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20
Bibliografia 
1- Código de Processo Penal
2- Código de Processo Penal Comentado - Guilherme de Oliveira Nucci
3- Processo Penal - Norberto Avena
4- Direito Processual Penal - Aury Lopes jr
5- Código de Processo Penal para Concursos (CPP) (2020) - Fábio Roque Araújo e Nestor Távora
6- Curso de Processo penal - Eugenio paccelli
MEIOS AUXILIARES DE AULA
· AVA - link da aula gravada
· Podcast - ouvir quando puder
· Sumário de aula
GRUPO DE WATSAP - SÓ PARA ASSUNTOS DE AULA (991427122)
DATAS IMPORTANTES
V 1
V2
Vs
VT 1- Projeto literatura e cultura - 3,0 
 2- Análise de casos - Livro : As misérias do Processo Penal - 3,0 pontos 
 Produzir texto o processo ontem e o processo hoje. 
 3-Provas no Processo Penal Pesquisa e debate - 4 pontos 
● DATAS SUJEITAS A ALTERAÇÃO 
O que vou estudar nesta matéria?
Unidade I- Introdução ao Processo Penal 
1.1 Aplicação da lei processual penal no tempo e no espaço 
1.2 Interpretação e aplicação do Direito Processual Penal 
1.3 Prazos na lei processual penal 
1.4 Princípios informadores do processo penal 
1.5 Terminologia do direito processual penal
Unidade II Inquérito policial - Ação Penal
Unidade V Jurisdição e Competência
Unidade VI Questões Prejudiciais e Processos Incidentes unidade VII- A Prova no Processo Criminal
QUEM É MINHA PROFESSORA? 
Esta tal de Neidinha de Caeté...
Atividade - Importância da pontuação
Um homem rico, sem filhos, sentindo-se que morreria logo, pediu papel e caneta e escreveu assim:
“DEIXO MEUS BENS À MINHA IRMÃ NÃO A MEU SOBRINHO JAMAIS SERÁ PAGA A CONTA DO MORDOMO NADA DOU AOS POBRES”
O moribundo não teve tempo de pontuar o texto e morreu.
ADVOGADO DO SOBRINHO PONTUOU: 
Deixo meus bens. A minha irmã não, a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do mordomo, nada dou aos pobres.
ADVOGADO DA IRMÃ PONTUOU:
Deixo meus bens a minha irmã. Não a meu sobrinho, jamais será paga a conta do mordomo, nada dou aos pobres.
ADVOGADO DO MORDOMO E DOS POBRES 
Deixo meus bens. `A minha irmã não, a meu sobrinho jamais, será paga a conta do mordomo
Sumário de Aula 1
1-Introdução ao Processo Penal
- o QUE É
-CONTEUDO
O que é o processo penal.
o estado dita regras de convivência- ⇒ CRIME e PENAS
⇓
DIREITO DE PUNIR ⇒
PRECISO QUE SE OBTENHA PROVAS = MATERIALIDADE + 
AUTORIA ⇉ SURGE CONFLITO (LIDE) ESTADO X SUSPEITO 
PERMEADO POR REGRAS E PRINCÍPIOS DE GARANTIA - PROCESSO PENAL 
CONTEÚDO DO PROCESSO PENAL
o processo deverá ter desenvolvimento regular, o que compreende:
1- Instauração de uma relação jurídica processual triangularizada 
 	 JUIZO IMPARCIAL
 GARANTIAS
ACUSAÇÃO DEFESA
 POLO ATIVO POLO PASSIVO
2- A realização de uma sequência ordenada de atos, chamada de procedimento, 
ARTIGO 394 DO cpp
A)- SUMÁRISSIMO - PENA ATE 2 ANOS - MENOR POTENCIAL OFENSIVO
B)- SUMÁRIO - PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MENOR DE 4 ANOS
C)- ORDINÁRIO- PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IGUAL OU MAIOR DE 4 ANOS
Direito Processual Penal
Sumário de aula
1- SISTEMAS PROCESSUAIS
2-JUIZO DE GARANTIAS	 
3- LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
PARA PENSAR
O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: 
esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois 
desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem 
Guimarães Rosa
1- Sistemas Processuais
Pode-se dizer que o sistema processual penal é um 
“conjunto de princípios e regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada Estado, que estabelece as diretrizes a serem seguidas à aplicação do direito penal a cada caso concreto.” (RANGEL, 2010, p.49)
Historicamente, há, como regra, três sistemas regentes do processo penal: 
a) inquisitivo; 
b) acusatório; 
c) misto.
 
SISTEMA INQUISITÓRIO
●	concentração de poder nas mãos do julgador (Juiz acusa e julga)
●	a confissão do réu é considerada a rainha das provas
●	não há debates orais, predominando procedimentos exclusivamente escritos
●	os julgadores não estão sujeitos à recusa;
●	o procedimento é sigiloso
●	há ausência de contraditório e a defesa é meramente decorativa
 
O BRASIL JÁ ADOTOU?
Antes do advento da Constituição Federal de 1988 era admitido em nossa legislação em relação à apuração de:
-	todas as contravenções penais 
-	crimes de homicídio 
-	lesões corporais culposa 
Era o chamado processo judicialiforme foi banido de nossa legislação pelo art. 129, I, da Constituição Federal, que conferiu ao Ministério Público a iniciativa exclusiva da ação pública. 
SISTEMA ACUSATÓRIO
●	Possui nítida separação entre o órgão acusador e o julgador; 
●	há liberdade de acusação, reconhecido o direito ao ofendido e a qualquer cidadão; (defesa fala depois)
●	predomina a liberdade de defesa e a isonomia entre as partes no processo; 
●	vigora a publicidade do procedimento; 
●	o contraditório está presente; 
●	Existe a possibilidade de recusa do julgador; 
●	há livre sistema de produção de provas; 
●	predomina maior participação popular na justiça penal e a liberdade do réu é a regra
SISTEMA MISTO
- Nesse sistema há uma fase investigatória e persecutória preliminar conduzida por um juiz (não se confundindo, portanto, com o inquérito policial, de natureza administrativa, presidido por autoridade policial), 
- Seguida de uma fase acusatória onde são assegurados todos os direitos do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz. 
- Sua característica marcante é a existência do Juizado de Instrução, fase preliminar instrutória presidida por juiz.
- Vigora na maioria das nações cultas com tendência para abolir completamente o segredo dos interrogatórios e dos depoimentos das testemunhas, limitar os casos de prisão preventiva e abreviar o tempo da formação da culpa, no sentido das conquistas democráticas
- Qual sistema é adotado no Brasil?
O sistema adotado no Brasil era o misto; hoje, após a reforma realizada pela Lei 13.964/2019, é o acusatório mitigado. (Artigo 3A CPP)
Na Constituição Federal de 1988, foram delineados vários princípios processuais penais, que apontam para um sistema acusatório; entretanto, como mencionado, indicam um sistema acusatório, mas não o impõem, pois quem cria, realmente, as regras processuais penais a seguir é o Código de Processo Penal
 
 ATRIBUIÇÕES DO JUIZ DE GARANTIAS
- Receber a comunicação imediata da prisão 
- Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão,
- Zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo
- Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal
- Decidir sobre o requerimento de prisão provisória prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral,
- Decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa 
- Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial determinar o trancamento do inquérito policial 
- Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia
Decidir sobre os requerimentos de:
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de 
informática e telemática ou de outras formas de comunicação; 
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
c) busca e apreensão domiciliar; 
d) acesso a informações sigilosas; 
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado
Ainda...
- julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento dadenúncia;
- determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
- decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; 
- assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; 
- deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; 
- decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação
Lei Processual Penal no espaço
Regra - Entrou no nosso território vale a lei brasileira.
Exceções- 
☞os tratados, as convenções e regras de direito internacional; (Diplomatas e Chefes de estado estrangeiro gozam de imunidade jurisdicional) 
☞Tribunal Penal Internacional (crimes de guerra, genocídio, crimes contra a humanidade. 
☞Processos da competência da justiça militar
 ☞Exceções à incidência do Código de Processo decorrentes de leis especiais.
Ex. Drogas, Juizado, falimentares, 
Lei Processual penal no tempo 
Em regra tem aplicação imediata, atingindo, inclusive , os processos um curso. Ainda que seja mais prejudicial para réu terá aplicação.
Atenção: Normas híbridas ou mistas 
São aquelas que possuem conteúdo concomitantemente penal e processual, gerando, assim, consequências em ambos os ramos do Direito. 
Em tais casos, em atenção à regra do art. 5o, XL, da Constituição Federal, a lei nova deve retroagir sempre que for benéfica ao acusado, não podendo ser aplicada, ao reverso, quando puder prejudicar o autor do delito cometido antes de sua entrada em vigor. 
Exemplo: Prescrição
PRÓXIMA AULA
PRINCIPIOS DO PROCESO PENAL MUITO OBRIGADA PELA CIA!!!!!i
Princípios do Processo Penal
INTRODUÇÃO:
 - O que significa
- Constituição e Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil 
Princípio da Presunção de inocência (ou da não culpabilidade)
“Toda  pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova  sua culpabilidade, de acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as  garantias necessárias para sua defesa” 
(Art. 9 . da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão)
Aplicação do princípio:
Regra probatória (in dubio pro reo) e Regra de tratamento
1-REGRA PROBATÓRIA - CONSEQUENCIAS:
 A) a incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do acusado (pertence-lhe com exclusividade o ônus dessa prova); 
b)  a necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, não de demonstrar a inconsistência das desculpas do acusado;
c) tal comprovação deve ser feita legalmente (conforme o devido processo legal); 
d) impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na apuração dos fatos (daí o seu direito ao silêncio).
  
