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ESTUDO DE CASOS EM DIREITO MÉDICO

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ESTUDO DE CASOS
EM DIREITO ME DICO E DA SAU DE
ESTUDO DE CASOS
EM DIREITO ME DICO E DA SAU DE
ESTUDO DE CASOS EM DIREITO
MÉDICO E DA SAÚDE
Doutrina, jurisprudência e estratégias
Organizadores:
| GABRIELA SADY | LUCAS MACEDO |
Autores:
Salvador, Bahia,
Brasil – 2021
• Ana Maria Silva Souza
• Daniel Silva Vitor Bento
• Daniela Brito Mercuri
• Diogeano Marcelo de Lima
• Érica Baptista Vieira de Meneses
• Fernanda Moura Silva
• Flávia Mendes Moreira
 de Andrade Mélo
• Flávia Sulz Campos Machado
• Gabriela Silva Sady
• Henrique Costa Princhak
• Hugo Leonardo Cunha Roxo
• Isabela Maria Silva Oliveira
• Jemyma Jandiroba Ferreira
• Luana Reis Ferreira
• Lucas Funghetto Lazzaretti
• Lucas Macedo Silva
• Mariane Heberlê Hurtado
 Plácido
• Matheus Athayde
• Monalisa Barbosa Pimentel
 Pinheiro
• Paula Carolina Araújo da Silva
Conselho Editorial
• Antonio Francisco Costa
• Gilson Alves de Santana Júnior
• Nelson Cerqueira
• Rodolfo Pamplona Filho
• Wilson Alves de Souza
Produção gráfica:
Couto Coelho – E-mail: editorapagine@gmail.com
Capa:
Maitê Coelho – E-mail: maitescoelho@yahoo.com.br
Editoração eletrônica:
Cendi Coelho – E-mail: cendicoelho@gmail.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Estudo de casos em direito médico e da saúde : doutrina, jurisprudência 
e estratégias / organizadores Gabriela Sady, Lucas Macedo. – Sal-
vador, BA : Editora Paginæ, 2021.
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-89459-12-5
1. Direito à saúde 2. Médicos – Leis e legislação – Brasil 3. Médicos 
– Responsabilidade profissional 4. Responsabilidade (Direito) I. Sady, 
Gabriela. II. Macedo, Lucas.
21-82024 CDU-347.56:61
Índices para catálogo sistemático:
1. Médicos : Responsabilidade : Direito civil
347.56:61
Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427
Sumário
Mensagem do presidente da OAB/BA ................................................... 11
– Fabrício de Castro Oliveira
Mensagem da Comissão Especial de Direito Médico
e da Saúde da OAB/BA ................................................................................... 13
– René Viana
Mensagem da Escola Superior da Advocacia .................................... 15
– Thaís Bandeira
Nota editorial ...................................................................................................... 17
– Os organizadores
Capítulo I
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional
português e brasileiro: direito à vida ou dever de viver
sob qualquer circunstância? ...................................................................... 19
– Daniel Silva Vitor Bento
1. Introdução ...................................................................................................... 19
2. Conceito e classificações de suicídio assistido e eutanásia........ 20
3. O suicídio assistido e a eutanásia no direito comparado ............ 22
4. Análise do Decreto n.º 109/ XIV/2021 da Assembleia
 da República Portuguesa – Lei João Semedo .................................... 26
4. Definições normativas e jurisprudência brasileira ....................... 35
6. Considerações finais ................................................................................... 39
Referências ............................................................................................................ 41
Capítulo II
Dano iatrogênico à luz da boa fé objetiva, uma análise
do direito à informação do paciente e do ônus probatório ..... 43
– Daniela Brito Mercuri
– Monalisa Barbosa Pimentel Pinheiro
1. Introdução ...................................................................................................... 43
2. Considerações sobre dano iatrogênico ............................................... 45
3. Dever de informação e aspectos principialistas bioéticos ........ 48
 3.1. Princípio da autonomia e o dever de informação ................ 51
 3.3. Termo de consentimento informado ......................................... 53
 3.3. Da boa fé objetiva recíproca ......................................................... 55
4. Conclusão ........................................................................................................ 57
Referências ........................................................................................................... 58
Capítulo III
Parâmetros para o exercício seguro da recusa terapêutica:
uma análise a partir do entendimento jurisprudencial
acerca da disposição sobre o próprio corpo ................................. 63
– Érica Baptista Vieira de Meneses
– Lucas Macedo Silva
1. Introdução 63
2. O conceito de vida digna no ordenamento jurídico
 brasileiro .......................................................................................................... 65
3. Conformação da autonomia privada no contexto
 da disposição sobre o próprio do corpo ............................................. 70
4. O exercício do direito de recusa a tratamento médico ................ 73
5. Considerações finais ................................................................................... 81
Referências ............................................................................................................ 83
Capítulo IV
A publicidade médica nas redes sociais e a responsabilidade
civil em casos de procedimentos estéticos: uma análise
acerca das expectativas criadas nos pacientes
e a vinculação de resultados ...................................................................... 87
– Fernanda Moura Silva
– Gabriela Silva Sady
1. Introdução ......................................................................................................... 88
2. Breves considerações acerca da publicidade médica
 e da responsabilidade civil do médico ................................................ 88
 2.1. A publicidade médica em tempos de redes sociais ............. 92
 2.2. A responsabilidade civil do médico em procedimentos
 estéticos: novos paradigmas? ....................................................... 94
3. Análise do caso concreto: o posicionamento do Conselho
 Federal de Medicina ................................................................................... 97
6 Estudo de casos em direito médico e da saúde
 3.1. A judicialização da matéria e o atual posicionamento
 do CFM .................................................................................................... 98
 3.2. Expectativas criadas nos pacientes e a vinculação de 
 resultados como critério para uma possível configuração
 de responsabilidade objetiva ou culpa presumida .............. 100
4. Conclusão ....................................................................................................... 103
Referências ............................................................................................................ 104
Capítulo V
TikTok e a publicidade médica: a adesão da classe médica
ao aplicativo e os limites da ética na publicidade ......................... 109
– Mariane Heberlê Hurtado Plácido
– Paula Carolina Araújo da Silva
1. Introdução 109
2. Publicidade médica: legislação e adequação à era digital .......... 111
3. Redes sociais: o uso das redes sociais como meio
 de divulgação de serviço ........................................................................... 114
 3.1. Aderência dos profissionais da saúde às regras
 de publicidade ..................................................................................... 115
 3.2. A pandemia do covid-19 e as mídias sociais:
 a viralização do TikTok .................................................................... 118
4. Análise de caso concreto: decisão do cremesp de interdição
 cautelar de cirurgiã plástica por publicidade indevida ............... 122
5. Conclusão ........................................................................................................ 127
Referências ............................................................................................................129
Capítulo VI
O setor de saúde suplementar e o rol da Agência Nacional
de Saúde Suplementar sob a ótica do Superior Tribunal
de Justiça ............................................................................................................... 133
– Lucas Funghetto Lazzaretti
1. Introdução ...................................................................................................... 133
2. Considerações sobre a Lei nº 9.656/98, a Agência Nacional
 de Saúde Suplementar e o setor de saúde suplementar ............. 134
3. O rol da ANS sob a ótica do superior tribunal de justiça ............ 143
4. Conclusão ....................................................................................................... 147
Referências ............................................................................................................ 148
Sumário 7
Capítulo VII
Envelhecimento populacional e planos de saúde:
a (i)legitimidade dos reajustes por faixa etária
dos novos idosos ............................................................................................... 151
– Ana Maria Silva Souza
– Matheus Athayde
1. Introdução ...................................................................................................... 151
2. O envelhecimento populacional ............................................................ 153
 2.1. Envelhecimento ativo e novos idosos ........................................ 154
 2.2. Acesso à saúde para os idosos ...................................................... 155
3. Saúde suplementar, planos de saúde e o enquadramento
 por faixa etária .............................................................................................. 157
 3.1. Reflexões acerca das normas infralegais
 regulamentadoras .............................................................................. 159
 3.2. Reajustes por faixa etária na visão do STJ ............................... 163
4. Considerações finais .................................................................................. 166
Referências ............................................................................................................ 168
Capítulo VIII
Uma análise da ADI 5.529: a não prorrogação da vigência
das patentes farmacêuticas como forma de assegurar
a função social e o direito à saúde .......................................................... 171
– Flávia Mendes Moreira de Andrade Mélo
– Henrique Costa Princhak
1. Introdução ...................................................................................................... 172
2. Breve exame sobre o contexto de registro de patentes
 na área da saúde e a assistência farmacêutica ................................ 173
3. Uma análise da ADI 5529 do STF: a não prorrogação
 da vigência das patentes farmacêuticas como forma
 de assegurar a função social e o direito à saúde ............................. 180
4. Considerações finais ................................................................................... 192
