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Ação supervisora e tendências pedagógicas Eloiza da Silva Gomes de Oliveira O que significa tendência pedagógica? E sta aula tem como objetivo principal mostrar que a Educação não é neutra e que, sempre que ocorre o fato educativo, está envolto em intencionalidade e ideologia. Sendo assim, muito se ouve falar das tendências pedagógicas da Educação brasileira e nas suas características e aspectos mais importantes. Elaboram-se quadros comparativos, verificam-se os educadores que mais se desta- caram em cada uma delas, mas muitas vezes não se reflete sobre o que caracteriza uma tendência pedagógica: a concepção político-filosófica de sociedade, de Edu cação e de homem que ela traz. O processo pedagógico envolve três grandes dimensões – a humana, a técnica e a político- -social. Além disso, as tendências pedagógicas têm sua origem em movimentos sociais e filosóficos que, presentes em um determinado momento histórico, aproximam as práticas didático-pedagógicas das aspirações da sociedade, criando modelos educacionais e formas específicas de construção do conhecimento. Segundo Ferreira (2007), Qualquer prática ou estudo em educação precisa deixar claro, desde o início, as categorias que o orientam. Definir essas categorias remete o autor a classificações, a apegos a determinadas linhas de pensamento. São essas linhas as definidoras dos rumos a seguir, por isso representam racionalidades: a forma como se pensa a educação. Assim, partindo-se do pressuposto que toda a ação educativa implica necessariamente uma intencionalidade, porque é uma ação política, é preciso ter o entendimento dessas racionalidades para, a partir daí, movimentar- -se. Importante destacar que esse processo só acontece no coletivo, referenda-se e consubstancia-se no grupo de professores, momento e espaço propício para a necessária reflexão e para a distinção entre as diferentes possibilidades orientadoras do fazer educativo. Mais adiante, a mesma autora define tendência de maneira bastante adequada: Entende-se por tendência toda e qualquer orientação de cunho filosófico e pedagógico que determina padrões e ações educativas, ainda que esteja desprovida de uma reflexão e de uma intencionalidade mais concreta. Uma tendência pedagógica é, na verdade, uma inclinação por pensamentos e comportamentos pedagógicos lidos na história da educação ou mesmo em outras práticas pedagógicas hodiernas. O educador deve estar plenamente consciente da tendência pedagógica que influencia a sua prática, para que possa refletir sobre o referencial teórico que lhe serve de suporte, atribuindo um caráter de reflexão-ação à mesma. Segundo Marques (1993, p. 104), Os paradigmas básicos do saber, que se sucederam interpenetrados e que continuam em nossa cultura e em nossas cabeças, necessitam recompor-se em um quadro teórico mais vasto e coerente. Sem percebê-los dialetica- mente atuantes, não poderemos reconstruir a educação de nossa responsabilidade solidária. Nesse momento, cabe acreditar que a supervisão educacional esteja imune às tendências peda- gógicas que predominaram no Brasil? A resposta, que se mostra clara, é a de que, do mesmo modo que acontece com o currículo, a didática e a avaliação, as ações supervisoras também adquiriram nuances próprias, de acordo com as tendências pedagógicas predominantes no cenário educacional. 17Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 18 A principal característica de uma tendência pedagógica é a forma de aborda- gem do objeto de estudo da Pedagogia – a Educação. Dependendo da tendência, a práxis educativa – da realidade pedagógica – pode assumir diferentes enfoques. Tendências pedagógicas na Educação brasileira Para a explicação sobre as tendências pedagógicas no Brasil, foram escolhidos dois estudos conhecidos: o de José Carlos Libâneo, em seu livro Democratização da Escola Pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos (1985), e o de Dermeval Saviani, em Escola e Democracia (2001). Tendências pedagógicas segundo Libâneo José Carlos Libâneo (1985, p. 19-44) divide as tendências pedagógicas exis- tentes na prática escolar brasileira em dois grandes blocos: a tendência liberal e a tendência progressista. Pedagogia Liberal