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA X IN DUBIO PRO REO
2) Regra do tratamento (Princípio presunção de inocência)
A regra preponderante é o acusado responder o processo em liberdade. A exceção responder preso. Por força da presunção de inocência o poder público está impedido de agir com o acusado como se este já houvesse sido condenado, enquanto não houver o fim do processo. 
O princípio da presunção de inocência não proíbe, todavia, a prisão cautelar. Mas esta só pode ser ditada por razões excepcionais e tendente a garantir a efetividade do processo.
Princípio do contraditório
Implica bilateralidade dos atos do processo e na possibilidade de contrariá-los. Podemos verificar dois elementos do contraditório:
DIREITO A INFORMAÇÃO E DIREITO A PARTICIPAÇÃO
CONTRADITORIO REAL X CONTRADITORIO DIFERIDO
Principio da ampla defesa
Implica em assegurar ao acusado o direito á defesa técnica (processual ou específica) e à autodefesa (material ou genérica)
Defesa técnica
Defesa técnica é aquela exercida por profissional da advocacia, dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado, ou defensor público. Para ser ampla, apresenta-se no processo como defesa necessária, indeclinável, plena e efetiva, não sendo possível que alguém seja processado sem que possua defensor
Defesa técnica necessária e irrenunciável 
A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. Logo, mesmo que o acusado, desprovido de capacidade postulatória, queira ser processado sem defesa técnica, e ainda que seja revel, deve o juiz providenciar a nomeação de defensor. 
Exatamente em virtude disso, dispõe o art. 261 do CPP que “nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”.  Não se admite, assim, processo penal sem que a defesa técnica seja exercida por profissional da advocacia.”
Defesa técnica plena e efetiva
No curso do processo, é necessário que se perceba efetiva atividade defensiva do advogado no sentido de assistir seu cliente.  
Por este motivo o parágrafo único ao art. 261 do CPP, exigir que a defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, seja sempre exercida por manifestação fundamentada. Não basta a presença física de defensor se este não arrola testemunhas, não faz reperguntas, não oferece memoriais, ou que os apresenta sucintamente, sem análise da prova. Obrigatoriamente, deve o defensor atuar em benefício do acusado, sob pena de se considerá-lo indefeso.
Auto defesa
é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo.  Diferencia-se da defesa técnica porque, embora não possa ser desprezada pelo juiz, é disponível, já que não há como se compelir o acusado a exercer seu direito ao interrogatório nem tampouco a acompanhar os atos da instrução processual.
A autodefesa se manifesta no processo penal de várias formas: 
a) direito de audiência; 
b) direito de presença;
c) capacidade postulatória autônoma do acusado. 
Direito de audiência
O direito de audiência pode ser entendido como o direito que o acusado tem de apresentar ao juiz da causa a sua defesa, pessoalmente. Esse direito se materializa através do interrogatório, já que é este o momento processual adequado para que o acusado, em contato direto com o juiz natural, possa trazer ao magistrado sua versão a respeito da imputação constante da peça acusatória. 
Direito de presença
Por meio do direito de presença, assegura-se ao acusado a oportunidade de, ao lado de seu defensor, acompanhar os atos de instrução, auxiliando-o na realização da defesa. Daí a importância da obrigatória intimação do defensor e do acusado para todos os atos processuais. Afinal, durante a instrução criminal, podem ser prestadas declarações cuja falsidade ou incorreção só o acusado consiga detectar. 
Se o direito de presença é um desdobramento da autodefesa, a qual é disponível, é certo que o comparecimento do réu aos atos processuais, em princípio, é um direito, e não um dever. 
O Direito de presença é absoluto ou pode ser cerceado?
Princípio da publicidade 
A garantia do acesso de todo e qualquer cidadão aos atos praticados no curso do processo revela uma clara postura democrática, e tem como objetivo precípuo assegurar a transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização não só pelas partes, como por toda a comunidade.
Princípio da busca da verdade
Fatos não impugnados podem ser considerados pelo juiz como sendo verdadeiros???
O juiz, no processo penal, deve ter algum poder instrutório, ainda que supletivo à atividade probatória das partes.
deve ser desempenhado apenas em último caso, após a instrução processual (salvo casos excepcionais de medida cautelar de antecipação da prova perecível)
se ainda houver algum meio de prova disponível, poderá o juiz determiná-lo, independentemente de provocação das partes, procurando formar um convencimento seguro sobre os fatos relevantes para o seu julgamento.  
o juiz em dúvida sobre ponto relevante para o seu julgamento, estando também exauridos os meios probatórios, só lhe resta absolver o réu
Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meiosilícitos 
O princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos está previsto na Constituição Federal (art. 5º, LVI): “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.  
Aury Lopes Junior traz duas distinções a respeito da prova ilegal. Considera como ilegítima a prova que apresentou vicio em sua produção dentro do processo, sendo a natureza de sua proibição apenas processual. Já a prova ilícita se caracteriza pela violação as regras do direito material ou constitucional no momento que ocorre a sua produção, anteriormente, ou durante o processo, mas sempre fora deste. Sendo assim 
“ A prova ‘ilegal’ é o gênero, do qual são espécies a prova ilegítima e a prova ilícita”
Princípio do juiz natural 
Segundo a doutrina, o princípio do juiz natural se refere à existência de juízo adequado para o julgamento de determinada demanda, conforme as regras de fixação de competência, e à proibição de juízos extraordinários ou tribunais de exceção constituídos após os fatos.
 Princípio do nemo tenetur se detegere (Ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo)
Este princípio é uma modalidade de autodefesa passiva, que é exercida por meio da inatividade do indivíduo sobre quem recai ou pode recair uma imputação.
“objetiva proteger o indivíduo contra excessos cometidos pelo Estado, na persecução penal, incluindo-se nele o resguardo contra violências físicas e morais, empregadas para compelir o indivíduo a cooperar na investigação e apuração de delitos, bem como contra métodos proibitivos de interrogatório, sugestões e dissimulações.
Impõe-se, pois, que qualquer pessoa em relação à qual recaiam suspeitas da prática de um penal seja formalmente advertida de seu direito ao silêncio, sob pena de ilicitude das declarações por ela firmadas
o direito de não produzir prova contra si mesmo, que tem lugar na fase investigatória e no curso da instrução processual, abrange:
a) direito ao silêncio ou direito de ficar calado
b) direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal
c) inexigibilidade de dizer a verdade (No Brasil não há crime de perjúrio)
d) direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: 
E o bafômetro?
Princípio da Duração razoável do processo
Não é facultado ao Estado perseguir a condenação de um acusado por tempo indeterminado. A despeito do aspecto externo do princípio da não culpabilidade, figurar como acusado em processo penal pode causar prejuízos à vida particular de alguém. Além disso, o Estado, ao deter a prerrogativa de defender os interesses da coletividade procurando dar justa punição aos que praticaram qualquer tipo de infração, não poderá dispor de mais que um intervalo de tempo razoável para alcançar a almejada condenação.
Relacionam-se a esse princípio a figura da prescrição, no campo do Direito Penal, e da decadência do direito de representar nos crimes que exigem o ajuizamento de ação penal privada, fixando-se o prazo de seis meses a contar da ciência da autoria por parte da vítima para a propositura.
Duplo grau de jurisdição
Embora não seja previsto expressamente na Constituição, este princípio pode ser extraído pelas previsões relativas à competência dos órgãos do Judiciário, conforme disposto nos artigos que compõem o Capítulo III. No Pacto de San José da Costa Rica faz-se menção expressa ao princípio em questão. 
O duplo grau de jurisdição concede uma garantia às partes de que as decisões poderão ser revistas por órgão superior, formado por mais de um julgador. É por tal motivo que sobrevive a polêmica sobre a possibilidade de revisão monocrática de julgado no âmbito processual penal. A posição que prevalece, porém, é a de que é possível que os desembargadores profiram decisões sem submeter o tema à discussão pelos demais integrantes do órgão colegiado de que faz parte, desde que a hipótese corresponda à previsão legal que possibilite o julgamento pelo relator.
Obrigada!!!
Sumário da próxima aula:
1- Inquérito policial
Aula dia 22-03-21
INQUERITO POLICIAL - ARTIGO 4 A 23 DO CPP
Suponha-se que determinado crime de homicídio tenha sido praticado em uma rua pouco movimentada. O primeiro passo da investigação é exatamente buscar pessoas ou coisas que possam contribuir para o esclarecimento do fato delituoso e de sua autoria. Caberá, então, à autoridade policial diligenciar no sentido de localizar o cadáver, a arma usada para a prática do crime, pessoas que tenham visto o provável autor do delito, etc.
1º CONCEITO:
O que é? O inquérito policial consiste em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa.
Pra que serve? Se presta a identificação das fontes de prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal. Objetiva esclarecer os fatos delituosos e subsidiar o titular da Ação penal a fim de que possa ingressar em juízo ou requere arquivamento da persecução penal.
Função:
a)Preservadora: a existência prévia de um inquérito policial inibe a instauração de um 
processo penal infundado, temerário, resguardando a liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o Estado; 
b) Preparatória: fornece elementos de informação para que o titular da ação penal 
ingresse em juízo, além de acautelar meios de prova que poderiam desaparecer com 
o decurso do tempo.
Destinatários: é o Ministério Público, na ação penal pública, e o ofendido, na ação
penal privada.
· O Inquérito Policial se presta a discutir a culpabilidade e excludentes de ilicitude? Não
Finalidade do inquérito:
• Fornecer justa causa para o processo 
• Contribuir para que pessoas inocentes não sejam injustamente submetidas às cerimônias degradantes do processo criminal.
Inquérito policial X TCO
· apurar crimes que tenham pena privativa de liberdade superior a 2 anos
· Crimes que envolvam violência doméstica- O artigo 41 da lei 11.340 (Maria da Penha) determina que todas as infrações que envolvam violência doméstica ou familiar contra a mulher sejam apurados por Inquérito Policial ainda que a pena máxima não seja superior a 2 anos
· Se o crime for complexo (necessitar de perícia) e não puder ser apurado por TCO será feito inquérito policial e posteriormente encaminhado ao juizado especial criminal.
· crimes de menor potencial ofensivo e contravenções penais a lei 9099/95 
· O crime de lesão corporal culposa cometido na direção de veículo automotor (art. 303 CTB) a pena máxima é de 02 anos a autoridade policial deve lavrar o TCO. O artigo 291 do CTB diz que a ação nestes casos é publica condicionada. Todavia, para lavrar o TCO não é necessário a manifestação da vitima, isso ocorrerá na audiência preliminar no juizado.
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITOCTERISTICAS
· Escrito (artigo 9º do CPP).
· Sigiloso: (artigo 20 do CPP). Sendo a finalidade do Inquérito Policial apurar e investigar as infrações penais e respectivas autorias, nada valeria se a ação da polícia não fosse sigilosa. O princípio da publicidade que domina o processo não se harmoniza com o Inquérito Policial. Não há sigilo para o Ministério Público e para a autoridade policial. A situação do advogado perante o sigilo: o sigilo a que se refere o artigo 20 do CPP não se aplica ao advogado, uma vez que o artigo 7º, incisos XIII e XIV, da Lei 8.906/946 (Estatuto da OAB) consagra como prerrogativa funcional do advogado, vistoriar, em quaisquer repartições públicas, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, podendo fazer cópias e apontamentos. Ademais a súmula vinculante 14 do STF determina que deve ser conferido ao advogado amplo acesso às provas já produzidas pela policia judiciária.
CARACTERISTICAS
- Inquisitivo: 
· Não há contraditório. 
· O advogado não precisa ser chamado na hora da produção das provas pela peculiaridade do Inquérito Policial.
· Não é necessária a presença de advogado no momento do interrogatório, 
· Ao contrário do que acontece no procedimento judicial penal, artigo 1858 do CPP. Contudo, o advogado pode comparecer voluntariamente.
- Procedimentodiscricionário Ao contrário da fase judicial, em que há um rigor procedimental a ser observado, a fase preliminar de investigações é conduzida de maneira discricionária pela autoridade policial, que deve determinar o rumo das diligências de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
 Os arts. 6o e 7o do CPP contemplam um rol exemplificativo de diligências que podem ser determinadas pela autoridade policial.
- Indisponibilidade - a persecução penal é de ordem publica, uma vez iniciado não pode o delegado dispor do mesmo Valor Probatório
Procedimento dispensável
· Como dito acima, o inquérito policial é peça meramente informativa, o valor probatório do Inquérito Policial é relativo, ou seja, não é necessário que todas as provas colhidas durante a investigação sejam necessariamente utilizadas em juízo. Ainda, para que possam ser utilizadas na instrução criminal, as provas do Inquérito Policial devem ser judicializadas, ou seja, devem se submetidas ao crivo do contraditório. Conforme o artigo 155 do CPP:
· O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
