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Direito Processual Penal I - Roberto Gomes 2021.1

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1 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I 1 – ROBERTO GOMES 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
O processo penal é o mecanismo/instrumento de aplicação do Direito Penal, que ocorre 
através de uma sucessão de atos jurídicos. Procedimento é a forma e o modo que esses 
atos seguem para chegar ao ato final. O procedimento é a fase externa do processo. 
O Direito Penal corresponde ao conjunto normativo que regula as relações travada entre 
pessoas, disciplinando condutas obrigadas e vedadas. É importante notar o uso da 
expressão “pessoas”, visto que, além de alcançar pessoas físicas, excepcionalmente o 
Direito Penal alcança pessoas jurídicas, por exemplo, quando se está diante de fatos 
ambientais. Portanto, existe uma responsabilização penal das pessoas jurídicas. A 
Constituição Federal amplia a responsabilização da pessoa jurídica para outras áreas, como 
crimes contra ordem econômica, economia popular, etc. 
Art. 225, §3º, CF. As condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções 
penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
STJ e STF já fecharam posicionamento de que, no que se refere à responsabilização das 
pessoas jurídicas, elas precisam estar, além de previstas constitucionalmente, 
implementadas em sede infraconstitucional. Na área ambiental, a Lei 9.605/98, 
implementa em sede infraconstitucional a responsabilização penal das pessoas jurídicas. 
Em sede não ambiental, não há ainda previsão infraconstitucional, o que impede a 
responsabilização penal nos crimes contra a ordem econômica e contra a economia 
popular. 
BEM JURÍDICO PENAL: Bem é tudo aquilo que acalenta e dá completude à condição humana. 
Quando o bem ganha relevância econômica e social, que merece a proteção do grupo, se 
qualifica na condição de bem jurídico. Nem todo bem é bem jurídico, assim como nem 
todo bem jurídico é um bem jurídico penal. O Direito Penal tem a característica de ser 
insular, alcançando os bens de maior relevância social, que merecem uma dupla proteção. 
As leis penais regulam as condutas das pessoas, de modo a inibir que se tenha um 
desrespeito aos bens jurídicos penais. De certo modo, o Direito Penal se protege, pois a 
violação ao sistema penal faz com que a sanção penal aconteça, o que fortalece a ideia 
desse sistema como forma de pacificação social. 
 
1 TÁVORA, Nestor. ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 2016. 11ª 
Edição. Editora JusPODIVM 
DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal: Volume único. 2020, 8ª Edição. Rev., ampl. 
e atual – Salvador. Editora JusPODIVM 
 
 2 
O Código Penal descreve condutas que são vedadas, e caso o cidadão pratique alguma 
dessas condutas, estará incorrendo em um ilícito, ao qual recairá a sanção penal. Há 
também tipos incriminadores de condutas obrigatórias, como a omissão de socorro, e tipos 
penais conceituais, como o art. 327, CP, que descreve o conceito de funcionário público. 
Os tipos penais são descrição de condutas, que uma vez descritas, geram para o Estado, a 
possibilidade de alcançar aquela pessoa que praticou determinada conduta caracterizada 
como ilícito penal. Funciona como um instrumento de força para o Estado, ao mesmo 
tempo que funciona como garantia ao indivíduo e, consequentemente, limitador do 
arbítrio estatal. 
Cria-se o tipo penal, mas por um instrumento normativo específico, por lei em sentido 
estrito (reserva legal) advinda do poder legislativo federal. A Constituição Federal, todavia, 
permite a criação de lei penal de âmbito local, em questões específicas, apesar de não ser 
um instituto utilizado. 
Art. 22, parágrafo único, CF. Lei complementar 
poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
Direito Penal Subjetivo é a capacidade que tem o Estado de criar o Direito Penal, é a 
capacidade de legislar sobre matéria penal. Quando o Estado exerce essa capacidade, faz 
nascer o Direito Penal Objetivo, que é a positivação/criação do Direito Penal. Esse Direito 
Penal se impõe sobre as pessoas, que quando praticam uma conduta que se enquadra no 
tipo penal, surge para o Estado novamente a capacidade subjetiva do Direito Penal, mas a 
de aplicá-lo ao caso concreto. Mas aplica o direito penal objetivo, ou seja, as sanções. 
Assim, quando acontece uma conduta violadora do sistema penal, nasce o ius puniendi, ou 
seja, o dever do Estado de punir aquele cidadão que a praticou. Desse dever, surge outro, 
o ius persequendi, que é o dever do Estado da persecução penal. Dessa forma, o Estado 
deve reunir elementos indiciários/probatórios para entregar ao judiciário, de modo que o 
estado jurídico daquele cidadão mude ou não (de inocente para culpado). 
PROCESSO PENAL: Nesse sentido, segundo a doutrina, o processo penal é o conjunto 
normativo que regula a persecução penal; cuida de estruturar os meios para que o Estado 
possa aplicar o Direito Penal ao caso concreto. Há de se perceber que o processo penal 
cuida da persecução penal regulando também os mecanismos de contraposição à 
persecução. 
O processo penal tem a função de ser pacificador social, pois ao instrumentalizar a 
aplicação do Direito Penal ao caso concreto, há a correção da incerteza sobre a existência 
ou não de um fenômeno jurídico penal. Essa solução traz uma certeza fática ou jurídica a 
respeito daquela situação, atendendo aos fins da pena. Busca-se, portanto, a prevenção do 
crime e que aquele indivíduo seja retirado daquele grupo social para que ele se ressocialize. 
Ao reconhecer que o fato existiu e a pena é cabível, o Estado está solucionando a situação 
para que a sociedade não ela resolva. 
 3 
Conclui-se que esse processo penal ao mesmo tempo que é um instrumento de força e 
poder, que dá instrumentos para a persecução, é submetido a limites (legislativos, 
sistêmicos), no qual não se pode fazer a ninguém algo que não esteja previamente descrito 
pelo legislador. 
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL: 
Autonomia: O direito processual não é submisso ao direito material, isto porque tem 
princípios e regras próprias e especializantes. O direito processual penal é um ramo 
independente do Direito. 
Instrumentalidade: É o meio para fazer atuar o direito material penal, consubstanciando 
o caminho a ser seguido para a obtenção de um provimento jurisdicional válido. Em outros 
termos, como aduz Rubens Casara, o processo penal surge “como resposta à exigência de 
racionalidade da aplicação do direito material”, vale dizer, como instrumento, o processo 
criminal é garantia de provimento penal racional. 
Normatividade: É uma disciplina normativa, de caráter dogmático, inclusive com 
codificação própria. 
LIMITES NO PROCESSO PENAL 
É o processo penal que permite o Estado exercer o ius puniendi. 
“Justa causa”, que compreende as condições de existência da ação penal, traduz uma forma 
de limitação do processo penal. Para se iniciar um inquérito deve estar presente a justa 
causa e, consequentemente, os elementos que a compõe: indícios de autoria e prova da 
existência do fato supostamente delituoso (não da materialidade do fato). 
FINALIDADE DO PROCESSO PENAL 
No que tange à finalidade do direito processual penal, ela pode ser dividida em mediata e 
imediata: aquela diz respeito à própria pacificação social obtida com a solução do conflito, 
enquanto a última está ligada ao fato de que o direito processual penal viabiliza a aplicação 
do direito penal, concretizando-o. 
INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO PENAL 
Aplicação subsidiária do processo civil ao processo penal: A corrente majoritária entende 
que não é possível essa analogia subsidiária. Defendia-se que o processo civil buscava uma 
verdade real, enquanto que no processo penal essa questão era controversa. Todavia, até 
mesmo no processo civil essa questão da verdade real vem sendo discutida e 
desconsiderada, entendendopela verdade possível. 
Crítica de Aury Lopes Jr. – A verdade na decisão é um mito, não só porque a noção de 
verdade é excessiva, mas porque a atribuição do adjetivo real a um evento passado é 
impossível, pois aquele está vinculado à ideia de presente (o crime é, necessariamente, um 
fato da história, a ser reconstruído no processo). 
 4 
Segundo doutrina de Nestor Távora, a interpretação da lei processual corresponde à 
aplicação da lei processual em determinado momento. Quanto à origem ou ao sujeito que 
realiza a interpretação do direito, a doutrina separa em autêntica ou legislativa àquela 
realizada pelo próprio legislador que, através de outro texto de lei, faz os esclarecimentos 
necessários sobre determinado assunto; doutrinária ou científica àquela realizada pelos 
estudiosos do Direito; e judicial ou jurisprudencial àquela interpretação conferida pelos 
juízes ou tribunais. 
Quanto ao modo ou meios empregados, a doutrina entende a interpretação dividida em 
literal, teleológica, lógica, histórica e sistemática. A interpretação literal é a forma mais 
simples de interpretar, visto que se leva em conta o texto literal da lei. A teleológica é 
aquela que busca a finalidade da norma, a vontade da lei. Já a lógica se vale de regras de 
raciocínio e conclusão para compreender o espírito da lei. A interpretação histórica analisa 
o contexto da votação do diploma legislativo. E, por fim, a sistemática leva em conta a 
norma como integrante de um ordenamento jurídico como um todo. 
