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FICHAMENTO Sociedades de Euterpe

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FICHAMENTO – SOCIEDADES DE EUTERPE (do grego, doadora de prazeres, aquela que dá prazer. Uma das nove musas da musica gregas)
Prefácio
Muitos pontos da historia da musica no Brasil, que ainda estão obscuros, poderão ser explicados depois de uma carinhosa pesquisa sobre a origem, evolução e atividade das nossas bandas de música. (p.07)
Os primeiros europeus que aqui se fixaram, trouxeram consigo instrumentos, permitindo que se efetuasse rapidamente uma impressionante proliferação de conjuntos musicais (p. 07)
Resta definir daí onde está a origem das nossas bandas, da rigorosa banda militar às deliciosas furiosas interioranas. (p.07)
Alguns pesquisadores chegam a generalizar os charameleiros como “coisas de negros”, esquecidos talvez de que a musica colonial no Brasil foi alimentada por negros e mulatos. (p.08)
Os charameleiros estão presentes em numerosos relatos provenientes de pontos diferente do Brasil colônia, com atuação geralmente ao ar livre, embora não tenham deixado uma discrição precisa de sua composição instrumental, da formação musical de seus integrantes e do repertorio em que se empenhavam. Deviam se importantes já que eram bem pagos, sua presença era muito exigida; [...] (p.09)
	Claver Filho
Introdução 
A banda de musica tem sido tradicionalmente a única escola para o contingente considerável de músicos no Brasil, amadores e profissionais. [...] O papel da banda de musica, escala dos acontecimentos artísticos do país, é tão importante que somos forçados a dizer: não poderíamos ter boas orquestras se não tivéssemos boas bandas de músicas. (p.11)
Os conservatórios, ou escolas de música, criados em muitos estados, por iniciativa particular e/ou governamental, destinam-se quase exclusivamente ao ensino do canto, do piano e do violino, com as correspondentes matérias teóricas. Dificilmente os instrumentos de sopro têm acesso nesses conservatórios. Em geral, eles não pretendem formar músicos profissionais; atendem às solicitações e interesses de parte da sociedade que inclui a música nos seus lazeres e dela faz uso como espécie de prenda domestica. (p.11)
A banda de música é pois o conservatório do povo e é, ao mesmo tempo nas comunidades mais simples, uma associação democrática, que consegue desenvolver o espírito associativo e nivelar as classes sociais. No Brasil, tem sido, além disso, celeiro dos músicos de orquestra, no que tange a madeiras, metais e percussão (p.11).
No apogeu artístico na Amazônia, o antigo Carlos Gomes manteve cadeiras de instrumentos de sopro, madeiras e metais, mas poucos foram os músicos formados. Ainda hoje o mesmo estabelecimento oferece oportunidades apenas para futuros pianistas, violinistas e cantores. A Universidade Federal do Pará, por intermédio do Serviço de Atividades Musicais – SAM – procura suprir, com escasso êxito, as necessidades locais de instrumentistas nas áreas mais carentes. [...] Na verdade, na ausência de um plano integrado, a banda de música subsiste pelo próprio esforço da gente simples que a mantém, fiel à tradição (p.11-12).
No passado não muito remoto tivemos, em Belém, excelentes bandas de musica marciais e civis mantidas por diversas instituições. Hoje, na capital paraense, há apenas bandas militares (p12).
As três forças militares aquarteladas no Pará, Exército, Marinha e Aeronáutica, possuem bandas de música relativamente bem disciplinadas, enquanto o Estado, a cada governo, modifica os regimentos de suas corporações, tornando extremamente instável a existência de suas principais bandas de música, a da Policia e a dos Bombeiros, ora autônomas, ora unificadas (p.12). 
Da capital do Estado passamos quase automaticamente para o interior, onde o modelo de banda de musica se modifica. Produto da iniciativa particular, a organização e manutenção desses conjuntos, alguns com mais de cem anos de existência, é mais do que acontecimento artístico nas comunidades interioranas; é, com efeito, um fenômeno de natureza sociológica (p.12-13).
1ª PARTE
As Corporações Militares
Marcha do Soldado: dos “ternos” Coloniais às bandas modernas
No final do século XVIII há um inusitado movimento no extremo norte, gerado talvez pela preocupação de sua proximidade com a Guiana Francesa, onde fora detectado o tráfico de ideias da Revolução (p.17).
Há um deslocamento de tropas aquarteladas em Belém para pontos estratégicos e, por outro lado são transferidas de Pernambuco para o Pará algumas tropas de linha. Em janeiro de 1803 chega do Rio de Janeiro outro reforço importante, o Regimento de Infantaria, denominando de Estremoz, composto de 2 Batalhões, sob o comando do Coronel José Tomas Brum “que o ministério fizera marchar do Rio de Janeiro para acrescentar a força armada da Capitania” (p.17).
Essas medidas militares, preventivas e acauteladoras, não teriam significação para o nosso estudo se não constatássemos que, com o Regimento de Estremoz, tropa de elite portuguesa, recebíamos, com sua música, um artista realmente excepcional, o flautista carioca Antonio da Silva Conde (p.18).
Embora tenhamos o registro desse nome ilustre, que permaneceu no Pará até os tempos do governo do Conde de Vila-Flor e parece ter se ausentado com este em 1820, retornando ao Rio de Janeiro, nada sabemos contudo a respeito da banda de música militar, nos moldes já fixados pelos europeus (p.18).
Silva Conde, possivelmente, trouxe ideias novas no que diz respeito à prática da música. Mas a banda de música, tal como hoje se apresenta, é produto do século XIX. Quando D. João VI embarcou para o Brasil, a 27 de novembro de 1807, trouxe em sua comitiva a Banda da Brigada Real que embora modelada à maneira antiga não deixava de constituir grande exemplo para as organizações similares no Brasil (p.18-19).
No período colonial, tínhamos corpos instrumentais nas milícias e, por vezes, nos estabelecimentos rurais de senhores abandonados. Eram chamados TERÇOS ou TERNOS, porque agrupavam os instrumentos em três classes ou, como diríamos hoje, em três NAIPES distintos: em geral charamelas, pífanos ou gaitas, e PACANDARIA, isto é, a percussão. Também comuns eram os clarins nas milícias coloniais (p.19).
[...] Mas Terços ou Ternos também podia ser a reunião de apenas três instrumentos. Notável, pela disseminação e pela preferência dos músicos populares, era o terno que agrupava simplesmente a flauta, o violão e o cavaquinho. Esse terno alcançou a época do choro e das serenatas e ainda pode se encontrado pelo interior e subúrbios de Belém. A banda de musica herdaria, do terno, a divisão clássica e/ou tradicional agrupamento os naipes de madeiras, metais e percussão; portanto um terno (p.19)
[...] A própria banda de musica só alcançou o padrão modernos na Europa na primeira metade do século XIX, quando aperfeiçoamentos substanciais foram introduzidos nas flautas e nas clarinetas (p.19)
Já o termo banda designava, primitivamente, conjuntos instrumentais aristocráticos. Generalizou-se, não se sabe exatamente quando, passando também a designar os conjuntos instrumentais milicianos e igualmente civis constituídos daqueles primitivos ternos que, por terem funções especificas e poderem ser executados durante desfiles e marchas, acabaram se distinguindo das orquestras (p.20).