· Deste modo, fica entendido que o juiz não pode decidir exclusivamente com base nos elementos do inquérito policial, salvo quando a existência de provas cautelares não repetíveis e antecipadas 
· Algumas provas são definitivas e são impossíveis de serem refeitas em juízo. Ex.: algumas provas periciais (necropsia)
INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL – Abuso de autoridade
· A simples deflagração de uma investigação já é capaz de atingir o chamado status dignitatis do imputado. Não se pode admitir a deflagração de um procedimento investigatório sem um mínimo de indícios acerca da materialidade e/ou autoria de um ilícito.
· É exatamente dentro desse cenário que a nova Lei de Abuso de Autoridade passa a criminalizar, em seu art. 27, a conduta de requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa.
· E a Verificação de procedência de informações (VPI) Parágrafo único artigo 27 Lei Abuso de autoridade
5º FORMAS DE INÍCIO DO INQUÉRITO: 
1) Portaria de instauração: Obrigatoriedade: tendo conhecimento do fato, a autoridade policial deve iniciar o Inquérito Policial ATRAVÉS DE UMA “Portaria” 
Denúncia anônima: é necessário que a autoridade policial busque um mínimo de credibilidade nesta denúncia. Determinou o STF que em caso de denuncia anônima deve a autoridade policial realizar diligências preliminares para verificar se os fatos noticiados são verdadeiros, para então, iniciar as investigações.
2) Requisição judicial ou do Ministério Público - requisição significa Ordem. Quando o juiz ou o MP requisitarem a instauração de inquérito devem mencionar o fato criminoso que merece apuração. Caso o MP receba documentos dando notícias da prática de crime por prefeito não pode requerer a instauração de Inquérito, mas sim encaminhar para a procuradoria geral de justiça que é quem tem competência para processar prefeitos vez que este goza de foro especial junto ao Tribunal de Justiça.
3) Requerimento do ofendido - Neste caso a vítima do delito tem a possibilidade de endereçar uma petição a autoridade policial solicitando formalmente que está inicie as investigações necessárias. O requerimento para instauração de inquérito policial pode ser feito em crimes de ação pública ou privada. No último caso, o requerimento não interrompe o curso do prazo decadência , de modo que a vítima deve ficar atenta a este aspecto. .
Se o crime for de ação pública, mas condicionada à representação do ofendido ou do seu representante legal, o inquérito não poderá ser instaurado senão com o oferecimento desta. É a manifestação do princípio da oportunidade, que informa a ação penal pública condicionada até o momento do oferecimento da denúncia Art. 5, parágrafo 2- Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito ca e recurso para o chefe de polícia 👮♂️
4) Auto de prisão em flagrante - Quando uma pessoa é presa em flagrante, deve ser encaminhada à Delegacia de Polícia. Nesta é lavrado o auto de prisão, que é um documento no qual ficam constando as circunstâncias do delito e da prisão. Lavrado o auto, o inquérito está instaurado. O auto de prisão em flagrante é lavrado quando o agente pratica uma infração penal e é detido pela autoridade policial em flagrante. Um exemplo disto é quando o sujeito está
praticando um crime de roubo (art. 157CP) e logo é surpreendido por policiais a qual da voz de prisão para o delinquente.
5) INCOMUNICABILIDADE DO PRESO- artigo 21 CPP
Está previsto que, por decreto fundamentado do juiz, o preso pode ficar por até 3 dias incomunicável. (não se aplica ao advogado por força do artigo 89, III, Estatuto OAB) (dispositivo incluído pela lei 5010/66) 
Acontece que, o parágrafo 3, IV do art. 136 da CF veda a incomunicabilidade do preso na vigência do estado de defesa. Assim o STJ e a doutrina majoritária entendem que este dispositivo não foi recepcionado pela constituição.
DILIGÊNCIAS 
Para o desenvolvimento da investigação, o Código de Processo Penal prevê diversas diligências que podem ser realizadas na sua fase instrutória, as quais podemos dividir entre ordinárias e extraordinárias. 
As diligências ordinárias estão previstas nos artigos 6° e 7° do CPP, que estabelecem como diligências: 
Nessa fase, é possível ainda a realização de diligências extraordinárias , como a representação por medidas cautelares sujeitas a reserva de jurisdição, tais como a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático, bem como a interceptação telefônica, busca e apreensão, infiltração policial, colaboração premiada e ação controlada, entre outras.
DILIGÊNCIAS
O INDICIADO PODE REQUERER DILIGÊNCIAS?
Art. 14 - o ofendido, seu representante legal ou indiciado podem requerer qualquer diligências que será realizada ou não, a juízo da autoridade.
USO DE FORÇA LETAL
Art. 14 A- se o investigado for policial (art. 144 CRF-) e figurar como investigado em inquérito policial, ou IPM, e o objeto da investigação for fato relacionado ao uso da força letal no exercício da função, tentado ou consumado o suspeito pode constituir defensor. Ele será citado da instauração de investigação criminal podendo em 48 horas constituir defensor, se transcorridas estas 48 horas sem que o investigado constitua defensor, a autoridade investigativa deve intimar a instituição a que ele estava vinculado quando dos fatos para que esta, o prazo de 48 horas indique defensor para representação do investigado.
Obs- art. 3 F- o juiz de garantias deve impedir o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com a imprensa para o fim de explorar a imagem do preso sob pena de responsabilidade civil, Penal e administrativa.
Presença de advogado no interrogatório policial 
· art. 15, parágrafo único, inciso II, da nova Lei de Abuso de Autoridade. De maneira categórica, tipifica a conduta do agente público que prossegue com o interrogatório de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL
· Digital, Fotografia, (Perfil genético – art 9 LEP)
· Só é possível em casos previstos em lei. 
I) o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II) o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado: é o que acontece, por exemplo, com documentos públicos que não são dotados de fotografia, como a certidão de nascimento;
III) o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si;
IV) a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente,
V) constar de registros policiais ouso de outros nomes ou diferentes qualificações;
INDICIAMENTO
O que é? Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal a uma pessoa. É apontar uma pessoa como provável autora ou partícipe de um delito. Produz efeitos extraprocessuais, pois aponta à sociedade a pessoa considerada pela autoridade policial como a provável autora do delito.
Quando? o indiciamento só pode ocorrer a partir do momento em que reunidos elementos suficientes que apontem para a autoria da infração penal, quando, então, o delegado de polícia deve cientificar o investigado, atribuindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica de “indiciado”, respeitadas todas as garantias constitucionais e legais.
Desindiciamento
Ausente qualquer elemento de informação quanto ao envolvimento do agente na prática delituosa, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de impetração de habeas corpus a fim de sanar o constrangimento ilegal daí decorrente, buscando-se o desindiciamento:
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
De acordo com o art. 10, caput, do CPP, o inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
Pode prorrogar este prazo? o art. 3o-B, §2o, do CPP,110 incluído pela Lei n. 13.964/19, passou a prever que se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial, e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito, por até 15 (quinze) dias após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
Portanto, caso o indiciado esteja solto, é perfeitamente possível a sucessiva prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito policial.
* Leis especiais trazem prazos diferentes
Relatório final
A autoridade policial deve, ao encerrar as investigações, relatar tudo o que foi feito na presidência do inquérito, de modo a apurar ou não a materialidade e a autoria da infração penal. Por outro lado, a falta do relatório constitui mera irregularidade, não tendo o promotor ou o juiz o poder de obrigar a autoridade policial a concretizá-lo, tratando-se de falta funcional, passível de correção disciplinar (NUCCI, 2015, p.127).
O relatório não é peça obrigatória para o oferecimento da denúncia.
Providências a serem adotadas após a remessa dos autos do inquérito policial
· Em se tratando de crime de ação penal de iniciativa privada, deve o juiz determinar a permanência dos autos em cartório, aguardando-se a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal.
· Em crime de ação penal pública, os autos do inquérito policial são remetidos ao Ministério Público. Com os autos em mãos, ao órgão ministerial abrem-se pelo menos 6 (seis) possibilidades, a depender do caso concreto:
1. formalização de acordo de não persecução penal;118
2. oferecimento de denúncia; 119
3. arquivamento dos autos do inquérito policial;120
4. requisição de diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
5. declinação de competência: caso o Promotor de Justiça entenda que o juízo perante o qual atua não é dotado de competência para o julgamento do feito, deve requerer ao juiz que remeta os autos ao juiz natural.
6. conflito de competência: essa hipótese não se confunde com a anterior. Na hipótese anterior, nenhum outro órgão jurisdicional havia se manifestado quanto à competência. 
ARQUIVAMENTO do inquérito policial
A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito (CPP, art. 17).
O arquivamento do inquérito policial também não pode ser determinado de ofício pela autoridade judiciária.
Incumbe exclusivamente ao Ministério Público avaliar se os elementos de informação de que dispõe são (ou não) suficientes para o oferecimento da denúncia, razão pela qual nenhum inquérito pode ser arquivado sem expressa determinação ministerial.
Causas para arquivar:
· ausência de pressuposto processual ou de condição para o exercício da ação penal (ex. retratação)
· falta de justa causa para o exercício da ação penal
· quando o fato investigado evidentemente não constituir crime (atipicidade): (insignificância)
· existência manifesta de causa excludente da ilicitude
· existência manifesta de causa excludente da culpabilidade, salvo a inimputabilidade: no caso do inimputável do art. 26, caput, do CP, deve o Promotor de Justiça oferecer denúncia, já que a medida de segurança só pode ser imposta ao final do devido processo legal, por meio de sentença absolutória imprópria (CPP, art. 386, parágrafo único, III);
· causa extintiva da punibilidade;
· cumprimento do acordo de não-persecução penal:
E Se arquivar?
Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará:
* à vítima e ao investigado
• autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
E se a vítima não concordar com o arquivamento?
Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
Trancamento do inquérito policial
É possível o trancamento do inquérito policial por via de habeas corpus, trata-se de medida cabível quando não houver indícios de autoria e materialidade do crime e quando o fato for atípico.
Próxima aula
 Acordo de não persecução penal
 Ação penal e Ação civil ex delito
 OBRIGADA..
PERSECUÇÃO PENAL
O QUE É?
• É UM BENEFÍCIO PREVISTO PARA AUTORES DE CRIMES MENOS RELEVANTES, OU SEJA, AQUELES DELITOS CUJA PENA MÍNIMA SEJA INFERIOR A 4 ANOS SE COMETIDOS SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA DE NÃO SOFREREM A PERSECUÇÃO PENAL. DESDE QUE NECESSÁRIO E SUFICIENTE PARA REPROVAÇÃO E PREVENÇÃO DO CRIME.
QUERO!!! O QUE PRECISO FAZER NESTE ACORDO?
Demanda uma confissão do investigado, representando a admissão de culpa, de maneira expressa e detalhada.
Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; Viche... Não tenho dinheiro. E agora? Ou... Não houve dano... E agora?
- Renúncia voluntária a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime.
-Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas 
- Quanto tempo? R: Pelo período correspondente à pena mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução.
- Pagamento de prestação pecuniária 
- Cumprimento, por prazo determinado, de outras condições estipuladas pelo Ministério Público
UAI... DE BOA! MAS E O JUIZ DEIXA?
O ACORDO, FIRMADO PELO MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELO INVESTIGADO E POR SEU DEFENSOR, DEVE SER LEVADO À HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL, DEVENDO O JUIZ: DESIGNAR UMA AUDIÊNCIA PARA VERIFICAR A SUA VOLUNTARIEDADE, POR MEIO DA OITIVA DO INVESTIGADO, NA PRESENÇA DO SEU DEFENSOR.
AO JUIZ DAS GARANTIAS AS SEGUINTES OPÇÕES:
• A) HOMOLOGAR O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL, HIPÓTESE EM QUE O JUIZ DEVOLVERÁ OS AUTOS AO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA QUE 
INICIE SUA EXECUÇÃO PERANTE O JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL (CPP, ART.28-A, §6O). A VÍTIMA DEVE SER INTIMADA DA HOMOLOGAÇÃO DO 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E DE SEU DESCUMPRIMENTO;
• B) SE O JUIZ CONSIDERAR INADEQUADAS, INSUFICIENTES OU ABUSIVAS AS CONDIÇÕES DISPOSTAS NO ACORDO, DEVOLVERÁ OS AUTOS AO 
MINISTÉRIO PÚBLICO PARA QUE SEJA REFORMULADA A PROPOSTA DE ACORDO, COM CONCORDÂNCIA DO INVESTIGADO E SEU DEFENSOR
• C) O JUIZ TAMBÉM PODERÁ RECUSAR HOMOLOGAÇÃO À PROPOSTA QUE NÃO ATENDER AOS REQUISITOS LEGAIS OU QUANDO NÃO FOR REALIZADA A ADEQUAÇÃO ANTERIORMENTE MENCIONADA.
CONSEQUENCIAS DE NÃO CUMPRIMENTO DO ACORDO:
- UMA VEZ CELEBRADO O ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL, O MINISTÉRIOPÚBLICO DEIXARÁ DE OFERECER DENÚNCIA CONTRA O INVESTIGADO. PARA TANTO, É INTUITIVO QUE O AGENTE CUMPRA TODAS AS OBRIGAÇÕES POR ELE ASSUMIDAS POR OCASIÃO DA AVENÇA. NÃO O FAZENDO, ESTARÁ SUJEITO AO OFERECIMENTO DE DENÚNCIA
CUMPRIDO INTEGRALMENTE O ACORDO...
O JUÍZO COMPETENTE DEVERÁ DECRETAR A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Aula 29-03-2021
 
