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Sociedades Indígenas: Contra o Mercado e o Estado

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21
Vida política e ética
O Homem é uma corda – atada entre o animal e 
o além do homem – uma corda sobre um abismo.
Friedrich Nietzsche
A sociedade contra o Estado
N esta aula estudaremos as duas grandes respostas sociais ao poder: a resposta despótica e a política. Em ambas, a sociedade procura organizar-se economicamente – a forma da proprie-dade –, mantendo e, até mesmo, criando diferenças sociais profundas entre proprietários e 
não proprietários, ricos e pobres, livres e escravos, homens e mulheres. Essas diferenças produzem 
lutas internas que podem levar à destruição todos os membros do grupo social.
Para regular os conflitos, garantir que os ricos conservem suas riquezas e os pobres aceitem sua 
pobreza, surge uma chefia que, como vimos, pode tomar duas direções: ou o chefe se torna senhor 
das terras, das armas e dos deuses e transforma sua vontade em lei, ou o poder é exercido por uma 
parte da sociedade – os cidadãos –, por meio de práticas e instituições públicas fundadas na lei e no 
direito como expressão da vontade coletiva. Nos dois casos, surge o Estado como poder separado da 
sociedade e encarregado de dirigi-la, comandá-la, arbitrar os conflitos e usar a força. Há, porém, um 
terceiro caminho.
Fomos forçados e acostumados pela antropologia europeia a considerar as sociedades existentes 
na América como atrasadas, primitivas e inferiores. Essa visão nasceu do processo de conquista e 
exploração iniciado no século XVI. Os exploradores e colonizadores que chegaram à América inter-
pretaram as diferenças entre eles e os nativos com distinção hierárquica entre superiores e inferiores: 
para eles os índios não tinham lei, rei, fé, escrita, moeda, comércio, história; eram seres desprovidos 
dos traços daquilo que, para o europeu cristão, súdito de monarquias, constituiria a civilização.
Sem dúvida, os conquistadores encontraram grandes impérios na América: Incas, Astecas e 
Maias. Por isso os destruíram a ferro e fogo, exterminando as gentes, pilhando-lhes as riquezas e 
construindo suas igrejas sobre os templos deles. Mas, fora esses impérios que eles destruíram, as de-
mais nações americanas estavam organizadas de forma incompreensível, se comparadas aos modelos 
de monarquias absolutistas dos europeus. Tratavam essas nações americanas, as quais eram incapazes 
de compreender, como algo inferior e atrasado, considerando-as selvagens e bárbaras para justificar a 
escravidão, a evangelização e o extermínio.
A visão europeia, depois compartilhada pela elite dominante branca dos americanos, foi e é 
etnocêntrica, isto é, considera padrões, valores e práticas dos brancos adultos e proprietários europeus 
como universais e definidora da cultura e da civilização. Para esse tipo de pensamento explorador 
e colonizador, portanto, as sociedades nativas americanas possuem sociedades atrasadas, pois falta- 
-lhes o mercado (moeda e comércio), a escrita (alfabética), a história e o Estado. Possuem, portanto, 
sociedades sem comércio, sem escrita, sem memória e sem Estado.
Vida política e ética
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O antropólogo francês, Pierre Clastres, que estudou essas sociedades por 
um prisma completamente diferente, longe do padrão europeu costumeiro, mos-
trou que elas possuem uma escrita que não é alfabética nem ideográfica ou hie-
roglífica (isto é, não é a escrita conhecida pelos ocidentais e orientais), mas sim-
bólica, gravada no corpo das pessoas por sinais específicos, inscrita em objetos 
determinados e em espaços determinados; são os europeus, somos nós que não 
sabemos lê-la.
Mostrou também que possuem memória, mitos e narrativas dos povos, 
transmitida oralmente de geração a geração, transformando-se de geração em ge-
ração. Mostrou, pelas mudanças na escrita e na memória, que tais sociedades 
possuem história, mas que ela é inseparável da relação dos povos com a natureza, 
diferentemente da nossa história, que narra como nos separamos da natureza e 
como a dominamos. Mas, sobretudo, mostrou por que e como tais sociedades são 
contra o mercado e contra o Estado. Em outras palavras, não são sociedades sem 
comércio e sem Estado, mas contrárias a eles.
As sociedades indígenas estudadas por Clastres habitam a porção sul- 
-americana, encontrando-se num estágio anterior ao das sociedades indígenas da 
América do Norte e dos três grandes impérios situados no México, na América 
Central e no norte da América do Sul. São, portanto, sociedades que não se orga-
nizaram na forma das chefias norte-americanas nem dos grandes impérios, mas 
inventaram uma outra organização deliberada para evitar aquelas duas formas 
de poder.
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o.
O Estado indígena, uma forma de organização política comunitária.