[...] O modelo português, que também vigoraria no Brasil, está indicado na portaria de 16.12.1815 que recomendou a composição da música de cada regimento de infantaria e batalhão de caçadores [...] (p.20)
Não temos indicação precisa do seu instrumental, mas no decorrer da história encontramos abundantes referencias ao instrumental músico europeu introduzido nas milícias locais. A.crônica paraense faz menção dos seguintes: Trombeta [...] Flauta [...] Charamela [...] Clarin [...] Corneta [...] (p.20-23).
Ao que parece, até a vinda do Regimento de Estremoz o corpo de música nas milícias paraenses era bastante medíocre e provavelmente nunca foi além dos terços ou ternos, com predominância de charamela, pífanos e tambores (p.23)
A adesão do Pará à independência, [...] foi celebrada com festejos públicos duranteos quais se apresentaram todas as corporações musicais das milícias sediadas em Belém. (p.24)
[...] as autoridades e povo seguiram para a Catedral, onde o bispo entoou solene Te Deum em ação de graças, “tudo foi executado pela melhor musica que pôde arranjar-se para no ato” (p.25).
Na vila da Vigia, [...] também houve muita festa comparecendo a música “em grande uniforme” e “cantou-se Missa solene, e no fim hum Te deum; todo foi executado pela melhor muzica, que se pude arranjar” (p.25). 
O movimento popular de 1835, conhecido como Cabanagem, força o governo imperial a deslocar para o Grão-Pará numeroso contingente de tropas para dar combate aos rebeldes. [...] Ao que parece, estas forças trouxeram novos contingentes de músicos (p.26).
Com efeito, dominada a situação, o general Andréa reorganiza a milícia provincial e a partir de então temos noticia de bandas de músicas nas respectivas corporações. Em 1839 o viajante Daniel Kidder se refere a uma banda de musica que fazia tocatas na festa de Nazaré: “Abrilhantava as novenas uma banda de música, sempre precedida, como era de esperar, por um ensurdecedor espoucar de foguetes” (p.26)
Vimos anteriormente que o grande impulso dado à formação de bandas marciais no Brasil começou com a transmigração da corte portuguesa para o Rio de Janeiro. No Pará, contudo, em virtude de condições especiais da província o atraso econômico e a desorganização administrativa após a independência, não foram propícios para o progresso das bandas de músicas. (p.27).
O Arsenal de Marinha do Pará teve banda de música, cuja origem não pudemos apurar, mas que já se encontrava estruturada em 1859. [...] Entre os mestres mais ilustres do passado guarda-se ainda o nome do sergipano Alexandre Oliveira, clarinetista e compositor, durante muitos anos professor de música e mestre de banda. Além reputado instrumentalista, quando em Belém fez parte da orquestra do Instituto Carlos Gomes, dirigiu um popular sexteto e publicou diversas composições, entre elas a valsa “Ternura” (p.27-28)
.A Marinha de Guerra, hoje com o 4º Distrito Naval sediado em Belém, continua a manter uma das mais importantes bandas militares no Pará (p.30)
As forças terrestres contam história mais descontínua, em virtude das muitas alterações havidas no decorrer do tempo, seja pelo deslocamento de tropas, seja pela extinção e/ou transformação dos corpos. [...] A unidade mais importante do Exército, com jurisdição sobre quase toda a Amazônia, foi criada em 1842, após a Cabanagem, com o suporte. Do corpo Fixo de Caçadores do Piauí. Essa unidade, denominada 11 Batalhão de Infantaria de Linha, tinha seu quartel situado no Largo de Nazaré. Foi dotada de banda de música e seus efetivos tinham sido deslocados do Piauí para Belém (p.31).
Varias unidades militares, espalhadas pela Amazônia, contavam no passado com banda de música, mas a principal foi a da corporação sucessivamente denominada 11º, 15º, 47º e por fim, 26º Batalhão de Infantaria de Caçadores, aquartelada no Largo de Nazaré. Em 11.09.1969 passou a ser chamada 2º BIS (p.31-32)
A banda da Aeronáutica conta uma história bem mais curta, já que a Força Aérea é a mais nova arma em operação na Amazônia. [...] A corporação tem recrutado bons músicos e foi das fileiras da Aeronáutica que saiu o soldado Gabriel Eusébio dos Santos Lobo, o popular Ary Lobo, cantor e compositor. (p.35)
Em 1976 a Banda de Música da Aeronáutica já era dirigida pelo maestro Anacleto Jose de Sousa, auxiliado pelos 1ºs Sargentos Vitor Aguiar e Armando Renée Cantuária da Costa, [...] Do repertório dessa banda de música destaca-se seu “Hino”, com letra do major Monclar da Rocha Bastos e música de Rui Guilherme dos Reis, paraense de Belém, [...] e que fez carreira nessa corporação, desde 1944, quando ainda era o 7º Corpo de Base Aérea. (p.35-36).
[...] Cabe assinalar, por antecipação, a importância e significado da Lei nº 229, de 20 de dezembro de 1853, assinada pelo presidente Sebastião do Rego Barros,criou (art. 3º) no Corpo Provincial de Caçadores de Polícia uma banda de música com efetivo de 17 executantes. O art 6º efetuado pela verba que fixava o quantitativo para soldo e mais vencimentos dos praças, aumentada com a quantia de 240 mil réis por anos destinados a consertos dos respectivos instrumentos (p.36).
O ano de 1853 é muito significativo para a Amazônia. Marcou o inicio da navegação a vapor pelo rio-mar com a subida do navio “Marajó” da companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, ligando Belém a Manaus, numa viagem, então, de 7 dias, considerada muito rápida. O aumento das rendas provinciais, a partir desse ano, foi notável, pois elevou-se consideravelmente a exportação da goma elástica. Diz-se que o Pará nunca vira até então tanta moeda de ouro em circulação; que o dólar americano andava em todas as mãos (p.36).
O governo provincial pôde dar-se ao luxo, portanto, de criar sua primeira banda de música no Corpo de Polícia. Até essa época, as duas mais importantes corporações musicais eram as bandas das forças imperiais já referidas. [...] Mas, em 1853, havia uma terceira banda de música mantida pelo governo imperial, a do Arsenal de Guerra do Pará, fundado em 21.02.1932 (p.36-37).
Seu professor, o mestre Francisco de Sousa Galvão mudou-se [...] para Manaus, deixando-a, entretanto, completamente aparelhada. [...] desejando renova-la e amplia-la, encaminhou à secretaria de governo a relação dos instrumentos necessários para a banda de música dos Aprendizes menores do Arsenal “ por se acharem em mau estado os que atualmente existem” (p.37).