Referências ............................................................................................................ 194
Capítulo IX
Responsabilidade civil do Estado em casos de danos
provenientes da vacinação ....................................................................... 199
– Luana Reis Ferreira
– Daniela Brito Mercuri
8 Estudo de casos em direito médico e da saúde
1. Introdução ...................................................................................................... 199
2. Breve histórico acerca da vacinação no Brasil ................................ 201
3. Reflexões bioéticas acerca da vacina compulsória ........................ 206
4. Responsabilidade civil do Estado ........................................................ 209
5. Compensação de danos decorrentes da vacinação ....................... 212
6. Conclusão ....................................................................................................... 214
Referências ............................................................................................................ 215
Capítulo X
Geopolítica da vacina, direito à saúde e soberania sanitária . 221
– Hugo Leonardo Cunha Roxo
1. Introdução ...................................................................................................... 221
2. O direito à saúde e a pandemia de covid-19 ..................................... 222
 2.1. Uma breve noção de saúde ............................................................. 222
 2.2. O direito à saúde e a legislação correlata ................................. 223
 2.3. O caos: um pouco do contexto pandêmico .............................. 225
3. O que fazem as empresas privadas e os governos:
 imunização, geopolítica e soberania sanitária ................................ 233
 3.1. A teoria do sistema-mundo: um rápido esboço .................... 233
 3.2. Imunização e geopolítica ................................................................ 234
 3.3. Autonomia/soberania sanitária e direito à saúde ............... 245
4. Considerações finais ................................................................................... 248
Referências ............................................................................................................ 248
Capítulo XI
A alocação de recursos de saúde em face da escassez
de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) decorrente
da pandemia ocasionada pela covid-19 .............................................. 251
– Diogeano Marcelo de Lima
1. Introdução ....................................................................................................... 251
2. Da eleição de critérios para alocação de vagas em unidades
 de terapia intensiva (UTI’S) ..................................................................... 253
3. Da impossibilidade de se multiplicar os recursos de saúde
 através da via judicial ................................................................................. 256
4. Breve histórico sobre o surgimento da bioética ............................. 261
 4.1. Da bioética principialista .............................................................. 264
 4.2. Da aplicabilidade do princípio bioético da justiça
 na distribuição de vagas de UTI’S ................................................ 271
Sumário 9
5. Considerações finais ................................................................................... 272
Referências ............................................................................................................ 274
Capítulo XII
Judicialização da saúde e escassez de recursos públicos:
estudo de caso do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia ...... 277
– Flávia Sulz Campos Machado
1. Introdução ...................................................................................................... 277
2. Estudo de caso do tribunal de Justiça do Estado da Bahia ......... 278
3. Direito à saúde e escassez de recursos ............................................... 284
4. A dificuldade do judiciário de enfrentar o problema
 dos custos do direito à saúde .................................................................. 288
5. Considerações finais ................................................................................... 293
Referências ............................................................................................................ 294
Capítulo XIII
O sistema de precedentes do CPC e a importância
da bioética nas decisões judiciais: uma análise
da fundamentação do AI 0088052-64.2020.8.21.7000,
oriundo do TJRS ............................................................................................... 297
– Isabela Maria Silva Oliveira
– Jemyma Jandiroba Ferreira
1. Introdução ...................................................................................................... 298
2. O sistema de precedentes brasileiro ....................................................299
3. Agravo de instrumento n. 0088052-64.2020. 8.21. 7000,
 da comarca de Gaurama. Tribunal de Justiça do Estado
 do Rio Grande do Sul (TJRS). Sétima Câmara Cível ....................... 306
4. O caso concreto e o conflito de regras e princípios sobre
 a (não)obrigatoriedade da vacinação infantil ................................. 308
 4.1. Breve histórico sobre a implantação da vacinação
 obrigatória no Brasil e a origem do pensamento anti-vacina
 a partir da tecnologia da (des)informação........................................ 310
 4.2. Análise temática à luz da bioética .............................................. 311
5. Conclusão ........................................................................................................ 316
Referências ............................................................................................................ 317
10 Estudo de casos em direito médico e da saúde
Mensagem 
do presidente da OAB/BA
Apesar do cenário que infelizmente ainda se faz presente em nossa 
sociedade, a OAB da Bahia segue cumprindo o seu papel institucional. 
Nesse sentido, a iniciativa da Comissão Especial de Direito Médico e da 
Saúde da nossa Seccional é de grande valia, uma vez que a produção e 
disseminação do conhecimento nunca se mostrou tão importante na 
nossa história como nos tempos atuais. 
Essa nova edição da coletânea fruto dos ciclos de debates sobre 
Direito Médico e da Saúde durante a Pandemia chega para fortalecer 
os valores cultivados em nossa instituição e dar voz àqueles que têm se 
debruçado sobre um tema tão relevante.
Sabemos que a ciência salva vidas e que uma sociedade forte é aquela 
que tem o investimento em educação entre os seus mais altos pilares. 
Assim, esse trabalho se configura também como uma contribuição da 
Ordem para essa sociedade ainda tomada por medos, incertezas e dú-
vidas que nasceram com a chegada da covid-19.
Os tempos são difíceis, mas seguiremos firmes em defesa dos valores 
constitucionais, lutando pelo fortalecimento do Estado Democrático de 
Direitos e fazendo tudo o que estiver ao alcance da Ordem para preser-
var a vida.
Fabrício de Castro Oliveira
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil 
– Seccional Bahia
Mensagem da Comissão Especial de 
Direito Médico e da Saúde da OAB/BA
Nos idos de 2013, a Comissão Especial de Direito Médico e da Saúde 
da OAB Bahia foi instituída com o propósito de instigar a imersão da 
advocacia em temáticas relativamente novas, que demandavam estrei-
tamento dos diálogos entre o Direito, a Saúde e a Medicina. Recordo, 
cristalinamente, da preparação do projeto, feito a seis mãos, que justifi-
cava a importância de sua criação para o desenvolvimento dos debates.
Juntamente com Itana Viana e Érica de Meneses, pensamos as ideias 
embrionárias destes temas importantes para o protagonismo da OAB 
Bahia no campo das novas conquistas de direitos e planejamos seu de-
senvolvimento, ansiando despertar o entusiasmo de outros colegas para 
o propósito da Comissão, sobretudo, pelos estudos do Direito à Saúde 
e do Direito à Médico.
Recordando essa trajetória, é grande a alegria ao ver as ideias ges-
tadas adentrarem à fase frutífera. O presente trabalho transpassou os 
limites do território baiano e reuniu autores de diversos estados brasi-
leiros para o desenvolvimento de estudos e produção de conteúdo que 
se destaca por sua qualidade.
Em que pese o elevado propósito dos trabalhos jurídicos, afirmo 
aos leitores que a intenção neste vai além. Mais do que servir de fonte 
de conteúdo para consultas jurídicas, representa mais um importante 
passo na construção de pontes para o estreitamento dos diálogos entre 
o Direito, a Saúde e a Medicina, assim como para a multiplicação de 
conhecimento e estímulo ao surgimento de novos encantamentos no 
mister da advocacia.
Se nos perguntarmos para onde uma jornada imersa no Direito à 
Saúde e no Direito à Médico pode nos levar, a resposta é: partamos, pois 
mais importante do que a chegada é caminhada; é a construção de um 
mundo melhor, propiciando a oportunidade de participação a todos os 
interessados nos temas abordados.
René Viana
Presidente da Comissão Especial de Direito Médico e da Saúde da OAB/BA
Mensagem da Escola Superior 
da Advocacia
A obra “Estudo de Casos em Direito Médico e da Saúde” já surgiu 
com um conceito inovador: foi fruto de um trabalho debatido entre os 
participantes do Grupo “Estudo de Casos em Direito Médico e da Saúde”, 
um projeto realizado pela Comissão Especial de Direito Médico e da Saú-
de em parceria com a Escola Superior da Advocacia – ESA, da OAB/BA.
É sempre muito gratificante ver a ESA – Bahia envolvida em projetos 
tão exitosos como esse! Nos orgulha muito fazer parte dessa história e 
contribuir para que debates de alto nível cheguem à classe da advocacia.
Essa é a verdadeira missão da ESA!! Fomentar diálogos, reflexões e 
buscar sempre o aperfeiçoamento da classe. 
Parabéns a todos os autores e autoras dos textos. Vocês merecem 
todas as nossas homenagens. 
Thaís Bandeira
Diretora da ESA/BA
Nota editorial
A obra que ora apresentamos ao leitor é resultado do profícuo traba-
lho realizado ao longo do primeiro semestre do ano de 2021 pelo grupo 
de pesquisa “Estudo de Casos em Direito Médico e da Saúde – Doutrina, 
Jurisprudência e Estratégias”, promovido pela Comissão Especial de 
Direito Médico e da Saúde da OAB/BA, com o apoio da Escola Superior 
da Advocacia da OAB/BA – ESA/BA. O grupo contou com a coordena-
ção dos professores e advogados Gabriela Sady e Lucas Macedo e com 
a participação de professores convidados, membros da Comissão e os 
aprovados no processo seletivo. 
A partir das intensas e desafiadoras reflexões coletivas, emergiu 
a ideia de convidar os integrantes do grupo de pesquisa a, em prol de 
discussões inovadoras e pioneiras, lançarem-se à produção de artigos 
sobre as temáticas estudadas.
Assim é que os 12 artigos que compõem a presente obra abarcam 
temáticas recorrentes acerca das mais variadas e recentes discussões 
em Direito Médico e da Saúde – tais como vacinação, saúde suplementar, 
publicidade médica, escassez de recursos, relação paciente-médico, entre 
outros – por novas perspectivas.