A última classificação trazida por Távora é quanto ao resultado. Assim, a interpretação 
pode ser declarativa, quando há uma exata correspondência entre o texto da lei e aquilo 
que ela desejou externar; restritiva, quando a norma é mais ampla e cabe ao intérprete 
restringir o seu alcance; extensiva, quando o texto da lei ficou aquém do desejado, sendo 
necessário ampliar o seu alcance; e progressiva, quando cabe ao intérprete a atualização 
dos diplomas normativos para dar efetividade à norma não trabalhada ou não 
modernizada pelo legislador. 
FONTES DO DIREITO 
É tudo aquilo de onde provém um preceito jurídico, é a origem do próprio direito. 
A fonte material é aquela que elabora a norma. A fonte formal ou de cognição é aquela que 
revela a norma. Esta última divide-se em imediata/direta, que são as leis e os tratados, e 
mediatas/indiretas/supletivas que se desdobram em costumes e princípios gerais do 
Direito. Os costumes correspondem às regras de condutas praticadas de modo geral, 
constante e uniforme, com a consciência de sua obrigatoriedade. Os princípios gerais do 
direito são premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento jurídico em geral. 
APLICAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 
A lei processual penal, uma vez inserida no mundo jurídico, tem aplicação imediata, 
atingindo inclusive os processos que estão em curso, pouco importando se traz ou não 
situação gravosa ao imputado. Em razão do princípio tempus regit actum, os atos 
anteriores continuam válidos. Há de ser respeitado também o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada. 
Segue o legislador, portanto, o sistema do isolamento dos atos processuais, dentro os três 
possíveis, quais sejam: o sistema da unidade processual, o sistema das fases processuais e 
o sistema do isolamento dos atos processuais. Segundo o primeiro sistema, o processo só 
 5 
pode ser regulado por uma única lei, assim, a lei nova não se aplica ao processo já iniciado. 
O sistema das fases processuais, por sua vez, entende que as fases processuais de um 
mesmo processo podem ser reguladas por leis distintas promulgadas sucessivamente no 
tempo. Por fim, para o sistema do isolamento dos atos processuais, os atos praticados sob 
a vigência da lei anterior são perfeitos, enquanto os atos ainda não praticados devem ser 
editados consoante a lei nova, de forma integral. 
A situação de lei híbrida, hipótese em que pode surgir o fenômeno das normas 
heterotópicas, é que causa certa dúvida. Segundo Nestor Távora, deve prevalecer o aspecto 
penal do enunciado. Assim, se for benéfico, a lei será aplicada às infrações ocorridas antes 
de sua vigência. Já se a parte penal foi maléfica, a nova norma não terá nenhuma incidência 
aos crimes ocorridos antes de sua vigência e o processo iniciado, todo ele, será regido pelos 
preceitos processuais previstos na lei antiga. 
A doutrina de Renato Brasileiro completa esse tema ao trazer a analogia para demarcar a 
distinção entre o Direito Penal e o Processo Penal. A aplicação analógica a que se refere o 
art. 3º, CPP, pode ser definida como uma forma de autointegração da norma, consistente 
em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso 
semelhante. Esse dispositivo admite o emprego de analogia para a lei processual penal, 
todavia, na hipótese de estar diante de uma norma processual mista versando sobre a 
pretensão punitiva, não se pode admitir o emprego da analogia em prejuízo do acusado. 
Exemplo de situação de lei híbrida diz respeito à Lei n. 9.271/96, que conferiu nova redação 
ao art. 366 do CPP, qual seja: 
Art. 366, CPP. Se o acusado, citado por edital, não 
comparecer, nem constituir advogado, ficarão 
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, 
podendo o juiz determinar a produção antecipada das 
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar 
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
Esse dispositivo passou então a contemplar regras de direito processual, ao tratar da 
suspensão do processo, e de direito material, no que tange à suspensão da prescrição, 
gerando polêmica quanto à aplicação imediata da lei aos processos em andamento na 
época. Nesse sentido, surgiram três posições: a primeira defendia que o artigo 366 teria 
aplicação aos processos em curso na época, tanto no que se refere à suspensão do processo 
como à suspensão da prescrição; a segunda corrente defendia que seria possível a aplicação 
imediata da norma processual referente à suspensão do processo, mas não haveria, em 
relação aos fatos anteriores, a suspensão do prazo prescricional; e para o terceiro 
posicionamento, não haveria aplicação imediata, só sendo atingidos pela nova lei os fatos 
cometidos após sua vigência. No STF e no STJ prevaleceu a última posição, por entender 
que a nova lei que prevê a suspensão da prescrição é mais gravosa e não poderia retroagir 
para incidir sobre fatos anteriores. 
 
 6 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
A aplicação da lei processual segue a lógica do locus regit actum, ou seja, aplica-se a todos 
os processos em trâmite no território nacional. Essa matéria está disposta no art. 1º, CPP, 
dispositivo este que traz a possibilidade, excepcional, de incidência de outros diplomas 
normativos. 
Art. 1o, CPP. O processo penal reger-se-á, em todo o 
território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - Os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional; 
Dessa forma, o inciso I do dispositivo supracitado, trata da hipótese de exclusão da 
jurisdição pátria em atenção aos tratados, convenções e regras de direito internacional. 
Assim, como acontece com a imunidade diplomática, as infrações ocorridas no Brasil não 
serão julgadas em território nacional, mas sim nos respectivos países dos agentes 
diplomático, sendo aplicada suas respectivas leis materiais. 
II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos 
ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade; 
O inciso II, por sua vez, trata da jurisdição política no que tange aos crimes de 
responsabilidade. Lei 8.038/90 – Institui normas procedimentais para os processos que 
especifica, perante o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça. 
III - Os processos da competência da Justiça Militar;IV - Os processos da competência do tribunal especial 
O inciso III trata da Justiça Especializada Militar, que tem codificação própria tanto na 
esfera material quanto na processual. O inciso IV faz menção ao antigo Tribunal de 
Segurança Nacional, que não existe mais e não foi recepcionado pela Constituição Federal 
de 1988, passando os crimes contra a segurança nacional a serem previstos na Lei n. 
7.170/83, de competência da Justiça Federal. 
V - Os processos por crimes de imprensa. 
Por último, o inciso V diz respeito aos crimes de imprensa, que estavam disciplinados na 
Lei n. 5.250/67. O STF, apreciando a ADPF n. 130-7 declarou não recepcionada a referida 
lei, passando esses crimes a serem disciplinados no Código Penal e no Código de Processo 
Penal. 
Lei penal híbrida, parte de direito material e parte de direito processual – Se a parte da lei 
de direito material for maléfica ao réu (ex.: aumentar a pena mínima do crime), não será 
aplicável. Porém, se somente a parte processual o for (ex.: lei nova que suprime um 
 7 
recurso), nada impedirá sua aplicação. Caso traga alguma alteração benéfica, em qualquer 
das partes – material ou processual, poderá ser aplicada. 
Uma posição minoritária da doutrina (Paulo Queiroz e Antônio Vieira) defende que, 
mesmo com a separação didática do Direito Penal em substantivo (que trata das 
regulações de conduta) e adjetivo (matéria processual), deve-se lê-lo com um só. Portanto, 
o princípio da anterioridade aplicar-se-ia tanto para a lei que verse sobre direito penal 
material quanto àquela que versa sobre direito penal processual, sendo o art. 2º 
incompatível com a Constituição Federal. 
SISTEMAS PROCESSUAIS 
SISTEMA INQUISITIVO OU INQUISITÓRIO 
Caracterizado pela inexistência de contraditório e de ampla defesa, com concentração das 
funções de acusar, defender e julgar em uma figura única (juiz – posição hierarquicamente 
superior às partes, não havia preocupação com a imparcialidade). O procedimento é 
escrito e sigiloso, com o início da persecução, produção da prova e prolação de decisão 
pelo magistrado. 
O que se vê é a mitigação de direitos e garantias individuais, em favor de um pretenso 
interesse coletivo de ver o acusado punido, em um processo célere. Assim, o réu é somente 
um objeto da persecução, se sujeitando de forma absoluta ao processo. 
Considera-se possível a descoberta de uma verdade real absoluta e, portanto, admite-se 
uma ampla atividade probatória, quer em relação ao objeto do processo, quer em relação 
aos meios e métodos para a descoberta da verdade. 
O CPP de 1941 seguiu essa linha, inspirado no Código Rocco Italiano, de inspiração fascista. 
Assim, centralizou no juiz a gestão da prova, permitindo-lhe iniciar ação penal através de 
procedimento judicialiforme (ex officio), controlar a função investigatória e modificar a 
capitulação dada ao fato imputado pelo Ministério Público e tomar a iniciativa para dar 
novo enquadramento jurídico ao fato narrado. 
SISTEMA ACUSATÓRIO 
É o sistema adotado no Brasil do acordo com o modelo trazido pela Constituição Federal 
de 1988. As funções de acusar, defender e julgar são conferidas a personagens distintos. Os 
princípios do contraditório, ampla defesa e publicidade regem todo o processo, o órgão 
julgador é dotado de imparcialidade e o sistema de apreciação de provas é o do livre 
convencimento motivado. O princípio da verdade real do sistema inquisitório é 
substituído pelo princípio da busca da verdade. 
Por este sistema, deve o magistrado abster-se de promover atos de ofício na fase 
investigatória e na fase processual, atribuição esta que deve ficar a cargo das autoridades 
policiais, do Ministério Público e das partes. 
