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CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO Constituição de 1824 A evolução constitucional no Brasil, têm início com a independência de Portugal, onde em 1823, há a primeira assembleia constituinte, que acabou sendo dissolvida devido a insatisfação de D. Pedro I pela tentativa de limitarem seu poder. Com isso, o mesmo nomeia um conselho de pessoas, conselho o qual iria produzir o texto constitucional, que após produzido, seria outorgado por D. Pedro I, instituindo um governo monárquico, constitucional e representativo. Essa constituição é caracterizada pela divisão dos poderes em 4, sendo eles, o executivo, legislativo, judiciário e o moderador (de competência exclusiva de D. Pedro I, poder o qual dava o controle dos demais poderes). Tratava-se de um sistema semirrígido, o qual a matéria constitucional é dificilmente alterada, enquanto o resto do texto têm com “facilidade” a sua alteração, por meio de processo legislativo ordinário. Controle da constitucionalidade era conferido ao poder legislativo, o qual também interpretava leis, elaborar, suspender e revogar. O poder judiciário ficaria incumbido de realizar a aplicação da lei. A carta imperial era caracterizada por contemplar alguns direitos e garantias individuais, podendo citar o direito ao socorro público, instrução primária e gratuita a todos os cidadãos. A primeira e única emenda trouxe a extinção do conselho de Estado, institucionalização da regência uma, criação de assembleias legislativas e províncias. Constituição de 1891 Inserida no momento em que a república brasileira foi proclamada, havendo a instituição de uma federação e a sedimentação do controle da constitucionalidade, não havendo mais espaço para o poder moderador. O executivo possuía moldes presidencialistas, um legislativo com duas casas (senado e câmara), e um judiciário fortalecido com a garantia de vitaliciedade e irredutibilidade de vencimentos e dotados do poder de controlarem a constitucionalidade das leis sob a forma difusa. O Habbeas corpus era previsto como garantia constitucional. Ruy Barbosa afirmava que deveria ser adotado um federalismo centralizado, onde o presidente, seria uma espécie de monarca eleito de 4 a 4 anos. O mesmo, também argumentava que foi dado poderes aos juízes de forma a apreciarem a legitimidade das leis em face a constituição. No entanto, juízes adeptos ao antigo regime, não se conformavam em terem que confrontar a lei, negando-se a fazer a tal ação, o que motivou que Ruy Barbosa criasse a lei 221, de forma a complementar a organização judiciária, onde os juízes deveriam apreciar a validade das leis e argumentos, não aplicando o que for inconstitucional. Dito tudo, essa constituição sedimentou a FÓRMULA da separação de poderes, o estabelecimento do Estado Federal (estados membros com autonomia), sistema presidencialista, Estado laico (separa o estado da igreja), constituição rígida, periocidade dos mandatos políticos. Houve por fim, a abertura ao catálogo de direitos e garantias, fortalecimento do papel do poder judiciário, criação do STF (controlavam a constitucionalidade – Judiciário analisava a conformidade das leis com a Constituição, via STF mediante recurso). Emenda de 1926: possibilidade de intervenção nos Estados – aumenta a autoridade do presidente - competência federal as relações de trabalho. Constituição de 1934 Fortemente influenciada pelo corporativismo fascista. Em 1930, ocorreu uma revolução, na qual o presidente Washington Luiz foi deposto e o governo passou para uma junta militar. De maneira definitiva, esse governo passou para Getúlio Vargas, o qual em seu governo, sofreu uma revolução constitucionalista, a qual marca a introdução do constitucionalismo social no Brasil e resulta na instauração de uma assembleia constituinte, que iria resultar na instauração da nova constituição. Com ela, o STF passa a se chamar “Corte Suprema”, a qual passa a ter a competência de julgar o recurso ordinário e extraordinário. Regra de reserva de plenário – estabelece um quórum mínimo para a declaração de inconstitucionalidade da lei. Há o fortalecimento do poder executivo. O Senado tem o poder o suspender a execução da lei