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3-E agora, o que fazer?
Noemi, 31 anos, possuía forte religiosidade e se opunha a qualquer método anticoncepcional ou de interrupção da gestação. Quando soube que estava grávida, procurou a UBS do bairro e, na consulta, contou que o marido havia abandonado o relacionamento porque não aceitava a gestação. Na sua comunidade religiosa percebeu que haveria resistência, por isso, nada comentou sobre o abandono que sofreu, nem sobre a gravidez. Apesar de tudo, Noemi estava feliz e resolveu que ia ter o bebê. O médico incluiu a paciente na agenda do pré-natal e marcou o primeiro ultrassom (US). No dia do exame, o médico interrompe o procedimento em poucos minutos e informa que quer falar com a paciente no consultório. O médico explicou com cuidado que o bebê apresentava anencefalia. Também disse que aparentemente ela estava com 10 semanas de gravidez e que, nessa fase, ela poderia requerer a interrupção da gestação. Como notou que Noemi estava só, o médico perguntou se ela queria que alguém viesse buscá-la. Ela se levantou, e, sem se despedir do médico, saiu do consultório e foi a uma clínica particular. Marcou novo ultrassom, com o mesmo resultado! Um terceiro, idêntico! Desesperada, conversou com o líder de sua comunidade que ouviu a sua história e se compadeceu da situação atual. Nesse caso, o líder religioso consultou médico se outros líderes religiosos, inclusive de hierarquias superiores à sua. Então eles a aconselharam: manter a gestação até o fim, e ela, assim decidiu. Passadas algumas semanas, sua inquietação aumentou, assim como a incerteza da sua decisão de manter a gravidez. Noemi começou a prestar mais atenção e viu vários casos discutidos, tanto no rádio quanto na televisão. Vários conhecidos tentaram convencê-la a rever sua decisão. Seu médico obstetra informou-lhe sobre os problemas em manter uma gestação desse tipo. Noemi verificou que ela teria amparo legal e poderia usar a rede hospitalar pública para interromper a gestação, caso quisesse, mas sua crença de que estaria privando um ser humano da possibilidade de vida foi mais forte. Noemi deu à luz com 36 semanas de gestação e o bebê morreu 2 horas depois do parto cesáreo. Noemi ficou arrasada, mas tranquila: o fato de estar amparada legalmente e pelo código dos médicos não a deixaria confortada religiosamente, caso ela tivesse optado pela interrupção da gestação.
Objetivos específicos:
1)Caracterizar anencefalia, identificando suas causas e consequências.
O que é anencefalia ou meroanencefalia?
A meroanencefalia (ausência parcial do encéfalo) é o mais grave defeito do tubo neural e é também a anomalia mais comum do SNC. Embora o termo anencefalia seja comumente usados, ele é um termo errôneo, pois o encéfalo não está completamente ausente, muitas vezes há falta de partes importantes do cérebro, mas a presença de algumas estruturas do tronco cerebral, o que sustenta a sobrevivência do feto.
A anencefalia é uma condição caracterizada pela má formação ou ausência do cérebro e/ou da calota craniana (os rudimentos de cérebro, se existem, não são cobertos por ossos). Não existe cura ou tratamento para a anencefalia. 
Trata-se de ocorrência rara (1/1.000 ou 1/10.000, conforme as estatísticas. 
A incidência, na verdade, pode ser maior que essa porque ocorrem muitos casos de abortos espontâneos em que a condição não é diagnosticada.
Quais são as causas da anencefalia?
Geralmente, a meroanencefalia tem uma herança multifatorial .Esse defeito parece ser decorrente de fatores genéticos, nutricionais e ambientais, durante o primeiro mês de embriogênese. Sabe-se que a incidência de anencefalia aumenta em mães muito jovens ou nas de idade avançada e que essa condição tem seis vezes mais probabilidade de ocorrer em mães diabéticas que nas não diabéticas. A anomalia também tem sido associada a uma elevada exposição a toxinas, tais como cromo, chumbo, mercúrio e níquel.
As evidências disponíveis indicam que o distúrbio primário (p. ex., uma droga teratogênica) afeta os destinos celulares, a adesão celular e o mecanismo de fechamento do tubo neural. Isso faz com que as pregas neurais não se fundam e formem o tubo neural. 
Defeitos no tubo neural também podem ser secundários a lesões que afetam o grau de flexão imposto sobre a placa neural durante a dobra do embrião ou ligados a elas. 
A meroanencefalia pode ser facilmente diagnosticada por ultra-sonografia, fetoscopia e radiografia, em virtude da ausência de extensas partes do encéfalo e da calvária. A anencefalia pode ser diagnosticada ainda no útero, por volta da décima segunda semana de gestação, através de um exame de ultrassonografia. Em mulheres sem acesso à ultrassonografia a condição da doença só é diagnosticada durante o parto, o que reforça a importância da realização adequada do pré-natal. A prevenção mais indicada para a anencefalia é a ingestão de ácido fólico durante a gestação, que previne más formações fetais de maneira geral.
Ela é duas a quatro vezes mais comum em mulheres do que em homens. A meroanencefalia é a mais comum das anomalias graves observadas em fetos natimortos. Recém-nascidos com essa grave DTN(distúrbio do tubo neural) podem sobreviver ao parto, mas apenas por um curto período. 
Suspeita-se de meroanencefalia no útero quando há um nível elevado de alfa-fetoproteína ( alfa feto proteína é uma glicoproteína sintetizada pelo fígado, a AFP é a principal proteína do soro fetal, daí o seu nome, pois é produzida no desenvolvimento do embrião e do feto.) no líquido amniótico.
Um excesso de líquido amniótico (poliidrâmnio) está frequentemente associado à meroanencefalia, possivelmente por faltar ao feto o controle nervoso necessário à deglutição do líquido amniótico; sendo assim, o líquido não vai para o intestino para sua absorção e consequentemente não é transferido para a placenta para ser eliminado.
Consequências
Os fetos anencéfalos podem assumir posições anômalas, dificultando o parto, já que o fenômeno físico do parto precisa do crânio. O ombro deles, não se sabe o porquê, é maior. E ainda existe o risco de não contração uterina após o parto levando a hemorragias no pós-parto, o que pode colocar a vida da mulher em risco.
