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Revisão AV1 - Direito Constitucional Avançado - 2020 2

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1 
ATENÇÃO! Normas anteriores à CF de 88 que não se mostraram compatíveis com a Constituição, não 
foram declaradas supervenientemente inconstitucionais. Na verdade, elas não foram recepcionadas. 
 
 
 
 
1. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
Controle de constitucionalidade é o mecanismo de controle (verificação) e garantia da compatibilidade vertical entre as fontes normativas infraconstitucionais 
(normas-objeto) e a Constituição (norma-parâmetro), servindo assim para evitar que surjam atos incompatíveis com a Constituição (controle prévio ou preventivo) ou 
para retirar do ordenamento os que tenham nascido com vício da inconstitucionalidade (controle repressivo). 
 
 
2. HIERARQUIAS DAS NORMAS 
É requisito fundamental para o controle, que a constituição seja rígida e haja a atribuição de competência a um órgão para resolver os problemas de 
constitucionalidade. Logo, para que haja o controle, pressupõe-se que a constituição seja rígida, havendo um escalonamento normativo, ocupando a Constituição o 
grau máximo na relação hierárquica, sendo a norma de validade do sistema. É o princípio da supremacia da constituição, que significa que a Constituição se coloca no 
vértice do sistema jurídico do país, a que confere validade às demais normas. 
No sistema brasileiro, podemos definir nossa hierarquia de normas assim: 
a) Normas Constitucionais: normas da constituição e tratados internacionais do artigo 5º, §3º da CF (tratados de direitos humanos + aprovado por 3/5 dos parlamentares). 
b) Normas supralegais: tratados internacionais anteriores e posteriores à CF, que versam sobre direitos humanos, mas que não foram incorporadas sob o rito descrito 
no artigo 5º, §3º, CF. 
c) Leis ordinárias e complementares. 
d) Atos infralegais: decretos. 
 
3. INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA x SUPERVENIENTE 
Inconstitucionalidade Originária seria a inconstitucionalidade que existe desde quando o seu nascimento. Já a Superveniente, o objeto que originariamente era 
constitucional torna-se inconstitucional em razão da superveniente mudança de parâmetro, em razão de uma emenda. 
 
REVISÃO AV1 – DIREITO CONSTITUCIONAL AVANÇADO 
2020.2 
Yasmim Martins de Magalhães 
 
2 
 
4. NATUREZA DA NORMA INCONSTITUCIONAL: INEXISTENTE, NULA OU ANULÁVEL? 
No Brasil prevalece a ideia de que a decisão sobre a constitucionalidade ou não de um determinado ato normativo é de natureza declaratória, com efeitos ex tunc 
(invalidade desde o nascimento da norma). Portanto, adotamos o sistema norte-americano de nulidade absoluta da norma (declaração) inconstitucional, mas também 
temos em algumas situações a mitigação dessa nulidade em razão da necessidade da observância do princípio da segurança jurídica e da boa-fé, entrando em cena a tal 
da modulação dos efeitos. 
 
 
5. ESPÉCIES DE CONSTITUCIONALIDADE 
5.1. POR AÇÃO: Pela edição (atuação) de leis ou atos normativos incompatíveis, no sistema vertical de normas, com a Constituição. Conduta positiva do 
legislador, que não se compatibiliza com os princípios. 
5.1.1 Vício Formal (Nomodinâmico – na dinâmica do processo de formação): É o vício no processo de formação da lei ou ato normativo infraconstitucional. 
 
5.1.1.1 Inconstitucionalidade formal orgânica: Decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato. O órgão editor é 
incompetente. Ex: município edita norma sobre trânsito (competência da União). 
5.1.1.2 Inconstitucionalidade formal propriamente dita: Decorre da inobservância do devido processo legislativo, que pode ser verificada em dois 
momentos, na fase de iniciativa – vício subjetivo ou nas demais fases posteriores – vício objetivo (nas hipóteses em que não se observam determinadas 
formalidades, como o quórum de votação, o princípio do bicameralismo federativo, previstas no processo de elaboração da norma em questão). 
5.1.1.3 Inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato: Decorre da inobservância de certos elementos, tradicionalmente, 
não pertencentes ao processo legislativo, contudo, determinantes de competência, daí serem pressupostos, dos órgãos legislativos em relação a 
determinadas matérias; exemplos: deixar de fazer a consulta prévia do art. 18, § 4º, da CF: “A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 
Municípios far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, 
às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.” 
 
5.1.2 Vício Material (Nomoestático – estático porque o processo de formação da norma já está acabado): É o vício no conteúdo da lei ou ato normativo, 
que se mostra incompatível, substancialmente, com uma regra ou um princípio da Constituição (lei de crimes hediondos vedava a progressão de regime em abstrato). 
5.1.3 Vício de Decoro Parlamentar (Lenza): É o vício no motivo ilícito que ensejou a votação de um parlamentar em um determinado sentido (esquema de 
compra de votos). Segundo Lenza, trata-se de inconstitucionalidade, pois há uma mácula na essência do voto e no conceito de representatividade popular. 
 
 
5.2 POR OMISSÃO: Decorrente da inércia do legislador ordinário na regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada. Essa omissão deve 
ser um descumprimento de um mandamento constitucional no sentido de que o Poder Público atue positivamente, criando uma norma legal, e não uma mera 
omissão. 
3 
OBS: Na ADI 3682/MT o STF fixou o prazo de 18 meses para o Congresso Nacional editar a lei 
complementar a que se refere o art. 18, § 4o, da CF/88, mas no final das contas, nem assim adiantou. 
ATENÇÃO! O STF, à luz do princípio da segurança jurídica, da confiança, da ética jurídica, da boa-fé, todos constitucionalizados, 
em verdadeira ponderação de valores, vem também mitigando os efeitos da decisão que reconhece a inconstitucionalidade em 
Outrossim, tem a finalidade de conceder plena eficácia às normas constitucionais que dependam de complementação infraconstitucional (normas constitucionais 
de eficácia limitada). Visa a combater a “síndrome de inefetividade das normas constitucionais”. 
Em respeito à tripartição dos poderes a decisão proferida terá caráter mandamental, constituindo em mora o poder competente para a edição do ato (declaração 
de mora legislativa). Enfim, declarada a omissão inconstitucional pelo STF, será dada ciência ao legislativo, não podendo, obviamente, este ser forçado a legislar pelo 
Judiciário. 
 
