brio” diminuído pela perda da sensibilidade protetora do membro, o que ocasiona o esma-
gamento de várias unhas. 
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Com o tempo, feridas pequenas se tornam importantes e infeccionadas – quadro bastante 
piorado por problemas de cicatrização, em virtude da doença de base. 
Sem dor, só percebe a seriedade do caso ao apresentar febre alta e sentir o forte cheiro 
exalado pelos ferimentos. Decide, então, procurar o médico, que recomenda amputação 
urgente do pé e de parte da perna, até a altura do joelho, pois “há risco de infecção sistê-
mica e choque séptico”. Pela piora progressiva do quadro procura uma segunda opinião, 
desta vez, de um cirurgião vascular do mesmo hospital, que confirma totalmente o diag-
nóstico e a interna para a “imprescindível” operação. Com o apoio do marido e filhos, do-
ente se nega totalmente a passar pelo procedimento, visto que preferiria “morrer inteira a 
sobreviver com um pé só”. Encaminhada ao psiquiatra, é avaliada como competente para 
tomar suas próprias decisões, o que leva o cirurgião vascular a retirar-se do caso, por jul-
gar que nada poderia fazer. Família recorre ao clínico para que continue ministrando no 
hospital “o tratamento possível” à paciente. O médico diz que, por não terem sido segui-
das suas recomendações, não pode dar continuidade ao atendimento. 
 
 o médico pode não concordar, mas não pode negar o atendimento. 
 Só pode se negar a atender, se passar o caso para outro médico 
 Se, a paciente em questão evoluir para choque séptico; 
risco de vida -> amputação -> médico não pode ser julgado, desde que comprove o 
risco de vida. 
 SEMPRE se comunica os familiares em caso de amputação 
 Art 61. que veda ao médico abandonar paciente sob seus cuidados. Parágrafo 
1º Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento 
com o paciente ou pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de 
renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou 
ao seu responsável legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e for-
necendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder. 
 Art. 7, o médico deve exercer a profissão com ampla autonomia, não sendo 
obrigado a prestar serviços profissionais a quem ele não deseje, salvo na au-
sência de outro médico. 
 
Caso clínico 05. Poucos meses antes de completar três anos de vida, menino, até então 
hígido, é levado ao pediatra com sintomas considerados pela família como “estranhos”. 
Entre outros, estava pálido, febril e apresentava manchas roxas na pele. Além disso, du-
rante a anamnese mãe relata episódios freqüentes de sangramento nasal e das gengivas. 
Tal histórico e exame clínico sugerem ao médico que a criança esteja com leucemia agu-
da, doença confirmada por exames laboratoriais como o tipo mielóide. São recomendadas, 
então, internação urgente e várias sessões de quimioterapia. Durante a terceira aplicação 
dos medicamentos, pais demonstram grande desânimo, considerando que o filho “está pi-
orando, por conta da quimioterapia” (apresenta constantemente náuseas e vômitos). 
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Ainda que os médicos ressaltem a possibilidade de remissão da doença e enfatizem que o 
não-tratamento representa risco de morte, pai e mãe exigem alta, por não “agüentarem 
mais” presenciar o sofrimento do filho. “Preferimos que morra em paz, e em casa”, justifi-
cam 
Perante iminente risco de morte, é ético dar alta a pedido de paciente lúcido ou 
de seus responsáveis legais? NÃO, se fosse um adulto pode ser ético, mas não prote-
ge. (Termo assinado, não protege o médico, só se tiver risco de vida) 
 O Art. 46 do Código de Ética Médica proíbe ao médico “efetuar qualquer pro-
cedimento médico sem o esclarecimento e o consentimento prévios do paci-
ente ou de seu responsável legal, salvo em iminente perigo de vida” 
 O Art. 57 determina que o médico não “deixe de utilizar todos os meios dispo-
níveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente”. 
 Ainda de acordo com o Parecer Consulta 16.948/99 do Cremesp, se a saúde 
do paciente agravar-se em conseqüência da alta a pedido, o profissional que a 
autorizou poderá ser responsabilizado, no caso, por omissão de socorro, im-
prudência ou negligência. 
 A Lei Covas também explicita no Art. 23 a prerrogativa de o doente de recusar 
tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar sua vida; e, 
no Art. 24, o direito de optar pelo local de morte. 
 Não existe documento com valor jurídico que isente médico da responsabili-
dade da alta de paciente menor de 18 anos, por maior que seja a pressão fa-
miliar. Se o paciente evadir-se do hospital, mesmo se levado por um ou am-
bos responsáveis legais, sem ter recebido alta médica, compete ao médico 
e/ou à instituição hospitalar comunicar tal fato à autoridade policial, que de-
verá elaborar um Boletim de Ocorrência. À autoridade policial compete resga-
tar o menor para atendimento adequado no mesmo ou em outro hospital 
 Se houver a solicitação de alta por parte dos responsáveis legais pelo pacien-
te, a equipe multiprofissional que o atende deve realizar cuidadosa avaliação 
das condições atuais do paciente, procurando esclarecer dúvidas, medos, an-
gústias e ansiedades do paciente e de sua família. Se, após essa avaliação, a 
equipe multiprofissional concluir que a alta não deve ser fornecida (e não 
conseguir sucesso na tentativa de dissuadir os responsáveis legais pelo paci-
ente de sua impropriedade), deve recorrer à Vara da Infância e Juventude de 
competência local para que as providências necessárias à proteção do pacien-
te sejam tomadas. 
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TRANSPLANTE: Ato de coletar um órgão ou tecido, ou parte deles, de um individuo 
(doador) e implanta-lo em outro individuo (receptor) ou outra região do mesmo individuo 
 
HISTÓRICO: 
 Primeiro transplante realizado no brasil foi um transplante renal em 16 de abril de 
1964 no RJ 
 O brasil é o segundo centro transplantador em números absolutos 
 Aproximadamente 40.000 pessoas na fila de transplantes atualmente 
 O principal motivo de fracasso no processo de captação de órgãos é a negativa familiar 
 
TIPO DE TRANSPLANTES: 
Órgãos e tecidos que podem ser doados e transplantados: 
Órgãos: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino 
Tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias 
 
REGULAMENTAÇÃO 
Lei n°9.434, de 4 de fevereiro de 1997, trata da disposição de órgãos, tecidos, células e 
partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento 
Decreto 9175 de 2018 regulamenta a lei de 9434 
 Art. 1 A disposição gratuita e anônima de órgãos, tecidos, células e partes do corpo 
humano para utilização em transplantes, enxertos ou outra finalidade terapêutica, nos ter-
mos da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, observará o disposto neste Decreto. 
Parágrafo único. O sangue, o esperma e o óvulo não estão compreendidos entre os teci-
dos e as células a que se refere este Decreto. 
Art 17 A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano poderá ser efetua-
da após a morte encefálica, com o consentimento expresso da família. 
Art 20 A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano, após a morte, 
somente poderá ser realizada com o consentimento livre e esclarecido da família do faleci-
do, consignado de forma expressa em termo específico de autorização. 
§ 1º A autorização deverá ser do cônjuge, do companheiroou de parente consanguíneo, 
de maior idade e juridicamente capaz, na linha reta ou colateral, até o segundo grau, e 
firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. 
 