O pedido [...] foi encaminhado ao presidente José Joaquim da Cunha pelo coronel Paulo Ribeiro, tenente coronel diretor do Arsenal de Guerra [...] (p.37)
TRES MESTRES DO PASSADO 
[...] a história das bandas de música no Pará inicia-se efetivamente a partir do ano de 1853, quando há verdadeiro progresso. [...] Identificamos contudo, nesses tempos pioneiros, os três principais mestres das bandas das forças terrestres e marítimas do governo imperial. Nomes que pontificaram com inegável destaque na vida musical de Belém com fecunda atuação não apenas na direção de bandas de música, mas por igual noutros misteres de sua profissão. [...] (p.38) 
Luís de França da Silva Messias, regente da banda de música do 3º Batalhão de Artilharia, a mais reputada no Pará, nos meados do século XIX [...] (p.38).
Cândido José de Carvalho [...] foi mestre de banda, dirigindo durante muitos anos a Banda do 11º Batalhão de Infantaria (p. 39).
Francisco da Silva Galvão, professor e mestre da banda de música dos aprendizes menores do Arsenal de Guerra do Pará [...] (p.39).
BANDA DO CORPO DE POLÍCIA
Organizada, [...], em 1853, a banda de música do Corpo Provincial de Caçadores de Polícia é a mais antiga corporação do gênero no Pará. Certamente viveu momentos difíceis, modificou-se muito através dos tempos, como a própria corporação militar, mas manteve inegável prestigio (p.40).
Em 1857 a situação da banda de música da corporação ainda era precária, tanto que houve uma tentativa de dissolvê-la [...]. O presidente Henrique de Beaurepaire-Rohan manifestou-se contudo contrário à medida, considerando que: “... houve ofensas à Constituição do Império como também é inconstitucional a disposição do artigo 7º da Lei que fixa a Força Provincial, visto que manda vender os instrumentos da banda de música, propriedade dos oficiais do Corpo da Polícia que os compraram as suas custas, o que consta de documentos existentes na Secretaria da Presidência...”. Diante disso, a banda de música pôde ser preservada. [...] (p.40).
A nova banda de música era solicitada frequentemente para tocar em festas particulares, o que também exigiu regulamentação. [...] o dr. José Vieira Couto de Magalhães, no exercicio da presidência. Conformando-se com a proposta do major encarregado da Companhia de Polícia, resolve aproveitar a Tabela de Gratificações que deveria recebe a banda de música quando atendesse aos pedidos de tocadas pelos particulares (p.41)
Nos anos da guerra (1865-1870) nãoficou a polícia paraense totalmente privada da sua banda de música. Logo foram recrutados novos elementos e ela se recompôs de conformidade com o regulamento elaborado ao tempo do presidente Couto de Magalhães (p.42)
A centenária corporação estadual ainda é uma das melhores bandas de música do extremo norte (p.45)
BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS
Na ordem de importância e tradição, é justo colocar a banda de música dos bombeiros logo a seguir entre as corporações do gênero criadas e mantidas pelo governo local. Sua existência, embora atravessando fases muito fecundas, tem sido, porém, extremamente instável: várias vezes foi extinta e reorganizada (p.46).
[...] a 12 de novembro de 1882, foi criada a Companhia de Bombeiros, vindo da corte um comandante para dirigi-la e instruir a tropa (p.46).
Com advento da República, a Companhia de Bombeiros foi reestruturada e o decreto nº246, de 16/12/1890 determinou a criação de uma banda de música composta de 20 instrumentos. [...] Pouco depois [...] a companhia foi elevada à categoria de Corpo, transformando-se numa força paramilitar, integrando a Força Pública do Estado, com o Corpo de Infantaria e o Esquadrão de Cavalaria, cada qual possuindo sua banda de música. Contudo, a dos Bombeiros ainda desta feita não chegou a ser organizada. [...] Durante mais de dois anos ficou indecisa a situação [...] (p.46).
Uma das primeiras providências do intendente Antonio José de Lemos foi organizar a banda de música, encarregando disso o seu conterrâneo e primo maestro Cincinato Ferreira de Sousa. A estabilidade da banda de música adveio com a lei nº 273, de 21006/1900, ficando sob a regência do alferes Cincinato Ferreira de Sousa, composta de 21 músicos. A banda, com instrumental novo e uniforme de gala, participou de concertos públicos comemorativos do IVº Centenário da Descoberta do Brasil (p.47).	Comment by Caroline: No livro consta VIº Centenário (retificando)
Em 1903 os efetivos da banda de música haviam duplicado, somando agora 45 músicos. Começo então o seu período de maior prestígio, pois o intendente Antônio José Lemos esmerou-se em fazê-la uma das mais importantes corporações musicais do extremo norte. Recebeu instrumental novo e completo, importado da Alemanha, cuja estréia se deu em concerto publico, no pavilhão primeiro de dezembro, na praça Batista Campos, a 14 de fevereiro de 1904. (p.48).
Por detalhe de 18 de novembro de 1904, o intendente Lemos ordenou que a banda de música efetuasse concertos na praça Batista Campos, no pavilhão primeiro de dezembro, todos os domingos, das 17 às 22 horas. E, pela lei nº400, de 22/12/1904, foi autorizado a conceder ao alferes Cincinato Ferreira de Sousa as honras e regalias do posto de tenente. Ao apresentar, no Conselho Municipal, o projeto da referida Lei, o Sr. Vogal Inácio Nogueira justificou-o dizendo “que a maior parte da população de Belém, se não quase toda, não se cansava de aplaudir com entusiasmo a bela e disciplinada banda do Corpo de Bombeiros, por ocasião dos concertos que periodicamente dá nesta Capital” (p.50).
A esse tempo, o intendente Antônio José de Lemos conseguira, de fato exibir a melhor e mais afinada banda de música de todo extremo norte, por muitos comparada às melhores banda européias e americanas, dando-lhe também condições para funcionar como filarmônica. Talvez haja um pouco de exagero nessas apreciações, mas não há dúvidas de que essa banda de música se coloca entre as melhores do Brasil, nos seu tempo (p.51).
Nas lutas políticas que logo sobrevirão, a banda de música do Corpo de Bombeiros sofrerá rudes golpes. Em 1908 começou a sofrer os primeiros contratempos, em virtude da crise econômica. [...] Esse efetivo se mantêm estável até 1911. Nesse ano já se notava o declínio da corporação, com a evasão dos músicos e a crescente hostilidade a todas as iniciativas do “velho” Lemos (p. 51-52).
O maestro Cincinato Ferreira de Sousa, músico de alta competência, era primo do “velho” Lemos. No auge das hostilidades ao caudilho, pela resolução nº 242, de 30 de dezembro de 1911 - o primeiro ato que declarou “extinta” a banda de música – foi reformado, medida que tem um certo sentido punitivo e/ou revanchista. [...] Um dos mais ilustres, Manuel Puga, se transfere para Manaus, onde permanecerá dois anos. Em 1913 volta para o Pará e se instala na ilha do Marajó, em Soure, ali criando notável banda de música e formando numeroso grupo de excelentes músicos (p.52).