declarada inconstitucional, pretendeu-se conferir à decisão com efeitos para todos (erga Constituição de 1937 Devido ao golpe de 1937, que se deu num momento de agitações ideológicas, foi estabelecido o Estado Novo. De maneira a estabelecer a ordem, foi outorgada a constituição de 1937, apelidada de Polaca, a qual fortalece o executivo e diminui de certa forma, direitos e garantias que eram previstos anteriormente – não entendia o indivíduo como algo importante. Um perfil autoritário e controlador, havendo a corrupção de valores e pela criação de um sistema de poder que soube empregar as forças da demagogia e do populismo. Foi criada a polícia política, a qual tinha a finalidade de perseguição política e uniformização das massas. Não havia uma separação de poderes, uma vez que o executivo tinha quase que por total a concentração deles em suas mãos, de forma a haver o enfraquecimento dos outros. Estabeleceu no artigo 96, em seu caput, que apenas por maioria absoluta dos votos de juízes, que poderia ser declarado pelos tribunais a inconstitucionalidades de leis ou de ato do presidente da república. No entanto, se o presidente argumentar que se trata de algo do bem- estar do povo, o mesmo poderá submetê-la novamente ao parlamento, que caso confirmado, fica sem efeito a decisão. Porém, essa constituição sequer entrou em vigor, uma vez que em ser artigo 187, mostrava que havia a necessidade de aprovação em plebiscito, o qual nunca ocorreu. Constituição de 1946 Primeira e verdadeira manifestação de controle abstrato (só veio realmente contar com esse controle em 1964), mediante a EC 16 (alarga a competência originária do STF, atribuindo a ele competência para processar e julgar “a representação contra inconstitucionalidade de lei”). Propôs nova redação ao art. 64 para se dar eficácia “erga omnes” à decisão de inconstitucionalidade do STF (rejeitada), de forma a dar ao Senado a exclusiva tarefa de publicar a decisão de inconstitucionalidade, de modo que a eficácia geral da decisão não dependeria da sua manifestação. Inseriu novo inciso (XIII) no art. 124, dando ao legislador o poder de estabelecer processo para declaração de inconstitucionalidade de lei em conflito com a Constituição do Estado. Constituição de 1967 Promulgada e influenciada pela carta constitucional de 1937. Houve a exacerbação do poder centralizado na união e na figura do presidente da república ; eleição indireta ; redução da autonomia individual ; aprovação de leis por decurso de prazo. Decretado o AI 5, o qual o poder executivo poderia suspender direitos políticos, realizar a suspensão do Habbeas Corpus em crimes políticos. A EC 1 de 1969, a qual chega a ser considerada uma constituição outorgada devido a amplitude das reformas e da ditadura. Tal constituição reafirmou o controle difuso, deu ao STF a competência de processar e julgar por inconstitucionalidade ou ato normativo. Ampliou o objeto de representação de inconstitucionalidade para fins de intervenção no Estado. Ações diretas do STF possuem efeito “erga omnes”.Constituição de 1988 Essa constituição é caracterizada por ter tido ampla participação da sociedade civil – “Constituição Cidadã”, uma ordem constitucional voltada ao ser humano (dignidade da pessoa humana). Em relação ao controle de constitucionalidade, manteve-se a força do controle difuso e ampliou-se, de modo significativo, o sistema de controle concentrado. Estabeleceu o controle abstrato da omissão (art. 103, parágrafo segundo, CF). Ação direta de inconstitucionalidade, antes dada apenas ao procurador geral, foi potencializada (art. 103, CF – rol taxativo / fechado). Ainda foi prevista a arguição de descumprimento de preceito fundamental (art. 102, parágrafo primeiro), regulamentada pela lei 9.882 / 99. A EC 3, criou a ação declaratória de inconstitucionalidade, a qual pode ser proposta pelo STF. E a lei 9.868 / 99, regulamenta o processo e julgamento, no STF, de ambas as ações diretas, de constitucionalidade e de inconstitucionalidade. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Esse controle (juízo de adequação da norma infraconstitucional – objeto à norma constitucional – parâmetro -, por meio da verificação da relação imediata de conformidade vertical entre aquela e esta) seria averiguar se as questões estão de acordo com a Constituição (artifício máximo e que todo ordenamento deve estar submetido a ela); se tudo que está sendo proposto está compatível a mesma – seria o sistema de imunização da Constituição, podendo ser de maneira preventiva ou repressiva. Controle difuso de constitucionalidade seria aquele que qualquer juiz, em qualquer instância, poderá realizar, ficando apenas entre as partes, por ser uma decisão para um processo específico. Já o concentrado, seria aquele realizado pelo STF, por meio de determinadas ações, não sendo um caso específico e tendo uma eficácia “erga omnes” (para todo mundo). O controle concentrado, não pode ser proposto por qualquer pessoa, e sim por indivíduos que ocupam posições específicas (questão taxativa). Introdução – histórico No sistema estadunidense, o controle de constitucionalidade costuma a ser equiparado ao difuso (controle o qual surgiu no mesmo – sedimentado pelo caso Marbury VS Madison) onde o controle das leis seria deferido a todo e qualquer juízo independendo da sua posição na estrutura do Poder Judiciário, sem necessidade de ação específica. Enquanto o europeu, irá remeter ao concentrado (instituíram uma corte específica para esse fim, Corte Constitucional. Esse sistema também seria chamado de sistema austríaco, sistema previsto na Constituição de 1920, graças a Kelsen, o qual afirmava a necessidade da criação dessa corte específica. Devido a emenda de 7-12-1929, trouxe com que o Supremo Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça Administrativa elevem a controvérsia constitucional concreta perante a Corte Constitucional). Alega-se que a adoção do modelo concentrado seria fruto da particularidade dos sistemas de civil law. Brasil se encontra num sistema misto, fazendo uso tanto do difuso, quanto do concentrado. O controle de constitucionalidade, teve início com o protagonismo de John Adams (fez uma pequena reforma no judiciário antes de sua saída, criando vários cargos, onde Marbury seria indicado ao cargo de juiz de paz – processo de indicação seria lento -, no entanto, por não receber sua comissão, devido o fim do governo de John Adams, o mesmo não pode exercer sua função) e de Thomas Jefferson (contra o reconhecimento desse poder aos tribunais, já que para ele, cada um deveria exercer sua função – separação dos poderes, de forma a atrasar esse controle). Marbury entrou com uma ação de cumprimento de dever para entrar na posse de juiz de paz, ação contra o novo secretário de Estado dos EUA, James Madison, solicitando a Suprema Corte que Madison trouxesse a entrega das comissões retiradas. John Marshal dividiu a decisão em três partes (1 – se Marbury tinha direito a comissão de paz ; 2 – se existia uma ação específica na legislação americana a qual poderia ser pedida por Marbury ; 3 – se o remédio processual poderia ser concedido pela Suprema Corte – as duas primeiras questões foram respondidas de forma positiva, no que diz respeito a terceira questão, ele afirmou que a Carta Magna americana atribuía competência originária a Suprema Corte somente em dois casos, de forma com que o caso de Marbury não se encaixaria nesses casos, devendo entrar numa instância de revisão ou de apelação). Com isso, Marshall concluiu que a legislação que atribuíra à Suprema Corte competência originária para julgar “writ of mandamus” em casos indiscriminados (lei que embasou o pedido de Marbury) havia violado a Constituição americana, de forma com que o caso não poderia ser julgado pela Suprema Corte, sem antes passar por um Tribunal inferior. O precedente afirmado por Marbury VS Madison afirmou a superioridade da Constituição, de forma a outorgar-lhe o caráter de lei que subordina todas as outras leis. Nesse caso, a Suprema Corte afirma pela primeira vez o seu poder de controlar a constitucionalidade das leis (atribuiu o caráter de rigidez da Constituição), de forma a consagrar o controle difuso. Requisitos fundamentais para o controle – uma constituição rígida e a atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de constitucionalidade (emenda precisa de votação específica, 3/5, dois turnos, em cada casa). A CF brasileira é rígida, diante das