As sociedades indígenas são tribais ou comunais. Nelas não há propriedade 
privada nem divisão social do trabalho, não havendo, portanto, classes sociais 
nem luta de classes. A propriedade é tribal, ou comum, e o trabalho se distribui 
conforme o sexo e a idade. São comunidades no sentido pleno do termo, isto é, 
são internamente iguais, unas e indivisas, possuindo uma história e um destino 
comuns. São sociedades do cara a cara e nelas todos se conhecem pelo nome e são 
vistos uns pelos outros diariamente.
Vida política e ética
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Por isso mesmo, delas o poder não se destaca nem se separa, não forma uma 
instância acima delas (como na política), nem fora delas (como no despotismo). A 
chefia não é um poder de mando a que a comunidade obedece. O chefe não man-
da; a comunidade não obedece. A comunidade decide para si mesma, de acordo 
com suas tradições e necessidades.
A oposição se estabelece não no interior da comunidade, mas em seu exte-
rior, isto é, nas relações com as outras comunidades, portanto, no que se refere à 
guerra e às alianças de sangue pelo casamento. A função da chefia é representar a 
comunidade perante outras comunidades.
O que é e o que faz o chefe, uma vez que não tem a função do poder, pois 
pertence à comunidade e dela não se separa? O chefe possui três funções: doar 
presentes, promover a paz e falar.
Exprimindo a benevolência dos deuses e a prosperidade da comunidade, o 
chefe deve, em certos períodos, oferecer presentes a todos os membros da tribo, 
isto é, devolver a ela o que ela mesma produziu. A doação de presentes é a maneira 
deliberada que a comunidade utiliza para impedir que alguém possa concentrar 
bens e riquezas, tornar-se proprietário privado, criar desigualdade econômica e 
social, de que surgem a luta de classes e a necessidade do poder do Estado.
Quando famílias ou indivíduos entram em conflito, o chefe deve intervir. 
Não dispõe de códigos legais para arbitrar o conflito em nome da lei. Que faz ele? 
A paz. Como a obtém? Apelando para o bom senso das partes, aos bons sentimen-
tos, à memória da comunidade, à tradição do bom convívio entre as pessoas. Em 
suma, por meio dele a comunidade fala para reafirmar-se como indivisa.
Excetuando-se a doação de presentes, a paz entre membros da comunidade, 
a diplomacia para tratar com outras comunidades aliadas e o direito a usar a força, 
liderando os guerreiros durante a guerra, a grande função da chefia situa-se na 
fala ou na Grande Palavra. Todas as tardes, o chefe se dirige a um local distante 
da aldeia, mas visível e de onde possa ser ouvido, e ali discursa. Embora ouvido, 
ninguém deve dar-lhe atenção e o que ele diz não é ordem ou comando que obri-
gue à obediência. Que diz ele? Diz a palavra do poder: canta sua força e coragem, 
seu prestígio, sua relação com os deuses, seus grandes feitos. Mas ninguém lhe dá 
atenção. Ninguém o escuta.
A Grande Palavra tem significa-
do simbólico: a comunidade lembra a si 
mesma, diariamente, o risco e o perigo 
que correria se possuísse um chefe que 
lhe desse ordens e a quem devesse obede-
cer. A Grande Palavra simboliza a manei-
ra pela qual a comunidade impede o ad-
vento do poder como algo separado dela 
e que a comandaria pela coerção da lei e 
das armas. Com a cerimônia da Grande 
Palavra, a sociedade se coloca contra o 
surgimentodo Estado.
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o.
Vida política e ética
24
Toda vez que o chefe não realiza as três funções internas e a função externa, 
tais como a comunidade as define, todas as vezes que pretende usar suas funções 
para criar o poder separado, ele é morto pela comunidade.
Evidentemente, nossa tendência será dizer que tal organização é própria de 
povos pouco numerosos e de uma vida socioeconômica muito simples, parecendo- 
-nos, a nós, membros de sociedades complexas e de classes, uma vaga lembrança 
utópica. Pierre Clastres, porém, indaga por que outras comunidades, mundo afora, 
não foram capazes de impedir o surgimento da propriedade privada, das divisões 
sociais de castas e classes, das desigualdades que resultaram na necessidade de 
criar o poder separado, seja como poder despótico, seja como poder político? Por 
que, afinal, os homens sucumbiram à necessidade de criar o Estado como poder 
de coerção social.
Origem e finalidade da vida política
Entre as várias explicações sobre a origem da vida política, três delas são 
consideradas as mais completas e legitimadas pelos pesquisadores; isso não quer 
dizer que representem referências absolutas e que excluam outras possibilidades. 