O prognóstico para estes pacientes é a morte. A maioria dos fetos não sobrevive ao nascimento. Quando o feto nasce com vida ele geralmente morre em poucas horas ou dias, de parada cardiorrespiratória. Cerca de 75% dos bebês morrem dentro do útero ou durante o parto e os restantes 25% morrem dentro de algumas horas ou dias após o parto. Há raros casos de sobrevivência de 20 a 24 meses. Se o bebê com anencefalia chega a nascer, ele geralmente é cego, surdo, inconsciente e incapaz de sentir dor, sendo, portanto, inviável.
2)Diferenciar interrupção da gestação: aborto X parto prematuro.
Aborto espontâneo 
Aborto induzido ou provocado - medicamentos
Precoce antes da 13 semana
Tardio – entre a 13 a 22 seman
Aborto: expulsar espontaneamente o feto ou retirá-lo por meios artificiais, sem que ele tenha condições de sobrevivência fora do útero materno.
Aborto é a expulsão prematura do feto ou do embrião antes do tempo do parto.
É a expulsão ou extração de um embrião ou feto pesando menos de 500g 
(aproximadamente 20-22 semanas de gestação), independentemente ou não da presença de sinais vitais. Sendo que a interrupção da gestação após esse período se chama antecipação do parto. 
Abortamento: é o ato de abortar, interrupção da gestação antes que o feto seja viável.
· “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao produto eliminado.
O abortamento é definido como a interrupção da gravidez antes de atingida a viabilidade fetal. Aborto é o processo de interrupção da gestação de fetos de até 20 ou 22 semanas, com peso previsto de até 500 gramas, sendo que a interrupção da gestação após esse período se chama antecipação do parto. Ele pode ser espontâneo (natural) ou induzido (provocado).
Interrupção da gestação: refere ao processo de impedimento das etapas gestacionais, não necessariamente compatíveis com a vida, como é o caso da anencefalia que não teráviabilidade em nenhum momento. Todo aborto voluntário é uma interrupção voluntária de gravidez, mas nem toda interrupção voluntária de gravidez é aborto.
Causas do aborto – mulheres tabagismo, imc e idade
Parto prematuro: Quando um bebê nasce antes de completar 37 semanas ou antes, o bebê é considerado prematuro e o nascimento prematuro. No Brasil, aproximadamente 10% dos bebês nascem antes do tempo. Mas o avanço da medicina tem possibilitado que a grande maioria consiga se desenvolver e crescer com saúde. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, todos os anos, cerca de 15 milhões de crianças no mundo nasçam antes de completar 37 semanas de gestação. No Brasil, a prevalência de partos de crianças prematuras chega a 11,7%, segundo estudo de 2013 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A prematuridade é um fator de risco. Quanto maior o grau de prematuridade, maior o potencial de ocorrer algum atraso ou prejuízo no desenvolvimento funcional. 
Parto prematuro peso e idade
Quando um feto com peso normal nasce durante este período, ele é considerado prematuro pela data, em oposição aos que são prematuros pelo peso. Baixo peso ao nascimento (abaixo de 2.000 g) é o principal prognóstico de morte infantil
Fonte: Crescimento de crianças nascidas prematuras
Causas
A ruptura da membrana amniocoriônica é o evento mais comum que leva à antecipação do trabalho de parto e ao nascimento prematuro,
O parto prematuro é duas vezes mais frequente do que nas mães que não fumam, e seus filhos pesam menos do que o normal
Contrações de treinamento – pode confundir a mulher e passar o tempo do bebê nascer.
Algumas das causas maternas de parto prematuro são:
· Rotura prematura da bolsa amniótica;
· Incompetência do colo uterino;
· Infecção uterina;
· Descolamento da placenta;
· Pré-eclampsia;
· Anemia;
· Doenças como tuberculose, sífilis, infecção renal;
· Gravidez de gêmeos ou mais bebês;
· Fertilização in vitro;
· Malformação fetal;
· Esforço físico intenso;
· Uso de drogas ilícitas e bebidas alcoólicas;
· Miomas uterinos;
· Cesariana anterior;
· Vaginose bacteriana;
· Presença de estreptococos do grupo B.
Fonte: Secretaria da Saúde
Site: Ministério da Saúde
Questões de linguagem médica: Aborto ou abortamento? Simônides BACELAR 
Héricka Dias para o Jornal da USP
Cartilha Direitos Reprodutivos: “ABORTO LEGAL” – julho 2018
Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo
3)Diferenciar moral, ética e bioética, listando seus princípios e aplicações.
Moral (regras, ordens, regulamentos, o que é esperado socialmente)
Conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade e, estas normas são adquiridas pela educação, tradição e cotidiano.
Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo social. [...] Diz respeito à ação moral concreta, quando nos perguntamos: o que devo fazer? Como devo agir nessa situação? O que é certo? O que é condenável? e assim por diante
Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. No que tange aos costumes”, a moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, os quais orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade.
A moral sempre existiu, pois, todo ser humano ter a consciência Moral que leva a distinguir o bem do mal no contexto que vive. 
Cada sociedade elege, portanto, de acordo com sua cultura, qual é a sua moral vigente, isto é, o que é o bem, o mal, o justo, o injusto, o certo, o errado.
Princípios morais 
honestidade, a bondade, o respeito, a virtude
Moral: conduta, temporal, cultural, é a conduta da regra
Ética (reflexão dos indivíduos acerca da moralidade) – individual e a ética coletiva e a base da moral
Etimologicamente, o termo ética deriva do grego ethos que significa modo de ser, caráter. Designa a reflexão filosófica sobre a moralidade, isto é, sobre as regras e os códigos morais que norteiam a conduta humana. Sua finalidade é esclarecer e sistematizar as bases do fato moral e determinar as diretrizes e os princípios abstratos da moral. Neste caso, a ética é uma criação consciente e reflexiva a moralidade, que é, por sua vez, criação espontânea e inconsciente de um grupo.
Pode ser entendida como uma reflexão sobre os costumes ou sobre as ações humanas em suas diversas manifestações, nas mais diversas áreas. Também, pode ser ela tida como a existência pautada nos costumes considerados corretos, ou seja, aquele que se adequar aos padrões vigentes de comportamento numa classe social, de determinada sociedade e que caso não seja seguido, é passível de coação ao cumprimento por meio de punição. Em suma, temos a ética como estudo das ações e dos costumes humanos ou a análise da própria vida considerada virtuosa.
Propõe-se, portanto, a desvendar não aquilo que o homem de fato é, mas aquilo que ele "deve fazer" de sua vida. Seu campo é o do juízo de valor e não o do juízo de realidade, ou da existência. Estuda as normas e regras de conduta estabelecidas pelo homem em sociedade, procurando identificar sua natureza, origem, fundamentação racional. Em alguns casos, conclui por formular um conjunto de normas a serem seguidas; em outros, limita-se a refletir sobre os problemas implícitos nas normas que de fato foram estabelecidas.