 
 8 
SISTEMA MISTO 
Caracteriza-se por uma instrução preliminar, secreta e escrita, a cargo do juiz, com poderes 
inquisitivos, no intuito da colheita de provas; e por uma fase contraditória em que se dá o 
julgamento, admitindo-se o exercício da ampla defesa e de todos os direitos dela 
decorrentes. 
Encontrados nos países europeus. Tenta compatibilizar a ideia de um processo acusatório, 
no qual o indivíduo atua como sujeito no processo, com a do processo inquisitorial, que 
busca a eficiência entregando a um persecutor o papel de reunir de provas. 
Na fase judicial, há dois momentos: (1) momento inquisitorial – entrega-se ao juiz o papel 
de ser um persecutor, além da condição de julgador; (2) fase acusatória – há um diálogo 
entre as partes. 
SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL 
Adota-se aqui o sistema acusatório específico, sendo denominado como sistema 
acusatório impuro, com resquícios do sistema inquisitorial, justamente pela fase 
investigativa do processo. 
Segundo Nestor Távora, o Brasil não adota o sistema acusatório puro, mas sim o não 
ortodoxo, pois o magistrado não é um espectador estático na persecução tendo, ainda que 
excepcionalmente, iniciativa probatória, por exemplo. 
ART. 3º-A, CPP – MODIFICADO PELO PACOTE ANTICRIME 
Art. 3º-A, CPP. O processo penal terá (1) estrutura 
acusatória, (2) vedadas a iniciativa do juiz na fase de 
investigação e a substituição da atuação probatória do 
órgão de acusação. 
Esse dispositivo surge com o Pacote Anticrime, em 2019, mas está com sua eficácia 
suspensa devido à uma liminar dada pelo ministro Luís Fux. 
(1) Apesar de a Constituição Federal entender que o Brasil adota o sistema acusatório, 
sendo essa a interpretação do STF, legislações infraconstitucionais entendem pela adoção 
do sistema inquisitivo. Esse artigo do CPP, ao invés de esclarecer essa questão, abre ainda 
para discussões ao colocar que o processo penal terá estrutura acusatória, ao invés de 
definir que adota propriamente o sistema acusatório. 
(2) O juiz não é o investigador, só deve avaliar a legalidade. 
O art. 3º-A revoga os demais artigos ou convive com estes? Se conviver com os demais, há 
uma contradição, visto que estes permitem ao juiz um papel acusador, de intervenção no 
processo. 
Art. 3º-B até o art. 3º-F, também com a eficácia suspensa, dispõem que o juiz que ajuda nas 
garantias não pode ser o juiz do processo. 
 9 
JUIZ DAS GARANTIAS – LEI 13.964/2019 
Art. 3º-B, CPP. O juiz das garantias é responsável pelo 
controle da legalidade da investigação criminal e pela 
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia 
tenha sido reservada à autorização prévia do Poder 
Judiciário, competindo-lhe [...] 
O juiz das garantias é o responsável pelo controle da investigação criminal e pela 
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização 
prévia do Poder Judiciário. Consiste em uma nova espécie de competência funcional por 
fase do processo. 
Atuaria apenas na fase investigativa, sendo responsável para impedir ilegalidades. A 
decisão não vincula o juiz do processo. 
DECISÃO DO MINISTRO DIAS TOFFOLI: 
Suspende a eficácia do art. 3-D, parágrafo único, e suspende a implementação do instituto 
do Juiz das Garantias em um prazo de até 180 dias (a contar da publicação de sua decisão). 
Art. 3º-D, CPP. O juiz que, na fase de investigação, 
praticar qualquer ato incluído nas competências dos 
arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar 
no processo. 
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar 
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de 
rodízio de magistrados, a fim de atender às 
disposições deste Capítulo. 
O Ministro ainda fala em sua decisão que não há vício de iniciativa, porque ele não versa 
sobre a estruturação do Poder Judiciário, já que não cria novos cargos, nem novos órgãos, 
apenas reorganiza a competência funcional dos juízes, e isso é matéria de Dir. Processual 
Penal. 
Por fim, afirma que o juiz das garantias não se aplicará em quatro casos: 
(1) Para os órgãos colegiados, com o fundamento de que aquela imparcialidade que se 
busca para o juiz já está assegurada nos tribunais (para aqueles processos que já começa 
nos tribunais colegiados).(2) O mesmo fundamento foi utilizado para o Tribunal do Júri, que também é um “órgão 
colegiado” já sendo assegurado a imparcialidade do juiz. 
(3) Quanto ao âmbito da violência doméstica e familiar para a mulher, fundamentou que 
esses processos tem sua particularidade, com dinâmica própria, e seria contraproducente 
o juiz que participou da fase de investigação não atuar na fase do processo, porque 
desconheceria a dinâmica que se desenvolveu aquela investigação (que se desenvolver sem 
o contraditório). 
 10 
O professor Fábio Roque discorda do fundamento, pois vai de encontro com o propósito 
basilar do instituto, qual seja a descontaminação do juiz. Além do mais, a própria lei é 
categórica ao dizer que o juiz das garantias se aplicaria a todos os juízos. 
(4) Quantos os processos criminais da justiça eleitoral, justifica sua decisão sobre a 
estrutura da justiça eleitoral, que não possui estrutura suficiente para a implementação. 
REGRAS DE TRANSIÇÃO - Para os processos que já estavam em andamento: O juiz que 
atua na fase de investigação não está impedido para atuar na fase processual. 
Para as investigações que estão em andamento: O juiz que está atuando na fase de 
investigação, não poderá atuar na fase de processo, já funcionando como o juiz das 
garantias. 
DECISÃO DO MINISTRO LUIS FUX: 
O Ministro suspendeu todo o art. 3º e, consequentemente, a implementação do Juiz das 
Garantias sem prazo determinado, até que a medida cautelar seja revista pelo plenário. 
Isto porque, ao contrário do que diz Dias Toffoli, o Ministro Luiz Fux mexe na organização 
do Poder Judiciário e, portanto, só poderia ser aprovada mediante iniciativa do próprio 
Judiciário. 
O outro fundamento foi de que necessitaria dotação orçamentária e, como não havia 
previsão da dotação orçamentária isso violaria o art. 169 da CF e também o art. 99 da CF 
(que outorga a autonomia financeira ao Poder Judiciário). Assim, para o Ministro Luís Fux 
o juiz das garantias é inconstitucional por vício de iniciativa e também por afronta a 
dispositivo constitucional que trata de questões orçamentárias. 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
São as bases de sustentação de um microssistema jurídico, de forma a garantir o equilíbrio 
entre as controvérsias (indivíduo lutando para preservar a sua liberdade de um lado, e o 
Estado buscando elementos persecutórios para exercer o ius puniendi ao caso, de outro). 
Os princípios devem ser entendidos como elementos nucleares e fundantes desse 
microssistema jurídico, são os vetores de aplicação e interpretação do processo penal. 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO 
Objetiva-se, com esse princípio, evitar a procrastinação indeterminada de uma persecução 
estigmatizadora e cruel, que simboliza, no mais das vezes, verdadeira antecipação de pena. 
Almeja-se evitar dilações processuais indevidas, criando-se uma espécie de tempo virtual, 
como parâmetro para a extensão do processo. 
Assim, o legislador estabeleceu em lei limites para o elastério da instrução: 60 dias no 
procedimento comum ordinário (art. 400, CPP) e 90 dias para o encerramento da primeira 
fase do júri (art. 412, CPP). Ademais, a Lei n. 12.850/2013 estabeleceu o prazo máximo de 
120 dias para o encerramento da instrução quando o réu estiver preso, prazo este 
 11 
prorrogável por até igual período por decisão motivada pela complexidade da causa ou por 
fato procrastinatório atribuível ao réu. 
Art. 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação. 
O tempo do processo deve ser visto como garantia e não como meta. O processo deve 
demorar exatamente o tempo necessário para atender a sua finalidade de resolver o 
conflito com justiça. 
VEDAÇÃO DA DUPLA PUNIÇÃO PELO MESMO FATO 
Também conhecido como ne bis in idem, esse princípio significa que não se pode processar 
alguém duas vezes com base no mesmo fato, impingindo-lhe dupla punição. Está 
relacionado ao princípio da segurança jurídica, constituindo um elemento limitador do 
poder punitivo do Estado. Outro aspecto inerente a este princípio consiste na proibição 
de que o mesmo fato concreto seja subsumido a mais de uma norma penal incriminadora. 
INICIATIVA DAS PARTES OU INÉRCIA 
Também conhecido como ne procedat judex ex officio, significa que, sendo a jurisdição 
inerte, cabe às partes a provocação do Judiciário, exercendo o direito de ação no intuito de 
obtenção do provimento jurisdicional. 
A partir da Constituição de 1988, a titularidade da ação penal foi conferida privativamente 
ao Ministério Público, admitindo-se, nos casos previstos, a iniciativa privada. 
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Assegura a possibilidade de revisão das decisões judicial, através do sistema recursal, no 
qual as decisões do juízo a quo podem ser reapreciadas pelos tribunais. Esse princípio não 
está contemplado na Constituição, haja vista que processos existem sem que esse duplo 
grau incida, como os de competência originária do STF. 
