Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE CESMAC DO SERTÃO LIDIANE FLORENTINO GOMES MAYARA FERREIRA CALIXTO SAÚDE MENTAL E ENSINO SUPERIOR: A relação da universidade com o surgimento e/ou agravo de sofrimento mental em estudantes universitários PALMEIRA DOS ÍNDIOS - AL 2019/02 LIDIANE FLORENTINO GOMES MAYARA FERREIRA CALIXTO SAÚDE MENTAL E ENSINO SUPERIOR: A relação da universidade com o surgimento e/ou agravo de sofrimento mental em estudantes universitários Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Bacharel em Enfermagem da Faculdade CESMAC do Sertão, sob a orientação da Prof. Me. Hugo de Lira Soares. PALMEIRA DOS ÍNDIOS – AL 2019/02 FACULDADE CESMAC DO SERTÃO LIDIANE FLORENTINO GOMES MAYARA FERREIRA CALIXTO SAÚDE MENTAL E ENSINO SUPERIOR: A relação da universidade com o surgimento e/ou agravo de sofrimento mental em estudantes universitários Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Bacharel em Enfermagem da Faculdade CESMAC do Sertão, sob a orientação da Prof. Me. Hugo de Lira Soares. APROVADO EM: ___/___/______ BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Prof. (a) Me. (a). Orientador (a) ______________________________________ Prof. (a) Me. (a) . Avaliador (a) interno AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente à Deus, por nos dar força e sabedoria para vencer todos os desafios e por nos sustentar nos momentos mais difíceis. Por ser nosso guia, nossa luz e nosso maior e melhor amigo. A Ele toda honra e toda Glória! Agradecemos aos nossos pais, que sempre nos incentivaram, nos encorajaram e por sempre lutarem para nos dar o melhor e por sempre orar por nós, aos mesmos, devemos nossa vitória. Agradecemos também aos amigos de verdade, que sempre nos deram força, apoio nos momentos de dificuldades e por tornar algumas ocasiões mais leves e agradáveis, sem a amizade de vocês, tudo seria mais difícil. Nossa gratidão em especial, ao amigo Victor Lins que nos ajudou desde o início da graduação, sempre presente e a disposição para tudo. Não teríamos conseguido sem seu apoio, paciência e sua sabedoria. Nossa gratidão eterna, esse trabalho também é seu! E, finalmente, nosso agradecimento ao nosso orientador Hugo de Lira Soares, por nos aceitar, por todo apoio, conversas e estimulo, tornando a orientação leve e divertida e que além de orientador, tornou-se nosso amigo, ao qual levaremos para sempre em nossos corações. Ademais, a todos que colaboraram de alguma forma, direta ou indiretamente para a nossa vitória, nossos sinceros agradecimentos. Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar". Josué 1:9 SAÚDE MENTAL E ENSINO SUPERIOR: A relação da universidade com o surgimento e/ou agravo de sofrimento mental em estudantes universitários MENTAL HEALTH AND HIGHER EDUCATION: The University Relationship with the Emergence and / or Aggravation of Mental Suffering in University Students Lidiane Florentino Gomes (Discente do curso de Enfermagem) lidianeflorentinogomes@gmail.com Mayara Ferreira Calixto (Discente do curso de Enfermagem) mayara_calixto2011@hotmail.com Hugo de Lira Soares (Orientador, Mestre em Saúde Mental e Profº da Faculdade Cesmac do Sertão) hugod_lira@hotmail.com RESUMO O presente estudo tem como objetivo analisar os possíveis sinais de sofrimento psíquico em estudantes universitários e a relação do surgimento ou agravo dos transtornos mentais comuns (TMC) mais prevalentes na universidade durante a graduação. Foi realizada uma pesquisa de revisão de literatura com abordagem quantitativa no período de fevereiro a outubro de 2019. Foi observado maior prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) em estudantes da área da saúde, em destaque para enfermagem, medicina e fisioterapia, sendo os mais frequentes a ansiedade e a depressão. Quanto ao gênero, as mulheres são mais afetadas que os homens. Sobre os fatores associados ao adoecimento mental nos universitários, diversos fatores estão relacionados, entre eles a relação professor-aluno e o excesso de produtividade acadêmica. Pode-se perceber que a universidade é um ambiente propicio para o adoecimento mental do estudante. Defende-se neste estudo a necessidade de um novo olhar das universidades com os estudantes e uma maior atenção voltada para a saúde mental dos mesmos, bem como o aumento de estudos dentro dessa temática. PALAVRAS-CHAVE: Saúde mental. Universidade. Ensino superior. Sofrimento mental. Bacharelado em enfermagem. ABSTRACT This study aims to analyze the possible signs of psychological distress in college students and the relationship of the onset or aggravation of the most prevalent common mental disorders (CMD) in the university during graduation. A literature review research was conducted with a quantitative approach from February to October 2019. A higher prevalence of Common Mental Disorders (CMD) was observed in health students, especially nursing, medicine and physiotherapy, being the most common. anxiety and depression are common. Regarding gender, women are more affected than men. Regarding the factors associated with mental illness in college students, several factors are related, including the teacher-student relationship and the excess of academic productivity. It can be seen that the university is a favorable environment for the student's mental illness. This study defends the need for a new look of the universities with the students and a greater attention to their mental health, as well as the increase of studies on this theme. KEYWORDS: Mental health. University. University education. Mental suffering. Bachelor of Nursing. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................9 2. METODOLOGIA..............................................................................................10 2.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................11 3. BREVE CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRAJETÓRIA DO ENSINO SUPERIOR E A ENFERMAGEM RELACIONADA AO ADOECIMENTO MENTAL..........................................................................................................21 4. A UNIVERSIDADE COMO FATOR PARA O ADOECIMENTO MENTAL EM ESTUDANTES................................................................................................25 4.1 FATORES RELACIONADOS AO ADOECIMENTO MENTAL EM ESDUTANTES UNIVERSITÁRIOS.............................................................27 4.2 O PROCESSO DO ADOECIMENTO MENTAL: SINAS, SINTOMAS E OS TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS MAIS PREVALENTES NOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS.............................................................33 5. O ADOECIMENTO MENTAL EM ESTUDANTES DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM...............................................................................................34 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................36 7. REFERÊNCIAS...............................................................................................38 9 1. INTRODUÇÃO Compreender as determinações que ocasionam o sofrimento mental significa compreender uma temática que, especialmente nos últimos anos, vem se tornando cada vez mais presente no cotidiano de milhares de pessoas. Tem-se observado com maior frequência o número de pessoas que adquirem transtornos mentais, devido as mais diversificadas causas,que afetam diretamente no humor, raciocínio e no comportamento do indivíduo. A presente pesquisa se insere na temática do ensino superior, se tratando da saúde mental dos estudantes universitários. Com essas temáticas buscamos compreender o adoecimento mental dos estudantes e a contribuição do ambiente universitário para o surgimento ou agravo dos mesmos. O interesse surgiu devido a vivência das autoras e pela necessidade de debater este assunto. Estudos epidemiológicos têm revelado que estes transtornos têm maior chance de surgir pela primeira vez no início da vida adulta, principalmente no período universitário. Fiorotti et al. (2010) afirma que muitos indivíduos irão apresentar o seu primeiro episódio de transtorno durante a graduação e cerca de 12% a 18% dos universitários apresentam alguma doença mental diagnosticável. Alguns estudos conduzidos na área da saúde mental têm sido focados em estudantes da área da saúde. Todavia, além das condições gerais de adoecimento mental, os estudantes de enfermagem – como também dos demais cursos da área da saúde – acabam por absorver algumas questões que lhe são corriqueiras em seu cotidiano acadêmico/profissional, principalmente pela rotina estressante que é correspondente a essa área. Neves e Dalgalarrondo (2007) e Cerchiari et al. (2005) pesquisaram diversos cursos das áreas de humanas, exatas e biológicas e em ambos os estudos foram encontrados prevalência maior de adoecimento mental nos estudantes das áreas de humanas e da saúde, tendo um índice de 34,1% de predominância em estudantes da área da saúde, com os maiores números em medicina, enfermagem, odontologia e educação física. Estudos feitos por Chaves et al. (2013) apenas com estudantes de enfermagem mostram índice de prevalência elevada de sofrimento psíquico, com valores da ordem de 22% a 31,8%. Diante do contexto exposto até aqui, cabe realizar as seguintes indagações: 10 A universidade é um ambiente propício para o surgimento ou agravo do adoecimento mental? Quais fatores podem estar relacionados a este fato? Como o adoecimento mental pode interferir na vida do estudante? Pretende-se com este estudo propor a discussão e o debate sobre as responsabilidades em relação a uma situação que vem se agravando, a cada ano, de possível negligência e desamparo aos estudantes, bem como a falta de preparo das universidades frente ao assunto. Esperando-se assim contribuir para o aprofundamento deste debate entre alunos e instituições de ensino bem como colaborar com possíveis soluções, para que assim o curso de graduação não se torne um motivo de doença e nem deixe sequelas durante a vida profissional. Coloca-se em pauta o sofrimento mental em estudantes universitários, tendo em vista que, embora este tema esteja afetando com uma intensidade cada vez maior os mesmos, pouco tem sido feito para enfrentar os desafios. 2. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de revisão integrativa com abordagem quantitativa. Tendo por objetivo analisar os possíveis sinais de sofrimento psíquico em estudantes de bacharelado em enfermagem e a relação do surgimento ou agravo dos transtornos mentais comuns (TMC) na universidade. A coleta de dados se deu através de artigos, revistas, dissertações e livros, disponíveis de forma física ou virtual, gratuitamente. Foram incluídos artigos e/ou revistas, dissertações e livros em português, que se enquadraram no tema aqui exposto e que estavam disponíveis nas plataformas de pesquisa, Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas (Universidade Digital) e na biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library Online (SciELO), utilizando os seguintes descritores: Saúde mental, sofrimento mental, bacharelado em enfermagem, universidade e ensino superior. Esses descritores foram inicialmente consultados em Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS). Na busca dos dados foram excluídos da pesquisa, conteúdos em inglês e espanhol, artigos, revistas e livros pagos, bem como materiais que fogem do assunto aqui abordado. 11 A presente pesquisa, não possui qualquer método invasivo de coleta de dados. A mesma visa os benefícios de identificar os fatores que levam ao adoecimento mental dos estudantes universitários, agregando conhecimento sobre o assunto e mostrando que o mesmo necessita de mais atenção e cuidado. 2.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os artigos foram selecionados nas seguintes bases de dados, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Repositório Institucional da Universidade Federal de Alagoas (Universidade Digital) e na biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library Online (SciELO), disponíveis na BVS –Biblioteca Virtual em Saúde, tiveram um limite temporal entre 2005 e 2019. Foram encontrados, na base de dados Scientific Eletronic Library Online (SciELO) 25 artigos com as palavras saúde mental e estudantes universitários, na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) foram encontrados 110 artigos utilizando os filtros – Transtornos mentais, Estudantes de Enfermagem, Universidades e Estudantes –. Na Base de Dados de Enfermagem (BDENF) foram encontrados 19 artigos com as palavras saúde mental, universidade e estudante. Após a leitura das publicações relacionadas a temática abordada, 31 artigos foram selecionados para a execução deste trabalho. A coleta de dados se deu no período de fevereiro a outubro de 2019. Os artigos utilizados, foram agrupados por temática para melhor entendimento. As categorias são: Artigos relacionados à adaptação do estudante, artigos sobre a influência das emoções, sobre o ensino superior, o produtivismo acadêmico e por fim, artigos relacionados com os transtornos mentais em estudantes. 12 Quadro 1 – Artigos relacionados a adaptação do estudante à universidade. A universidade é um ambiente distinto do escolar, nela a monitoração e o interesse da instituição pelo estudante é notadamente diminuído. Isto faz com que o envolvimento do estudante com sua formação dependa muito mais dele do que do ambiente universitário. A responsabilidade pelo aprendizado, antes centrada na escola, é agora deslocada para o jovem. Dele se espera autonomia na aprendizagem, na administração do tempo e na definição de metas e estratégias para os estudos (SOARES et al., 2006) apud (TEIXEIRA et.al, 2008). Ambos os autores do Quadro 1 retratam que ao ingressar no ensino superior o estudante passa um período de adaptação que traz grandes repercussões para o psicológico do mesmo. Os autores ainda expõem fatores que podem estar relacionados com essa transição, que são, as transformações nas redes de amizade, em alguns casos, o afastamento com os familiares, os desafios de desenvolvimento pessoal e da identidade, novas responsabilidades. Nos estudos analisados aqui, ficou claro que esse período de adaptação deixa o estudante vulnerável, e dependendo de como os mesmos lidem com isso, pode ou não gerar o adoecimento mental. Este assunto será melhor abordado no decorrer deste trabalho. Ano Autor Tema Objetivo do Estudo 2008 TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira et al. Adaptação à universidade em jovens calouros investigar, qualitativamente, a experiência de adaptação à universidade em jovens calouros. 2007 ALMEIDA, Leandro S. Transição, Adaptação Académica e êxito Escolar no Ensino Superior. Verificar as questões da transição e do êxito escolar, no Ensino Superior em Portugal. 13 Quadro 2 – Artigos relacionados com as emoções e o processo de aprendizagem. Ano Autor Tema Objetivo do Estudo 2007 SANTOS,Flávia Maria Teixeira dos. As emoções nas interações e a aprendizagem significativa. Aprofundar a discussão a esta interdependência entre emoção e aprendizagem. 2011 MACHADO, Victora Maria Pereira de Souza. A influência da emoção na memória e no aprendizado. Tratar de como o cérebro humano processa as emoções, e como essas influenciam no registro das memorias, e quais são as áreas envolvidas nesse processo, 2016 ALMEIDA, Roselina Nunes de. As contribuições das emoções no processo ensino aprendizagem. estimular o estudo das emoções, junto à comunidade educativa, em geral, ressaltando sua importância para a aquisição da aprendizagem. Ambos os estudos apontam que as emoções têm grande influência na aprendizagem. Do mesmo modo em que as emoções podem servir de estimulo para os estudantes, ela também pode agir como uma forma do aluno “fugir” ou causar uma confusão em seu psicológico. As autoras concordam que as emoções além de influenciar na aprendizagem, também tem grande controle sobre a memória, e que se não houver um equilíbrio entre as emoções, o estudante é prejudicado. Machado (2011) diz que os estados de ânimo, as emoções, o nível de alerta, a ansiedade e o estresse modulam fortemente as memórias. Em uma sala de aula, um aluno estressado ou pouco alerta não forma corretamente memórias. Um aluno que é submetido a um nível alto de ansiedade depois de uma aula pode esquecer aquilo que aprendeu. Apesar das vertentes dos estudos serem diferentes, as autoras abordam o mesmo ponto de vista. Enquanto uma fala dos processos das emoções e da memória, 14 associando ao desempenho do aluno, a outra mostra como as emoções podem interferir na vida acadêmica do estudante, ambos os estudos se complementam e demonstram que o processo de aprender, é muito mais complexo e exige do aluno tenha um grande autocontrole, para que não haja o desequilíbrio das emoções e que isso não afete a sua vida acadêmica. Quadro 3 – Artigos sobre o produtivismo acadêmico. Ano Autor Tema Objetivo do Estudo 2015 PATRUS, Roberto; DANTAS, Douglas Cabral; SHIGAKI, Helena Belintani. O produtivismo acadêmico e seus impactos na pós- graduação stricto sensu: uma ameaça à solidariedade entre pares? Discutir os impactos do produtivismo na pós- graduação stricto sensu e avaliar o quanto o produtivismo ameaça a solidariedade acadêmica que o torna possível. 2018 MARENDINO, Rosane Barbosa; LISBÔA, Heloiza Carla Cardoso; LIMA, Jean Pablo Silva. Produtivismo acadêmico e percepções sobre qualidade de vida dos estudantes de pedagogia da UFF Niterói. estimular reflexões sobre a complexidade que envolve o tema referente ao bem-estar dos estudantes universitários. O produtivismo acadêmico, aqui abordado como excesso, entra neste trabalho como um dos fatores associados para o surgimento ou agravo do adoecimento mental no estudante universitário. Os autores definem o produtivismo acadêmico exagerado como a excessiva valorização da quantidade de produção acadêmica, o que tende a desconsiderar a qualidade do mesmo. Ambos os estudos mostram que esse excesso e toda essa pressão sofrida pelos estudantes podem gerar o esgotamento tanto mental quanto físico e gerar o adoecimento mental no aluno. Sobre isso Merendino, Lisbôa e Lima (2018) retratam que no caso dos estudantes, parece que essa situação se agrava: além da exagerada produção de trabalhos, há também a pressão por notas boas, a falta de preparo para o que é exigido na universidade, os prazos curtos, as dificuldades com os programas de assistência 15 estudantil, a preocupação com o futuro profissional, a falta de compreensão de certos docentes e, na grande maioria das vezes, a falta de tempo para dar conta tudo isso e ainda conciliar essas atividades com o trabalho. Todos esses fatores unidos têm resultado em um grande quantitativo de evasões, de doenças físicas e mentais, em um alto índice de estresse e, nos casos mais graves, em suicídio. Quadro 4 – Artigos sobre o Ensino Superior. Ano Autor Tema Objetivo do Estudo 2009 FELICETT, Vera Lucia; MOROSINI, Marília Costa. Equidade e iniquidade no ensino superior: uma reflexão Abordar a questão da equidade no Ensino Superior sob três focos: equidade de acesso, de participação e de resultados. 