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pessoa como sujeito moral

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Escola Secundaria de Nampaco
 
Tema:
A PESSOA COMO SUJEITO MORAL
Discente:
Nampula
28
2022
Escola Secundaria de Nampaco
 
Tema:
A PESSOA COMO SUJEITO MORAL
	Trabalho individual e de carácter avaliativo, da disciplina de Filosofia, 11ª classe, Turma B1/3, 1º Trimestre, leccionada pela professora: 
Nampula
2022
Índice
I.	INTRODUÇÃO	4
II. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA	5
2. A PESSOA COMO SUJEITO MORAL	5
2.1 O conceito de ” Pessoa ”	5
2.2. Quem Sou Eu	5
2.3. A consciência	7
2.3.1. DISTINÇÃO ENTRE A ÉTICA E A MORAL	7
2.4. Características da Pessoa	10
2.5. CONSCIENCIA MORAL: ETAPAS DO SEU DESENVOLVIMENTO (Piaget e Kohlberg)	11
2.5.1. Noção e Caracterização	11
2.5.2. Formação e desenvolvimento da consciência Moral	11
2.6. ACÇÃO HUMANA E VALORES	12
2.6.1. Actos voluntários e actos involuntários	12
2.6.2. Da acção aos valores	13
2.7. A PESSOA COMO UM SER DE RELAÇÕES	19
2.7.1. A relação consigo próprio	19
2.7.2. A relação com o Outro	20
2.7.3. A relação com o Trabalho	20
2.7.4. ASPECTOS DA BIOÉTICA	22
2.7.4.1. Origem	22
2.7.4.2. Autores	22
2.7.4.3. Importância	23
2.7.5. Princípios da Bioética	23
2.8. Aborto	26
III. CONCLUSÃO	27
IV. BIBLIOGRAFIA	28
I. INTRODUÇÃO 
O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de filosofia leccionada ma 11ª classe com o tema: a pessoa como sujeito moral. A palavra “pessoa” tem a sua origem no termo latino para uma mascara usada por um actor no teatro clássico. Os actores pretendiam mostrar que desempenham uma personagem.
Mais tarde “pessoa” passou a designar aquele que desempenha um papel na vida, que é um agente. Um dos sentidos actuais do termo é “ser autoconsciente ou racional”. Este sentido tem precedentes filosóficos irrepreensíveis. John Locke define a pessoa como “um ser inteligente e pensante dotado de razão e reflexão e que pode considerar-se a si mesmo como aquilo que é, a mesma coisa pensante, em diferentes momentos e lugares.”
Este trabalho tem por objectivo geral compreender os princípios do A Pessoa Como Sujeito Moral. Estudo deste tema é de extrema importância pois, irá permitir adquirir conhecimentos mais aprofundados concernente ao tema em destaque, que servirá de suporte aos futuros estudantes e de alguma forma dúvidas serão sanadas. 
Este trabalho contou com a ajuda de consulta de algumas obras literárias, e a pesquisa na internet. Em termos estruturais o trabalho é constituído por 4 capítulos, sendo o presente capítulo, o qual fornece uma primeira abordagem e enquadra-o no tema do trabalho, explanando qual o intuito de explorar deste tema.
O segundo capítulo faz referência ao conteúdo mais teórico, no que cerne ao A Pessoa Como Sujeito Moral, fazendo um enquadramento histórico; a seguir uma breve descrição. O terceiro e quarto capítulo contem as principais conclusões do trabalho e a Referencia Bibliográfica.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA 
2. A PESSOA COMO SUJEITO MORAL
2.1 O conceito de ” Pessoa ”
A noção de pessoa aparece em oposição à de indivíduo, quer dizer, individuo biológico. Mas o que é indivíduo biológico? Indivíduo significa, antes de tudo, consistência, isto é, indivisibilidade interna, unidade. Esta unidade não significa simplicidade, mas sim, uma composição de partes. Enquanto tal, esta unidade é totalidade: diferenciada, estruturada e centrada.
É uma totalidade diferenciada uma vez que o próprio conceito de ” todo” implica uma multiplicidade qualitativa de partes que compõe o todo. Neste sentido, o ser vivo, enquanto indivíduo é uma totalidade diferenciada. É uma totalidade estruturada porquanto os diversos órgãos e as funções que eles exercem não são independentes uns dos outros como se de estratos que se sobrepõem se tratasse. Os diferentes órgãos e suas funções constituem uma estrutura, isto é, são interdependentes; eles só são aquilo que são devido à relação de mútua dependência. 
É uma totalidade centrada porque enquanto indivíduo biológico tem um centro a partir do qual se realiza essa totalidade. O ser vivo, no seu agir, refere-se a si mesmo, a algo interior. Na vida vegetativa, por exemplo, a planta já realiza um processo biológico interno de crescimento e de conservação. Em relação ao animal, isto se verifica de um modo mais significativo e a um nível superior. O animal não só tem percepções sensíveis como também pode conservá-las e reagir deacordo com uma sensibilidade instintiva. A este centro poder-se-ia chamar de consciência ou memória sensível
2.2. Quem Sou Eu
No homem as coisas passam-se de maneira muito diversa, o que o torna completamente diferente dos outros animais ou indivíduos biológicos e o coloca num outro nível em relação a eles. A centralidade no homem não é somente consciência ou memória sensível, mas, sobretudo, reflexão, pois o homem não só sabe, mas sabe que sabe. Então, quando a consciência é reflexão, aí está-se no mundo do espírito e da pessoa. Esta totalidade centrada que faz com que a pessoa transcenda o mero nível biológico é que lhe confere uma certa autonomia em relação à sua coexistência com o meio ambiente e uma abertura em relação à sua coexistência com os outros.
O que é Pessoa? O conceito “ Pessoa” pode ser abordado a partir de duas perspectivas: uma parte da problemática clássica; outra, mais descritiva, toma em conta as filosofias mais recentes.
Na perspectiva da Filosofia clássica far-se-á referência tão somente a alguns filósofos. Para Cícero, por exemplo, Pessoa é o sujeito de direito e deveres. Boécio, porém, entende Pessoa como uma ‘’ substância individual de natureza racional’’. Na mesma linha de pensamento de Boécio, S.Tomás de Aquino defende que pessoa é um ‘’subsistente de natureza racional’’.