 
6. SISTEMA AUSTRÍACO VS SISTEMA NORTE-AMERICANO 
 
 
Em nosso sistema, quando declaramos uma norma inconstitucional, ela possui efeitos ex tunc, de nulidade, afetando a validade da norma, como se nunca tivesse 
existido. Trata-se, portanto, de ato declaratório que reconhece um vício pretérito, “congênito”, de modo que a norma é nula desde seu nascimento, quando comparado 
com o “bloco de constitucionalidade” – paradigma de controle. 
Esse é o sistema norte-americano (teoria da nulidade), cuja lei inconstitucional, porque contrária a uma norma superior, é considerado absolutamente nula, e por 
isto, ineficaz, declarando-se assim (preexistente) a nulidade da lei inconstitucional. Por outro lado, Kelsen, precursor do sistema austríaco, defende a teoria da 
anulabilidade da norma inconstitucional, sendo que esta anulabilidade atinge o plano de eficácia, com efeitos ex nunc. 
 
 
7. MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA NULIDADE NO CONTROLE CONCENTRADO (ART. 27 DA LEI Nº 9.868/99 E ART. 11 DA LEI Nº 9.882/99) 
 
 
Como dito acima, o sistema austríaco traz em sua raiz a possibilidade de dizer o momento inicial em que a norma será considerada como nula. No sistema brasileiro 
isso pode ocorrer, estando inclusive positivada tal hipótese; trata-se da modulação dos efeitos da decisão do controle de constitucionalidade. Conforme o artigo 27 da 
Lei 9.868/99, ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo,e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o 
STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de 
outro momento que venha a ser fixado. O mesmo texto está escrito no artigo 11 da Lei 9.882/99, que trata sobre ADPF. 
Portanto, a modulação acaba sendo uma herança do modelo austríaco, para fins de uma melhor adequação do controle de constitucionalidade, assegurando-se 
outros valores, como interesse social, segurança jurídica e a boa-fé. 
 
contrariando cláusula pétrea e o processo legislativo constitucional, caberia um mandado de segurança impetrado por um deputado federal.) 
4 
 
 
 
8. PARÂMETRO OU NORMA DE REFERÊNCIA 
Parâmetro é a norma modelo, com status constitucional, com base na qual será realizado o controle de constitucionalidade. Sendo assim, toda Constituição serve 
como parâmetro, inclusive os princípios implícitos. 
 
 
9. BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE 
Trata-se de expressão utilizada para se referir a todas as normas do ordenamento jurídico que tem status constitucional. Em nosso ordenamento, o STF utiliza tal 
termo para se referir às normas de referência: toda a Constituição + tratados do art. 5º, §3º, CF. 
Atenção! Poder Constituinte Derivado: poder de reforma, poder de revisão, poder decorrente. Esse poder de reforma é limitado pelas cláusulas pétreas do artigo 
60, §4º da CF (forma federativa de Estado; direitos e garantias individuais; voto direto, periódico, secreto e universal; separação dos Poderes) que impedem a redução 
dos valores da Constituição. 
A propósito, a inconstitucionalidade de emendas constitucionais decorre de: afronta ao processo de reforma (formal) ou à constituição propriamente dita (material) 
e, ainda, por afronta às cláusulas pétreas. Ademais, é importante dizer que não há possibilidade de existir norma constitucional originária inconstitucional, uma vez 
que o Poder Constituinte Originário é juridicamente ilimitado, de modo que tudo o que for criado na constituição originária, é constitucional. Apenas normas frutos do 
poder de reforma (emendas constitucionais), podem ser declaradas inconstitucionais. 
 
 
10. MOMENTOS E FORMAS DO CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE 
 
 
- Controle prévio ou preventivo: Realizado sobre projetos de lei, durante o seu processo legislativo de formação, antes de adentrar no ordenamento jurídico. 
a) Pelo Legislativo: Através das comissões de constituição e justiça, existentes na Câmara dos Deputados, bem como no Senado Federal. Também o plenário 
ou as comissões das referidas casas poderão verificar a inconstitucionalidade do projeto de lei, seja durante as votações do próprio projeto em questão ou não. 
b) Pelo Executivo: Através do veto jurídico do Chefe do Poder Executivo. O veto jurídico é o que declara a inconstitucionalidade da norma. 
c) Pelo Judiciário: Através do julgamento, no caso concreto, de defesa de direito público subjetivo, pertencente apenas aos parlamentares, de participar de um 
processo legislativo hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de deliberação expressamente contidas na Constituição. (Ex.: emenda 
controle difuso, preservando-se situações pretéritas consolidadas com base na lei objeto do controle (RE 522897/RN, julgado em 
16/3/2017 - Info 857). 
5 
Atenção com as seguintes situações: 
1ª situação: Art. 49, V, da CF - Competência exclusiva do Congresso Nacional para sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do 
poder regulamentar (poder normativo) ou dos limites de delegação legislativa (lei delegada). 
2ª situação: As medidas provisórias têm força de lei, de modo que são editadas e entram em vigor sem análise do Congresso Nacional. Posteriormente, 
são submetidas à análise do Poder Legislativo, que pode realizar o controle de constitucionalidade. 
 
- Controle posterior ou repressivo: Realizado sobre lei ou ato normativo já vigentes, a fim de se averiguar a presença de vício formal e/ou material. 
 
 
- Controle Político: seria exercido por um órgão não participante dos três poderes. Não temos no Brasil. 
 
 
- Controle Jurisdicional: é o exercido através do Poder Judiciário, na análise do controle concentrado e difuso de constitucionalidade. O Brasil adotou um sistema 
jurisdicional misto, de modo que pode ser realizado de forma concentrada e de forma difusa. 
 
 
 
 
11. CONTROLE POSTERIOR PELO EXECUTIVO: POSSIBILIDADE DE DEIXAR DE APLICAR LEI INCONSTITUCIONAL 
Pedro Lenza defende a possibilidade de descumprimento da lei inconstitucional pelo Chefe do Executivo. No mesmo sentido, nossos tribunais superiores, entendem 
que os Chefes do Executivo podem tão somente determinar aos seus órgãos subordinados que deixem de aplicar administrativamente as leis ou atos com força de lei 
que considerem inconstitucionais. 
 
 
12. TIPOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
 
- Quanto ao momento, o controle pode ser: 
a) PREVENTIVO: controle que é feito antes do ingresso da norma no ordenamento jurídico, ou seja, antes da sua vigência. 
b) REPRESSIVO: controle feito quando a norma já esteja no mundo jurídico. 
6 
- Quanto critério subjetivo ou orgânico, o controle pode ser: 
a) DIFUSO: é o controle feito por qualquer juiz; 
b) CONCENTRADO: é o controle feito somente por corte específica; 
 
 
- Quanto ao critério formal, o controle pode ser: 
a) CONCRETO ou INCIDENTAL: ocorre no caso concreto entre as partes; 
b) ABSTRATO ou PRINCIPAL: ocorre no caso de controle realizado abstratamente sobre a lei, independentemente, de um caso concreto. 
 