2017 SILVA, Victor Felipe Lins da. O ensino superior no brasil, e os avanços e desafios da assistência estudantil. Realizar uma breve discussão a respeito da trajetória histórica do ensino superior no Brasil, de modo a destacar os desafios postos ao longo da história para esta política. 2018 Instituto Nacional De Estudos E Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) Censo da Educação Superior 2018 Oferecer à comunidade acadêmica e à sociedade em geral informações detalhadas sobre a situação e as grandes tendências do setor. Os estudos citados acima, mostram brevemente a trajetória do ensino superior no Brasil. Todas as mudanças sofridas no decorrer da história. A criação de programas, classificações, a grande expansão e criação de IES bem como o aumento do número de vagas e de pessoas, de diferentes culturas, gêneros, etnias e raças que 16 procuram esse serviço. Também mostram a crescente criação de novas universidade e faculdades, sendo a maioria delas privadas. Os autores ainda ressaltam que a expansão do ensino superior, exigiu a criação da assistência estudantil, para que assim, os estudantes possam usufruir da melhor maneira a graduação, tendo em vista que a universidade é um ambiente estressante e propicio para o adoecimento mental, e diante dessa situação, foram criados diversos programas para proporcionar um ambiente preparado e saudável para o estudante. Ainda há muito que crescer, investir e melhorar, mas, aos poucos, com muita luta e resistência, teremos um ensino superior digno, que busca um bom desempenho acadêmico mais também a sanidade mental dos seus estudantes. Quadro 5 – Artigos que abordam os transtornos mentais mais prevalentes nos estudantes universitários e a saúde mental nas universidades. Ano Autor Tema Objetivo do Estudo 2005 CERCHIARI, Ednéia Albino Nunes; CAETANO, Dorgival; FACCENDA, Odival. Prevalência de transtornos mentais menores em estudantes universitários. Estimar a prevalência de Transtornos Mentais Menores (TMM) na população de estudantes universitários dos cursos de Ciência da Computação, Direito, Letras e Enfermagem, da Universidade do Mato Grosso do Sul. 2006 CAVESTRO, Julio de Melo; ROCHA, Fabio Lopes. Prevalência de depressão entre estudantes universitários. Determinar e comparar os índices de depressão e risco de suicídio entre estudantes de medicina, fisioterapia e terapia ocupacional na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMMG). 2007 NEVES, Marly Coelho Carvalho; Transtornos mentais auto-referidos em Verificar a prevalência de transtornos mentais 17 DALGALARRONDO, Paulo. estudantes universitários. auto-referidos entre estudantes de graduação, identificando os fatores demográficos e psicossociais. 2008 FUREGATO, Antonia Regina Ferreira; SANTOS, Jair Licio Ferreira; SILVA, Edilaine Cristina da. Depressão entre estudantes de enfermagem relacionada à auto- estima, à percepção da sua saúde e interesse por saúde mental. Identificar a relação da presença de depressão entre acadêmicos de enfermagem com sua auto-estima, percepção e interesse por saúde mental. 2010 FIOROTTI, Karoline Pedroti et al. Transtornos mentais comuns entre os estudantes do curso de medicina: prevalência e fatores associados. Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns entreos estudantes do curso de medicina da UFES e avaliar possíveis correlações entre TMC e fatores de risco. 2011 SILVEIRA, Celeste et al. Saúde Mental Em Estudantes Do Ensino Superior: Experiência da Consulta de Psiquiatria do Centro Hospitalar São João. Descrever e caracterizar a consulta de Psiquiatria dos Estudantes Universitários do Serviço de Psiquiatria. 2013 CHAVES, Joseane de Araújo et al. Transtornos mentais comuns em estudantes de enfermagem de uma faculdade de são luís, maranhão. Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns em estudantes de enfermagem. 2014 ALVES, Tania Correa de Toledo Ferraz. Depressão e ansiedade entre estudantes da área de saúde. Abordar os aspectos da depressão e ansiedade nos estudantes da área da saúde . 18 2015 ANSOLIN, Alana Gabriela Araldi et al. Prevalência de Transtorno mental comum entre estudantes de psicologia e enfermagem. Identificar a prevalência de transtorno mental comum entre estudantes universitários de graduação em Psicologia e Enfermagem. 2015 CRUZ, Carla Maria Viegas e Melo et al Ansiedade nos estudantes do ensino superior.: Um Estudo com Estudantes do 4º Ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde de Viseu. Avaliar o nível de Ansiedade dos estudantes do 4º ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem e Identificar algumas variáveis que influenciam o comportamento ansioso. 2015 Associação Psiquiátrica Americana Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais - DSM- 5. Melhorar a utilidade clínica do DSM-5 para o diagnóstico de transtornos mentais. 2018 LEÃO, Andrea Mendes et. Al Prevalência e fatores associados à depressão e ansiedade entre estudantes universitários da área da saúde de um grande centro urbano do nordeste do Brasil. Estimar a prevalência e os fatores associados à depressão e ansiedade em estudantes universitários da área da saúde. 19 2019 DIAS, Laura Gabrielly Porto; SILVA, Ysllanne Freire da Sofrimento psíquico no ensino superior: Como os estudantes de psicologia vivenciam o adoecimento na universidade? compreender como são as vivências de sofrimento psíquico em estudantes do ensino superior. Dos 13 artigos aqui citados no Quadro 5, 9 deles são pesquisas exploratórias e trazem a prevalência de transtornos mentais em estudantes universitários, nas tabelas a seguir, verificaremos o percentual de prevalência destes transtornos encontrados nos estudos (Tabela 1) e os dados sociodemográficos mais presentes (Tabela 2). Tabela 1 – Porcentagens de transtornos mentais em estudantes universitários encontrados nos estudos verificados. Autor Ano Curso Transtorno Percentual Cerchiari et al. 2005 Enfermagem Estresse psíquico 34% Letras D. psicossomáticos 22% Direito 17% Cavestro et al. 2006 Medicina Episódios Depressivos 8,9% -7,5% Terapia Ocupacional Risco de Suicídio 28,2% - 25,6% Fisioterapia 6,7% - 7,8% Neves e 2007 Humanas e artes Depressão 68,1% Dalgalarrondo Exatas e tecnológicas Ansiedade 54,7% Área da saúde 56,3% Furegato et al. 2008 Enfermagem Depressão leve 12,5% D. moderada e grave 6,9% Fiorotti et al. 2010 Medicina T. Mentais Comuns 37,1% Chaves et al. 2013 Enfermagem T. Mentais Comuns 33.3% Ansolin et al. 2015 Enfermagem T. Mentais Comuns 37,5% Psicologia 20 Cruz et al. 2015 Enfermagem Ansiedade 52,3% Leão et al. 2018 Fisioterapia Depressão 35,7% - 52,4% Odontologia Ansiedade 38,9% Medicina 25,9% Biomedicina 33,3% Enfermagem 15,5% - 76,9% No último estudo da tabela, a porcentagem referente ao curso de Enfermagem corresponde à depressão. Odontologia, Medicina e Biomedicina são referentes a ansiedade. E Fisioterapia, assim como outros cursos que possuem dupla porcentagem, correspondem respectivamente ao transtorno abordado. Com essa tabela, pudemos observar que o percentual de Transtornos Mentais Comuns (TMC), ansiedade e depressão é mais prevalente em cursos da área da saúde, sendo os cursos mais afetados Enfermagem, Medicina, Fisioterapia e Odontologia. Isso pode ser explicado devido ao fato do curso lidar diretamente com a vida de outras pessoas, a pressão gerada em torno do aluno e o medo de errar provocam um grande estresse psicológico, fazendo com que o estudante tenha quadros de ansiedade e depressão, ou até mesmo, em casos mais graves, o suicídio, como dito anteriormente e no decorrer deste trabalho. Tabela 2 – Dados sociodemográficos dos estudantes que mais apresentam os transtornos mentais. Autor Ano Sexo Faixa-Etária Estado Civil Cerchiari et al 2005 Feminino (71%) 19 – 24 (75%) Solteiros (80%) Cavestro et al. 2006 Feminino (63%) 16 – 38 (73%) – Neves e Dalgalarrondo 2007 Feminino (55,5%) 17 – 23 (82%) – Furegato et al. 2008 Feminino (95%) 20 – 25 (79%) Solteiros (95%) Fiorotti et al. 2010 Masculino (50,2%) 20 – 23 (61,6%) – Chaves et al. 2013 Feminino ( – ) – – Ansolin et al. 2015 Feminino (90,5%) 18 – 52 anos – Cruz et al. 2015 – 20 – 24 (92,5%) Solteiros (98%) Leão et al. 2018 Feminino (71,6%) 18 – 59 anos Solteiros (92%) Nesta tabela, observamos os dados sociodemográficos mais prevalentes em estudantes universitários com algum tipo de Transtorno Mental Comum (TMC). O sexo feminino é o mais predominante e aparece em quase todos os estudos. Isso se dá ao 21 fato da mulher demorar mais a se adaptar com o ensino superior e também, fatores relacionados com trabalho, filhos, familia, já que na sociedade, infelizmente a mulher é sempre a que possui mais responsabilidades e é mais cobrada. Sobre a faixa etária, os jovens são os mais afetados, tendo em vista que a universidade é praticamente composta por alunosjovens. Quanto ao estado civil, os solteiros são os que mais aparecem nos estudos, em outros, essa informação não aparece. 