Estes últimos dois filósofos destacam dois elementos definitórios de Pessoa. Segundo eles, começa por ser indivíduo subsistente, coeso, uno, total e centrada, encontra a sua mais alta realização na Pessoa, onde esta’’ centralidade’’ significa reflexão completa: saber que sabe, consciência de ter consciência. Esta racionalidade pressupõe na Pessoa uma ‘’ dimensão espiritual’’. A razão é fundamento da liberdade e esta o fundamento último de outras características e realizações da pessoa.
É neste sentido que a ideia de Cícero não deve ser posta de lado, uma vez que a sua definição de Pessoa quer destacar os caracteres de relação e de inter-relação como constitutivos dinâmicos da pessoa humana.
Os filósofos da modernidade orientaram-se por outras direcções definitórias de Pessoa das quais se têm destacados três:
· A psicológica, que, tomando como referências o filósofo Descartes, toma a consciência como a característica definitórias da pessoa;
· A ética, que, segundo Kant, destaca a liberdade como o constitutivo do ser Pessoa;
· A social, que com Personalismo e, particularmente, com Martin Buber, sublinha na definição de Pessoa a relação desta com o(s) outro(s).
Estes dados, tanto da Filosofia clássica como da moderna, não devem ser vistos de forma isolada, como se eles se excluíssem mutuamente. Na definição de Pessoa, todos estes elementos se completam.
2.3. A consciência 
A consciência é o conhecimento (scientia) que acompanha (cum) as nossas vivências; a consciência apreende três sentidos: biológico, psicológico e moral. Neste caso interessa-nos o sentido moral, em que a consciência é vista como o juiz do valor moral das nossas actividades: avaliando os nossos actos, atribuindo-lhes mérito ou demérito; julgando-os sob o ponto de vista do bem ou do mal; e indicando o dever a seguir.
Em sentido restrito pode significar o conhecimento concomitante e cumulativo dos próprios actos ou estados internos no preciso momento em que são vividos ou experimentados. A consciência começa por conhecer o espírito e os seus fenómenos e, depois, estrutura-os, organiza-os num conjunto global, capaz de responder à situação existente. É através da consciência que conhecemos toda a realidade humana e extra-humana.
A consciência é um elemento essencial dos fenómenos psíquicos. No nosso íntimo, uma multidão de fenómenos interpenetram-se. A consciência é como um rio que desliza sem parar,e seria ridículo ver num rio não mais do que um composto de gotas de água. Esta afirmação baseia-se em Heráclito que dizia: ‘’ Ninguém pode banhar-se duas vezes nas mesmas águas do rio”.
Além da mobilidade e da continuidade da corrente da consciência, há nela um poder de selecção e de síntese. A corrente de consciência apresenta uma finalidade e um objectivo, os quais se revelam na formação de percepção. Por meio desta, o indivíduo conhece a realidade e se adapta a ela, nomeadamente na formação da personalidade e sempre que surja uma situação nova a que precisa adaptar-se.
A selecção e a síntese são importantes na formação da personalidade, que é a síntese dos fenómenos psíquicos, seleccionados pela consciência e por ela referidos ao Eu. A personalidade exige uma selecção de fenómenos, pois nem todos os que afectam o Eu servem: escolhem-se e inibem-se outros. Após a selecção, vem a ligação ao Eu dos fenómenos seleccionados e, assim, se constitui a personalidade.
2.3.1. DISTINÇÃO ENTRE A ÉTICA E A MORAL
Ética e moral - Qual é a diferença? Isso é certo ou errado? Bom ou ruim? Devo ou não devo? Provavelmente já deve ter feito alguma dessas perguntas na hora de tomar uma decisão ou fazer uma escolha. Essas perguntas permeiam a reflexão sobre dois termos: ética e moral. É muito comum esses termos serem confundidos como se significassem a mesma coisa. Embora estejam relacionados entre si, moral e ética são conceitos distintos.
A palavra “ética” vem do grego ethos. Em sua etimologia, ethos significa literalmente morada, habitat, refúgio. O lugar onde as pessoas habitam. Mas para os filósofos, a palavra se refere a “carácter”, “índole”, “natureza”.
Sócrates coloca o autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. E seguindo a máxima de Aristóteles em “Ética a Nicômaco” e em seu pensamento moral de forma geral, “somos o resultado de nossas escolhas”. Aristóteles acreditava que a ética caracteriza-se pela finalidade e pelo objectivo a ser atingido, isto é, que se possa viver bem, ter uma vida boa, com e para os outros, com instituições justas. Já Platão entende que a justiça é a principal virtude a ser seguida.
Neste sentido, a ética é um tipo de postura e se refere a um modo de ser, à natureza da acção humana, ou seja, como lidar diante das situações da vida e ao modo como convivemos e estabelecemos relações uns com os outros. É uma postura pessoal que pressupõe uma liberdade de escolha.
O que estamos fazendo uns com os outros? Quais são as nossas responsabilidades pessoais diante do outro? Uma postura ou conduta ética pode ser a realização de um tipo de comportamento mediado por princípios e valores morais.
A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa “costume”. Aquilo que se consolidou ou se cristalizou como sendo verdadeiro do ponto de vista da acção. A moral é fruto do padrão cultural vigente e incorpora as regras eleitas como necessárias ao convívio entre os membros dessa sociedade. Regras estas determinadas pela própria sociedade. Na época medieval, por exemplo, a moral era muito atrelada a crenças religiosas. 
A sociedade buscava na religião um meio para orientar o homem a agir de acordo com valores éticos. Após a Idade Moderna, o Estado passou a estimular regras e valores éticos, por meio de leis e o reconhecimento dos deveres de um sujeito em responder pelas consequências de seus actos.
E o que seria um comportamento moral ou imoral? Assim como a reflexão ética, uma conduta moral também é uma escolha a ser feita. As normas ou códigos morais são cumpridos a partir da convicção íntima da pessoa que se comporta. Uma pessoa moral age de acordo com os costumes e valores de uma determinada sociedade. Ou seja, quem segue as regras é uma pessoa moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral.
Uma pessoa moral ou imoral não é necessariamente aquela que segue as leis ou regras jurídicas. Comportamentos como furar fila no banco, jogar lixo no chão, colar na prova, falar mal de um colega na frente do outro ou não dar espaço para os mais velhos no metrô não são considerados ilegais, mas podem ser actos imorais.
A ética, por sua vez, é a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, que reflete e questiona sobre as regras morais. A reflexão ética pode inclusive contestar as regras morais vigentes, entendendo-as, por exemplo, como ultrapassadas ou simplesmente erradas do ponto de vista pessoal. 