Para a Pedagogia Liberal, a escola tem como função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com suas aptidões: “A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difundida a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições” (LIBÂNEO, 1985, p. 21-22). Para muitos professores, a palavra liberal possui uma conotação equivocada: eles afirmam, orgulhosamente, que são liberais, pensando que isso é sinônimo de democráticos. Há três modelos nessa tendência pedagógica: Tradicional, Renovada e Tecnista. Tendência Liberal Tradicional Na Pedagogia Liberal Tradicional, a preocupação central é a universalização do conhecimento: o professor utiliza o treino intensivo, a repetição e a memorização para transmitir ao aluno o saber universal sistematizado. Por outro lado, os alunos, elementos passivos no processo de ensino e aprendizagem, simplesmente absorvem os conteúdos, que são verdades absolutas e dissociadas de sua vivência e de sua realidade social. Aqui não existe a preocupação com as características específicas e com a diversidade dos alunos, e os métodos mais usados são a exposição verbal e a demonstração dos conteúdos, que são apresentados de forma linear e em progressão lógica, sendo fixados e avaliados por meio de provas escritas, orais, exercícios e trabalhos de casa (SCHRAMM, 2007). Ao se observar a Pedagogia Tradicional, percebe-se que ela ainda está muito presente na nossa Educação, e com forte tendência à reprodução. Demo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 19 (1999, p. 86) critica fortemente o reprodutivismo na Educação, resgatando o sentido político: Nada é mais político – em sentido negativo – do que produzir a subalternidade, lançando mão de toda instrumentação técnica disponível, desde meras aulas reprodutivas, abuso dos meios de comunicação, manuseio estereotipado da inteligência artificial, submissão a livros didáticos e a currículos vindos de fora e artimanhas instrucionistas imbecilizantes. Aprender é, profundamente, a competência de desenhar o destino próprio, de inventar um sujeito crítico e criativo, dentro das circunstâncias dadas e sempre com sentido solidário. Tendência Liberal Renovada Segundo Libâneo, a Pedagogia Liberal Renovada possui duas versões: a renovada progressista ou programática, que tem em Anísio Teixeira seu principal expoente, e a renovada não diretiva, com Carl Rogers como elemento de destaque, enfatizando a igualdade e o sentimento de cultura como desenvolvimento de aptidões individuais. Na concepção renovada progressista, a escola deve ajustar-se às necessidades do indivíduo e ao meio social em que ele está inserido, tornando-se mais próxima da vida. Essa tendência é também conhecida como Pedagogia Nova, Escola Nova ou ainda Escolanovismo. A concepção renovada não diretiva atribui à escola o papel de formar atitudes e, para isso, está mais preocupada com os aspectos psicológicos que com os aspectos pedagógicos ou sociais (SCHRAMM, 2007). Há a preocupação com o estabelecimento de um clima de mudança interna do indivíduo, caracteristicamente existencial-humanista. Além disso, todos os profissionais que trabalham na escola funcionam como “facilitadores de aprendizagem” rogerianos, esmaecendo-se os contornos e as especificidades entre eles. A necessidade de democratizar a sociedade fez com que o movimento da Escola Nova acontecesse paralelamente à Pedagogia Tradicional, buscando reformas educacionais urgentes. Os objetivos da Escola Nova estão concentrados no aluno,e os educadores que adotam essa concepção acreditam em uma sociedade mais justa e igualitária, na qual caberia à Educação adaptar os estudantes ao seu ambiente social (SCHRAMM, 2007). De acordo com Fusari e Ferraz (1992, p. 28), Do ponto de vista da Escola Nova, os conhecimentos já obtidos pela ciência e acumulados pela humanidade não precisariam ser transmitidos aos alunos, pois acreditava-se que, passando por esses métodos, eles seriam naturalmente encontrados e organizados. Esse movimento baseia-se em uma crença: a de que a relação entre as pessoas pode ser mais justa sem a divisão em classes sociais. A ditadura de Vargas (1937-1945) fez com que a Escola Nova fosse afastada do cenário nacional e, desse modo, a Educação passou por um período