3. BREVE CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRAJETÓRIA DO ENSINO SUPERIOR E A ENFERMAGEM RELACIONADA AO ADOECIMENTO MENTAL Buscaremos aqui fazer uma breve abordagem sobre a importância e relevância da discussão sobre saúde mental no que diz respeito a estudantes universitários, especialmente no que se refere aos estudantes de enfermagem e das demais áreas da saúde, tendo em perspectiva o aumento da prevalência de transtornos mentais numa escala global, e correlacionando essa temática através dos impactos que podem interferir no desempenho acadêmico dos estudantes, uma vez considerando que a expressiva crescente das instituições de ensino superior nas últimas décadas – o que necessariamente vem implicando no aumento considerável do número de matrículas nos cursos de graduação –, especialmente no setor privado, não tem sido acompanhada de uma preparação, de fato, efetiva para lidar com as necessidades dos estudantes no tocante ao seu bem-estar durante o processo da graduação, principalmente no aspecto da saúde mental. Nos últimos anos, tem-se observado em todo o mundo o crescimento massivo do adoecimento mental da população, consumando-se em diversos transtornos mentais e emocionais, tais como ansiedade e depressão, que em suma têm sido os transtornos mais prevalentes. Desse modo, cada vez mais a discussão sobre saúde mental deve estar nas pautas não apenas da psicologia e psiquiatria e demais profissões da saúde, mas também, se faz urgente o envolvimento e engajamento de outras profissões e de todo o conjunto da sociedade. Haja vista que como pode ser observado em Leão et. al. (2018), a depressão, por exemplo, já é “considerada a principal causa de incapacitação no mundo e com possibilidade de se tornar a segunda maior carga de doença até 2030” (p.56). Nesse sentido, no campo do adoecimento mental relacionado a profissões, a enfermagem 22 cumpre um papel fundamental nessa discussão, tendo em perspectiva que historicamente os enfermeiros (seja na condição de estudantes ou profissionais) – e os demais profissionais da área da saúde – são os profissionais que mais costumam lidar com o adoecimento mental, diante das condições que encontram no cotidiano de seu exercício profissional. No entanto, vale ressaltar que o sofrimento psíquico pelo o qual o enfermeiro está sujeito a passar, de acordo com Pérez Júnior et al. ( 2018), dentre outras coisas, para além dos fatores relacionados a execução do trabalho propriamente dita, também pode estabelecer uma relação direta com a precarização encontrada pelo profissional em seu local de trabalho – assim como o estudante encontra muitas vezes no ambiente universitário – dessa maneira, o processo de precarização, considerando que a maioria dos profissionais (assim como os estágios curriculares obrigatórios) se encontram na rede pública de saúde, ocorre em decorrência da desregulamentação do Estado e da adoção de leis trabalhistas que promovem a desproteção social do trabalhador. Suas repercussões ao processo de trabalho da enfermagem, identificadas na literatura foram: submissão a condições de trabalhos inadequadas, o que repercute negativamente sob o processo de trabalho ao impedir os profissionais de exercerem suas atividades profissionais com segurança e qualidade, acarretando custos institucionais e sociais. Os impactos da precarização na saúde do trabalhador descritos foram: o desgaste provocado pela sobrecarga de trabalho, e em sua saúde psíquica, o sofrimento causado pelas condições de vulnerabilidade social econômica e pela perda de identidade e prazer no trabalho (PÉREZ JÚNIOR, et al. 2018, p. 75). Conforme mencionado anteriormente, a depressão e a ansiedade são os transtornos mentais/emocionais mais prevalentes em estudantes, e como pode ser observado esses transtornos trazem implicações sérias para a vida do estudante, interferindo de forma incisiva no seu desempenho acadêmico, desse modo, de acordo com Leão et. al. (2018), a depressão pode ser caracterizada como um transtorno multifatorial, apresentando fatores de risco conhecidos, como afetividade negativa, experiências adversas na infância, eventos estressantes, familiares de primeiro grau com diagnóstico, transtornos subja- centes, condições médicas crônicas ou incapacitantes e que acomete cerca de 5,8% da população brasileira. Caracteriza-se por tristeza ou irritabilidade, desinteresse ou desprazer, sentimento de culpa ou baixa autoestima, distúrbios do sono ou apetite, fadiga, dificuldades cognitivas e ideias recorrentes de morte (p.56). Desse modo, a ansiedade se caracteriza como uma emoção própria da vivência humana, sendo considerada uma reação natural e fundamental à autopreservação, mesmo gerando sensações de apreensão e alterações físicas desagradáveis. Por 23 outro lado, em sua condição patológica, apresenta-se de forma mais frequente e intensa, com sintomas que podem causar grande sofrimento e prejuízo na vida cotidiana (IDEM, p.56). Os impactos desses transtornos além de serem sentidos no desempenho acadêmico do estudante (no sentido de reprovações, desistência e/ou trancamento do curso, baixo desempenho em disciplinas, dificuldades de aprendizagem, etc) são e podem ser sentidos em sua vida pessoal e profissional, interferindo diretamente em seus relacionamentos pessoais e até mesmo em sua relação com os pacientes a priori nas experiências do estágio, e posteriormente em sua vida profissional, conforme salienta Leão et. al. (2018). Contribui para o surgimento/desenvolvimento desses transtornos a rotina diária vivida por esses estudantes por estarem inseridos num ambiente de constante pressão e cobrança de resultados, uma vez que é comum que os estudantes se encontrem extremamente esgotados tanto física quanto emocionalmente, com problemas de insônia (diante das noites que têm que passar sem dormir devido aos afazeres acadêmicos), a ausência da prática de atividades físicas e demais atividades de lazer tanto pelo cansaço quanto pela falta de tempo, etc. Com isso, emerge a necessidade da ampliação do debate sobre a formação dos estudantes de graduação, numa perspectiva que possa garantir minimamente as condições de bem-estar do estudante e sua sanidade mental durante o processo de graduação, e problematizar a forma pela qual as instituições têm lidado com o assunto, especialmente no contexto de democratização e ampliação do ensino superior que o país tem vivenciado nos últimos anos (Silva, 2017). Desse modo para fortalecer o debate faremos a seguir algumas breves considerações sobre o movimento de expansão do ensino superior no Brasil nos últimos anos. De acordo com Silva (2017), o início da educação superior no Brasil corresponde ao período ao qual o país ainda se encontrava na condição de colônia, por volta de 1808, e a partir disso passou a se desenvolver de fato a partir da década de 1920, até chegar seu momento de efetiva expansão que se trata do final da década de 1990 e início dos anos 2000, movimento este que perpassa com intensidade cada vez maior até os dias atuais. Assim sendo, como salienta Silva (2017), percebe-se que a partir dos anos 2000 houve a expansão significativa do ensino superior estimulado pela diferenciação das Instituições de Ensino Superior (IES) proposta pelo Banco Mundial já no final dos anos 1990 e amplamente acatada no primeiro mandato do ex-presidente da República 24 Luís Inácio Lula da Silva (2003-2006), com o intuito da ampliação do acesso ao ensino superior, com destaque para a promoção deste acesso na iniciativa privada. Desse modo, “As instituições de ensino superior passaram a ser classificadas em cinco modalidades: 1) Universidades, 2) Centros Universitários, 3) Faculdades Integradas, 4) Faculdades, 5) Institutos Superioresou Escolas Superiores” (ARAÚJO, 2003, p. 76). Além de possibilitar a expansão, a diferenciação também permite que estas instituições recebam recursos públicos, pois, muitas delas se configuram enquanto instituições filantrópicas, ou sem fins lucrativos, e ao aderirem a programas de financiamento garantem isenções fiscais (SILVA, 2017). Diante disso, de acordo com o último Censo da Educação Superior (2018) divulgado no ano de 2019, há 2.537 Instituições de Ensino Superior no Brasil, divididas entre Universidades, Centros Universitários e Faculdades, dentre estas, 88,2% destas instituições encontram-se na esfera privada. Ainda de acordo com o Censo (BRASIL, 2019), no ano de 2018, 3,4 milhões de estudantes ingressaram no ensino superior, sendo a esfera privada responsável por 83,1% destas matrículas. No período entre 2008-2018, conforme Brasil (2019), as instituições privadas obtiveram o crescimento de 59,3%, alcançando em 2018 o número de 75,4% na participação do número total de matrículas do ensino superior no Brasil, registrando o aumento de 49,8% das matrículas na rede considerando a série histórica entre 2008- 2018. Os números mostram que nos últimos anos tem havido uma demanda muito grande de alunos ingressando no ensino superior, e maioria desse acesso, como pode ser visto, tem se dado via a rede privada de ensino. Esse crescimento, além da necessidade de qualificação profissional, muito se deve aos programas de incentivo ao acesso ao ensino superior implementados pelo governo federal nos governos Lula e Dilma (2003-2010; 2011-2015 respectivamente), como Pro-Uni; FIES, etc, como salienta Silva (2017). Diante disso, com a ampliação e democratização do acesso ao ensino superior pessoas de todas as classes estão tendo a oportunidade de realizar o sonho de poder cursar uma graduação, entretanto, as Instituições de Ensino Superior precisam se adequar às demandas desse estudantes, no sentido que possam disponibilizar em sua estrutura ferramentas de acolhimento que ultrapassem os limites da sala aula, fazendo com que estes estudantes – que na maioria das vezes precisam trabalhar para poder arcar com os custos da faculdade – tenham as condições mínimas 25 garantidas para que possam realizar com êxito o processo da graduação, usufruindo de um ambiente saudável de estudo que possa preservar e cuidar da sua saúde mental. Contanto, de acordo com os princípios fundamentais pressupostos no código de ética dos profissionais de enfermagem (Resolução COFEN Nº564/2017), é que se deve ter o cuidado de pensar uma formação profissional humanizada, que se preocupe com a saúde e integridade dos profissionais de enfermagem, mas não apenas, estendendo essa atenção também aos estudantes, de forma que possa construir estratégias que dialoguem com as diversas realidades enfrentada pelos mesmos diariamente, tendo em vista o contexto de constante pressão e cobrança em que são submetidos no meio acadêmico. 