Os filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam a vida ética transcorrendo como um embate contínuo entre nossos apetites e desejos – as paixões – e nossa razão. Eles estabeleceram três aspectos principais para a ética: o racionalismo (a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o deseja e guia nossa vontade até ele); o naturalismo (a vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza - o cosmos - e com nossa natureza – ethos -, que é uma arte do todo natural); e a inseparabilidade entre ética e política, ou seja, entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade.
Um exemplo. Como lidar com uma pessoa que roubou um remédio para salvar uma vida? Seu comportamento é imoral, ela quebrou a regra de uma sociedade. Mas será que seria justificado eticamente?
A moral é constituída pelos valores previamente estabelecidos e comportamentos socialmente aceitos e passíveis de serem questionados pela ética, em busca de uma condição mais justa. É possível uma acção moral ou imoral sem qualquer reflexão ética, assim como é possível uma reflexão ética acompanhada de uma acção imoral ou amoral. Basicamente, quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do lugar onde se está. A ética é o questionamento da moral, ela trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta predefinida. Mas há sempre uma resposta a ser pensada.
Ninguém nasce com ética ou com moral. São construções culturais e simbólicas. As pessoas podem aprender ética na família, na escola, na rua, no trabalho. Esses conceitos são adquiridos ao longo da experiência humana, seja pela cultura, pelas regras jurídicas, pela educação ou por reflexões pessoais. Quando uma empresa diz que possui um “código de ética”, na verdade o que se está presente no texto são códigos ou regras de moral que buscam criar uma cultura ética. A moral é convenção e a ética, reflexão. O aprendizado da ética seria o aprendizado da convivência. Aprender a conviver juntos é um dos maiores desafios no século 21. A ética pode ser uma bússola para orientar o pensamento e responder a seguinte pergunta: qual sociedade eu ajudo a formar com a minha ação?
2.4. Características da Pessoa 
A pessoa é a base da reflexão ética, é o centro e fundamento da ética, o lugar onde os valores éticos se revelam. Na noção de pessoa estão incluídas as mais dignificantes características do ser humano, que fazem dele o ser supremo, o sujeito, a fonte e o critério de qualquer apreciação valorativa.
Características e sua descrição:
· Singularidade / Individualidade - cada ser humano é uma essência individual. O que faz de
cada um de nós um ser único, irrepetível e insubstituível, um “eu”.
· Unidade - cada ser humano é um microcosmos, um centro de decisão, uma totalidade concreta, uma unidade psicológica e moral.
· Autonomia/Liberdade - centro de decisão e de acção, o ser humano tem em si o princípio e a causa do seu agir, apesar de condicionado. Entre as suas manifestações mais elevadas encontrase a possibilidade de se auto-determinar.
· Interioridade/ Subjectividade - em cada ser humano há um espaço de reserva e de intimidade que é inacessível, inviolável - é a zona da consciência; consciência de si.
· Abertura - singularidade, unidade e autonomia podem esgotar a noção de indivíduo mas não esgotam a de pessoa. Só somos verdadeiramente pessoas na relação com os outros e com o mundo.
· Projecto/Possibilidade - não se nasce pessoa. Ser pessoa não é coisa dada; é uma das possibilidades humanas que cada um deve realizar.
· Proximidade - a pessoa estabelece vínculosde proximidade com os outros, manifestando solidariedade e amizade.
· Compromisso - a identidade da pessoa forma-se pelos compromissos que assume. Ao comprometer-se, a pessoa age recusando a neutralidade, a indiferença.
· Crítica - a pessoa dispõe de uma dimensão crítica com que avalia os diversos aspectos da vida. Esta capacidade crítica faz com que o homem seja capaz de dizer não ao que lhe parece negativo e se empenhe na construção de um mundo diferente.
· Dignidade - a pessoa é um valor incomensurável. Ocupa o lugar cimeiro no conjunto dos seres do universo. Neste sentido, a pessoa é a mais elevada forma de existência e tem valor absoluto.
2.5. CONSCIENCIA MORAL: ETAPAS DO SEU DESENVOLVIMENTO (Piaget e Kohlberg)
2.5.1. Noção e Caracterização
Entende-se por consciência o estado ou a faculdade de alerta, que nos permite perceber o mundo intrínseco e extrínseco a nós mesmos e fazer juízo de valores sobre eles, enquanto estamos mentalmente sadios. A consciência Moral a capacidade que o homem tem de distinguir o bem do mal, e adoptar uma determinada forma de comportar-se. Deste modo A consciência moral é a capacidade que o sujeito tem de avaliar os princípios básicos dos seus actos.
2.5.2. Formação e desenvolvimento da consciência Moral
Para os filósofos antigos, a Consciência Moral era algo inato, que pertencia ao próprio homem. Enquanto os filósofos Contemporâneos e modernos, defende a tese de que a a consciência moral é algo que é adquirido pelo homem em sociedade, família, grupo social, escola etc.
A formação e o desenvolvimento da consciência é um assunto de capital importância, que mereceu uma atenção dos filósofos modernos, com maior destaque no Suíço Jean Piaget (1896- 1980), e o Americano Lawrence Kohlberg (1927-1987). Piaget conclui que a moralidade se desenvolve na medida e que a inteligência humana se desenvolve, seguindo um processo delineado por três etapas:
· Moral de obrigação ou heteronomia, que compreende (entre os 2 e aos 6 anos), onde a criança vive numa atitude unilateral de respeito absoluto para com os mais velhos e as normas são totalmente exteriores a si.
· Moral da Solidariedade verifica-se (entre os 7 e aos 11 anos), uma substituição do respeito unilateral pelo respeito mútuo, começa a desenvolver-se a noção da igualdade entre todos e as normas de conduta são aplicadas com rigorosidade.
· Moral de equidade e Autonomia, dos 12 anos em diante, aqui aparece o altruísmo, o interesse pelo outro e a compaixão e a moral torna-se autónoma.
Da mesma maneira, Kohlberg considera que a consciência moral se desenvolve no processo de aprendizagem social. Na sua opinião há três (3), e todas baseadas na noção de justiça, segundo ele cada um está num determinado estado e desenvolvimento moral de acordo com as suas respostas a Dilemas morais:
1. Nível pré-convencional, As pessoas respeitam as normas sociais, mas receiam o castigo se não as cumprirem ou esperam uma recompensa pelo seu cumprimento.
2. Nível Convencional, determina que as pessoas respeitam as normas sociais porque consideram importante que cada um desempenhe o seu papel numa sociedade moralmente organizada.