 
Mesclando as classificações, verifica-se que, por regra, o sistema difuso é exercido pela via incidental, e o sistema concentrado é exercido pela via principal. 
 
 
13. EFEITOS DA DECISÃO 
 
 
a) CONTROLE DIFUSO: o efeito, em regra, é inter partes. Por que em regra? Porque recentemente o STF decidiu pela possibilidade de atribuição de efeito 
erga omnes e vinculante às decisões de controle concreto, entendendo pela mutação constitucional do artigo 52, X, da Constituição, de modo que a 
comunicação ao Senado seria meramente para fins de publicidade, e não para atribuir o efeito erga omnes e vinculante à decisão. 
Vejam que interessante: “Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em sede de controle difuso, essa 
decisão, assim como acontece no controle abstrato, também poderia produzir eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. Trata-se da teoria da abstrativização do 
controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa 
decisão teria os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Enfim, estaríamos assim diante de uma mutação constitucional do 
art. 52, X, da CF/88, de modo que o STF ao declarar uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já teria efeito vinculante e erga omnes e 
o STF apenas procede a comunicação ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido”. STF. Plenário. ADI 
3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886). 
Esse entendimento é majoritário? Não! Por enquanto (julho de 2020) tal entendimento não se consolidou! Enfim, continua valendo o entendimento tradicional: 
Controle concreto: eficácia inter partes. Controle abstrato: eficácia erga omnes e efeito vinculante. 
Inter partes – efeito entre as partes. Erga omnes – efeito para todos. 
7 
- ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), que pode ser por Ação (simplesmente ADI) ou por Omissão (ADO); 
- ADC (Ação Direita de Constitucionalidade); 
- ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental). 
b) CONTROLE ABSTRATO: o efeito é erga omnes e vinculante. Aplica-se à ADI/ADC/ADPF.Efeito vinculante: introduzido pela EC 3/93, que criou a ADC, e depois estendido a todas as ações. Quando a Constituição trata dos efeitos vinculantes, a Constituição 
define quais órgãos ficarão vinculados à decisão. 
 
 
 
 
Estão sujeitos ao Poder vinculante: 
- Todo o Poder Judiciário, salvo o plenário do STF; 
- Os órgãos fracionários ficam vinculados, não podendo ir de encontro à decisão do Plenário; 
- Todo o Poder Executivo, incluindo o chefe do Executivo e a Administração Pública Direta e Indireta. 
 
 
Não estão sujeitos ao Poder Vinculante: 
- O Plenário do STF, para evitar a fossilização da Constituição; 
- Poder Legislativo (função típica), para evitar a fossilização da Constituição; 
- Não vincula os particulares diretamente. 
 
 
14. EFEITO TEMPORAL – EX TUNC 
Tendo em vista a adoção da teoria norte-americana das nulidades das leis e atos declarados inconstitucionais... Segundo STF eles são NULOS (já nasceram viciados 
e não poderiam produzir efeitos no ordenamento). 
 
Assim, a regra é que a decisão de inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc, tanto no controle difuso quanto no controle concentrado. Mas não podemos perder 
de vista que esta regra é mitigada nos casos de modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. 
8 
Obs: Essa é a diferença que se deve ter em mente no caso das Ações 
Civis Públicas – pode haver reconhecimento de 
inconstitucionalidade em sede de ACP, desde que tal declaração 
 
15. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO 
 
Conforme o artigo 27 da Lei 9.868/99, ao declarar inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de SEGURANÇA JURÍDICA ou de 
EXCEPCIONAL INTERESSE SOCIAL, poderá o STF, por maioria de 2/3 de seus membros, restringir os efeitos daquela decisão ou decidir que ela só tenha eficácia 
a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
 
Tal modulação só possui previsão legal para o controle concentrado, entretanto, o STF vem a aplicando em sede de controle difuso, tendo como corolário os 
princípios da boa-fé e segurança jurídica. 
 
16. CONTROLE DIFUSO (INCIDENTAL, PELA VIA DE EXCEÇÃO OU CONCRETO) 
Origem histórica: Marbury X Madison 
John Adams, presidente dos EUA, foi derrotado na eleição presidencial por Thomas Jefferson. Assim, antes de ser sucedido, Adams nomeou diversas pessoas 
ligadas ao seu governo para o cargo de juiz federal, entre elas, Marbury. Contudo, ao assumir o governo, Jefferson nomeou Madison como seu Secretário de Estado 
que acabou não efetivando a nomeação de Marbury. Por essa razão, impetrou writ of mandamus em face de Madison, a fim de buscar a sua nomeação. Na ocasião a 
Suprema Corte entendeu que: qualquer lei incompatível com a Constituição é nula e que os tribunais e os demais departamentos são vinculados a ela. Decidiu que 
“havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição por ser hierarquicamente superior.” 
 
Enfim, no Brasil, tal espécie de controle encontra-se prevista desde a Constituição de 1891. É realizado por qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, 
observadas as regras de competência. A declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei se dá de forma incidental, uma vez que diz respeito tão- 
somente à causa de pedir (fundamento) da demanda, daí porque é chamado também, sob o critério formal, de controle pela via de exceção ou defesa. Portanto, a 
inconstitucionalidade, aqui, não será o pedido principal, mas tão somente a causa do pedido principal. Assim, no controle difuso, pede-se algo ao juízo, fundamentando- 
se na inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ou seja, a alegação de inconstitucionalidade será a causa de pedir processual. Ex: no Governo Collor, os 
interessados pediam o desbloqueio dos cruzados das contas poupança alegando a inconstitucionalidade do ato que determinou o bloqueio. O pedido é o desbloqueio, a 
causa de pedir é a inconstitucionalidade do ato. Portanto, no controle difuso, a arguição de inconstitucionalidade se dá de modo incidental, constituindo questão 
prejudicial. 
 
No controle concentrado (ADI genérica), por sua vez, a declaração se implementa de modo principal, constituindo o objeto do julgamento. Esse controle pode ser 
feito por meio de qualquer espécie de ação, devendo o juiz, no caso concreto, verificar a constitucionalidade /inconstitucionalidade arguida como causa de pedir. 
 
9 
 
 
Importante mencionar que a questão de constitucionalidade pode ser suscitada pelas partes, pelo Ministério Público e pelo Juiz ou tribunal, ex officio. No tribunal, 
em respeito à regra do artigo 97 da Constituição Federal, a inconstitucionalidade só pode ser declarada por voto da maioria absoluta de seus membros ou do órgão 
especial. No STF, a regra é que o controle de constitucionalidade seja feito por via dos Recursos Extraordinários. 
 
17. CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS – CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO – FULL BENCH (BANCO CHEIO). ART. 97 DA 
CF/88 
 
Os órgãos fracionários (câmaras ou turmas), verificada a existência de questionamento incidental sobre a constitucionalidade de lei ou ato normativo, caso a 
acolham, devem suscitar questão de ordem e remeter a sua análise ao pleno ou órgão especial daquele respectivo tribunal. É o que determina o artigo 97 da Constituição 
Federal. Vejamos: 
 
Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros (Plenário) ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Por sua vez, o Art. 948 do CPC estabelece que: “Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade 
de lei ou ato normativo do Poder Público, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara a qual competir o conhecimento do 
Processo.” Trata-se de verdadeira condição de eficácia jurídica, imprescindível à declaração de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público em controle difuso. É 
o pleno ou o órgão especial que definem. 
 
Contudo, já havendo decisão do pleno ou do órgão especial do respectivo tribunal, ou ainda do plenário do Supremo Tribunal Federal, poderá haver dispensa do 
procedimento incidental previsto no art. 97 da CF, por questão de racionalidade, bem como em razão do princípio da celeridade e da segurança jurídica. Assim, na 
primeira análise da matéria sempre será necessário o pronunciamento do pleno do Tribunal. 
 
A propósito, o artigo 949 do CPC dispõe: Se a arguição for: I - rejeitada, prosseguirá o julgamento; II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal 
ou ao seu órgão especial, onde houver. Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de 
inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. 
 
Súmula Vinculante nº 10 
Súmula Vinculante nº 10: Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. 
Percebam que essa súmula foi editada para evitar a declaração de inconstitucionalidade escamoteada. Por meio dessa súmula, o tribunal, mesmo que não declare 
expressamente a inconstitucionalidade de uma norma, deverá observar a reserva de plenário, se afastar sua aplicação no todo ou em parte. 
 
Nesse sentido, Marcelo Novelino leciona: A exigência, conhecida como cláusula de reserva de plenário, deve ser observada não apenas no controle difuso, mas 
também no concentrado, sendo que neste a Lei n. 9.868/99 exigiu o quorum de maioria absoluta também para a hipótese de declaração de constitucionalidade”. 
seja CAUSA DE PEDIR e não pedido da ação (isso para evitar que 
a ACP seja utilizada como sucedâneo de ADI). 
10 
Obs: A regra é que a decisão proferida emcontrole difuso não atinja terceiros. 
Entretanto, excepcionalmente, poderão os efeitos de sua decisão atingir terceiros, 
sendo erga omnes, caso o Senado suspenda, através de edição de resolução, no todo 
ou em parte, a execução da lei, declarada inconstitucional, de maneira incidental, 
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, inciso X, da CF). 
18. EFEITOS DA DECISÃO 
 
Em regra, a decisão, no controle difuso, é inter partes e ex tunc (efeitos retroativos desde a edição da lei), uma vez que a lei em discussão se torna nula somente 
para as partes em litígio, em razão de sua não aplicação no caso concreto. Contudo, como já dito antes, em determinados casos, o STF já tem entendido que os efeitos 
da declaração de inconstitucionalidade, por questões de razoabilidade e atendido o princípio da proporcionalidade, podem ser mitigados, sendo ex nunc (art. 27 da lei 
9868/99). 
 
 
19. PAPEL DO SENADO NO CONTROLE INCIDENTAL 
 
O instituto hoje previsto no art. 52, X, surgiu para suprir a falta do stare decisis no Brasil (é o stare decisis que empresta eficácia vinculante às decisões 
proferidas pelas Cortes Superiores no direito norte-americano). 
Entretanto, devemos lembrar que com o NCPC, passamos para o sistema stare decisis, através da vinculação dos precedentes. No contexto da CF/88 (que previu 
no controle abstrato múltiplas ações com eficácia erga omnes – o que antes não havia, além da amplitude conferida ao controle abstrato de normas e da possibilidade 
de que se suspenda, liminarmente, a eficácia de leis ou atos normativos com eficácia geral), faz-se necessária uma releitura do papel do Senado, à luz da força normativa 
da CF e do papel do STF, para corrigir essa incoerência. Até porque, se o STF pode, em uma ADI, suspender, liminarmente, a eficácia de uma lei, até mesmo de uma 
emenda constitucional, por que haveria a declaração de inconstitucionalidade, proferida no controle incidental, valer tão-somente para as partes? Entendem alguns 
ministros, portanto, que teria ocorrido a chamada mutação constitucional sobre o art. 52 X da CF. Seria o que se convencionou de abstrativização do controle difuso 
de constitucionalidade, com base na força normativa da constituição e na teoria da transcendência dos motivos determinantes que imporiam o necessário respeito dos 
órgãos, entes e cidadãos subordinados ao dispositivo e às razões de decidir (quando essenciais no decisum) do posicionamento do STF, independente de se tratar de 
controle difuso ou concentrado. Essa tese, como já dito anteriormente, ainda não é pacífica e majoritária, mas recentemente o STF aplicou no julgamento do amianto 
tal entendimento, tão somente quanto ao artigo 52, X, da CF. Vejamos: Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, 
em sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato, também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher 
a teoria da abstrativização do controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda 
que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Houve mutação constitucional do art. 
52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte: quando o STF declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito 
vinculante e erga omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi decidido. STF. Plenário. 
ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886). 
11 
20. CONTROLE DIFUSO EM SEDE DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública, se a controvérsia constitucional se identificar como mera questão prejudicial (incidental), 
indispensável à resolução do litígio do objeto principal, que deve ser uma específica e concreta relação jurídica, ocasião na qual os seus efeitos se restringirão inter 
partes. Sendo assim, a ação civil pública não pode ser ajuizada como sucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade, pois, em caso de produção de efeitos erga 
omnes, estar-se-ia usurpando competência do STF, com a provocação de verdadeiro controle concentrado de constitucionalidade. O problema decorre da norma 
do art. 16 da Lei nº 7347 de 1985 (ACP) que estabelece que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes, ainda que nos limites da competência territorial do órgão 
prolator, o que evidencia que os efeitos ultrapassam as partes envolvidas no litígio, até porque tratam de interesses transindividuais. Mesmo que a ação civil pública 
tenha efeitos erga omnes (pedido), a declaração de inconstitucionalidade incidental não terá o mesmo efeito, pois realizada de modo difuso. O pedido na ACP é de 
efeitos concretos, e a inconstitucionalidade é apenas a causa de pedir, sendo seu efeito inter partes. Em suma: É legítima a utilização da ação civil pública como 
instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não 
se identifique como objeto único da demanda, mas simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. RE 424993/DF. 
 