 Calunia - Tem que ter dia, local e data
CID Injuria - Tem que ter dia, local e data
 Difamação - 
Para se abrir um processo
Ação Penal
O que é
Classificação da Ação Penal:
De acordo com o Código Penal e o Código de Processo Penal, as ações penais se classificam segundo o seu titular. O art. 100 do CP e 29 do CPP  dispõe que: “A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido”
a) Ação penal pública: cuja titularidade do direito de ação incumbe ao Estado por meio do Ministério Público. Art. 100 § 1º CP e Art. 24, CPP
b) Ação penal privada: a tarefa de movê-la recai sobre o ofendido ou seu representante legal. Art. 100 § 2º CP e art. 30, CPP. CADI
-> Se processa mediante queixa crime ou representação (CADI – Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmãos)
->  Na impossibilidade do ofendido estar presente em juízo ele pode ser representado (CADI)
Condições gerais da ação - LIP
a) Legitimidade de parte. Se a ação for pública, deve ser proposta pelo Ministério Público, e, se for privada, pelo ofendido ou por seu representante legal. CADI. O acusado deve ser maior de 18 anos e ser pessoa física, pois, salvo nos crimes ambientais, pessoa jurídica  não pode figurar no polo passivo de uma ação penal, pois, em regra, não cometem crime.
☞ Os inimputáveis por doença mental ou por dependência em substância entorpecente podem figurar no polo passivo da ação penal, pois, se provada a acusação, serão absolvidos, mas com aplicação de medida de segurança ou sujeição a tratamento médico para a dependência.
 b) Interesse de agir. Para que a ação penal seja admitida é necessária a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade  a ensejar sua propositura. Além disso, é preciso que não esteja extinta a punibilidade pela prescrição ou qualquer outra causa.
c) Possibilidade jurídica do pedido. No processo penal o pedido que se endereça ao juízo é o de condenação do acusado a uma pena ou medida de segurança. Para ser possível requerer a condenação é preciso que o fato descrito na denúncia ou queixa seja típico,  ou seja, que se mostrem presentes todas as elementares exigidas na descrição abstrata da infração penal.
 