 
 
 
 
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AUTÓLOGO HOMÓLOGO HETERÓLOGO 
Tecidos diferentes do mesmo 
organismo 
Tecidos ou órgãos iguais em 
diferentes organismos 
(doador vivo ou cadáver) 
Tecidos ou órgãos iguais em 
indivíduos de espécie dife-
rente (xenotransplante) 
P
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B I O É T I C A 
§ 2º Caso seja utilizada autorização de parente de segundo grau, deverão estar circuns-
tanciadas, no termo de autorização, as razões de impedimento dos familiares de primeiro 
grau. 
 § 3º A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano de falecidos incapa-
zes, nos termos da lei civil, dependerá de autorização expressa de ambos os pais, se vi-
vos, ou de quem lhes detinha, ao tempo da morte, o poder familiar exclusivo, a tutela ou 
a curatela. 
 § 4º Os casos que não se enquadrem nas hipóteses previstas no § 1º ao §3º dependerão 
de prévia autorização judicial. 
Art. 21. Fica proibida a doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano em 
casos de não identificação do potencial doador falecido. 
Art. 27. Qualquer pessoa capaz, nos termos da lei civil, poderá dispor de órgãos, tecidos, 
células e partes de seu corpo para serem retirados, em vida, para fins de transplantes ou 
enxerto em receptores cônjuges, companheiros ou parentes até o quarto grau, na linha 
reta ou colateral. 
 Art. 28. As doações entre indivíduos vivos não relacionados dependerão de autorização 
judicial, que será dispensada no caso de medula óssea. Parágrafo único. É considerada 
como doação de medula óssea a doação de outros progenitores hematopoiéticos. 
Art. 29. Somente será permitida a doação referida nesta Seção quando se tratar de ór-
gãos duplos, de partes de órgãos, tecidos, células e partes do corpo cuja retirada não im-
peça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não 
represente grave comprometimento de suas aptidões vitais e de sua saúde mental e não 
cause mutilação ou deformação inaceitável. 
 § 1º A retirada nas condições estabelecidas neste artigo somente será permitida se cor-
responder a uma necessidade terapêutica, comprovadamente indispensável para a pessoa 
receptora. 
Art. 33. Os transplantes somente poderão ser realizados em pacientes com doença pro-
gressiva ou incapacitante e irreversível por outras técnicas terapêuticas. 
Art. 35. A alocação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano observará os cri-
térios de gravidade, compatibilidade, ordem de inscrição, distância, condições de trans-
porte, tempo estimado de deslocamento das equipes de retirada e do receptor selecionado 
e as situações de urgência máxima. 
 Parágrafo único. Antes de iniciado o procedimento de transplante ou de enxerto, será exi-
gido termo de declaração, subscrito pelo médico responsável e pelo receptor ou por seu 
representante legal, em que conste, de forma expressa, a inexistência de ônus financeiro 
para o receptor referente à doação do órgão, do tecido, das células ou da parte do corpo 
humano, exceto aqueles referentes ao processamento, nos casos em que se aplique. 
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Art. 50. É vedada a cobrança à família do potencial doador e ao receptor e sua família de 
quaisquer dos procedimentos referentes a doação. 
Art. 53. É vedada a realização e a veiculação de publicidade nas seguintes situações: I - 
para obter doador ou doadores de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano, vi-
vos ou falecidos, com vistas ao benefício de um receptor específico; II - para divulgar es-
tabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos; eIII - para a arrecadação 
de fundos para o financiamento de transplante ou enxerto em benefício de particulares. 
 
TRÁFICO DE ORGAOS 
 
OMS: 5% dos transplantes realizados no mundo são fruto de comercio ilegal ou trafico de 
órgãos 
A disponibilidade de órgãos pra transplante não acompanha a demanda 
 
Os rins são os principais órgãos comercializados, um transplante renal ilegal pode custar 
até 160.000 dólares 
 
Ocorre em diversos países inclusive EUA, Paquistão, índia, canada, europa oriental, china 
e brasil 
 
PROTOCOLO DE MORTE ENCEFÁLICA 
 
Morte cerebral: perda completa e irreversível das 
funções do encéfalo 
 
Condições clinicas para iniciar o protocolo de morte 
encefálica: 
 Coma com causa conhecida e irreversível 
 Ausência de hipotermia, hipotensão ou distúrbio 
metabólico grave 
 Exclusão de intoxicação exógena ou efeito de 
medicamentos psicotrópicos 
 Tratamento e observação hospitalar por no míni-
mo 6 horas 
 Em caso de encefalopatia hipóxico-isquêmica 
(PCR) aguardar 24 horas 
 
Diagnóstico: 2 testes clínicos feitos por médicos di-
ferentes (que possuem treinamento em protocolo 
de morte cerebral) + 1 teste de apneia + 1 teste de 
imagem (EEG, doppler transcraniano, arteriografia 
cerebral) 
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MÁ NOTICIA 
Qualquer informação transmitida ao paciente ou a seus familiares que implique, direta ou 
indiretamente, alguma alteração negativa na vida destes 
 
 Por ser uma tarefa tão estressante, muitos médicos a evitam ou a realizem de maneira 
inadequada 
 A dimensão do impacto da má noticia só pode ser avaliada ao se conhecer a compre-
ensão e as expectativas de quem a recebe 
 O modo como a má notícia é dada afeta diretamente a relação médico-paciente-família 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perspectiva do médico 
• Falta de suporte e treinamento 
• Sensação de fracasso e impotência 
• Ter que lidar com seus próprios medos de lidar com a morte e a doença 
• Sentimentos presentes: medo de culparem-no pelo ocorrido, não saber responder os 
questionamentos, deixar suas emoções transparecerem, 
 
Devo falar abertamente sobre um doença grave—ameaçadora da vida? 
 
 
 
 
 
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GUIA DE CONVERSAÇÃO SOBRE DOENÇAS GRAVES 
 
• qual é a sua compreensão da doença 
• Informações que quer saber do médico (100%, parci-
almente, aguardar) 
• Se a situação de saúde piorar, quais os objetivos de 
vida mais importantes? 
• Que habilidades são tão criticas para sua vida que vo-
cê não imagina poder viver sem eles? 
• Quais as maiores preocupações e medos diante do fu-
turo da sua saúde? 
• Quanto sua família, sabem sobre suas prioridades e 
desejos? 
 
 
 
 
Ponto de apoio positivo e negativo 
 
Danos da falha em abordar as metas de atendimento e/ou questões de fim de vida: 
Recebimento do paciente de cuidados não consistentes com os objetivos pessoais 
Pior qualidade de vida 
Morte prolongada com aumento do sofrimento 
Piores resultados de luto para os membros da família 
Aumento de custos sem benefícios para os pacientes 
 
Barreiras a comunicação: 
Fatores do paciente: ansiedade, negação, desejo de proteger os familiares 
Fatores clínicos: falta de treinamento, conforto e tempo, dificuldades em prognostico. 
Fatores do sistema: cuidados de manutenção de vida são o padrão, não há sistemas para 
cuidados no final da vida, sistemas ruins para registrar os desejos do paciente, ambigui-
dade sobre quem é o responsável 
 
Potencial/uso excessivo: 
Terapias de sustentação da vida: quimioterapia, radioterapia, UTI, cirurgia, tubos de ali-
mentação, hospitalização, medicamentos não benéficos 
 
Potencial/ subutilização: 
Apoio familiar, psicossocial e espiritual; Controle da dor cuidadosamente titulado com 
acompanhamento frequente, gerenciamento de sintomas não dolorosos, conversas iniciais 
sobre objetos e valores de cuidados com doenças graves, 
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O que NÃO fazer: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como fazer: 
 Preparação 
Motivos para reunião familiar 
Checar demandas do paciente 
Convocar familiares 
Rever o caso 
Demandas/impressões da equipe 
Definir quem da equipeparticipara e quem coordenará 
Definir local (peculiaridades se paciente presente) 
LEMBRAR DA AGENDA ABERTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Recepção 
Checar novamente com paciente sua participação 
Numero de familiares/presença de criança 
Disposição das pessoas 
Agradecer a presença 
Apresentações 
Definir duração deste encontro 
 
