Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA PROF.A MA. MARIA CECILIA MEREGE Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta Paião Márcio Alexandre Júnior Lara Marcus Vinicius Pellegrini Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5 1. NUTRIÇÃO NA GESTAÇÃO......................................................................................................................................6 1.1 GRUPO MATERNO-INFANTIL E CONCEITOS APLICÁVEIS ................................................................................6 1.2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO .........................................................................................................7 1.2.1. ALTERAÇÕES METABÓLICAS NA GESTANTE ................................................................................................ 13 1.3 DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO ............................................................................................................................. 17 1.4 IDADE GESTACIONAL (IG) ................................................................................................................................... 17 1.5 DATA PROVÁVEL DO PARTO (DPP) .................................................................................................................... 18 1.6 ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL .................................................................................................................................. 19 1.6.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ........................................................................................................ 25 NUTRIÇÃO NA GESTAÇÃO PROF.A MA. MARIA CECILIA MEREGE ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: NUTRIÇÃO NOS CICLOS DA VIDA 4WWW.UNINGA.BR 1.7 ORIENTAÇÕES PARA TODAS AS GESTANTES ...................................................................................................42 ESTIMULAR: ...............................................................................................................................................................42 1.7.1 ORIENTAÇÃO PARA GESTANTES COM DESVIO NO GANHO DE PESO ......................................................... 44 GANHO DE PESO INSUFICIENTE ............................................................................................................................. 44 1.7.2 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS PARA SINAIS E SINTOMAS DIGESTIVOS ..................................................45 1.8. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO ........................................................................................ 49 1.8.1 CÁLCULO DAS EXIGÊNCIAS ENERGÉTICAS ................................................................................................... 50 1.8.2 RECOMENDAÇÕES DE PROTEÍNAS ................................................................................................................54 1.8.3 RECOMENDAÇÕES DE CARBOIDRATOS E FIBRAS....................................................................................... 55 1.8.4 RECOMENDAÇÕES DE LIPÍDIOS .................................................................................................................... 55 1.8.5 RECOMENDAÇÕES DE ÁGUA .......................................................................................................................... 55 1.8.6 RECOMENDAÇÕES DE VITAMINAS E MINERAIS ......................................................................................... 56 2. GESTANTE ADOLESCENTE ................................................................................................................................... 69 2.1. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DAS GESTANTES ADOLESCENTES ............................................................ 69 2.2. RECOMENDAÇÃO NUTRICIONAL PARA ADOLESCENTES .............................................................................. 71 3. GESTANTE GEMELAR ............................................................................................................................................ 71 4. PROBLEMAS GESTACIONAIS ...............................................................................................................................74 4.1 SÍNDROME HIPERTENSIVA NA GESTAÇÃO .......................................................................................................74 4.1.1.FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME HIPERTENSIVA DA GESTAÇÃO .................................................................75 4.1.2.TRATAMENTO DA SHG ......................................................................................................................................78 4.2. DIABETES MELLITUS GESTACIONAL ...............................................................................................................79 4.2.1. ETIOPATOGENIA DO DIABETE MELLITUS GESTACIONAL ........................................................................... 80 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................................... 84 5WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Bem-vindo(a), caro(a) aluno(a). Ao longo da vida, o indivíduo passa por diversas mudanças fisiológicas que podem ser normais, inerentes a seu crescimento intra ou extrauterino ou podem tratar de condições especiais, como a gestação e a lactação. Tais mudanças refletem, em sua maioria, em necessidades nutricionais diferenciadas de nutrientes conforme os processos metabólicos em questão e demandam, portanto, recomendações nutricionais específicas. Logo, se a nutrição representa um atributo biológico importante em todo o ciclo vital, desde a concepção até a senectude, sua relevância torna-se primordial nos processos de rápida multiplicação celular, como na vida intrauterina, na fase de lactação, nos primeiros anos da criança e da adolescência. São fases que, em conjunto, representam a biologia do crescimento propriamente dito, caracterizado pelo predomínio do anabolismo sobre o catabolismo, dos processos de síntese sobre o desgaste de células e tecidos. Para ser possível essa compreensão,serão trabalhados, na primeira parte do material (Unidade I), os aspectos fisiológicos relacionados à gestação, recomendações nutricionais, orientações nutricionais e problemas relacionados à gestação. Já na segunda parte (Unidade II) abordar-se-á a fisiologia da lactação, o leite materno, desde sua composição nutricional, alterações hormonais que influenciam na composição, assim como o aleitamento artificial com foco nas fórmulas artificiais. A terceira parte (Unidade III) terá uma explanação a respeito da nutrição na infância e adolescência. E a quarta parte (Unidade IV) trabalhará a nutrição do adulto e do idoso. Um ótimo estudo! Lembre-se que “o conhecimento é o maior poder de todos”. 6WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1. NUTRIÇÃO NA GESTAÇÃO 1.1 Grupo Materno-Infantil e Conceitos Aplicáveis São incluídos no grupo materno-infantil as seguintes faixas etárias ou momentos fisiológicos: • Mulheres em idade reprodutiva, com idade entre 10 a 49 anos. • Gestantes. • Nutrizes ou lactantes: mulheres que amamentam. • Lactente: crianças em idade de 00 a 11 meses e 29 dias. • Pré-escolares: crianças de 12 meses a 06 anos 11 meses e 29 dias. • Escolares: crianças de 07 anos a 09 anos 11 meses e 29 dias. • Adolescentes: jovens de 10 anos a 19 anos, 11 meses e 29 dias. Este grupo caracteriza-se por elevadas necessidades nutricionais devido ao rápido crescimento e desenvolvimento, sendo que o dinamismo existente entre esses diferentes momentos biológicos implica na compreensão de suas inter-relações, para que haja maior eficiência nas ações de saúde voltadas para mães e filhos. A terminologia aplicada ao período gestacional e primeiro ano de vida pode ser vista na Figura 1, sendo extensivamente utilizada na unidade em questão e prática clínica. Sua compreensão é fundamental para o adequado entendimento das situações. Sendo assim, pode-se dizer que o Período pré-natal é o período compreendido entre a concepção e o nascimento, o qual é dividido em período fetal precoce (período compreendido entre a concepção e as primeiras 22 semanas completas de gestação) e período fetal tardio (período compreendido a partir das 22 semanas completas de gestação até o termo (nascimento). O Período perinatal compreende o período entre 22 semanas completas de gestação e 28 dias completos de vida. Já a Infância ou Período Pós-Natal compreende do nascimento até 01 ano de vida, sendo dividido em Período neonatal (compreendido entre o nascimento e 28 dias completos de vida, este período divide-se em precoce (do nascimento até o sexto dia e vida) e tardio (compreendido entre 07 e 27 dias completos de vida) e período pós-neonatal (compreendido entre 28 dias e um ano completo de vida). 7WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 1 - Terminologia no período gestacional. Fonte: Accioly (2009). Quanto ao termo da gestação tem-se: gestação a termo, compreendida entre a 37ª semana até a 41ª semana e 06 dias; Gestação pós-termo ou prolongada, que seria gestação com duração maior ou igual a 42 semanas completas ou 294 dias e Gestação pré-termo, quando o parto ocorre antes de completar 37 semanas e após ultrapassar 21 semanas. Aborto é a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500g, sendo precoce quando ocorre até a 13ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e 22ª semana. Natimorto quando o feto nasce morto com peso superior a 500g. Idade Gestacional é a duração da gestação a partir do primeiro dia do último período menstrual. Primigesta ou primigrávida, mulher na primeira gestação; Primípara, mulher no primeiro parto com 22 semanas de gestação. Multigesta ou multigrávida, mulher na segunda ou mais gestação, já multípara seria a mulher no segundo ou mais parto com 22 semanas de gestação. Nuligesta é a mulher que nunca teve uma gestação e nulípara seria a mulher que nunca teve um parto com mais de 22 semanas. 1.2 Aspectos Fisiológicos da Gestação A gravidez normal é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante, sendo que cada gestante vivencia essa fase de forma única e diferente de uma gestação para outra na mesma mulher. Sendo assim, torna-se importante conhecer os ajustes fisiológicos na gestação. O período gestacional é composto de 40 semanas, que pode ser dividido em 03 trimestres: • 1º trimestre: até a 12ª semana. • 2º trimestre: da 13ª a 27ª semana. • 3º trimestre: da 28ª semana em diante, parto normalmente ocorre na 40ª semana de gestação. 8WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA No 1º trimestre tem-se intensa divisão celular e a saúde do embrião vai depender da condição nutricional pré-gestacional da mãe (reservas energéticas e micronutrientes). Já nos 2º e 3º trimestres o meio externo exerce influência direta na condição nutricional do feto. São determinantes para o crescimento e desenvolvimento normais do feto: ganho de peso adequado, a ingestão de energia e nutrientes, o fator emocional e o estilo de vida. O feto ganha o total de 1 kg até 28 semanas e nas duas semanas seguintes 2,5kg, há um intenso ganho de peso fetal nas últimas 10 semanas. Figura 2 - Diferenciação celular de acordo com o período de gestação. Fonte: Vitolo (2015). O órgão reprodutivo feminino apresenta a vagina, que é o canal tubular ligando a genitália externa ao útero. O útero é uma estrutura muscular onde o feto se desenvolve e cresce. As duas trompas de falópio, cada uma partindo de um dos cantos superiores do útero, curvando-se, em seguida, em direção lateral e posterior em torno da cavidade pélvica. É por meio de uma dessas trompas que o óvulo passa do ovário para o útero durante cada ciclo sexual mensal ou ciclo menstrual (com duração média de 28 dias). Dois ovários, cada um deles suspenso sob franja terminal de cada trompa uterina e durante o período reprodutivo um dos ovários libera um óvulo em intervalos quase mensais e, quando fertilizado, culmina no desenvolvimento e formação de uma criança. Figura 3 - Órgão sexual feminino. Fonte: Guynton (2017). 9WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Durante o ciclo menstrual ocorrem alterações ovarianas dependentes dos seguintes hormônios: Hormônio Folículo-Estimulante (FSH), responsável pelo crescimento e pela proliferação dos folículos; Hormônio Luteinizante (LH), o qual aumenta ainda mais a atividade secretora das células foliculares e promove a ovulação, sendo que, após a ovulação, ocasiona a formação do corpo lúteo, um órgão hormônio-secretor de progesterona e estrogênio até a formação da placenta; Estrogênio, dentre as inúmeras funções tem-se o aumento do número de células do útero, aumento da vagina, desenvolvimento dos lábios (grandes e pequenos), crescimento dos pelos pubianos, mamas e deposição de tecido adiposo em áreas femininas características, como coxas e quadris; a Progesterona relaciona-se com o preparo do útero para receber o óvulo fertilizado e preparo das mamas para a secreção de leite por meio do aumento de tamanho das células glandulares, tanto do endométrio uterino como das mamas, ao mesmo tempo inibe a contração uterina, impedindo que o óvulo fertilizado, que está tentando se implantar ou o feto em desenvolvimento, seja expulso. O hormônio de liberação das gonadotrofinas (GnRH) é o hormônio produzido pelo hipotálamo que causará a liberação de FSH e LH. Ovulação, 2011. O vídeo mostra o processo de ovulação de maneira ilustrada e explicativa, no intuito de entender o conteúdo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AvYFm3MXpQM>. Acesso em: 2 dez. 2018. 10WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quando nasce uma criança do sexo feminino,os dois ovários contêm cerca de 300.000 óvulos imaturos, chamados, nesta etapa, de ovócito primário, os quais são envolvidos por um tipo de célula granulosa, sendo chamado de folículo primário ou folículo imaturo ou folículo primordial, o qual apresenta o ovócito primário no seu interior. Com a puberdade e secreção dos hormônios FSH e LH tem-se o crescimento dos folículos ovarianos, sendo chamado de folículo maduro (com o óvulo no seu interior), culminando na liberação de um óvulo a cada mês no 14º dia. As células remanescentes no interior do ovário ficam intumescidas e adquirem aparência amarelada, gordurosa, por ação do LH recebendo o nome de células de luteínas e dentro de 1 a 2 dias transforma-se no corpo lúteo, que continuará a secretar estrogênio e progesterona. Mesmo após a ovulação, o óvulo precisa ser nutrido, no intuito de garantir seu desenvolvimento adequado. Sendo assim, fica envolto pela Corona Radiata, um liquido viscoso composto por células granulosas. Após expelir o óvulo, este permanece viável por cerca de 8 a 24 horas e, neste período, ao se deslocar na trompa uterina em direção ao útero, deve ocorrer a fecundação na ampola, sendo chamado de ovo. Com a junção do pró-núcleo feminino e pró-núcleo masculino tem-se intensa divisão celular do ovo antes de atingir o útero, recebendo o nome de Mórula, que é envolvida por inúmeros blastômeros. Ao atingir o útero, esta mórula é, agora, chamada de Blastocisto e envolvida por uma camada de células chamada Trofoblasto, que secretam enzimas proteolíticas no intuito de digerir e liquefazer parte do endométrio e, assim, ocorrer o processo de Nidação, que é a fixação do ovo na parede do endométrio. Assim que implantado, as células trofoblásticas se diferenciam e formam a Placenta. O transporte do ovo pela trompa pode demorar de 3 a 4 dias. Da fertilização até a implantação do blastocisto no útero pode demorar até 7 dias e a placenta forma- se por volta do 16º dia. 11WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 4 - Ovulação e Nidação. Fonte: Guynton (2017). A placenta é uma estrutura esponjosa, com diâmetro de 15 a 17 cm, pesando entre 600 e 650g ao termo. É um anexo fetal, sendo um órgão de alta complexidade metabólica e endócrina, responsável pela produção de hormônios necessários à gestação e transferência de nutrientes. No início da gestação garante nutrição do concepto, pois a placenta sintetiza glicogênio, colesterol, ácidos graxos. Após de completamente formada, ocorre a transferência de nutrientes e substâncias por difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo, pinocitose ou endocitose e ultrafiltração. • Difusão Simples: processo passivo no qual os nutrientes atravessam as membranas celulares do meio mais concentrado (sangue materno) para o meio menos concentrado (sangue fetal). Os nutrientes são oxigênio, gás carbônico, vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), eletrólitos, ácidos graxos, água. Gravidez da Fecundação ao nascimento, 2015. É possível compreender com o vídeo em questão as alterações fisiológicas após a fecundação do óvulo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=L1I9C6_pybM>..Acesso em: 02 dez. 2018. 12WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Difusão Facilitada: mesmo mecanismo da difusão simples, porém mais rápido devido à presença de um transportador na membrana. Os nutrientes são os carboidratos – GLICOSE. • Transporte Ativo: realizado por um transportador de membrana, exige energia metabólica para movimentar um nutriente contra o gradiente de concentração. Os nutrientes são os aminoácidos, ferro, cálcio, iodo, fosfato, vitaminas hidrossolúveis. • Pinocitose ou endocitose: ocorre invaginação da membrana que engloba os nutrientes que cruzam a célula e são liberados do outro lado. Esse processo é lento, uma vez que são absorvidas grandes moléculas proteicas, lipoproteínas, fosfolipídios e imunoglobulinas; a IgG é a única que confere imunidade ao concepto contra as doenças que a mãe está protegida. • Ultrafiltração: transporte rápido de nutrientes dissolvidos na água devido ao gradiente de pressão osmótica. Por esse mecanismo são absorvidos: água e solutos. Os hormônios produzidos na gestação são responsáveis pelas modificações corporais na gestante e, assim, o desenvolvimento do feto, amadurecimento para o parto e lactação. Os hormônios importantes na gestação serão descritos no quadro a seguir. Hormônios Fonte primária de secreção Efeitos principais Gonadotrofina coriônica humana (hCG) Células do trofoblastos e posteriormente placenta Estimula a produção de progesterona e estrogênio pelo corpo lúteo, garantindo a manutenção da gravidez e a ausência de nova ovulação. Evita a rejeição imunológica do embrião (inibe a produção de anticorpos pelos linfócitos). Permite o diagnóstico hormonal da gravidez. Progesterona Placenta Relaxa a musculatura lisa, o que diminui a contração uterina, para não levar a expulsão do feto, reduz a motilidade do trato gastrointestinal, aumenta a excreção renal (equilíbrio hidroeletrolítico), interfere no metabolismo do ácido fólico, participa no desenvolvimento de lóbulos para a lactação e promove o desenvolvimento glandular mamário. Estrogênio Placenta Promove a rápida proliferação da musculatura uterina e diminui as proteínas séricas, afeta a função da tireoide, garante o crescimento e desenvolvimento uterino e a manutenção da elasticidade e contratilidade uterinas, do crescimento mamário e de suas estruturas ductais. Inibe a secreção de prolactina em conjunto com a progesterona e, consequentemente, a secreção de leite durante a gestação. 13WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Lactogênio Placentário Humano (hPL) ou Somamotropina Corionica Humana (hCS) Placenta Antagoniza a ação da insulina pela deposição da glicose na célula a partir do glicogênio. Promove lipólise e o aumento dos níveis sanguíneos de ácidos graxos livres. Tem ação similar ao hormônio de crescimento por fazer deposição de proteína nos tecidos proteicos. Participa no desenvolvimento das mamas e interfere na produção de leite. Hormônio de crescimento (HC) Pituitária anterior Aumenta a glicemia, estimula o crescimento dos ossos longos, promove a retenção de nitrogênio. Tiroxina Tireoide Regula a velocidade da taxa metabólica basal. Insulina Pâncreas (células β) Durante a gravidez a maior produção de glicose, o que faz o pâncreas produzir mais insulina, proporcionando a diminuição da glicemia, para promover a produção energética e síntese de gordura. Glucagon Pâncreas (células α) Eleva a glicemia pela glicogenólise. Cortisona Córtex adrenal Aumenta a glicemia pela proteólise tecidual. Aldosterona Córtex adrenal Causa retenção de sódio e excreção de potássio. Renina-angiotensina Rins Estimula a secreção de aldosterona, causa retenção de sódio e água. Calcitonina Tireoide Bloqueia a reabsorção óssea de cálcio. Quadro 1 - Ação dos hormônios sobre o organismo durante a gestação. Fonte: Accioly (2009). 1.2.1. Alterações metabólicas na gestante Ocorre um aumento da Taxa Metabólica Basal (TMB), para suprir as necessidades fetais, cobrir o consumo energético, na ordem de 15 a 20%, a partir do 3º mês, refletindo o custo energético da gestação e devido ao aumento das funções renal e cardíaca. Metabolismo de Carboidratos: o feto constitui o parasitismo verdadeiro, pois, mesmo em jejum materno, ele requer as mesmas quantidades de glicose e aminoácidos que nas situações de alimentação normal, sendo seu nível glicêmico apenas 20mg% menor que o materno. Em função desta extração contínua, a glicemia materna pode estar reduzida (15-20mg) em relação ao período pré-gestacional. Para manter o consumo contínuo de glicose pelo feto, o organismo materno sofre os seguintes ajustes: o estrogênio e a progesteronainduzem a hiperplasia das células β-pancreáticas aumentando os níveis de insulina, porém os hormônios hPL, hGH, estrogênio, progesterona, cortisona, prolactina e glucagon atuam reduzindo a utilização periférica de glicose pela ↓ sensibilidade tecidual à insulina, o resultado é uma resistência à insulina fisiológica. O objetivo é fornecer nutrientes, preferencialmente, para o feto e favorecer o acumulo de tecido adiposo materno. Há uma diminuição de 40 a 50% na utilização periférica da glicose no 3º trimestre. A hiperglicemia e a hiperinsulinemia são fisiológicas na gestação. A ação da insulina é 50 a 60% menor ao final da gestação. A quantidade de eritrócitos aumenta 18% por ocasião do parto sem suplementação de ferro e 30% com suplementação. A glicose materna elevada apresenta implicações para o feto, pois estimula o aumento de secreção de insulina, maior utilização de glicose, podendo levar à macrossomia. 14WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Metabolismo de proteínas: as proteínas são nutrientes necessários para o equilíbrio celular, sua deficiência durante o período de gestação poderá acarretar em alterações em tecidos e estruturas de órgãos, redução do peso ao nascimento e modificações enzimáticas e bioquímicas. Os aminoácidos podem ser utilizados para síntese proteica ou em menor porção, oxidados para formação de energia. A síntese proteica aumenta em 15% no 2º trimestre e 25% no 3º trimestre. Nota-se diminuição das proteínas plasmáticas na mãe, no intuito de que os aminoácidos sejam utilizados para a síntese de proteína fetal. Ao mesmo tempo observa-se a hemodiluição, uma vez que o volume plasmático aumenta em 50%, alcançando seu pico por volta da 30 a 34 semana de gestação. A quantidade de eritrócitos (células vermelhas) aumenta 18% por ocasião do parto sem suplementação de ferro e 30% com a suplementação. Entretanto este aumente dos componentes plasmáticos não são proporcionais à expansão do volume total, o que leva a hemodiluição, que é fisiológica e promove uma queda de 20% na concentração de hemoglobina e de 15% no hematócrito. Essa hemodiluição e, consequentemente, a redução das proteínas plasmáticas, principalmente a albumina, facilitam o desenvolvimento de edema. Metabolismo Lipídico: a adrenalina (ou epinefrina), hPL, hGH, glucagon, estrogênio e progesterona aumentam a mobilização de gordura corporal com o objetivo de servir como fonte energética para o metabolismo materno, conservando a glicose para o feto e para o sistema nervoso materno, o resultado é a elevação dos níveis plasmáticos de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol e fosfolipídios, que vão servir como reserva energética no jejum. Portanto, períodos de jejum prolongados devem ser evitados para que não haja a formação de corpos cetônicos, podendo desencadear quadro de cetose. Após uma redução inicial durante as primeiras 8 semanas de gestação, o colesterol aumenta cerca de 30% a 50% e os triglicerídeos podem triplicar (↑ 300%), principalmente no terceiro semestres. O aumento dos TG é devido a 2 fatores: aumento da atividade da lipase hepática, que aumenta a síntese hepática de TG e redução da atividade da LPL (lipase lipoproteica). Isso minimiza o catabolismo proteico e preserva a glicose e os aminoácidos para a síntese proteica fetal. No jejum, os ácidos graxos livres são mobilizados no fígado e formam as cetonas, estes também cruzam a placenta e podem ser utilizados como fonte de energia, ou podem ser utilizados pelos tecidos maternos, poupando o uso de glicose. Sabe-se que o aumento de peso no último trimestre promove estímulo do crescimento da massa muscular fetal. Assim, com o aumento do tecido adiposo neste período, quais os fatores atuantes para esse aumento de tecido adiposo? 15WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Sistema respiratório: o crescimento do útero empurra o diafragma para cima e ocorre diminuição do tônus pulmonar pela atuação da progesterona, o que promove maior ventilação pulmonar e resulta em aumento do intercâmbio gasoso. Assim, a gestante se sente dispneica e o corpo compensa com alterações anatômicas que melhoram as trocas gasosas nos pulmões. Ocorre maior movimentação do diafragma e do tórax, aumentando o volume corrente e a expiração é mais completa. Há aumento de 20% no consumo de O2, que é suprimido pela hiperventilação causada pelo aumento de estrogênio e progesterona que aumentam a sensibilidade e a vascularização dos centros respiratórios (pode levar a desconforto nasal). Ocorre aumento da ventilação pulmonar (cerca de 40%), causando diminuição da pCO2, tornando mais fácil a eliminação fetal por meio da placenta, e aumento da pO2 no sangue materno, com melhor suprimento ao feto. Sistema circulatório e equilíbrio hidroeletrolítico: há um maior volume de sangue bombeado, o que é fundamental para que a perfusão sanguínea seja maior. O rendimento cardíaco sobe cerca de 30 a 40% por volta da 10ª a 12ª semana de gestação pelo aumento do volume sistólico. Ha aumento do débito e frequência cardíaca. A pressão arterial sistólica sofre ligeira queda nos primeiros 2 trimestres e a diastólica, uma queda significativa, devido a vasodilatação periférica, retornando aos níveis pré-gravídicos no 3º trimestre. A sistólica reduz de 3 a 4mmHg e a diastólica reduz de 10 a 15mmHg. Os fluxos sanguíneos cerebrais e hepáticos permanecem inalterados, enquanto o renal aumenta 50% no 1º trimestre e reduz no último mês. O volume sanguíneo aumenta 45 a 50% no início do 3º trimestre, enquanto o volume globular sobe apenas 25%, ou seja, há expansão do volume sanguíneo mais rápido que a do volume globular – anemia fisiológica ou hemodiluição. Há também aumento de leucócitos para garantir as defesas da mãe e do feto. A concentração de Hb diminui 20% e o hematócrito, 15%. Apesar disso, o volume corpuscular médio (VCM) e a concentração média de hemoglobina (HCM) ficam inalteradas. Há ganho hídrico em torno de 7,5l (70% do ganho de peso na gestação) em uma gestante sem edema, o que torna o Na+ essencial para manter o equilíbrio hidroeletrolítico. Para isso, há ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona que estimula a reabsorção tubular de Na+. No momento do parto, há sobrecarga adicional ao coração devido às contrações uterinas (leva ao aumento súbito da volemia), do débito cardíaco, da pressão arterial, além de aumento do tônus adrenérgico devido à ansiedade e dor. A adaptação hemodinâmica retorna a valores pré-gestacionais em 12 a 24 semanas pó parto. Sistema urinário: há aumento da taxa de filtração glomerular em 50% e do fluxo sanguíneo para os rins, para facilitar a depuração de resíduos metabólicos, como ureia, creatinina e ácido úrico. O aumento do volume sanguíneo junto com a secreção de progesterona, que leva à dilatação e hipotonia renal e dos ureteres, contribui para o aumento da taxa de filtração glomerular. Desde o início da gestação, a mulher tem aumento na frequência de micção pelas alterações hormonais e pelo útero “descansar sobre a bexiga”. Ao final do período, a cabeça fetal penetra na pelve, levando ao aumento da pressão no local e, consequentemente, da frequência urinária, ocasionalmente havendo incontinência urinária. São perdidos pela urina: iodo, folato, aminoácidos e glicose, sendo comum a glicosúria. Em relação ao sódio, há maior secreção de renina, angiotensina e aldosterona, para compensar o efeito natriurético da progesterona preservando a homeostase materna. 16WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA É comum gestantes cursarem com infecção urinaria por conta da maior pressão das veias ovarianas sob os ureteres, fazendo com que o fluxo urinário esteja retardado. Sistema digestivo: • Náuseas, enjoos e vômitos matinais, que podem levar à anorexia devido à elevação do estrogênio. • Gengivasedemaciadas e hiperêmicas devido à elevação estrogênio, hCG e da progesterona. A mulher fica mais susceptível à doença periodental. • Ptialismo ou sialorreia com pH reduzido, associada ao aumento da frequência alimentar e higiene bucal inadequada pode propiciar a cárie. • A maior ocorrência de cáries pode ocorrer pela necessidade aumentada de flúor ou pelos hábitos de higiene não compatíveis com a maior ingestão, além da diminuição do pH. • O volume uterino aumentado leva ao deslocamento cefálico do estômago, alterando o ângulo da junção esofagogástrica e prejudicando a função do EEI. Associado à redução da função do cárdia, o aumento da produção de ácido clorídrico leva ao RGE, induzindo quadro de pirose e, até mesmo, esofagite. A progesterona atua diminuindo o tônus do cárdia, o que o torna menos resistente e mais propicio ao retorno do bolo alimentar pirose. • Hipotonia do sistema gastrointestinal pela progesterona, causando maior tempo de esvaziamento gástrico, elevando a incidência de náuseas, pirose, refluxo gastroesofágico e obstipação intestinal. É comum também, além do refluxo gastroesofágico, a hérnia de hiato. A obstipação pode ser precipitada pela pressão do útero sobre o intestino, pelos exercícios físicos reduzidos e pela suplementação de ferro. • Hipotonia do intestino delgado, aumentando o tempo de contato entre nutrientes e a mucosa absortiva, favorecendo a absorção de nutrientes e água (anabolismo). • Redução da secreção gástrica de ácidos que leva à menor incidência de úlceras e melhora das pré-existentes. • Hipotonia da vesícula, proporcionando menor liberação de bile (estase biliar), e, consequentemente, intolerância à alimentos gordurosos na gestação. A doença de vesícula biliar é um dos problemas médicos mais comuns na gravidez. • O fígado se mostra aumentado. Alterações nutricionais: diminuição de albumina sérica, vitamina C, ácido fólico, vitamina B12, retinol e do status hematológico. Além disso, também é menor a concentração sérica de outras proteínas e de vitaminas hidrossolúveis. Aumento de células brancas, caroteno e tocoferol sérico e excreção de metabolitos, folato, niacina e piridoxina. E vitaminas lipossolúveis, em até 50%, na gestação, com exceção da vitamina A, que fica inalterada. Modificações psicológicas: estão associadas aos fatores hormonais e socioculturais. Em relação aos fatores hormonais: • Progesterona: efeito depressivo no SNC e influência sobre o comportamento introspectivo e regressivo da mulher. • Catecolaminas: papel regulador das emoções. • Corticoesteroides: (depressão e euforia). Responsáveis por variações emocionais (depressão, euforia, paranoia e problemas de cognição). 17WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Os fatores socioculturais são de natureza complexa. Um aspecto é a visão da gestação como um estado intermediário entre o status de mulher e de mãe, associado a medidas restritivas (tabus e rituais). Conflitos internos podem se exacerbar durante a gravidez e, muitas vezes, explicam intercorrências como êmese, hiperêmese, bulimia, ganho de peso excessivo ou insuficiente e ansiedade. O conflito com o companheiro também pode estar envolvido. 1.3 Diagnóstico da Gestação ➢ Hormonal: hCG: testes sensíveis já podem detectar em níveis acima de 25mUI/ml (8º/9º dia pós fertilização). O pico de secreção ocorre em torno de 60 dias (100.000UI/ ml) após a concepção, em seguida caracteriza-se por queda gradativa, tendo aos 100 a 130 dias cerca de 5000mUI/ml. É o parâmetro mais precoce e exato para o diagnóstico da gestação. Investiga a subunidade β no HCG, que pode ser rastreado na urina ou no sangue. ➢ Clínico: Presunção - amenorreia de 4 semanas, náuseas, provável perda de peso, congestão mamaria e polaciúria (micção frequente e em pequeno volume). Probabilidade - amenorreia de 10 a 14 dias, mais aumento do volume uterino e alteração da forma e da consistência uterina. Certeza - percepção e apalpação dos movimentos fetais e auscultação dos batimentos cardíacos. ➢ Ultrassonográfico: com 4 semanas gestacionais identifica-se o saco gestacional, com 6 a 7, os batimentos cardiofetais, com 12, a placenta e com 16 semanas a estrutura já está bem definida. 1.4 Idade Gestacional (IG) É calculada a partir do 1º dia da última menstruação, sendo expressa em semanas ou dias completos, sendo que segundo o Ministério da Saúde (MS), recomenda-se os seguintes métodos para o cálculo da IG: a) Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida com certeza, usa-se o calendário e soma-se o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por 7 (resultado em semanas). b) Quando a data da última menstruação (DUM) é desconhecida, mas a gestante conhece o período do mês que ela ocorreu deve-se perguntar se o período foi no início, meio ou fim do mês e, assim, considerar como DUM os dias 5, 15 e 25 respectivamente. c) Quando a data e o período da DUM são desconhecidos, a idade gestacional e a data provável do parto serão, inicialmente, determinadas por aproximação, basicamente pela medida da altura do fundo uterino e pelo toque vaginal, além da informação sobre o início dos movimentos fetais, que ocorre entre 16 e 20 semanas. Os exemplos a seguir ilustram o cálculo da idade gestacional: I- Qual a idade gestacional para a gestante X, sendo que a DUM foi 03/02/18 e a data da consulta foi dia 11/08/18? A Idade Gestacional são 27 semanas. II - Qual a idade gestacional para a gestante, cujo período da menstruação foi no meio do mês de abril de 2018 e a data da consulta foi 25/10/18? Como foi no meio do mês de abril considerar como dia 15/04/18. Daria 27 semanas e 4 dias, resultando assim 28 semanas a Idade Gestacional. 18WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Calculo da Idade Gestacional. Fonte: a autora. 1.5 Data Provável do Parto (DPP) Para a DPP, considerar a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM), seguindo a Regra de Naegele: • Somar 7 dias à DUM. • Subtrair 3 meses ao mês que correu a DUM quando o mês for de abril a dezembro. • Adicionar 9 meses, se a DUM corresponder aos meses de janeiro a março. • Quando o número de dias encontrado for maior que o número de dias do mês, subtrair 31 ao resultado da soma, passar os dias excedentes para o mês seguinte, adicionando 1 ao Arredondamento de semanas, ao contar as semanas ou os dias até a data da consulta. Se o valor posterior à semana for 1, 2 ou 3 dias considerar semanas completas, se for 4, 5 ou 6 dias considerar a semana seguinte. Exemplo: 12 semanas e 2 dias resultaria em 12 semanas. No caso de o resultado for 12 semanas e 5 dias, ficaria 13 semanas. 19WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA final do cálculo do mês. Exemplos: • DUM: 13/09/07 • Calculo do dia: 13+7 = 20 • Calculo do mês: 9-3 = 6 • DPP: 20/06/08 • DUM: 10/02/07 • Calculo do dia: 10+7 = 17 • Calculo do mês: 2+9 = 11 • DPP: 17/11/07 • DUM: 27/01/07 • Calculo do dia: 27 + 7 = 34 e 34 – 31 = 3 (quando o número de dias encontrado for maior que o número de dias do mês, deve-se passar os dias excedentes para o mês seguinte). • Calculo do mês: 1 + 9 + 1 = 11 (quando o número de dias encontrado for maior que o número de dias do mês, deve-se adicionar 1 ao final do cálculo do mês. • DPP = 03/11/07 1.6 Assistência Pré-Natal É a avaliação sistemática da paciente desde a concepção até o ano após o parto. Os objetivos são: Assistência psicológica durante a gestação; Orientações de habito de vida e de higiene; Profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças; Vigilância do crescimento e vitalidade fetal; Práticas educativas de saúde, nutrição e cuidados de puericultura; Preparação psicológica e física para o parto e nascimento humanizado e lactação. Sendo que o principal objetivo é acolher a mulher desde oinício da gravidez, assegurando, no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem- estar materno e fetal. Na ausência de pré-natal, a mortalidade perinatal aumenta em 5 vezes. Para o seu sucesso são necessários: a participação de equipe multidisciplinar, cuidado pré-natal precoce para detectar as gestantes de alto risco e empregar medidas profiláticas e terapêuticas, contribuindo para menores taxas de mortalidade perinatal e neonatal, além de contribuir para o sucesso do aleitamento materno e assistência de qualidade. Deve-se iniciá-lo após a suspeita da gravidez, com intervalo máximo de 4 semanas entre as consultas, e após a 36ª semana, o intervalo máximo deve ser de 15 dias. 20WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O início da APN deve acontecer após a confirmação do diagnóstico da gestação. O número mínimo de consultas deve ser 6, preferencialmente 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 3 no 3º trimestre e o encerramento do acompanhamento só acontece após o 42º dia de puerpério. Idealmente, devem ocorrer 4 consultas com nutricionista, com início concomitante ao pré- natal. A 1ª consulta deve ocorrer até a 16ª semana, a 2ª com intervalo de 15 a 30 dias, a 3ª ainda no 2º trimestre e a 4ª no 3º trimestre. Gestantes de risco têm maior número de consultas, diminuindo o intervalo entre elas. Na primeira consulta é essencial uma avaliação detalhada do prontuário, identificando os fatores que interferem no resultado da gestação, visto que quanto mais fatores inadequados estiverem presentes, pior será o prognóstico e isso classifica a gestante em alto, médio ou baixo risco. Sendo os fatores passíveis de modificação os que mais contribuem (54%) sobre o resultado da gestação. Nas consultas subsequentes, deve-se rever o prontuário, fazer avaliação do ganho de peso desde a última consulta e do ganho de peso total, avaliação dietética detalhada, investigação da sintomatologia digestiva e das intercorrências, acompanhamento dos exames e da evolução da altura uterina, ajuste da orientação nutricional, incentivo ao aleitamento materno e esclarecimento de dúvidas. A estatura, o peso pré-gestacional e ganho de peso gestacional são fatores condicionantes do tamanho placentário, o que influenciará diretamente no tamanho de nascimento. • Peso pré-gestacional o Peso pré-gestacional excessivo: macrossomia, Diabetes Mellitus gestacional, HAS gestacional e parto cesáreo. o Desnutrição pré-gestacional: baixo peso ao nascer, maior risco de morbimortalidade, altas taxas de aborto espontâneo, morte neonatal e malformações congênitas. • Estatura o Baixa estatura (<150cm): necessidade de cesárea, baixo peso ao nascer e desproporção céfalo-pélvica, crianças PIG (pequena para idade gestacional). o Grande estatura: tendem a ter bebês grandes. • Ganho de peso gestacional o Ganho insuficiente: baixo peso ao nascer, parto prematuro, maiores índices de morbimortalidade neonatal, redução da expansão de volume sanguíneo materno, diminuição da perfusão uteroplacentaria, levando à retardo do crescimento intrauterino, prematuridade e BPN. o Ganho excessivo: macrossomia fetal (>4 kg) (3 vezes mais), DM. e HAS, defeitos do tubo neural. Para as mães, maior retenção de peso pós-parto e obesidade futura, complicações anestésicas e hemorragias pós-parto, maior tempo de hospitalização e gastos hospitalares, infertilidade, mortalidade perinatal, enfermidades crônicas não transmissíveis e malformações riscos proporcionais ao grau de obesidade. 21WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Outros fatores adversos que interferem no desfecho da gestação são: • Idade materna: a faixa etária considerada ideal para concepção é 20 a 29 anos, uma mulher com mais de 5 anos pós-menarca já é considerada madura. As mulheres mais velhas são as que apresentam maior paridade, fato que está associado ao desgaste metabólico. o Mulheres acima de 35 anos grávidas apresentam riscos de anomalias congênitas, SHG, DM gestacional e altos índices de morbidade perinatal. Além de aborto espontâneo no 1º trimestre, placenta prévia, natimorto, BPN, RNPT, risco para anomalias congênitas, distúrbios hipertensivos e diabetes gestacional. o Mulheres abaixo de 19 anos grávidas apresentam risco do bebê nascer com baixo peso, prematuro, desproporção cefalopélvica, prematuridade, cesárea e SHG. • Multiparidade: considera-se intervalo entre partos adequado quando ≥ 24 meses. Menos de 2 anos de intervalo há esgotamento das reservas maternas de nutrientes risco para BPN. Quanto maior a paridade maior pode ser o grau de obesidade em mulheres (a multiparidade facilita o aumento da adiposidade). As multíparas apresentam facilidade para depósito de gordura (2,5kg a cada gestação, sendo esse efeito cumulativo mais intenso após os 35 anos de idade). Já as primigestas têm maior incidência de Distúrbios Hipertensivos da Gravidez. • Anemia: redução na capacidade de trabalho, menor desempenho mental, menor resistência às infecções e tolerância às hemorragias. Parto prematuro e baixo peso ao nascer. Por outro lado, hematócrito alto (>40%) pode significar expansão plasmática inadequada, favorecendo a pré-eclâmpsia. • Infecções: compromete o estado nutricional materno, aumenta o risco de parto prematuro e mortalidade perinatal. • Trabalho físico excessivo: ocorre desgaste das reservas corporais maternas, menor ganho gestacional e aumentam as taxas de mortalidade materna. Gestantes adolescentes, com idade ginecológica menor que 2 anos e/ou cronológica menor que 14 anos, são consideradas de maior risco. Maior ocorrência de BPN, retardo do crescimento uterino, prematuridade, toxomia induzida pela gravidez (hipóxia, hemorragias intracranianas, infecções, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor). Repercussões maternas: SHG, ganho de peso inadequado, anemia, placenta previa, disfunção uterina, anomalias congênitas, aumento da necessidade de cesárea. 22WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Cigarro: substâncias como nicotina, monóxido de carbono passam facilmente pela barreira placentária, sendo poderosos vasoconstrictores, levando a lesões placentárias, como redução do fluxo sanguíneo placentário. Como consequência tem-se o retardo do crescimento intrauterino e prematuridade. O tabagismo também promove hipoxemia fetal, assim como associa-se à inadequação do ganho de peso gestacional. As mulheres que fumam se alimentam menos, tendo menor consumo calórico ou ineficiência na utilização das calorias, que se relacionam com os efeitos deletérios e estes são proporcionais ao número de cigarros. Componentes oxidantes da fumaça de cigarro podem comprometer a vitamina C e, provavelmente, o β-caroteno, a B12, B6 e folato. Entretanto, parar o fumo pode causar ansiedade e estresse, então, se permanecer o uso de cigarro este deve ser de no máximo 5 unidades/dia. Fumantes requerem a ingestão 3 vezes maior de ácido fólico do que as não fumantes para manter a mesma concentração de folato sérico e 2 vezes mais vitamina C. • Álcool: grande consumo de álcool está associado com teratogenidade e aparecimento do distúrbio de espector alcoólico fetal, sendo o mais comum a síndrome alcoólica fetal, com características irreversíveis como: déficit de crescimento fetal, microcefalia, alterações oculares, craniofaciais, cardíacas e musculares. O álcool ingerido pela mãe ultrapassa a barreira placentária e chega ao feto nas mesmas concentrações maternas, porém a exposição é maior devido à ausência da enzima álcool desidrogenase e eliminação lenta, fazendo com que o líquido amniótico fique impregnado de acetaldeído, prejudicando a metilação do DNA fetal. Doses elevadas podem prejudicar o transporte de O2 pelo cordão umbilical, pode-se acumular em níveis tóxicos para o feto, causando anomaliasfetais, como RCIU e síndrome alcoólica fetal. Além de aborto espontâneo, descolamento prematuro da placenta e parto de BPN. Tem- se ainda RNPT e, em estudos em animais, o consumo crônico de álcool pode mobilizar a vitamina A, aumentando sua concentração fetal e gerar efeitos teratogênicos. Assim, não se recomenda o consumo de nenhum tipo de bebida alcoólica durante a gestação, nem mesmo aquelas com teor alcoólico reduzido. É permitido apenas o consumo ocasional, mas, na ausência de limites seguros, é sugerido que evite o uso. • Cafeína: em caso de consumo excessivo tem-se BPN e má-formação congênita. Além de aumentar o risco de abortos espontâneos no 1º trimestre, esse risco aumenta se o consumo aumentar de 100 para 500mg/dia. Associa-se a malformações o consumo de 10 a 14 xicaras de café/dia e RNBP com consumo diário superior a 2-3 xicaras médias/dia (300ml/dia). A recomendação é que seu consumo não ultrapasse 2 a 3 xicaras pequenas/ dia (100 a 150ml), não esquecendo das bebidas como chás, refrigerantes e o chocolate. A quantidade de cafeína não deve ultrapassar 300mg/dia. • Situação socioeconômica: a morbimortalidade materna e fetal se mostra inversamente proporcional à escala social. Estão em maior risco os grupos de baixa renda, menor escolaridade, más condições de moradia-saneamento-alimentação-estilo de vida, dificuldade de acesso a serviços de saúde, situação conjugal insegura, violência doméstica, depressão, psicose, baixo número de consultas de pré-natal, não planejamento ou não aceitação da gestação e esforço físico e carga horaria excessivos. 23WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Drogas ilícitas: os efeitos do uso dessas substâncias estão associados a BPN, distúrbios do sono, menor perímetro cefálico e desenvolvimento prejudicado. o Maconha – lipossolúvel, atravessa a placenta e é lentamente excretada. Assim como tabaco, interfere no transporte de oxigênio, aumenta a frequência cardíaca e pressão arterial, com menor perfusão placentária, levando a RNBP e a irritabilidade ao nascer e aumenta o risco de prematuridade. o Cocaína – atravessa rapidamente a placenta sem conversão metabólica, agindo diretamente na vascularização fetal, determinando vasodilatação, malformações urogenitais, cardiovasculares e do SNC. A mãe pode ter ruptura de placenta e parto prematuro, com contrações descontroladas. Os filhos podem ter BPN, RCIU, paralisia, lesão fetal e física, batimentos cardíacos anormais, síndrome de abstinência e até o óbito. Para a mãe as principais alterações estão relacionadas à qualidade de vida e saúde, complicações da gestação, risco de depressão puerperal, pré eclampsia, trabalho de parto prematuro. Além disso, o uso de drogas pode levar à inapetência e/ou alterações de hábitos alimentares. • Contaminantes: mercúrio, chumbo, cadmio, níquel e selênio são embriotóxicos. Gestantes não devem utilizar dolomita como suplemento de cálcio porque este contém chumbo. São encontrados traços de metil mercúrio, que é um contaminante na maioria dos peixes, em quantidades maiores em cação, peixe-espada, cavalinha, lofolatilo e atum grande (tipo usado para sushis ou filés frescos), as concentrações podem ser maiores em áreas com poluição de mercúrio ambiental. Peixes expostos à contaminação por mercúrio podem causar graves danos ao sistema nervoso central (ex. comprometimento motor, intelectual e psicossocial). Segundo a FDA devem ser consumidos no máximo 2 porções por semana de peixes e frutos do mar, como o atum em lata, bagre, camarão e salmão e evitar peixes com alta concentração, como cação, peixe-espada, cavalinha e marlim. Bifenispoliclorados (PCB) se concentram em peixes gordurosos, como o salmão, truta e carpa, e podem ser absorvidos através da pele e pulmões. Inicialmente eles entram no corpo pela ingestão desses peixes gordurosos contaminados, a partir daí podem atravessar a placenta e até o leite materno e, por isso, as grávidas devem evitar os peixes contaminados com PCB. O bisfenol A, outro contaminante, pode afetar a função da tireoide, pois diminui a meia-vida no soro de T4. Mulheres grávidas têm 20 vezes mais chances de se infectar com Listeria monocytogenes do que adultos saudáveis. São contaminantes alimentos como leite cru, frutos do mar defumados, patês, queijos moles, salsichas do tipo Frankfurter, cortes de frios de balcão e carnes não cozidas. Essa infecção causa aborto espontâneo e meningite fetal e do recém-nascido. • Infecções vaginais: as infecções estão ligadas às contrações prematuras e subsequentes partos precoces. Exemplo: vaginose bacteriana (VB). O uso de probióticos em mulheres gravidas com VB é indicado, pois algumas cepas de lactobacilos podem colonizar a vagina e deslocar e matar patógenos como E. coli e Gardnerella vaginalis. 24WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Medicamentos e radiação: drogas lipossolúveis atravessam a membrana placentária, devendo ser evitadas durante todo o período. Uso de aspirina (ou ibuprofeno) no final da gravidez é desaconselhável por favorecer sangramento excessivo durante o parto. A radiação é contraindicada no início da gestação, fase da diferenciação celular, por exercer efeito sobre a formação do feto. • Doença obstétrica na gravidez atual e inadequado desempenho obstétrico anterior: podem levar a BPN, RCIU, mortalidade perinatal, macrossomia, aborto, malformações, RNPT, ganho ponderal inadequado e quadros hemorrágicos. • Homocisteína plasmática elevada e deficiência de B12: levam à infertilidade e perda fetal recorrente. • Cirurgia de by-pass pós-gástrico: após a cirurgia bariátrica há melhora significativa na fertilidade, favorecendo a ocorrência da gravidez. Comparando-se gestações de pacientes obesas mórbidas antes da gastroplastia e após a perda de peso induzida pela cirurgia, encontra-se redução significativa na necessidade de cesárea, incidência de macrossomia e DM. O Colégio Americano de Ginecologia defende prioridade para perda de peso anterior à gravidez e acusa a bariátrica como promessa preliminar no tratamento de obesidade no período pré-gestacional. É comum deficiência de ferro, vitamina B12, folato e cálcio em pós-cirurgia bariátrica. É recomendada a reposição de ferro após qualquer cirurgia bariátrica. Na gravidez, recomenda-se a suplementação de 60mg/dia desde o início da gestação. A deficiência de vitamina B12 é menos comum que a de ferro e ocorre com mais frequência após as cirurgias disabsortivas. Recomenda-se que seja realizada a reposição de vitamina B12, 1000μg, por via intramuscular, a cada 3 meses. Recomenda-se a suplementação periconcepcional e pré-natal de ácido fólico, pelo menos 1 mg/dia. A deficiência de cálcio é comum, e a prevenção de sua deficiência é realizada pela suplementação diária de 1000 mg/dia deste mineral. Complicações: vômitos podem ser causados pela ingestão excessiva ou pela mastigação inadequada, podendo haver diminuição dos níveis séricos de potássio e magnésio, sendo necessária a reposição destes. A gestante, assim como outros pacientes operados, podem apresentar vômitos devido à suboclusão do tubo digestivo causada por aderência, hérnia interna ou deslocamento do anel. A utilização do teste de tolerância a glicose oral (100 g), nestas gestantes, pode trazer complicações quando a paciente apresenta antecedente da síndrome de dumping. Neste caso, recomenda-se o seguimento mensal da glicemia materna. Dentre as orientações gerais para pacientes bariátricos tem-se: • Não se recomenda gravidez no período de 12 a 18 meses subsequente à cirurgia, pois neste período a perda de peso é mais intensa e não houve adaptação do organismo à nova situação. • A suplementação indicada é de 400 μg de folato/dia durante o período reprodutivo, 50 a 100 mg de ferro elementar por dia para idade fértil e gestante, e 1000 mg de cálcio/dia. • A dietadeve ser fracionada, de alto teor proteico, respeitando o horário das refeições. 25WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • As refeições principais devem conter proteína animal em maior quantidade, principalmente a carne vermelha, por ter maior concentração de ferro. • Recomenda-se que a alimentação seja devagar, com duração aproximada de 40 minutos, promovendo boa mastigação dos alimentos, sem a ingestão de líquidos juntamente com a refeição. Deve-se reduzir o uso de óleo e temperos industrializados no preparo dos alimentos. Figura 6 - Principais efeitos da má nutrição (tanto a subnutrição como a nutrição excessiva) na mãe e no bebê. Fonte: Mahan (2018). 1.6.1 Avaliação do estado nutricional O Estado nutricional da gestante influencia o peso do concepto, pois este tende a aumentar conforme o melhor provimento nutricional da gestante, ocorrendo um maior peso ao nascer com o melhor estado nutricional pré-gestacional. A avaliação nutricional tem como objetivos identificar as gestantes com desvio ponderal no início da gestação, detectar gestantes com ganho de peso insuficiente ou excessivo para a idade gestacional em razão do estado nutricional prévio, fornecer base para elaboração de condutas adequadas, visando melhorar o estado nutricional materno, suas condições para o parto e as condições ao nascer, é um meio mais acessível, não invasivo e rápido. São indicadores mais citados na avaliação da gestante: peso, estatura, circunferência braquial e dobra cutânea triciptal, sendo o ganho de peso e o IMC os indicadores antropométricos indispensáveis para avaliação da gestante. Já a medida da altura uterina e a circunferência da panturrilha são apontados como indicadores de nutrição materna e fetal. No 1º trimestre de gestação, fase de embriogênese, o ganho de peso não é muito relevante. São consideradas respostas normais da gestante no 1º trimestre: perda de peso até 3 kg, manutenção do peso pré-gestacional ou o ganho ponderal de 2 kg sem qualquer comprometimento no binômio mãe/filho. A partir do 2º trimestre o ganho de peso adequado vai depender do estado nutricional da gestante. 26WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Elas devem ganhar, de modo simplificado e de âmbito clínico, em torno de 15 kg para aquelas com baixo peso, entre 10 e 12 kg para as eutróficas, e entre 6 e 7 kg para as obesas e com sobrepeso, durante todo o período gestacional. O quadro a seguir demonstra a distribuição do ganho de peso materno: Produtos da concepção Kg Feto 2,7 Kg a 3,6 Kg Líquido amniótico 0,9 Kg a 1,4 Kg Placenta 0,9 kg a 1,4 kg Aumento dos tecidos maternos Expansão do volume sanguíneo 1,6 kg a 1,8 kg. Expansão do líquido extracelular 0,9 kg a 1,4 kg. Crescimento do útero 1,4 kg a 1,8 kg Aumento do volume de mamas 0,7 kg a 0,9 kg. Aumento dos depósitos maternos – tecido adiposo 3,6 kg a 4,5 kg. Quadro 2 - Distribuição do ganho de peso durante a gestação. Fonte: Vasconcelos (2011). Procedimentos de avaliação na 1ª consulta: 1. Peso pré-gestacional conhecido e avaliação baseada no IMC pré-gestacional: Gestantes adultas: calcular IMC pré-gestacional (peso(kg) ÷ estatura(m)²) e consultar pontos de corte conforme o Quadro 3. Idealmente a 1ª consulta deve ocorrer no 1º trimestre. O peso informado como pré- gestacional deve ser correspondente a, no máximo, 2 meses antes da concepção OU o peso medido até a 13ª semana gestacional. Caso não seja possível a obtenção de tais medidas, utilizar o peso atual e o IMC atual. Estado Nutricional inicial IMC (kg/m²) Ganho de peso total no 1º trimestre IG < 14s Ganho de peso semanal médio no 2º e 3º trimestre (IG ≥14sem) Ganho de peso total na gestação Baixo Peso < 18,5 2,3 0,5 (0,44 – 0,58) 12,5 – 18,0 Adequado 18,5 – 24,9 1,6 0,4 (0,35 – 0,50) 11,5 – 16,0 Sobrepeso 25 – 29,9 0,9 0,3 (0,23 – 0,33) 7,0 – 11,5 Obesidade ≥ 30,0 - 0,3 (0,17 – 0,27) 7,0 – 9,0 Quadro 3 - Avaliação do estado nutricional inicial da gestante adulta e recomendação de ganho de peso (kg) se- gundo o estado nutricional inicial. Fonte: IOM (2009) e Brasil (2011). 27WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para cada situação nutricional inicial há uma faixa de ganho de peso recomendada. Para o 1º trimestre, o ganho de peso é apresentado como um valor agrupado para o período, enquanto que para o 2º e 3º trimestres, a velocidade de ganho de peso é prevista de forma semanal (Quadro 3), portanto, já na primeira consulta, caso esta ocorra no primeiro trimestre, deve-se calcular a velocidade de ganho de peso recomendada até o final da 13ª semana gestacional. A partir do segundo trimestre gestacional, deve-se calcular o ganho semanal recomendado para o segundo e terceiro trimestre (até a 40ª semana), ajustando, caso necessário, o ganho semanal para que o ganho de peso total não ultrapasse as faixas de ganho recomendadas, conforme cada categoria de IMC inicial. Interpretando o Quadro 3: gestantes de baixo peso (BP) deverão ganhar entre 12,5 e 18,0 kg durante toda a gestação, sendo este ganho, em média, de 2,3 kg no primeiro trimestre da gestação (até a 14ª semana) e de 0,5 kg por semana no 2º e 3º trimestres de gestação. Essa variabilidade de ganho recomendada deve-se ao entendimento de que gestantes com BP acentuado, ou seja, aquelas muito distantes da faixa de normalidade, devem ganhar mais peso (até 18 kg) do que aquelas situadas em área próxima à faixa de normalidade, cujo ganho deve situar-se em torno de 12,5 kg. Da mesma forma, gestantes com IMC adequado devem ganhar, ao final da gestação, entre 11,5 e 16,0 kg. Aquelas com sobrepeso devem acumular entre 7,0 e 11,5 kg e as obesas devem apresentar ganho em entre 7,0 e 9,0 kg, com recomendação específica de acordo com o trimestre de gestação. Observações: nas situações que a gestante tenha alcançado o ganho de peso total recomendado, mas ainda se encontra no 2º trimestre, programar o ganho de peso mínimo ou modesto, que pode ser 0,5 kg/mês para as com sobrepeso ou obesidade pré-gestacional ou 1,0 kg/mês para as com IMC normal ou baixo peso. 28WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Para gestantes de baixa estatura, programar o ganho de peso para o total mínimo para cada categoria de IMC, quando a estatura for < 1,47 m. Semana Gestacional Baixo Peso (BP) IMC ≤ Adequado (A) IMC entre Sobrepeso (S) IMC entre Obesidade (O) IMC ≥ 6 19,9 20,0 24,9 25,0 30,0 30,1 8 20,1 20,2 25,0 25,1 30,1 30,2 10 20,2 20,3 25,2 25,3 30,2 30,3 11 20,3 20,4 25,3 25,4 30,3 30,4 12 20,4 20,5 25,4 25,5 30,3 30,4 13 20,6 20,7 25,6 25,7 30,4 30,5 15 20,8 20,9 25,8 25,9 30,6 30,7 16 21,0 21,1 25,9 26,0 30,7 30,8 17 21,1 21,2 26,0 26,10 30,8 30,9 18 21,2 21,4 26,1 26,2 30,9 31,0 19 21,4 21,5 26,2 26,3 30,9 31,0 20 21,5 21,6 26,3 26,4 31,0 31,1 21 21,7 21,8 26,4 26,5 31,1 31,2 22 21,8 21,9 26,6 26,7 31,2 31,3 23 22,0 22,1 26,8 26,9 31,3 31,4 24 22,2 22,3 26,9 27,0 31,5 31,6 25 22,4 22,5 27,0 27,1 31,6 31,7 26 22,6 22,7 27,2 27,3 31,7 31,8 27 22,7 22,8 27,3 27,4 31,8 31,9 28 22,9 23,0 27,5 27,6 31,9 32,0 29 23,1 23,2 27,6 277 32,0 32,1 30 23,3 23,4 27,8 27,9 32,1 32,2 31 23,4 23,5 27,9 28,0 32,2 32,3 32 23,4 23,5 27,9 28,0 32,2 32,3 33 23,8 23,9 28,1 28,2 32,4 32,5 34 23,9 24,0 28,3 28,4 32,5 32,6 35 24,1 24,2 28,4 28,5 32,6 32,7 36 24,2 24,3 28,5 28,6 32,7 32,8 37 24,4 24,5 28,7 28,8 32,8 32,9 38 24,5 24,6 28,8 28,9 32,9 33,0 39 24,7 24,8 28,9 29,0 33,0 33,1 40 24,9 25,0 29,1 29,2 33,1 33,2 41 25,0 25,1 29,2 29,3 33,2 33,3 42 25,0 25,1 29,2 29,3 33,2 33,3 Quadro 4 - Avaliação do Estado Nutricional de gestante acima de 19 anos de idade, segundo o Índice de Massa Corporal (IMC) por semana gestacional. Fonte: Brasil (2011). 29WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Deve-seavaliar cuidadosamente o ganho de peso > 0,5 kg/semana ou > 3 kg/mês, principalmente a partir da 20ª SG, pois pode indicar edema ou SHG, uma vez que a retenção hídrica é comum na gestação e frequente no último trimestre gestacional devido à retenção de sódio e a diminuição dos níveis de osmolaridade, da pressão oncótica, da concentração de hemoglobina e albumina, como também o aumento do débito cardíaco e fluxo plasmático renal. A pressão venosa nos membros inferiores aumenta cerca de 3 vezes em virtude da compressão do útero, intensificando ainda mais o edema. Para estimar o peso seco, ou seja, sem retenção hídrica, pode-se utilizar a tabela da estimativa de retenção de liquido para verificar a quantidade de peso extra por líquidos extracelular, a fim de verificar o peso inicial real (Quadro 5) Edema Retenção de peso hídrico + Tornozelo 1kg ++ Joelho 3 – 4 kg +++ Raiz da coxa 5 – 6 kg ++++ Anasarca 10 – 12kg Quadro 5 - Estimativa de peso seco a partir do edema retido. Fonte: Martins (2000). 2. Peso pré-gestacional desconhecido e avaliação baseada no IMC gestacional: Calcular o IMC gestacional e realizar o diagnóstico nutricional utilizando a proposta de Atalah (Quadro 4 ou Figura 7). Localizar na primeira coluna a semana gestacional e identificar, nas colunas seguintes, em que faixa está situado o IMC da gestante. Para cálculo do ganho de peso gestacional, programar para cada situação nutricional anterior a faixa de ganho de peso recomendada pelo Quadro 3. Para cálculo de ganho de peso nas consultas subsequentes pode ser realizada por 2 instrumentos: a) Ganho de peso recomendado (kg) segundo estado nutricional inicial (Quadro 3). b) Evolução do IMC segundo a idade gestacional (Figura 7), considerando: • Traçado ascendente: ganho de peso adequado. • Traçado horizontal ou descendente: ganho de peso inadequado (gestante de risco). 30WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 7 - Gráfico de IMC segundo semana Gestacional. Fonte: Brasil (2011). Figura 8 - Avaliação do traçado da curva de acompanhamento do estado nutricional da gestante, segundo o gráfico de Índice de Massa Corporal por semana gestacional. Fonte: Brasil (2011). 31WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Normograma e curva de Rosso Usava-se normograma especifico para determinar a porcentagem de peso em relação à altura. Na década de 80, o MS adotava a curva de adequação do peso para estatura, proposta por Rosso, no cartão da gestante, porém esta vigorou até o ano 2000. Figura 9 - Normograma de Rosso. Fonte: Accioly (2009). Sabendo que no diagnóstico nutricional de gestantes, o SISVAN, atualmente preconiza como índices e parâmetros o Índice Massa Corporal por semana gestacional e ganho de peso por semana gestacional, por que há necessidade de avaliar o estado nutricional pré-gestacional? 32WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Faz-se a relação peso atual da gestante x altura para encontrar a relação P/E no normograma. O P/E encontrado deve ser transportado até a curva ou tabela e relacionado com a idade gestacional atual. O estado nutricional da gestante será classificado em: • Faixa A: baixo peso. • Faixa B: normal (eutrofia). • Faixa C: sobrepeso. • Faixa D: obesidade. Classificação do estado nutricional de acordo com P/E: • Desnutrição ou baixo peso: < 90% • Eutrofia: 90 – 110% • Sobrepeso: 110 – 120% • Obesidade: ≥ 120% Ao mesmo tempo utiliza-se a curva correspondente para a classificação e avaliação do estado nutricional durante a gestação, localizando o valor percentual encontrado na figura anterior, de acordo com a idade gestacional. Figura 10 - Curva de Rosso. Fonte: Accioly (2009). 33WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Críticas: acentua diferenças nos extremos (aumenta prevalência de déficits e excessos ponderais), superestima distúrbios nutricionais, induzindo maior ganho de peso, contribuindo para maior incidência de obesidade. A curva de Rosso tem perdido sua importância devido à mudança do perfil nutricional das populações, onde a obesidade tem prevalecido. Sua indicação é válida para populações em que a prevalência da desnutrição é alta, pois garante que todas serão identificadas. 1) Para casos de peso pré-gestacional conhecido: • Curva de adequação percentilar do ganho de peso em função da idade gestacional Considera-se no gráfico: aumento do peso = peso atual - peso pré-gestacional. Considera limites de normalidade entre P25 e P90, com ganho entre 08 e 16 kg para todas as gestantes. Peso pré-gestacional peso medido a não mais de 2 meses antes da gestação ou no 1º trimestre desta (até 14ª semana gestacional). Críticas: o ganho de peso recomendado (8 a 16 kg) é igual para todas as gestantes, independente do seu estado nutricional pré-gestacional. A gestante tem que começar na eutrofia. 2) Para casos que o peso prévio não é conhecido: • Padrão da relação peso para altura segundo a idade gestacional Construída da 13ª a 39ª semana gestacional, para estatura de 1,40 a 1,69 m e os pontos de corte sugeridos para normalidade são P10 e P90. Peso para altura segundo a idade gestacional (p10 e p90). Críticas: não permite a avaliação de gestantes que iniciaram a gestação com o peso fora do P10 e P90; não permite avaliar o ganho de peso e não permite avaliar gestantes com estatura superior a 1,69 m. Gravidas fora de P10 e P90 são chamadas anormais. Vantagens: é independente do peso pré-gestacional e as medidas de peso atual e estatura são de fácil obtenção. Alternativa para avaliação nutricional quando o peso pré-gestacional for desconhecido e para as gestantes com o peso pré-gestacional superior ou inferior aos apresentados na tabela de referência. 34WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 11 - Curva de adequação percentilar. Fonte: Accioly (2009). Ganho de peso normal e o ganho de peso semanal médio de: • 0,4 kg/semana no 2º trimestre (IG ≥14 sem). • 0,3 kg/semana no 3º trimestre (IG ≥28 sem). Crítica: recomendação igual independente do estado nutricional pré-gestacional e do ganho de peso até o dia da consulta. Observações: 1. Abaixo de P10 ou P25 sugere desnutrição materna e RCIU, deve-se investigar alimentação inadequada, hiperêmese gravídica, infecções, parasitoses, anemias, doenças debilitantes e problemas familiares. Devem receber aconselhamento nutricional e suplementação alimentar e remarcar a consulta com intervalo menor do que o estabelecido. Além disso, a gestante deve terminar a gestação com um ganho de peso mínimo de 8 kg. 2. Acima de P90 maior será o risco quanto mais elevado o ganho de peso. Suspeitar de síndromes hipertensivas e retenção hídrica. Investigar obesidade, edema, macrossomia, gravidez múltipla, polidrâmnio, DM e dieta inadequada. Remarcar a consulta com intervalo menor que o estabelecido. O ganho total não deve ultrapassar a faixa de 16 kg. 3. Ganho de peso acima do P90 no 1o trimestre gestantes não precisam ganhar mais de 8 kg na gestação toda. 4. A adolescente deve ganhar o limite superior da faixa de ganho de peso recomendado. 5. Gestante com altura < 1,40 m ganho total recomendado é de 10 a 11 kg. 6. Ganho superior a 0,5 kg/semana considera-se um ganho súbito merece investigação. 7. Gestantes com peso < 45 kg e > 75 kg são de risco para recém-nascido com BPN e pré-termo 8. Essas gestantes abaixo de P10 e P25 e acima de P90 são consideradas gestantes de risco. 35WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Avaliação da gestante em risco nutricional Ao classificarmos o estado nutricional da gestante, pode-se seguir as recomendações calóricas e nutricionais. Com isso, deve-se saber corrigiro estado nutricional a fim de determinar as necessidades adequadas para a velocidade de peso ideal para a gestante. Uma gestante com sobrepeso deve ter seu peso ideal estimado a partir do IMC no ponto médio da faixa de normalidade da curva de Atalah. Uma gestante de baixo peso deve ter peso ideal estimado com base no limite inferior da faixa de normalidade (em relação a sua semana gestacional). A obesidade gestacional deve ser vista com peculiaridade, pois o peso ideal pode estar muito abaixo do real, podendo favorecer a perda de peso, que não deve ocorrer na gestação. Para essas gestantes, o IMC ideal à idade gestacional deve ser corrigido para o limite superior da classificação de normalidade, e em casos de obesidade extrema, para o a classificação de sobrepeso. 3. Calculo do ganho de peso ideal O ganho de peso na gestação deve ser usado como indicador do estado nutricional materno, podendo ser diagnosticado como adequado ou inadequado e estimado o quanto a mulher poderá ganhar nas semanas gestacionais seguintes. O ganho ponderal é uma medida de avaliação de seguimento, podendo ser avaliado o que já se ganhou e verificar o que ainda se pode obter quanto ao ganho gestacional recomendado, possibilitando, assim, indicar a velocidade necessária de ganho de peso da gestante e monitoração desta semanalmente, para gestantes de risco nutricional, e mensalmente, para as gestantes sadias. ** sendo que peso gestacional restante é o peso de acordo com a recomendação menos o peso adquirido Embora seja difícil definir o ganho de peso materno ideal ele deve ser entre 10 a 13 kg. Ou seja, a eutrofia seria o ganho em torno de 20% do peso inicial, em valores de IMC isso corresponderia a um aumento de 4,6 pontos. 36WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Então, para a gestante de 18 semanas cujo peso pré-gestacional é 65 kg e o peso atual é 68 kg, com estatura de 1,60 m, avalie o ganho ponderal obtido e determine o ganho ponderal ideal, sabendo que no primeiro trimestre o ganho de peso foi nulo. IMC inicial: 65/1,60² = 25,39kg/m² - sobrepeso (Quadro 4) IG atual (18 semanas) – 13 semanas do 1º trimestre = 5 semanas passadas (considerando ganho de peso nulo no 1º trimestre) Ganho Ponderal obtido = 3 kg/5 semanas = 600g >> Peso de acordo com a recomendação: ganho total para mulher em sobrepeso: 7,0 - 11,5 (como já ganhou excessivo pegar o mínimo). Já ganhou 3kg, portanto: 7,0 - 3 = 4,0 kg (peso gestacional restante) IG restante = 40 - 18 = 22 semanas. Sendo assim: 4,0/22 = 0,182 kg/semana Já a avaliação do ganho de peso e cálculo do Ganho de peso ponderal ideal, considerando que no primeiro trimestre o ganho de peso foi 1kg para a gestante de 24 semanas com peso atual: 77kg, peso pré-gestacional: 72kg, estatura: 1,62m é: No primeiro trimestre ganhou 1kg IMC = 27,43 kg/m² - sobrepeso Peso total adquirido: 5 kg IG atual (24 semanas) – 13 semanas do 1º trimestre = 11 semanas passadas (considerando ganho de peso de 1 kg no 1º trimestre) 5 kg - 1 kg (1° trimestre) = 4 kg Ganho Ponderal = 4 kg/11 semanas= 0,363 kg Peso Gestacional restante = Peso de acordo com a recomendação - peso adquirido Peso de acordo com a recomendação: ganho total para mulher em sobrepeso: 7,0 - 11,5, logo a média seria de 9 kg. 37WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA ** Lembre-se que se pode usar o valor médio dentro da faixa de ganho de peso. O valor máximo ou o valor mínimo, você que irá decidir de acordo com o diagnóstico nutricional inicial e ganho ponderal! Já ganhou 5 kg, portanto, 9 - 5 = 4 kg (peso gestacional restante) IG restante = 40 - 24 = 16 Sendo assim: 4/16 = 0,250 kg Figura 12 - Recomendação para o aumento do peso ideal na gestação. Fonte: Teixeira (2015). Circunferência do braço e medida do tríceps: são úteis para avaliar modificações que ocorrem durante o período gestacional, comparando com as medidas tomadas anteriormente. O perímetro braquial aumenta do início até o fim da gestação e a medida do tríceps pode diminuir já que há transferência das reservas energéticas entre os segmentos corporais durante a gestação. Recomenda-se a utilização da circunferência muscular do braço, que pode ser comparada a padrões de referência ou a valores iniciais e finais. 38WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Dietética: atenção ao número e composição das refeições e grupos de alimentos presentes. Investigar tabus, alergias, picamalácia, avaliação do apetite, náuseas, vômitos, funcionamento intestinal e preferências alimentares. Usar frequência alimentar, registro alimentar e recordatório 24 horas. • Picamalácia – perversão do apetite com a ingestão de substâncias, como terra, barro, tijolo, ração para cães, água de sabonete, cabelo, fósforo, raspas de gelo, giz ou combinações alimentares atípicas, como manga verde embebida de água, vinagre e sal. A seguir se apresenta uma proposta para investigação de picamalácia. o Consumo de terra ou barro geofagia. o Consumo de amido não nutritivo amilofagia. Entrevista para picamalácia Tem vontade de ingerir substancias ou combinações de alimentos estranhos durante a gestação? Sim. Qual(is) frequência? _______________________________________________ Não. Caso a resposta da 1 seja Sim, o que sente é vontade ou desejo de ingerir tais substancias? _____________________________ Quando sente vontade de ingerir a substancia, realmente ingere? Sim. Frequência e quantidade?___________________________________________ Não Esse comportamento já ocorreu em outras gestações ou em períodos de amamentação anteriores ou mesmo fora da gestação? Sim. Quando?___________________________________________ Não. Você sabe o motivo dessa vontade/desejo? ___________________________________ Quadro 6 - Entrevista para investigação de picamalácia na gestação. Fonte: Accioly (2009). Deve-se conversar com a gestante, investigando problemas emocionais ou familiares que possam estar associados. Orientá-la a substituir essa prática pela ingestão de alimentos de sua preferência. Esclarecer que a prática contribui para a ocorrência ou agravo da anemia, interfere na absorção de nutrientes, acarreta em doenças, como parasitoses e intercorrências gestacionais. Como ocorre geralmente em gestantes diagnosticadas com anemia ferropriva, a suplementação de ferro é indicada. • Alimentação diária habitual: é uma técnica quantitativa que questiona quais os alimentos mais consumidos na dieta e suas quantidades. É mais indicada na primeira consulta com o paciente. 39WWW.UNINGA.BR NU TR IÇ ÃO N OS C IC LO S DA V ID A | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA • Recordatório de 24 horas: consegue-se obter o consumo alimentar quantitativo do dia anterior à consulta. É utilizada em investigações populacionais para se verificar o padrão alimentar médio. Na clínica, pode ser útil pata observar mudanças de prática alimentar após intervenção nutricional. • Inquérito de frequência: é a técnica mais utilizada para verificar hábitos alimentares do ponto de vista qualitativo. Relata a frequência com que determinados alimentos aparecem, diariamente ou semanalmente, nas refeições. Deve-se colocar na lista somente os alimentos mais relevantes. • Inquérito por registro: é mais fidedigno quantitativamente, pois a pessoa vai anotando os alimentos à medida em que vai consumindo. É menos provável a omissão, mas requer que o paciente seja alfabetizado, com bom nível de escolaridade e que queira cooperar. A limitação desta técnica e a mudança de comportamento quanto às práticas alimentares, mesmo que inconsciente. Tem-se maior risco de subestimar as mulheres e homens obesos e, à medida que aumentam os dias de registro, ele se torna menos completo e preciso. • Clínica: investigar sinais e sintomas digestivos, funcionamento intestinal, patologias ou
Compartilhar