Apesar de os artigos terem sido produzidos a partir das discussões 
concebidas nos encontros coletivos, cada trabalho reflete a opinião 
individual do(s) seu(s) respectivo(s) autor(es). A estes, à Comissão 
Especial de Direito Médico e da Saúde da OAB/BA e à ESA/BA, o nosso 
muito obrigado por acreditarem nesse projeto especial.
Os organizadores
(*) Mestre em Políticas Sociais e Cidadania, Universidade Católica do Salvador, pesqui-
sador bolsista FAPESB. Graduado em Direito, Universidade Católica do Salvador. Ad-
vogado.
CAPÍTULO I
Suicídio assistido e eutanásia 
à luz do direito Constitucional 
português e brasileiro: direito à vida 
ou dever de viver 
sob qualquer circunstância?
Daniel Silva Vitor Bento*
Sumário: 1. Introdução; 2. Conceito e classificações de suicídio assistido e eu-
tanásia; 3. O suicídio assistido e a eutanásia no direito comparado; 4. Análise do 
decreto n.º 109/XIV/2021 da Assembleia da República Portuguesa – Lei João 
Semedo; 5. Definições normativas e jurisprudência brasileira; 6. Considerações 
finais; Referências.
Palavras-chave: suicídio assistido; eutanásia; direito à vida; dignidade humana
1. INTRODUÇÃO
Esse artigo investiga o suicídio assistido e a eutanásia em Portugal 
e no Brasil, com enfoque nas suas respectivas Constituições e jurispru-
dências. Trata-se de um tema relevante e nada pacífico, que acarreta 
em discussões com argumentos religiosos, filosóficos, socioeconômicos, 
políticos, jurídicos e bioéticos.
A partir da década de 1980 alguns países passaram a admitir a 
prática da morte assistida, com fundamentações e critérios legais dife-
rentes, tendo em vista a sua própria estrutura constitucional, de modo 
que se encontra previsão legal expressa em alguns casos, enquanto em 
outros observa-se a interpretaçãoda legislação existente. Portugal, que 
possui os laços culturais e semelhanças jurídico constitucionais, recen-
temente enfrentou a questão, com o Decreto n.º 109/XIV e o Acórdão n.º 
123/2021 do Tribunal Constitucional. O suicídio assistido e a eutanásia 
articulam as suas fundamentações legais a partir dos princípios consti-
tucionais de proteção à vida e dignidade humana, que estão presentes 
na Constituição da República Portuguesa de 1976 e na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988. Os referidos princípios colidem 
quando a proteção à vida é interpretada como absoluta e se sobrepõe 
aos demais, o que acarreta na proibição e criminalização da prática. Este 
artigo visa amadurecer o entendimento e a discussão em ambos países, 
com abordagem jurídica, para investigar a possível articulação dos prin-
cípios citados, sem olvidar das fundamentações das demais ciências que 
enfrentam a questão, por meio de uma investigação teórica com revisão 
bibliográfica e documental. Diante de tudo o que foi dito formulou-se 
o seguinte problema de pesquisa: o suicídio assistido e a eutanásia 
poderiam ser constitucionalmente admitidos no Brasil, articulando os 
princípios da proteção à vida e da dignidade humana?
Para tanto, o presente trabalho tem como objetivo verificar se há 
possibilidade constitucional da alteração da legislação brasileira para se 
admitir a prática do suicídio assistido e da eutanásia, à luz dos princípios 
da proteção à vida e da dignidade humana, desdobrando-se nos seguintes 
objetivos específicos: revisar os conceitos e classificações de suicídio 
e eutanásia; identificar os países que permitem o suicídio assistido e 
a eutanásia; analisar o processo em Portugal; e avaliar as definições 
normativas e a jurisprudência brasileira sobre o tema.
2. CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES 
 DE SUICÍDIO ASSISTIDO E EUTANÁSIA
Albert Camus (2010, p. 19), afirmava que só existe um problema 
filosoficamente sério: o suicídio. Segundo Durkheim (2010, p. 14), o 
suicídio é todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de 
um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima com a ciência 
que surtirá esse resultado. 
20 Daniel Silva Vitor Bento
A eutanásia, de acordo com o dicionário etimológico de Antenor 
Nascentes (1955, p. 204), vem do grego euthanasia, significando morte 
bela ou feliz, inicialmente utilizada por Francis Bacon. Segundo Dworkin 
(2009, p. 1), é ato de matar deliberadamente uma pessoa por razões de 
benevolência. Por outro lado, o termo eutanásia foi desvirtuado, atribuin-
do conotação negativa, a partir da promulgação do Aktion T4, em 1939, 
do Estado Nazista, utilizada para se referir a práticas que levaram a morte 
mais de 100 mil pessoas, entre judeus, ciganos e negros, contudo a defi-
nição contemporânea de eutanásia pode ser entendida como emprego 
ou abstenção de procedimentos que permitem apressar ou provocar o 
óbito de um doente incurável, a fim de livrá-lo dos extremos sofrimentos 
que o assaltam (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2005, p. 2 e 3)
A eutanásia ativa, direta ou autêntica é a provocação intencional da 
morte a determinado indivíduo que sofre de enfermidade extremamente 
degradante e incurável, visando privá-lo dos suplícios decorrentes da 
doença (PORTUGAL, 2016, p.9). 
Ao passo que ortotanásia, ou eutanásia passiva ou por omissão, 
entende-se como a prática pela qual se deixa de prolongar, através de 
meios artificiais, a vida de um doente incurável ou em sofrimento into-
lerável, especialmente, nos casos de recusa de modernos medicamentos 
ou equipamentos médicos para garantir um prolongamento precário e 
penoso da vida em estado terminal (PORTUGAL, 2016, p.9).
Sendo exatamente o contrário a distanásia, também conhecida como 
eutanásia indireta ou eventual ou tratada como obstinação terapêutica, 
trata-se de prolongar, através de meios artificiais, a vida de um enfermo 
incurável a qualquer custo, mesmo que o doente esteja em sofrimento e 
não queira continuar a viver (PORTUGAL, 2016, p.9 e 10).
Nas hipóteses de eutanásia ativa e ortotanásia, o ato pode ser clas-
sificado como voluntário, quando o paciente expressa a sua vontade ou 
involuntário quando não se conhece a vontade do enfermo. Na hipótese 
de distanásia a vontade do paciente, conhecida ou não, não é levada em 
consideração.
O suicídio assistido é o auxílio a alguém, prestado por um médico 
para terminar com a vida daquele. É o próprio paciente, ao contrário do 
que ocorre na eutanásia ativa, que ingere ou injeta medicamentos letais 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 21
previamente prescritos pelo médico. Na eutanásia direta é uma terceira 
pessoa que executa o ato, ao passo que no suicídio assistido é o próprio 
doente que provoca a sua morte, ainda que para isso disponha da ajuda 
de terceiro (PORTUGAL, 2016, p. 9). 
Por fim, a morte assistida é uma expressão que por vezes é utilizada 
como sinônimo de suicídio assistido e a morte medicamente assistida 
abarca os conceitos de eutanásia ativa e suicídio assistido.
3. O SUICÍDIO ASSISTIDO E A EUTANÁSIA 
 NO DIREITO COMPARADO
Em síntese, é possível encontrar três grandes tendências:
i) a tolerância relativamente ao suicídio assistido, sem que lhe seja 
conferida uma regulação legal expressa como na Alemanha, Itália 
e Suíça;
ii) a despenalização e a regulação expressa da eutanásia ativa e, ou, 
do suicídio assistido, como na Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Ca-
nadá, alguns Estados dos Estados Unidos da América, Colômbia, 
Estado australiano da Victoria e Nova Zelândia; e
iii) a proibição da eutanásia ativa e do suicídio assistido como na 
França e Reino Unido (PORTUGAL, 2021, p. 30).
O Código Penal suíço prevê, em seu artigo 115.º/1, pena de prisão 
até 5 anos ou multa para quem, por motivos egoístas, incitar ou ajudar 
alguém a cometer ou tentar cometer suicídio. Com base na interpretação 
deste preceito, que só pune a ajuda ao suicídio se o agente for movido 
por razões egoístas, aliada à interpretação judicial branda da lei, tem 
sido entendido que o suicídio assistido se encontra descriminalizado nos 
casos em que o suicida seja um doente terminal condenado a morrer em 
virtude da doença ou lesão que o afete. Também não há previsão legal 
expressa acerca da eutanásia, porém o artigo 114.º/1 do Código Penal 
suíço, define que homicídio a pedido da vítima é punível, com pena de 
prisão até 3 anos ou multa quem, por motivos atendíveis, designada-
mente compaixão pela vítima, provoque a morte de outra pessoa, a seu 
pedido genuíno e insistente. Entre outras, duas organizações conhecidas 
de natureza associativa – a Dignitas e a Exit – dedicam-se a ajudar doentes 
22 Daniel Silva Vitor Bento
terminais a suicidar-se, desde que o paciente tenha discernimento e pos-
sa manifestar a sua vontade consciente e livremente, o seu pedido seja 
sério e reiterado, a sua doença se revele incurável, o sofrimento físico 
ou psíquico que o atinja seja intolerável e o prognóstico do desfecho 
da doença seja a morte ou uma incapacidade grave. A associação Exit 
só aceita pacientes nacionais ou domiciliados na Suíça, ao passo que a 
Dignitas acolhe nacionais e estrangeiros (PORTUGAL, 2016, p. 44).