 Ouvir percepção do paciente e família 
Solicitar que um membro conte a historia (se paciente presente, solicitar que ele conte) 
 
Ouvir 
Validar 
Demonstrar empatia 
 
 
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Atentar para comunicação 
não verbal 
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Questionar para esclarecer (se necessário) 
 respeitar silêncios 
 Incluir demais membros da família 
 Evitar neste momento discussões de plano terapêutico 
 
 Passar informação 
Pedir permissão para dar nosso parecer 
Validar algo do que foi dito pela família 
Passar a informação de fato 
 linguagem simples 
 Fala clara e objetiva 
 PAUSAS (principalmente após ‘’más notícias’’ 
 Resumir historia da doença até o presente momento (ainda não falar do futuro) 
 Repetições de itens importantes 
 Evite falar demais 
 Pausas se emoções evidentes—validar 
 Retomar a palavra quando todos mais calmos 
 Checar compreensão do que foi dito 
 
 Homogeneizar expectativas futuras 
Checar expectativas da família/paciente 
 
 Planejamento de cuidados 
Apenas se estão todos ‘’na mesma pagina’’ 
Investigar valores do paciente/família FRENTE AO PROGNOSTICO PREVIAMENTE discutido 
Perguntar sobre medos, expectativas 
Com base nestes valores, pedir permissão para definir o objetivo de cuidado/tratamento 
 
Exemplo de proposta de objetivo de cuidado para paciente cujo valor é estar no convívio 
familiar sem sofrimentos, independente de sobrevida: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Propor planejamento de cuidados: caminho para se alcançar o objetivo traçado 
 
FALAR PRIMEIRO O QUE SERÁ FEITO 
Em seguida, o que optamos por NÃO FAZER 
 
 
 
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Planejar próximos passos: 
Cuidados de fim de vida: discutir sedação, despedidas, visitas, pendências sociais e religi-
osas 
Ainda em compensação clinica: pontuar objetivos e expectativas 
Planejamento de alta: destino da alta, transferências, discussão de óbito em domicilio 
 
 Fechamento 
Reforçar presença da equipe 
Reafirmar que o paciente não será abandonado 
Assegurar o bom controle de sintomas 
Questionar quanto duvidas 
Checar compreensão 
 
PÓS-REUNIÃO: 
Discussão intra-equipe 
Sensações 
Sentimentos 
Propostas/planejamentos 
 
*documentação em prontuário 
 
PROTOCOLO SPIKES (comunicação de assuntos sensíveis para o paciente e família) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo de decisão relativo a tratamentos médicos em situações de fim de vida 
 
Contextos éticos e legais de referências para o processo de decisão 
O processo de decisão relativo ao tratamento medico em situações de fim de vida levanta 
questões a respeito aos princípios éticos mais importantes: Autonomia, beneficência, não-
maleficência e justiça. 
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PRINCÍPIO DA AUTONOMIA 
O respeito pela autonomia começa pelo reconhecimento da legitimidade e da capacidade 
da pessoa poder assumir as suas escolhas pessoais 
 
Aplica-se especialmente pela prática do consentimento livre (sem constrangimentos e 
pressões indevidas) e informado (após prestação da informação adequada à ação propos-
ta) 
 
A pessoa deve poder mudar a sua vontade em qualquer altura quanto ao que consente. 
Mais especificamente e em relação direta com as situações de fim de vida, o Artigo 9 da 
Convenção sobre os Direitos do Homem e a Biomedicina proporciona a possibilidade das 
pessoas exprimirem antecipadamente as suas vontades quanto ao fim das suas vidas, pa-
ra o caso de não o poderem fazer. 
E o dever dos médicos de levarem em conta estas vontades quando avaliam a situação. 
Uma situação de fim de vida é muitas vezes um momento de alta vulnerabilidade na vida 
de uma pessoa, podendo ter um profundo impacto na capacidade de doente exercer a sua 
autonomia. 
 
A autonomia não implica o direito a receber todo e qualquer tratamento que o doente pos-
sa exigir, designadamente quando o tratamento em causa é considerado desadequado. 
 
As decisões sobre cuidados de saúde são o resultado de um compromisso entre a vontade 
do doente e a avaliação da situação por um profissional que se submete a deveres profis-
sionais e, em especial, aos que emergem dos princípios da beneficência e da não-
maleficência, assim como do da justiça. 
 
PRINCIPIOS DA BENEFICÊNCIA E DA NÃO-MALEFICÊNCIA 
Referem-se a dupla obrigação do médico procurar maximizar o potencial beneficio e 
limitar tanto quanto possível qualquer dano que possa resultar da sua intervenção 
 
O equilíbrio entre benefícios e riscos de danos é a questão chave da ética medica 
 
O potencial dano pode não ser apenas físico mas pode também ser psicológico ou apre-
sentar-se como uma intrusão na privacidade individual 
 
Na aplicação específica destes princípios, os médicos têm de se abster de dispensar trata-
mentos que sejam inúteis ou desproporcionados face aos riscos e constrangimentos que 
possam induzir. 
Por outras palavras, têm de prover aos doentes tratamentos proporcionados e adaptados 
a sua situação. 
Também têm o dever de cuidar dos seus doentes, atenuar o seu sofrimentos e mostrar-se 
solidários. 
 
 
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Obrigação de apenas prestar tratamentos apropriados: 
Sem prejuízo pelo respeito pelo consentimento livre e informado dos doentes, o primeiro 
pré-requisito para a administração e continuidade de qualquer tratamento é uma indica-
ção médica. 
Quando se avalia se uma forma de tratamento é apropriada face a uma situação particular 
de um doente concreto, é necessário ter em conta os seguintes aspetos: 
 os benefícios, riscos e constrangimentos do tratamento médico face aos resultados es-
perados na saúde do doente; 
 a sua avaliação face às expectativas da pessoa em causa – o que conduz à avaliação 
do “benefício global” que tem em conta o benefício não só em termos de resultados do 
tratamento da doença ou dos sintomas mas também a qualidade de vida do doente e o 
seu bem-estar psicológico e espiritual. 
Quando, numa dada situação, o tratamento que se prepara ou se aplica não produz ou já 
não produz quaisquer benefícios, ou é considerado como claramente desproporcionado, 
administrá-lo ou continuar a sua aplicação significa que estamos perante o que se designa 
“encarniçamento terapêutico” (ou “obstinação irracional”). 
 
Nesses casos, o médico pode legitimamente decidir, em diálogo com o doente, não iniciar 
o tratamento ou interrompê-lo 
 
PRINCÍPIO DA JUSTIÇA—acesso equitativo a cuidados de saúde 
O direito ao acesso equitativo a cuidados de saúde de qualidade adequada 
está consagrado na constituição 
 
Equidade significa ausência de discriminação, que cada pessoa possa ter, na pratica, o 
cuidado disponível 
 
Este principio implica que os recursos disponíveis devem ser distribuídos tao justamente 
quanto possível 
 
Aceita-se que os cuidados paliativos são parte integrante dos cuidados de saúde 
 
 
AS PARTES ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE DECISÃO E OS SEUS PAPÉIS 
• Paciente 
• Médico 
• Pessoas próximas ao paciente (familiares, amigos, outras pessoas que dão 
assistência) 
• Todos os membros da equipe de cuidados 
 
 
 
 
 
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DIRETRIVAS ANTECIPADAS DE VONTADE 
RESOLUÇÃO CFM 1995/2012 
Art. 1º Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de desejos, prévia e ex-
pressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, 
receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, 
sua vontade. 
 