OUTRAS CONDIÇÕES DE PROCEDIMENTABILIDADE
a) a entrada do autor da infração no território nacional,  nas hipóteses de extraterritorialidade da lei penal brasileira previstas nos §§ 2o e 3o, do art. 7o, do Código Penal. 
Exs.: crimes praticados por brasileiro no exterior ou por estrangeiro contra um brasileiro fora do Brasil. Ressalte-se, porém, que o ingresso no território nacional é apenas um dos requisitos para a incidência da lei brasileira.
b) autorização da Câmara dos Deputados para a instauração de processo criminal contra o Presidente da República, Vice-Presidente ou Ministros de Estado, perante o Supremo Tribunal Federal  (art. 51, I, da CF).
Atenção!!!!
Desde o advento da Emenda Constitucional n. 35/2001, o desencadeamento de ação penal contra Senadores da República  e Deputados Federais e Estaduais dispensa a prévia autorização da respectiva Casa Legislativa. 
  
Ação penal pública
a) Ação penal pública incondicionada: Regra geral.
Titularidade: Cabe ao Ministério Público, havendo prova da materialidade e inícios de autoria delitiva, a propositura da ação penal pública incondicionada independentemente da autorização de quem quer que seja.
Ex.:. Crimes de homicídio, aborto, infanticídio, furto, estelionato, peculato, etc.
ATENÇÃO 
A criação do instituto da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95) atenuou este princípio para os crimes com pena mínima não superior a 1ano, em que o Ministério Público pode propor, ao acusado que demonstre méritos, a suspensão do processo pelo prazo de 2 a 4 anos, mediante o cumprimento de certas condições, sendo que, ao término desse período, sem que o réu tenha dado causa à revogação, será declarada extinta da punibilidade.
Também - o Acordo de não persecução penal. 
 
Princípio da oficialidade
O titular exclusivo da ação pública é um órgão oficial, que integra os quadros do Estado: o Ministério Público. 
Esse princípio é atenuado pela própria Constituição Federal que, em seu art. 5o,LIX, permite que, subsidiariamente, seja oferecida queixa em crime  de ação pública, desde que o Ministério Público não apresente qualquer manifestação dentro do prazo que a lei lhe confere. Dentro do prazo legal, contudo, o princípio é absoluto.
 
b) Ação penal pública condicionada:
Titularidade: Continua sendo iniciada pelo MP, mas dependerá, para sua propositura, da satisfação de uma condição de procedibilidade, sem a qual a ação penal não poderá ser instaurada. Esta condição é a representação do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo, ou, ainda, de requisição do Ministro da Justiça.
Ação penal publica condicionada
Condicionada à representação do ofendido: é um pedido-autorização em que a vítima, seu representante legal, curador nomeado para a função ou pessoas jurídicas, desde que o façam por intermédio da pessoa indicada no respectivo contrato ou estatuto social, ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes (art. 37 CPP), expressam o desejo de que a ação seja instaurada, autorizando a persecução penal. Sem essa permissão nem sequer poderá ser instaurado inquérito policial.
“Embora a ação continue sendo pública, em determinados crimes, por considerar os efeitos mais gravosos aos interesses individuais, o Estado atribui ao ofendido o direito de avaliar a oportunidade e a conveniência de promover a ação penal, pois este poderá preferir suportar a lesão sofrida a expor-se nos tribunais.” (BITENCOURT, p. 699) 
EX: Arts. 147, § único; 130, § 2º; 153 § 1º; 154 § único; 156, § 1º; 176, § único; 225 § 2º etc.
Condicionada à requisição do Ministro da Justiça: 
Em casos excepcionais a lei brasileira exige, para o início da ação penal, uma manifestação do Ministro da Justiça. A requisição do Ministro da Justiça é um ato administrativo, discricionário e irrevogável, que deve conter a manifestação de vontade, a autorização para a instauração de ação penal, com menção do fato criminoso, nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do autor do crime etc. Atende razões de ordem política que subordinam a ação penal pública em casos específicos a um pronunciamento do Ministro.
Hipóteses de requisição: crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil (art. 7, § 3, b do CP); crimes contra a honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro (art. 141, I, c/c o § único do art. 145 do CP); crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República (art. 141, I, c/c o 145 § único do CP; crimes contra a honra cometidos contra chefe de Estado ou governo estrangeiro ou seus representantes diplomáticos; crimes contra a honra contra ministro do Supremo Tribunal Federal; e crimes contra a honra contra o presidente do Senado e presidente da Câmara dos Deputados.
Princípios reguladores da ação penal pública
a) obrigatoriedade; b) indisponibilidade; c) oficialidade.
A) Princípio da obrigatoriedade
De acordo com esse princípio, o promotor não pode transigir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Caso entenda, de acordo com sua própria apreciação dos elementos de prova — pois a ele cabe formar a opinio delicti — que há indícios suficientes de autoria e materialidade de crime que se apura mediante ação pública, estará obrigado a oferecer denúncia, salvo se houver causa impeditiva, como, por exemplo, a prescrição, hipótese em que deverá requerer o reconhecimento da extinção da punibilidade e, por consequência, o arquivamento do feito.
B) Princípio da indisponibilidade
Nos termosdo art. 42 do Código de Processo Penal, o Ministério Público não pode desistir da ação por ele proposta . Tampouco pode desistir de recurso que tenha interposto (art. 576 do CPP).
Da ação penal publica condicionada 
Exceção
Nos crimes de lesão corporal dolosa leve e lesão culposa, a necessidade de representação encontra-se prevista em outra lei (e não junto ao tipo penal),  conforme art. 88 da Lei n. 9.099/95. 
Igualmente, em relação ao crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, a necessidade de representação encontra -se no art. 291, § 1o, da Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).
  
A representação obriga o Ministério Público a oferecer denúncia??
O art. 127, § 1o, da Constituição Federal confere aos membros do Ministério Público a independência funcional no sentido de tomarem suas decisões, no exercício das funções, de acordo com a própria convicção, sendo que tais decisões só poderão ser eventualmente revistas pelo chefe da Instituição (Procurador-Geral)  naquelas hipóteses em que a lei o permitir. Assim, a existência de representação da vítima não vincula o órgão do Ministério Público .
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do Ministério Público?
Aplicará a regra do art. 28, do CPP, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem incumbirá dar a palavra final. Se o Procurador-Geral insistir no arquivamento, o juiz deverá acatar tal decisão, não sendo ela passível de recurso e tampouco se mostrando cabível a propositura de queixa subsidiária por parte da vítima. 
Importante: O autor da representação, por sua vez, não pode acionar diretamente a Procuradoria Geral, a fim de que profira nova decisão sobre o caso , se o juiz, concordando com o pedido do promotor oficiante, determinar o arquivamento do inquérito. Somente o juiz de direito pode aplicar a regra do art. 28 do Código de Processo Penal.
  