O serviço tem atraído número considerável de pacientes para o país, 
chamados de turistas do suicídio. O termo “going to Switzerland” tor-
nou-se eufemismo para suicídio assistido na Inglaterra. O atendimento 
a pessoas com doenças mentais também é permitido, mas a Suprema 
Corte exige relatório psiquiátrico declarando que o desejo de suicídio 
do paciente foi autodeterminado e bem considerado, e não faz parte de 
sua desordem mental. Os médicos que prescrevem o medicamento são 
responsáveis pelo processo, devendo sempre informar o paciente sobre 
sua condição e possíveis alternativas (CASTRO et al, 2016, p. 361).
A Colômbia é o único país da América Latina onde a eutanásia é 
permitida. Em 1997, foi descriminalizada pelo Tribunal Constitucional 
e somente com o advento daResolução 12.116/2015, do Ministério 
da Saúde e Proteção Social, a prática foi regulamentada. Até essa data 
era classificada como “homicídio por piedade” de acordo com o artigo 
326 do Código Penal, onde a falta de critérios bem estabelecidos para 
sua realização, somados à legislação controversa, gerava ambiguidade, 
conflitos de interpretação e incertezas sobre o assunto (CASTRO et al., 
2016, p. 357).
Segundo Ávila e Alipio (2019, p. 226), a tese de disponibilidade rela-
tiva da própria vida na Colômbia encontrava fundamento em inúmeras 
jurisprudências da Corte Constitucional, que de maneira tácita tem consi-
derado esta possibilidade pela via da eutanásia. É possível falar em uma 
faculdade jurídica intrínseca no direito a vida que permite aos indivíduos 
terminarem com sua própria existência, sempre que este estiver dentro 
dos pressupostos estatais, pois se trata de uma disponibilidade relativa 
e não absoluta. Em contraste, apenas na figura do suicídio se encontra 
a disponibilidade do direito a própria vida, pois é um fenômeno social 
que escapa ao ius punidendi do Estado colombiano e, por outro, não pode 
ser sancionado. Por outro lado, o direito a morrer dignamente encontra 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 23
suporte no princípio da dignidade humana, o livre desenvolvimento da 
personalidade e da autonomia do indivíduo, que é plenamente livre 
para tomar decisões personalíssimas que, em princípio, não deveriam 
interessar ao Estado. 
Nos Estados Unidos o estado Oregon foi o primeiro a legalizar 
o suicídio assistido, em 27 de outubro de 1997, com a aprovação do 
Death with Dignity Act, “Ato de morte com dignidade” que permitiu que 
adultos, maiores de 18 anos, capazes de expressar conscientemente sua 
vontade, residentes no estado, com doenças terminais e expectativa de 
vida menor que seis meses, recebessem medicações em doses letais, por 
meio de autoadministração voluntária, expressamente prescrita por um 
médico para essa finalidade. De acordo com o Ato, a autoadministração 
desses medicamentos letais não é considerada suicídio, mas morte com 
dignidade (CASTRO et al., 2016, p. 358).
Segundo Albuquerque (2006, p. 301), a Holanda passou a permitir 
em abril de 2002, mas para que a prática da eutanásia seja considerada 
lícita, devem ser observados uma série de requisitos:
i) médico deve estar convencido de que se trata de “uma solicitação 
voluntária e bem pensada do paciente”;
ii) também deve estar convencido de que as dores do paciente são 
“sem perspectiva e insuportáveis”;
iii) o paciente deve ter sido esclarecido sobre “a situação na qual ele 
se encontrava e sobre suas perspectivas”;
iv) deve-se chegar à conclusão de que “não havia outra solução 
razoável” para o paciente;
v) deve-se consultar ao menos “um outro médico independente”; 
vi) este deve ver o paciente e ter redigido seu parecer sobre a ne-
cessidade de eutanásia;
vii) eutanásia deve ser executada “cuidadosamente sob o ponto de 
vista médico”.
São previstas três modalidades de eutanásia na Holanda, sob o ponto 
de vista de faixa etária: pacientes que têm dezesseis anos ou mais que 
não podem mais expressar sua vontade, mas que, anteriormente, decla-
raram a sua autorização; pacientes que têm entre dezesseis e dezoito 
24 Daniel Silva Vitor Bento
anos de idade que solicitaram sua eutanásia, desde que seus pais ou 
tutores tenham participado da tomada desta decisão; e os menores de 
idade entre doze e dezesseis anos, desde que seus pais ou tutores tenham 
concordado com sua eutanásia (ALBUQUERQUE, 2006, p. 301).
A eutanásia ativa passou a ser permitida na Bélgica com a entrada 
em vigor da lei sobre a matéria em 28 de maio de 2002. Esta lei sofreu 
alterações para estender a possibilidade da eutanásia a menores de 
idade, por outra lei em 28 de fevereiro de 2014. Nos termos do artigo 2.º 
prevê eutanásia como o ato praticado por alguém que intencionalmente 
põem termo à vida de outra pessoa, a pedido desta. Para ser legítima, 
a eutanásia tem que obedecer determinadas condições e só pode ser 
praticada por médicos, sendo irrelevante a distinção das modalidades 
de eutanásia. De acordo com o artigo 3.º da referida lei, na redação de 
2014, o médico que pratique a eutanásia não comete infração se ele 
se tiver assegurado de que: o paciente seja maior de idade ou menor 
emancipado capaz ou ainda menor de idade dotado de capacidade de 
discernimento e que esteja consciente no momento do pedido; o pedido 
deve feito de forma voluntária e refletida, repetidamente, sem qualquer 
pressão externa; e o paciente deve se encontrar em situação médica sem 
saída e em sofrimento físico e/ou psíquico constante e insuportável sem 
possibilidade de ser aliviado, causados por lesão ou patologia grave e 
incurável (PORTUGAL, 2016, p. 17).
Eutanásia e suicídio assistido foram legalizados em Luxemburgo, 
em 16 de março de 2009, e atualmente são regulados pela Comissão 
Nacional de Controle e Avaliação. A lei abrange adultos competentes, 
portadores de doenças incuráveis e terminais que causam sofrimen-
to físico ou psicológico constante e insuportável, sem possibilidade 
de alívio. O paciente deve solicitar o procedimento por meio de suas 
disposições de fim da vida, um documento escrito, obrigatoriamente 
registrado e analisado pela Comissão Nacional de Controle e Avaliação. 
Este documento permite que o paciente registre as circunstâncias em 
que gostaria de se submeter à morte assistida, que será realizada por 
médico de confiança do requerente. A solicitação poderá ser revogada 
pelo paciente a qualquer momento. Antes do procedimento, o médico 
deve consultar outro especialista independente, a equipe de saúde do 
paciente, e uma pessoa de confiança apontada por ele; após sua realiza- 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 25
ção, o óbito deve ser comunicado à Comissão em até oito dias (CASTRO 
et al, 2016, p. 360).
Na Inglaterra pune-se a eutanásia como qualquer homicídio em 
geral, ainda que a pena concreta a aplicar possa ser atenuada. O Homi-
cide Act 1957, combinado com o Offences Against the Person Act 1861, 
continuam a ser os atos legislativos, embora bastante alterados, em que 
se baseia a punição do homicídio. Com o Suicide Act 1961, a própria ten-
tativa de suicídio deixou de ser crime na Inglaterra e no País de Gales. 
De acordo com a mesma lei, mas emendada pelo Coroners and Justice 
Act 2009, encorajar ou prestar auxílio ao suicídio constitui crime e faz 
incorrer o autor numa pena de prisão até 14 anos (PORTUGAL, 2016, 
p. 42). Diversas propostas foram apresentadas, como o Assisted Dying 
Bill, elaborado por Lord Falconer, que foi rejeitada pela Câmara Baixa 
em setembro de 2015. A proposta baseava-se na legislação de Oregon 
e visava a legalização apenas do suicídio assistido para pacientes com-
petentes, com mais de 18 anos, com expectativa de vida menor que seis 
meses (CASTRO et al., 2016, p. 361).
4. ANÁLISE DO DECRETO N.º 109/XIV/2021 
 DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA PORTUGUESA 
 – LEI JOÃO SEMEDO
Suicídio assistido e eutanásia são discutidos em Portugal há décadas. 
Numa breve linha do tempo, tem-se como marco inicial, no ano de 1995, 
o Parecer 11/CNEV/95, do Conselho Nacional de Ética para Ciências da 
Vida, sobre aspectos éticos dos cuidados de saúde relacionados com o 
final da vida. No âmbito acadêmico observa-se a construção do conceito 
do direito fundamental à disposição do próprio corpo, que de acordo 
com Luísa Neto (2004, p. 245), as questões levantadas pelo aborto e 
eutanásia envolvem decisões que afetam o próprio sujeito titular do 
direito em causa. Fazer uma pessoa morrer de uma maneira que outros 
aprovam, mas que ele mesmo acredita ser uma terrível contradição na 
sua vida, é uma forma de tirania devastadora e odiosa, precisamente 
porque a dignidade de uma pessoa é normalmente relacionada com a 
capacidade de auto respeito. A liberdade do corpo humano sofre cadavez mais limitações de índole científica: vacinações, despistagens, 
26 Daniel Silva Vitor Bento
tratamentos de todos os tipos, precauções contra as epidemias, mostram 
que o homem não é mais o seu verdadeiro dono. No fundo, o direito à 
disposição sobre o corpo, que admitíamos que existisse, se aproxima 
mais de uma liberdade que de um direito. 