RESOLUÇÃO CFM 1995/2012 
Art. 2º Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de pacientes que se encontram inca-
pazes de comunicar-se,ou de expressar de maneira livre e independente suas vontades, 
o médico levará em consideração suas diretivas antecipadas de vontade. 
§ 1º Caso o paciente tenha designado um representante para tal fim, suas informações 
serão levadas em consideração pelo médico. 
§ 2º O médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de vontade do 
paciente ou representante que, em sua análise, estiverem em desacordo com os preceitos 
ditados pelo Código de Ética Médica. 
§ 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer não 
médico, inclusive sobre os desejos dos familiares. 
 
RESOLUÇÃO CFM 1995/2012 
§ 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes fo-
ram diretamente comunicadas pelo paciente. 
§ 5º Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de vontade do paciente, nem haven-
do representante designado, familiares disponíveis ou falta de consenso entre estes, o 
médico recorrerá ao Comitê de Bioética da instituição, caso exista, ou, na falta deste, à 
Comissão de Ética Médica do hospital ou ao Conselho Regional e Federal de Medicina para 
fundamentar sua decisão sobre conflitos éticos, quando entender esta medida necessária 
e conveniente. 
 
QUESTÕES CONTROVERSAS 
Quem pode fazer? 
Pessoa lucida, capaz de entender e discernir sobre suas vontades 
Menor, pacientes psiquiátricos e pacientes demenciados: NÃO 
 
Necessidade de laudo médico atestando discernimento 
 
Quem pode ser nomeado procurador? 
Há necessidade de lavratura de escritura publica? 
Há necessidade de testemunhas? 
Qual é o papel da família? 
Qual é o papel dos profissionais de saúde? 
 
 
 
 
 
 
 
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Conceito: Por aborto ou abortamento, entende-se a interrupção voluntária ou não, da 
gestação. Antes de completar 22 semanas. Peso menor que 500g ou estatura menor que 
16,5cm 
 
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
De acordo com o artigo 124 do código penal brasileiro, o aborto é considerado um crime 
contra a vida 
 
A pena prevista é de um a três anos caso o procedimento tenha sido provocado pela ges-
tante ou com seu consentimento e de três a dez anos caso seja induzido por terceiros sem 
o consentimento da gestante 
 
Não se pune o aborto praticado por médico: 
Se não houver outro meio de salvar a vida da gestante 
Se a gravidez for resultante de estrupo e o aborto for precedido do consentimento da ges-
tante e quando menor ou incapaz, de seu representante legal 
* de acordo com decisão do STF de abril de 2012, a antecipação terapêutica do parto de 
fetos anencéfalos 
 
Sob o ponto de vista jurídico: 
O aborto é simplesmente a interrupção da gestação, com o intuito de morte fetal, inde-
pendente da idade gestacional 
 
Aborto criminoso e aborto legal 
No brasil o aborto voluntario ou provocado é considerado ato criminoso e detalhado no 
código penal de 1940 nos artigos 124 ate 127 
O aborto legal ou permitido por lei é explicitado no artigo 128 do CPB em situação bem 
caracterizada de exclusão de antijuricidade 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
 
Capítulo I– Princípios fundamentais 
Base para todo o CEM e para o exercício ético da medicina, estabelece o seguinte: 
Artigo I e II: medicina é uma profissão a serviço de saúde do ser humano e da coletivi-
dade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza: o alvo de toda a atenção 
do medico é a saúde do ser humano, em beneficio da qual deverá agir como máximo de 
zelo e o melhor de sua capacidade profissional. 
VII: o médico exerce sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar servi-
ços que contrariem os ditames de sua consciência a quem não deseje, excetuadas as situ-
ações de ausência de outro medico, em casos de urgência ou emergência, ou quando se 
recusa possa trazer danos a saúde do paciente 
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Capítulo II: Direitos dos médicos 
Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as praticas cientificamente re-
conhecidamente e respeitada legislação vigente 
 
IX: recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários 
aos ditames de sua consciência 
 
Não cabe objeção de consciência nas seguintes situação de abortamento: 
1: risco de vida para mulher 
2: quando for aborto juridicamente permitido, na ausência de outro medico que o faça e 
quando a mulher puder sofrer agravos a saúde em razão da omissão do medico 
3: no atendimento de complicações derivadas de aborto provocado, por se tratarem de 
urgências 
 
Capítulo III: Responsabilidade profissional 
É vedado ao medico: 
Artigo 15: :descumprir legislação especifica nos casos de transplante de órgão ou tecido, 
esterilização, fecundação artificial, abortamento, manipulação genética ou terapia genética 
 
Capítulo IV: Direitos humanos 
Art. 22—Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal, após 
esclarecê-lo sobre o procedimento médico a ser realizado, salvo em risco iminente de 
morte 
Art. 24– Deixar de garantir ao paciente e exercício do direito de decidir livremente sobre 
sua pessoa ou seu bem estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. 
 
Capítulo V: Relação com pacientes e familiares 
Art. 31– Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livre-
mente sobre a execução de praticas diagnosticas ou terapêuticas., salvo em iminente ris-
co de morte 
Art. 34– Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognostico, os riscos e os objeti-
vos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, 
nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal. 
 
É vedado ao médico: 
Art. 73: Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude de exercício de sua profissão, 
salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento por escrito, do paciente. Paragrafo 
único: Permanece essa proibição: c) na investigação de suspeita de crime, o médico es-
tará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal 
 
CÓDIGO PENAL 
O artigo 154 compreende como crime ‘’revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que 
tem ciência em razão de função, ministério, oficio ou profissão, e cuja revelação possa 
produzir dano a outrem’’ 
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OFÍCIO CFM N° 4867/2013—PRESI 
‘’Afastar a ilicitude da interrupção da gestação em uma das seguintes’’: 
• Quando houver risco a vida ou a saúde da gestante 
• Se a gravidez resultar de violação da dignidade sexual ou do emprego não consentido 
de técnica de reprodução assistida 
• Se for comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer ded graves e incuráveis 
anomalias que inviabilizam a vida independente, em abos os casos atestado por dois 
médicos; e 
• Se por vontade da gestante até as 12° semana de gestação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A cada dois dias, uma mulher morre vitima de aborto inseguro no brasil. Todos os anos, 
ocorrem 1 milhão de abortos clandestinos, 
 
São 250 mil internações no SUS e 142 milhões de gastos por causa de complicações pós-
aborto 
 
Uma em cada cinco mulheres ate os 40 anos já abortaram no pais, segundo a pesquisa 
nacional do aborto, desenvolvida pela Anis– Instituto de Bioética 
 
• As mulheres que abortam são, em geral, casadas já tem filhos e 88% delas se decla-
ram católicas, evangélicas, protestantes ou espiritas. A maioria das mulheres (60%) 
que abortam tem entre 18 e 29 anos 
 
Uma pesquisa da OMS e do Instituto Guttmacher, publicada em 2016, demonstrou que 
nos países em que o aborto é proibido o numero de procedimentos não é menos que em 
lugares onde é legalizado. 
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Mulheres em maior risco de óbito por aborto, são as de cor preta e as indígenas, de baixa 
escolaridade, com menos de 14 e mais de 40 anos, vivendo nas regiões Norte, Nordeste e 
Centro-oeste, e sem companheiro. 
 
O risco de morte de uma grávida negra cuja gestação terminou em aborto é 2,5 vezes 
maior do que o de brancasAbstinência sexual é uma tática que orbita o mesmo universo que o aborto. Os países on-
de aborto é criminalizado são acompanhados de restrição de acesso a informação, de 
acesso a métodos de politica de saúde eficazes. Precisamos pautar a saúde sexual repro-
dutiva como uma questão que a ciência sabe responder. Um discurso de abstinência, sem 
nenhuma evidencia cientifica, só potencializa e precariza ainda mais os dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O imperador chines Shen Nung cita em texto medico escrito entre 2737 e 2696 a.C. a Re-
ceita de um abortífero oral, provavelmente contendo mercúrio. 
 