 
21. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE CONCENTRADO/ABSTRATO 
 
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde 
que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. Julgado em 01/02/2017 (repercussão geral). Nesse caso, ocorre assim: o PGJ entra com 
uma ADI contra uma lei municipal, tendo como norma paradigma uma norma da Constituição Estadual que é uma norma de observância obrigatória em relação a C.E. 
Nesse caso, julgada a ADI pelo Pleno do TJ, caberá ainda Recurso Extraordinário ao STF. Percebam que o STF, através de Recurso Extraordinário, no final das contas 
de certa forma irá realizar um controle “concentrado/abstrato” do caso, OK? E “concreto” em relação àquela situação que o ente federativo discute. 
 
22. CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
A análise de controle de constitucionalidade é realizada em tribunais específicos. No caso de normas federais/estaduais/municipais que atentem contra a 
Constituição, haverá uma ação concentrada específica, que será julgada diretamente no STF. 
 
Por outro lado, na esfera Estadual, Os TJs são os responsáveis pela guarda da Constituição Estadual, de modo que julgarão as ações concentradas quando a lei 
estadual/municipal afrontar a Constituição do Estado. Portanto, dizemos “concentrado” por se concentrar em um único tribunal. Temos cinco espécies de controle 
concentrado: ADI, ADC, ADPF, ADO e ADI-Interventiva. 
 
No que toca à causa de pedir, em sede de controle abstrato esta é aberta, de modo que o STF pode utilizar quaisquer argumentos ou parâmetro constitucional para 
analisar o pedido, não ficando o STF adstrito ao parâmetro invocado pelos requerentes. Ademais, tendo em vista se tratar de um processo objetivo (que não envolve 
partes), e não um processo subjetivo, não se aplicam alguns princípios, como contraditório, ampla defesa, duplo grau de jurisdição, etc. 
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ADI (ação direta de inconstitucionalidade) GENÉRICA 
 
 
Conceito: Tem por objeto principal a própria declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em tese, marcado pela generalidade, impessoalidade 
e abstração. Não está a se falar, aqui, de atos de efeitos concretos. 
Objeto: 
Podem ser controladas por ADI 
A) Leis (art. 59 da CF): todas as espécies normativas, quais sejam: emendas constitucionais (por emanarem do poder constituinte derivado reformador), 
leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias (porterem força de lei, mas desde que em plena vigência, ou seja, não 
convertidas ainda em lei ou não tendo perdido a sua eficácia por decurso de prazo), decretos legislativos e resoluções (esses dois últimos somente se 
estiverem revestidos de generalidade e abstração), Leis orçamentárias. No STF: As leis controladas podem ser FEDERAIS e ESTADUAIS. Municipais 
NÃO! 
 
B) Atos normativos: atos revestidos de indiscutível caráter normativo; exemplos: Decreto Autônomo — (art. 84, VI, CF); Resolução do Conselho Nacional 
de Justiça; Resolução do TSE; Resoluções do Conselho Internacional de Preços. Atenção! Também estão submetidas ao controle! 
 
C) Medidas provisórias - (os requisitos da relevância e urgência somente podem ser apreciados em casos excepcionais [ADI 2.213]). As medidas 
provisórias para abertura de créditos orçamentários extraordinários podem ser objeto de controle concentrado quanto aos requisitos da imprevisibilidade 
e urgência (art. 62, c/c art. 167, §3º), na forma do decidido pelo STF na ADI 4.048-MC), vez que diferem dos requisitos de uma MP genérica. 
 
D) Tratados internacionais (qualquer deles): 
 
- Tratados internacionais sobre direitos humanos e aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos de seus respectivos 
membros (art. 5, § 3º, da CF) equivalem a emendas constitucionais e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade. 
- Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior à EC 45/2004 têm natureza supralegal (porém infraconstitucional) e, 
portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade (RE 466.343, 03 de dezembro de 2008). 
 
- Tratados internacionais de natureza diversa equivalem a meras leis ordinárias e podem, portanto, ser objeto de controle de constitucionalidade. 
Atenção! Não podem ser controladas por ADI 
Súmulas: por não possuírem grau de normatividade qualificada pela generalidade e abstração (não são leis), mesmo no caso 
de súmula vinculante. No caso de SV, há procedimento de revisão, na forma da Lei nº 11.417/2006. 
13 
 
 
Competência 
- Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF: Competência do STF 
- Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da CE: Competência do TJ local. 
 
Observe-se que, na hipótese de tramitação simultânea de ações, uma buscando declarar a inconstitucionalidade de lei estadual perante o STF (confronto em 
face da CF) e outra perante o TJ local (confronto em face da CE), tratando-se de norma repetida da CF na CE, dever-se-á suspender o curso da ação proposta no TJ 
local até o julgamento final da ação intentada perante o STF. 
 
- Lei ou ato normativo municipal em face da CF: Não há controle concentrado por ADI, por falta de previsão legal, havendo a possibilidade de controle 
difuso através de recurso extraordinário. Há, ainda, a possibilidade do ajuizamento de ADPF. 
 
Lembre-se, contudo, de que, em caso de haver repetição de norma da CF pela CE, apesar de incabível o controle de constitucionalidade perante o STF, será 
perfeitamente possível perante o TJ local, confrontando-se a lei municipal em face da CE que repetiu norma da CF. Nesse caso, há a possibilidade da utilização do 
Recurso Extraordinário ao STF (repetição obrigatória). 
 
Legitimidade 
Consoante o artigo 103 da Constituição Federal, são legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade perante o STF, para se questionar a 
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual em face da própria CF, os seguintes: 
 