A banda de música do Corpo Municipal de Bombeiros nunca mais retomaria o esplendor dos tempos do velho Lemos. A queda da oligarquia lemista exigiu a reorganização da corporação e de sua banda de música. A 5 de agosto de 1912 estava ela refeita, com um mestre de música e apenas 22 músicos. Durante muito temo esse efetivo pouco se alterou. [...] Em 1926 temos noticia de sua extinção e o maestro titular Cincinato Ferreira de Sousa, que nas reviravoltas políticas havia retornado ao antigo posto, fora nomeado para dirigir a banda de música do Instituto Lauro Sodré (p.53).
Mas não se entende quartel sem banda de música. Em 1927 a banda dos bombeiros era restaurada e reaparecia com maior força, com efetivo de 35 músicos, e muito ativa, nesse ano e no subseqüente [...] Em 1929 já funcionava o jazz-band, alem da banda propriamente dita, e em 1932 já eram 40 músicos [...] (p.53).
Essa situação indefinida, que associou a história da banda de música dos bombeiros à história da banda de música da policia do estado, nestes últimos anos, ainda se repetiu em 1978, quando, em virtude da lei de organização básica das Policias Militar foram ambas extintas, criando-se, em substituição, a Banda de Música da Policia Militar do estado. Fundiram-se novamente as duas bandas de música, com efetivo de 46 músicos (p.54).
5. ELEMENTOS DA TRADIÇÃO: CORETOS, DOBRADOS, E FESTA DE NAZARÉ
Em 1922, quando havia uma grande estagnação na prática da música nos quartéis da Policia Militar e dos Bombeiros, veio a Belém a Banda de Música do estado Maior do Exercito Mexicano, em transito para o seu país. A banda mexicana acabara de apresentar-se no rio de janeiro, com grande êxito, na exposição comemorativa do centenário da independência. A Associação da imprensa do Pará tomou então a iniciativa de promover um concerto, no Teatro da Paz, com a Banda mexicana, na noite de 20 de novembro em benefício da Santa Casa de Misericórdia (p.54).
Depois desse concerto, as bandas militares locais, inclusive das forças armadas, começam a dar mostras de sua existência, saindo doa quartéis para audições nos coretos. O tempo do “recolhimento” não significou a paralisação dos esforços, nos quartéis, mas Belém só tomava conhecimento da existência das bandas de música durante o Círio de Nazaré, quando todas elas desfilavam tocando marchas e hinos religiosos (p.55).
O retorno das bandas de música aos coretos de Belém foi a consequencia quase imediata da vista da banda do Estado Maior do Exercito Mexicano. Mas, em 1923, o vasto programa comemorativo do centenário da adesão do Pará à independência do Brasil constituiu outro motivo para o ressurgimento deste costume. As comemorações atingiram o ponto culminante no dia 15 de agosto, quando Belém viveu verdadeiro clima de festival de bandas de música (p.55).
Contudo, não só as bandas militares reconquistavam o público de Belém, nessa ocasião. A banda do Instituto Lauro Sodré reaparecia com 47 adolescentes músicos sob a regência do maestro Cincinato Ferreira de Sousa [...] (p.57).
Vimos antes que o local preferido, nesta década, para “concertos públicos”, era o coreto da Praça da República, onde alias se localizavam diversos pavilhões. Nos tempos do “velho” Lemos, na primeira década, as retretas se dava preferentemente na Praça Batista Campos. Até o final dos anos 20, essas audições, na Praça da República, eram freqüentes e, por vezes, bandas de música se alternavam no mesmo dia e local. Os programas incluíram quase invariavelmente música de compositores paraenses [...] (p.58).
O repertorio de toda banda de música conta com notáveis partituras:além de fantasias, transcrições e “pot-pourri”, arrancadas do repertorio internacional, especialmente arranjadas pelos maestros de cada corporação, há a criação própria de seus integrantes, nos gêneros populares em voga e, em especial, naqueles que se tradicionalizaram, como hinos cívicos, hinos patrióticos, marchas, dobrados e toques (p.59).
Alguns dobrados e marchas produzidos por nossos compositores, ligadas ou não profissionalmente às corporações militares, são páginas antológicas, desde Henrique Eulálio Gurjão (1834-1885) e José Domingues Brandão (1865-1941), este com atividade marcante em diversas bandas de música e autor fecundo de hinos cívicos. [...] (p.59).
Entre os compositores do passado, Clemente Ferreira Júnior (1864-1917) produziu a excelente marcha “Dezessete de Dezembro”, em homenagem ao senador Antônio José de Lemos e uma bela versão para os versos de Olavo Bilac dedicados à Bandeira Nacional. Manuel Luiz de Paiva (1880-1920) compôs “A Bandeira”, um dos nossos mais belos hinos cívicos. [...] A enumeração agora seria exaustiva, principalmente da obra conhecida e reconhecida de nossos compositores (p.59).
O “Hino ao Pará”, cantado pelos alunos do Colégio Progresso Paraense desde 1915, pelo menos, não surgiu com o caráter e sentido de hino oficial do Estado. O trabalho de Gama Malcher limitou-se à adaptação, respeitando, inclusive, o nome de Nicolino Milano, como autor da música. Trabalho corriqueiro, para fins didáticos (p.60).
Outros dobrados famosos, no repertório de nossas bandas de música, tornaram-se igualmente polêmicos (p.63).
Quando, em 1947, Teófilo de Magalhães conseguiu o registro de sua autoria na Escola Nacional de Música, levantou-se parte da opinião publica, contestando esse direito e tentando anulá-lo (p.63).
Além de dobrados e marchas, a banda de música executa outros gêneros, de alguns dos quais se tornou uma espécie de guardiã. [...] Era assim no Pará, dos primeiros tempos do século XX, e certamente também em quase todo o Brasil. Portanto, dobrados, marchas, hinos, polcas, maxixes, valsas, fantasias, pot-pourri diversos etc. constituem ainda hoje o repertório. Em 1915, visando a comemoração do tricentenário da fundação de Belém, foi instituído o “Comitê Patriótico” destinado a organização dos festejos. Entre as suas resoluções, baixou edital para concurso da melhor produção musical que naquele caráter seria adotada oficialmente. O concurso foi aberto a compositores nacionais ou estrangeiros, residentes dentro ou fora do Estado [...] A comissão Julgadora indicada pelo Centro Musical Paraense composta pelos maestros Paulino Lins de Vasconcelos Chaves, Roberto C. de Barros e Edoardo Pierantoni, destacados membros da instituição, premiou o compositor que se encobriu sob o pseudônimo “D. Manoel” [...] (p.65).
Essa parceria revelou-se fecunda na produção de hinos patrióticos e escolares. Em 1917 houve outro concurso em torno da bandeira nacional [...] Todas as peças foram largamente executadas pelas bandas de música locais (p.65).
Outra tradição das bandas de música de Belém é o acompanhamento do Círio de Nazaré [...] Primitivamente, anotamos a presença apenas de bandas militares. Mais recentemente, agregaram-se a estas a banda escolar do Instituto Lauro Soudré e a banda civil da Vigia. Em 1976 foram 7 bandas no cortejo: Marinha, Aeronáutica, Polícia Militar, Bombeiros, a “31 de Agosto”, da Vigia, e a do Instituto Lauro Soudré (p.65).