4. A UNIVERSIDADE COMO FATOR PARA O ADOECIMENTO MENTAL EM ESTUDANTES Neste tópico, iremos discutir algumas vertentes a respeito do sofrimento/adoecimento mental, no que se refere tratando de estudantes de bacharelado em enfermagem. Diante disso, foi realizada uma busca pela literatura do tema em questão e a partir delas discutiremos alguns tópicos que são considerados por muitos os fatores que tornam a universidade um ambiente propicio para o adoecimento mental do estudante. Sobre o ingresso na Universidade Papalia, Olds e Feldman (2006), relatam que é caracterizado por um momento de mudanças significativas e complexas na forma como o estudante pensa em diferentes áreas de suas vidas, podendo se desenvolver intelectualmente e pessoalmente. Tendo em vista que o estudante já tem uma bagagem estudantil, o ingresso ao ensino superior, caracteriza-se por um período de adaptação, esse novo ciclo traz consigo novos desafios, responsabilidades, interação com novas pessoas, crenças, culturas e ainda gera toda pressão e cobrança por parte da sociedade em que o estudante universitário tem por obrigação saber de tudo relacionado ao seu curso, a pressão devido ao mercado de trabalho e ao futuro profissional. Segundo Cavestro e Rocha (2006), existem fatores estressores principais, que ocorrem no início da graduação (volume de informações que o aluno passa a receber, 26 mudanças nos métodos de estudo e carga horária, entre outros) e no final com (insegurança com relação à própria competência profissional e ao mercado de trabalho). Todo esse período de adaptação e os fatores a ele relacionados, de acordo com Almeida e Soares (2004), esse novo panorama coloca o estudante universitário em um estado de vulnerabilidade, aumentando as chances de quadros psicopatológicos e consequentes dificuldades no desenvolvimento pessoal e profissional dos mesmos. No âmbito universitário, com o estudante sendo exposto diariamente a situações estressantes e desgastantes, isso poderá ocasionar o sofrimento/adoecimento mental (a curto ou a longo prazo). Cruz et al. (2015), diz que ao longo do percurso académico o estudante é confrontado com situações geradoras de pressão psicológica e ansiedade; esse fenômeno pode afetar negativamente as relações sociais, uma vez que um indivíduo com um grau de ansiedade acentuado tende a se limitar aos estímulos externos, bloqueando processos naturais do desenvolvimento, sobretudo intelectual. Um estudo feito por Cavestro e Rocha (2006), mostrou que 15% a 25% dos estudantes universitários apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico durante sua formação acadêmica notadamente transtornos depressivos e de ansiedade. Contanto, o objetivo de ingressar na faculdade e ter uma graduação pode se tornar uma tortura, haja vista que a universidade costuma ser um ambiente propício para o adoecimento mental, diante das inúmeras questões que são inerentes à este processo, tais como, as intensas pressões sofridas pelos estudantes, que podem ser advindas seja das dificuldades de adaptação, de problemas com disciplinas, interferências externas e familiares, ou até mesmo por dificuldades de aprendizagem oriundas de alguma necessidade especial que o aluno tenha anterior à universidade, ou até mesmo que a adquira diante deste processo. Diante do exposto citado acima, iremos destacar nos tópicos abaixo alguns dos fatores condicionantes para o adoecimento mental universitário, em seguida trataremos sobre o processo de adoecimento, quais transtornos podem ser causados ou agravados, caso o estudante tenha um quadro de sofrimento mental anterior a graduação e dos principais sinais e sintomas que mediam esse processo; e além disso, falar sobre o adoecimento mental apenas em estudantes de enfermagem; no 27 final deste capitulo abordaremos algumas condições de apoio para os estudantes, seja ele familiar ou por meio da assistência psicológica. 4.1 FATORES RELACIONADOS AO ADOECIMENTO MENTAL EM ESDUTANTES UNIVERSITÁRIOS A Saúde Mental dos estudantes universitários tem vindo a despertar maior atenção devido ao aumento da prevalência e gravidade das perturbações psiquiátricas nesta população. Os estudantes encontram-se num período de grande vulnerabilidade, uma vez que estão expostos a diversos fatores de stress e encontram-se na faixa etária em que surgem, pela primeira vez, muitas das perturbações mentais graves (SILVEIRA et al., 2011). Estudos feitos por Dias e Silva (2019), Almeida (2007), Teixeira e colaboradores (2008) e por outros autores mostram os fatores que estão diretamente relacionados com o adoecimento mental em estudantes universitários, são: a relação entre professor-estudante, que engloba também o excesso de produtivismo acadêmico; a relação entre os estudantes e seus colegas de classe, a transição do ensino médio para o superior, as emoções e a falta de assistência ao estudante oua assistência inadequada. Começando pela relação professor-estudante, sabemos infelizmente que o abuso de poder, as perseguições e até mesmo o constrangimento físico ou moral por parte dos professores ainda existe, visto que a sociedade, desde o ensino básico, os veem como aqueles que detêm todo o conhecimento e por isso, são superiores aos alunos. Essa relação pode gerar conflitos e impactos na vida acadêmica do estudante, em casos mais severos, a relatos de professores que já foram processados por seus alunos e consequentemente esse marco deixa trauma na vida dos estudantes. Sobre essa relação professor-estudante, Dias e Silva (2019) retratam da seguinte forma: O professor autoritário é aquele que intimida, constrange e humilha o estudante, que não está aberto para construir uma relação dialógica, baseada em trocas e respeito mútuo, na qual a autoridade dos professores e liberdade do aluno coexistam. É impossível construir uma relação pedagógica saudável quando as ações de uma dessas partes são antiéticas, podendo evoluir para uma prática autoritária, em que o discente é apenas um espectador, impossibilitado de interagir, esclarecer dúvidas, concordar ou discordar do que se discute e, assim, construir o conhecimento (DIAS E SILVA, 2019). 28 Com toda essa situação imprópria entre o professor e o estudante pode ocorrer o afastamento do aluno, o mesmo deixa de ser participativo, as aulas do determinado professor tornam-se uma tortura, o rendimento acadêmico cai e então começam as cobranças por boas notas, assim dando início a um ciclo vicioso, que facilita o surgimento ou o agravo do adoecimento mental nos mesmos. Outro fator aqui abordado será o excesso de produtividade acadêmica. A busca das instituições de ensino superior pela melhor nota como universidade/faculdade, a preocupação em ter alguma contribuição social e o desejo de fazer com que os seus alunos sejam os melhores e tenham um currículo invejado por todos, está gerando pressão e muita cobrança nos acadêmicos. A criação de diversas atividades, tarefas, trabalhos, a cobrança em ter artigos feitos e publicados, a participação em ligas acadêmicas e monitorias são alguns exemplos do que o ensino superior cobra aos estudantes. Os professores determinam as atividades a serem feitas e cobram muito dos alunos. Na maioria das vezes, o limite de tempo para a realização de tal atividade é muito curto e o aluno tem que ser virar, tem que dar conta; e consequentemente, pelo fato de fazer várias coisas ao mesmo tempo, o resultado final tende a ser não muito bom. Caso não façam, são prejudicados pela falta de sensibilidade e empatia dos professores e da coordenação e, ainda assim irão se culpar. Essa sobrecarga acarreta em um grande desespero e desgaste mental devido a privação de sono, stress, e em casos mais graves, os alunos podem até cometer suicídio. Toda essa situação, pode então gerar o adoecimento mental, já que para a realização de tais atividades curriculares e extracurriculares, muitas vezes o estudante opta por abdicar de momentos de lazer para realizar as mesmas e fica preso em atividades que não sentem prazer em faze-las. Segundo Patrus, Dantas e Shigaki (2015), citado por Dias e Silva (2019) o produtivismo acadêmico é um fenômeno que se caracteriza pela excessiva valorização da quantidade de produção acadêmica, tendendo a desconsiderar a sua qualidade. Marendino, Lima e Lisbôa (2018), também citado na pesquisa de Dias e Silva (2019), em sua pesquisa sobre o Produtivismo Acadêmico e a Qualidade de Vida dos Estudantes Universitários, concluíram que o produtivismo acadêmico, cada vez mais frequente nas universidades, tem se tornado um dos fatores geradores das principais patologias entre os estudantes, afetando, sobretudo, a longevidade escolar. 