DEVIDO PROCESSO 
O devido processo legal é estabelecido em lei, sendo sinônimo de garantia ao atender todos 
os ditames constitucionais. A pretensão punitiva deve perfazer-se dentro de um 
procedimento regular, perante a autoridade competente, tendo por alicerce provas 
validamente colhidas e respeitando o contraditório e a ampla defesa. 
Art. 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade 
ou de seus bens sem o devido processo legal. 
Deve ser analisado em duas perspectivas: processual, que assegura a tutela de bens 
jurídicos por meios do devido procedimento, e material, que reclama uma atuação 
substancialmente adequada, correta e razoável no campo da aplicação e elaboração 
normativa. 
 12 
LEGALIDADE 
Conhecido também como princípio da reserva legal, esse princípio defende que nenhum 
fato pode ser considerado crime e nenhuma penal criminal pode ser aplicada, sem que 
antes desse mesmo fato tenham sido instituídos por lei o tipo delitivo e a pena respectiva, 
constituindo uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades 
individuais. 
Art. 5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que 
o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 
FAVOR DO RÉU – FAVOR LIBERTATIS/IN DUBIO PRO REO 
Esse princípio defende que a dúvida sempre milita em favor do acusado. Mitiga, em parte, 
a isonomia processual, mas é aceitável visto que está se tratando do direito à liberdade do 
indivíduo e dos riscos advindos de eventual condenação equivocada. 
ESTADO DE INOCÊNCIA/PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 
Este princípio foi introduzido expressamente no ordenamento brasileiro com a 
Constituição de 1988 de forma ampla, dispondo como limite da presunção de inocência o 
trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Dessa forma, o reconhecimento da 
autoria de uma infração criminal pressupõe sentença condenatória transitada em julgado, 
e antes deste marco, presume-se a inocência. 
Art. 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória. 
Deste princípio derivam duas regras: a regra probatória (ou de juízo), segundo a qual a 
parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado; e a regra de 
tratamento, segundo a qual ninguém pode ser considerado culpado senão depois de 
sentença com trânsito em julgado, o que impede qualquer antecipação de juízo 
condenatório ou de culpabilidade. 
CONTRADITÓRIO 
Impõe que às partes deve ser dada a possibilidade de influir no convencimento do 
magistrado, oportunizando-se a participação e manifestação sobre os atos que constituem 
a evolução processual. Vai abranger a garantia de influir em processo com repercussão na 
esfera jurídica do agente, independente do polo da relação processual em que se encontre 
(autor ou réu). 
Art. 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo,e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os 
meios e recursos a ela inerentes; 
A doutrina classifica esse princípio em: contraditório real, que corresponde à atuação das 
partes de forma contemporânea à produção de provas, cientificando-lhes previamente 
 13 
para o fim de possibilitar a participação ampla na constituição da prova; e o contraditório 
postergado ou diferido, consistente na ciência das partes posteriormente à produção de 
provas para também posterior manifestação. 
OBS.: No inquérito policial não há de se falar em garantia do contraditório, por ser um ato 
meramente administrativo, da fase pré-processual. 
AMPLA DEFESA 
É garantia somente do acusado, diversamente do contraditório. Deve ser assegurada, 
portanto, a ampla possibilidade de defesa, lançando-se mão dos meios e recursos 
disponíveis e ela inerentes. A defesa se divide em técnica, efetuada por profissional 
habilitado, e autodefesa, realizada pelo próprio imputado. A defesa técnica é sempre 
obrigatória, recebendo respaldo na súmula 523 do STF. 
Súmula n. 523, STF. No processo penal, a falta da defesa 
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o 
anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Ainda seguindo a lógica desse princípio, o Código de Processo Penal prevê a necessidade 
de nomeação de defensor para oferecimento da resposta à acusação quando o acusado não 
a apresentar no prazo legal. 
Art. 396-A, CPP. Na resposta, o acusado poderá arguir 
preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, 
oferecer documentos e justificações, especificar as 
provas pretendidas e arrolar testemunhas, 
qualificando-as e requerendo sua intimação, quando 
necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se 
o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz 
nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe 
vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
Importante a ressalva de que o exercício da ampla defesa está adstrito aos argumentos 
jurídicos a serem invocados pela parte no intuito de rebater as imputações. 
PLENITUDE DE DEFESA 
Estabelecida como garantia própria do Tribunal do Júri. Autoriza a utilização não só de 
argumentos técnicos, mas também de natureza sentimental, social e até mesmo de política 
criminal, no intuito de convencer o corpo de jurados. 
Art. 5º, XXXVIII, a, CF. E reconhecida a instituição 
do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: a plenitude de defesa; 
 
 14 
 
JUIZ NATURAL E VEDAÇÃO A JUÍZO OU TRIBUNAL DE EXCEÇÃO 
Esse princípio consagra o direito de ser processado pelo magistrado competente e a 
vedação constitucional à criação de juízos ou tribunais de exceção, que são aqueles que 
surgem pós-fato para apreciar um determinado caso. 
Art. 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente. 
Art. 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de 
exceção. 
PROMOTOR NATURAL 
Consiste na vedação à designação arbitrária, pela chefia da Instituição, de promotor para 
patrocinar caso específico. Ou seja, promotor natural há de ser aquele previamente 
estatuído em lei. Está relacionado à necessidade de preservação da independência 
funcional e da inamovibilidade dos membros do parquet, de modo a impedir toda e 
qualquer substituição e/ou designação que não atendam a critérios fundados em 
motivações estritamente impessoais. 
IMPARCIALIDADE 
A imparcialidade é entendida como característica essencial do perfil do juiz, que não pode 
ter vínculos subjetivos com o processo de modo a lhe tirar o afastamento necessário para 
conduzi-lo com isenção. É decorrência imediata da vedação do juízo ou tribunal de 
exceção e garante que o processo e a sentença sejam conduzidos pela autoridade 
competente, representando exigência indeclinável no Estado Democrático de Direito. 
A imparcialidade deve ser indicativa de honestidade. Tanto o impedimento como a 
suspeição devem ser reconhecidos ex officio pelo juiz, afastando-se voluntariamente de 
oficiar no processo e encaminhando-o ao seu substituto legal. 
PUBLICIDADE 
Corresponde à garantia de acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso 
do processo. Contudo, o sigilo é admissível quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem. 
Art. 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade 
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou 
o interesse social o exigirem. 
Quanto ao sigilo do conteúdo do ato processual, a publicidade pode ser interna, que é 
aquela que reveste ato cujo conhecimento é privativo das partes ou de sujeitos processuais 
específicos; e externa, que não guarda restrição quanto ao conhecimento público. 
Quanto à voluntariedade do conhecimento do ato, a publicidade será ativa quando 
determinados atos do processo chegarem ao conhecimento do público de forma 
 15 
involuntária; e passiva quando a iniciativa para conhecimento do ato processual é do 
público que vai ao seu encontro para tomar ciência do ato. 
Quanto à acessibilidade do ato processual, a publicidade pode ser imediata, quando a 
publicidade dos atos processuais está disponível a todos, indistintamente; ou mediata, 
quando só se tem como tomar ciência dos atos processuais pela imprensa, certidão ou 
cópia. 
IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ 
O magistrado que conduz a instrução deve, obrigatoriamente, julgar a causa, de modo a 
assegurar o real contato do juiz que irá proferir a sentença com o material probatório 
produzido nos autos. 
Art. 399, §2º, CPP. O juiz que presidiu a instrução 
deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, 
de 2008). 
IMPULSO OFICIAL 
Uma vez iniciado o processo, com o recebimento da inicial acusatória, cabe ao magistrado 
velar para que este chegue ao seu final, impulsionando o andamento do próprio 
procedimento. 
MOTIVAÇÃO 
O juiz é livre para decidir, desde que o faça de forma motivada, sob pena de nulidade 
insanável. Isso porque é a decisão judicial fundamentada é o alicerce necessário para a 
segurança jurídica do caso submetido ao Judiciário. 
Art. 93, IX, CF. Todos os julgamentos dos órgãos do 
Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias 
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em 
casos nos quais a preservação do direito à intimidade 
do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
A fundamentação, no processo penal, deve se apoiar nos elementos produzidos perante o 
contraditório judicial. 
ECONOMIA PROCESSUAL E CELERIDADE PROCESSUAL 
Para o princípio da economia processual, entende-se que se deve buscar a maior 
efetividade, com a produção da menor quantidade de atos possíveis. Juntamente com o 
princípio da celeridade processual, busca-se uma forma de imprimir a rápida solução dos 
conflitos, tendo em mente que a procrastinação desarrazoada colabora com injustiças. 
 16 
Art. 62, Lei 9.099/95. O processo perante o Juizado 
Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, 
simplicidade, informalidade, economia processual e 
celeridade, objetivando, sempre que possível, a 
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação 
de pena não privativa de liberdade. (Redação dada 
pela Lei nº 13.603, de 2018). 
Art. 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILÍCITOS 
Segundo Guilherme de Souza Nucci, os meios ilícitos abrangem não somente os que forem 
expressamente proibidos em lei, mas também os imorais, antiéticos, atentatórios à 
dignidade e à liberdadeda pessoa humana, aos bons costumes e aos princípios gerais do 
Direito. 
A vedação das provas ilícitas também funciona como uma forma de controle da 
regularidade da persecução penal, atuando como fatos de inibição e dissuasão à adoção de 
práticas probatórias ilegais. 