regras procedimentais solenes de alteração previstas em seu art. 60 – ideia de controle traz que a Constituição ocupa o máximo da hierarquia (princípio da supremacia da Constituição). Desse princípio, resulta a questão da compatibilidade vertical das normas (Constituição acima) da ordenação jurídica de um país (José Afonso da Silva). Tipos de controle: controle de legalidade (advém do direito administrativo, se os atos estão em conformidade com a legislação), controle de convencionalidade (remete ao direito internacional, o qual permite a verificação da compatibilidade do direito interno com os tratados internacionais em vigor no país) e controle de constitucionalidade (remete ao direito constitucional). MOMENTOS DE CONTROLE Pode ser preventivo (anterior a norma – antes do projeto de lei virar lei) – pode ser feito pelo legislativo (comissões de Constituição e Justiça) ou pelo executivo (veto do presidente – por inconstitucionalidade ou por contrariar o interesse público) - ou repressivo (posterior a norma) – a regra é pelo judiciário (dividido em difuso, art. 97 da CF e concentrado – ADI, ADI por omissão, ADI interventiva, ADC, ADPF) e a exceção seria pelo legislativo (MP e delegação – legislativo delega sua competência em legislar sobre determinado assunto). Controle prévio realizado pelo legislativo Aquele exercido previamente à entrada da lei no ordenamento jurídico, pelo legislativo, sendo realizado pelas Comissões Permanentes de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, e do Senado, analisando se determinado projeto está de acordo com a CF – atribuições previstas no art. 32, III, do RI da Câmara dos Deputados, enquanto do Senado, no art. 101, do RI do Senado. Esse controle é realizado durante o processo legislativo de formação do ato normativo. Logo no momento da apresentaçãode um projeto de lei, o órgão que deflagrar o processo legislativo, em tese, já deve verificar a regularidade material do aludido projeto de lei. No § 2º do art. 101 do Regimento Interno do Senado Federal dispõe que ao tratar de inconstitucionalidade parcial, a Comissão poderá oferecer emenda, realizando correção do vício. Porém, a regra geral é a do seu § 1º, ao estabelecer que, quando a Comissão emitir parecer pela inconstitucionalidade e injuridicidade de qualquer proposição, será esta considerada rejeitada e arquivada de forma definitiva, por despacho do Presidente do Senado – salvo-se houver recurso interposto nos termos do art. 254 do RI (no mínimo 1/10 dos membros do Senado, manifestando opinião favorável ao seu processamento). Já no art. 54, I, do RI da Câmara dos Deputados estabelece que será terminativo o parecer da Comissão, quanto à constitucionalidade ou juridicidade da matéria – há a previsibilidade de recurso para o plenário da Casa contra referida deliberação (art. 132, § 2º ; 137, § 2º ; 164. § 2º do RI). O plenário das referidas Casas também poderá verificar a inconstitucionalidade do projeto de lei, o mesmo podendo ser feito durante as votações. Controle prévio realizado pelo executivo O chefe do executivo, aprovado o PL, poderá sancioná- lo ou vetá-lo, de forma a voltar para o Congresso (ocorre quando considerar o projeto inconstitucional – veto jurídico, exerce o controle de constitucionalidade prévio - ou contrário ao interesse público – veto político) – art. 66, § 1º, CF. O veto (art. 66, § 4º, CF), será apreciado em sessão conjunta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento, pelo voto da maioria absoluta, em votação por voto aberto. Caso houver rejeição, terão o mesmo efeito caso sancionado, devendo ser enviado ao PR para promulgação da lei no prazo de 48 horas. Se o veto for mantido, a PL será arquivada. Controle prévio realizado pelo judiciário Busca garantir ao parlamentar o respeito do devido processo legislativo (garantir que durante esse processo, o mesmo deve estar em total conformidade com a CF), vedando a sua participação em procedimento desconforme com as regras da CF – exclusiva do parlamentar; CF admite esse controle por meio de mandado de segurança. Em relação a PL, o STF restringiu o controle preventivo apenas para a hipótese de violação ao devido processo legislativo, não admitindo a discussão sobre a