29 Todo esse excesso de produtivismo, traz à tona outro fator que pode ser desencadeado pelo mesmo que é a relação do estudante com os colegas de classe. Em uma sociedade onde ter o currículo mais rico vale mais que ter saúde mental, esse tema aborda a questão das competições entre os alunos, algo que é tido como normal por muitos. A partir do momento que um estudante se acha superior ao outro, a ponto de humilha-lo de várias formas – questões financeiras, culturais, familiares e etc –, fazer competições de notas e disputas em sala de aula para saber quem sabe mais sobre determinado tema, deixa de ser uma algo normal e passa a ser uma coisa doentia. Tendo em vista que todos estão ali para aprender e para compartilhar conhecimentos, visando um bem maior que é o sucesso profissional de todos. A realidade é triste e infelizmente faz parte de toda graduação, estudantes buscando fazer parte de algum grupo, pessoas ignorando outras, estudantes que preverem ficar sozinhos e que são motivos de piada, estudantes que não sabem lidar com o próximo, sem empatia, paciência e respeito. Esse ambiente conflituoso, onde as pessoas só falam quando lhes convém, onde não se pode opinar porque determinadas pessoas não estão abertas para ouvir e debater e entre outras situações, tem como consequência o adoecimento mental, tendo em vista que o estudante que sofre com essa situação de alguma forma, irá se isolar, irá se frustrar por não possuir um vínculo de amizade forte, se sentirá excluído e isso afeta diretamente o psicológico do mesmo. Outro ponto aqui abordado será a transição do ensino médio para o ensino superior. A nova rotina de estudo, horários, maior responsabilidade, vínculos sociais novos e um universo de coisas novas por traz da graduação, nem sempre as pessoas vão preparadas. A mudança assusta e intimida. Muitos estudantes já saem do ensino médio e embarcam na faculdade, para esses, manter um ritmo de estudos se torna mais fácil, porém, não quer dizer que os mesmos não tenham dificuldades, mas, e aqueles que vão para a faculdade após anos que terminaram o ensino médio? Como fazer para voltar ao ritmo mental e conciliar muitas vezes o estudo com o trabalho? Essas pessoas sem dúvidas são afetadas, o estresse do dia a dia, a rotina de trabalho, a privação de sono são apenas alguns dos fatores que podem levar os estudantes virem a ter sofrimento mental, muitos trancam o curso devido a rotina cansativa e/ou até mesmo por não saber lidar com a questão da organização do 30 tempo, do trabalho e estudo, filhos e família. A exaustão, seja ela física ou mental, contribui para o processo do adoecimento. Dentro das mais diversas causas do surgimento do sofrimento mental estão as emoções/sentimentos, uma vez que estão relacionados entre si; já que uma emoção pode despertar um sentimento da mesma forma que um sentimento é capaz de gerar emoções. Num contexto educacional, as emoções estão diretamente relacionadas com a aprendizagem, podendo ajudar nesse processo ou até mesmo atrapalhar e se transformar em um problema real, assim sendo, Santos (2007) diz que as emoções são adaptações singulares que integram o mecanismo com o qual os organismos regulam sua sobrevivência orgânica e social. Em um nível básico, as emoções são partes da regulação homeostática e constituem- se como um poderoso mecanismo de aprendizagem. De acordo Machado (2011) a maior parte dos pesquisadores – desta área de estudo – se refere às seis emoções universais: felicidade, tristeza, medo, raiva, surpresa e repugnância. Trata-se de emoções fundamentais que são encontradas e reconhecidas em todos os seres humanos no mundo todo; já a atenção, a percepção, a memória, a tomada de decisões e os concomitantes conscientes de cada um são todos oscilantes nos estados emocionais. O autor ainda acrescenta que as emoções têm uma forte influência na aprendizagem pois se os alunos estão ansiosos, deprimidos, ou mesmos zangados, não recebem as informações de uma maneira eficiente. Diante disto é possível perceber os impactos(positivos ou negativos) que as emoções podem desencadear para o estudante durante o período da graduação, podendo ocasionar alguns problemas durante este processo. Nessa perspectiva alguns autores observam que existam duas áreas distintas no que diz respeito à identificação das emoções, que de acordo com Almeida (2016) as primárias (inatas): medo, alegria, raiva; [que] são identificadas desde o nascimento e, podem estar relacionadas às necessidades naturais de sobrevivência do ser humano. Por conseguinte, outras emoções podem surgir ao longo da vida, mediante situações vivenciadas – as secundárias (sociais); são elas: a vergonha, paixão, tristeza, desprezo, surpresa, amor. Consequentemente, se o estudante não souber lidar com essas emoções, as mesmas podem interferir negativamente na vida do mesmo, seja de forma pessoal ou 31 na aprendizagem, causando assim um impacto na vida acadêmica e podendo gerar o adoecimento mental. Por fim, falaremos sobre a falta de assistência ao estudante ou a assistência inadequada. A saúde mental dos estudantes universitários tem se tornado um assunto mais recorrente na sociedade, seja ela brasileira ou não. Mas, de uma forma geral, falar sobre saúde mental ainda é um tabu, e consequente a isso, o fato de procurar ajuda ou perceber que precisa da mesma ainda é tido por muitos como fraqueza, o medo de como a sociedade vai reagir diante disso ainda aflige muitas pessoas. O julgamento errôneo que muitos individuos tem sobre o tratamento mental, a busca por consultas com psicólogos ou psiquiatras e até mesmo o uso de medicamento ainda mostra que, quando o assunto é saúde mental, as pessoas tendem a fugir e julgar as outras de loucas ou julgarem a dor do outro como “frescura”. Sobre a assistência psicológica no âmbito universitário (Loreto, 1965; Reifler, Liptzin, & Hill, 1969) apud Pinho (2016) expõe que a preocupação com a saúde mental do estudante universitário surgiu nos Estados Unidos no início do século XX, a partir do reconhecimento de que os universitários passam por uma fase naturalmente vulnerável, do ponto de vista psicológico, e de que a responsabilidade em ajudá-los nesse momento, passa a ser uma das obrigações da instituição em que estão inseridos. Ao final dos anos 1990, o governo brasileiro criou uma série de políticas afirmativas para a promoção da equidade social e participação cidadã de diferentes grupos sociais. Criou-se programas de reestruturação do ensino superior que levam às instituições públicas e privadas transformações nas formas de acesso, ingresso e permanência dos estudantes. Entretanto, a ampliação do acesso ao ensino superior requer o desenvolvimento e implantação de políticas que, durante a formação universitária, assegurem uma permanência com qualidade, não limitada apenas a resultados quantitativos, mas considerando também aspectos emocionais desse corpo altamente diversificado de novos alunos que têm ingressado nas universidades brasileiras (FELICETT; MOROSINI, 2009). Sobre essa politicas estudantis citadas acima, no âmbito universitário federal, existe o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), sobre ele, segundo o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, o PNAES tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal, desenvolvendo ações de assistências nas seguintes áreas: moradia estudantil; 32 alimentação, transporte, atenção à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação (BRASIL, 2010). Com a criação do PNAES, os estudantes universitários federais têm mais possibilidade de acesso ao acompanhamento psicológico, mas, ainda assim, o atendimento ao estudante é negligenciado por parte da instituição. Nas faculdades privadas, a assistência psicológica ao aluno fica um pouco de lado, levando em consideração o fato que muitos dos estudantes nem sabem desse serviço oferecido pela faculdade. Quanto ao atendimento, existem casos em que o profissional responsável da instituição só realize atendimentos em grupo, de no mínimo cinco pessoas. Essa não é a melhor forma para atender as necessidades dos estudantes, haja vista que nem sempre o aluno se sentirá confortável com a situação, e isso pode sim, ser um dos fatores que os afastam do acompanhamento psicológico. Considerando todos os pontos discutidos até aqui, vimos que existem diversos fatores para o surgimento e ou agravo do adoecimento mental no estudante. Segundo Dias e Silva (2019) ao mesmo tempo que se espera que a universidade seja um ambiente crítico e um espaço de apoio aos estudantes, na verdade, o que acontece é um movimento contraditório, pois esse espaço tem criado condições que propiciam o adoecimento. Como dito anteriormente, muitos tendem a achar todas essas situações normais e que fazem parte de toda e qualquer universidade ou faculdade. O fato de achar natural faz com que os estudantes caiam no comodismo e nem tentem mudar essa realidade. Com as mudanças ocorridas na sociedade atual, novas questões surgindo, alunos cada vez mais sobrecarregados, se faz necessário que os mesmos tenham um apoio emocional na instituição. É preciso que todos se atentem para a importância da saúde mental dos mesmos e que façam algo, pois, negligenciar esse fato intensifica o processo de adoecimento no estudante. 