de estagnação. Tendência Liberal Tecnicista A Revolução de 1964, com o objetivo de manter a hegemonia social, lançou mão de recursos tecnológicos sofisticados, que ocasionaram reformulações no Ensino Superior, a criação de um sistema nacional de Pós-Graduação e a divisão do Ensino Básico, que passou a ser denominado de primeiro e segundo graus. Assim, surgiu a Tendência Liberal Tecnicista, voltada para a cientificidade e a competência, ou seja, as técnicas e métodos que aumentam a eficiência da Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 20 aprendizagem tornam-se centrais. Nessa nova tendência, fala-se em enfoque sistêmico, em operacionalização de objetivos e em tecnologias de ensino. Essa tendência responde à reprodução da ideologia e das relações sociais, já que o que se almeja é a produtividade, o baixo custo da mão de obra numerosa e qualificada tecnicamente, dócil e disciplinada (NEIVA, 2007). A tarefa do professor é dar respostas apropriadas aos objetivos institucionais para conseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino por meio da tecnologia educacional – o professor é apenas um vínculo entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o sistema instrucional previsto. A aplicação da Pedagogia Tecnicista (planejamento, livros didáticos programados, procedimentos de avaliação etc.) não configura uma postura tecnicista do professor: antes, o exer- cício profissional do docente assume uma postura eclética em torno de princípios pedagógicos pautados nas pedagogias tradicional e renovada (LUCKESI, 1993, p. 63). Pedagogia Progressista A segunda grande tendência pedagógica descrita por Libâneo é a progres- sista. O autor afirma que o termo progressista é tomado emprestado de Snyders, e utilizado nesses estudos para: [...] designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação. Evidente que a Peda- gogia não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um instru- mento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais. (LIBÂNEO, 1985, p. 32) Essa tendência é resultado da insatisfação de muitos educadores que, a partir da década de 1960, manifestam suas preocupações em relação ao rumo tomado pela Educação. Suas discussões e questionamentos colocam ênfase na escola pública, no que diz respeito à real contribuição desta para a sociedade (SCHRAMM, 2007). Para Libâneo, essa tendência divide-se em três vertentes: libertadora, progressista e de crítica social dos conteúdos. Tendência Progressista Libertadora O grande vulto na Tendência Progressista Libertadora é Paulo Freire, com seu brilhante ideário sobre a Educação Libertadora, o processo dialógico, a problema- tização do ensino e da aprendizagem. Nessa concepção, o homem é considerado um ser no mundo – material, concreto, econômico, social e ideologicamente determinado – e ao homem cabe transformar essa situação em que vive. A busca do conhecimento é uma atividade inseparável da prática social, não se baseando no acúmulo de informações, mas em uma reelaboração mental que deve surgir na forma de ação sobre o mundo. A escola passa a ser vista como instrumento de luta das camadas populares, relacionando-se dialeticamente com a sociedade e constituindo-se em um meio de transformação Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 21 dessa sociedade. Sua principal função é elevar o nível de consciência do educando a respeito da realidade, tornando-o capaz de buscar sua emancipação econômica, política, social e cultural (SCHRAMM, 2007). Tendência Progressista Libertária A Pedagogia Progressista Libertária acentua a conotação política do movimento anterior: traz preocupações com a participação grupal, a análise institucional, os processos de mudança, a efetiva inserção da Educação na prática social. Por outro lado, valoriza a experiência de autogestão, autonomia e não diretividade. A Pedagogia Libertária tem em comum com a Pedagogia Libertadora “[...] a valorização da experiência vivida como base da relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica” (LUCKESI, 1993, p. 64). Nessa tendência, o conhecimento não é a investigação cognitiva do real, mas a descoberta de respostas relacionadas às exigências da vida social. Aqui, acredita-se na liberdade total, e por isso