matéria, de forma a resguardar a regularidade jurídico – constitucional do procedimento, sob pena de se violar a separação dos poderes. Em relação à PEC, o controle será mais amplo, abrangendo não apenas a regularidade de procedimento, mas, também, a matéria, permitindo o trancamento da tramitação de PEC que tenda a abolir cláusula pétrea. Controle judicial repressivo Muitos defendem que o que é considerado como controle judicial preventivo, seria na verdade, repressivo, também feito mediante mandado de segurança (pois se já existe, é repressivo), já que já temos uma norma constitucional, e a norma que está presente no processo, que está sendo violada. Os órgãos de controle verificarão se a lei, ou ato normativo, ou qualquer ato com indiscutível caráter normativo, possuem um vício formal (produzido durante o processo de sua formação), ou se possuem um vício em seu conteúdo, qual seja, um vício material. Mencionados órgãos variam de acordo com o sistema de controle adotado pelo Estado, podendo ser político, jurisdicional ou híbrido. Controle político. Verifica-se em Estados onde o controle é exercido por um órgão distinto dos três poderes, sendo garantidor da supremacia da Constituição (comum em países da Europa e realizado pelas Cortes ou Tribunais Constitucionais). No Brasil, é sustentado que o veto do Executivo a projeto de lei, ocorre por entendê-lo inconstitucional (veto jurídico), bem como a rejeição de PL no CCJ (realizado pelo legislativo). Em questão de parlamentar perder o mandato, não poderá prosseguir com a ação. Controle jurisdicional. Realizado pelo Judiciário, tanto por um único órgão (concentrado – no Brasil pelo STF e pelo TJ) como por qualquer juiz ou tribunal (difuso). Nosso país adotou pelo sistema misto, pois ao ser realizado pelo Judiciário, pode ser tanto de forma concentrada, quanto por qualquer juiz ou tribunal. O controle posterior ou repressivo no Brasil, por regra, é exercido pelo Poder Judiciário, de forma concentrada ou difusamente. Exceções Atuação do Poder Legislativo (art. 49, V – subdivide-se no art. 84, IV, legalidade e art. 68 - e art. 62, CF) e Executivo, assim como a particular atribuição dos ditos órgãos administrativos de controle (TCU, CNJ – não exercem o controle de constitucionalidade propriamente dito). Controle posterior exercido pelo legislativo Na primeira hipótese (art. 49, IV, CF), pode sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (quando o executivo extrapolar seus limites no momento de regular a lei, ele poderá ser afastado pelo legislativo por meio de Decreto Legislativo – acabaria sendo controle de legalidade, por verificar em que medida o decreto regulamentar extrapolou os limites da lei) ou sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dos limites de delegação legislativa (art. 68 – em caso de elaboração de lei delegada pelo PR e extrapolar os limites da aludida resolução, poderá o Congresso, por meio de decreto, sustar o referido ato que exorbitou dos limites da delegação legislativa). Na segunda hipótese, prevista no art. 62 da CF, está relacionada a MP (entra com força de lei). Caso o Congresso a entenda como inconstitucional, o mesmo estará realizando controle de constitucionalidade. Controle posterior realizado pelo executivo Poderá determinar a não aplicação da lei, por entendê- la inconstitucional, de forma que a lei perderá sua eficácia e poderá ser descumprida pelo Chefe do Executivo – discussão por violar o Princípio da Supremacia da Constituição, por estar negando-a. SISTEMAS E VIAS DE CONTROLE Existem sistemas e vias de controle judicial da constitucionalidade, havendo o critério subjetivo / orgânico (difuso ou concentrado) e critério formal (sistema pela via incidental / exceção ao caso concreto – relacionado ao difuso - e sistema pela via principal / em abstrato / direto – relacionado ao concentrado). Quanto ao objeto visado – concreto ou abstrato Controle concreto – relacionado ao controle difuso de constitucionalidade. Objeto principal do processo se prende a um interesse concreto, direto e pessoal de alguém. A alegação de inconstitucionalidade será a causa de pedir processual (visa a obtenção de um benefício particular e concreto, e não a defesa pura e simples