 São inspiradas no mito da Idade de Ouro. No princípio os homens vi-
viam na companhia dos deuses. Eram imortais e felizes, sem necessi-
dade de leis e governo. Mas ocorreu a expulsão dos homens do paraíso; 
afastados pelos deuses, tornaram-se mortais, passaram a viver na flores-
ta isoladamente, sem moradia, alimentação. Pouco a pouco evoluíram, 
descobriram o fogo, fabricaram utensílios, trabalharam metais, criaram 
armas, desenvolveram a agricultura e se tornaram sedentários. E, com a 
organização social em cidades, apareceram os primeiros legisladores, e 
com eles as primeiras leis. A razão funda a política, ou seja, a lei é im-
posta pela necessidade de se organizar e viver em comunidade.
 Pelo mito de Prometeu – O trabalho e os dias, de Hesíodo –, a origem da 
vida política vincula-se à doação do fogo feita aos homens pelo semideus 
Prometeu. Essa descoberta faz que os homens passem a viver em comu-
nidades, dividindo os trabalhos e as tarefas. Vivendo nelas, colocam-se 
sob a proteção dos deuses, de quem recebem as leis e as orientações para 
governar. Mas a vida lhes traz problemas que exigem soluções, que só os 
deuses podem encontrar. Dessa maneira, os homens são levados para a 
vida em comunidade sob leis. A convenção funda a política, ou seja, na 
submissão às leis divinas, o homem passa a respeitar as leis que cria e 
que emanam das orientações ditadas pelos deuses.
 Finalmente a teoria da cidade natural, ou seja, a política decorre da nature-
za. As dificuldades históricas enfrentadas pelos homens ao longo da histó-
ria, ou, por outras palavras, a política surge da necessidade de os homens 
resolverem seus problemas num longo e natural processo histórico. Nós 
somos diferentes dos outros animais por que somos dotados de logos, isto 
é, do instrumento capaz de possibilitar a comunicação por meio da fala e 
Vida política e ética
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do pensamento – da palavra. Sendo assim, somos animais políticos, vive-
mos em sociedade, como diz Aristóteles. A Natureza funda a política.
Essas teorias deixam claro que a política sempre surge como remédio para 
os problemas da comunidade, ora como perda da felicidade, ora como evolução 
das técnicas e costumes, ou, ainda, como essência do homem, como natureza do 
homem que vive em comunidade. Mas qual seria sua função? Para o pensamento 
helenístico, a finalidade da vida política era a justiça na comunidade, entendida 
como concórdia, conseguida na discussão pública dentro de uma diversidade de 
opiniões e interesses contraditórios, na busca de uma unidade de propósitos, de 
um consenso. Mas foram desvirtuados ao longo do processo histórico, ou seja, 
se a política e as leis são convenções humanas, podem mudar se mudarem as 
circunstâncias. E a única via capaz de possibilitar mudanças sem destruição da 
ordem política passa pelo debate de ideias para se chegar ao consenso, isto é, a 
expressão pública da vontade da maioria, obtida pelo voto.
Por esses e outros motivos, os sofistas, e outros grupos da elite social, apre-
sentavam-se como professores da arte da discussão e da persuasão pela palavra 
(retórica). Mediante o pagamento de um valor em dinheiro, ensinavam os jovens a 
discutir em público, a defender e combater opiniões, ensinando-lhes argumentos 
persuasivos para os prós e os contras em todas as questões.
Que é política?
A palavra política é usada há séculos com os mais variados sentidos. Por 
esse motivo, é necessário esclarecer desde logo em que sentido a política é tratada 
nesta aula. Não significa estabelecer um ótimo conceito, nem procurar um sentido 
único para a expressão. Mas sim, simplesmente fixar uma noção precisa, que faci-
lite a compreensão do que virá em seguida.
Para estabelecer um conceito básico de política, um caminho conveniente é 
buscar a origem da palavra, isto é, de onde ela veio e em que sentido foi usada no 
início. Tal verificação demonstra que ela tem origem grega e foi usada por vários 
filósofos e escritores da Grécia antiga. A obra denominada Política, escrita por 
Aristóteles, filósofo que viveu em Atenas no quarto século antes da Era Cristã foi 
especialmente importante para a compreensão do seu sentido primitivo.
Os gregos deram o nome de pólis à cidade, isto é, ao lugar onde as pesso-
as vivem juntas. E Aristóteles disse que o homem é um animal político, porque 
nenhum ser humano vive sozinho e todos precisam da companhia de outros. A 
própria natureza dos seres humanos é que exige que ninguém viva sozinho. Assim 
sendo, “política” se refere à vida na pólis, ou seja, à vida em comum, respeitando 
as regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e às decisões 
sobre todos esses pontos.
É importante notar que dessa maneira se tem uma sociedade natural, isto é, 
formada espontaneamente para atender a uma necessidade da natureza humana. 
Isso é que torna tal sociedade diferente de outras que são formadas pela vontade 
de alguns ou de muitos homens, sem que haja uma necessidade natural.