O Largo de Nazaré possuía outrora um pavilhão central e 4 coretos, em cada extremidade, onde se exibiam grupos folclóricos e bandas de música. Os quatro coretos foram construídos em 1898, com projeto do arquiteto italiano Righi, por incumbência do intendente Antônio José de Lemos. Usou-se, na sua construção, material importado da Europa e os coretos eram tidos como dos mais belos pavilhões que surgiram em Belém com o dinheiro da exploração da borracha. O pavilhão central ruiu e acabou cedendo o espaço para a exploração comercial dos festejos nazarenos (p.66).
A banda de música se associa evocativamente ao “coreto” das praças públicas, onde se realizam “retretas”. A arquitetura desses coretos, ao contrário das modernas “conchas acústicas”, marcam a paisagem urbana, no geral, como elegantes pavilhões. É um palco popular, destinado às musicatas, e é, ao mesmo tempo, ornamento da praça pública (p.66).	Comment by Caroline: Pesquisar o que é.
A revolução de 1930 pouco significou para a vida musical paraense, que continuava estagnada e sem grandes perspectivas de progresso. Assim, também, as bandas de música não tiveram grande estimulo para desenvolver-se. Pelo interior do Estado o desânimo era geral. Muitas bandas locais, que ainda resistiam teimosamente, também se desagregavam. Na capital, as bandas reanimadas no final da década anterior, retraíram-se novamente, passando vários anos enclausuradas nos quartéis ou deles saindo apenas para acompanhar, no mês de outubro o Círio de Nazaré. Na esfera do Estado, a banda dos bombeiros passou a viver os ciclos de “extinção” e “restauração”, numa sucessão interminável (p.66).
CINCINATO FERREIRA DE SOUSA E OUTROS MESTRES
É chegado o momento de falarmos dos músicos que mais se destacaram nas bandas militares, neste período. Entre os que agora vamos focalizar, o nome mais importante, sem dúvida, é o Cincinato Ferreira de Sousa por sua longa e fecunda atuação nas bandas locais, na vida musical paraense de sua época e, principalmente, por suas excepcionais qualidades de compositor. Maranhense [...] filho (de) músico [...] e (de) professora de música [...] começou no lar sua formação musical. Contava com 22 anos de idade quando, solicitado pelo ambiente musical então existente em Belém, transferiu-se para esta cidade e daqui nunca mais se ausentou. Vimos seu excelente trabalho à frente da banda dos bombeiros desde sua organização em 1898 e o prestigio que alcançou [...] Em 1912 foi destituído do cargo, passando então a lecionar música no Ginásio Paes de Carvalho e no Instituto Lauro Soudré. [...] Em 1929, com Ettore Bosio, José Domingues Brandão e o Professor Pereira de Castro, foi um dos reorganizadores do Instituto Carlos Gomes, obtendo a cadeira de instrumentos de sopro (p.68).
Paralelamente a essas atividades, Cincinato F. Sousa organizou e dirigiu várias orquestras populares, criou notável Clube de Pau-e-Cordas, dirigiu orquestras no Teatro da Paz, em concertos e espetáculos. Formando-se regente no contato com os grandes mestres que visitaram o Pará, tornou-se maestro aplaudido pela habilidade com que sabia reunir os grandes conjuntos instrumentais, pela afinação perfeita da orquestra e pelo “aveludado germânico da execução”, como a ele se referiu o crítico Antonio Marques de Carvalho (p.68).
Como compositor, a contribuição de Cincinato F. Sousa é muito importante para a música no Pará. Produziu em quase todos os gêneros musicais, mas o melhor de sua obra foi escrito para o teatro. O longo convívio com as bandas de música deu-lhe boa técnica e grande habilidade de orquestrador. Suas partituras, sempre bem feitas, se valorizaram pelo acabamento formal, pela boa distribuição dos timbres sonoros através dos vários instrumentos da orquestra. Deixou páginas para orquestras e para bandas de música consideradas impecáveis e que testemunham a mão do mestre que ele foi (p.69).
A partitura é ambiciosa, contendo abertura, em bom estilo sinfônico, cujo canto é apoiado ora pelas arcadas dos contrabaixos, ora pelo rolar dos tambores ou pelas vibrações dos clarins, lembrando o desfilar de soldados numa parada cívica. Nada menos que sua experiência de músico de banda militar. O texto se baseia em acontecimentos, fatos e tipos populares de Belém (p.69).
O compositor-mestre de banda revela-se também numa boa produção de marchas, dobrados e hinos patrióticos (p.70).
Vivendo no período de maior esplendor das bandas militares de Belém, Cincinato Ferreira de Sousa alcançou o período de decadência, sofreu muito com as injunções políticas e morreu em Belém, quase centenário, em 1959 (p.71).
Os italianos LuigiMaria Smido e Ettore Bosio, seguidos do espanhol Marcelino Gonzalez, ocupam o período de maior expansão e desenvolvimento das bandas de música da milícia estadual, em 1898 a 1912, aproximadamente. Luigi Maria Smido passou pelo Pará como um meteoro. Contratado em 1898 pelo governo estadual para dirigir as bandas de música do Regimento Estadual, desempenhou esse cargo até 1903 (p.71).
Em 1903 o italiano Ettore Bosio assume o cargo anteriormente desempenhado por Luigi Maria Smido. Bosio [...] radicou-se no Pará em 1893, donde não mais saiu, falecendo em Belém em 1936. Ficou a frente das bandas estaduais até 1908, quando foi substituído pelo espanhol Marcelino Gonzalez. No exercício do cargo de regente da Banda de Música da Brigada Militar, Gonzalez notabilizou-se com a série de concertos semanais dados na residência do governador João Coelho. Autor de duas centenas de peças musicais, incluindo Sinfonias, Poemas Sinfônicos e Fantasias para orquestra, deixou também boa produção de marchas e dobrados (p.72). 
Temístocles dos Santos Bruce partiu de uma experiência inicial, ainda criança, na cidade de Santarém. [...] Em 1891, quando se estabeleceu em Santarém o mestre cearense Manoel Napoleão de Lavor, foi recrutado para sua banda de música, tocando bombardino e trombone. Em 1898 Lavor teve de fugir de Santarém, por motivos políticos, e sua banda se desfez. Bruce veio, nessa época, para Belém, assentando praça no Corpo da Polícia Estadual, como musico. Estudou com diversos professores, entre eles o maestro Ettore Bosio, que então dirigia a banda de música daquela corporação. Em 1902 já fazia parte da orquestra do Instituto Carlos Gomes e em 1908 transferiu-se para a Banda de Música do Corpo dos Bombeiros, onde se destacou e fez carreira, terminando por substituir o maestro titular, Cincinato Ferreira de Sousa (p.72).