Conteúdo da representação
É preciso salientar que a representação é direcionada à apuração de determinado fato criminoso e não a autores da infração penal elencados pela vítima. Por isso, existindo a representação o Ministério Público está autorizado a desencadear a ação penal contra qualquer pessoa identificada como envolvida no delito. O correto, portanto, é constar dos autos apenas que a vítima quer oferecer representação e não que quer representar contra esta ou aquela pessoa.
Deve-se lembrar que, muitas vezes, a representação é oferecida sem que a autoria seja conhecida, para que o delegado inaugure inquérito exatamente para apurá-la. Se, posteriormente, descobre-se que o autor do crime é pessoa íntima da vítima e ela não quer ver tal pessoa processada, a solução encontra-se no art. 25 do Código de Processo, que permite a retratação da representação antes do oferecimento da denúncia, hipótese em que o Ministério Público não poderá desencadear a ação.
ASPECTOS FORMAIS DA REPRESENTAÇÃO 
Código de Processo Penal, a fim de regulamentar os aspectos formais da representação elenca, em seu art. 39, várias regras atinentes ao tema. Destacamos:
a) a representação pode ser endereçada ao juiz, ao Ministério Público e à autoridade policial (Delegado de Policia); 
b) a representação pode ser ofertada pessoalmente ou por procurador com poderes especiais; 
c) pode ser apresentada mediante declaração escrita ou verbalmente, mas, na última hipótese, deve ser reduzida a termo (é oral somente na origem).
Prazo para a representação:
De acordo com o art. 38 do Código de Processo Penal, o direito de representação deve ser exercido no prazo de 6 meses a contar do dia em que a vítima ou seu representante legal descobrem quem é o autor do delito. O prazo a que a lei se refere é para que a representação seja oferecida, podendo o ministério Público oferecer denúncia mesmo após esse período.
De acordo com o art. 38 do Código de Processo Penal, a representação pode ser apresentada pela vítima ou por seu representante legal. A possibilidade de iniciativa do representante legal resume-se às hipóteses em que a vítima é menor de 18 anos ou incapaz em razão de doença ou retardamento mental. Se o prazo se exaure para o representante (que conhece a autoria do delito) enquanto a vítima ainda não completou os 18 anos, mostra-se presente a decadência, não podendo a vítima apresentar representação quando completar a maioridade.
☞ Se a vítima for doente mental e não possuir representante legal ou se houver colidência de interesses com o representante, o juiz também nomeará curador especial. Neste caso, entretanto, a nomeação deve ser feita pelo próprio juiz criminal.
☞ Se a vítima é maior de idade e mentalmente capaz só ela pode oferecer representação.
☞ Se, porventura, a vítima menor de 18 anos sabia da autoria do delito, mas não comunicou ao representante legal, o prazo decadêncial só começará a correr quando ela fizer 18 anos.
☞ Havendo duas ou mais vítimas, se apenas um delas representar, somente em relação a ela a denúncia poderá ser oferecida. Por isso, se alguém provoca lesão culposa em duas pessoas e apenas uma delas representa, a denúncia só poderá ser apresentada em relação àquela que representou, desprezando-se, nesse caso, o concurso formal de crimes.
☞ Em caso de morte da vítima maior de idade, o direito de representação poderá ser exercido pelo cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão.
Retratação
Prevê o art. 25 do Código de Processo Penal que a representação é retratável até o oferecimento da denúncia. A vítima, portanto, pode retirar a representação, de forma a impossibilitar o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público.
☞ Deve ser salientado, ainda, que, dentro do prazo decadêncial, a representação pode ser novamente oferecida tornando a ser viável a apresentação de denúncia pelo Ministério Público. É o que se chama de retratação da retratação.
Representação e Lei Maria da Penha
A Lei conhecida como Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) trata da apuração dos crimes que envolvem violência doméstica ou familiar contra a mulher e, especificamente no que se refere à representação nos crimes de ação pública condicionada. O ARTIGO 5, §4° do Código de Processo exige a prévia existência da representação. Por isso, quando há inquérito instaurado para apurar crime que envolva violência doméstica ou familiar contra a mulher, correta a conclusão de que já existe a representação. 
É comum, contudo, que a mulher, posteriormente, se arrependa e compareça ao distrito policial ou ao cartório judicial para se retratar. Em tais casos a autoridade policial ou o escrevente devem elaborar certidão dando conta do comparecimento da vítima e de sua intenção de se retratar. 
O juiz, então, à vista dessa manifestação de vontade, caso ainda não tenha recebido a denúncia, deve observar o que dispõe o art.16 da Lei Maria da Penha e designar audiência para a qual a vítima será notificada e na qual Ministério Público deve estar presente. A única finalidade desta audiência é questioná-la se ela realmente quer se retratar e se o faz de forma livre e espontânea.
Deverá, ainda, ser alertada das consequências de seu ato caso insista na retratação. Se ela efetivamente confirmar sua intenção de se retratar, essa manifestação de vontade será reduzida a termo e a retratação será tida como renúncia à representação, de forma que, nessa hipótese, não será possível a retratação da retratação.
Ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça
A requisição do Ministro da Justiça é também uma condição de procedibilidade. Em determinados ilícitos penais, entendeu o legislador ser pertinente que o Ministro da Justiça avalie a conveniência política de ser iniciada a ação penal pelo Ministério Público. É o que ocorre quando um estrangeiro pratica crime brasileiro fora do território nacional (art. 7o, § 3o, b, do Código Penal) ou quando é cometido crime contra a honra do Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro (art. 145, parágrafo único, do Código Penal).Nesses casos, somente se presente a requisição é que poderá ser oferecida a denúncia.
Nos crimes dessa natureza, a lei expressamente utiliza a expressão “somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”.
☞ A existência da requisição, entretanto, não vincula o Ministério Público, que apesar dela, pode requerer o arquivamento do feito, uma vez que a Constituição Federal, em seu art. 127, § 1o, assegura independência funcional e livre convencimento aos membros do Ministério Público, possuindo seus integrantes total autonomia na formação da opinio delicti.
Prazo
Ao contrário do que ocorre com a representação, não existe prazo decadêncial para o oferecimento da requisição por parte do Ministro da Justiça. Assim, a requisição pode ser oferecida a qualquer tempo, desde que antes da prescrição.
Retratação
Existem duas correntes quanto à possibilidade de retratação por parte do Ministro da Justiça;
a) A requisição é irretratável, uma vez que o art. 25 do Código de Processo Penal somente admite a retratação da representação. É a opinião de José Frederico Marques etc
b) A requisição é retratável. Apesar de o art. 25 só mencionar expressamente a possibilidade de retratação da representação, pode ele ser aplicado por analogia à requisição, já que todo ato administrativo pode ser revogado. É a opinião de Damásio E. de Jesus.
Aula 05-04-2021
Ação penal privada
é de iniciativa do ofendido ou, quando este for menor ou incapaz, de seu representante legal. O direito de punir continua sendo estatal, mas a iniciativa da ação penal é transferida para o ofendido ou seu representante legal, uma vez que os delitos dessa natureza atingem a intimidade da vítima que pode preferir não levar a questão a juízo. 
- Princípios específicos da ação privada  
Espécies de Ação penal privada
a) Exclusiva, 
b) Personalíssima e 
c) Subsidiária da pública
Aula dia 12-04-2021
A - Ação privada exclusiva  
A iniciativa da ação cabe ao ofendido ou seu representante legal, mas, em caso de morte ou declaração de ausência destes antes da propositura da ação, esta poderá ser intentada, dentro do prazo decadencial de 6 meses, por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Caso o querelante falece no curso da ação penal pode ser substituído no prazo de 60 dias a contar da morte.
Nomenclaturas técnicas
O sujeito ativo (autor) da ação penal privada é chamado de querelante, ao passo que o acusado é denominado querelado. A peça processual que dá início à ação privada se chama queixa-crime e deve ser endereçada ao juiz competente e não ao delegado de polícia. 
Procuração com poderes especiais
· Para apresentar a queixa, o procurador do ofendido deve estar munido de procuração com poderes especiais, em cujo mandato deve constar menção ao fato criminoso e o nome do querelado. 
· A ausência de procuração com poderes especiais ou a falta de algum dos requisitos do art. 44 impede o recebimento da queixa, mas a falha pode ser corrigida dentro do prazo decadencial de 6 meses 
B) Ação Privada Personalíssima  art.236CP – 1595 $2º CC
A ação só pode ser intentada pela vítima. Se esta for menor de idade deve-se aguardar que complete 18 anos para que tenha legitimidade ativa. Se for incapaz em razão de doença mental, deve-se aguardar sua eventual melhora. o prazo decadencial de 6 meses só correrá a partir da maioridade ou da volta à capacidade mental. 
Nesse tipo de ação privada, caso haja morte do ofendido, antes ou depois do início da ação, não poderá haver substituição para a sua propositura ou seu prosseguimento.  
Aula 19-04-2021
Atuação do Ministério Público na ação privada  
Causas extintivas da punibilidade da ação penal privada regulamentadas no Código de Processo Penal  
a) Decadência;
b) Perempção; 
c) Renúncia; 
d) Perdão. 
A) Decadência
Na ação privada, a decadência é a perda do direito de ingressar (iniciar) com a ação em face do decurso do prazo sem o oferecimento da queixa. Essa perda do direito de ação por parte do ofendido atinge também o jus puniendi (o estado), gerando a extinção da punibilidade do autor da infração. 
B) Perempção 
Hipóteses de perempção: (art. 60 CPP) 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extingui sem deixar sucessor (se os sócios morrerem e não estiver no contrato social da empresa quem irá herdar a empresa 
C) Renúncia 
É um ato pelo qual o ofendido abre mão (abdica) do direito de oferecer a queixa. Trata-se de ato unilateral, uma vez que, para produzir efeitos, independe de aceitação do autor do delito. Ademais, é irretratável (não podendo entrar novamente). 
A renúncia só pode ocorrer antes do início da ação penal (antes do recebimento da queixa pelo juiz). 
Pode se dar antes ou depois do oferecimento da queixa, mas sempre antes de renúncia pode partir apenas do titular do direito de queixa (do ofendido ou do representante legal caso aquele seja menor ou incapaz). Havendo duas vítimas, a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a outra oferecer queixa.
É um ato pelo qual o ofendido abre mão (abdica) do direito de oferecer a queixa. Trata-se de ato unilateral, uma vez que, para produzir efeitos, independe de aceitação do autor do delito. Ademais, é irretratável. 
A renúncia só pode ocorrer antes do início da ação penal (antes do recebimento da queixa). Pode se dar antes ou depois do oferecimento da queixa, mas sempre antes de a renúncia pode partir apenas do titular do direito de queixa (do ofendido ou do representante legal caso aquele seja menor ou incapaz). Havendo duas vítimas, a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a outra oferecer queixa.
* Se duas pessoas ofende uma pessoa, ela tem que processar os dois, se abdicar de um o advogado pode alegar a indivisibilidade do processo
D) Perdão do ofendido
É um ato pelo qual o querelante desiste do prosseguimento da ação penal privada, desculpando o querelado pela prática da infração penal. O perdão só é cabível quando a ação penal já se iniciou com o recebimento da queixa e pressupõe também que não tenha havido trânsito em julgado da sentença condenatória.  
Cuida-se de ato bilateral, uma vez que gera a extinção da punibilidade somente se for aceito pelo ofendido. O próprio art. 107, V, do Código Penal diz que se extingue a punibilidade pelo perdão aceito. 
 O oferecimento do perdão pode ser feito pessoalmente ou por procurador com poderes especiais. 
Formas de perdão e respectiva aceitação 
O perdão pode ser processual ou extraprocessual
Extraprocessual (Tácito): Quando volta a relação harmoniosa entre a vitima e o acusado.
Processual: é aquele concedido mediante declaração expressa nos autos. Nesse caso, dispõe o art. 58 do Código de Processo Penal que o querelado será notificado a dizer, dentro de 3 dias, se o aceita, devendo constar do mandado de intimação que o seu silêncio importará em aceitação. Assim, para não aceitar o perdão o querelado deve comparecer em juízo e declará-lo expressamente. 
Ação privada subsidiária da pública 
De acordo com o art. 5o, LIX, da Constituição Federal, “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”. Nota-se, pois, que o constituinte, apesar de ter conferido ao Ministério Público a titularidade exclusiva da ação penal nos crimes de ação pública (art. 129, I, da CF), não conferiu caráter absoluto a tal prerrogativa, já que, se o órgão ministerial mostrar-se desidioso (negligente,preguiçoso) e não se manifestar dentro do prazo previsto em lei, poderá a vítima oferecer queixa subsidiária. 
 Prazo: De acordo com o art. 46 do Código de Processo, o prazo para o oferecimento de denúncia é de 5 dias, se o indiciado estiver preso, e de 15 dias, se estiver solto, a contar da data em que for recebido o inquérito policial. 
 Findo este prazo sem que o Ministério Público tenha apresentado manifestação, surge o direito para a vítima de oferecer a queixa em substituição à denúncia não apresentada no prazo. Tal possibilidade inicia-se com o término do prazo do Ministério Público e se estende por 6 meses. Como o prazo para o promotor se manifestar não é peremptório, sua inércia era a possibilidade da queixa subsidiária, mas não impede que ele próprio ofereça denúncia se a vítima ainda não tiver apresentado a queixa.  
Além disso, se a vítima não ingressar com a ação supletiva dentro de 6 meses, não haverá extinção da punibilidade porque o crime, em sua natureza, é de ação pública. 
 