Ainda no âmbito acadêmico e também político, destaca-se a Prof. 
Dra. em Filosofia da Educação, Laura Ferreira dos Santos, autora dos 
livros: “Ajudas-me a morrer? A morte assistida na cultura ocidental do 
século XXI”, publicado em 2009 e “Testamento vital, o que é? Como ela-
borá-lo?”, de 2011. Posteriormente, em 2015, a referida professora foi a 
fundadora do movimento Direito a Morrer com Dignidade, que defende 
a despenalização da eutanásia em Portugal.
Destaca-se, no âmbito político, o médico e deputado João Semedo, 
do Bloco de Esquerda, que colocou a questão no campo legislativo. Com 
efeito, o amadurecimento da discussão sobre o tema em Portugal, o au-
mento do número de países que passaram permitir a prática e a luta pelo 
direito à morte assistida do deputado João Semedo e seu falecimento em 
2018, desencadearam projetos de lei que originaram o Decreto n.º 109/
XIV da Assembleia da República, que recebeu o seu nome.
Foram apresentados cinco projetos de lei sobre a questão. Em sínte-
se, o Projeto de Lei n.º 4/XIV/1.ª, apresentado pelo Bloco de Esquerda 
(BE), visava definir e regular as condições em que a antecipação da morte 
por decisão da própria pessoa – com lesão definitiva ou doença incurável 
e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável – quando praticada ou 
ajudada por profissionais de saúde, como não punível (artigos 1.º e 8.º, n.º 
2). O Projeto de Lei n.º 67/XIV/1.ª, do partido Pessoas-Animais-Natureza 
(PAN), tinha por objeto regular o acesso à morte medicamente assistida: 
eutanásia e suicídio medicamente assistido (cf. artigos 1.º e 12.º). O 
Projeto de Lei n.º 104/XIV/1.ª, apresentado pelo Partido Socialista (PS), 
tinha como objeto regular as condições especiais em que a prática da 
eutanásia não é punível (artigo 1.º), abrangendo no conceito de eutanásia 
a prática e a ajuda à antecipação da morte: considerando a eutanásia não 
punível a antecipação da morte por decisão da própria pessoa, maior, em 
situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável 
e fatal, quando praticada ou ajudada por profissionais de saúde (artigo 
2.º, n.º 1). O Projeto de Lei n.º 168/XIV/1.ª, apresentado pelo Partido 
Ecologista “Os Verdes” tinha como objetivo regular as condições e os 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 27
procedimentos específicos a observar nos casos de morte medicamente 
assistida e alterar o Código Penal para despenalizar a morte medicamente 
assistida (artigo 1.º, n.º 1), definindo a morte medicamente assistida 
na administração de fármacos por médico ou pelo próprio doente sob 
vigilância médica, configurando este caso o suicídio medicamente as-
sistido (artigo 3.º, n.º 2, alíneas a e b). Por fim, o Projeto de Lei n.º 195/
XIV/1.ª, apresentado pelo deputado único da Iniciativa Liberal (IL), 
visava definir e regular as condições em que a antecipação da morte por 
decisão consciente e expressa, manifestando vontade atual, livre, séria 
e esclarecida da própria pessoa que, padecendo de lesão definitiva ou 
doença incurável e fatal, esteja em sofrimento duradouro e insuportável, 
quando praticada ou assistida por profissionais de saúde, não é punível 
(artigo 1.º), mediante autoadministração ou administração por médico 
de fármaco letal (artigo 8.º, n.º 2).
Esses projetos de lei ensejaram pareceres das organizações da área 
de saúde (Ordem dos Enfermeiros, Conselho Nacional de Ética para as 
Ciências da Vida e Ordem dos Psicólogos Portugueses; da Ordem dos 
Advogados e do Ministério Público.
A própria Assembleia da República solicitou pareceres às organiza-
ções da área de saúde, de onde se extrai os seguintes argumentos contra 
e a favor da questão.
Em primeira análise conclui-se que os argumentos desfavoráveis 
prevaleceram. Visualiza-se argumentos contrários alinhados com os 
códigos éticos das categorias profissionais, como a contradição face à 
missão dos médicos. Observa-se a preocupação com a “rampa deslizan-
te1”. Observa-se, também, argumentos contrários, de cunho político, como 
que os partidos políticos não teriam legitimidade eleitoral para legislar 
sobre a matéria; que houve a pressa para legislar; e maior necessidade 
de debate para definição de conceitos. Estes não devem prosperar, pois 
1. Rampa deslizante e estratégia de pequenos passos, segundo Renaud (2016, p. 7), 
são metáforas que surgem no debate social com conotação política, como na lega-
lização da eutanásia, com intuito de alertar sobre os riscos de ampliações futuras, 
tendo como exemplo o que ocorreu na Bélgica, que uma vez legalizada a eutanásia, 
aprovou-se a seguir a eutanásia infantil (com ou sem pedido do menor), e está em 
discussão a eutanásia por motivos psiquiátricos.
28 Daniel Silva Vitor Bento
não há vedação constitucional sobre o processo legislativo. Por sua vez, 
argumentos contrários sobre a forma do procedimento indicado como 
burocrático, sem a presença de profissionais de saúde além dos médi-
cos e a autonomia da decisão ficar atribuída à decisão discricionária do 
médico, de fato, mereceriam melhor estruturação. Visualiza-se, também, 
dois argumentos jurídicos contrários, a proibição prevista no Código 
Penal e o direito à vida consagrado na Constituição, sendo este último 
o ponto de tensão com a dignidade humana, quando se trata da morte 
assistida. Essas duas últimas questões serão tratadas a seguir, na análise 
do acórdão do Tribunal Constitucional.
Por outro lado, os argumentos favoráveis foram: respeito pela auto-
nomia e vontade do doente; evitar tratamentos inúteis e ineficazes que 
por vezes causam ainda mais sofrimento; e definição clara dos contextos 
dos pedidos de eutanásia nos projetos de lei. Os dois primeiros estão 
alinhados com os princípios jurídicos da autonomia da vontade e da dig-
nidade humana e último é um contraponto ao risco da rampa deslizante.
Em que pese a relevância de todos argumentos apresentados pelas 
organizações da área de saúde, a permissão ou vedação das condutas 
de suicídio assistido ou de eutanásia, mesmo obedecendo o rito do pro-
cesso legislativo, carecem de análise constitucional. A Constituição da 
República Portuguesa (CRP) prevê, logo no seu artigo primeiro, como 
princípio fundamental, que Portugal é uma República soberana, baseada 
na dignidade da pessoa humana. Por sua vez, prevê também, em seu art. 
24, o direito inviolável à vida, dentro do rol dos direitos, liberdades e 
garantias. Diante disso, desdobram-se duas questões a serem analisadas: 
i) há conflito aparente das referidas normas constitucionais, de 
modo que o direito à vida previsto seria absoluto e se sobreporia 
à dignidade humana;
ii) a legitimidade do legislador sobre a matéria.
Segundo parecer da Ordem dos Advogados (2018, p.2), sobre o 
Projecto de Lei nº 773/XIII/3ª, que autoriza a morte medicamente 
assistida, o art. 24º da CRP consagra o direito à vida em lugar cimeiro 
de todo ordenamento jurídico, pois dele deriva a dignidade da pessoa, a 
República e o Estado Democrático e social português. A vida humana é 
disponível pelo próprio e indisponível por terceiros, como resultado da 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 29
priorização do direito, liberdade e garantia, por isso sujeito ao forte re-
gime de proteção aos direitos fundamentais, previsto no art. 18º da CRP.
Por outro lado, ainda segundo a Ordem dos Advogados (2018, p. 
2), observou-se uma relativização iniciada hermenêutica juris consti-
tucional na matéria de punição do aborto, arts. 141º e 142º do Código 
Penal Português, bem como nas diretivas antecipadas de vontade, mais 
conhecidas como testamentovital e, também, chamou-se a atenção 
para possibilidade da não punição de todas as formas de eutanásia de-
sencadear um “efeito escalada”, em outra perspectiva economicista, no 
desinvestimento nos cuidados continuados.
O testamento vital português é trazido na Lei nº 25/2012, que o 
define, no seu art. 2º, nº 1, como as diretivas antecipadas de vontade, sob 
a forma de testamento vital, o documento unilateral e livremente revo-
gável a qualquer momento pelo próprio, no qual uma pessoa maior de 
idade e capaz, que não se encontre interdita ou inabilitada por anomalia 
psíquica, manifesta antecipadamente a sua vontade consciente, livre e 
esclarecida, no que concerne aos cuidados de saúde que deseja receber, 
ou não deseja receber, no caso de, por qualquer razão, se encontrar in-
capaz de expressar a sua vontade pessoal e autonomamente. A seguir, 
a Lei nº 25/2012, define o que pode constar do documento de diretivas 
antecipadas de vontade as disposições que expressem a vontade clara 
e inequívoca do outorgante: 
a) Não ser submetido a tratamento de suporte artificial das funções 
vitais;
b) Não ser submetido a tratamento fútil, inútil ou desproporcionado 
no seu quadro clínico e de acordo com as boas práticas profis-
sionais, nomeadamente no que concerne às medidas de suporte 
básico de vida e às medidas de alimentação e hidratação artificiais 
que apenas visem retardar o processo natural de morte;
c) Receber os cuidados paliativos adequados ao respeito pelo seu 
direito a uma intervenção global no sofrimento determinado por 
doença grave ou irreversível, em fase avançada, incluindo uma 
terapêutica sintomática apropriada;
d) Não ser submetido a tratamentos que se encontrem em fase 
experimental;
30 Daniel Silva Vitor Bento
e) Autorizar ou recusar a participação em programas de investiga-
ção científica ou ensaios clínicos. (PORTUGAL, 2012, p. 1).