Rol taxativo – numerus clausus 
 
- Presidente da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória) 
- Mesa do Senado Federal (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória) 
- Mesa da Câmara dos Deputados (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória) 
Obs: Não cabe ADPF: A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada para se obter a 
interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante. (ADPF 147-AgR, julgamento em 24-3- 2011, Plenário). Não 
obstante toda a controvérsia, boa parte da doutrina inclui os regulamentos ou decretos regulamentares expedidos pelo 
Executivo e demais atos normativos secundários: por não estarem revestidos de autonomia jurídica. Trata-se, no caso, de 
questão de legalidade, por inobservância do dever jurídico de subordinação normativa à lei, ou seja, caso o decreto não esteja 
coerente com o sistema (extrapolar a lei), ele não será considerado inconstitucional, mas sim, ilegal. Como já dito antes, 
também não cabe ADI para impugnar Lei municipal. 
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Atenção! Presidente, Mesa do Senado, Mesa da Câmara, PGR, Conselho Federal da OAB são legitimados universais. Já a Mesa da Assembleia Legislativa e 
Câmara Legislativa do DF, Governador e as confederações e as entidades de classe de âmbito nacional são considerados legitimados especiais, exigindo-se 
destes demonstração do interesse de agir/pertinência temática para propositura de ADI. 
Obs: O STF considera manifestamente improcedente a ação direta de constitucionalidade que versar sobre norma cuja constitucionalidade já tenha sido 
expressamente declarada pelo Plenário da Corte, mesmo que em recurso extraordinário. 
- Mesa das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Legitimação Especial, na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou 
seja, o seu interesse na propositura da ação relacionado a sua finalidade institucional, e Capacidade Postulatória) 
– Governadores de Estado ou do Distrito Federal (Legitimação Especial, pertinência temática) 
- Procurador-Geral da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória) 
- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória) 
- Partido Político com representação no Congresso Nacional (Legitimação Ativa Universal – necessita de advogado) 
- Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional (Legitimação Especial, na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse 
na propositura da ação relacionado a sua finalidade institucional). 
 
 
Procedimento 
 
Encontra-se previsto nos §§ 1° e 2° do artigo 103 da CF, nos artigos 169 a 178 do RISTF, bem como na Lei n° 9.868/99. 
 
Petição inicial inepta: se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado, ou não for fundamentada ou for 
manifestamente improcedente, poderá o relator indeferi-la liminarmente, cabendo, no entanto, contra tal decisão recurso de agravo. 
 
 
Não sendo o caso de indeferimento liminar, regra geral, o relator pede informações aos órgãos ou às entidades das quais se emanou a lei ou o ato normativo 
impugnado, as quais deverão prestá-las no prazo de 30 dias, a contar do recebimento do pedido. Pode o relator, ainda, sendo relevante, solicitar a manifestação de 
outros órgãos ou entidades. 
Após as informações, são ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que devem se manifestar, cada qual, no prazo 
de 15 dias. 
 
A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF (mínimo de 6), observado ainda o quórum necessário 
para a instalação da sessão de julgamento (mínimo de 8). Artigos 22 e 23 da Lei n° 9.868/99. 
 
- QUORUM INSTALAÇÃO = 8 MINISTROS 
- QUORUM DELIBERAÇÃO = 6 MINISTROS 
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Ressalte-se ainda que sobre o controle de constitucionalidade não recai qualquer prazo prescricional ou decadencial, uma vez que atos inconstitucionais jamais se 
convalidam pelo mero decurso do tempo. 
 
Medida Cautelar 
 
Medida cautelar na ADI: será concedida, salvo no período de recesso, por decisão da maioria absoluta dos membros do STF, observado o quórum mínimo para a 
sua instalação, após a audiência, exceto nos casos de excepcional urgência, dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado,que se 
pronunciarão no prazo de 10 dias. Se o relator ainda julgar indispensável, serão ouvidos o AGU e o PGR, no prazo de 5 dias cada. Artigo 10, caput e §§, da Lei nº 
9.868/99. E ainda é facultada a sustentação oral aos representantes judiciais da parte requerente e dos órgãos ou autoridades responsáveis pela expedição do ato, na 
forma estabelecida pelo Regimento Interno do STF. 
 
23. A FIGURA DO AMICUS CURIAE EM ADI E DEMAIS AÇÕES 
 
Regra geral, é vedada a intervenção ordinária de terceiros nos processos de ação direta de inconstitucionalidade, conforme disposto no caput do artigo 7º da Lei 
9.868/99. Contudo, excepcionalmente, poderá o relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, admitir a manifestação de outros 
órgãos ou entidades, nos termos do § 2º do artigo 7º da Lei nº 9.868/99 (amicus curiae). 
 
Obs: Não obstante o § 2º do artigo 18 da Lei nº 9.868/99 ter sido vetado, admite-se ainda a figura do amicus curiae na ação declaratória de constitucionalidade (ADC), 
com as ressalvas já apresentadas. ADO, ADPF também! 
 
24. EFEITOS DA DECISÃO DEFINITIVA NA ADI 
 
A ação em comento possui caráter dúplice ou ambivalente, nos termos do artigo 24 da Lei nº 9.868/99, segundo o qual, in verbis: “Proclamada a 
constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a 
ação direta ou improcedente eventual ação declaratória.” Assim, uma ADI julgada improcedente é exatamente a mesma coisa que uma ADC julgada procedente. Se 
propostas duas ações, uma ADI e uma ADC, tendo por objeto a mesma lei, estas serão reunidas no STF para fins de julgamento simultâneo. Isso é o caráter dúplice, 
ambivalente ou ações de sinais trocados. 
Regra geral, a decisão proferida na ADI possui os seguintes efeitos: 
- Erga omnes: contra todos. 
- Ex tunc: declaratórios retroativos, tratando-se de ato NULO. 
- Efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Judiciário e à Administração de todos os entes políticos (Obs: não vincula o Poder Legislativo quanto ao 
desempenho de sua atividade legiferante, sob pena de fossilização constitucional); 
 
Contudo, excepcionalmente, por motivos de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por manifestação qualificada de 2/3 de seus 
membros (8 Ministros), declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo sem a pronúncia de sua nulidade, restringindo os efeitos da referida declaração ou 
16 
Obs: Quando o ato que se alega ter desrespeitado a decisão do Supremo Tribunal Federal for judicial, não poderá a ação que discute o ato já ter transitado 
em julgado – pois seria usada como sucedâneo de ação rescisória. 
decidindo que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, ou seja, atribuindo-lhe efeito ex nunc, nos termos 
do artigo 27 da Lei nº 9.868/99. 
 
- Quorum para modulação de efeitos = 2/3 
 
25. EFEITOS DA DECISÃO QUANDO HÁ MODULAÇÃO: SÓ A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO. 
 
Efeito Repristinatório 
 
A declaração de inconstitucionalidade que tenha “revogado” outro ato normativo provoca o restabelecimento do ato normativo anterior que tenha revogado, 
quando a decisão tiver efeito retroativo. Se uma lei é nula, ela nunca teve eficácia. Se nunca teve eficácia, nunca revogou nenhuma norma. Se essa norma nunca foi 
revogada, ela continua tendo eficácia. Atenção: isso é só em ADI, ok? Porque repristinação de lei é vedado no ordenamento pela LINDB (art. 2, §3º). Entretanto, se há 
modulação dos efeitos, significa que o STF manteve vigente a lei objeto de ADI, ainda que por certo período, de modo que a lei anterior continuará a reger as relações 
jurídicas à época de sua vigência, uma vez que o STF, através da modulação dos efeitos, fez com que a norma impugnada mantivesse seus efeitos durante determinado 
período, não havendo, portanto, sua anulação. A anulação é a condição para que a norma anterior volte a viger. 
 