Na antiga Grécia, o aborto era preconizado por Aristóteles como método eficaz para limi-
tar os nascimentos e manter estáveis as populações das cidades gregas 
 
Por sua vez, Platão opinava que o aborto deveria ser obrigatório, por motivos eugênicos, 
para as mulheres com mais de 40 anos e para preservar a pureza da raça dos guerreiros. 
 
Sócrates aconselhava as parterias, por sinal profissão de sua mãe, que facilitassem o 
aborto as mulheres que assim o desejassem 
 
Já Hipócrates, em seu juramento, assumiu o compromisso de não aplicar pressários em 
mulheres para provocar aborto. 
 
Entre os Gauleses, o aborto era considerado um direito natural do pai, que era o chefe in-
contestável da família, com livre arbítrio sobre a vida ou a morte de seus filhos, nascidos 
ou não nascidos. 
 
O mesmo ocorria em Roma, onde o aborto era uma pratica comum, embora interpretada 
sob diferentes opticas, dependendo da época. Quando a natalidade era alta, como nos pri-
meiros tempos da república, ela era bem tolerada. Com o declínio da taca de natalidade a 
partir do império, a legislação tornou-se extremamente severa, caracterizando o aborto 
provocado como delito contra a segurança do Estado. 
 
Com o advento do Cristianismo, entretanto, o aborto passou a ser definitivamente conde-
nado, com base no mandamento ‘’Não matarás’’ 
 
Estado laico ou no âmbito religioso, estado secular é aquele que não adota religião oficial, 
não interfere nos assuntos religiosos –a menos que esses estejam relacionados direta-
mente com questões jurídicas—e não se deixa ser influenciado por nenhum viés unilateral 
religioso, ou seja, é independente de qualquer religião 
 
Em um estado laico, não se admite qualquer ação governamental ou estatal justificada 
por meio de assuntos religiosos. Muito menos de admite que assuntos religiosos assumam 
o caráter de lei para a garantia da hegemonia de apenas um grupo religioso. No âmbito 
de um estado Laico, entende-se que todo e qualquer visão religiosa do mundo deve ser 
respeitada e que a liberdade de culto e de crença deve ser garantida. 
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Princípios Fundamentais 
 
1. As mulheres tendem a ser vulneráveis por circunstâncias sociais, culturais e econômi-
cas. No passado, a relação médico-paciente e os cuidados com as mesmas foram, com 
frequência, dominados pelo paternalismo; 
2. O princípio da autonomia enfatiza o importante papel que a mulher deve adotar na to-
mada de decisões, com respeito aos cuidados de sua saúde. Os médicos deverão observar 
a vulnerabilidade feminina, solicitando expressamente sua opção e respeitando suas opini-
ões; 
3. Quando for solicitada decisão relativa a cuidados médicos, as mulheres deverão receber 
informação completa sobre as várias opções terapêuticas disponíveis, incluindo seus riscos 
e benefícios; 
4. Quando um médico não for capaz ou não desejar praticar um ato por razões Extra mé-
dicas, ou contrárias aos ditames de sua consciência, deverá fazer todo o possível para 
oferecer uma adequada referência; 
5. Devido a natureza íntima dos cuidados obstétricos e ginecológicos, existe a necessidade 
de se proteger a confidencialidade da paciente; 
6. Além de oferecer cuidados ginecológicos e obstétricos, os profissionais têm a responsa-
bilidade de considerar o bem-estar da mulher e sua satisfação psicológica; 
7. Ao se oferecer os cuidados de saúde à mulher, o princípio da justiça requer que todas 
sejam tratadas com igual consideração a despeito de sua situação socioeconômica 
 
RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE E MÉDICO-CASAL-FAMÍLIA 
 
-> Prestar atendimento humanizado, marcado pelo bom relacionamento pessoal e pela 
dedicação de tempo e atenção necessários. 
 
-> Saber ouvir a mulher e sua família, esclarecendo dúvidas e compreendendo suas ex-
pectativas, com registro adequado de todas as informações no prontuário. 
 
-> Explicar detalhadamente, de forma simples e objetiva, o diagnóstico e o tratamento 
para que a mulher entenda claramente o que se passa com ela, os benefícios das inter-
venções e também as possíveis complicações e prognósticos. -> Após o devido esclareci-
mento, deixar que a mulher escolha o tratamento, sempre que existir mais de uma alter-
nativa. Ao prescrever medicamentos, dar a opção do genérico, sempre que possível. 
 
-> ter consciência dos limites da medicina e falar a verdade para a mulher, diante da ine-
xistência ou pouca eficácia de um tratamento. -> Estar disponível nas situações de urgên-
cia, sabendo que essa disponibilidade requer administração flexível das atividades. 
 
-> Indicar para a mulher outro(a) médico(a) sempre que o tratamento 28 Cadernos Cre-
mesp - Ética em Ginecologia e Obstetrícia exigir conhecimentos que não sejam de sua es-
pecialidade ou capacidade, ou quando ocorrerem problemas que comprometam a relação. 
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DIREITOS DA PACIENTE 
 
 Entre os direitos da paciente relacionados na referida publicação, são de especial validade 
na situação de atendimento obstétrico: 
 
-> Direito ao acompanhante: a mulher tem direito a ser acompanhada por pessoa por ela 
indicada, se assim desejar, nas consultas, internações, exames pré-natais e no momento 
do parto; e de receber do profissional adequado, presente no local, auxílio imediato e 
oportuno para a melhoria do conforto e bem-estar; 
-> Direito ao atendimento digno: a mulher tem direito a um atendimento digno, atencioso 
e respeitoso, sendo identificada e tratada pelo nome ou sobrenome. A mulher não pode 
ser identificada ou tratada por números, códigos, ou de modo genérico, desrespeitoso ou 
preconceituoso; 
-> Direito à autonomia: a mulher pode consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e 
esclarecida, com adequada informação, procedimentos diagnósticos ou terapêuticos a se-
rem nela realizados 
-> Direito à informação: a mulher deve receber informações claras, objetivas e compreen-
síveis sobre hipóteses diagnósticas; diagnósticos realizados; exames solicitados; ações 
terapêuticas, riscos, benefícios e inconvenientes das medidas propostas e duração previs-
ta dos tratamentos. Deve ser informada sobre a necessidade ou não de anestesia, o tipo 
de anestesia a ser aplicada, o instrumental a ser utilizado, as partes do corpo afetadas, os 
efeitos colaterais, os riscos e as consequências indesejáveis e a duração esperada do pro-
cedimento; os exames e as condutas a que será submetida; a finalidade dos materiais co-
letados para exame; as alternativas de diagnósticos e terapêuticas existentes, no serviço 
onde está sendo realizado o atendimento ou em outros serviços; além do que mais julgar 
necessário; 
-> Direito ao prontuário: a mulher tem direito a um prontuário individual, em que estejam 
registrados, com letra legível, o diagnóstico e o tratamento, este com o nome genérico e 
com as dosagens utilizadas, o nome dos profissionais que a atendem, com o devido nú-
mero de registro no órgão de controle e regulamentação e controle da profissão e registro 
da quantidade de sangue recebida e dos dados que permitam identificar a sua origem, so-
rologias efetuadas e prazo de validade; 
-> Direito ao respeito: a mulher tem direito a ter assegurado, durante as Cadernos Cre-
mesp - Ética em Ginecologia e Obstetrícia 29 consultas, internações, procedimentos diag-
nósticos e terapêuticos, a satisfaçãode suas necessidades, a integridade física, a privaci-
dade, a individualidade, o respeito aos valores éticos e culturais, a confidencialidade de 
toda e qualquer informação pessoal e a segurança do procedimento; ter um local digno e 
adequado para o atendimento; receber ou recusar assistência moral, psicológica, social ou 
religiosa; 
-> Direito à segunda opinião: a mulher tem direito a procurar uma segunda opinião ou 
parecer de um outro médico sobre o seu estado de saúde; 
-> Direito ao sigilo: a mulher tem direito a ter resguardado o segredo sobre dados pesso-
ais, por meio da manutenção do sigilo profissional, desde que não acarrete riscos a tercei-
ros ou à saúde pública 
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PRONTUÁRIO E SEGREDO MÉDICO 
O prontuário medico, na verdade prontuário do paciente, é o conjunto de documentos pa-
dronizados, ordenados e concisos, destinados ao registro de todas as informações referen-
tes aos cuidados médicos prestados ao paciente. 
 