Para que exista a conduta ética, é necessário que o agente seja consciente, quer dizer, que possua capacidade de discernir entre o bem e o mal
Os valores podem ser entendidos como padrões sociais ou princípios aceitos e mantidos por pessoas, pela sociedade, dentre outros. Assim, cada um adquire uma percepção individual do que lhe é de valor; possuem pesos diferenciados, de modo que, quando comparados, se tornam mais ou menos valiosos. Tornam-se, sob determinado enfoque, subjetivos, uma vez que dependerão do modo de existência de cada pessoa, de suas convicções filosóficas, experiências vividas ou até, de crenças religiosas. Do que foi dito, as pessoas, a sociedade, as classes, cada qual têm seus valores, que devem ser considerados em qualquer situação.
Ética é a reflexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão orienta-se nas mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humano tomada como ponto de partida”
Ética: princípio, permanente, universal, regra 
Ética é o seu pensamento, diante de um fato, onde você, sabe o que é certo e errado, moral é o que você faz diante do fato, obedecendo regras e normas da vida, ou seja, estará sendo ético diante de um fato.
Bioética
Definem Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações”
O interesse pelos temas relativos à moral, e por conseguinte, à ética, existem há séculos, tendo sua origem no mundo grego antigo. Entretanto, o termo bioética, também denominado ética biomédica, juntamente com a disciplina que o designa, são novos. Ocupa-se a ética biomédica com aqueles temas morais que se originam na prática da medicina ou na atividade de pesquisa biomédica. Surgiu a partir de um movimento que tem por finalidade a conciliação da medicina com os interesses éticos e, ao mesmo tempo, humanísticos. Os homens que fazem parte deste movimento tentam, com uma visão crítica, examinar os princípios gerais éticos e o modo como estes princípios se aplicarão à ciência contemporânea e à prática da medicina.
Conforme Mário López “bioética é o estudo sistemático da conduta humana nas áreas das ciências da vida e dos cuidados da saúde, à medida que tal conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais".
Funções da Bioética:
· Descritiva – analisar e compreender, de maneira racional e imparcial, os conflitos e asquestões morais;
· Normativa – ponderar estes conflitos e propor soluções racionais razoáveis e aceitáveis pelos indivíduos envolvidos nos conflitos, prescrevendo comportamentos/condutas corretas e proscrevendo os incorretos;
· Protetora – proteger os indivíduos e as populações em seus respectivos contextos.
Princípios da bioética: 
1 - Beneficência/não maleficência :o primeiro princípio que devemos considerar na nossa prática profissional é o de beneficência/ não maleficência. O benefício (e o não malefício) do paciente (e da sociedade) sempre foi a principal razão do exercício das profissões que envolvem a saúde das pessoas (física ou psicológica).
Beneficência significa “fazer o bem”, e não maleficência significa “evitar o mal”. Desse modo, sempre que o profissional propuser um tratamento a um paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente e considerá-lo em sua totalidade (todas as dimensões do ser humano devem ser consideradas: física, psicológica, social, espiritual), visando oferecer o melhor tratamento ao seu paciente, tanto no que diz respeito à técnica quanto no que se refere ao reconhecimento das necessidades físicas, psicológicas ou sociais do paciente. Um profissional deve, acima de tudo, desejar o melhor para o seu paciente, para restabelecer sua saúde, para prevenir um agravo, ou para promover sua saúde.
2 – Autonomia: o segundo princípio que devemos utilizar como “ferramenta” para o enfrentamento de questões éticas é o princípio da autonomia. De acordo com esse princípio, as pessoas têm “liberdade de decisão” sobre sua vida. A autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o quanto ela pode gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras pessoas. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948), manifesta logo no seu início que as pessoas são livres. Nos últimos anos, tem sido frequente a busca pela liberdade (ou autonomia). Nos casos de atendimento clínico de pacientes, podemos mencionar o Código de Defesa do Consumidor, o qual, em alguns de seus artigos, garante proteção às pessoas que buscam serviços de saúde, por exemplo, no que diz respeito ao direito de ser suficientemente informada sobre o procedimento que o profissional vai adotar.
Para que o respeito pela autonomia das pessoas seja possível, duas condições são fundamentais: a liberdade e a informação. Isso significa que, em um primeiro momento, a pessoa deve ser livre para decidir. Para isso, ela deve estar livre de pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou subordinação dificulta a expressão da autonomia. 
Em alguns momentos, as pessoas têm dificuldade de expressar sua liberdade. Nesses casos, dizemos que ela tem sua autonomia limitada. Vejamos o exemplo das crianças. Em razão de seu desenvolvimento psicomotor, a criança terá dificuldade de decidir o que é melhor para a saúde dela. Ela terá, ao contrário, uma tendência em fugir de todo tratamento que julgar desconfortável. Por essa razão, caberá aos responsáveis pela criança decidir o que deverá ser feito, qual tratamento será mais adequado, porque o responsável deseja que a saúde da criança se restabeleça e que o melhor tratamento seja feito ( pessoas incapazes)
A correta informação das pessoas é que possibilita o estabelecimento de uma relação terapêutica ou a realização de uma pesquisa. A primeira etapa a ser seguida para minimizar essa limitação é reconhecer os indivíduos vulneráveis (que têm limitação de autonomia) e incorporá-los ao processo de tomada de decisão de maneira legítima. Assim, será possível estabelecer uma relação adequada com o paciente e maximizar sua satisfação com o tratamento. 
Para permitir o respeito da autonomia das pessoas, o profissional deverá explicar qual será a proposta de tratamento. Em todas as consultas o profissional deverá renovar as informações sobre o tratamento. Além disso, é preciso ter certeza de que o paciente entendeu as informações que recebeu. Por isso, consideramos que a informação não se encerra com as explicações do profissional, mas com a compreensão, com a assimilação das informações pelos pacientes, desde que essas informações sejam retomadas ao longo do tratamento.
A esse processo de informação e compreensão e posterior comprometimento com o tratamento denominamos consentimento. 