Ligado à banda de música do Corpo de Bombeiros, durante muitos anos, João Batista Sombra destacou-se mais como compositor e regente de regionais. [...] veio moço para Belém, fazendo nesta cidade os estudos de música quando assentou praça no Corpo Municipal de Bombeiros, ainda sob a direção de Cincinato Ferreira de Sousa (p.73).
Manoel Belarmino da Costa ocupa lugar destacado no panorama musical paraense como compositor e mestre de banda. Foi, porém o fundador e principal animador da Orquestra Sinfônica Paraense, criada em1942, e compositor de uma ópera, inspirada na historia da Cabanagem, apresentada em 1949 (p.73-74).	Comment by Caroline: Atual OSTP
2ª PARTE
As corporações Civis
BANDAS ESCOLARES E CIVIS
Ao contrario das bandas de música das corporações militares, que deixaram atrás de si pistas abundantes e por vezes minuciosas de sua organização e manutenção, as bandas civis contam história por vezes muito obscura. O modelo dessa corporação musical, inspirado certamente no modelo europeu, disseminou-se largamente, alcançado os mais distantes e inesperados rincões. Organizações humildes, e por vezes extremamente simples, como a Banda do Pasmaceira que Inglês de Sousa introduziu no seu romance “O Coronel Sangrado”, cuja ação se passa em Óbidos nos tempos da monarquia, constituem exemplo não isolado da larga difusão, no interior da Amazônia, do tipo de organização musical senão preferido, pelo menos muito estimado pelo povo (p.79).
A pesquisa [...] consegue levantar o histórico dessas bandas, muitas delas centenárias, mas não pode chegar, como ainda não chegamos às fontes primeiras. De muitas delas, restam-nos escassas notícias. Contudo, tal como hoje as conhecemos não há dúvida de que a banda de música tem suporte no tipo de organização das corporações medievais, mas é fenômeno típico desencadeado no século XIX. [...] No Pará, as bandas de musica são inicialmente eminente popular. Mas aqui notamos também a pose dessa iniciativa pelas classes abastadas, possibilitando uma certa confusão com o tipo de organização dos músicos nos engenhos e fazendas da era colonial para recreio e satisfação de seus senhores. Há, pelo menos, dois casos ilustrativos, observados na época da capitalização da Amazônia com os recursos oriundos da exploração da borracha: a banda de música de Arumanduba, e do feudo do abonado seringalista José Julio de Andrade, e a do Clube Musical Itaitubino, organizada nos domínios do coronel Antonio Brasil, em Itaituba, alto Tapajós, rico seringalista (p.79-80).	Comment by Caroline: Bandas do interior na belle epóque
A banda de música reflete, antes de tudo, o espírito associativo de nosso povo. Daí a importância social de que se reveste no exercício de suas bem definidas funções: associativas, beneficentes, assistenciais (p.80).
Verificamos, como foi dito, que a banda de música é um fenômeno típico desencadeado no século XIX. Em Portugal, onde recebemos o modelo, a história da formação das bandas civis também é obscura (p.80).
Relativamente ao Pará, além dos motins políticos que desorganizaram totalmente a vida política e social, ainda se nota durante a primeira metade do século o monopólio dos Seminários, Conventos e Catedrais no exercício da chamada música erudita, então predominantemente religiosa. As bandas militares eram poucas e os instrumentos musicais, importados, não podiam passar facilmente, pelo preço, para o domínio da popularidade. O comercio de instrumentos musicais era limitado e só começa a se desenvolver efetivamente metade do século (p.81).
Chegamos a detectar um circulo vicioso, em nossos dias: o aprendizado da música instrumental se faz, em grande parte, nas bandas civis; incorporado nas fileiras do exército, ou nas milícias estaduais, o jovem leva uma especialização que o habilita à engajar-se nas bandas de sua corporação; passado algum tempo retorna às atividades na banda civil, ou em outros conjuntos musicais (p.81).
Produto da iniciativa particular, a organização e manutenção das bandas de música, ditas civis é mais do que um acontecimento artístico nas cidades interioranas; é, de fato, fenômeno de natureza sociológica (p.81).
Mas, como no nordeste, tivemos bandas de música nos engenhos e fazendas. No começo do século, haviam em Belém, pelo menos, dois conjuntos musicais típicos: a banda alemã, que imitava sua congênere do Rio de Janeiro, e a banda Rosa Cruz cujo nome não advém da seita religiosa, mas de uma fabrica de cigarros que se localizava nas proximidades do Pinheiro (hoje Icoaraci). Bandas de música, organizadas nas fábricas ou nas oficinas, como também existiu uma na Companhia do Amazonas (transportes fluviais) embora estimuladas ou mesmo criadas pelas empresas, não se confundem, contudo, com as bandas rurais, como as do Arumanduaba, de Itaituba, e de Altamira (p.82).
A política de apoio às bandas de música, partindo da FUNARTE, refletiu-se no Pará que, em 1968, distribuiu, a titulo de ajuda, instrumentos musicais que beneficiariam 14 bandas de música [...] (p.82).
O ano de 1874 marca a fundação da banda de música a Sociedade Lyra de Santa Cecília, em Belém, a primeira corporação civil a se constituir em moldes modernos, com 35 músicos, instruídos e dirigidos pelo maestro Luiz de França da Silva Messias (p.83).
Muitas bandas civis surgiram, tiveram algum desenvolvimento e desapareceram deixando poucos rastros. A iniciativa popular é quase sempre obscura e passa desapercebida. Quando, porém, conta com o apoio de parte da sociedade, intelectuais e artistas mais proeminentes no meio, tornam-se, por vezes, assas conhecidas. Muitas vezes porem esse apoio significa a posse da iniciativa popular. É o caso, por exemplo, do outrora famoso “Clube Eutherpe” que nasceu com a finalidade precípua de cultivar a música, manter uma banda e educar os jovens na música (p.83).
A filarmônica do “Clube Eutherpe” já era uma sociedade perfeitamente organizada em 1879, mantinha aulas de música a cargo do professor José Domingues Brandão, jovem e execelente flautista, ativo nas bandas de música de então. O clube passou a desenvolver atividades recreativas, principalmente dançantes, transformando-se pouco a pouco numa bem conceituada sociedade mundana, muitoativa nos últimos anos da monarquia e primeiras décadas da República. Com o tempo, a filarmônica desapareceu. Ficou a sociedade (p.83).
A partir de 1893 o maestro Gama Malcher, que mantinha um bem organizado Sexteto, passou a realizar concertos para os sócios do clube (p.83).
Da antiga filarmônica nada mais restava e o clube ainda se manteve durante a década seguinte divertindo a sociedade local (p.84).
O exemplo não é único. A 1º de janeiro de 1903 houve em Belém a sessão solene de instalação da Tuna Luso Caixeiral. A “tuna”, conjunto musical típico em Portugal, como a “estudantina” reunia portugueses residentes em Belém, amantes da música. [...] O novo conjunto teve sua sede provisório na rua Nova de Sant’Ana (hoje Manoel Barata), organizando-se em sociedade [...] O conjunto musical ficou a cargo do professor Antonio Fortunato Mouta, português. Fundado o grupo executante, à maneira de seus congêneres portugueses, partiu ele para uma serie de ensaios e posteriores apresentações que marcaram época no Pará. Contudo, como o Clube Eutherpe, a Tuna pouco a pouco se transformou ao admitir a parte recreativa e várias modalidades esportivas (p.84-85).