33 4.2 O PROCESSO DO ADOECIMENTO MENTAL: SINAS, SINTOMAS E OS TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS MAIS PREVALENTES NOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS No tópico anterior, vimos que muitos fatores da universidade podem interferir na saúde mental dos estudantes, tendo em vista que o ambiente universitário é um dos lugares onde o estudante passa grande parte do seu tempo, tornando assim um ambiente propício para o adoecimento mental dos mesmos. Neste tópico, falaremos sobre os principais sinais e sintomas, físicos e mentais que mais acometem os estudantes universitários e os transtornos mentais comuns com maior prevalência entre esse grupo. Sobre o adoecimento mental, a Associação Psiquiátrica Americana (2015) diz que o adoecimento psíquico pode resultar de uma série de fatores, como o contexto social no qual a pessoa está inserida, eventos biológicos, genéticos e psicológicos. Este pode ser caracterizado por uma desregulação emocional ou comportamental, afetando nos processos psicológicos, biológicos ou no desenvolvimento do funcionamento mental. Dentre os diversos sofrimentos mentais causados, destaca-se o transtorno de ansiedade. Para Alves (2014) a ansiedade é entendida como uma emoção normal da vivência humana. Entretanto sua conceituação ainda é difícil, bem como a delimitação da ansiedade normal e da patológica. O autor ainda acrescenta que quando a ansiedade está no campo normal, fisiológico, esta situação gera modificação do comportamento ambiental, e gera um sentido de luta, na qual o estudante foca e se disciplina; por outro lado, a ansiedade patológica pode levar a uma resposta de congelamento (“fuga”), na qual se adota comportamentos de procrastinação, baixa de rendimento. Ao falar de sofrimento psíquico, o que é normal e o que é patológico também pode estar em controvérsia, visto que o que, para alguns, pode ser normal, para outros pode soar como patológico. Mas, a partir do momento em que há uma modificação no funcionamento do indivíduo, e isso prejudica os estudantes, seja nos seus comportamentos, emoções e cognições, e consequentemente acarretando um prejuízo tanto da vida pessoal quanto acadêmica, podemos afirmar que existe algo nesse contexto que pode influenciar no desenvolvimento de um processo de adoecimento (DIAS E SILVA, 2019). 34 Além da ansiedade, a depressão é um dos transtornos que mais acometemos estudantes universitários. De acordo Furegato, Santos e Silva (2008) a depressão é uma síndrome caracterizada por um conjunto de sintomas como alterações no humor (tristeza, culpa), no comportamento (isolamento), nos padrões de pensamento e percepção da pessoa (menor concentração, menos autoestima), queixas físicas (sono, alimentação, sexo) e com alto risco de suicídio. Ainda que o estudante tenha o diagnóstico de depressão ou ansiedade anterior ao ingresso na graduação, o mesmo pode, sem dúvida, interferir no processo de aprendizagem deste estudante e é de fundamental importância que o ambiente universitário esteja preparado para oferecer as condições necessárias para que este aluno possa concluir seu curso da melhor maneira possível, e que a proposta de inclusão destes transtornos neste trabalho é justamente chamar a atenção para que a universidade ou faculdade tenha o cuidado de prestar a devida assistência para esses indivíduos. Os transtornos mentais comuns (TMC), representam os quadros menos graves e mais frequentes de transtorno mental [...] os sintomas de TMC incluem esquecimento, dificuldade na concentração, insônia, ansiedade, irritabilidade e fadiga, assim como queixas somáticas (cefaleia, falta de apetite, entre outros) (FIOROTTI et al. 2010). Um estudo realizado por Ansolin et al. (2015) constatou que as queixas ou sintomas mais frequentes foram: sentir se nervoso, tenso ou preocupado; ter sensação de tristeza; ter sensações desagradáveis no estômago e sentir se cansado o tempo todo. Diante do exposto, fica claro que os estudantes universitários, sofrem tanto psicologicamente quanto fisicamente, devido ao estresse gerado pelo ambiente universitário. No próximo tópico, falaremos sobre o adoecimento mental apenas em estudantes de enfermagem e em seguida concluiremos com as considerações finais sobre a pesquisa. 5. O ADOECIMENTO MENTAL EM ESTUDANTES DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM Aqui, falaremos sobre a saúde mental voltada para o estudante de enfermagem. Diversos estudos na área da saúde mental mostram que o estudante de enfermagem 35 é um dos mais acometidos pelos Transtornos mentais comuns (TMC) ou apenas por queixas físicas e emocionais que se não tratadas, podem consequentemente desenvolver um quadro de doença nesse estudante. Em um estudo feito com estudantes universitários de enfermagem, realizado por Furegato, Santos e Silva (2010) constatou que, em uma amostra de 114 alunos, da EERP/USP ao Inventário de Depressão de Beck, os resultados mostram que há 15,4% do Bacharelado e 28,6% da Licenciatura com sinais indicativos de depressão (leve, moderada e grave) dos quais 14% podem ser classificados como depressão moderada e grave. Outro estudo, feito por Cerchiari, Caetano e Faccenda (2005) também feito com estudantes universitários, não apenas com estudantes de enfermagem, observou-se que a prevalência de Transtornos mentais menores (TMM) foi de 25% e os fatores mais acentuados na amostra total foram: distúrbios psicossomáticos (29%), estresse psíquico (28%) e desconfiança no desempenho (26%), respectivamente por ordem de magnitude. Neste mesmo estudo, Cerchiari, Caetano e Fonseca (2005) mostram que dentre os cursos, o de Enfermagem apresentou a prevalência total mais elevada (34%). Outro fato interessante sobre o estudo de Cerchiari, Caetano e Faccenda (2005) é que os alunos que ingressaram há um ano apresentaram escores significativamente menores em comparação com aqueles que estão de 2 a 5 anos, ou seja, o tempo de graduação tem sim influência na saúde mental do estudante, tendo em vista que com o decorrer do curso, a tendência é que a dificuldade aumente, a pressão, as cobranças e isso resulta do adoecimento mental. Em todos os fatores estudados por Cerchiari e seus colaboradores, os estudantes de enfermagem apresentaram-se em primeiro lugar nas porcentagens, alguns dos fatores foram: estresse psíquico, distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e desejo de morte; o que nos chama atenção para o crescente aumento do número de tentativas ou consumação do suicídio em estudantes. No estudo de Furegato, Santos e Silva (2008) apenas com estudantes de bacharelado em enfermagem, mostraram indicies de 12,5% dos acadêmicos apresentavam depressão leve e que 9,6% apresentavam depressão moderada e grave, sendo 95% dos afetados do sexo feminino. 36 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo analisar os possíveis sinais de sofrimento psíquico em estudantes universitários e os fatores associados ao surgimento ou agravo dos transtornos mentais comuns (TMC) durante a graduação. A partir disso, discutimos o adoecimento mental no estudante e a relação da universidade nesse processo, refletindo acerca dos fatores que existem entre essa relação estudante- universidade. Buscamos então nessa pesquisa mostrar que as universidades/faculdades sejam elas públicas ou privadas contribuem de certa forma para o adoecimento mental do estudante. Apesar da saúde mental já ser um tema que vem sendo abordado com frequência, pouco se fala do estudante universitário, com este estudo, abrimos mais possibilidades de contribuição com a temática, bem como chamar atenção das instituições de ensino superior para com os seus alunos. Os resultados obtidos através dessa pesquisa, permitiram alcançar os objetivos desenvolvidos inicialmente. Já que conseguimos ver os fatores relacionados ao adoecimento mental do estudante e a prevalência destes transtornos nos mesmo. Sobre isso, foi possível observar que os estudantes da área da saúde são os mais afetados, em destaque para os cursos de enfermagem, medicina e fisioterapia, tendo como TMC mais prevalente a ansiedade e a depressão. Outro achado é que as mulheres são as mais acometidas pelo adoecimento mental, e ainda, os solteiros. Contanto, o objetivo de ingressar na faculdade e ter uma graduação pode se tornar uma tortura, haja vista que a universidade costuma ser um ambiente propício para o adoecimento mental, diante das inúmeras questões que são inerentes à este processo, tais como, as intensas pressões sofridas pelos estudantes, que podem ser advindas seja das dificuldades de adaptação, de problemas com disciplinas, interferências externas e familiares, ou até mesmo por dificuldades de aprendizagem oriundas de alguma necessidade especial que o aluno tenha anterior à universidade, ou até mesmo que a adquira diante deste processo. Dentre os fatores relacionados a universidade, citados acima, tivemos relação professor-aluno, onde se enquadram o abuso, falta de empatia e o excesso de cobrança; a relação dos próprios estudantes com os companheiros de classe, onde os artigos estudados abordam o fato da competição entre eles; o excesso de produtividade acadêmica e por fim a falta de assistência aos estudantes. 