Art. 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as 
provas obtidas por meios ilícitos. 
No momento histórico em que preponderava o sistema inquisitório, condicionado ao 
dogma da verdade real, reputava-se eficaz e válida a prova ilicitamente obtida. 
Posteriormente, passou-se a entender que reconhecida a ilicitude de uma prova, esta não 
poderia ingressar nos autos do processo. Se, eventualmente, isso viesse a acontecer, 
surgiria o denominado direito de exclusão, devendo a prova ilícita ser retirada dos autos. 
Com a Constituição de 1988, se estabeleceu no Brasil a inadmissibilidade das provas 
obtidas por meios ilícitos. Assim, por mais relevantes que sejam os fatos apurados por meio 
das provas obtidas ilicitamente, estas não podem ser admitidas no processo. 
Art. 157, §1º, CPP. São também inadmissíveis as 
provas derivadas das ilícitas, salvo quando não 
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e 
outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas 
por uma fonte independente das primeiras. 
Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada - Provas derivadas das provas ilícitas também são 
consideradas ilícitas. Ex.: Confissão por meio de tortura. 
Art. 157, §2º, CPP. Considera-se fonte independente 
aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de 
 17 
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, 
seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
Fonte independente permite a utilização de provas ilícitas. É possível, em determinado 
caso, que se tenha uma prova produzida de forma ilícita que é aceita no processo. São 
casos em que se comprova que aquela prova fatalmente seria encontrada por meio lícito, 
por meio de praxe policial, mesmo que não tivesse acontecido a ilicitude que levou a 
encontrar aquela prova. 
VERDADE REAL 
O magistrado pauta seu trabalho na reconstrução da verdade dos fatos. Entretanto, essa 
verdade real, em termos absolutos, pode se revelar inatingível. Dessa forma, deve-se busca 
a verdade processual, identificada como verossimilhança, extraída de um processo 
pautado no devido procedimento, com respeito ao contraditório, a ampla defesa, a 
paridade de armas e conduzido por magistrado imparcial. 
INEXIGIBILIDADE DA AUTOINCRIMINAÇÃO – NEMO TENETER SE DETEGERE 
Assegura que ninguém pode ser compelido a produzir provas contra si mesmo. Relaciona-
se com o princípio da presunção de inocência e com o direito ao silêncio assegurado pela 
Constituição. Esse princípio se liga à necessidade de comunicar ao preso, ao indiciado ou 
ao acusado sobre o conteúdo de seus direitos, que constituem o núcleo de garantias 
fundamentais dispostos na Constituição. 
Esse princípio ficou mais conhecido devido às alterações no Código de Trânsito Brasileiro, 
no que tange aos testes de bafômetro e aplicação da Lei Seca. 
IGUALDADE PROCESSUAL 
Denominado também de princípio da paridade de armas, esse princípio consagra o 
tratamento isonômico das partes no transcorrer do processo. É válida a ressalva de que o 
que deve prevalecer é a igualdade material, ou seja, os desiguais devem ser tratados 
desigualmente, na medida de suas desigualdades. Esse princípio ganha força com as 
alterações introduzidas no art. 134 da Constituição, que assegura a autonomia da 
Defensoria Pública. 
Além da outorga de prazos iguais, contraditório e ampla defesa, a paridade de armas impõe 
um poder a mais de o acusado atuar com os mesmos instrumentos garantidos à acusação, 
bem como a admissibilidade de assistente de defesa. 
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Estando presentes os permissivos legais (justa causa), os órgãos incumbidos de persecução 
penal estão obrigados a atuar. Visto que a persecução penal é de ordem pública, não cabe 
juízo de conveniência ou oportunidade. Esse princípio é direcionado ao Ministério 
Público, e não se aplica, via de regra, a ação penal privada [exceção: transação penal]. 
 18 
Se a ação não for proposta, porque os elementos da justa causa não estão presentes ou 
porque há um impeditivo legal, é necessário fundamentar essa escolha por meio de um 
parecer de arquivamento. 
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE MITIGADA Lei 9.099/95 – Institutos despenalizantes, cuja 
finalidade é resolver a questão penal de forma consensual a tornar desnecessário um 
processo penal condenatório que impusesse uma pena ao indivíduo, possibilitando uma 
medida alternativa à privativa de liberdade ao autor da infração em troca do não início do 
processo. 
COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS: Audiência preliminar, perante o Judiciário, antes da 
ação penal. Possibilidade de o suposto autor do fato e a vítima chegarem a um acordo civil, 
que pode ser monetário ou de obrigação de fazer ou não fazer. Crimes de ação penal 
privada (ex.: injúria). 
Há aqui a renúncia do direito de queixa (ação penal privada) ou direito à representação 
(ação penal pública condicionada), que enseja a extinção da punibilidade. Nas ações penais 
públicas incondicionadas, ainda que tenha sido celebrado o acordo, não haverá extinção 
da punibilidade. 
É possível que o acordo não aconteça. Nas ações penais privadas, deverá o ofendido, se 
assim o quiser, começar a ação penal mediante queixa crime oral. Se for na ação penal 
pública condicionada à representação, o ofendido deverá fazer oralmente a representação 
para autorizar o MP para atuar. Nas ações penais públicas incondicionadas, que 
independem de acordo, haverá a continuidade do procedimento. 
TRANSAÇÃO PENAL: Negócio jurídico penal celebrado entre o Ministério Público e o 
suposto autor do fato, quando o fato se enquadrar como infração de menor potencial 
ofensivo – contravenções penais e crimes com pena igual ou inferior a 2 anos, desde que 
não haja nenhuma vedação a aplicação da Lei dos Juizados Especiais ao caso concreto. 
Nos fatos de ação penal pública condicionada e incondicionada, se o indivíduo atender á 
determinados requisitos e não for caso de arquivamento pelo Ministério Público, o MP, ao 
invés de denunciar o indivíduo, faz a proposta da transação penal. 
Requisitos: Se o indivíduo não foi condenado a pena privativa de liberdade, não celebrou 
nos últimos 5 anos outro acordo de transação penal, se a conduta social e as condições que 
o fazem acontecerem mostram que a transação penal é suficiente. 
O Ministério Público faz uma proposta de aplicação imediata de pena ou de uma medida 
penal não prisional (medida alternativa à prisão). O indivíduo, assistido de um advogado, 
pode aceitar esse acordo. O juiz homologa o acordo, se o entender como legal e 
constitucional. Cumprindo o acordo, estará extinta a punibilidade do sujeito, e não terá 
nem antecedentes e nem perderá a sua primariedade. 
Se o indivíduo celebrar, mas não cumprir, o Ministério Público oferecerá a denúncia ou 
requisitará a instauração de investigação para tal caso. 
 19 
Súmula vinculante 35 - A homologação da transação penal 
prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada 
material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a 
situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a 
continuidade da persecução penal mediante oferecimento 
de denúncia ou requisição de inquérito policial. 
COLABORAÇÃO PREMIADA: Lei 12.850/2013. Estabelecido entre o réu ou investigado 
colaborador e o Ministério Público. Traz elementos que permitam se identificar e alcançar 
provas que alcance a organização que se está investigando. O acordo de delação premiada 
é um meio de produção de provas, não a prova em si. O indivíduo tem o benefício da 
exclusão da relação processual ou ter uma solução mais benéfica em juízo. 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL: É um negóciojurídico penal. Acontece para crimes em 
que há uma gravidade superior às das infrações de menor potencial ofensivo. Acordo de 
não processar o indivíduo. Exige-se a confissão formal e circunstancial, trazendo todos os 
elementos do fato. O crime deve ter sido praticado sem violência ou grave ameaça. Pena 
mínima do crime inferior a 4 anos. Quando couber transação penal, não cabe acordo de 
não persecução penal. 
Art. 28-A, CPP. Não sendo caso de arquivamento e 
tendo o investigado confessado formal e 
circunstancialmente a prática de infração penal sem 
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor 
acordo de não persecução penal, desde que necessário 
e suficiente para reprovação e prevenção do crime, 
mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa 
e alternativamente [...] 
Posição de Rogério Sanches, doutrina minoritária: O princípio da obrigatoriedade não é 
de ajuizamento da ação penal pública, mas sim de atuação do Ministério Público. Assim, 
o acordo de não persecução penal não é uma mitigação ao princípio da obrigatoriedade. 
INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Uma vez iniciado o inquérito policial ou o processo penal, os órgãos incumbidos de 
persecução penal não podem de estes dispor. Isto é, o delegado não pode arquivar os autos 
do inquérito policial e o promotor não pode desistir da ação interposta. 
Art. 17, CPP. A autoridade policial não poderá mandar 
arquivar autos de inquérito. 
Art. 42, CPP. O Ministério Público não poderá desistir 
da ação penal. 
Exceções: Suspensão condicional do processo; “renúncia” da vítima na Lei Maria da Penha 
e colaboração premiada. 
 20 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PROCESSO: Lei n. 9.099/95. Benefício oferecido pelo Ministério 
Público, no qual o acusado cumpre as condições fixadas pelo magistrado e a punibilidade 
é extinta. Nos crimes com pena mínima não superior a um ano, preenchidos os requisitos 
legais, o Ministério Público ao oferecer denúncia, poderá propor a suspensão do processo, 
por 2 a 4 anos. Uma vez expirado esse prazo sem que tenha ocorrido revogação da 
suspensão (pelo indivíduo ter cometido algum crime ou não cumprir o acord0) será 
declarada extinta a punibilidade. 