ATUAÇÃO DO MINISTERIO PÚBLICO
Ação Civil Ex delicto (nasce em relação a um processo penal)
A Ação Civil Ex Delicto pode ser definida simploriamente como uma ação ajuizada na esfera cível, requerendo a indenização de dano moral ou material juridicamente reconhecido em infração penal. 
Portanto, tal ação somente caberá nas hipóteses em que a repercussão da infração penal também atingir a esfera da responsabilidade civil.
Contudo, o Código de Processo Penal ao tratar deste tipo de ação prevê meios mais eficazes para a vítima buscar a reparação, além de prever a utilização do sequestro, da busca e apreensão, do arresto e da hipoteca legal.
Espécies de Reparação 
(a) Restituição 
A restituição é a espécie de reparação mais simples. Consiste na restituição da coisa, caso a lesão do bem jurídico se constitua na privação de um objeto (por exemplo, em casos de furtos). O pedido de restituição de bem pode ser requerido na própria instância criminal, por meio de incidente de restituição de coisas apreendidas, na hipótese de o bem já ter sido apreendido e de não haver dúvida quanto à sua propriedade. 
(b) Ressarcimento 
O ressarcimento constitui, nas palavras de Hélio Tornaghi, no “pagamento do dano patrimonial, de todo o dano, isto é, do prejuízo emergente e do lucro cessante, do principal e dos frutos que lhe adviriam com o tempo e com o empregado da coisa”. 
(c) Reparação 
A reparação será cabível quando o dano não for ressarcível em espécie, ou seja, quando não puder ser estimado em dinheiro, por sua natureza não patrimonial, com o intuito de confortar a dor sofrida pelo ofendido. 
(d) Indenização 
Por fim, a indenização figura como um meio de compensação por dano causado por ato ilícito praticado pelo Estado. Como exemplo, podemos citar a absolvição em revisão, em que o Estado tem o dever de indenizar o interessado pelos danos sofridos 
Em que pese a classificação citada, a própria legislação, e aqui inclui-se a CRF/88, não a obedece, definindo como indenização (termo genérico) qualquer pedido ressarcitório ou reparatório. 
 Separação da Jurisdição 
· O nosso ordenamento jurídico atual privilegia a separação da jurisdição. Em outras palavras, a ação penal tem por objetivo a condenação do agente com relação à infração penal realizada, enquanto que a ação civil tem por finalidade a reparação do dano sofrida pelo ofendido, quando cabível. 
· Contudo, necessário ressaltar que a separação citada sofre certa mitigação. Assim, ao mesmo passo que a parte interessada poderá ajuizar somente a ação na esfera civil, visando a reparação do dano e jamais ingressar com a ação penal, também é verdade que a justiça penal deverá prevalecer sobre a civil quando se tratar de indenização por suposto crime cometido e aquela julgar como inexistente o fato ou a autoria restar também afastada. 
· Caso ocorra sentença penal condenatória com trânsito em julgado, tal decisão influenciará na esfera cível, podendo ser exequível em tal jurisdição, em que não mais se discutirá o que se deve, mas sim o quanto se deve. 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
PROF. NEIDE DUARTE
JURISDIÇÃO
Diferentemente do Processo civil, a definição de jurisdição penal deve começar pelo abandono da discussão entre jurisdição voluntária e contenciosa. Isso porque no processo penal não existe lide. 
A jurisdição penal é uma jurisdição cognitiva, destinada a conhecer da pretensão acusatória (e de seu elemento objetivo, o caso penal) para, em acolhendo-a, exercer o poder de penar que detém o Estado-juiz. Poder-dever este que foi atribuído, constitucionalmente, ao Estado para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos. 
Aury Lopes conceitua jurisdição como o direito fundamental atribuído ao cidadão de ser julgado por um juiz, natural (cuja competência está prefixada em lei), imparcial e no prazo razoável. não apenas como um poder-dever do Estado conforme definido por outros doutrinadores.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
INÉRCIA DA JURISDIÇÃO
o poder somente poderá ser exercido pelo juiz mediante prévia invocação. Vedada está a atuação ex oficio. 
O juiz não pode dar início à ação penal. O magistrado, porém, pode, de ofício, na busca da verdade real, determinar, durante a instrução, a produção de prova que entenda imprescindível (arts. 156, II, e404 do CPP), bem como ordenar, mesmo antes do início da ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida (art. 156, I, do CPP).
Princípio do juiz natural
Significa que ninguém pode ser processado ou julgado senão pelo juiz competente, de acordo com normas preestabelecidas (art. 5o, LIII, da CF). São vedados, da mesma forma, juízos e tribunais de exceção (art. 5o, XXXVII, da CF).
O nascimento da garantia do juiz natural dá-se no momento da prática do delito, e não no início do processo. Não se podem manipular os critérios de competência e tampouco definir posteriormente ao fato qual será o juiz da causa.
Princípio da investidura
A jurisdição só pode ser exercida por quem foi aprovado em concurso público da magistratura, nomeado, empossado e que está no exercício de suas atividades.
No caso do Quinto Constitucional, em  que integrantes do Ministério Público e da Advocacia são nomeados pelo Chefe do Executivo para integrar um quinto das cadeiras dos Tribunais, após formação de lista tríplice pela própria Corte, há exceção apenas no que tange à inexistência do concurso público de ingresso à carreira da magistratura.
Ex Caso filhas de ministro 
 
