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Tuberculose: uma doença antiga e atual

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Saúde Coletiva V 
 
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 Doença infecciosa e transmissível, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, que afeta 
prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas. 
 Órgãos acometidos: 
- Pulmões (principalmente a pleura) 
- Meninges 
- Gânglios 
- Rins 
- Bexiga 
- Fígado 
- Intestino 
- Pele 
- Ossos 
- SNC 
ó /
 É uma das doenças mais antigas conhecidas. 
 Bacilo descoberto em 1882 
 Bacilo de crescimento lento, anaeróbico restrito, álcool- ácido resistente. 
 Alta transmissibilidade 
 Está entre as 3 doenças infecciosas que mais mata no mundo. 
 Forma pulmonar é a mais frequente e contagiosa. 
 Epidemiologia: 
 Doença que mais matava no final do século XIX e meados do século XX. 
 Mesmo com medicação adequada e específica, a desorganização dos serviços de saúde, 
impediram controle melhor da doença. 
 2008 o Brasil teve o maior número de doentes do mundo. 
 Estratégia do programa PSF, melhora da abordagem e controle do TTO (Tratamento) 
 A taxa de mortalidade foi reduzida em 47% entre os anos de 1990 e 2015. (PSF, Blisters 
medicamentosos). 
 Ministério da Saúde: Propostas até 2020 
1) Controle da doença 
2) Descobrir pelo menos 70% dos casos 
3) Curar 85% dos casos encontrados. 
 Brasil 19º em 22 países: 
 Em 2010: 
- 80% dos casos do mundo. 
- 85 mil novos casos por ano 
- 5 mil óbitos por ano 
 Em 2017: 
- 10 milhões de casos no mundo. 
- Brasil 72 mil casos novos por ano. 
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- 4,5 mil óbitos por ano. 
 2019: 
- Taxa de abandono 12% (dobro da OMS) 
 Em 2020: 
- Foram notificados 66.819 casos novos, coef. 
incidência de 31,6/ 100 mil hab. 
- 66,8% dos casos em Preto/ Pardo, Masc. 
- Amazonas, Acre e Rio Janeiro. 
- Aumento dos casos de drogas resistentes (2015 
a 2020 total de 7.749 casos). 69,5% a rifampicina. 
- Em 2020: 913 casos notificação 16% a menos dos casos 
 
→Coinfecção: 
- HIV aumento do número de casos (8,4%) 
- COVID aumento no número de óbitos (2,2/ 100 
mil hab.) 
 
- Número de Casos 2020: 68.939 
- Número de óbitos 2020: 4.543 
- Maior número de casos: estados de AM/RJ/RR 
- Maior número de óbitos: RJ/AC/AM 
 20 a 34 anos maior risco: 3x (homem) 
 
 Em 2021: 
- Casos novos: 68.271 
- Casos com coinfecção: 2.631 
- DF/RS/SC 
- 72% confirmação laboratorial 
 OPAS ano de 2020: 
 Brasil e mundo: aumento de nº de casos 
 Aumento nº de mortes por TB com a pandemia 
 Queda da notificação 
 Lockdown: dificuldade de acessos 
 Tratamento e diagnóstico: queda 
 Aumento da AIDS + HIV 
 Regiões: 
 Maiores taxas: 
- Região Norte (AM) 
- Região Nordeste 
- Região Sudeste (SP e RJ) 
 Menor taxa: 
- Região Sul (PR e SC) 
 