Após a publicação do Decreto n.º 109/XIV da Assembleia da Repúbli-
ca, no dia 12 de fevereiro de 2021, o Presidente da República portuguesa 
encaminhou ao Tribunal Constitucional o requerimento de fiscalização 
preventiva da constitucionalidade. As normas em causa foram especifi-
cadas na parte inicial do requerimento nos seguintes termos: 
A norma constante do n.º 1 do artigo 2.º, na parte em que define 
antecipação da morte medicamente assistida não punível como a 
antecipação da morte por decisão da própria pessoa, maior, em 
“situação de sofrimento intolerável”', – a norma constante do n.º 1 
do artigo 2.º, na parte em que integra no conceito de antecipação da 
morte medicamente assistida não punível o critério “lesão definitiva 
de gravidade extrema de acordo com o consenso científico; – Con-
sequentemente, as normas constantes dos artigos 4.º, 5.º e 7.º, na 
parte em que deferem ao médico orientador, ao médico especialista 
e à Comissão de Verificação e Avaliação a decisão sobre a reunião 
das condições estabelecidas no artigo 2.º; – Consequentemente, as 
normas constantes do artigo 27.º, na parte em que alteram os artigos 
134.º, n.º 3, 135.º, n.º 3 e 139.º, n.º 2 do Código Penal (PORTUGAL, 
2021, p. 1).
A Relatora inicial do requerimento de fiscalização prévia de consti-
tucionalidade era a Dra. Maria José Reis Rangel de Mesquita, contudo, 
posteriormente, coube ao Dr. Pedro Machete a relatoria do acórdão, 
que no dia 15 de março o Tribunal Constitucional proferiu o Acórdão 
n.º 123/2021, pronunciando-se pela inconstitucionalidade da norma 
constante do artigo 2.º, n.º 1, do Decreto n.º 109/XIV da Assembleia 
da República, que regula as condições em que a morte medicamente 
assistida não é punível e altera o Código Penal e, em consequência, pela 
inconstitucionalidade das normas constantes dos artigos 4.º, 5.º, 7.º e 
27.º do mesmo Decreto:
Pelo exposto, o Tribunal decide, com referência ao Decreto n.º 109/
XIV da Assembleia da República, publicado no Diário da Assembleia 
da República, Série II -A, n.º 76, de 12 de fevereiro de 2021, e enviado 
ao Presidente da República para promulgação como lei:
a) Pronunciar-se pela inconstitucionalidade da norma constante do 
seu artigo 2.º, n.º 1, com fundamento na violação do princípio de 
determinabilidade da lei enquanto corolário dos princípios do 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 31
Estado de direito democrático e da reserva de lei parlamentar, 
decorrentes das disposições conjugadas dos artigos 2.º e 165, 
n.º 1, alínea b), da Constituição da República Portuguesa, por 
referência à inviolabilidade da vida humana consagrada no artigo 
24.º, n.º 1, do mesmo normativo; e, em consequência,
b) Pronunciar -se pela inconstitucionalidade das normas constantes 
dos artigos 4.º, 5.º, 7.º e 27.º do mesmo Decreto. 
Lisboa, 15 de março de 2021 (PORTUGAL, 2021, p. 56). 
Ressalta-se que, a inconstitucionalidade do Decreto n.º 109/XIV 
da Assembleia da República, pronunciada no acórdão analisado, teve 
votação acirrada, sete votos a favor e cinco contra. Votaram a favor: João 
Pedro Caupers, Pedro Machete, Maria de Fátima Mata-Mouros, Lino 
Rodrigues Ribeiro, José Teles Pereira, Joana Fernandes Costa e Maria 
José Rangel de Mesquita. Votaram contra: Mariana Canotilho, José João 
Abrantes, Assunção Raimundo, Gonçalo de Almeida Ribeiro e Fernando 
Vaz Ventura. Exceto o presidente João Caupers, todos apresentaram 
fundamentação dos seus votos, que se passa a analisar.
A fundamentação do acórdão foi elaborada e apresentada obede-
cendo e seguinte ordem:
a) Delimitação do objeto material da apreciação da constituciona-
lidade pedida pelo requerente;
b) O horizonte problemático da antecipação da morte medicamente 
assistida prevista no artigo 2.º, n.º 1, do Decreto n.º 109/XIV;
c) O sentido e alcance da morte medicamente assistida regulada no 
Decreto n.º 109/XIV;
d) A compatibilidade da antecipação da morte medicamente assis-
tida com a inviolabilidade da vida humana (artigo 24.º, n.º 1, da 
Constituição);
e) A insuficiente densificação normativa dos conceitos descritivos 
dos critérios de acesso à morte medicamente assistida questio-
nados pelo requerente face ao princípio da legalidade criminal;
f) A insuficiente densificação normativa dos conceitos descritivos 
dos critérios de acesso à morte medicamente assistida questio-
nados pelo requerente face ao princípio da determinabilidade 
das leis;
32 Daniel Silva Vitor Bento
g) A insuficiente densificação normativa do conceito “em situação 
de sofrimento intolerável”;
h) A insuficiente densificação normativa do conceito “lesão definitiva 
de gravidade extrema de acordo com o consenso científico”; e
i) As normas sindicadas a título de inconstitucionalidade constantes 
dos artigos 4.º, 5.º, 7.º e 27.º do Decreto n.º 109/XIV.
O acórdão iniciou destacando se tratar de matéria muito sensível, 
mas que nos termos da Lei Fundamental, cabe ao legislador permitir ou 
proibir a eutanásia, de acordo com o consenso social, em cada momento; 
e que não era objeto do requerimento ao Tribunal Constitucional se saber 
se a eutanásia é ou não conforme a Constituição (PORTUGAL, 2021, p. 8).
A seguir, o acórdão pontuou a insuficiente densificação normativa 
sobre o conceito de sofrimento intolerável, lesão definitiva e gravidade 
extrema de acordo com o consenso científico. Acerca do conceito de 
sofrimento intolerável, considerou que não foi minimamente definido 
e que, nos termos do decreto, seriam preenchidos pelo médico orienta-
dor e pelo médico especialista. Sobre os conceitos de lesão definitiva e 
consenso científico, considerou que o legislador não forneceu ao médico 
interveniente na morte assistida um quadro legislativo seguro que pu-
desse guiar sua atuação (PORTUGAL, 2021, p. 9).
O art. 112, nº 5, da Constituição da República Portuguesa, veda ao 
legislador a delegação de integração da lei em atos com natureza não 
legislativa, de modo que conceitos indeterminados – ademais em ma-
téria de direitos, liberdades e garantias – que remete sua definição aos 
médicos orientador e especialista,viola a Carta Constitucional. Sendo o 
presente decreto o único instrumento normativo analisado no momento, 
carecendo das insuficiências apontadas, a sua constitucionalidade não 
pode ser sanada com a expectativa de um regime futuro, cujo conteúdo 
se desconhece. (PORTUGAL, 2021, p. 9).
Em oposição, a declaração de voto conjunta de Maria Canotilho, João 
José Abrantes, Assunção Raimundo e Fernando Vaz Ventura, pontuou que 
o acórdão: violou o princípio do pedido; fez uma leitura errônea da norma 
constante no art. 24, nº 1, da CPR (a vida é inviolável); ignorou a relevân-
cia do direito ao livre desenvolvimento da personalidade (nº 1º, do art. 
26º, da CPR), e sua densificação no quadro das questões especificamente 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 33
em causa; estabeleceu um standard de determinabilidade, em sede de 
legislação penal que se afigura não só divergente do que até então tem 
sido aceito como constitucionalmente conforme. Apontaram, também, 
conceitos igualmente indeterminados que não mereceram censura, 
por entender que são determináveis, na prática, como nas alíneas a), 
b) e c), do art. 142º, do Código Penal, que prevê a não punibilidade da 
interrupção da gravidez, por médico, com consentimento da gestante, 
com o conceito de: “grave e irreversível/duradoura lesão para o corpo 
ou par saúde física ou psíquica da mulher grávida”. Por fim, afirmaram 
que o conceito de lesão definitiva de gravidade extrema de acordo com o 
consenso científico, apesar de indeterminado não é indeterminável e sua 
abertura é adequada ao contexto clínico que será aplicado por médicos 
(PORTUGAL, 2021, p. 75-83).
José João Abrantes, acrescentou à sua declaração de voto conjunta, 
que a conclusão principal da decisão é de que, em abstrato, o art. 24º, nº 
1, da CRP, não veda o legislador de introduzir na ordem jurídica causas 
de justificação atendíveis em sede de auxílio ao suicídio ou homicídio a 
pedido da vítima, pois a Constituição outorga uma margem de discussão 
nesta matéria, para se encontrar soluções que efetivem a concordância 
prática entre os direitos fundamentais e valores jurídico-constitucionais 
em tensão (PORTUGAL, 2021, p. 83).