Se entendermos que o respeito pela autonomia de uma pessoa é o princípio que deve ser considerado em primeiro lugar, cairemos em uma armadilha. Contudo, nem sempre o paciente tem condições de avaliar qual o melhor tratamento para ele (afinal ele é leigo, não tem o conhecimento técnico necessário para isso). Imaginemos um paciente que tem uma doença que exige a prescrição de medicamentos. Poderá ocorrer de ele se recusar a tomar os remédios. Contudo, nesse caso, o profissional não pode alegar que “o paciente é adulto, sua autonomia deve ser respeitada e por isso ele faz o que ele quiser”. Ao contrário, o profissional (por ter o conhecimento técnico que diz que aquele medicamento é necessário) deverá se esforçar ao máximo para explicar ao paciente a importância do medicamento, afinal o princípio da beneficência (e não o da autonomia) deve ser respeitado em primeiro lugar.
Em algumas situações, a liberdade (autonomia) de algumas pessoas não é respeitada para que se respeite o benefício de outras. Por exemplo, a proibição de fumar em ambientes fechados. Se pensarmos no respeito pela autonomia daqueles que desejam fumar, não seria ético proibir, mas se pensarmos no benefício (ou não malefício) daqueles que não desejam fumar, a proibição se justifica. Outro exemplo é a interdição de restaurantes ou clínicas pela vigilância sanitária quando estes não apresentam condições satisfatórias para atender o público. O fechamento desses locais fere a autonomia do dono da clínica ou do restaurante em benefício da sociedade que os frequenta.
3 – Justiça: o terceiro princípio a ser considerado é o princípio de justiça. Este se refere à igualdade de tratamento e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a pesquisa etc. Costumamos acrescentar outro conceito ao de justiça: o conceito de equidade que representa dar a cada pessoa o que lhe é devido segundo suas necessidades, ou seja, incorpora-se a ideia de que as pessoas são diferentes e que, portanto, também são diferentes as suas necessidades.
De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada um. Não seria ética uma decisão que levasse um dos personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se prejudicar. É também a partir desse princípio que se fundamenta a chamada objeção de consciência, que representa o direito de um profissional de se recusar a realizar um procedimento, aceito pelo paciente ou mesmo legalizado. 
Todos esses princípios (insistimos que eles devem ser nossas “ferramentas” de trabalho) devem ser considerados na ordem em que foram apresentados, pois existe uma hierarquia entre eles. Isso significa que, diante de um processo de decisão, devemos primeiro nos lembrar do nosso fundamento (o reconhecimento do valor da pessoa); em seguida, devemos buscar fazer o bem para aquela pessoa (e evitar um mal!); depois devemos respeitar suas escolhas (autonomia); e, por fim, devemos ser justos.
Fonte: Especialização em saúde da família – Módulo 1 (Bioética) – UNIFESP 
4)Caracterizar o código de ética médica, enumerando seus princípios fundamentais.
O que é?
O presente Código de Ética Médica contém as normas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício de sua profissão, inclusive nas atividades relativas a ensino, pesquisa e administração de serviços de saúde, bem como em quaisquer outras que utilizem o conhecimento advindo do estudo da medicina.
II- As organizações de prestação de serviços médicos estão sujeitas às normas deste Código. 
III - Para o exercício da medicina, impõe-se a inscrição no Conselho Regional do respectivo estado, território ou Distrito Federal. 
IV - A fim de garantir o acatamento e a cabal execuçãodeste Código, o médico comunicará ao Conselho Regional de Medicina, com discrição e fundamento, fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem possível infração do presente Código e das demais normas que regulam o exercício da medicina.
 V - A fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas neste Código é atribuição dos Conselhos de Medicina, das comissões de ética e dos médicos em geral.
Código de Ética Médica é composto de 26 princípios fundamentais do exercício da medicina, 11 normas diceológicas(estudo dos deveres do médico), 117 normas deontológicas e quatro disposições gerais. A transgressão das normas deontológicas sujeitará os infratores às penas disciplinares previstas em lei.
Princípios fundamentais
I - A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza. 
II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. 
III - Para exercer a medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa. 
IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da medicina, bem como pelo prestígio e bom conceito da profissão. 
V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente e da sociedade. 
VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício, mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativas contra sua dignidade e integridade. 
VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente. 
VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho. 
IX - A medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como comércio. (o que mais ocorre nos EUA)
X - O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa. 
XI - O médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no desempenho de suas funções, com exceção dos casos previstos em lei. 
XII - O médico empenhar-se-á pela melhor adequação do trabalho ao ser humano, pela eliminação e pelo controle dos riscos à saúde inerentes às atividades laborais. 
XIII - O médico comunicará às autoridades competentes quaisquer formas de deterioração do ecossistema, prejudiciais à saúde e à vida. 
XIV - O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões dos serviços médicos e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde. 
XV - O médico será solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja por remuneração digna e justa, seja por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da medicina e seu aprimoramento técnico-científico. 
XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para estabelecer o diagnóstico e executar o tratamento, salvo quando em benefício do paciente. 
XVII - As relações do médico com os demais profissionais devem basear-se no respeito mútuo, na liberdade e na independência de cada um, buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente.
 XVIII - O médico terá, para com os colegas, respeito, consideração e solidariedade, sem se eximir de denunciar atos que contrariem os postulados éticos.
Capítulo I	Princípios Fundamentais
Capítulo II	Direitos dos Médicos
Capítulo III	Responsabilidade Profissional
Capítulo IV	Direitos Humanos
Capítulo V	Relação com pacientes e familiares
Capítulo VI	Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos
Capítulo VII	Relação entre médicos
Capítulo VIII	Remuneração profissional
Capítulo IX	Sigilo Profissional
Capítulo X	Documentos Médicos
Capítulo XI	Auditoria e Perícia Médica
Capítulo XII	Ensino e Pesquisa Médica
Capítulo XIII	Publicidade Médica
Capítulo XIV	Disposições Gerais
Fonte: Código de Ética Médica: Resolução CFM nº 2.217, de 27 de setembro de 2018, modificada pelas Resoluções CFM nº 2.222/2018 e 2.226/2019 / Conselho Federal de Medicina – Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2019.
5)Descrever os conflitos entre a conduta médica e direitos pessoais do paciente.
A ética médica, a legislação e as normas sociais exigem que os médicos ajam no interesse dos pacientes. Muitos autores descrevem isso como uma obrigação alienadora. Os médicos experimentam os conflitos de interesse quando têm incentivos para agir de forma a violar suas obrigações para com seus pacientes ou quando sua lealdade fica dividida entre seus pacientes e outras partes.
Conflitos de interesse comprometem a lealdade dos médicos a seus pacientes bem como sua independência de julgamento. Eles aumentam o risco dos médicos não cumprirem as suas obrigações, mas não são por si só uma violação ao dever. 