da ordem constitucional, a qual é realizada no controle concentrado). Dessa forma, o objeto principal do processo não é declarar a inconstitucionalidade “em tese” do ato normativo, mas a obtenção de uma vantagem material qualquer (exemplo – não pagar mais impostos) e esse controle é feito a partir de um litígio particular (a declaração de inconstitucionalidade da norma jurídica irá produzir efeitos restritos às partes do processo – produz efeito “interpartes”). Podeser pedido pelas partes, MP, de ofício (juiz pode praticar determinados atos independendo do requerimento das partes), pelos tribunais. Acredita ser um processo subjetivo por defender interesses particulares de alguém – fala-se de um caso concreto, em que temos interesses particulares. Controle abstrato – relacionado ao controle concentrado de constitucionalidade. Análise da compatibilidade vertical das ações e omissões normativas perante a Constituição – não se pensa em casos concretos, mas sim na ordem constitucional; temos um processo objetivo. Declara-se a inconstitucionalidade “em tese” da norma jurídica (de forma a autônoma e abstrata, para eliminá- la em definitivo, tirá-la do ordenamento). Não quer proteger interesses particulares, mas declarar a inconstitucionalidade em tese do ato normativo, sendo suscitado de forma autônoma, e ao ser declarada sua inconstitucionalidade, possui efeito “erga omnes”. Quanto ao monopólio – subjetivo ou orgânico Controle difuso (subjetivo – incidental, relacionado a um interesse particular). Em vez de conferir a um único órgão o monopólio da jurisdição constitucional, esse modelo garante a todos os órgãos do Poder Judiciário de competência para verificar a compatibilidade vertical das normas infraconstitucionais – desconcentração; implantado no Brasil em 1891 sob nítida inspiração americana (Marbury VS Madison). Controle concentrado – realizado pelo STF. Reserva de plenário – art. 97, cf Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público – não aplicada à decisão de juízo monocrático de primeira instância. Para garantir maior agilidade aos julgamentos, as controvérsias submetidas aos tribunais são apreciadas por órgãos fracionários (turmas ou sessões – uma parte que compõe cada turma). Se forem causas de extrema relevância, deverá ser direcionado a um órgão pleno / especial (exemplo da declaração de inconstitucionalidade, de forma a garantir uma decisão mais segura, com maior reflexão). Quando o STF já decidiu a questão constitucional, dispensa-se o seu envio ao Plenário ou Órgão Especial. E há eficácia obrigatória dos precedentes firmados em Plenário pelo STF. Assim, uma vez decidida a questão constitucional no Tribunal, as Câmaras ou Turmas não mais podem submeter a arguição de inconstitucionalidade ao Plenário ou ao Órgão Especial. Até porque estes estão proibidos de voltar a tratar da questão constitucional sem que presentes os requisitos hábeis a justificar a revogação de precedentes, como a transformação dos valores sociais ou da concepção geral do direito ou, ainda, erro manifesto. Súmula vinculante 10: afirma que se há a necessidade em afastar uma norma, deve ir para o órgão competente, para de fato declarar sua inconstitucionalidade. Os órgãos administrativos autônomos (CNJ, CNMP, TCU), com a função constitucional de controlar a validade de atos administrativos, esses órgãos não exercem jurisdição, e sim no exercício de suas funções, o afastamento da aplicação de uma lei ou ato normativo, de modo incidental, por entendê-lo como inconstitucional – aplica-se a eles também o art. 97, CF, por analogia. Efeitos de setença Em regra geral, a sentença irá valer somente para as partes. Porém, quando a sentença declara ser a lei inconstitucional (controle difuso realizado incidentalmente), produz efeitos retroativos, tornando-a nula de pleno direito. No controle difuso, via de regra, para as partes os efeitos serão interpartes (limitada às partes do processo – de acordo com o art. 52, X, caso chegue ao STF, o Senado deveria declarar efeito erga omnes. Porém, o STF afirma que já possui efeito com sua decisão, devendo apenas o Senado dar publicidade a ela) ou ex tunc (consagra-se a regra na nulidade – não será sempre retroativo, trazendo a