Depois da proclamação da República, gozando o estado o apogeu do ciclo da borracha, as bandas de musica civis experimentaram grande desenvolvimento. O primeiro a notabilizar na crônica paraense foi o “Club Philarmonico do Pará”, associação de amadores, com sede na Rua João Balbi nº 9. Promovia audições e concertos com certa regularidade, levando aos seus associados, muitos deles proletários residentes no bairro do Umarizal, música de câmara ou algo parecido (p.86).
Por esse tempo proliferaram também bandas de música ligadas a certos grupos sociais e à fabricas importantes. A “Banda Rosa Cruz”, por exemplo, fora organizada com os operários da fabrica de cigarros do mesmo nome localizada na vila do Pinheiro (hoje Icoaraci); a Filarmônica da Sociedade União Liberal era, em1889, a mais requisitada para acompanhar procissões, enterros e bailes, apresentando-se, algumas vezes, no arraial da Festa do Divino Espírito Santo [...]; a Banda Alemã, que costumava percorrer as ruas de Belém; a Banda Espanhola, que era regida pelo professor Brandão Bentes dos Santos e a banda da sociedade Musical União Portuguesa, ainda ativa em 1908 (p.86).
A mais original e “exótica” corporação foi sem dúvida a Banda Alemã, singularidade nas ruas da capital paraense, por sua origem e pelo insólito que representava no meio tão estranho (p.86-87).
Tais conjuntos, denominados Banda Alemã, tiveram larga difusão no Brasil, tendo sido notáveis principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. No Pará, tem-se noticias deles a partir de 1870, aproximadamente. Eram músicos pobres, de rua, originários geralmente do Harz, pequeno maciço montanhoso, `margem leste do Rio Weser. Distinguiam-se pelo repertorio alemão que executavam em bons instrumentos, bumbo e caixa. Por vezes, quando solicitados, também executavam em pequenos salões músicas de cordas, animando bailes. Na Festa de Nazaré apareciam com freqüência, executando seu repertório clássico e popular (p.87).
A partir de 1930 já não temos noticias desses conjuntos na capital paraense, pelo menos no perímetro urbano, resistindo apenas as que se localizaram nos lugarejos mais afastados, como na vila do Pinheiro, no Mosqueiro, Marituba e, principalmente, aquelas que se espalhavam pelos municípios mais distantes. Nesses locais é que se consolida a tradição da banda de música como iniciativa popular. Ainda em 1923, por exemplo, na vila de Tenoné, Km 21 do Ramal do Pinheiro, município de Belém, foi fundada a filarmônica “15 de Agosto”, composta de 15 músicos, que se inaugurou no dia 11 de Agosto (p.89).
Na disputa de glórias terrenas, o senador Antonio Lemos não quis ficar atrás de Lauro Sodré. Não só construiu um grande edifício para educação de jovens despossuídos de recursos, nas proximidades de Santa Isabel, mas ao baixar as “Instruções para o ensino da música e sua aplicação”, instituiu também a Banda Escolar Antônio Lemos (p.89).
Em 1848, quando o conselheiro Jerônimo Francisco Coelho assumiu a presidência da província, encontrou apenas 83 educandos pela maior parte em ociosidade, já que não havia mestres, nem oficinas, nem ferramentas, nem utensílios e “tudo era um quadro de completo abandono e decadência” (p.89).
As oficinas foram abolidas e os artistas empregados a jornal nos Arsenais (de Guerra e de Marinha), bem como em obras públicas, distribuindo-se nos ofícios de alfaiate, carpinteiro, corrieiro, calafate, ferreiro, funileiro, marceneiro, polieiro, pedreiro, serralheiro e torneiro. Nada se diz a respeito da música, embora na reforma encetada pelo presidente Jerônimo Francisco Coelho houvesse determinação de aula diária de leitura, escrita e contabilidade a todos os educandos. Assim, pois, a música só está referida em 1857, com a aula ministrada pelo professor Luís de França da Silva Messias e a banda devidamente organizada (p.90).
[...] precisamente a 17 de abril de 1870, o presidente dr. João Alfredo Corrêa de Oliveira, passando o cargo ao seu sucessor dr. Abel Graça, recomendava-lhe a atenção para o estabelecimento de ensino profissionalizante que tentara instalar e cujo plano fora elaborado pelo engenheiro Francisco Guilherme da Cruz. Coube efetivamente só dr. Abel Graça fazer funcionar o novo Instituto, em 1872, e dotá-lo da respectiva banda de música. A portaria de 30 de março de 1872, “regulamento do Instituto dos Educandos” [...] (p.90).
Em outras palavras, isto quer dizer que não se limitava ao ensino dos instrumentos próprios da banda de música - ou “instrumentos bélicos” (p.91).
As disposições relativas à banda de música encontram-se no cap. XXIII, a partir do art. 105 [...] Até o art. 110 encontram-se, portanto, as disposições sobre o funcionamento regular da banda de música dos educandos (pp.91-92).
Verdadeira escola de músicos profissionais, a banda do Instituto dos Educandos – Instituto Lauro Sodré contou, desde seus começos, com mestres insignes [...] Cincinato Ferreira de Sousa [...] e muitos outros. No período republicano foram publicadas diversas disposições e regulamentos a respeito da música nesse Instituto [...] (p.92).
Esta, como a banda do Corpo de Bombeiros, também passou por muitos momentos difíceis, mas não sofreu tantos processos de extinção. A inatividade que se assinala em alguns períodos deve ser creditada a governos menos atentos aos interesses da cultura, pois a banda escolar, do atual Colégio Lauro Sodré, há mais de um século, tem sido o celeiro da vida musical paraense (p.92).
A banda de música dos educandos sempre dividiu, com as bandas militares, a participação no Círio e nos folguedos do arraial da Festa de Nazaré, aí realizando concertos (p.93).
Durante o ultimo conflito mundial, por volta de 1942 [...] A escola transferiu-se para as precárias instalações da Escola Estadual Paulinho de Brito, na Almirante Barroso, ali permaneceu por 6 anos consecutivos. Essa mudança trouxe conseqüências negativas para o estabelecimento: o numero de alunos reduziu-se de 300 para 61; desativou-se a banda de música; houve perda de equipamentos e de boa parte da área patrimonial (p.93).
O ensino profissionalizante para jovens carentes entrara em colapso. A esta altura a Escola Técnica Federal, mantida pelo Ministério da Educação, ocupava o seu espaço. [...] A banda de música só pôde ser organizada em 1952 [...] em 1965 a banda teve brilhante atuação num encontro nacional, realizado no Rio de Janeiro, classificando-se em terceiro lugar e competindo com suas congêneres de todo o país. Esse entusiasmo inicial arrefeceu, pouco a pouco, até a crise de 1978, do que resultou a aquisição de 15 novos instrumentos e o restabelecimento do ensino da música (pp.93-94).