Itens obrigatórios: 
• Identificação da paciente 
• Anamnese 
• Exame físico 
• Hipóteses diagnosticas 
• Diagnostico definitivo 
• Tratamento efetuado 
 
Acesso ao prontuário: 
• Solicitação pela própria paciente, o prontuário pertence à paciente e que, por delega-
ção desta, pode ter acesso ao mesmo o médico. Portanto, é um direito da paciente ter 
acesso, a qualquer momento, ao seu prontuário, recebendo por escrito o diagnóstico e 
o tratamento indicado, com a identificação do nome do profissional e o número de re-
gistro no órgão de regulamentação e controle da profissão (CRM, Coren etc.), poden-
do, inclusive, solicitar cópias do mesmo. 
• Solicitação dos familiares e/ou do responsável legal do paciente: Somente em casos de 
menor e incapaz, ou com autorização da paciente. 
• Solicitação por outras entidades: os convênios médicos e as companhias de seguro são 
os principais solicitantes. Salvo com autorização expressa da paciente, é vedado ao 
médico fornecer tais informações. Salvo por justa causa 
 
Justa causa: 
a) Para evitar casamento de portador de defeito físico irremediável ou moléstia grave e 
transmissível por contágio ou herança, 
b) Crimes de ação pública incondicionada quando solicitado por autoridade judicial ou poli-
cia, cuja comunicação não exponha o paciente a procedimento criminal (Lei da Contraven-
ções Penais, artigo 66, inciso II) 
c) Defender interesse legítimo próprio ou de terceiros. (doenças infecto-contagiosas, toxi-
comanianas) 
 
O segredo médico compreende, então, confidências relatadas ao profissional, bem como 
as percebidas no decorrer do tratamento e, ainda, aquelas descobertas e que o paciente 
não tem intenção de informar. Desta forma, o segredo médico é, penal (artigo 154 do Có-
digo Penal) e eticamente, protegido (artigo 102 e seguintes do Código de Ética Médica), 
na medida em que a intimidade do paciente deve ser preservada. Entretanto, ocorrendo 
as hipóteses de “justa causa” (circunstâncias que afastam a ilicitude do ato), “dever legal” 
(dever previsto em lei, decreto, etc.) ou autorização expressa do paciente, o profissional 
estará liberado do segredo médico. 
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DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS 
1. Direito à vida: implica que nenhuma mulher deve ser colocada sob risco ou perigo em 
razão de gravidez. 
2. Direito à liberdade e segurança: reconhece que as pessoas têm o direito a poder des-
frutar e a controlar sua vida sexual e reprodutiva e que nenhuma mulher deverá estar su-
jeita a gravidez, esterilização ou abortos forçados. 
3. Direito à igualdade: de estar livre de todas as formas de discriminação, incluindo sua 
vida sexual e reprodutiva. 
4. Direito à privacidade: significa que todos os serviços de atenção à saúde da mulher de-
verão ser confidenciais e que todas as mulheres tenham o direito a fazer escolhas autôno-
mas com respeito à procriação. 
5. Direito à liberdade de pensamento: significa que todas as pessoas têm o direito de es-
tar livre da interpretação restritiva de textos religiosos, crenças, filosofias e costumes co-
mo instrumentos para limitar sua liberdade, em matéria de atenção à saúde sexual e re-
produtiva. 
6. Direito à informação e educação: no que concerne à saúde sexual e reprodutiva, para 
assegurar a saúde e o seu bem-estar. 
7. Direito a contrair ou não o matrimônio e a planejar e formar uma família. 
8. Direito a decidir a ter ou não filhos e quando tê-los. 
9. Direito à atenção e proteção da saúde: inclui os direitos dos usuários de saúde à infor-
mação, acesso, opção e escolha, segurança, privacidade, confidencialidade, trato digno, 
conforto e opinião. 
10. Direito aos benefícios do progresso científico: inclui reconhecimento que todas as pes-
soas têm o direito de acesso a todas as tecnologias reprodutivas que sejam seguras e 
aceitáveis. 
11. Direito à liberdade de reunião e participação política: entende que toda pessoa tem o 
direito a influenciar os governos para outorgar prioridade à saúde e aos direitos, em ma-
téria de sexualidade e reprodução. 
12. Direito a não ser submetido a torturas e mal tratos: inclui os direitos das crianças e 
adolescentes à proteção contra a exploração e o abuso sexual e o direito de todas as pes-
soas à proteção contra a violência sexual, o abuso e o assédio sexual. 
 
ASSÉDIO SEXUAL 
Art. 216—’’Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, 
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência ineren-
tes ao exercício de emprego, cargo ou função”. Pena: detenção de 1 a 2 anos.’’ 
 
A Obstetrícia é a especialidade médica mais envolvida em processos judiciais, dentre to-
dos os motivos, assédio sexual é o principal deles. 
34 % de todos os processos por assédio sexual no Brasil tem como réus médicos obste-
tras. 
O assédio sexual praticado por médico não só traz prejuízo individual à vítima, mas traz 
também prejuízo coletivo a todos os colegas profissionais, por abalar a credibilidade e a 
respeitabilidade que sustentam a autoridade moral da profissão médica, bases fundamen-
tais do sentimento de confiança, que deve presidir a relação médico-paciente. 
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Vale ressaltar que a relação médico-paciente é, por princípio e natureza, uma relação pro-
fissional de poder assimétrico, ou seja, sempre o médico ocupa a posição superior de po-
der decorrente da ascendência de sua função profissional; assim todo comportamento ou 
manifestação emocional da paciente na relação com seu médico devem ser tomados como 
um sintoma. 
 
Considerações preventivas de situações de assédio sexual : 
recomenda que os médicos, ao fazerem exames ginecológicos, o façam sempre na pre-
sença de uma auxiliar e/ou pessoa acompanhante da paciente. Recomenda, ainda, que os 
médicos expliquem de modo detalhado o quê e por quê farão os procedimentos do exame 
ginecológico,. 
 
Caso a paciente recusar a presença de um terceiro durante o exame: tentar explicar a im-
portância do ato, gravar a consulta e escrever detalhadamente no prontuário médico. 
 