dá-se mais importância ao processo de aprendizagem grupal do que aos conteúdos de ensino (SCHRAMM, 2007). É correto afirmar que a Pedagogia Libertária “[...] abrange quase todas as tendências antiautoritárias em educação, como a psicanalítica, a anarquista, a dos sociólogos e também a dos professores progressistas” (LIBÂNEO, 1985, p. 39). Tendência Progressista Crítico-Social dos Conteúdos A Pedagogia Progressista Crítico-Social dos Conteúdos – também chamada Histórico-Crítica –, apresentada por Libâneo e outros educadores brasileiros no início da década de 1980, propõe a valorização dos conteúdos do saber sistematizado, mas não de forma inerte, como na escola tradicional. Os conteúdos vivos, concretos e inseridos na realidade sociopolítica provêm do confronto entre os saberes erudito e popular, combinando os processos de continuidade e ruptura, assim não basta que os conteúdos sejam bem ensinados, é preciso que tenham significação humana e social. Ao falar dessa tendência pedagógica, Libâneo (1985, p. 70) afirma que: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos toma o partido dos interesses majoritários da sociedade, atribuindo à instrução e ao ensino o papel de proporcionar aos alunos o domínio de conteúdos científicos, os métodos de estudo e habilidades e hábitos de raciocínio científico, de modo a irem formando a consciência crítica face às realidades sociais e capacitando-se a assumir no conjunto das lutas sociais a sua condição de agentes [...] de transformação da sociedade e de si próprios. Tendências pedagógicas segundo Saviani Dermeval Saviani (2001) fala de dois grandes grupos de tendências pedagó- gicas, e propõe ainda uma terceira. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 22 Teorias não críticas – incluem a Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia Tecnicista, que consideram a Educação como uma panaceia milagrosa, capaz de erradicar a marginalidade da sociedade; Teorias crítico-reprodutivistas – incluem a Teoria do Sistema como Violência Simbólica (proposta pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu), a Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado – AIE (enunciada por Antonio Gramsci e Louis Althusser) e a Teoria da Escola Dualista (originada das pesquisas de C. Baudelot e R. Establet sobre a escola na França), nas quais a Educação aparece como fator agravante, responsável pela marginalidade por meio da discriminação; Teoria crítica da Educação – proposta por Saviani, ressalta que os dois primeiros grupos explicam a marginalização pela forma de relação entre Educação e sociedade.O autor critica a Escola Tradicional, afirmando que ela surgiu com o objetivo de superar o Antigo Regime, baseando-se nas conquistas da Revolução Francesa. Esta propunha a universalização do ensino para transformar os súditos em cidadãos esclarecidos: a escola seria o remédio para esse problema ao difundir um ensino centrado e organizado em torno da figura do professor, e ao minimizar o déficit intelectual causado pela falta de instrução. Por outro lado, a Pedagogia Nova, também criticada por Saviani, surgiu como uma tentativa de equacionar os problemas causados pela Pedagogia Tradicional. Nascida das experiências de Educação com portadores de necessidades especiais (de Decroly e Montessori), ampliou-se posteriormente como uma proposta para todo o âmbito escolar. Essa vertente concebe o marginalizado não como um ignorante, mas como alguém que foi rejeitado pelo sistema escolar e pela sociedade – e assim cabe à escola reintegrar o aluno ao grupo, colocando-o como centro do processo de ensino e aprendizagem. Já para a Pedagogia Tecnicista, marginalizado não é o ignorante nem o rejeitado, mas o improdutivo, o incompetente (no sentido técnico da palavra); desse modo, a Educação colabora para o fim da marginalidade ao formar indivíduos tecnicamente eficientes, aptos a contribuir para o aumento de produtividade da sociedade. O autor critica também as teorias crítico-reprodutivistas que denunciam a violência simbólica cometida pela escola, por exemplo, ao impor conteúdos que representam uma cultura dominante e desprezar a diversidade das manifestações culturais dos alunos. Além disso, denuncia o reprodutivismo das teorias que criticam