 
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 As fontes de transmissão são os seres humanos com tuberculose ativa, que liberam micobactéria 
presentes no escarro. A primo-infecção é definida pelo primeiro contato do paciente com o bacilo de 
Koch, cursa em etapas, da infecção inicial dos macrófagos até uma resposta subsequente de TH1, 
contendo bactérias e causando danos teciduais. 
 FASE 1 (sem imunidade celular): Ao chegar pela 1a vez nos alvéolos, o bacilo de Koch é fagocitado por 
macrófagos locais, e ocorre uma intensa reação inflamatória local. Esses fagócitos são incapazes de 
destruir ou inativar os bacilos, que então se multiplicam em seu interior. Os bacilos proliferam-se e 
destroem os macrófagos, caindo nos espaços alveolares. Estes são novamente fagocitados, formando 
um ciclo vicioso e atingem linfonodos, onde continuam se proliferando, até atingirem a corrente 
sanguínea. 
 FASE 2 (imunidade celular específica): Após três a oito semanas, a imunidade celular já está 
desenvolvida e o organismo começa a reagir contra os bacilos, combatendo a disseminação 
hematogênica. Assim, os linfócitos T-helper específicos são capazes de se proliferar e ativar os 
macrófagos. A junção dos linfócitos e os macrófagos ativados (células epitelioides) ao redor do 
processo, resultam no granuloma caseoso. A fusão de vários macrófagos lesados pode formar as 
células gigantes de Langhans. Este foco granulomatoso pulmonar inicial é chamado foco primário ou 
nódulo de Ghon. 
 A maioria da população já foi exposta: 
Baixa imunidade → maior risco de desenvolver a 
doença: 
- Contrair por contato 
- Reativação do foco primário 
 População de maior risco: 
- Desnutridos, HIV + e idosos 
- Crianças abaixo de 2 anos e adultos acima de 60 
 Dos 10% que adoecem: 5% em 2 anos e 5% no decorrer da vida 
 População de risco: 
- Profissionais de saúde 
- Moradores de rua 
- Privados de liberdade 
- Pacientes internados por longo período (saúde mental) 
- Imunocomprometidos principalmente HIV + 
 Vulnerabilidade: 
- Condição socioeconômica 
- Má alimentação 
- Moradia inadequada (rua, aglomerados, má ventilação) 56x mais risco 
- Desemprego 
- Baixa escolaridade (recebe mal a informação) 
- Desemprego 
- Dificuldade de acesso aos serviços de saúde 
- Observação: Paciente alcoólatra internar por 15 dias para tratamento de TB 
- Comorbidades: câncer, HIV (28x mais risco), renal crônico, HAS, DM, alcoolismo, drogas. 
- Observação: Paciente em tratamento oncológico não interrompe o tratamento de TB 
 Vulnerabilidade na saúde pública: 
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- Dificuldade diagnóstica 
- Dificuldade para coletar material: sem secreção, sem material apropriado para coletar, sem pessoal 
capacitado etc. 
- Demora do retorno do resultado 
 Epidemiologia: 
 Transmissão respiratória: pelo ar 
 Doente bacilíferos sem TTO: transmissão por 
- Fala 
- Espirro 
- Tosse 
→ Emitem gotículas que contaminam o pacientem sadio 
 Contágio: 
- 3 a 12 semanas 
- Alguns não se infectam 
- Os que se infectam: 90% só infecção e 10% adoecem 
 Paciente bacilíferos não tratado: infecta 10 a 15 pessoas por ano. Não ocorre transmissão: 
- Crianças < 10 anos 
- Formas extra pulmonares: rim, baço, pleura 
- Doente em tratamento regular e efetivo 
 Comportamento da doença conforme a idade: 
 > 15 anos: 
- 80% formas pulmonares ( 65% Bacilo + e 35% Bacilo - ) 
- 20% formas extra pulmonares 
 < 15 anos: 
- 85% formas pulmonares (20% Bacilo + e 80% Bacilo - ) 
- 15% formas extra pulmonares 
í
 Considerando a presença de disseminação linfática e hematogênica e que a doença possa ocorrer em 
outros locais que não o pulmão, pode ser classificada em: 
 Primária (pulmonar): apresentando tosse persistente produtiva (muco e eventualmente sangue) ou 
não, febre baixa vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. No exame físico, pode ser 
encontrado também linfadenomegalia, às vezes relacionadas tanto à presença de TB 
extrapulmonar concomitante, quanto à existência de coinfecção pelo HIV. 
 Extrapulmonar: A tuberculose extrapulmonar tem sinais e sintomas dependentes dos órgãos e/ou 
sistemas acometidos. As principais formas diagnosticadas de tuberculose extrapulmonar no Brasil 
são pleural e/ou empiema pleural tuberculoso, ganglionar periférica, meningoencefálica, miliar, 
laríngea, pericárdica, óssea, renal, ocular e peritoneal. Aumenta em pessoas que vivem com 
HIV/aids, especialmente entre aqueles com imunocomprometimento grave. 
 Sintomas: 
- Tosse há mais de 3 semanas 
- Febre baixa vespertina 
- Perda de peso 
- Sudorese noturna 
- Falta de ar 
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- Hemoptise 
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 Baciloscopia direta: duas amostras são colhidas, uma no momento da consulta e a outra na manhã do 