3. Nível pós-convencional, as pessoas se preocupam com o juízo autónomo e com o estabelecimento de princípios morais universais.
2.6. ACÇÃO HUMANA E VALORES
O Homem pratica dois tipos de actos: os que são comuns a outros animais e os que só ele próprio realiza. No primeiro caso, temos, entre outros, os chamados actos instintivos, e No segundo, a actividade instintiva é secundarizada a favor da actividade reflexiva, especifica dos seres humanos. Dada a diversidade das acções que o Homem pratica, é natural que a palavra “acção" tenha muitos significados. Importa diferenciar dois tipos de acções: as involuntárias e as voluntárias:
2.6.1. Actos voluntários e actos involuntários
Acções involuntárias (ou actos do Homem)
São acções que na o implicaram qualquer intenção da parte do sujeito. São acontecimentos em que nos limitamos a ser meros receptores de efeitos que não provocamos. Há actos que realizamos por um mero reflexo instintivo, fazemo-los sem pensar. São exemplos destes actos mastigar, ressonar, esticar o braço em autodefesa, envelhecer, gritar de Susto, etc.
Acções voluntárias (ou actos humanos) 
As acções humanas implicam uma intenção deliberada de um agente, de agir de determinado modo e não doutro. Estas acções são reflectidas, estudadas, premeditadas ou até prospectadas a longo prazo, tendo em vista atingir determinados objectivos.
Aplicamos o termo "acção" apenas aqueles actos que realizamos de forma consciente (racional), voluntaria e responsável, por isso, toda a acção humana implica, necessariamente, os seguintes elementos:
Agente - um sujeito que é capaz de se reconhecer como autor da acção e que age com consciência e ter responsabilidade pela mesma e livre-arbítrio ou vontade, ou seja, que é capaz de optar e tomar decisões livremente.
Motivo - a razão que justifica a acção; o que nos leva a agir ou fazer algo. Por isso, quando perguntamos “Porque fizeste ou vais fazer isto ou aquilo?", procuramos encontrar a razão que justifica a acção.
Intenção - A intenção implica um agente consciente, pois a intenção consiste naquilo que o agente quer realizar.
Fim - o fim da acção é a possessão daquilo para que se quer a acção voluntária. A finalidade da acção difere do fim da acção, Pois corresponde a uma orientação para o fim da acção.
Depois da caracterização dos actos humanos, uma questão emerge: fazer e agir, são conceitos que exprimem significados diferentes, enquanto A acção do sujeito em torno de objectos ou no decorrer da execução de uma técnica chama-se Fazer, o conceito agir aplica-se a todas as outras acções intencionais que realizamos livremente e em que somos capazes de identificar facilmente os motivos por que fazemos o que fazemos.
2.6.2. Da acção aos valores
Noção de Valor 
Em toda a acção humana, o ser humano exprime o modo como se relaciona com o mundo do, podendo preferir ou preterir algo. A acção humana está estritamente ligada aos valores, explicita ou implicitamente. Os valores dão ao sujeito o motivo para agir. Por exemplo: parar quando o semáforo está vermelho exprime um valor nobre: o civismo, quando damos esmola, também lá está um valor muito nobre: a solidariedade. Mas o que são os valores? O que a um juízo de valor? E o que distingue um juízo de facto de um juízo de valor? Os valores são critérios segundo os quais damos ou não importância As coisas, os valores são as razões que justificam ou motivam as nossas acções, Tornando-as preferíveis a outras. 
Um juízo de facto é um juízo em que se descreve a realidade de uma forma objectiva, neutra e impessoal. Estes podem ser verdadeiros ou falsos: Ex: “Quelimane é cidade Capital da
Zambêzia” Walker é Branco. Um juízo de valor é urna manifestação de preferência e apreciação sobre a realidade e é fruto de uma interpretação parcial e subjectiva feita com base em valores. Os juízos de valor são relativos, Pois variam de pessoa para pessoa, e por isso, estão sujeitos a discussão. Ex: Agnélio é o jovem mais bonito da turma C/O. É no contexto do juízo de valor que podemos enquadrar a análise da acção humana, pois o juízo de valor é já o resultado do que designamos por valores.
Tipos de valores 
Os valores na o são coisas, nem simples ideias que adquirimos, mas conceitos que traduzem as nossas preferências. São importares para o agir humano na medida em que constituem os critérios e padrões que orientam a acção e lhe dão sentido. Existem uma enorme diversidade de valores, que podemos agrupar cm espirituais e materiais:
1. valores espirituais:
· Valores religiosos - aqueles que dizem respeito a religião do Homem com a transcendência (o sagrado ou divino, pureza, santidade, perfeição, castidade, etc.);
· Valores estéticos - os valores de expressão (beleza, harmonia, graciosidade, elegância, feio, sublime, trágico, etc.);
· Valores Éticos - aqueles que se referem As normas ou critérios de conduta que afectam todas as áreas da nossa actividade (lealdade, verdade,solidariedade, honestidade, bem, bondade, altruísmo, amizade, liberdade, etc.);
· Valores políticos - aqueles que dizem respeito ao Homer na sua qualidade de cidadão (justiça, igualdade, imparcialidade, cidadania, liberdade de expressão ou de associação ou de culto, etc.).
2. Valores materiais ou sensíveis
· Valores do agradável e do prazer - aqueles que exprimem as sensações de prazer e de satisfação, assim como as suas fontes (comida, bebida, vestuário, etc.,);
· Valores vitais - aqueles que se referem ao estado físico (saúde, força, resistência física, vigor e robustez, êxito, felicidade, amor, etc.);
· Valores de utilidade ou económicos - aqueles que se referem habitação, dinheiro, meios de comunicação, electrodomésticos, vestuário, alimentos, automóveis, máquinas, etc. Apesar da diversidade de valores, estes apresentam porém características comuns a todos os tipos, grupos e situações:
· Bipolaridade dos valores - os valores apresentam-se sempre em pares opostos, numa polaridade negativo/positivo; belo/feio; útil/inútil, e outros mais.
· Hierarquia dos valores - os valores encontram-se sempre Dispostos norma hierarquia que implica a superioridade e prioridade de uns sobre outros; cada pessoa, grupo, cultura ou comunidade possui a sua própria hierarquia ou tábua de valores.
· Historicidade dos valores: a selecção, a hierarquização e o próprio conteúdo dos valores sofrem condicionalismos e influência da época em que são enunciados.