questão da modulação dos efeitos da decisão também no controle difuso, devendo ter 2/3 do STF, que irá decidir se irá restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado). Controle concentrado Seria a análise da compatibilidade vertical das ações e omissões normativas perante a Constituição. Declara-se inconstitucionalidade “em tese” da norma jurídica, para eliminá-la do ordenamento positivo - suscitado de forma autônoma, e não dentro se um caso concreto; declaração produz efeito erga omnes; processo objetivo com a finalidade em resguardar a supremacia da Constituição. Ação direta de inconstitucionalidade genérica. Ação em que não se tem caso concreto, tendo ação voltada unicamente à análise de pedido de inconstitucionalidade, que deve ser feita em abstrato, tendo a sua sentença efeitos erga omnes. Pode ocorrer perante o STF (parâmetro de controle seria a CF) e diante dos Tribunais de Justiça (parâmetro de controle são as Constituições Estaduais). A CF em seu art. 103, afirma quem poderá propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade. Legitimados universais: Presidente da República, mesa do Senado Federal, mesa da Câmara dos Deputados, Procurador-Geral da República. Legitimados especiais (legitimidade para impugnar normas que diretamente afetem suas esferas jurídicas ou de seus filiados): Governador de Estado ou do Distrito Federal, mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O art. 102, I, CF dispõe o que poderá ser objeto de controle de constitucionalidade. Importante ressaltar que não são passíveis de controle as normas constitucionais primárias e sim as secundárias. Caso a lei ou ato normativo estiver em “vacatio legis”, poderá sim ser objeto de controle concentrado. Admite- se, também, a aferição da constitucionalidade de proposta de emenda constitucional antes de sua promulgação. São passíveis de controle de constitucionalidade as leis no sentido do art. 59, CF. Entende-se que a lei anterior à Constituição não pode ser objeto de controle de constitucionalidade (inconstitucionalidade superveniente). Parâmetro de controle: base a partir de que as leis ou os atos normativos são analisados para se chegar à conclusão acerca da sua constitucionalidade - em princípio, seria a Constituição vigente e por consequência, as emendas constitucionais seriam também parâmetros de controle; tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, aprovados por quórum qualificado no Congresso Nacional, são equivalentes às emendas constitucionais. Procedimento. A ação direta de inconstitucionalidade inicia-se mediante a apresentação de petição inicial, que deve ser apresentada em duas vias. Exige-se descrição da norma apontada como inconstitucional e alusão ao preceito constitucional dito violado. TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE Pode ser por ação (positiva – por atuação, trazendo o vício formal, orgânica, formal propriamente dita e por violação a pressupostos objetivos do ato; vício material, associado a conteúdo, vício de decoro parlamentar) ou por omissão (negativa – “silêncio legislativo”). Pode-se também encontrar, em relação a vício formal (decorre de afronta ao devido processo legislativo de formação do ato normativo, dando a ideia de movimento, um processo) e material (víciode conteúdo), a denominação respectiva nomodinâmica (processo, gera ideia de movimento) e nomoestática. A produção da lei exige que seja observado pressupostos para que seja constitucional – CF regula o modo como a lei e outros atos normativos primários (art. 59, CF) devem ser criados, estabelecendo quem têm competência para produzi-los e os requisitos procedimentais que devem ser observados para a sua produção. A inconstitucionalidade formal deriva de defeito na formação do ato normativo, podendo estar na violação de regra de competência ou na desconsideração de requisito procedimental, podendo estar presente na iniciativa, deliberação, votação, sanção / veto promulgação ou publicação (fases do processo legislativo). Inconstitucionalidade formal Orgânica. Está relacionada a competência – quem propôs não era considerado competente (art. 22, CF – compete privativamente a união legislar). Terá vício de competência quando a Assembleia