Vida política e ética
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Partindo desses elementos, alguns estudiosos do assunto concluíram que tra-
tar de política é cuidar das decisões sobre problemas de interesse da coletividade, e 
por isso definiram política como arte e ciência do governo. Consideram que é arte 
porque comporta e exige muita invenção e uma sensibilidade especial para conhecer 
os seres humanos, suas necessidades, preferências, caprichos, virtudes, visando a 
encontrar o modo mais conveniente de conseguir a concordância de muitos e pro-
mover o bem comum. E consideram que é ciência porque hoje existem várias de-
las que estudam os comportamentos humanos e assim se torna possível estabelecer 
cientificamente algumas regras sobre a vida humana em sociedade e sobre como os 
seres humanos deverão reagir em cada situação. Outros entendem que a tomada de 
decisões sobre assuntos de interesse comum é sempre um ato de poder e, a partir daí, 
preferem definir política como o estudo do poder. Outros ainda acham que moder-
namente a capacidade de tomar essas decisões está nas mãos do Estado ou depende 
dele, e por isso preferem conceituar política como “ciência do Estado”.
Há também inúmeros cientistas políticos que acham indispensável ressal-
tar que a própria natureza humana exige a ação livre dos homens como base da 
política. Esses autores entendem que é fundamental a ideia de conjugar as ações 
humanas e orientá-las para uma direção que seja da conveniência de todos. O 
trabalho de harmonização das ações pode e deve ser realizado com plena liber-
dade, sem que alguém imponha qualquer coisa. Por muitos motivos é preferível, 
segundo esses estudiosos, que o bom senso e a boa vontade de cada um criem 
condições para que uns colaborem com os outros e haja respeito recíproco, sem 
necessidade de uso da força.
De qualquer modo, mesmo que asações humanas sejam harmonizadas pa-
cificamente e sem a necessidade de coagir as pessoas, é preciso que tais ações 
sejam coordenadas e orientadas para um objetivo de interesse de todos. Com base 
nesses argumentos e tendo em conta a necessidade de dar uma direção às ações 
humanas, adoto o seguinte conceito: política é a conjugação das ações de indiví-
duos e grupos humanos, dirigidas a um fim comum.
É preciso considerar que política tanto pode referir-se 
à vida de seres humanos integrados e organizados numa so-
ciedade, em que são tomadas decisões sobre os assuntos de 
interesse comum; como pode referir-se ao estudo dessa orga-
nização e dessas decisões.
Assim, por exemplo, quando trabalhadores de determi-
nada categoria, que não suportam mais a baixa remuneração 
e as péssimas condições de trabalho, decidem iniciar um mo-
vimento de protesto e reivindicação, estão tomando uma de-
cisão política. Eles pretendem atingir um objetivo que é de 
interesse de todo o grupo. Esse movimento reivindicatório, 
que é uma ação política, deve ser organizado. É provável que 
entre os membros do grupo existam ideias diferentes a res-
peito da forma de condução do movimento. Se cada um agir 
a seu modo, haverá dispersão de forças e de recursos, sen-
do mesmo possível que uns atrapalhem os outros. Por isso é 
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o.
Nos anos 1960 e 1970, as comunidades hippies 
eram uma forma de resistência política ao Es-
tado Moderno.
Vida política e ética
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necessária a coordenação de todos os elementos, o que dará coesão e força ao 
grupo e garantirá que todos os atos sejam dirigidos para o objetivo comum, que 
é a conquista de melhores condições de trabalho. Aí se tem, portanto, um grupo 
político desenvolvendo uma ação política.
Do mesmo modo, o conjunto de todos os trabalhadores, desde que orga-
nizados e capazes de agir coordenadamente, forma uma entidade política, e seu 
objetivo permanente de conquista de uma ordem social livre e democrática, com 
a valorização do trabalho e a garantia de igualdade de possibilidades para todos, 
é um objetivo político.
Assim, portanto, independentemente da forma adotada e dos meios utiliza-
dos para a tomada de decisões, podemos chamar de política:
 a organização social que procura atender à necessidade natural de con-
vivência dos seres humanos;
 toda ação humana que produza algum efeito sobre a organização, o 
funcionamento e os objetivos de uma sociedade. 
1. Problematização: quando alguém diz que não se interessa por política, acreditando que pode 
cuidar exclusivamente de seus interesses particulares e que estes nada têm a ver com as ati-
vidades políticas, está revelando falta de consciência. Quando alguém diz que não sofre as 
consequências das decisões de governo, que pode manter-se alheio à política, acredita que pode 
manter-se fora da política, sem nenhuma relação com ela.
a) O que é participação política? Explique.
b) Qual o significado do termo consciência usado frequentemente na linguagem diária?
– A feiticeira perdeu a consciência.
– Guevara agiu de acordo com a sua consciência.
– que significa “perder a consciência”?

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