Será difícil encontrar, no Brasil, exemplo semelhante ao da banda de música do Instituto dos Educandos/Instituto Lauro Sodré, ou seja, exemplo de estabelecimento de ensino profissionalizante que tenha sido mantido, durante tão longo tempo, o ensinoe a prática da música instrumental. No seu gênero, é a mais antiga do Pará [...] (p.94).
A banda de música da Escola Técnica Federal do Pará não conta historia tão fascinante como a do Instituto Lauro Sodré, mas tornou-se a partir de certo do momento, mais ativa (p.94).
A partir de 1974, quando se realizou o I Festival das Bandas Escolares do Pará, com a apresentação de 17 conjuntos – bandas propriamente ditas e fanfarras – [...] observou-se mais intenso trabalho na rede escolar. Principalmente nos desfiles da Semana da Pátria, a maioria dos colégios de Belém exibe bandas e fanfarras, algumas bastante numerosas. Apesar desse movimento auspicioso, uma banda de música, nesses últimos tempos começou a sentir grandes dificuldades para sobreviver: exatamente a banda do Instituto Lauro Sodré (p.94).
Foram prometidas providencias para que ela voltasse a ser a gloriosa banda do passado. Então vários problemas foram colocados: carência do instrumental, a disputa de músicos por outros colégios, a falta de professores, a faixa etária pela transformação do estabelecimento em escola de 1º grau e por fim, a existência artificiosa, como banda escolar, quando na realidade se compunha na maior parte de ex-alunos entusiastas de sua tradição (p.95).
Em 1970 sendo prefeito de Belém o coronel mauro porto, “desapareceram” misteriosamente quatro coretos de uma praça pública. O fato, jamais esclarecido (houve processo e citações), teve, pelo menos, uma conseqüência: A partir de 1971 começou a haver um movimento de retorno das bandas militares aos coretos de Belém. Na ocasião, o prefeito Nélio Lobato, dando apoio à iniciativa do Departamento Municipal de Turismo, prometeu recuperar os coretos, alguns deles abandonados e depredados, enquanto, as duas bandas então existentes nos comandos estaduais, a da Policia Militar do Estado e a do Corpo de Bombeiros, prometiam, por intermédio de seus respectivos regentes, o repertório mais ao gosto do povo: música clássica, música popular e “improvisos” (p.95).
Sem uma programação regular, as duas bandas de música apresentam-se contudo em diversas ocasiões, ocupando principalmente o Pavilhão Ettore Bosio da Praça da República. [...] As retretas voltaram assim pouco a pouco aos coretos de Belém (p.97).
Somente em 1977 a Funarte deslanchou o projeto de apoio às bandas de música do país. A “15 de Agosto” da Vigia, vencedora do concurso Mobral, foi convocada para representar o Pará na finalíssima realizada no Rio de Janeiro (p.98).
3ª PARTE
Bandas de Música Nas Comunidades
Teatro e Música no Interior do Estado
O teatro convencional, que exige palco e carpintaria, ou certos conhecimentos especializados, é acontecimento pouco freqüente, para o homem do interior, se levarmos em conta a iniciativa particular. Mas em muitas prelazias contam-se tentativas junto das igrejas para se fazer teatro de caráter e sentido religioso, contendo lições de moral e exemplo. Nas missões católicas, difundiu-se certo tipo de teatro apostólico. E ao lado dos templo, pequenas construções foram erguidas especialmente para o lazer da comunidade (p.103).	Comment by Caroline: Pesquisar o que quer dizer.
O salão comunitário, ou paroquial, é às vezes bastante amplo, não raro possuindo palco bem proporcionado (p.103).
Na paisagem urbana da maioria das cidades do interior paraense também se coloca o coreto, com sua singela arquitetura, alguns bem mais sofisticados como os de Bragança, Capanema e Santarém. O coreto, palco da banda de música, coloca-se em geral na praça matriz, que é o que quase invariavelmente, o principal espaço público (p.103).
Festas tradicionais e folguedos a elas associados podem manifestar aqui e ali o que poderíamos dizer, um tanto arbitrariamente, o teatro folclórico. Constitui-se este principalmente de representações de autos, com danças cantos e trechos declamados, tais como pastorinhas, bumbas ou cordões de bichos, pássaros e peixes entre os mais conhecidos e disseminados (pp.103-104). 
Também o circo está presente, em muitas ocasiões, nas cidades interioranas. Talvez a mais constante presença. E a que marca sempre um acontecimento na comunidade. Afora os circos menores, quase anônimos, que passam despercebidos pelo noticiário dos jornais, fizeram sucesso, em muitas ocasiões, entre outros, o Circo Flores [...] assim como o Circo Pontes [...] O circo quase não deixa rastro nas fontes escritas da história, daí ser extremamente difícil fazer a avaliação de sua presença (p.104).
A música urbana também penetrou profundamente no interior da Amazônia, com este múltiplo suporte, e graças, ainda, à difusão de alguns instrumentos, principalmente a flauta, o violão, o banjo e o cavaquinho (p.105).
A banda de música, no interior, tem outra função da maior importância: é a escola de música popular por excelência; escola humilde onde se iniciaram tantos mestres ilustres e de onde saem constantemente músicos para as bandas militares e até mesmo as orquestras sinfônicas do país (p.105).
Pequenos conjuntos musicais foram formados, [...] com a finalidade de animar os bailes das comunidades. Muitas vezes, as próprias bandas de música são responsáveis pela organização desses conjuntos que servem, inclusive, para assegurar a sobrevivência da corporação (p.105).
A pratica da música coral nas igrejas, que parece ter sido a principal manifestação da pedagogia musical missioneira, nos primeiros tempos da ocupação e domínio do território, está hoje bastante decadente. A igreja deixou de estimular o ensino e a prática da música instrumental e coral, impossibilitada talvez de recrutar na Europa, como dantes fazia, organista, mestre de música vocal e instrumental, até mesmo compositores, que se empenhavam aqui de formar novos talentos e orientar a música litúrgica (p.105).
Teatro e música são portanto atividades que alcançara o interior do Estado. Mas não há continuidade das iniciativas oficiais, civis ou religiosas. Quase sempre o esforço individual é que conta. Apenas a banda de música se impôs em lugares, e sobrevive numa demonstração evidente de que a cultura de um povo não depende de seus governantes (p.106).
Quanto ao teatro, as dificuldades são maiores pela inexistência de casas apropriadas. Muitas vezes, os estabelecimentos onde atuam os mambembes são provisórios e perdem a finalidade quando as troupes se ausentam. Em Santarém, Óbidos, Monte Alegre, Bragança, Cametá e Vigia, foram construídos teatro, no século XIX e nas primeiras décadas do atual. Em outras cidades, como Castanhal, Marabá, Santa Isabel, Capanema, Soure, etc. existem “Cine-teatros” (p.106).	Comment by Caroline: O que é isso?
1.Região Bragantina

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