O trabalho do médico não se limita só a diagnosticar e tratar doenças. Ele também deve ser amigo e conselheiro daquela pessoa que, acompanhada de um cônjuge ou parente, o procura geralmente em uma situação frágil.
· Respeito as diferentes crenças 
O respeito à autonomia do paciente estende-se aos seus valores religiosos. Tais valores não podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, em particular pelos profissionais de saúde, a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes. Ademais, os valores religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e a recuperação do paciente se ele estiver seguro de que os mesmos serão respeitados. 
As crenças religiosas estão entre as mais acalentadas convicções do ser humano, cuja vida é tremendamente influenciada por sua visão dos atributos de Deus (soberania e onipotência), dos atributos das outras pessoas (a santidade da vida) e da sua relação pessoal com Deus (comunicação e obediência aos mandamentos). O respeito mútuo às convicções pessoais faz com que haja uma relação pacífica entre as pessoas na atual sociedade pluralista em que vivemos.
Respeito à autonomia do paciente deve estender-se aos seus valores religiosos. Tais valores não podem ser desconsiderados ou minimizados por outrem, sobretudo pelos profissionais de saúde, a despeito dos melhores e mais sinceros interesses destes profissionais. Os valores religiosos podem ser uma força positiva para o conforto e recuperação do paciente se ele estiver seguro de que seus valores serão respeitados. Por ser inerente à natureza humana, sustentar convicções e crenças pessoais é reconhecidamente um direito humano fundamental. Sob o prisma dos direitos humanos, o fato está contemplado pelos princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem.
"Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular"
· Conflitos de interesse financeiro (abusar do conhecimento técnico – prolongar o tratamento)
Surgem de incentivos que influenciam negativamente a conduta dos médicos. E incentivos que recompensam médicos, por aumentar ou diminuir serviços ou por fornecer um tipo de serviço em detrimento de outro, encorajam tratamentos que não se baseiam nas condições do paciente ou nos critérios da boa prática médica. Ao invés disso, eles encorajam os profissionais a fazer opções médicas em seu próprio benefíciofinanceiro. Incentivos para recorrer a determinados prestadores de serviço ou para prescrever determinados testes e terapias também distorcem suas escolhas. O risco de conduta imprópria aumenta quanto maior for o incentivo e quanto mais estreita for a relação entre as ações do médico e a recompensa que elas geram.
Ainda assim, como os médicos ganham a vida através de seu trabalho, sua prática pode acabar privilegiando o aumento de seus ganhos em detrimento dos interesses dos pacientes. Em consequência disso, os provedores, prestadores de serviço e seguradoras tentam influenciar as decisões clínicas dos médicos em seu próprio benefício. Assim, no cerne da atividade médica se encontra uma tensão entre o interesse próprio e o atendimento consciencioso aos pacientes e ao público. A poderosa ética médica vigente efetivamente influencia os médicos. Ainda assim, há um conflito entre o ethos profissional e os estímulos financeiros
· Lealdade entre pacientes e um terceiro
Conflitos de interesse entre lealdades divididas ocorrem quando médicos exercem papeis que interferem em sua ação em favor de seus pacientes ou quando sua lealdade está dividida entre pacientes e um terceiro. Médicos se envolvem frequentemente em atividades que, apesar de serem benignas em si, comprometem sua capacidade de agir de acordo com o melhor interesse do paciente, por exemplo, conduzindo experimentos para avaliar um novo medicamento ao mesmo tempo em que está tratando pacientes. Pacientes e médicos podem facilmente confundir estes dois papeis, apesar dos esforços no sentido de assegurar o consentimento informado do paciente. 
Assistência ao paciente e pesquisa são incompatíveis quando o médico inscreve um de seus pacientes em um experimento para testar um medicamento porque o objetivo da pesquisa não é o benefício do sujeito da pesquisa, mas o avanço da ciência. É bem verdade que a droga experimental pode ajudar o paciente voluntário da pesquisa; mas não se sabe é seguro ou eficaz e o paciente pode ter sua saúde mais comprometida. 
Fonte: Bioética, religião, espiritualidade e a arte do cuidar na relação médico-paciente Revista Bioéticos – Centro Universitário de São Camilo – 2012 
Capítulo V - Relação com Pacientes e Familiares
É vedado ao médico:
Art. 56 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida.
Art. 57 - Deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente.
Art. 58 - Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo.
Art. 59 - Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal.
Art. 60 - Exagerar a gravidade do diagnóstico ou prognóstico, ou complicar a terapêutica, ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos.
Art. 61 - Abandonar paciente sob seus cuidados.
§ 1° - Ocorrendo fatos que, a seu critério, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o médico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou seu responsável legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informações necessárias ao médico que lhe suceder.
§ 2° - Salvo por justa causa, comunicada ao paciente ou ao a seus familiares, o médico não pode abandonar o paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo ainda que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico.
Art. 62 - Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente cessado o impedimento.
Art. 63 - Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais.
Art. 64 - Opor-se à realização de conferência médica solicitada pelo paciente ou seu responsável legal.
Art. 65 - Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico/paciente para obter vantagem física, emocional, financeira ou política.
Art. 66 - Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal.
Art. 67 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre o método contraceptivo ou conceptivo, devendo o médico sempre esclarecer sobre a indicação, a segurança, a reversibilidade e o risco de cada método.
Art. 68 - Praticar fecundação artificial sem que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos sobre o procedimento.
Art. 69 - Deixar de elaborar prontuário médico para cada paciente.
Art. 70 - Negar ao paciente acesso a seu prontuário médico, ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros.
Art. 71 - Deixar de fornecer laudo médico ao paciente, quando do encaminhamento ou transferência para fins de continuidade do tratamento, ou na alta, se solicitado.
6)Descrever os aspectos, legal e ético, para o aborto, exemplificando casos em que o aborto é permitido.
Aspectos éticos do aborto – no problema evidencia muito esse problema, Noemia fica muito dividida por causa dessas questões éticas.
Considera a atividade cerebral – até três meses
O aborto é um dos pontos mais difíceis da ética médica. Ele envolve aspectos religiosos, legais, médicos, socioculturais e políticos. 
· A primeira, pró-vida ou conservadora, defende o direito moral da vida do feto (víeis religioso)
· A segunda, pró-escolha ou liberal, entende que a mulher tem um direito moral sobre o próprio corpo, o que lhe permite fazer o aborto. 