PLANEJAMENTO FAMILIAR 
“Fundado nos princípios da dignidade de pessoa humana e da paternidade responsável, o 
planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos 
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva 
por parte de instituições oficiais ou privadas.” § 7º do artigo 226 da Constituição Federal 
 
Critérios para a realização da esterilização cirúrgica: 
 I – Em homens e mulheres, em capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou 
pelo menos com dois filhos vivos – desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias 
entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico – período no qual será propiciado à pes-
soa interessada, acesso ao serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamen-
to por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce. 
 II – Em caso de risco à vida ou à saúde da mulherou do futuro concepto, testemunhado 
em relatório escrito e assinado por dois médicos. 
 III – A esterilização cirúrgica, como método contraceptivo, somente será executada por 
laqueadura tubária, vasectomia ou outro método cientificamente aceito, sendo vedada por 
meio de histerectomia ou ooforectomia. 
IV – Será obrigatório constar no prontuário médico o registro da expressa manifestação 
de vontade em documento escrito e firmado. Após informação dos riscos da cirurgia, pos-
síveis efeitos colaterais, dificuldade de reversão e opções de contracepção reversíveis 
existentes. 
V – É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos do parto, aborto ou 
até o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por 
cesarianas sucessivas anteriores ou quando a mulher for portadora de doença de base e a 
exposição a segundo ato cirúrgico ou anestésico representar maior risco para sua saúde. 
Neste caso, a indicação deverá ser testemunhada em relatório escrito e assinado por dois 
médicos. VI – Não será considerada a manifestação da vontade expressa durante a ocor-
rência de alterações na capacidade de discernimento por influência de álcool, drogas, es-
tados emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente. 
VII – Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento ex-
presso de ambos os cônjuges. 
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VIII – A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá 
ocorrer mediante autorização judicial. 
 IX – É obrigatório o preenchimento de ficha de registro individual de notificação de esteri-
lização, devendo a mesma ser encaminhada ao SUS e cópia a ser arquivada junto ao 
prontuário da paciente. 
X – Os estabelecimentos hospitalares interessados em realizar esterilização cirúrgica, de-
verão se credenciar junto ao SUS. 
 
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA 
Fenômeno que se configura como determinados atos cometidos pelos profissionais da sa-
úde e instituições, sejam elas públicas ou privadas, ao atenderem as mulheres gestantes, 
parturientes e puérperas, as quais sofrem com as intervenções negligentes, muitas vezes 
conduzidas sem respaldo científico, culminando na violação dos seus direitos. 
 
RELAÇÃO PATERNALISTA MÉDICO-PACIENTE 
 2000 PROGRAMA DE HUMANIZAÇÃO REDUZINDO NÚMERO DE CESARIANAS 
 2003 NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIO DA MORTE MATERNA. 
 2004 foi lançado o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal e 
a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) s a fim de reduzir 
a ocorrência de óbitos por questões previsíveis ou evitáveis, incorporando como base o 
empoderamento das usuárias do Sistema Único de Saúde, o acesso a uma atenção 
obstétrica de qualidade, ao planejamento familiar, ao abortamento seguro e ao comba-
te à violência. 
 2005 Direito a acompanhante em todos os procedimentos médicos 
 2011 com a Rede Cegonha, foram determinadas uma série de medidas para garantir a 
assistência humanizada às mulheres a partir da confirmação da gravidez, agregando o 
pré-natal e o parto, e também pelo acompanhamento até os dois primeiros anos de 
vida do bebê. 
 2016 lei determina que a cesariana requerida pela mulher somente após 39° semana 
 Uma em cada quatro mulheres já sofreram violência durante o parto. 
 As justificativas para os atos violentos: o excesso de trabalho e o estresse relacionado à 
rotina laboral, a precariedade de recursos materiais fornecidos pelas instituições, o que 
culmina no afastamento da atenção humanizada por aqueles que têm a obrigação ética e 
profissional de prestá-la. 
 
PRÁTICAS CONSIDERADAS ABUSIVAS 
Indução à tricotomia (raspagem dos pelos pubianos), enema (lavagem intestinal), episio-
tomia, manobra de Kristeller, manobra de Valsalva (orientação para que a mulher “cerre” 
os dentes, segure a respiração e faça força), cesáreas eletivas, exame de toques vaginais 
sucessivos e realizados por diferentes profissionais, imobilização, posição horizontal du-
rante o parto, soro com ocitocina para acelerar o trabalho de parto, descolamento da 
membrana ou ruptura artificial da bolsa amniótica sem o consentimento da mulher, uso 
de fórceps sem necessidade, impedimento ou demora para o contato da mãe com o bebê 
após o parto, entre outras técnicas que podem ser consideradas ineficientes ou prejudici-
ais. 
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EUTANÁSIA 
É o ato de abreviar a vida de uma pessoa, a pedido da própria, no quadro de uma doença 
incurável associada a uma situação de sofrimento físico e psicológico 
 
SUICIDIO ASSISTIDO 
Neste caso, é o doente que põe termo a vida. Pode haver colaboração de um terceiro—
que pode ser o médico que receita o fármaco letal, mas o ato que dita a morte é levado a 
cabo pelo próprio paciente 
 
ORTOTANÁSIA 
Suspensão ou minimização de tratamentos que prolongam a vida de um doente em esta-
do terminal, sem que se traduzam numa melhoria do estado de saúde. Ou seja, trata-se 
de não fazer procedimentos invasivos para prolongar artificialmente a vida 
 
DISTANÁSIA 
É o oposto da ortotanásia. É um sinônimo de obstinação terapêutica, determinando o pro-
longamento da vida de um doente em fase terminal, com recurso a tratamento despro-
porcionados. É considerada uma má pratica médica. É, alias, vedada pelo código deonto-
lógico dos médicos (código de ética medica) 
 
CUIDADOS PALIATIVOS 
Paliativismo ou cuidados paliativos é o conjunto de praticas de assistência ao paciente in-
curável que visa oferecer dignidade e diminuição de sofrimento mais comum em pacientes 
terminais ou em estagio avançado de determinada enfermidade 
 
TESTAMENTO VITAL 
Documento onde se pode inscrever os cuidados de saúde que cada cidadão pretende, no 
caso de se ver impossibilitado de decidir. Através do testamento vital pode-se pedir, por 
exemplo, para não ser sujeito a ‘’meios invasivos de suporte artificial de funções vitais’’. 
Tem uma validade de cinco anos 
 
 
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LEGISLAÇÃO 
 
CÓDIGO PENAL 
Art. 122. Matar, por piedade ou compaixão, paciente em estado terminal, imputável e 
maior, a seu pedido, para abreviar-lhe sofrimento físico insuportável em razão de doença 
grave: Pena de prisão de dois a quatro anos. 
 
§1º O juiz deixará de aplicar a pena avaliando as circunstâncias do caso, bem como a re-
lação de parentesco ou estreitos laços de afeição do agente com a vítima. 
 
§2º Não há crime quando o agente deixa de fazer uso de meios artificiais para manter a 
vida do paciente em caso de doença grave irreversível, e desde que essa circunstância es-
teja previamente atestada por dois médicos e haja consentimento do paciente, ou, na sua 
impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MEDICA 
ART 41 “É vedado ao médico abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de 
seu representante legal, seguido pelo parágrafo único, que contém: Nos casos de doença 
incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem 
empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em 
consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu repre-
sentante legal”. 
 
Com base no princípio da dignidade humana, o Conselho Federal de Medicina (CFM), por 
meio de seu ato discricionário, editou a Resolução nº 1805, em 9 de novembro de 2006, 
tratando sobre a morte digna conhecida como ortotanásia, a qual foi objeto de uma Ação 
Civil Pública 2007.34.00.014809-3, impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF) em 
2007, que não concordou com a prática da ortotanásia em razão da falta de seus critérios, 
pedindo inclusive a anulação da resolução. 
 