37 Fica evidente que pode haver falta de preparo ou até mesmo negligência por parte das universidades, deixando então os discentes sem nenhum tipo de apoio psicológico e/ou psicopedagógico, colocando-os em um risco eminente de agravo à saúde, o que pode ocasionar no trancamento do curso por não conseguir lidar com a situação, interferir diretamente na vida pessoal desse estudante ou até mesmo algo mais grave como o suicídio. Possíveis soluções poderiam perpassar pela a implementação do serviço de atendimento psicológico e pedagógico nas universidades, a maior divulgação do mesmo nas universidades, rodas de conversa com os alunos, palestras voltadas à saúde mental do estudante, preparo de toda a equipe para uma melhor identificação precoce dos alunos que estejam passando por dificuldades e possam vir a desenvolver alguns dos transtornos; assim, visa-se uma melhor qualidade de vida estudantil durante a graduação. 38 REFERÊNCIAS ALMEIDA,Roselina Nunes de. As contribuições das emoções no processo ensino aprendizagem. 2016. Universidade Estadual do Ceará. Disponível em: <http://uece.br/eventos/spcp/anais/trabalhos_completos/247-38145-28032016- 203404.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2019. ALMEIDA, Leandro S.; SOARES, Ana Paula. Os estudantes universitários: sucesso escolar e desenvolvimento psicossocial. In: MERCURI, Elizabeth; POLYDORO, Soely A. J. Estudante universitário: características e experiências de formação. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2004. Acesso em: 16 out 2019. ALMEIDA, Leandro S. Transição, Adaptação Académica E Xito Escolar No Ensino Superior. Revista Galego-portuguesa de PsicoloxÍa e Educación, Portugal, v. 15, n. 2, p.2013-2015, 2007. Acesso em 17 out 2019. ALVES, Tania Correa de Toledo Ferraz. Depressão e ansiedade entre estudantes da área de saúde. Revista de Medicina, São Paulo, v. 93, n. 3, p.101-105, 4 set. 2014. Universidade de Sao Paulo Sistema Integrado de Bibliotecas - SIBiUSP. http://dx.doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v93i3p101-105. Acesso em: 19 fev. 2019. ANSOLIN, Alana Gabriela Araldi et al. Prevalência de transtorno mental comum entre estudantes de psicologia e enfermagem. Arq. Ciênc. Saúde, Paraná, v. 3, n. 22, p.42-45, 2015. Acesso em: 18 out 2019. ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais - DSM- 5. Porto Alegre: Artmed, 2015. Disponível em: http://aempreendedora.com.br/wp-content/uploads/2017/04/Manual- Diagn%C3%B3stico-e-Estat%C3%ADstico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5.pdf. Acesso em: 18 out 2019. BRASIL. Decreto n° 7.234, de 19 de jul. 2010. Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7234.htm>. Acesso em: 15 out. 2019. BRASIL. Resolução COFEN nº564/2017. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html>. Acesso em: 05 out 2019. CAVESTRO, Julio de Melo; ROCHA, Fabio Lopes. Prevalência de depressão entre estudantes universitários. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Minas Gerias, v. 4, n. 55, p.264-267, 2006. Acesso em: 23 fev. 2019. 39 CRUZ, Carla Maria Viegas e Melo et al. Ansiedade nos estudantes do ensino superior.: Um Estudo com Estudantes do 4º Ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde de Viseu. Centro de Estudos em Educação, Portugal, p.223-242, 2015. Acesso em: 19 fev. 2019. CHAVES, Joseane de Araújo et al. transtornos mentais comuns em estudantes de enfermagem de uma faculdade de são luís, maranhão. In: Reunião anual de sociedade brasileira de para o progresso da ciência, 65., 2013, Maranhão. Anais.... Recife: Sbpc, 2013. p. 83 - 87. 20 fev. 2019. CERCHIARI, Ednéia Albino Nunes; CAETANO, Dorgival; FACCENDA, Odival. Prevalência de transtornos mentais menores em estudantes universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v. 10, n. 3, p.413-420, dez. 2005. Acesso em: 24 fev. 2019. DIAS, Laura Gabrielly Porto; SILVA, Ysllanne Freire da. Sofrimento Psíquico No Ensino Superior: como os estudantes de psicologia vivenciam o adoecimento na universidade. 2019. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Psicologia, Universidade Federal de Alagoas, Palmeira dos Índios, 2019. Acesso em: 23 out. 2019. FELICETT, Vera Lucia; MOROSINI, Marília Costa. Equidade e iniquidade no ensino superior: uma reflexão. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 17, n. 62, p.9-24, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v17n62/a02v1762.pdf>. Acesso em: 15 out. 2019. FIOROTTI, Karoline Pedroti et al. Transtornos mentais comuns entre os estudantes do curso de medicina: prevalência e fatores associados. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Vitória - Es, v. 59, n. 1, p.17-23, 2 nov. 2010. Acesso em: 20 fev. 2019. FUREGATO, Antonia Regina Ferreira; SANTOS, Jair Lício Ferreira; SILVA, Edilaine Cristina da. Depressão entre estudantes de dois cursos de enfermagem: auto avaliação da saúde e fatores associados. Revista Brasileira de Enfermagem, São Paulo, v. 4, n. 63, p.509-516, 2010. Acesso em: 20 fev. 2019. FUREGATO, Antonia Regina Ferreira; SANTOS, Jair Licio Ferreira; SILVA, Edilaine Cristina da. Depressão entre estudantes de enfermagem relacionada à auto-estima, à percepção da sua saúde e interesse por saúde mental. Revista Latino-americana de Enfermagem, São Paulo, v. 2, n. 16, p.1-7, 2008. Acesso em: 27 mar. 2019. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (Brasília). Censo da Educação Superior 2018. 2018. Disponível em: <http://inep.gov.br/censo-da-educacao-superior>. Acesso em: 28 ago. 2019. LEÃO, Andrea Mendes et. al. Prevalência e fatores associados à depressão e ansiedade entre estudantes universitários da área da saúde de um grande centro urbano do nordeste do Brasil. Disponível em: < http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2019/04/1981-5271-rbem-42-4- 0055.pdf>. Acesso em: 01 out 2019 40 MACHADO, Victora Maria Pereira de Souza. A influência da emoção na memória e no aprendizado. 2011. 57 f. Monografia (Especialização) - Curso de Pedagogia, Universidade Candido Nunes, Rio de Janeiro, 2011. Acesso em: 22 out 2019. MARENDINO, Rosane Barbosa; LISBÔA, Heloiza Carla Cardoso; LIMA, Jean Pablo Silva. Produtivismo acadêmico e percepções sobre qualidade de vida dos estudantes de pedagogia da UFF Niterói. Movimento-Revista de Educação, Niterói, ano 5, n. 9, p. 165-191, 2018. Acesso em: 23 out 2019. NEVES, Marly Coelho Carvalho; DALGALARRONDO, Paulo. Transtornos mentais auto-referidos em estudantes universitários. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Campinas - SP, v. 56, n. 4, p.237-244, 2007. Acesso em: 19 fev. 2019. PAPALIA, Daiane; OLDS, Sally, Wendkos; FELDMAN, Ruth, Duskin. Desenvolvimento humano (10a ed.) Porto Alegre: Artmed. 2010. Acesso em: 01 out 2019. PINHO, Regina. Caracterização da clientela de um programa de atendimento psicológico a estudantes universitários. Psicología, Conocimiento y Sociedad, Santa Catarina, v. 6, n. 1, p.114-130, 2016. Acesso em: 17 set. 2019. PATRUS, Roberto; DANTAS, Douglas Cabral; SHIGAKI, Helena Belintani. O produtivismo acadêmico e seus impactos na pós-graduação stricto sensu: uma ameaça à solidariedade entre pares? Cadernos Ebape.br, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p.1-18, mar. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1679- 39518866. Acesso em: 23 out 2019. PÉREZ JÚNIOR, Eugênio Fuentes. et al. Trabalho de enfermagem e precarização: uma revisão integrativa. Rio de Janeiro, V.9, n.4. 2018. Disponível em: <http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2019/02/Trabalho-De- Enfermagem-e-Precariza%C3%A7%C3%A3o-Uma-Revis%C3%A3o-Integrativa.pdf >. Acesso em: 08 out 2019. SILVA, Victor Felipe Lins da. O ensino superior no brasil, e os avanços e desafios da assistência estudantil. Disponível em: < http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2017/anais-joinpp-2017.html >. Acesso em: 26 set 2019. SANTOS, Flávia Maria Teixeira dos. As emoções nas interações e a aprendizagem significativa. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências (belo Horizonte), Belo Horizonte, v. 9, n. 2, p.173-187, dez. 2007. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1983-21172007090202. Acesso em: 23 out 2019. SILVEIRA, Celeste et al. Saúde Mental Em Estudantes Do Ensino Superior: Experiência da Consulta de Psiquiatria do Centro Hospitalar São João. Acta Média Portuguesa: Revista Cientifica da Ordem dos Médicos, Portugal, v. 2, n. 24, p.247- 256, 2011. Acesso em: 26 out 2019. 41 SOARES, Ana Paula et al. Modelo Multidimensional de Ajustamento de jovens ao contexto Universitário (MMAU): Estudo com estudantes de ciências e tecnologias versus ciências sociais e humanas. Análise Psicológica, Lisboa - Portugal, v. 1, n. 24, p.15-27, 2006. Acesso em: 22 fev. 2019. TEXEIRA, Marco Antônio Pereira et al. Adaptação à universidade
Compartilhar