Reclamação Constitucional 
 
Tem por finalidade garantir a autoridade da decisão proferida, em sede de ação direta de inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal (serve também 
para reafirmar a competência da Corte) e observância de súmulas vinculantes. 
 
 
A natureza jurídica da reclamação é bastante controvertida... uns falam que se trata de ação, outros recursos, outros tratam como medida processual de caráter 
excepcional e há aqueles que defendem tratar-se de simples direito de petição (5º, XXXIV). Não obstante a tais entendimentos, em julgado recente, o STF disse que a 
partir do CPC 2015, a Reclamação é um direito de ação, vez que há necessidade de contraditório e ampla defesa. (RCL 24417, março de 2017). 
 
 
26. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC) 
 
A ADC foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 03/93, a qual alterou a redação dos arts. 102 e 103 da CF, sendo regulamentada pela Lei nº 
9.868/99. 
Obs: Súmula 734 do STF - Não cabe reclamação o quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo 
Tribunal Federal. 
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Sua finalidade é declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal (apenas federal), transformando uma presunção relativa (iuris tantum – princípio 
da presunção de constitucionalidade das leis) em absoluta (iure et iure) e, por conseguinte, afastando o quadro de incerteza sobre a validade ou aplicação da aludida 
lei. Para tal julgamento, o STF vem exigindo como requisito a demonstração da controvérsia judicial que põe risco à presunção de constitucionalidade do ato normativo 
sob exame, permitindo à Corte o conhecimento das alegações em favor da constitucionalidade e contra ela, e do modo como estão sendo decididas num outro sentido. 
Objeto 
Lei ou ato normativo federal (não cabe face a norma estadual ou municipal). 
 
Competência 
A apreciação de ADC é de competência originária do STF (art. 102, inciso I, alínea a, da CF) 
 
Legitimidade 
São os mesmos legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade. 
 
Procedimento 
É praticamente o mesmo seguido na ação direta de inconstitucionalidade, porém com algumas peculiaridades: 
 
A petição inicial deverá indicar: 
a) o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido; 
b) o pedido, com suas especificações; e 
c) a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. E ainda deverá conter cópias do ato 
normativo questionado e dos documentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de constitucionalidade (art. 14 da Lei nº 9.868/99). 
No caso, quando alegado vício formal de inconstitucionalidade, é necessário juntada aos autos de cópia dos documentos relativos ao processo legislativo de 
formação da lei ou ato normativo federal. 
 
Uma vez dada vista dos autos ao PGR, este deverá se pronunciar no prazo de 15 dias (art. 19 da Lei nº 9.868/99), sendo que, havendo pedido cautelar, poderá 
haver decisão sobre a liminar antes da manifestação do PGR. 
A decisão, em sede de ADC, será dada pela votação da maioria absoluta dos membros do STF (6), desde que presente o número mínimo de 2/3 dos ministros (8). 
 
Efeitos da decisão 
 
Regra geral, a decisão proferida da ADC terá efeitos: erga omnes; ex tunc; vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública. 
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Obs: Mandado de Injunção – combate a síndrome de inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada. Mas o controle é difuso. Não há 
fungibilidade – diversidade de pedidos. O STF (MI 395) decidiu pela impossibilidade de aplicação do princípio da fungibilidade entre a ADO e o MI, em 
razão de se tratarem de pedidos diversos. 
 
 
27. MEDIDA CAUTELAR EM ADC 
 
A medida cautelar, em ADC, consistirá na determinação de que os juízes e osTribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei 
ou do ato normativo objeto da ação até o seu julgamento definitivo (art.21 da Lei nº 9.868/99). 
 
Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias, contados da publicação da parte dispositiva de decisão no DOU, sendo esse prazo definido pela lei para que o 
Tribunal julgue a ação declaratória. Para Gilmar Mendes e Ives Gandra, a despeito da lei não prever a prorrogação do prazo da cautelar, se a questão não tiver sido 
decidida no prazo prefixado, poderá o STF autorizar a prorrogação do prazo. 
 
A decisão de deferimento da medida cautelar (liminar) será dada pela votação da maioria absoluta dos membros do STF (6) e terá efeito, segundo entendimento 
majoritário da jurisprudência, vinculante e erga omnes, em vista do poder geral de cautela. 
 
28. ADI POR OMISSÃO (ADO) 
 
A ADI por omissão tem por finalidade tornar efetiva norma constitucional de eficácia limitada, não regulamentada por omissão do Poder Público ou órgão 
administrativo. Essa omissão pode ser total, quando não houver o cumprimento constitucional do dever de legislar (Ex.: Art. 37, inciso VII, da CF); ou parcial, quando 
houver lei infraconstitucional integrativa, porém, regulamentando de forma insuficiente. 
 
Omissão parcial propriamente dita: quando a lei existe, mas regula de forma deficiente o texto (Ex.: Art. 7º, inciso IV, da CF); 
Omissão parcial relativa: quando a lei existe, outorgando determinado benefício a uma certa categoria, porém deixando de conceder a outra que deveria também 
ter sido contemplada (Ex.: Súmula nº 339 do STF). (chamada exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade - advém do direito alemão) 
 
 
Objeto 
O objeto aqui é amplo, pois são impugnáveis, na ADI por omissão, não apenas a inércia do Legislativo em editar atos normativos primários, mas também a inércia 
do Executivo em editar atos normativos secundários, como regulamentos e instruções, e até mesmo eventual inércia do Judiciário em editar os seus próprios atos. 
 
Interessante se mostra o julgado sobre a Lei Complementar de criação de novos municípios (art. 18, §4º, CF): “apesar de existirem no congresso Nacional diversos 
projetos de lei apresentados visando à regulamentação do art. 18, §4º, da CF, é possível constatar a omissão inconstitucional quanto à efetiva deliberação e aprovação 
Obs: A doutrina entende possível a Constituição Estadual instituir ADC no tocante às leis estaduais em face da respectiva Constituição Estadual. Contudo, 
seria necessário observar o modelo da CF, isto é somente caberia em face de lei estadual, não de lei municipal (já que a ADC no âmbito federal só abrange 
lei federal, e não estadual). Tal entendimento se mostra coerente com a noção de que ADI e ADC são ações ambivalentes. 
como ocorre no caso da ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Basta apenas que o direito não tenha como ser fruído, pois inexiste forma legal para a 
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de lei complementar em referência. As peculiaridades da atividade parlamentar, que afetam inexoravelmente, o processo legislativo, não justificam uma conduta 
manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas, conduta esta que pode pôr em risco a própria ordem constitucional. A inércia deliberandi das Casas 
Legislativas pode ser objeto de ADI por omissão. A omissão legislativa em relação à regulamentação do art. 18, §4º, da CF, acabou dando ensejo conformação e à 
consolidação de estados de inconstitucionalidade que não podem ser ignorados pelo legislador na elaboração da lei complementar federal.” 
 