A subjectividade (ou relatividade) e a objectividade dos valores 
Existem duas posições que surgem sobre a discussão em torno da natureza dos valores. Para alguns autores, os valores têm duas vertentes: subjectiva e objectiva; para outros, Os valores são só objectivos, ou, ainda para outros, são apenas subjectivos. Para os defensores da subjectividade, os valores nunca deixam de ser subjectivos, tanto mais que designam um padrão comportamental do que alguém atribui importância ou relevo. Esta concepção assenta na constatação empírica de que, ao longo dos tempos, os valores estão sempre a mudar. 
Os defensores da vertente objectiva advogam que os valores designam padrões de comportamento colectivamente reconhecidos e adaptados por um grupo, comunidade mais ou menos vasta e que, como tal, estes valores são considerados absolutos e inquestionáveis. Esta é a posição defendida pela maioria das religiões que, apoiadas na bíblia, no Alcorão, e em outros textos sagrados. A mesma posição foi defendida por Platão ao considerar o bem, o belo e o justo, entidades ideais, imutáveis e incondicionadas. 
Por oposição, Jean Paul Sartre (famoso filósofo Francês do século XX), ao defender a liberdade Anuncia que cabe ao homem inventar os seus próprios valores. Muitos autores e instituições actuais defendem, por sua vez, que todo o conjunto de valores, o acto de valorar incorporam critérios objectivos e subjectivos, pois, a certos valores, em cada época ou cultura, é atribuído o carácter de absolutos e inquestionáveis, ou seja, aqueles que não podem deixar de ser obedecidos e seguidos (a Declaração dos Direitos do Homem defende que a liberdade, a igualdade, a paz e a solidariedade são direitos e valores universais e absolutos), em detrimento de outros que são considerados mais relativos e menos "obrigatórios".
A liberdade como fundamento da acção humana noção de liberdade 
Apesar de todos os condicionalismos, o homem é um ser livre, pois, em última estancia sempre ele quem decide agir ou não. Sendo livre, o homem pode decidir ajustar se ou não as regras sociais que em contrariedade realizar assoem ou não que constituem verdadeiras rupturas com os condicionalismos e as solicitações externas ou internas (liberdade). Sendo livre, toma decisões que tem como objectivo responder a sua necessidade de realização pessoal em conformidade como seu próprio projecto de vida (liberdade para). O termo «liberdade» designa a capacidade que todo o homem possui de agir de acordo com a sua própria decisão: é a capacidade de autodeterminação. Como condição do agir humano a liberdade pressupõe: 
· Autonomia do sujeito Face ao seu condicionamento por factores externos e internos, para que uma acção possa ser considerada de livre e necessário que de a causa dos seus actos isto é, que o acto resulta de uma conduta livre.
· Consciência da acção Acção humana e a manifestação de uma vontade livre e portanto consciente dos seus actos. Os motivos e as circunstâncias, assim como as consequências da própria acção.
· Escolhas fundamentais Toda acção humana exprime sempre a manifestação de certas preferências, em que o homem esta a aplicando. Nem sempre esta dimensão da liberdade e consistente, embora seja sempre materializada na própria acção.
· Formas e tipos de liberdades Os tipos de liberdade são uma consequência directa dos tipos de coacção de que o homem é a vítima na sua relação com outros (sociedade) e com sigo mesmo. Por isso a liberdade pode ser interior ou exterior. A liberdade interior compreende:
· Liberdade psicológica - capacidade que o homem tem de fazer ou não uma determinada coisa. É a isenção de impulsos internos sobre a nossa vontade de agir de uma determinada forma. É a capacidade de decidir por si mesmo.
· Liberdade moral - ausência de qualquer constrangimento de ordem moral, como, por exemplo o medo de punições ou de infringir leis, ameaças, etc. manifesta-se na adesão voluntária, intencional e consciente a valores estabelecidos por si como uma meta a tingir ao longo da vida. E a liberdade de escolha ou de não escolha que torna o homem digno de si próprio.
· A liberdade exterior, por sua vez, compreende os seguintes tipos:
Liberdade sociológica - autonomia do sujeito face aos constrangimentos impostos pela sociedade.
· Liberdade física - ausência de qualquer constrangimento físico.
· Liberdade política - ausência de qualquer constrangimento de natureza política.
· Da liberdade humana à responsabilidade moral O homem pode escolher agir de acordo com as normas impostas pelas regras morais exteriores e ainda de acordo com as normas internas e os valores interiorizados que lhes são ditados pela sua consciência. No entanto, só quando o homem age segundo as regras e os valores da sua consciência é que este se torna um sujeito ético-moral e a sua acção é considerada uma acção moral. 
Na acção moral a liberdade esta ligada a responsabilidade, estas são duas características da acção moral. Pode definir-se a responsabilidade moral como a característica em virtude da qual a pessoa deve responder pelos seus actos, reconhecendo-os e assumindo as suas consequências ou efeitos perante os outros e perante si mesmo e a sua consciência.
· Todo acto moralmente responsável exige as seguintes condições:
· Imputabilidade- só é responsável por determinado acto aquele a quem esse mesmo acto é imputado, isto é, aquele a quem é atribuída a sua autoria.
· Consciência - o sujeito age conscientemente, com conhecimento de causa, isto é, não ignora as circunstâncias em que a sua acção se desenrola e, de certa forma, pode controlar as consequências imediatas do seu comportamento. Se uma pessoa age por ignorância inculpável ou por inadvertência ao bem e ao mal, a sua responsabilidade será atenuada ou suprimida, visto que só é responsável pelo bem ou pelo mal que a própria pessoa reconhece existir no acto e também só pelas consequências que por isso foram previstas
· Intencionalidade - o acto realizado é intencional, isto é, deriva de uma decisão consciente, voluntária e livre do sujeito, não sendo este forçado a agir de uma determinada forma por normas exteriores a si ou impostas.
A justiça e o dever
· Justiça A justiça é uma virtude ou qualidade humana que consiste na vontade firme e constante de dar a cada um o que lhe é devido. A justiça, como virtude, pressupõe a existência de uma pessoa que tem o direito a um objecto que lhe pertence e outra que tem o dever correlativo de respeitar.
· Segundo Carlos Dias Hernandez, filósofo contemporâneo, a noção de justiça exprime uma tripla dimensão.
· Ético pessoal - referida ao homemjusto, como virtude pessoal, designa a imparcialidade e a capacidade de, nas relações com os outros, antepor as exigências morais aos interesses subjectivos ou de conjugá-los adequadamente.