· Opiniões intermediárias. Alguns acham errado o aborto, mas defendem sua prática em casos específicos (por exemplo, quando a mulher ou o filho correm risco de morte - ou quando a mãe foi vítima de estupro). Do mesmo modo, entre aqueles que defendem o aborto, há os que são contra a prática sob certas circunstâncias, por exemplo, quando a gestação se encontra num estado avançado. Além disso, existem também situações que fogem a essas duas abordagens. Por exemplo, quando a mulher grávida precisa remover o útero por conta de um câncer. Neste caso, o aborto seria um efeito colateral. 
Sob o ponto de vista jurídico o aborto é simplesmente a interrupção da gestação, com o intuito da morte fetal, independentemente da idade gestacional.
Aborto criminoso
No Brasil o aborto voluntário ou provocado é considerado ato criminoso e detalhado no Código Penal de 1940 nos artigos 124 até 127.
Motivado por surgimento de gestações não planejada e muitas vezes não desejada. Quando o aborto provocado é realizado em condições de risco,representa importante causa de óbito materno. Estima-se que seja realizado perto de 1 milhão de abortos por ano no Brasil. As informações são mascaradas por medo da paciente, ser discriminada ou descuidada no seu tratamento ou denunciada a polícia e responder criminalmente .
Diante de um abortamento, seja ele, natural ou provocado, não pode o médico comunicar o fato a autoridade policial ou mesmo judicial, em razão de estar diante de uma situação típica de segredo médico. O segredo médico pertence ao paciente, sendo o médico o seu depositário e guardador, somente podendo revelá-lo em situações muito especiais como: dever legal, justa causa ou autorização expressa do paciente. Revelar o segredo sem a justa causa ou dever legal, causando danos ao paciente além de antiético é crime.
Não cabe objeção de consciência nas seguintes situações de abortamento 
 1- Risco de vida para mulher. 
 2-Quando for aborto juridicamente permitido , na ausência de outro médico que o faça e quando a mulher puder sofrer agravos a saúde em razãoda omissão do médico. 
3- No atendimento de complicações derivadas de aborto provocado, por se tratarem de urgências.
Aborto legal
O aborto legal ou permitido por lei é explicitado no artigo 128 do CPB em situação bem caracterizada de exclusão de antijuridicidade
Não se pune o aborto praticado por médico: 
· Se não houver outro meio de salvar a vida da gestante. 
· Se a gravidez for resultante de estupro e o aborto for precedido do consentimento da gestante e, quando menor ou incapaz, de seu representante legal.
· De acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal de abril de 2012, a antecipação terapêutica do parto de fetos anencéfalos (anomalidade)
Documentos obrigatórios para interrupção da gravidez por estupro (muito burocrático)
1-Termo de relato do evento, realizado pela própria gestante. 
2-Parecer técnico com anamnese, exame físico geral e ginecológico, laudo do USG, analisando compatibilidade entre a idade gestacional, a data do estupro e o laudo de USG; paralelamente a mulher receberá avaliação da equipe multidisciplinar. 
 3- Termo de aprovação de procedimento do aborto decorrente do estupro, assinado por três integrantes da equipe multidisciplinar. 
4- Termo de responsabilidade, assinado pela gestante, onde constará, advertência expressa sobre a previsão de crime de falsidade ideológica (art.299 do código penal) e do aborto (art. 124 do código penal), caso não tenha sido vítima de violência sexual. 
5- Termo de consentimento Livre e esclarecido, a garantia de sigilo, exceto quando em caso de requisição judicial e declaração expressa da mulher sobre a decisão voluntária e consciente de interromper a gestação. 
Todos os documentos assinados pela paciente, ou por seu representante legal deverão ser elaborados em duas vias, sendo uma entregue para a gestante e outra arquivada no prontuário médico. Não é necessário autorização judicial.
Recomendações Éticas para interrupção da gestação decorrente do aborto 
O Atendimento com equipe multidisciplinar, orientar a mulher a tomar providências policiais e judiciais cabíveis, porém não negar o abortamento, caso ela não o faça. Além de orientá-la sobre as alternativas legais quanto ao destino da gestação e sobre a possibilidade de atenção nos serviços de saúde pública (ficar com o filho ou doar a criança). A palavra da mulher que afirma ter sofrido violência deve ser recebida como presunção de veracidade. O objetivo do serviço de saúde não deve ser confundido com os procedimentos reservados a polícia ou justiça. A realização do abortamento em gestação decorrente de estupro não está condicionada a apresentação de boletim de ocorrência policial, exame de corpo de delito e de alvará ou autorização judicial.
Aborto Terapêutico -No risco de morte materno
 1- Avaliação deverá ser de no mínimo dois profissionais, um deles deverá ser clinico geral ou especialista na doença que está motivando a interrupção.
 2-O Prontuário Médico deverá conter as justificativas médicas detalhando o risco materno. 
3- Ter a anuência e/ou consentimento esclarecido, assinado pela gestante ou por seus familiares, salvo se isso não for possível, em situações de eminente risco de vida. 
4- Ter apoio e acompanhamento de uma equipe multiprofissional especialmente psicólogos, tendo em vista que a gestação é desejada. 
5- Em situações especiais, por exemplo: coma, choque, câncer, quimioterapia, radioterapia; a conduta deve ser individualizada.
Não é necessário autorização judicial, nem boletim de ocorrência e nem comunicação ao CRM(Conselho Regional de Medicina) .
Aborto por Anomalia Fetal 
Diante de Detecção precoce das malformações do feto, muitas delas incompatíveis com a vida extra-uterina. Mesmo não estando previstas nas possibilidades legais do Código Penal Brasileiro, tem sido possível a interrupção da gestação mediante autorização judicial, exceto a anencefalia. Em estudo realizado anterior a decisão do STR, as causas mais frequentes de autorizações judiciais foram: anencefalia, malformações congênitas múltiplas , malformações do sistema urinário , anomalias ósseas ,erros de fechamento da linha média.
Em Abril de 2012, o STF decidiu que é um direito constitucional da mulher a antecipação do parto em caso de anencefalia e que pode ser solicitada, sem necessidade de autorização judicial. Em caso de anencefalia, não há idade gestacional máxima para solicitar a antecipação
Realização do procedimento: 
Todos os hospitais realizam o procedimento de aborto legal? Infelizmente não. Mas se no seu município não há esse serviço, você deve ser encaminhada, inclusive com fornecimento de transporte, ao serviço de referência mais próximo.
Quais profissionais irão atender a mulher?