≠ SUSPENSÃO DO PROCESSO: Quando o indivíduo é citado por edital e não comparece 
no processo e não constitui advogado para comparecer e movimentar o processo, o art. 
366 do CPP determina que o juiz suspenda o processo e a prescrição. 
RENÚNCIA DA VÍTIMA NA LEI MARIA DA PENHA: Via de regra, a renúncia da vítima pode ocorrer 
até o oferecimento da denúncia. Todavia, a Lei Maria da Penha determinou que a renúncia 
da vítima pode ocorrer após o oferecimento da denúncia, até o recebimento da denúncia 
pelo juiz. 
INTRANSCENDÊNCIA DA AÇÃO PENAL - INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
Assegura que a ação penal não deve transcender da pessoa a quem foi imputada a conduta, 
visto que se deve levar em conta as peculiaridades aplicadas para cada caso em concreto. 
A aplicação da individualização da pena pode ser dividida em três fases. A primeira etapa 
é a fase in abstrato, na qual o legislador faz a aplicação do princípio para a elaboração do 
tipo penal incriminador. A segunda fase, chamada de individualização judiciária, é o 
momento em que o juiz faz a aplicação do tipo penal ao ato que o acusado cometeu, 
considerando as peculiaridades do caso para aplicar a pena adequada. A terceira e última 
fase é aquela em que o magistrado responsável pela execução da pena vai determinar o 
cumprimento individualizado da sanção aplicada. 
OFICIALIDADE 
Os órgãos incumbidos da persecução criminal (inquérito policial e processo), atividade 
essa eminentemente pública, são órgãos oficiais por excelência, tendo a Constituição 
consagrado a titularidade da ação penal pública ao Ministério Público e disciplinando a 
polícia judiciária no parágrafo quarto do seu art. 144. 
Art. 129, I, CF. São funções institucionais do 
Ministério Público: promover, privativamente, a ação 
penal pública, na forma da lei. 
Art. 144, §4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por 
delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvada a competência da União, as funções de 
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, 
exceto as militares. 
Exceção à oficialidade: A persecução em juízo/judicial (patrocinar a ação penal, acusar), 
nas ações penais privadas, quem instaura a ação penal é o ofendido. Nas ações penais 
 21 
públicas incondicionadas e as condicionadas, o titular é o Estado, por meio do Ministério 
Público. 
Persecução na fase investigativa (pré-processual): É prevista como persecução pública. 
Porém, nada impede que o indivíduo colete informações, realizando a investigação 
particular. 
OFICIOSIDADE 
A atuação oficial na persecução criminal, como regra, ocorre sem necessidade de 
autorização (ações públicas incondicionadas). Ou seja, prescinde de qualquer condição 
para agir, desempenhando suas atividades ex officio. 
Excepcionalmente, o início da persecução penal pressupõe autorização do legítimo 
interessado, como se dá na ação penal pública condicionada à representação da vítima ou 
à requisição do Ministro da Justiça, que tanto na fase investigativa quanto na judicial, é 
necessário requerimento do ofendido ou Ministério da Justiça. 
Art. 5º, §4º, CPP. O inquérito, nos crimes em que a 
ação pública depender de representação, não poderá 
sem ela ser iniciado. 
Art. 24, CPP. Nos crimes de ação pública, esta será 
promovida por denúncia do Ministério Público, mas 
dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do 
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
Nas ações penais privadas, na fase investigativa é necessário requerimento do ofendido 
para a polícia começar a investigar. Na fase judicial, não há exceção, pois quem atua é o 
particular nessa fase. 
Art. 5º, §5º, CPP. Nos crimes de ação privada, a 
autoridade policial somente poderá proceder a 
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade 
para intentá-la. 
FASES DA PERSECUÇÃO PENAL 
1. Persecução Pré-Processual – Fase investigativa/administrativa que, via de regra, é 
realizada pela polícia judiciária. Essa fase não serve para aplicar a lei penal no caso 
concreto, mas sim para reunir os elementos para deflagar a ação penal. 
Renato Brasileiro defende doutrinariamente a diferença entre polícia judiciária e polícia 
investigativa. A primeira tem a função de auxiliar o Poder Judiciário, de fazer cumprir a 
decisão judiciária. Já a segunda é aquela que, acontecido um fato, investiga para elucidar 
aquele fato. Todavia, no Brasil, ambas essas funções são realizadas pelas mesmas 
instituições – Polícia Civil dos estados, DF e territórios, e Polícia Federal. 
 22 
Art. 4º, CPP. A polícia judiciária será exercida pelas 
autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações 
penais e da sua autoria. 
2. Persecução Processual – Persecução em juízo. Realizada por um órgão público, o 
Ministério Público. 
Art. 395, CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada 
quando: III - Faltar justa causa para o exercício da 
ação penal. 
Os elementos coletados na fase investigativa permitem ao julgador avaliar se essa petição 
apresentada em juízo está sustentada em um mínimo de lastro indiciário. O art. 395, CPP, 
dispõe ainda que a queixa ou a denúncia seja rejeitada se faltar justa causa para o exercício 
da ação penal, ou seja, quando não houver sustentação fática que permita iniciar um 
processo judicial contra alguém (binômio indício de autoria - prova que o fato existiu = 
justa causa para ação penal). 
SISTEMAS PRELIMINARES DE INVESTIGAÇÃO 
Sistema formado por instituições e procedimentos investigativos disponíveis para os 
órgãos persecutórios para que os mesmos possam produzir investigações que permitam a 
elucidação do fato apresentado, identificandoou não indícios de autoria e prova de que o 
fato existiu. 
SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA 
A segurança é um direito fundamental previsto na Constituição, que envolve a segurança 
efetiva e a sensação de segurança. 
POLÍCIA OSTENSIVA X POLÍCIA INVESTIGATIVA 
A polícia ostensiva engloba a polícia militar que está disposta estrategicamente em locais 
para promover uma sensação de segurança e inibir práticas criminosas. A polícia 
investigativa engloba a polícia civil e a polícia federal, cuja função é de elucidar o fato 
delituoso. Tecnicamente não é sinônimo de polícia judiciária, que atua auxiliando o juiz a 
cumprir os mandados, mas é tratada como se fosse. Diante de crimes militares, quem fará 
a investigação por meio de IPM – Inquérito Policial Militar, será a polícia militar, por meio 
de sua corregedoria. 
A polícia investigativa apura as infrações por meio de dois procedimentos investigativos: 
termo circunstanciado (infrações de menor potencial ofensivo: contravenções penais e os 
crimes que o legislador comina pena máxima igual ou inferior a 2 anos, independente de 
cumulação com multa ou não) ou inquérito policial (demais fatos típicos). 
Força Nacional de Segurança – Em situações de greve, eventos grandes, etc. Foi criada 
porque a União não tem uma polícia ostensiva própria. É composta por policiais militares 
dos estados. 
 23 
Polícia penal – Foi criada por emenda constitucional (EC 104/2019), é responsável pelo 
policiamento ostensivo dentro da unidade prisional e investigações de fatos típicos 
ocorrentes nas unidades prisionais. Falta fazer a regulamentação dessa polícia. 
Guarda Municipal – Art. 144, CF. Um dos agentes de segurança pública, não é uma polícia 
propriamente dita. Tem o papel de fazer a proteção do patrimônio do Município. Porém, 
essa guarda municipal atua em algumas situações como se polícia fosse (ex.: segurança nos 
circuitos de Carnaval), em razão da ausência de policiamento suficiente. 
Órgãos de segurança públicas dos estados – Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Técnica e 
o corpo de bombeiros. Submetidos ao governador do estado e à secretaria com função de 
segurança pública. 
ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS QUE PROCEDEM INVESTIGAÇÕES – SEFAZ, RECEITA 
FEDERAL, CADE, IBAMA, ETC. 
Existem órgãos administrativos (do âmbito federal, estadual e municipal) que, no exercício 
de suas funções, podem realizar procedimentos investigativos que não necessariamente se 
destinam a apurar um fato delituoso. Eles se destinam a exercer o papel administrativo 
daquela instituição, mas justamente no exercício das suas funções, os órgãos podem se 
deparar com questões criminais que ensejem reparações tanto no âmbito administrativo e 
no âmbito cível, como também no âmbito penal (caso a investigação traga a justa causa 
para a ação penal). 
OBS.: A polícia instaura procedimentos criminais, enquanto as demais instituições 
instauram procedimentos administrativos no âmbito das suas funções/ competências, 
quem podem vir a coletar provas e elementos que geram responsabilização civil ou penal. 
COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO 
A instituição responsável por produzir o inquérito parlamentar são as casas legislativas. 
No âmbito federal, há o Senado Federal e Câmara dos Deputados. No âmbito estadual, as 
Assembleias Legislativas. No âmbito municipal, as Câmaras de Vereadores. 
As casas legislativas podem instaurar comissões parlamentares de inquérito, que são 
comissões provisórias/transitórias. Não cabe CPI para fatos fluidos/não definidos, cabendo 
apenas em casos certos e específicos. A CPI serve para enxergar o fato, e se necessário, 
propor mudanças legislativas. 