· Ética-social - refere-se aos deveres do estado ou da política para com os seus cidadãos, ou seja, dar a cada um aquilo a que tem direito.
· Jurídico-legal - é o sistema de leis que estabelecem de modo positivo o que é seu, o que corresponde a cada um nas diversas circunstâncias e que utiliza os mecanismos adequados para a sua realização e cumprimento. A justiça é aplicada quando a lei é cumprida.
Noção de dever 
O dever é um principio que esta ligado a dimensão ético-pessoal da pessoa e define o fim da acção e a sua moralidade. O principal defensor de uma ética ou agir moral por dever foi Immanuel Kant (1724-1804), desenvolveu uma teoria ética que influenciou e continua influenciar toda reflexão filosófica sobre essa temática.
O dever- é uma realidade interior que leva a vontade a agir de determinada maneira, sem violentar, mas que, no entanto se impõe como expressão de uma ordem que impera absoluta e incondicionalmente e que é cumprimento e respeito pela lei moral. De a cordo com a terminologia de Kant, o dever é um imperativo categórico e não hipotético, isto é, uma obrigação, visto que impera incondicionalmente.
A formulação do imperativo categórico é a seguinte: Age apenas segundo uma máxima tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ela se torne lei universal. A lei moral, ou o dever, não diz o que se deve fazer nesta ou naquela situação, mas indica ao ser humano como se devera comportar em todas situações. Na execução do dever, a liberdade é a condição essencial: a liberdade é a condição importante do dever, visto que "dever fazer uma coisa ou seguir um princípio" implica necessariamente a possibilidade de a não fazer. Assim sendo, o dever só si impõe o homem e não ao animal ou uma coisa.
O dever encontra fundamentação em tendências que podem ser resumidas assim:
· Tendência teísta - defende que o verdadeiro fundamento do dever é Deus, criador e legislador supremo da natureza e do homem.
· Tendência positivista - defende o dever como algo resultante da expressão exercida pela sociedade sobre os indivíduos que, com o tempo, se foi interiorizando e se transformou em obrigação de consciência. Os positivistas negam a transcendência do dever, baseandoo na própria razão humana ou na sociedade.
· Tendência racionalista - defende como fundamento do dever a própria razão humana, autora de todas as leis e, por isso, também todas as leis morais. Por tanto, é a razão que cria o dever.
2.7. A PESSOA COMO UM SER DE RELAÇÕES
2.7.1. A relação consigo próprio
Quando falamos sobre a relação da pessoa consigo própria, pensamos na questão moral da pessoa, na forma como cada um olha para si e se vê enquanto pessoa, a forma como julga as suas acções e finalidade de vida. Resumindo, ao olhar para dentro e analisar-se, pois a pessoa só existe enquanto ser social estabelecendo relações com os outros e com o mundo natural que o cerca. Na sua relação consigo próprio, a consciência moral é a base do indivíduo. 
A consciência tem um papel de orientar, ordenar, avaliar e criticar todas acções humanas. A consciência está sempre ligada à razão, é a capacidade que permite ao homem conhecer-se a si próprio. Agir de acordo com a razão, representa agir eticamente, em liberdade e optar por princípios universais, isto é, que sejam bons para todos Homens e que regulem a sociedade com o bem comum como objectivo. Estes princípios podem optar por bem-estar de todos, ao invés de individual, altruísmo ao invés do egoísmo, paz ao invés de guerra, compreender e ajudar ao invés de ser hostil, solidário ao invés de competitivo. etc. 
A pessoa pela sua capacidade racional e ética, na sua relação consigo mesmo é chamado a cultivar bons sentimentos como (amor, amizade, solidariedade, justiça e altruísmo), e respeitar-se como homem ou mulher, reconhecendo a sua dignidade, desenvolvendo bons actos consoante as normas morais da sua sociedade evitando a ganancia, inveja, rancor, ciúme, etc.
2.7.2. A relação com o Outro
A relação da pessoa com o outro pode ser entendida em dois âmbitos opostos: por um lado o outro pode ser visto como um tu-como-eu e é sempre definido em função do eu. A pessoa é um eu, mas que não sou eu, o eu se reconhece como tal e se complementa diante de um outro eu: eu sou eu na minha relação com o outro, nele me projecto como pessoa. Por outro lado o outro pode ser visto sob contracto. 
Aqui a relação com o outro é estabelecida mediante um contracto que estabelece um conjunto de regras que vinculam uns aos outros, estabelecendo acordos e vontades. Esses acordos são fundados nas leis escritas e nas práticas costumeiras e nelas a boa-fé, isto é, a intensão primeira é de não enganar o outro e não se deixar enganar. Esses contractos são a base da nossa vivência social, estabelecidas em todas sociedades onde exista um Estado, política e o Direito. No contracto os homens olham-se reciprocamente como sujeitos com mesmos interesses, ou mesmo diferentes mas com responsabilidade pelo mútuo benefício.
2.7.3. A relação com o Trabalho
O trabalho pode ser definido como “toda actividade material ou espiritual, com vista a um
resultado útil”. Trata-se de uma actividade que visa a transformação de algo mediante o uso do corpo e instrumentos. Por esta razão o trabalho humano é resultante da intervenção internas e externas:
· Intervenções internam – temperamento, carácter, comportamento, intelecto etc.
· Intervenções externas – condições físicas, técnicas, económicas e socias, que são a natureza externam o trabalhador.
De acordo com Battista Mondim, “O homem quem ele é”, para que uma actividade seja considerada trabalho e pertinente que seja:
· Uma acção transitória, em que é possível através dela chegar a um resultado concreto.
· Uma acção que requeira o uso do corpo para transmitir energia, destingindo-se da actividade simplesmente reflexiva.
· Uma acção que implique esforço e perseverança. Assim, na sua relação com o trabalho o homem não é só chamado em transformar o mundo em mundo para si, mas também para Humaniza-lo. Pelo trabalho o homem dignifica-se, pois possui
para si um valor antropogénico: “a natureza humana não nasce perfeita […],ela aperfeiçoa-se, tempera-se, afina-se, enriquece-se através do trabalho”.
A relação com a Natureza 
O homem é criatura e criadora do seu ambiente, que lhe proporciona a subsistência física e lhe dá a possibilidade de desenvolvimento intelectual, moral, social e espiritual. Desde que o homem se adaptou ao modo de vida baseado na técnica e ciência, a sua relação com a natureza se tornou mais agressiva. Filósofos como, Francis Bacon (1551 -1626), Galileu (1564-1642), René Descartes (1596-1690) e Isac Newton (1642-1727), vêm a ciência e a técnica como condições que possibilitam a melhoria das condições da vida e a alimentação da miséria humana. 