Após a publicação do Acórdão n.º 123/2021, que se pronunciou pela 
inconstitucionalidade da norma constante do artigo 2.º, n.º 1, do Decreto 
n.º 109/XIV da Assembleia da República, observando desconformidade 
com o princípio da determinabilidade da lei, o Presidente da República 
definitivamente o vetou.
Em síntese, o suicídio assistido e a eutanásia não foram declarados 
inconstitucionais. Ademais, a legitimidade do legislador sobre a matéria 
foi reconhecida. Contudo, observou-se que a inconstitucionalidade do 
decreto foi fundamentada na desconformidade com o princípio deter-
minabilidade da lei, por considerar indeterminado o conceito de lesão 
definitiva de gravidade extrema. O direito à vida está no patamar mais 
alto do ordenamento jurídico português, entretanto não em caráter 
absoluto, como já se observa na relativização na questão do aborto e no 
testamento vital, de modo que não há conflito entre o direito à vida e a 
dignidade humana. Portanto, o tema não está encerrado, porém caberá 
34 Daniel Silva Vitor Bento
ao legislador iniciar novamente o processo legislativo, sanando o que 
foi apontado no acórdão como insuficiente densificação conceitual, 
observando o princípio da determinabilidade da lei.
4. DEFINIÇÕES NORMATIVAS 
 E JURISPRUDÊNCIA BRASILEIRA
O suicídio, em sentido estrito, é um ato, comissivo ou omissivo, 
realizado exclusivamente pelo próprio agente, consciente de que resul-
tará em sua própria morte. É uma conduta não tipificada na legislação 
brasileira, portanto não se trata de crime punível. Por outro lado, os 
atos de indução, instigação ou auxílio ao suicídio estão previstos no art. 
122 do Código Penal brasileiro, com a pena de 6 meses a 2 anos; se de 
algum dos referidos atos resultar em lesão corporal de natureza grave 
ou gravíssima, pena de 1 a 3 anos; e se resultar em morte, pena de 2 a 
6 anos. Não há previsão expressa do suicídio assistido no ordenamento 
jurídico brasileiro, entretanto, a conduta de fornecer medicamentos ou 
informações para finalidade de suicídio, caracteriza-se, também, como 
em auxílio ao suicídio.
O ordenamento jurídico brasileiro vê no suicídio um fato imoral e 
socialmente danoso, que deixa de ser penalmente indiferente quando 
concorrer com a atividade da vítima outra energia individual provinda 
da manifestação da vontade de outro ser humano. Segundo a teoria da 
acessoriedade limitada, adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro, 
a punibilidade da participação em sentido estrito, que é uma atividade 
secundária, exige que a conduta principal seja típica e antijurídica. A 
despeito dessa correta orientação político-dogmática, as legislações 
modernas, considerando a importância fundamental da vida humana, 
passaram a prever uma figura sui generis de crime, quando alguém, de 
alguma forma, concorrer para realização do suicídio (BITENCOURT, 
2011, p. 124 e 125). 
De igual forma não há previsão expressa do termo eutanásia no 
ordenamento jurídico brasileiro, contudo a conduta é proibida e classi-
ficada como homicídio privilegiado, também conhecido como homicídio 
piedoso, cuja pena é diminuída de um sexto a um terço, segundo o art. 
121, §1º do Código Penal.
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 35
O tema não é pacífico na doutrina jurídica constitucional brasileira. 
Segundo José Afonso da Silva (2005, p. 203), não caracteriza a consu-
mação da morte por desligamento de aparelhos, que artificialmente 
mantém o paciente vivo, mas clinicamente morto como eutanásia, pois 
a vida não existiria mais, senão vegetação mecânica, ressalvado a culpa 
ou o dolo na apreciação do estado do paciente. O citado autor se refere 
à ortotanásia ou eutanásia passiva.
A Constituição Federal não estabelece parâmetros diretos sobre o 
suicídio assinado e a eutanásia, mas em homenagem ao princípio da 
dignidade da pessoa humana e da liberdade individual, o reconhecimento 
de morrer com dignidade não pode ser desconsiderado. Do contrário o 
direito à vida seria um dever de viver sob qualquer circunstância e a sua 
condição de direito subjetivo restaria funcionalizada em detrimento de 
sua dimensão objetiva (SARLET, 2008, p. 538 e 539).
Ainda segundo Sarlet (2008, p. 539), criminalizar todas formas de 
eutanásia a pretexto de salvaguardar um caráter absoluto do direito à 
vida, esbarra em contradições de ordem lógica e prática. Quem estiver 
em condições de causar a própria morte, se assim quiser, não pode ser 
impedido ao passo que alguém, em virtude de seu sofrimento e deses-
pero, mas encontrando-se enfermo e sem, por sua própria força, chegar 
ao resultado, restando-lhe a se submeter ao que o Estado considera o 
mais adequado.
Tornou-se voz corrente na nossa família do Direito admitir que os 
direitos fundamentais podem ser objeto de limitações, não sendo ab-
solutos. Tornou-se pacífico que os direitos fundamentais podem sofrer 
limitações, quando enfrentam outros valores de ordem constitucional, 
inclusive outros direitos fundamentais (MENDES, 2008, p. 240).
Uma diferença separa a norma legal de um princípio. A primeira é 
uma norma desenvolvida em seu conteúdo e precisa em sua normativi-
dade: acolhe e perfila os pressupostos de sua aplicação, determina com 
detalhe o seu mandato, estabelece possíveis exceções; o princípio, pelo 
contrário, expressa a imediata e não desenvolvida derivação normativa 
dos valores jurídicos: seu pressuposto é geral e seu conteúdo normativo 
é tão evidente em sua justificação como não concreto em sua aplicação. 
É aqui que o princípio, ainda quando legalmente formulado, continua 
36 Daniel Silva Vitor Bento
sendo princípio, necessitado por isso de desenvolvimento legal e de 
determinação casuística em sua aplicação judicial (BONAVIDES, 2005, 
p. 291).Mesmo que possamos sentir que nossa própria dignidade está em 
jogo nas atitudes que os outros tomam diante da morte, e que às vezes 
possamos desejar que os outros ajam como nos parece correto, uma 
verdadeira apreciação da dignidade argumenta decisivamente na direção 
oposta: em favor da liberdade individual, não da coerção; em favor de um 
sistema jurídico e de uma atitude que incentive cada um de nós a tomar 
decisões sobre a própria morte (DWORKIN, 2009, p.342).
Sobre o suicídio assistido e a eutanásia, o Código de Ética Médica, em 
seu art. 41, prevê que é vedado ao médico abreviar a vida do paciente, 
mesmo que a pedido deste ou de seu representante legal. A seguir, no 
parágrafo único, define que em casos de doença incurável e terminal, 
o médico deve oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem 
empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, 
levando em consideração a vontade expressa do paciente ou do seu 
representante legal (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2018, p. 8).
No Brasil não há legislação específica sobre o testamento vital, en-
tretanto não é inválido, pois também encontra fundamento na dignidade 
da pessoa humana (art. 1º, III, CF 1988), no princípio da autonomia, 
implícito no art. 5º da CF e proibição do tratamento desumano (art. 5º, 
III CF 1988).
De acordo com Dadalto (2013, p. 63), testamento vital no Brasil é 
uma espécie do gênero de diretivas antecipadas, um termo geral que se 
refere a instruções feitas por uma pessoa sobre futuros cuidados médicos 
que ela deseja receber quando estiver incapaz de expressar sua vontade. 
Acerca das diretivas antecipadas de vontade, o Conselho Federal de Me-
dicina (2012, p.1), na Resolução 1.995/2012, valorizando o princípio da 
autonomia do paciente, dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade, 
assegurando sua prevalência sobre qualquer outro parecer não médico, 
inclusive sobre os desejos dos familiares. As diretivas são definidas pela 
resolução como o conjunto de desejos, prévia e expressamente mani-
festados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, 
receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e 
autonomamente, sua vontade.
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 37
Este estudo buscou jurisprudência brasileira sobre suicídio assistido 
e eutanásia, no Supremo Tribunal Federal, encontrando apenas a recente 
decisão o Supremo Tribunal Federal do Agravo Regimental no Mandado 
de Injunção MI 6825 DF:
AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITO 
À MORTE DIGNA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. AUSÊNCIA DE 
LACUNA TÉCNICA. INEXISTÊNCIA DE EFETIVO IMPEDIMENTO 
DO EXERCÍCIO DO DIREITO ALEGADO. INADMISSIBILIDADE DO 
WRIT. DESPROVIMENTO DO AGRAVO. 1. O cabimento do mandado 
de injunção pressupõe a existência de omissão legislativa relativa 
ao gozo de direitos ou liberdade garantidos constitucionalmente 
pelas normas constitucionais de eficácia limitada stricto sensu e a 
existência de nexo de causalidade entre a omissão e a inviabilidade 
do exercício do direito alegado. 2. In casu, não restando demonstrada 
a existência de lacuna técnica quanto ao descumprimento de algum 
dever constitucional pelo legislador no tocante ao direito à morte 
digna, bem como ante a inexistência da efetiva inviabilidade do gozo 
do direito pleitado, impõe-se o não conhecimento do mandado de 
injunção. 3. Agravo regimental desprovido.