Art. 58, §3º, CF. As comissões parlamentares de 
inquérito, que terão poderes de investigação próprios 
das autoridades judiciais, além de outros previstos nos 
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em 
conjunto ou separadamente, mediante requerimento 
de um terço de seus membros, para a apuração de fato 
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, 
se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, 
 24 
para que promova a responsabilidade civil ou criminal 
dos infratores. 
O referido artigo diz que as CPIs terão poderes próprios da autoridade judicial para 
investigar, entretanto, as autoridades judiciais não tem poderes de investigação, então 
como esse dispositivo deve ser interpretado? 
A interpretação inicial era que o legislador constituinte quis dizer que nos procedimentos 
investigativos regulares dos outros órgãos existem atos autoexecutáveis, como por 
exemplo, ouvir testemunhas, requisitar perícia, fazer busca e apreensão em local que não 
seja asilo inviolável, etc. Mas haveria também outros atos que só são praticados mediante 
ordem judicial, como por exemplo, quebra de sigilo bancário/ fiscal, busca e apreensão em 
asilo inviolável, medidas cautelares prisionais, monitoramento eletrônico, interceptação 
telefônica, etc. 
De acordo com esse entendimento, as CPIs poderiam produzir os atos investigativos que 
os demais órgãos precisam de autorização judicial, sem autorização. O argumento era que 
a CPI faz atos investigativos sem a necessidade de autorização judicial porque a CPI está 
travestida dos poderes judiciais de autorização. Em contrapartida, o STF disse que esse 
dispositivo da CF/88 deve ser interpretado de forma restritiva, pois alguns atos 
investigativos praticados pela CPI precisarão de autorização judicial, justamente por terem 
uma cláusula de reserva de jurisdição. 
E são eles: busca de apreensão em asilo inviolável, medidas cautelares prisionais ou 
diversas, interceptação telefônica/ telemática. Para o STF, as CPIs podem diretamente: 
quebrar sigilo bancário, sigilo fiscal, dados telefônicos. Além disso o STF disse que as CPIs 
estaduais, federais e municipais não têm os mesmos poderes. 
CPI ESTADUAL E CPI FEDERAL: Têm os poderes próprios de autoridades judiciais, porque a 
CF/88, ao tratar dos parlamentares estaduais, diz expressamente que deverá dispensar o 
mesmo tratamento de prerrogativas dadas ao parlamentar federal ao parlamentar estadual 
no âmbito dos seus estados. 
Além disso, a CF/88 diz que a CPI tem poderes próprio de autoridades judiciais (pode 
quebrar sigilos), ou seja, como se estivesse investido das funções judiciais de autorização 
e quando o parlamentar federal atua, está travestido das funções do judiciário federal ao 
passo que o parlamentar estadual atua travestido das funções do judiciário estadual. 
CPI MUNICIPAL: São reconhecidos os poderes investigativos, mas esses são limitados pelo 
Supremo Tribunal Federal. E isso ocorre porque o parlamentar municipal não tem as 
mesmas prerrogativas dos parlamentares federal e estadual. 
INVESTIGAÇÃO DIRETA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO 
O Ministério Público tem poder direto de investigação. Quer seja o seu poder para 
investigações civis e investigações criminais. Às vezes mesmo nas apurações cíveis se 
encontram fatos criminosos, e daí essa mesma peça informativa pode instaurar processos 
no âmbito cível e criminal. 
 25 
INQUÉRITO CIVIL - Se destina a apurar violações no âmbito administrativo e civil com 
relação aos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (art. 81, CDC). 
Existia um grande debate se o Ministério Público poderia investigar ou não. Aury Lopes Jr. 
defende que o MP investiga sim, mas também afirma que com a PEC 37 se perdeu uma 
grande chance de definir como seria essa atuação investigativa do MP. 
Resolução 181/2017 CNPM – Procedimento Investigatório Criminal, intuito de apurar 
infrações penais de que tenha conhecimento antes da proposição de ação penal pública ou 
por meio de demandas a ele encaminhadas (representação, requerimento, petição e peças 
de informações). 
INQUÉRITO POLICIAL 
A polícia investigativa apura as infrações por meio de dois procedimentos investigativos: 
termo circunstanciado e inquéritopolicial. 
TERMO CIRCUNSTANCIADO – Regulamentado na Lei n. 9.099/95. Serve para apurar as 
infrações de menor potencial ofensivo. É um procedimento investigatório mais 
simplificado, no qual a polícia investiga pretende que seja um procedimento 
exclusivamente seu. Porém, o STF entende que outras instituições podem fazer termo 
circunstanciado. É permitida, inclusive, a dispensa da perícia, desde que tenha outro meio 
para conseguir as provas. 
Art. 69, Lei 9.099/95. A autoridade policial que tomar 
conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao 
Juizado, com o autor do fato e a vítima, 
providenciando-se as requisições dos exames periciais 
necessários. 
INQUÉRITO POLICIAL - É um procedimento administrativo preparatório e informativo 
destinado a elucidar um fato hipoteticamente delituoso, identificando elementos de 
autoria e de existência do fato (justa causa da ação penal). É presidido por uma autoridade 
policial, delegado de polícia civil ou federal, que deve ser bacharel em Direito e ingresso 
por concurso público na forma dos arts. 144 e 37 da Constituição. 
Reúne elementos para informar o titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido) 
as condições do que aconteceu, para que ele decida se a ação penal deve ser deflagrada ou 
não. O relatório conclusivo do inquérito não vincula o Ministério Público. 
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 
ESCRITO – Serve para dar segurança ao inquérito. Todavia, deixa o processo mais demorado 
e menor fidedigno. Busca-se hoje, portanto, o inquérito digital, de modo a adotar a forma 
oral por meio de gravações audiovisuais. 
Art. 9o, CPP. Todas as peças do inquérito policial 
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou 
 26 
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade. 
SIGILOSO – Deve-se compatibilizar o sigilo com o direito à informação do cidadão. O 
investigado, por meio do seu advogado, deve ter acesso ao inquérito policial para viabilizar 
a sua defesa. Não há de se falar sobre o processo com terceiros alheios a ele (sigilo externo). 
Não tem sigilo interno, mas sim publicidade interna. 
Art. 20, CPP. A autoridade assegurará no inquérito o 
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
Súmula vinculante n. 14 – É direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de 
defesa. 
Caso o acesso for negado, há mecanismos para acessá-lo: reclamação constitucional para 
que o STF preserve a sua determinação constitucional e a súmula vinculada, mandado de 
segurança criminal (defendendo que é sua prerrogativa esse acesso, segundo o art. 7º, 
Estatuto da OAB) e habeas corpus. 
Art. 21, CPP. A incomunicabilidade do indiciado 
dependerá sempre de despacho nos autos e somente 
será permitida quando o interesse da sociedade ou a 
conveniência da investigação o exigir. 
Mecanismo não recepcionado pela Constituição (art. 136, §3º, IV – vedação da 
incomunicabilidade do preso no estado de defesa). Segue-se a lógica de que se nem no 
estado de defesa é permitida a incomunicabilidade do preso, quem dirá no estado de 
normalidade social. 
OFICIALIDADE – Instaurado por órgãos oficiais, como as polícias civil, federal e militar, por 
meio de seus servidores. Quando o particular atua em perícia (perito nomeado), exercendo 
atividade em colaboração, ainda que sem remuneração, assume uma função pública e 
poderá responder por falsa perícia. 
OFICIOSIDADE – Via de regra, o inquérito policial se instaura independentemente de 
provocação, por atuação do delegado, ex ofício. Porém, comporta exceções; quando o 
inquérito policial é instaurado em ação penal pública condicionada ou ação penal privada. 
Art. 5o, CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito 
policial será iniciado: 
I - De ofício 
II - Mediante requisição da autoridade judiciária ou 
do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 27 
§ 4o. O inquérito, nos crimes em que a ação pública 
depender de representação, não poderá sem ela ser 
iniciado. 
§ 5o. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial 
somente poderá proceder a inquérito a requerimento 
de quem tenha qualidade para intentá-la. 
DISPENSABILIDADE – O inquérito policial é dispensável para o titular da ação penal poder 
iniciar a ação, não sendo condição para a mesma. É possível oferecer denúncia ou queixa 
crime sem um inquérito policial. Direciona-se ao titular da ação penal, que é o Ministério 
Público ou o ofendido. 
Art. 12, CPP. O inquérito policial acompanhará a 
denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma 
ou outra. 
INDISPONIBILIDADE – O delegado de polícia, recebendo informações sobre um fato 
hipoteticamente delituoso, pode instaurar ou não o inquérito, a depende da existência ou 
inexistência dos elementos da justa causa. 
Art. 2º, §2o, CPP. Do despacho que indeferir o 
requerimento de abertura de inquérito caberá recurso 
para o chefe de Polícia. 
Caso seja indeferido o pedido de instauração do inquérito policial, é cabível recurso ao 
“chefe de polícia”. A figura do antigo chefe de polícia é hoje o delegado geral da polícia 
civil, no âmbito estadual, e a superintendência, no âmbito federal. Além da previsão 
recursal, é possível a vítima buscar guarida no Ministério Público e no Judiciário. 
Porém, se o delegado instaurar o inquérito policial, não poderá mandar arquivar os autos 
do inquérito. 