Por isso estes filósofos preconizavam um tecnicismo na relação do homem com a natureza e o conhecimento é era encarado como um meio de nominar, manipular e transformar a natureza. De facto, nos seculos XVII, XVIII em especial no século XIX, com a revolução industrial assistiu-se uma vontade de dominar e transformar o mundo, cujo lema (slogan) era: 
“O Homem transforma a natureza”. Com esta transformação resultou o crescimento económico, produção e consumismo, aumento da população mundial e de zonas urbanizadas. Tudo isso parecia progresso da ciência e técnica para os ingénuos, e como onde há vantagens há desvantagens, com este progresso o homem o homem alterou radicalmente a sua relação com o seu habitat, isto é, meio ambiente, provocando a contaminação das águas, dos lençóis freáticos, dos Solos, a camada do ozono, transformou rios em esgotos, redução dos recursos naturais, devastação das áreas florestais e extinção de algumas espécies animais. 
Pensando nas próximas gerações e cientes da gravidade da situação, vários filósofos, com destaque para o moçambicano Severino EliasNgoenha, autor do Retorno do Bom Selvagem, e movimentos ecologistas, consideram um problema global, porque diz respeito a toda sociedade, e há necessidade de fazer um contrato de carisma moral e político, como forma de manter o equilíbrio natural e preservar o futuro das próximas gerações. 
Chamado desenvolvimento sustentável. Como acabamos de ver, relacionamento significa conviver com outros homens e a natureza. O que devemos sublinhar é: 
Quais são as maneiras adequadas de nos relacionar com os outros?
Kant responde com o princípio formal da acção moral: “Procede em conformidade com a lei”. a partir deste princípio, derivam três (3) máximas de ordem prática que regulam a conduta moral do homem: “Age sempre de modo que a norma da tua acção se possa transformar em lei Universal”, “Procede de forma que consideres a humanidade, tanto na tua pessoa como na dos outros, como um fim e não simplesmente como um meio” e “Procede como se fosses legislador e súbdito ao mesmo tempo”. 
Kant na sua obra A Paz perpetua entre os Estados, Diz não aceitar uma única lei enquanto não ser do seu consentimento. Vale dizer que temos de compreender a lei, assumi-la como escolha e decisão nossa, para que possamos cumpri-la sabendo o seu valor na sociedade assim como individualmente.
2.7.4. ASPECTOS DA BIOÉTICA 
A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve as problematizações éticas, o Direito e a Biologia enquanto ciência que estuda a vida. A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia, fundamentando os princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em risco pela Medicina ou pelas ciências. 
A palavra Bioética é uma junção dos radicais “bio”, que advém do grego bios e significa vida no sentido animal e fisiológico do termo (ou seja, bio é a vida pulsante dos animais, aquela que nos mantém vivos enquanto corpos), e ethos, que diz respeito à conduta moral. Trata-se de um ramo de estudo interdisciplinar que utiliza o conceito de vida da Biologia, o Direito e os campos da investigação ética para problematizar questões relacionadas à conduta dos seres humanos em relação a outros seres humanos e a outras formas de vida.
2.7.4.1. Origem
A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande desenvolvimento da Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a modificação da vida humana e a promoção do conforto humano, bem como para a utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de evitar horrores, como os que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas e de técnicas médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética como meio de problematizar o que está oculto na pesquisa científica ou na técnica médica quando elas envolvem a vida.
2.7.4.2. Autores
Hoje, alguns autores são referências para os estudos de Bioética no mundo. Entre eles, estão o filósofo Tom L. Beauchamp, professor da Georgetown University, e o filósofo e teólogo James F. Childress, professor de Ética da Universidade de Virgínia. Juntos, esses dois destacados estudiosos da Bioética escreveram o livro Princípios de Ética Biomédica, que contém a formulação dos princípios bioéticos básicos, inspirados em grandes sistemas éticos de filósofos considerados cânones do conhecimento ocidental, como Kant e Mill. 
Outro autor de igual importância é Peter Singer, filósofo australiano e professor da Universidade de Princeton desde 1999. Dentre suas obras, podemos destacar Ética prática, que problematiza questões referentes à Ética enquanto área de estudo capaz de interferir na vida cotidiana das pessoas, analisando questões polémicas, como o aborto e a eutanásia; e Libertação animal, que funda a teoria dos direitos dos animais.
2.7.4.3. Importância
A importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela procura evitar que a vida seja afectada ou que alguns tipos de vida sejam considerados inferiores a outros. A Bioética discute, por exemplo, a utilização de células-tronco embrionárias em suas mais diversas problemáticas, passando pela necessidade de abortar-se uma gestação para retirar tais células e pelos benefícios que os tratamentos obtidos por esse recurso podem promover para as pessoas. Também é tratado por estudiosos de Bioética o respeito aos limites que devemos ter ao lidar com animais, seja para o cuidado ou a alimentação, seja para a utilização comercial deles, pois são seres vivos dotados de sentidos e capazes de sofrer.
2.7.5. Princípios da Bioética
Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro princípios básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que utilizam cobaias quanto para as técnicas biomédicas e médicas que lidam directamente com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias éticas conhecidas e ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida animal. Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de causar qualquer dano intencional ao paciente (ou à cobaia de testes científicos). 
A sua mais antiga formulação pode ser encontrada no Juramento de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como princípio bioético pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert. Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento hipocrático, em que se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do paciente. Beauchamp e Childress vão além, estabelecendo que tanto médicos quantos cientistas que utilizam cobaias devem basear-se no princípio da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a provocar o maior benefício para o maior número possível de pessoas. 
Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e busca romper a relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer tipo de obrigação de cobaias para com a ciência. Trata-se do respeito à autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si, e é ele que decide se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico.
Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse princípio visa a criar um mecanismo regulador da relação entre paciente e médico, a qual não deve ficar submetida mais apenas à autoridade médica. Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao seu conhecimento e pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à justiça, que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente.