Princípio da Indeclinabilidade da Jurisdição
Nenhuma das garantias anteriores teria eficácia se fosse permitido ao juiz declinar ou subtrair-se do dever de julgamento do processo. 
A garantia da jurisdição careceria de sentido se fosse possível sua fungibilidade. A interrogabilidade é garantia que decorre e assegura a eficácia da garantia da jurisdição, no sentido de infungibilidade e indeclinabilidade do juízo, assegurando a todos o livre acesso ao processo e ao poder jurisdicional.
Logo, o juiz natural não pode declinar ou delegar a outro o exercício da sua jurisdição, até porque existe uma exclusividade desse poder, de modo a excluir a de todos os demais.
UNIDADE DA JURISDIÇÃO E CLASSIFICAÇÕES
A jurisdição, como poder que detém o Estado de dizer o Direito por intermédio do Poder Judiciário, tem como característica a unidade. A doutrina faz uma divisão acerca do tema, de acordo com vários critérios:
a) Quanto à matéria, a jurisdição pode ser civil, penal, trabalhista etc.
b) Quanto à graduação, pode ser inferior, referindo -se à 1a instância, ou superior, que julga a ação em grau de recurso.
d) Quanto à função, pode ser comum (estadual ou federal), ou especial (militar ou eleitoral). No âmbito trabalhista, não existe julgamento de crimes.
A Competência em Matéria Penal. A Reforma de 2019/2020
A competência é um conjunto de regras que asseguram a eficácia da garantia da jurisdição e, especialmente, do juiz natural. 
Podemos afirmar que competência é o espaço no qual determinadaautoridade judiciária poderá aplicar o direito aos litígios que lhe forem apresentados.
Como regra, um juiz ou tribunal somente pode julgar um caso penal quando for competente em razão da matéria, pessoa e lugar.
ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA 
A) RATIONE MATERIAE: é fixada em virtude da natureza da infração. Comum ou especial? 
B) RATIONE PERSONAE: é fixada em virtude da qualidade das pessoas acusadas. 
C) RATIONE LOCI: é fixada levando em consideração o local onde foi praticada ou consumada a infração ou, então, em determinados casos, no local de residência do acusado. 
Art.70 cpp
COMPETENCIA ABSOLUTA
Competência pode ser relativa e absoluta. Sendo assim, a competência absoluta será a hipótese de fixação de competência que não admite prorrogação, o processo deverá ser remetido ao juiz natural determinado por normais constitucionais ou processuais penais, sob pena de nulidade do feito.
· Possuirá competência absoluta a competência em razão da matéria (Ratione materiae) e a competência em razão de prerrogativa de função (Ratione Personae) . por ser absoluta, não se convalida jamais (não há preclusão ou prorrogação de competência) e pode ser reconhecida de ofício pelo juiz ou tribunal, em qualquer fase do processo. Ex: Matéria(RATIONE LOCI) e Pessoa (RATIONE MATERIAE) - Esposa
· A competência relativa será aquela na qual a hipótese de fixação de competência admite prorrogação, ou seja, não invocada a tempo a incompetência do foro, reputa-se competente o juízo que conduz o feito, não havendo a possibilidade de posteriormente se alegar a nulidade. 
· Ou seja, deve ser arguida pelo réu no primeiro momento em que falar no processo, sob
· pena de preclusão e prorrogação da competência do juiz
Ex: Local (RATIONE LOCI) Amante (tirar foto não pode, fim de semana sem chance.
A possibilidade de competência relativa será o caso da competência territorial (Ratione loci). (Aury Lopes, minoritariamente diverge)
CRITÉRIOS DEFINIDORES da competência
I. lugar da infração;
II. domicílio ou residência do réu;
III. natureza da infração;
IV. distribuição;
V. conexão ou continência;
VI. prevenção;
VII. prerrogativa de função.
Desde logo, advertimos que não existe nenhuma hierarquia ou ordem entre os incisos.
1- Mas como se define competência? 
 partindo de 3 perguntas...
1- Qual é a justiça e órgão competente? (matéria e pessoa)
1. Justiças Especiais
Justiça Militar 
Justiça Estadual 
Justiça Federal
Justiça Eleitoral
2. Justiças Comuns
Justiça Comum Federal
Justiça Comum Estadual
Para definição da “Justiça” competente, deve-se considerar a matéria em julgamento e começar a análise pela esfera mais restrita das Justiças Especiais (começando pela Justiça Militar Federal, depois Estadual e por fim, a Eleitoral), para, por exclusão, chegar às Justiças Comuns (Primeiro a Federal), para só então chegar à Justiça mais residual de todas: a Justiça Comum Estadual. 
Assim, um crime somente será de competência da Justiça Comum Estadual quando não for de competência de nenhuma das anteriores.
1ª Pergunta Qual será o nível de jurisdição que terá atuação originária? 
 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DOS ESTADOS
(Segundo grau da justiça federal) ( segundo grau da justiça estadual)
Órgãos de primeiro grau Órgãos de primeiro grau
Tribunal do Júri Tribunal do Júri
Juiz Federal juiz de Direito 
Juizado Especial Federal Juizado Especial Federal
2ª pergunta: Qual é o foro competente? (local)
Quando, em razão da natureza do delito (matéria) e qualidade do agente (pessoa), o julgamento for de competência da Justiça de primeiro grau, deve-se ainda definir qual será o foro competente (lugar), atendendo, nesse caso, às regras dos arts. 70 e 71 do CPP.
 Excepcionalmente, dependendo da situação, poderá ser necessário recorrer às regras dos arts. 88 a 90, quando o delito for cometido a bordo de navio ou aeronave, como explicaremos na continuação.
Qual é a vara ou juízo?
Ainda que respondidas as duas perguntas anteriores, pode a competência não estar definida, como ocorre, por exemplo, com um crime de roubo cometido na cidade de Porto Alegre. A Justiça será a comum estadual (diante da não incidência das demais), o órgão é o juiz de direito (primeiro grau) e o local será a comarca de Porto Alegre. Contudo, ainda assim, quantos juízes igualmente competentes em razão da matéria, pessoa e lugar existem nessa cidade? Dezenas. Logo, qual deles irá julgar? 
Deveremos recorrer aos critérios da prevenção ou da distribuição, conforme o caso.
JURISDIÇÃO 
Conceito- Jurisdição É o poder-dever atribuído, constitucionalmente, ao Estado para aplicar a lei ao caso concreto, compondo litígios e resolvendo conflitos. Nas palavras de ROGÉRIOLAURIA TUCCI, jurisdição “é uma função estatal inerente ao poder-dever de realização de justiça, mediante atividade substitutiva de agentes do Poder Judiciário – juízes e tribunais –, concretizada na aplicação do direito objetivo a uma relação jurídica, com a respectiva declaração, e o consequente reconhecimento, satisfação ou assecuração do direito subjetivo material de um dos titulares das situações (ativa e passiva) que a compõem”. 
Jurisdição é o poder de julgar (que é inerente a todos os juízes). É a possibilidade de aplicar a lei abstrata aos casos concretos que lhe forem apresentados, o poder de solucionar lides. Todos os membros do Poder Judiciário têm jurisdição. 
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
São os seguintes os princípios que regem a jurisdição: 
Princípio do juiz natural 
Significa que ninguém pode ser processado ou julgado senão pelo juiz competente, de acordo com normas preestabelecidas (art. 5o, LIII, da CF). São vedados, da mesma forma, juízos e tribunais de exceção (art. 5o, XXXVII, da CF). 
Princípio da investidura 
A jurisdição só pode ser exercida por quem foi aprovado em concurso público da magistratura, nomeado, empossado e que está no exercício de suas atividades. 
 
No caso do Quinto Constitucional, em que integrantes do Ministério Público e da Advocacia são nomeados pelo Chefe do Executivo para integrar um quinto das cadeiras dos Tribunais, após formação de lista tríplice pela própria Corte, há exceção apenas no que tange à inexistência do concurso público de ingresso à carreira da magistratura. 
Ex Caso filhas de ministro 
Princípio da indeclinabilidade 
O juiz não pode deixar de dar a prestação jurisdicional, tampouco uma lei pode ser feita para excluir da apreciação do Judiciário lesão ou ameaça a direito de alguém (art. 5o, XXXV, da CF). 
Princípio da indelegabilidade 
Nenhum juiz pode delegar sua jurisdição a outro, pois, se isso ocorrer, estará sendo desrespeitado o princípio do juiz natural. A expedição de carta precatória ou carta de ordem não fere este princípio porque a delegação é apenas para a realização de determinado ato processual (oitiva de testemunhas, por exemplo), sem a transferência de poder decisório ao juízo deprecado. É por essa razão que este juízo não pode, v.g., homologar proposta de suspensão condicional do processo proveniente do juízo deprecante. Caso a proposta seja aceita pelo réu, a precatória deve ser devolvida para homologação do juiz da causa. 
Princípio da improrrogabilidade 
O juiz não pode invadir a área de atuação de outro, salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei de prorrogação de competência em certos casos de conexão. 
Princípio da inevitabilidade (ou irrecusabilidade) 
As partes não podem recusar o juiz, salvo nos casos de suspeição, impedimento ou incompetência. 
Princípio da inércia (ou da iniciativa das partes) 
O juiz

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