Art. 17, CPP. A autoridade policial não poderá 
mandar arquivar autos de inquérito. 
DISCRICIONARIEDADE DA AUTORIDADE POLICIAL – O delegado pode conduzir a investigação 
da forma que achar melhor. Todavia, é mitigada frente ao poder requisitório do Ministério 
Público e do juiz na fase investigativa. Isto é, o membro do Ministério Público poderá 
devolver o inquérito policial requisitando diligências as quais o delegado é obrigado a 
cumprir. 
Art. 14, CPP. O ofendido, ou seu representante legal, 
e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, 
que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
Art. 107, CPP. Não se poderá opor suspeição às 
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas 
 28 
deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer 
motivo legal. 
Quando for um crime que deixa vestígios (crime material), a perícia se impõe, não sendo 
possível que o delegado deixe de determiná-la. 
OBRIGATORIEDADE – É possível que se ajuíze uma ação sem o inquérito policial, porém, 
quando presentes os elementos da justa causa, o delegado está obrigado a instaurar o 
inquérito policial. 
INQUISITORIEDADE – O inquérito policial não é um procedimento judicial, em que há partes 
que atuam de forma bilateral, uma em contradição com a outra, para que no final se tenha 
um julgamento prestando a jurisdição. É um procedimento facultativo, informativo, 
preparatório, que permite a deflagração da ação penal ou não. Que é feito por um órgão 
da Administração Pública que coleta elementos informativos que permitem a outrem a 
formar uma opinião de delito. A coleta é conduzida de forma inquisitorial, sem que haja a 
possibilidade de participação das partes. 
Art. 14-A, CPP. Nos casos em que servidores 
vinculados às instituições dispostas no art. 144 da 
Constituição Federal figurarem como investigados em 
inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e 
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a 
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal 
praticados no exercício profissional, de forma 
consumada ou tentada, incluindo as situações 
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá 
constituir defensor. 
VALOR PROBATÓRIO RELATIVO – As provas cautelares, não repetíveis e antecipadas 
ingressam comoprova no processo e se submete ao contraditório diferido, que é realizado 
a posteriori, no processo e não na fase investigativa (até porque não existe contraditório 
na fase investigativa). 
Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos 
na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não 
repetíveis e antecipadas. 
Art. 3º-A, CPP. O processo penal terá estrutura 
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de 
investigação e a substituição da atuação probatória do 
órgão de acusação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art23
 29 
Art. 3ª-C, §4º, CPP. Fica assegurado às partes o amplo 
acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das 
garantias. 
Art. 3º-C, §3º, CPP. Os autos que compõem as 
matérias de competência do juiz das garantias ficarão 
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do 
Ministério Público e da defesa, e não serão apensados 
aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e 
julgamento, ressalvados os documentos relativos às 
provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou 
de antecipação de provas, que deverão ser remetidos 
para apensamento em apartado. 
Depois que acabar a etapa do juiz de garantir, e ele receber a denúncia, a fase processual 
de instrução e julgamento será feita por outro juiz. Assim, o juiz de garantia encaminhará 
a inicial, a denúncia, as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas para o outro juiz. 
As provas repetíveis não serão encaminhadas, pra não macular a atuação do juiz de 
julgamento. 
O art. 3º-C não é compatível com o art. 155. Isso ainda não se tornou um problema, visto 
que o art. 3º-C se encontra com a eficácia suspensa, devendo ser considerado o art. 155. 
Porém, deve-se aguardar a posição que será adotada pelo STF nesse sentido. 
VÍCIOS NÃO MACULAM A AÇÃO PENAL (VIA DE REGRA) – Vícios de ordem administrativa, que 
se referem a maneira que se intimou a pessoa, por exemplo, via de regra, não maculam a 
ação penal. Porém, há vícios mais graves que interferem diretamente no processo. Nesse 
sentido, se localiza-se o vício em um único ato, deve excluí-lo e prosseguir sem ele, porém, 
se aquele ato tiver relação com os demais, seguindo a lógica da Teoria dos Frutos da Árvore 
Envenenada, acabará maculando os demais e, atingindo a justa causa irá macular a própria 
ação penal. 
ATOS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO 
PORTARIA (EX OFFICIO) – Nos crimes de ação pena pública incondicionada, o ato 
administrativo que exterioriza ex officio a instauração do inquérito é a portaria. 
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE – Todas as ações penais. Há três fases que podem acontecer 
quando alguém é encontrado em flagrante (captura, lavratura e encarceramento). O ato 
de lavratura do flagrante inicia o inquérito policial. 
Uma cópia do auto de flagrante é encaminhada ao juiz, para dar conhecimento e verificar 
se mantém ou relaxa o flagrante. Uma cópia é encaminhada ao Ministério Público, para 
verificar se houve alguma ilegalidade. Uma cópia é encaminhada à Defensoria Pública, 
para adotar meios de defesa para o indivíduo. E uma via fica na delegacia, que faz iniciar 
o resto dos atos investigativos para verificar o fato supostamente delituoso. 
 30 
Art. 302, CPP. Considera-se em flagrante delito 
quem: 
I - Está cometendo a infração penal; 
II - Acaba de cometê-la; 
III - É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo 
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que 
faça presumir ser autor da infração; 
IV – É encontrado, logo depois, com instrumentos, 
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele 
autor da infração. 
Incisos I e II tratam do flagrante próprio, o inciso III trata do flagrante impróprio e o inciso 
IV do flagrante presumido. Essas quatro situações levam a lavratura do flagrante. 
Se for um fato de ação penal pública incondicionada, o auto de flagrante será lavrado 
independentemente da vontade do ofendido. Se for um fato de ação penal pública 
condicionada à representação ou ação penal privada, o auto de flagrante não poderá ser 
lavrado sem a autorização da vítima. 
OBSERVAÇÃO: Em 2018, o crime de estupro passou a ser de ação penal pública 
incondicionada. O Ministério Público poderá adotar medidas independentemente da 
autorização da vítima. 
REQUERIMENTO DO OFENDIDO (OU REPRESENTANTE) – Se for fato de ação penal pública 
condicionada, o inquérito só poderá iniciar com a representação do ofendido. Se for fato 
de ação penal privada, o inquérito só poderá será iniciado por meio de requerimento do 
ofendido 
REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO OU AUTORIDADE JUDICIÁRIA – Ação penal pública 
condicionada à representação ou ação penal pública incondicionada. O delegado está 
obrigado a instaurar o inquérito se a requisição for fundamentada. 
Art. 5º, II, CPP. Nos crimes de ação pública o 
inquérito policial será iniciado: mediante requisição 
da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou 
a requerimento do ofendido ou de quem tiver 
qualidade para representá-lo. 
Art. 129, VIII, CF. São funções institucionais do 
Ministério Público: requisitar diligências 
investigatórias e a instauração de inquérito policial, 
indicados os fundamentos jurídicos de suas 
manifestações processuais; 
REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO/REPRESENTANTE OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA – 
Ação penal pública condicionada. 
DENÚNCIA ANÔNIMA – O STF já decidiu que não pode haver inquérito policial baseado em 
denúncia anônima. O delegado de policia deverá fazer uma investigação preliminar para 
 31 
averiguar essa denúncia, para posteriormente fazer um relatório com os elementos que 
justifiquem a instauração do inquérito policial. 
ATOS DE INVESTIGAÇÃO – DILIGÊNCIAS POLICIAIS – ARTS. 6º E 7º , CPP 
Há atos de investigação que não necessitam de autorização judicial para serem realizados. 
Porém, alguns atos necessitam de autorização do magistrado – mandado de busca e 
apreensão. Isso, porém, não dá poderes absolutos à investigação. 
OBSERVAÇÃO: Flagrantes não necessitam de autorização judicial para obter as provas 
daquele crime. 
ENCERRAMENTO - RELATÓRIO E INDICIAMENTO 
O relatório corresponde ao ato que encerra o inquérito policial, no qual o delegado 
descreve minuciosamente a sua investigação, quais foram os atos praticados e se entende 
que há os elementos de justa causa ou não. Se entende que há elementos, indicia o sujeito. 
Todavia, a conclusão do delegado de polícia não vincula o Ministério Público. 
Art. 10, §1o, CPP. A autoridade fará minucioso 
relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao 
juiz competente. 
Via de regra, o indiciamento deverá acontecer no relatório, mas pode acontecer antes. 
Indiciamento é um ato técnico-jurídico do delegado de polícia que reconhece que o fato 
existiu e que alguém é o autor do fato. 
Quando o inquérito policial for encerrado deverá ser devidamente encaminhado ao juízo 
competente – Juízo criminal competência em razão do lugar e da natureza do crime. 
Criou-se a figura dos convênios, que são estabelecidos entre o Ministério Público, 
Tribunais de Justiça dos estados e secretarias de segurança pública. Essas instituições se 
organizam a decidir que os inquéritos não serão encaminhados ao Judiciário, mas 
diretamente ao Ministério Público. Só irão ao Judiciário por meio de requerimento. Criou-
se também as centrais de inquérito, que correspondem à estrutura formada dentro do 
Ministério Público, que passa a recepcionar os inquéritos de ação penal pública 
incondicionada ou condicionada. 
Se não tiver convênio nem centrais de inquérito, os inquéritos policiais serão

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