a utilização da escola como aparelho ideológico do Estado para manter a dominação burguesa, bem como as que se opõem à separação das redes escolares para as classes privilegiadas e para as camadas populares da sociedade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 23 Ao estudar as tendências pedagógicas brasileiras e propor a Teoria Crítica da Educação, Saviani (2001, p. 75-76) postula a construção de uma “pedagogia revolucionária”: Se as pedagogias tradicional e nova podiam alimentar a expectativa de que os métodos por elas propostos poderiam ter aceitação universal, isto devia-se ao fato de que dissociavam a educação da sociedade, concebendo esta como harmoniosa, não contraditória. Já o método que preconizo deriva de uma concepção que articula educação e sociedade e parte da consideração de que a sociedade em que vivemos é dividida em classes com interesses opostos. [...] Trata-se, portanto, de lutar também no campo pedagógico para fazer prevalecer os interesses até agora não dominantes. E essa luta não parte do consenso, mas do dissenso. O consenso é vislumbrado no ponto de chegada. Para se chegar lá, porém, é necessário, pela prática social, transformar as relações de produção que impedem a construção de uma sociedade igualitária. A pedagogia por mim denominada ao longo deste texto, na falta de uma expressão mais adequada, de pedagogia revolucionária, não é outra coisa senão aquela pedagogia empenhada decididamente em colocar a educação a serviço da referida transformação das relações de produção. Ação supervisora e tendências pedagógicas Esse tópico será esquematizado por meio de um quadro-síntese1, que foi adaptado para tornar mais fácil a compreensão das diversas nuances assumidas pela ação supervisora, conforme as tendências pedagógicas preponderantes no Brasil. Agora, provavelmente surjam as seguintes perguntas: Qual é a tendência pedagógica predominante na atualidade? Que forma a ação supervisora adquire? Hoje em dia, pela extensão e pela complexidade da rede educacional, o que existe é uma convivência de boa parte das tendências descritas. Ao mesmo tempo, o impacto causado pelas tecnologias de informação e de comunicação faz com que o supervisor educacional reveja pontos importantes de sua atuação. Alarcão (2001, p. 35) fala de um objeto redefinido da supervisão educacional, o que pode servir como parte da resposta à pergunta feita anteriormente: [...] o desenvolvimento qualitativo da organização escolar e dos que nela realizam seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função educativa por meio de aprendizagens individuais e coletivas, incluindo a formação dos novos agentes. 1 O quadro original está dis ponível no site: <http:// terezinhamachado.verandi.org/ textos/doc_30.doc>. Acesso em: 9 fev. 2007. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 24 Te nd ên ci a pe da gó gi ca Pa pe l d a es co la C on te úd os M ét od os R el aç ão pr of es so r- -a lu no A pr en di za ge m M an ife st aç õe s A çã o su pe rv is or a Pe da go gi a Li be ra l Tr ad ic io na l Pr ep ar aç ão in te le ct ua l e m or al do s a lu no s p ar a as su m ire m se u pa pe l n a so ci ed ad e. Sã o co nh ec im en to s e va lo re s s oc ia is ac um ul ad os a o lo ng o do s t em po s e re pa ss ad os a os al un os c om o ve rd ad es a bs ol ut as . Ex po si çã o e de m on st ra çã o ve rb al d a m at ér ia e/ ou p or m ei os d e m od el os . A a ut or id ad e do pr of es so r e xi ge um a at itu de re ce pt iv a do a lu no . A a pr en di za ge m é re ce pt iv a e m ec ân ic a, se m c on si de ra r as c ar ac te rís tic as pr óp ria s d e ca da id ad e. N as e sc ol as q ue ad ot am fi lo so fia s hu m an is ta s c lá ss ic as ou c ie nt ífi ca s. A çã o fis ca liz ad or a da a tu aç ão d oc en te e m an te ne do ra d a or de m n a es co la ; in sp eç ão e sc ol ar . Te nd ên ci a Li be ra l R en ov ad a Pr og re ss is ta (E sc ol a N ov a) A e sc ol a de ve ad eq ua r a s ne ce ss id ad es in di vi du ai s a o m ei o so ci al . O s c on te úd os sã o es ta be le - ci do s a p ar tir da s e xp er iê nc ia s vi vi da s p el os al un os fr en te à s si tu aç õe s- -p ro bl em a. Po r m ei o de ex pe riê nc ia s, pe sq ui sa s e m ét od o de so lu çã o de pr ob le