dia seguinte, sendo feita a contagem dos Bacilos Álcool Ácido Resistentes (BAAR). Quando o paciente 
não possui secreção fazer inalação com sal de cozinha por 10 min para provocar formação de escarro. 
Escarro: 
- 2 amostras sendo a 1ª no dia da consulta e a 2ª no dia seguinte pela manhã 
- 5 a 10 ml de secreção 
- Se necessário mais 2 amostras 
- Tempo do retorno do exame: urgência até 4h, ambulatórioaté 24h 
 Teste rápido molecular: detecta o DNA do M. tuberculosis e faz triagem das cepas resistentes a 
rifampicina. 
 Cultura para micobactéria com identificação de espécie: 
- Demora de 1 a 2 meses (método tradicional), menos tempo (automatizado) 
- Alta especificidade 
- Alta sensibilidade 
- É usada quando a suspeita clínica e/ou radiológica com baciloscopia negativa., suspeita de TB com 
poucos bacilos, suspeitos de TB com dificuldade para coleta de amostra (crianças e doentes mentais), 
TB extrapulmonar (punção de líquor, punção pleural → secreção líquida amarela citrina/verde citrina 
primeira suspeita é TB), suspeita de outras micobacterioses (ex: avium), TB resistentes, pacientes que 
já tiveram TB, imunocomprometidos (HIV), baciloscopia positiva no final do 2º mês de TTO e falência 
do TTO 
 TB Pulmonar: se a baciloscopia negativa, cultura do escarro +, aumenta em 30% a chance do 
diagnóstico 
 Histopatológico: É um método empregado na suspeita de tuberculose ativa nas formas 
extrapulmonares ou nas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa (como 
na tuberculose miliar), ou em indivíduos imunossuprimidos – Adenosina deaminase (ADA) 
 Radiografia de tórax: importante na investigação de TODO paciente com TB! As lesões sugestivas de 
tuberculose em raio-x de tórax localizam-se, em geral, nas partes altas e dorsais dos pulmões, 
particularmente no pulmão direito, e podem apresentar-se como opacidades, infiltrados, nódulos, 
cavidades, fibroses, retrações, calcificações, linfadenomegalia, aspecto miliar. 
 Prova tuberculínica (PPD): Importante na avaliação de contatos assintomáticos de pessoas com 
tuberculose, uma vez que é utilizada, em adultos e crianças, no diagnóstico da infecção latente de 
tuberculose (ILTB), que ocorre quando o paciente tem o bacilo no organismo, mas não desenvolve a 
doença. Na criança, também é muito importante como coadjuvante no diagnóstico da tuberculose 
ativa. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23, aplicada por via intradérmica no terço médio da 
face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1mL, que contém 2UT (unidades de tuberculina). 
 PPD: pode ser (+) por até 2 a 3 anos pós BCG ID (procurar cicatriz vacinal: deltoide direito) 
- é feito no 1 ⁄ 3 médio do ante braço E. 
- Leitura em 72h 
- Positiva 3 a 12 semanas pós infecção 
- Resultados em mm 
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 Objetivo do tratamento: 
- Curar até 90% Evitar mortes 
- Evitar sequelas 
- Prevenir recidivas 
- Diminuir transmissão 
- Evitar resistência a droga 
 Surgimento das principais drogas usadas: 
- Estreptomicina em 1943 
- PAS (ácido paraminossalicíco) em 1946 
- Isoniazida em 1952 
- Pyrazinamida em 1952 
- Ethambutol em 1961 
- Rifampicina em 1966 
- Etionamida 
**Doença ainda sem controle** 
 Drogas usadas no tratamento da tuberculose: 
 R (rifampicina) Bactericida 
 H (isoniazida) Bactericida 
 S (estreptomicina) Bactericida 
 E (ethambutol) Bacteriostática 
 Z (Pyrazinamida) Bactericida/ Bacteriostática 
 Tratamento: 
 Fase de ataque 2 meses: 
- Drogas: R, H, E, Z. 
- Diminuir transmissibilidade 
- Diminuir Mortalidade 
- Diminuir resistência 
 Fase de manutenção: 4 meses 
- Drogas: R, H 
- Cura Efetiva 
 HIV: 2 + 7 meses 
 Casos novos e retratamento 1ª fase: 4 drogas. 
- Alimentação normal 
- Diminuir/ Parar consumo: álcool, fumo e drogas. 
 Internações: 
- Complicações graves 
- Intolerância ao medicamento 
- Intercorrência clínica ou cirúrgica. 
- Mal estado geral 
 Tratamento controle do doente: 
- Peso mensal: precisa aumentar 
- Baciloscopia mensal (até negativar) 
- Esclarecimento de dúvidas sempre 
 Controle dos comunicantes/contatos: 
- Habitam a mesmo domicílio 
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- Trabalho 
- Escola/ Creche 
- Institucionalizados (hospitais/ detenção) 
 Prevenção/profilaxia: 
 BCG (vacina) → não infectados (ao nascer ou até 4 anos de idade) 80% dos casos de TB 
principalmente TB miliar e neuro TB 
 Quimioprofilaxia → infectados com risco de adoecer < 15 anos (H) e PPD > 10 mm 
 Profilaxia: Isoniazida → evita a evolução da doença e rompe a cadeia de transmissão 
 TB não tratada: 50% vão para óbito, 25% viram crônico e 25% têm cura espontânea 
 Tratamento: 
 Primeira fase: 6 meses → R,H, E, Z 
- Até 20 kg 1 comp. 
- 20 a 35 kg 2 comp. 
- 35 a 50 kg 3 comp. 
- > 50 kg 4 comp. 
 Segunda fase: 3 meses → R,H 
- Até 35 kg 2 comp. 
- 35 a 45 kg 3 comp. 
- > 45 kg 4 comp.

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