As mulheres que procuram o serviço de aborto legal serão atendidas por uma equipe multidisciplinar formada por: médico/a ginecologista e/ou obstetra, anestesista, enfermeiro/a, psicólogo/a e/ou assistente social. É dever do Estado, manter, nos hospitais públicos, profissionais que realizem o abortamento. Caso a mulher venha a sofrer prejuízo de ordem moral, física ou psíquica em decorrência da omissão, poderá haver responsabilização pessoal e/ou institucional
7)Identificar os principais aspectos relacionados à pesquisa em saúde no Brasil, incluindo o papel do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução466)
A Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) define a Pesquisa em Saúde como o conjunto de conhecimentos, tecnologias e inovações produzidos que resultam em melhoria da saúde da população. Assim, a pesquisa em saúde deve superar a perspectiva disciplinar e caminhar para uma perspectiva setorial, que incluirá a totalidade das atividades de pesquisa clínica, biomédica e de saúde pública vinculadas às ciências da saúde, assim como as realizadas nas áreas das ciências humanas, sociais aplicadas, exatas e da terra, agrárias e engenharias e das ciências biológicas que mantenham esta vinculação.
Organização e estrutura da pesquisa em saúde
O sistema de ciência e tecnologia em saúde é composto por diversos atores e instituições públicas e privadas. Na gestão pública federal estão incluídas as ações desenvolvidas por três ministérios e suas instituições ou agências vinculadas aos mesmos: 
a) Ministério da Saúde, responsável pela implementação, monitoramento e avaliação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde e da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde;
b) Ministério da Educação, área de ensino superior, em especial a Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes), que coordena e avalia os planos e políticas do sistema nacional de pós-graduação, a formação de recursos humanos (programas de bolsas, auxílios e outros mecanismos) e o acesso à produção científi ca mundial, cabendo-lhe ainda a gestão dos hospitais universitários (pesquisa clínica); 
c) Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), responsável pela consolidação institucional do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, desenvolvimento da infra-estrutura e fomento da pesquisa científica e tecnológica, e promoção da inovação tecnológica nas empresas.
Na gestão pública estadual estão as secretarias estaduais de saúde, de ciência e tecnologia e as fundações de amparo à pesquisa, responsáveis pela implementação das políticas estaduais de pesquisa em saúde. Incluem-se também os setores produtivos público e privado atuantes nas áreas farmacêutica, farmo-química, biotecnológica e de equipamentos e materiais; a comunidade científica, representada pelas universidades e institutos de pesquisa, associações científicas e profissionais, assim como a representação da sociedade civil e os organismos internacionais.
Fonte: Pesquisa em saúde no Brasil/ Texto de difusão técnico-científica do Ministério de Saúde.
Código de Nuremberg 1948: Nuremberg é uma cidade alemã que passa a sediar o Tribunal de Nuremberg, que julgou uma série de crimes de guerra do períododa Segunda Guerra Mundial e crimes de guerra do nazismo. Após a finalização da Segunda Grande Guerra uma série de crimes de guerra vem à tona, alguns deles com a desculpa de serem pesquisas com testes em seres humanos em que os sujeitos eram colocados em risco, ocasionando muitos óbitos. Percebendo isso, surge a primeira codificação denominada Código deNuremberg abordando a ética em pesquisa composta por 10 princípios.
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Declaração de Helsinque: é estabelecida a sua primeira edição em 1964, decorrente da Associação Médica Mundial com a ideia de que existiam falhas no Código de Nuremberg. Essa declaração surgiu na Finlândia mas teve várias revisões posteriormente em que a Associação Médica Mundial se reuniu. A sétima revisão, de 2013, ocorreu no Brasil. Por ser uma declaração extensa, veremos as partes mais importantes. A Declaração de Helsinque apresenta sempre uma introdução, na qual conclama as responsabilidades da missão do médico, e busca diferenciar a pesquisa médica que tem como objetivo essencial o diagnóstico ou a terapia para um paciente, da pesquisa médica puramente científica e sem um valor direto diagnóstico ou terapêutico para a pessoa sujeita à pesquisa.  Após a introdução, a Declaração apresenta seus princípios básicos, onde expõe a responsabilidade e as precauções que devem ser tomadas na pesquisa envolvendo seres humanos, salientando os riscos e a avaliação das consequências.
Legislação Brasileira: regulamenta a pesquisa com seres humanos no Brasil.
Comitê de Ética em Pesquisa: As primeiras normas brasileiras sobre a ética nas pesquisas com seres humanos surgiram em 1988 quando o Conselho Nacional de Saúde publicou a Resolução CNS n° 01/88. Essa primeira codificação foi considerada importante mas bastante frágil, com lacunas dentro da sua composição. Por conta dessas lacunas, após sete anos de aplicação, essas normas foram atualizadas por um grupo de trabalho integrado por representantes de vários segmentos sociais e profissionais. Desse amplo e complexo processo resultou a aprovação das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas em Seres Humanos pela Resolução CNS n°196/96. Com isso, houve uma explosão de criação de comitês de ética em pesquisa nas instituições de ensino e pesquisa. A Resolução CNS 196/96 constitui um marco de referência e um instrumento de importância básica para o cumprimento dessas atribuições. Foi atualizada pela Resolução CNS 466/2012.
A presente resolução fundamenta-se nos principais documentos internacionais que emanaram declarações e diretrizes sobre pesquisas que envolvem seres humanos. Esta resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado
Adequar o suporte para o cumprimento de sua função de harmonizar os interesses da pesquisa com a proteção de saúde da população. A pesquisa pode ser retratada como atividade que desenvolve e contribui para o conhecimento generalizável (teoria, relações ou princípios).
· Pesquisador: diante das várias ferramentas do conhecimento, o pesquisador necessita ter uma visão atualizada e abrangente, que faça técnicas e comportamentos agirem em forças aliadas.
· Pesquisador responsável: responsável pela coordenação e realização da pesquisa, integridade e bem estar do sujeito da pesquisa.
· Promotor: indivíduo ou instituição responsável pela promoção da pesquisa (FORP).
· Patrocinador: pessoa física ou jurídica que dá apoio financeiro à pesquisa (FAPESP, CAPES, CNPq).
· Riscos da pesquisa: danos físicos, psíquicos, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais.
· Dano associado ou recorrente: agravo imediato ou tardio, ao indivíduo ou à coletividade, com nexo causal comprovado, direto ou indireto, decorrente do estudo científico.
· Sujeito da pesquisa: Participante pesquisado, individual ou coletivamente, de caráter voluntário, vedada remuneração.