A ação ajuizada pelo MPF foi julgada improcedente pelo magistrado após o CFM (2010) ter 
demonstrado um parecer explicando os conceitos da eutanásia, disnatásia e ortotanásia, 
conforme vejamos abaixo: 
“Se compreendeeutanásia como a provocação da morte de paciente em fase terminal de 
vida ou acometido por doença incurável, praticada por terceiro movido por sentimento de 
piedade; distanásia, como o prolongamento artificial do estado de degenerescência pra-
ticado pelo médico por meio de tratamentos extraordinários; e ortotanásia como a não 
intervenção no desenvolvimento da morte natural de pacientes em fase terminal de vida, 
quando a morte é iminente e inevitável.” 
 
Em razão dos fatos expostos acima, fica subentendido com base na interpretação do prin-
cípio da dignidade humana, bem como do direito à vida, consagrada na CRFB/88, que o 
direito à morte digna é legal, porém, nosso sistema jurídico brasileiro não possui uma 
norma federal que dê aos médicos segurança jurídica quanto à prática da ortotanásia, 
mesmo sabendo que tal prática de fato é legal. 
 
 
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Países onde a prática é permitida são: Holanda, Bélgica, Suíça , Luxembrugo , Espanha e 
Suécia. 
A Itália descriminalizou o suicídio assistido. 
A Suíça permite o suicídio assistido e tolera a eutanásia indireta. 
Em 2005, a França instituiu o direito de "deixar morrer", que privilegia os cuidados paliati-
vos, e em 2016 autorizou a sedação profunda e contínua até a morte. 
quanto à prática da ortotanásia, mesmo sabendo que tal prática de fato é legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRINCIPIOS DO CUIDADO PALIATIVO 
 
Compreender a morte como processo natural sem antecipar nem postergá-la. 
 
Promover avaliação, reavaliação e alívio impecável da dor e de outros sintomas geradores 
de desconforto. 
 
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Oferecer o melhor suporte ao paciente focando na melhora da qualidade de vida, influen-
ciando positivamente no curso da doença quando houver possibilidade e auxiliando-o a 
viver tão ativamente quanto possível até a sua morte 
Compreender os familiares e entes queridos como parte importante do processo, ofere-
cendo-lhes suporte e amparo durante o adoecimento do paciente e também no processo 
de luto após o óbito do paciente. 
 
AVALIAR AS NECESSIDADES ESPIRITUAIS 
Religiosidade, espiritualidade e crenças culturais influenciam na tomada de decisão em sa-
úde e em desfechos de saúde (PUCHALSKI et al., 2020). 
 
Há evidência na literatura, como no estudo prospectivo de Phelps et al. (2009), de que a 
presença de coping religioso positivo está associada com maior preferência e recebimento 
de medidas agressivas no final da vida (ventilação mecânica ou ressuscitação na última 
semana de vida). Na discussão, os autores desse trabalho formulam que esta associação 
pode estar relacionada com a crença dos pacientes de que Deus possa curar através des-
sas medidas, que Deus pode intervir milagrosamente enquanto estão submetidas a esse 
suporte intensivo, ou ainda que eles se apoiam em Deus para superar essa situação e que 
isso vem através de algum sofrimento. Por outro lado, também foi encontrado associação 
positiva entre pacientes com medidas elevadas de espiritualidade e melhor qualidade de 
vida (STEINHAUSER et al., 2017; BALBONI; BALBONI, 2019). 
 
PROGNÓSTICO E TOMADA DE DECISÃO 
A tomada de decisão informada é um dos pilares da ética médica. Para serem capazes de 
tomar uma decisão informada, pacientes e familiares precisam compreender os riscos e 
benefícios de cada opção terapêutica, de forma a poder decidir de maneira coerente com 
a sua história de vida e seus valores. Entretanto, estudos mostram que muitos pacientes 
têm visões inadequadas sobre o seu prognóstico. 
 
Médicos tendem a superestimar o prognóstico, em especial o médico responsável pelo ca-
so (provavelmente pelo vínculo). Por este motivo, sempre que for possível, sugere-se 
compartilhar essa avaliação com outros colegas 
 
Indicadores de PIOR prognostico: 
 Infecções recorrentes e de difícil tratamento (ex: pneumonia, pielonefrite, sepse) 
 Piora significativa da ingesta alimentar (perda não intencional > 10% de peso nos últi-
mos 6 meses, ou hipoalbuminemia ou disfagia com aspiração) 
 Perda de funcionalidade com maior dependência de terceiros para realização das ativi-
dades básicas da vida diária 
 Associação de múltiplas comorbidades 
 
ESCALAS DE GRAVIDADE: 
BISEP (taxa de mortalidade de idosos após 1 ano da data de internação), CHARLSON, 
NYHA, MAGGIC, DECAF (DPOC), MELD e Child Pugh, ECOG, KARNOFSKY, PPI, FAST 
(demência) 
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PRINCIPIOS DO TRATAMENTO DA DOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pela boca: 
A via para administração de medicação deve ser a menos invasiva possível, portanto 
quando houver condições para a VO é a primeira escolha. 
 
SEQUÊNCIA: 
VO -> TRANSDÉRMICA -> HIPODERMÓLISE -> ENDOVENOSA -> SUBCUTÂNEA 
 evitar a via intramuscular 
 
 
Pelo relógio: 
Os analgésicos devem ser prescritos de horário, de acordo com o tempo de ação de cada 
um. O objetivo não é apenas tratar a dor, mas também prevenir que ela apareça 
 
Além das doses de horário, é recomendado deixar alguma medicação de resgate, para 
usar se necessário nos intervalos da dose de horário 
 
Pela escada: 
A OMS desenvolveu uma ferramenta conhecida como ‘’Escada analgésica’’ para guiar o 
tratamento farmacológico, associando a intensidade da dor com as classes de medica-
mentos indicadas para aquela situação 
 
 
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Pelo individuo: 
Todo tratamento deve ser individualizado, levando-se em conta suas características e 
resposta à terapêutica instituída. Atenção aos detalhes: reavaliações devem ser feitas 
continuamente, para compreender como o paciente responde à terapia e perceber quais 
situações melhoram ou pioram a dor (não apenas fatores físicos, mas também emocio-
nais, sociais, espirituais, ambientais). 
 
Atentar-se também para prevenção e tratamento de possíveis efeitos colaterais da terapia 
analgésica!! 
 
TERAPIA FARMACOLÓGICA: 
 
ANALGÉSICO SIMPLES 
Paracetamol: 500mg a 1000mg a cada 4 ou 6 horas, dose máxima de 4g/dia 
Dipirona: 500mg a 2000mg a cada 6 horas . 
 
 
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAS (AINEs) 
Indicado para paciente com dor visceral, dor óssea, muscular e articular. 
A associação de mais de um AINE não é recomendada 
Atentar para os efeitos colaterais de lesão renal e lesão gastrintestinal. 
 
Naproxeno: 250 mg 2x/dia ou 500 mg 1x/dia; Máxima de 500 mg/dia, não usar >10dias 
Ibuprofeno: 200 mg a 800 mg a cada 6-8 horas; dose máxima 3200 mg/dia 
Diclofenaco: 100 a 150 mg/dia, dividida em 2 a 3 tomadas, dose máxima diária 200 
mg/dia 
Cetoprofeno: 100 mg duas vezes ao dia; dose máxima de 300 mg/dia 
Celecoxibe: 200 mg a 400 mg/dia 
 
 
OPIOIDES FRACOS 
Codeína: Dose inicial: 30 mg a cada 6 horas. Máxima 360 mg/dia 
Tramadol: Dose inicial: 50 mg a cada 8 horas.máxima 400 mg /dia 
 
 
OPIOIDES FORTES 
Morfina 
Metadona 
Oxicodona 
Fentanil transdermico 
 
*dose inicial de acordo com dose usada de outros medicamentos 
Não tem dose máxima, depende de efeitos colateraia 
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