m as . O p ro fe ss or é u m au xi lia do r n o de se nv ol vi m en to liv re d a cr ia nç a. É ba se ad a na m ot iv aç ão e n a es tim ul aç ão d e pr ob le m as . M on te ss or i, D ec ro ly , D ew ey , P ia ge t, La ur o de O liv ei ra L im a. Su rg im en to d os té cn ic os e /o u es pe ci al is ta s e m Ed uc aç ão . A çã o vo lta da p ar a a im pl em en ta çã o do s “m ét od os a tiv os ”. Te nd ên ci a Li be ra l R en ov ad a nã o di re tiv a Fo rm aç ão d e at itu de s. B as ei a- se n a bu sc a de c on he ci m en to s pe lo s p ró pr io s al un os . N ão h á um m ét od o de fin id o – é ba se ad o na “f ac ili ta çã o da ap re nd iz ag em ”. Ed uc aç ão ce nt ra liz ad a no al un o. O p ro fe ss or ga ra nt ir á um re la ci on am en to d e re sp ei to . A pr en de r é m od ifi ca r as p er ce pç õe s d a re al id ad e, a tin gi r o au to co nh ec im en to e a at ua liz aç ão d as po te nc ia lid ad es . C ar l R og er s, A . N ei ll. N ão h á um a aç ão es pe cí fic a de fin id a – o su pe rv is or é um “ fa ci lit ad or d a ap re nd iz ag em ”, co m o os d em ai s do ce nt es . Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,mais informações www.iesde.com.br Ação supervisora e tendências pedagógicas 25 Te nd ên ci a pe da gó gi ca Pa pe l d a es co la C on te úd os M ét od os R el aç ão pr of es so r- -a lu no A pr en di za ge m M an ife st aç õe s A çã o su pe rv is or a Te nd ên ci a Li be ra l Te cn ic is ta É m od el ad or a do co m po rt am en to hu m an o po r m ei o de té cn ic as es pe cí fic as . Sã o in fo rm aç õe s or de na da s e m u m a se qu ên ci a ló gi ca e ps ic ol óg ic a. Pr oc ed im en to s e té cn ic as p ar a a tr an sm is sã o e re ce pç ão d e in fo rm aç õe s. R el aç ão o bj et iv a. O pr of es so r t ra ns m ite a in fo rm aç ão e o al un o de ve fi xá -la . A pr en di za ge m ba se ad a no de se m pe nh o. Le is 5 .5 40 /6 8 e 5. 69 2/ 71 . Pe río do d a di ta du ra m ili ta r n o B ra si l. A çã o es se nc ia lm en te té cn ic a, ê nf as e na s t ec no lo gi as ap lic ad as a o en si no e no s p ro ce di m en to s bu ro cr át ic os . Te nd ên ci a Pr og re ss is ta Li be rt ad or a V is a le va r pr of es so re s e al un os a u m n ív el de c on sc iê nc ia da re al id ad e em qu e bu sq ue m a tr an sf or m aç ão so ci al . Te m as g er ad or es . G ru po s d e di sc us sã o. A re la çã o é ho ri zo nt al e si m ét ric a – de ig ua l pa ra ig ua l. R es ol uç ão d e si tu aç õe s- -p ro bl em a lig ad as à p rá tic a so ci al . Pa ul o Fr ei re . A çã o fa ci lit a- do ra d o di ál og o, d a pr ob le m at iz aç ão e da re fle xã o cr íti co - -tr an sf or m ad or a da re al id ad e. Te nd ên ci a Pr og re ss is ta Li be rt ár ia Tr an sf or m aç ão da p er so na lid ad e, no se nt id o da lib er da de e d a au to ge st ão . A s m at ér ia s s ão co lo ca da s, m as n ão ex ig id as . V iv ên ci a gr up al na fo rm a de au to ge st ão . É nã o di re tiv a: o pr of es so r é or ie nt ad or e o s al un os , l iv re s. A pr en di za ge m in fo rm al , v ia g ru po . Fr ei ne t, M ig ue l A rr oy o. A çã o se m el ha nt e à do s m od er ad or es d os “g ru po s o pe ra tiv os ”, cr ia do s p or P ic hó n- -R iv iè re . Te nd ên ci a Pr og re ss is ta C rít ic o- So ci al do s C on te úd os o u H is tó ric o- C rít ic a D if us ão d os co nt eú do s. C on te úd os cu ltu ra is un iv er sa is q ue sã o in co rp or ad os p el a hu m an id ad e fr en te à re al id ad e so ci al . O m ét od o pa rt e de um a re la çã o di re ta da e xp er iê nc ia d o al un o co nf ro nt ad a co m o sa be r si st em at iz ad o. Pa pe l d o al un o co m o pa rt ic ip ad or e do p ro fe ss or co m o m ed ia do r en tre o sa be r e o al un o. B as ea da n as es tr ut ur as c og ni tiv as já e xi st en te s n os al un os . M ak ar en ko , B . C ha rlo t, Su ch od ol sk i, M an ac or da , G . Sn yd er s, Sa vi an i. A çã o vo lta da p ar a a es fe ra p ed ag óg ic a, na b us ca d e pa rc er ia s po lít ic as c om o pr of es so r. Ên fa se na m ed ia çã o pa ra a de fin iç ão c rít ic a do s c on te úd os sig ni fic at iv os p ar a a ap re nd iz ag em . Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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