· Consentimento Livre e Esclarecido: Aquiescência do sujeito da pesquisa e/ou representante legal, formulada em um TERMO (TCLE), autorizando sua participação voluntária na pesquisa. Esse documento implica em respeito ao ser humano, confidencialidade de dados, privacidade, autonomia, beneficência, não maleficência e justiça.
· Indenização: cobertura material, em reparação a dano imediato ou tardio, causados ao sujeito da pesquisa.
· Comitê de ética em pesquisa:  analisar os protocolos de pesquisa, ensaios e estudos com seres humanos em todas as áreas do conhecimento. Fundamenta-se em importantes documentos internacionais de onde emanam declarações e diretrizes sobre as pesquisas envolvendo seres humanos.
III - DOS ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender aos fundamentos éticos e científicos pertinentes.
III.1 - A eticidade da pesquisa implica em:
a) respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida;
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos;
c) garantia de que danos previsíveis serão evitados; e
d) relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária.
III.2 - As pesquisas, em qualquer área do conhecimento envolvendo seres humanos, deverão observar as seguintes exigências:
a) ser adequada aos princípios científicos que a justifiquem e com possibilidades concretas de responder a incertezas;
b) estar fundamentada em fatos científicos, experimentação prévia e/ou pressupostos adequados à área específica da pesquisa;
c) ser realizada somente quando o conhecimento que se pretende obter não possa ser obtido por outro meio;
d) buscar sempre que prevaleçam os benefícios esperados sobre os riscos e/ou desconfortos previsíveis;
e) utilizar os métodos adequados para responder às questões estudadas, especificando-os, seja a pesquisa qualitativa, quantitativa ou quali-quantitativa;
f) se houver necessidade de distribuição aleatória dos participantes da pesquisa em grupos experimentais e de controle, assegurar que, a priori, não seja possível estabelecer as vantagens de um procedimento sobre outro, mediante revisão de literatura, métodos observacionais ou métodos que não envolvam seres humanos;
g) obter consentimento livre e esclarecido do participante da pesquisa e/ou seu representante legal, inclusive nos casos das pesquisas que, por sua natureza, impliquem justificadamente, em consentimento a posteriori;
h) contar com os recursos humanos e materiais necessários que garantam o bem-estar do participante da pesquisa, devendo o(s) pesquisador(es) possuir(em) capacidade profissional adequada para desenvolver sua função no projeto proposto;
i) prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteção da imagem e a não estigmatização dos participantes da pesquisa, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de autoestima, de prestígio e/ou de aspectos econômico-financeiros;
j) ser desenvolvida preferencialmente em indivíduos com autonomia plena. Indivíduos ou grupos vulneráveis não devem ser participantes de pesquisa quando a informação desejada possa ser obtida por meio de participantes com plena autonomia, a menos que a investigação possa trazer benefícios aos indivíduos ou grupos vulneráveis;
k) respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos, como também os hábitos e costumes, quando as pesquisas envolverem comunidades;
l) garantir que as pesquisas em comunidades, sempre que possível, traduzir-se-ão em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer sentirapós sua conclusão. Quando, no interesse da comunidade, houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de costumes ou comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para comunicar tal benefício às pessoas e/ou comunidades;
m) comunicar às autoridades competentes, bem como aos órgãos legitimados pelo Controle Social, os resultados e/ou achados da pesquisa, sempre que estes puderem contribuir para a melhoria das condições de vida da coletividade, preservando, porém, a imagem e assegurando que os participantes da pesquisa não sejam estigmatizados;
n) assegurar aos participantes da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa;
o) assegurar aos participantes da pesquisa as condições de acompanhamento, tratamento, assistência integral e orientação, conforme o caso, enquanto necessário, inclusive nas pesquisas de rastreamento;
p) comprovar, nas pesquisas conduzidas no exterior ou com cooperação estrangeira, os compromissos e as vantagens, para os participantes das pesquisas e para o Brasil, decorrentes de sua realização.
Nestes casos deve ser identificado o pesquisador e a instituição nacional, responsáveis pela pesquisa no Brasil. Os estudos patrocinados no exterior também deverão responder às necessidades de transferência de conhecimento e tecnologia para a equipe brasileira, quando aplicável e, ainda, no caso do desenvolvimento de novas drogas, se comprovadas sua segurança e eficácia, é obrigatório seu registro no Brasil;
q) utilizar o material e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento do participante;
r) levar em conta, nas pesquisas realizadas em mulheres em idade fértil ou em mulheres grávidas, a avaliação de riscos e benefícios e as eventuais interferências sobre a fertilidade, a gravidez, o embrião ou o feto, o trabalho de parto, o puerpério, a lactação e o recém-nascido;
s) considerar que as pesquisas em mulheres grávidas devem ser precedidas de pesquisas em mulheres fora do período gestacional, exceto quando a gravidez for o objeto fundamental da pesquisa;
t) garantir, para mulheres que se declarem expressamente isentas de risco de gravidez, quer por não exercerem práticas sexuais ou por as exercerem de forma não reprodutiva, o direito de participarem de pesquisas sem o uso obrigatório de contraceptivos; e
u) ser descontinuada somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS que a aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício de seus participantes.
III.3 - As pesquisas que utilizam metodologias experimentais na área biomédica, envolvendo seres humanos, além do preconizado no item III.2, deverão ainda:
a) estar fundamentadas na experimentação prévia, realizada em laboratórios, utilizando-se animais ou outros modelos experimentais e comprovação científica, quando pertinente;
b) ter plenamente justificadas, quando for o caso, a utilização de placebo, em termos de não maleficência e de necessidade metodológica, sendo que os benefícios, riscos, dificuldades e efetividade de um novo método terapêutico devem ser testados, comparando-o com os melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos atuais. Isso não exclui o uso de placebo ou nenhum tratamento em estudos nos quais não existam métodos provados de profilaxia, diagnóstico ou tratamento;
c) utilizar o material biológico e os dados obtidos na pesquisa exclusivamente para a finalidade prevista no seu protocolo, ou conforme o consentimento dado pelo participante da pesquisa; e
d) assegurar a todos os participantes ao final do estudo, por parte do patrocinador, acesso gratuito e por tempo indeterminado, aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e terapêuticos que se demonstraram eficazes:
d.1) o acesso também será garantido no intervalo entre o término da participação individual e o final do estudo, podendo, nesse caso, esta garantia ser dada por meio de estudo de extensão, de acordo com análise devidamente justificada do médico assistente do participante.
Fonte: Pesquisa em saúde no Brasil: contexto e desafios/ Reinaldo Guimarães

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