Legislativa Estadual edita norma em matéria da competência da União (por exemplo). Formal propriamente dita. Decorre da inobservância do devido processo legislativo, havendo vício de competência legislativa e no procedimento de elaboração da norma. Há vício formal subjetivo (fase da iniciativa – algumas leis são de iniciativa exclusiva do Presidente da República, sendo o único responsável para dar início ao processo legislativo da referida matéria ; também confere iniciativa privativa a certos temas a determinados órgãos públicos – art. 93, em relação ao STF), objetivo (verificado nas demais fases do processo legislativo, posteriores à fase de iniciativa – exemplo do art. 69, em relação ao quórum de aprovação, caso não alcance esse número), Inconstitucionalidade formal por violação de pressupostos objetivos do ato normativo. Quando o ato é elaborado em desconformidade com as formalidades e procedimentos de índole objetiva estabelecidas pela Constituição para sua existência – exemplo de uma MP que não possui caráter de relevância e urgência. Inconstitucionalidade material Relaciona-se com o conteúdo da lei (não conformação do ato do legislador, em sua substância, com as regras e princípios constitucionais) – liberdade do legislador deve estar em conforme com os limites constitucionais. O vício material (de conteúdo) está contrário com aquilo que está dito na CF, não interessando o processo legislativo – exemplo de lei discriminatória que afronta o princípio da igualdade. Vício de decoro parlamentar Ocorre quando, na votação de determinada matéria, ocorre a situação descrita no art. 55, § 1º, CF (percepção de vantagens indevidas – receber para ser favorável a determinada situação) – questão de compra de votos num processo legislativo de uma emenda constitucional. Nessa situação, não seria a norma que estaria maculada e sim a retidão da atividade parlamentar. Inconstitucionalidade por omissão Em relação a por ação, há uma norma que não se conforma com o texto constitucional (ação visível do legislador). Por inação, se quer dizer falta ou ausência de lei reputada, ainda que não clara e expressamente, essencial para a realização de norma constitucional ou para a satisfação de direito fundamental (violação negativa do texto constitucional – omissão). Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO), seria a ação para tornar efetiva norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos Poderes ou Órgão Administrativo. A inércia de qualquer Poder do Estado não necessariamente deriva de uma conduta estatal omissiva no campo do processo legislativo, uma vez que a omissão inconstitucional pode ser total / absoluta (não há norma) ou parcial / relativa (quando há a norma, mas deixa de fora alguma categoria – descumpre o princípio da igualdade). Estado de coisa inconstitucional: quadro de violação generalizada de direitos fundamentais, devido a falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação irá depender de medidas abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária. Inconstitucionalidade originária e superveniente Originária seria expressada no momento da produção da norma submetida ao controle de constitucionalidade. A superveniente é exteriorizada em momento posterior à produção da norma subjugada ao controle de constitucionalidade, em decorrência de reforma ou mutação constitucional. Se posteriormente, à edição da lei, surge novo texto constitucional, há a possibilidade de indagação se a lei foi revogada ou se a lei permanece constitucional - cogita-se inconstitucionalidade superveniente – aceitar o fato da lei pode ter sua validade aferida em face de CF posterior, com base no princípio da supremacia da Constituição. Inconstitucionalidade total e parcial Total iria afetar toda a norma sujeita ao controle de constitucionalidade – exemplo de regra produzida por órgão incompetente ou procedimento inadequado. Parcial alcança parcela da norma subordinada ao controle de constitucionalidade, sendo possível que o vício atinja parte do texto da alínea – reduz o texto (sem alterar a expressão literal da lei); muitas acreditam que ou todo o texto será inconstitucional ou nada.
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