(MI 6825 AgR, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado 
em 11/04/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-110 DIVULG 24-05-
2019 PUBLIC 27-05-2019)
Com efeito, o Mandado de Injunção, não seria a via processual ade-
quada para pleitear o direito à morte digna, pois não há lacuna técnica 
legislativa, tendo em vista que a interpretação e a articulação do direito 
à vida previsto no art. 5º e da dignidade da pessoa humana do art. 1º, III, 
da Constituição Federal de 1988 respondem a questão. O Relator, Minis-
tro Edson Fachin, afirmou na sessão: “percebam, ínclitos Ministros, que 
não é factível sustentar a ideia de absolutização do direito fundamental 
à vida quando, ao próprio Estado, é permitido”. Na sequência o Ministro 
Luís Roberto Barroso, ponderou que “Mas essa é uma matéria sobre a 
qual o legislador ordinário deveria pronunciar-se. Não creio que haja 
impedimento constitucional.
Com o mesmo entendimento, Sarlet (2008, p. 540), destaca que 
a Constituição Federal, ao consagrar tanto o direito à vida quanto a 
dignidade da pessoa humana, assegura o legislador e os órgãos encar-
regados da interpretação e da aplicação do direito margem suficiente 
para definir as possibilidades e os limites da eutanásia, desde que não 
38 Daniel Silva Vitor Bento
tenha finalidade eugênica, mas que se limite a assegurar às pessoas que 
estejam em determinadas circunstâncias, a possibilidade de uma morte 
com dignidade. 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao identificar os países que admitem o suicídio assistido e a eu-
tanásia observou-se que as soluções normativas para permissão do 
suicídio assistido e da eutanásia foram diferentes. Apenas por decisões 
jurisprudenciais, como inicialmente na Colômbia; sem previsão expressa 
e através de interpretações do Código Penal, como na Suíça; através de 
lei própria, como na Bélgica; e por meio de confirmação de Tribunal 
Constitucional, como atualmente na Colômbia e na Espanha. 
Ao analisar o suicídio assistido e a eutanásia em Portugal, obser-
vou-se que a questão vem sendo debatida desde a década de 1990, 
avançou significativamente nos últimos anos, chegando a aprovação 
do Decreto n.º 109/XIV da Assembleia da República. Após a publicação 
do referido decreto, o Presidente da República portuguesa encaminhou 
ao Tribunal Constitucional o requerimento de fiscalização preventiva 
da constitucionalidade, que publicou no dia 15 de março de 2021, o 
Acórdão n.º 123/2021, pronunciando-se pela inconstitucionalidade 
da norma constante do artigo 2.º, n.º 1, do Decreto n.º 109/XIV, ob-
servando desconformidade com o princípio da determinabilidade da 
lei. Diante disso, o decreto foi vetado, por inconstitucionalidade, pelo 
presidente.
Analisou-se que Constituição prevê no seu artigo primeiro, como 
princípio fundamental, que Portugal é uma República soberana, ba-
seada na dignidade da pessoa humana. Por sua vez, prevê também, 
em seu art. 24, o direito inviolável à vida, dentro do rol dos direitos, 
liberdades e garantias. Diante disso, desdobram-se duas questões, 
que foram analisadas: se haveria conflito aparente das referidas 
normas constitucionais, de modo que o direito à vida previsto seria 
absoluto e se sobreporia à dignidade humana; e a legitimidade do 
legislador sobre a matéria. Em síntese, o suicídio assistido e a eutaná-
sia não foram declarados inconstitucionais. Ademais, a legitimidade 
do legislador sobre a matéria foi reconhecida. Contudo, verificou-se 
Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 39
que a inconstitucionalidade do decreto foi fundamentada na descon-
formidade com o princípio determinabilidade da lei, por considerar 
indeterminado o conceito de lesão definitiva de gravidade extrema. 
O direito à vida está no patamar mais alto do ordenamento jurídico 
português, entretanto não em caráter absoluto, como já se observava 
na relativização na questão do aborto e no testamento vital, de modo 
que não há conflito entre o direito à vida e a dignidade humana. Por-
tanto, o tema não está encerrado, porém caberá ao legislador iniciar 
outro processo legislativo, sanando o que foi apontado no acórdão 
como insuficiente densificação conceitual, observando o princípio da 
determinabilidade da lei.
Da demonstração das definições normativas brasileiras sobre o 
suicídio e a eutanásia extrai-se que o suicídio uma conduta não tipi-
ficada na legislação brasileira, logo não se trata de crime punível. Por 
outro lado, os atos de indução, instigação ou auxílio ao suicídio estão 
previstos no art. 122 do CódigoPenal brasileiro, com a pena de 6 meses 
a 2 anos; se de algum dos referidos atos resultar em lesão corporal 
de natureza grave ou gravíssima, pena de 1 a 3 anos; e se resultar em 
morte, pena de 2 a 6 anos. De igual forma não há previsão expressa 
do termo eutanásia no ordenamento jurídico brasileiro, contudo a 
conduta é proibida e classificada como homicídio privilegiado, também 
conhecido como homicídio piedoso, cuja pena é diminuída de um sexto 
a um terço, segundo o art. 121, §1º do Código Penal. Demonstrou-se, 
também, que o testamento vital não é vedado no Brasil. Verificou-se 
que se há possibilidade constitucional da alteração da legislação bra-
sileira para se admitir a prática do suicídio assistido e da eutanásia, a 
luz dos princípios da proteção à vida, dignidade humana e autonomia 
da vontade. 
Por fim, conclui-se que, embora o determinante para validação da 
norma seja matéria constitucional, nomeadamente a articulação do di-
reito à vida e a dignidade humana, o debate transborda para questões 
políticas, de modo que ter sólida fundamentação bioética, conceituações 
precisas e cuidadosa redação do projeto de lei, tanto em Portugal quanto 
no Brasil, poderá resultar em maiores chances da permissão do suicídio 
assistido e da eutanásia.
40 Daniel Silva Vitor Bento
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Suicídio assistido e eutanásia à luz do direito Constitucional português e brasileiro... 41
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42 Daniel Silva Vitor Bento
CAPÍTULO II
Dano iatrogênico à luz da boa fé 
objetiva, uma análise do direito 
à informação do paciente 
e do ônus probatório
Daniela Brito Mercuri*,
Monalisa Barbosa Pimentel Pinheiro**
Sumário: 1. Introdução; 2. Dano iatrogênico; 3. Dever de informação e aspectos 
principialistas bioéticos; 3.1. Princípio da autonomia e o dever de informação; 
3.2. Termo de consentimento informado; 3.3. Da boa fé objetiva 4 conclusão 
referências. 
Palavras-chave: Iatrogenia. Bioética. Termo de Consentimento. Boa fé objetiva.
1. INTRODUÇÃO
A reflexão acerca do dano iatrogênico, e sua repercussão na esfera 
da responsabilidade civil, são de extrema relevância tanto no campo jurí-
dico, pois pouco se conhece o termo dentro de uma perspectiva civilista, 
quanto na seara médica, vez que, muitos profissionais não sabem a im-
portância de tomar alguns cuidados informacionais durante sua atuação.
(*) Advogada. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 
– UFMS. Especializanda em Direito Médico pela Pontifícia Universidade Católica de 
Minas Gerais – PUC Minas. Integra o grupo de pesquisa “Estudo de Casos em Direito 
Médico e da Saúde” promovido pela OAB/BA. E-mail: dbmercuri@gmail.com.
(**) Advogada. Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Feira de Santana 
– UEFS. Formada em Direito Médico pelo Instituto Paulista de Direito Médico. Es-
pecialista em Direito Médico pela Faculdade de Minas – FACUMINAS. E-mail: mona-
lisapimentel.adv@gmail.com.
Segundo dados do CNJ, de 2009 a 2019, o Brasil teve aumento 
de 230,98% de processos judiciais em saúde na primeira instância 
envolvendo alegação de erro médico (SOUZA, 2021). Acontece que, 
nesse cenário, duas situações são bastante verificadas: ações em que o 
requerente (paciente) não sabe o que é um dano iatrogênico e termina 
por confundir com o erro médico, resultando muitas vezes em pedidos 
improcedentes, bem como dano iatrogênico comprovado, porém sem 
o devido cumprimento informacional, resultando em condenações aos 
profissionais da medicina.
Diante desse cenário, que vem se apresentando de maneira agressiva, 
principalmente nos últimos anos, o trabalho apontará a diferença entre 
iatrogenia e erro médico, bem como discorrerá sobre a obrigatoriedade 
de informação, que se faz bilateral. 
É nesse contexto que se urge o questionamento quanto a equiparação 
do dano iatrogênico ao erro médico, uma vez o paciente sendo informado 
sobre os possíveis desdobramentos do procedimento através de termo 
de consentimento livre e esclarecido, aliado a uma conduta diligente, 
prudente e perita do profissional médico.
Assim, o tema proposto busca analisar as características particulares 
de um dano oriundo de iatrogenia, diferenciando-o do erro médico, tendo 
como enfoque a boa-fé objetiva, que também se cobra ao paciente, no que 
tange ao direito de informação, bem como o cabimento do ônus proba-
tório, com base no estudo de casos, na doutrina e na legislação vigente. 
Na primeira seção preocupou-se com a conceituação

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