Temas da Bioética 
A Bioética trata de temas muito delicados, muitas vezes considerados tabus. Há uma dificuldade de estabelecimento de proposições únicas e últimas, pois existem, ao menos, três grandes áreas do conhecimento que envolvem a Bioética e porque, enquanto ciência, ela não pode se submeter à moral religiosa, que pode ser um obstáculo forte em questões relativas à vida, principalmente a humana. Listamos abaixo alguns temas tratados pela Bioética, expondo uma breve discussão que pode aparecer sobre eles:
Médico e paciente x cientista e cobaia 
É o principal ponto tocado pelos estudos de Beauchamp e Childress, que formulam a solução principalista (que se baseia em uma ética de princípios) para os problemas decorrentes.
Eutanásia e suicídio assistido
A tradução literal de eutanásia é “boa morte”. Eutanásia é o ato de encerrar a vida de alguém que, incapacitado, está em situação de penúria e não pode decidir por si mesmo. Quando um animal de estimação tem uma doença crónica progressiva ou ficou gravemente sequelado por algum mal, os veterinários podem dar a eles a eutanásia para encerrar o seu sofrimento. O suicídio assistido é um tipo de eutanásia, mas aplicado por humanos que decidem tirar a própria vida de maneira digna e assistida por pessoas que garantirão o não sofrimento do paciente. Peter Singer baseia-se no respeito à dignidade humana e no direito à escolha, que, para Beauchamp e Childress, podem ser representados pelo princípio da autonomia, para afirmar a necessidade de serem respeitadas as escolhas individuais de cada sujeito e a necessidadede olhar-se para a dignidade de uma vida que não vale a pena ser vivida.
Os problemas que a eutanásia e a distanásia querem resolver 
A eutanásia e a distanásia, como procedimentos médicos, têm em comum a preocupação com a morte do ser humano e a maneira mais adequada de lidar com isso. Enquanto a eutanásia se preocupa prioritariamente com a qualidade da vida humana na sua fase final _ eliminando o sofrimento, a distanásia se dedica a prolongar ao máximo a quantidade de vida humana, combatendo a morte como o grande e último inimigo. Estas caracterizações iniciais da eutanásia e da distanásia, apontando para os valores que querem proteger, podem servir de ponto de partida para nossa discussão. 
A primeira grande questão para ambas é a morte do ser humano e o sentido que esta morte apresenta, principalmente quando acompanhada de fortes dores e sofrimento psíquico e espiritual. Até um momento relativamente recente na história da humanidade, a chamada morte natural por velhice ou doença simplesmente fazia parte da vida e, em grande parte, fugia do nosso controle. A morte violenta, por outro lado, vem sendo aperfeiçoada pela maldade humana durante séculos e já alcançou requintes de perversidade e capacidade de mortandade em massa jamais sonhados no passado. 
Muitos dos receios que surgem na discussão sobre eutanásia e distanásia reflectem a consciência que se tem de tanta violência e, no contexto da medicalização da morte, são resultado do crescente poder moderno sobre os processos ligados com a chamada morte natural e o espectro da mão curadora do médico se transformar em mão assassina. Diante destas ambiguidades, para maior clareza na discussão, parece-me oportuno distinguir entre a morte provocada que acontece num contexto terapêutico sob a supervisão de pessoal médico devidamente habilitado e todas as outras formas de morte violenta, sejam acidentais, sejam propositais. 
Esta distinção nos proporcionará uma maior precisão terminológica e maior segurança nas decisões que precisam ser tomadas, seja como membro da equipe médica, seja como paciente, familiar ou responsável legal. No período pré-moderno, o médico e a sociedade estavam bastante conscientes de suas limitações diante das doenças graves e da morte. Muitas vezes, o papel do médico não era curar, mas sim acompanhar o paciente nas fases avançadas de sua enfermidade, aliviando-lhe a dor e tornando o mais confortável possível a vivência dos seus últimos dias. 
De modo geral, o médico era uma figura paterna, um profissional liberal, num relacionamento personalizado com seu paciente, muitas vezes um velho conhecido. Os ritos médicos foram acompanhados de ritos religiosos e tanto o médico como o padre tornaram-se parceiros na tarefa de garantir para a pessoa uma morte tranquila e feliz.
2.8. Aborto
Singer defende o aborto de fetos com até três meses de gestação, período em que a Medicina afirma não haver ainda actividade cerebral e, portanto, há a ausência completa de sentidos. O aborto, antes dos três meses, seria apenas a interrupção do crescimento celular dentro de um corpo. Para discutir sobre isso, Singer parte das noções de consciência e de semiciência (sentidos básicos e noção da presença no mundo pela dor e pelo sofrimento).
Tipos de aborto Existem três tipos de aborto que são: aborto espontâneo, aborto provocado e aborto terapêutico.
· Aborto espontâneo É aquele que ocorre devido as causas naturais, isto é, sem a vontade das pessoas ou de qualquer intercessão humana. Por isso é livre de qualquer avaliação moral.
· Aborto provocado É aquele que ocorre por causas económicas (falta de recursos para sustentar e criar um filho ) ou sociopsicológicas (o desejo de não querer ser mãe solteira ou ter sido vitima de uma violação, a fecundação não foi livre e concedida pela mulher).
· Aborto terapêutico É aquele que resulta como forma de salvar a vida da mãe seriamente ameaçado.
Utilização de células-tronco 
Partindo da utilidade e da beneficência, a utilização de células-tronco embrionárias é eticamente viável quando visa ao tratamento e à melhoria da vida comum. A parte polémica desse tema é a necessidade de efectuar-se abortos para conseguir a extracção de células de embriões. A eticidade do aborto, nesses casos, baseia-se nos mesmos princípios discutidos no tópico anterior.
III. CONCLUSÃO 
É dado como término o presente trabalho de pesquisa bibliográfica com a temática a pessoa como sujeito moral, e a partir dos objectivos previamente propostos na pesquisa, e finalmente alcançados. Conclui-se que: 
A ética é uma característica inerente a toda acção humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas acções para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.
Para Kant, o sujeito moral é o ser racional. Para seres humanos, o sujeito moral pode ser qualificado como um ser racional sensível.
Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a óptica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos. A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
IV. BIBLIOGRAFIA 
1. CHAMBISSE, Ernesto Daniel; COSSA, José Francisco. Fil11 - Filosofia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores, Maputo, 2017.
2. https://www.escolamz.com/2020/07/a-pessoa-como-sujeito-moral.html#gsc.tab=0
3. GEQUE Ed e BIRIATE Manuel, Filosofia 11a classe, Longamn Ed Moçambique, 2010.
4. http://ead.mined.gov.mz/site/wp-content/uploads/2020/03/Filosofia2-2%C2%BA-Ciclo.pdf

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