A referida LC não foi editada até hoje, de modo que o Congresso Nacional promulgou a EC 57/08 convalidando os municípios criados anteriormente a ela. Trata- 
se de uma verdadeira exceção à regra, isso porque, em nosso sistema, não existe a constitucionalidade superveniente: as leis que criaram os municípios eram 
formalmente inconstitucionais desde o seu nascimento, pois não observaram uma regra da CF (art. 18, §4º). Assim, não pode uma EC convalidar o que nunca existiu. 
 
Competência 
A apreciação da ADI por omissão é de competência originária do STF. Art. 103, § 2º, da CF, c.c., analogicamente, o art. 102, inciso I, alínea a, da CF. Quanto à 
eventual inconstitucionalidade por omissão de órgãos legislativos estaduais em face da CF/88, Gilmar Mendes afirma que a competência é do STF. 
 
Legitimidade 
São os mesmos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade (Art. 103 da CF), inclusive, com as observações sobre a pertinência temática 
para alguns deles. 
 
Procedimento 
Lei 9868/99 com a alteração da lei 12.063 de 2009.O procedimento é praticamente idêntico ao da ação direta de inconstitucionalidade, porém com algumas 
peculiaridades. 
 
Efeitos da decisão 
A jurisprudência no STF sempre foi no sentido de que a ADI por omissão servia para comunicar ao Congresso acerca do dever de legislar. Mas isso vem mudando 
um pouco, como no caso da criação dos Municípios, em que se fixou um prazo. 
 
A decisão tem caráter mandamental, constituindo em mora o poder competente que deveria ter elaborado a lei e não o fez. 
Quando a omissão for de órgão administrativo, este terá o prazo de 30 dias para saná-la ou em prazo razoável quando a excepcionalidade do caso assim recomendar. 
 
29. MANDADO DE INJUNÇÃO - DIFERENÇAS – ADO 
 
Nos termos da previsão constitucional contida no art. 5º, inciso LXXI: “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.” O conteúdo é repetido no art. 
2º, da Lei nº 13.300/2016, a qual disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo. 
 
Para o ajuizamento do mandado de injunção, não se exige a expressa imposição constitucional de regulamentar a norma, dirigida ao legislador ou administrador, 
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concessão. Enquanto no mandado de injunção a vítima da omissão busca a realização concreta de um direito subjetivo, com a supressão do vácuo pelo magistrado, na 
ADO há o controle concentrado nas normas constitucionais. 
 
Ou seja, busca-se a proteção do direito objetivo e da integridade do ordenamento jurídico. No primeiro instituto, declara-se o direito, no segundo, declara-se a 
omissão jurídica. Uma vez que a injunção visa conferir direito subjetivo, os efeitos concretos do julgamento serão, em regra, inter partes. 
 
Nos termos do art. 3º da Lei do Mandado de Injunção, são impetrantes legitimados as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos impedidos. 
Já a legitimidade para responder como impetrado recai sobre o Poder, órgão ou autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. 
 
30. MANDADOS DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL OU COLETIVO 
 
Quando a injunção almejar o exercício de direito individual, o meio adequado será a ação individual. Se tratando de direitos transindividuais, será caso de demanda 
coletiva. Apenas os legitimados especiais dispostos no art. 12 da 13.300/2016 podem promover o mandado de injunção coletivo. São eles: 
 
- O Ministério Público, quando a tutela requerida for relevante à defesa da ordem jurídica; 
- O partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar direitos relativos à finalidade partidária; 
- Organização sindical, entidade de classe ou associação em funcionamento legal há pelo menos um ano, no tocante às prerrogativas em favor de seus membros; 
- A Defensoria Pública, quando a tutela requerida for relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa de direitos dos necessitados. 
 
Obs: O art. 13 da legislação acima referida determina que a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade substituída pelo 
impetrante, salvo as exceções dos §§ 1º e 2º do art. 9º. 
 
Efeitos do MI 
Aspecto mais polêmico que envolve o MI. Vejamos o quedizem as principais correntes: 
 
- Posição não concretista – em nome da harmonia e separação entre os poderes, o Poder Judiciário não poderia suprir a omissão da norma, tampouco determinar 
prazo para o legislativo elaborar a lei; 
 
- Posição Concretista geral – segundo essa corrente o Poder Judiciário poderia solucionar a omissão legislativa, regulamentando-a com produção de efeitos erga 
omnes (recentemente o plenário do STF aplicou essa teoria no caso de greve de servidores públicos); 
Posição concretista individual direta – por meio desta teoria, o Judiciário poderá aplicar por analogia lei já existente para resolver caso específico, com efeito 
inter partes (assim decidiu o STF, em 2008, no caso da ausência de lei complementar sobre aposentadoria do Art. 40, §4º, da CF/88. 
 
Posição concretista intermediária - de acordo com essa teoria, o Judiciário deve comunicar a omissão e dar prazo ao legislativo para edição da norma faltante 
(posição adotada ADI 3682 em 2007). 
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Obs: Atualmente, não obstante toda controvérsia, tem se admitido a impugnação de decisões judiciais por meio da ADPF, antes mesmo de estarem maduras 
para um RE. (...) Multiplicidade de ações judiciais, nos diversos graus de jurisdição, nas quais se têm interpretações e decisões divergentes sobre a matéria: 
situação de insegurança jurídica acrescida da ausência de outro meio processual hábil para solucionar a polêmica pendente: O conjunto de decisões 
questionadas, que resultaram em bloqueios, arrestos e sequestros para atender a demandas relativas a pagamento de salários de servidores ativos e inativos, 
satisfação de créditos de prestadores de serviço e tutelas provisórias de prioridades, são atos típicos do Poder Público passíveis de impugnação por meio 
de APDF. STF. Plenário ADPF 405 MC/RJ, Rel. Min.Rosa Weber, julgado em 14/6/2017 (Info 869). 
Atenção! Não cabe arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) contra decisão judicial transitada em julgado. Este instituto de controle 
concentrado de constitucionalidade não tem como função desconstituir a coisa julgada. 
31. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 
 
Encontra previsão no § 1º do art. 102 da CF, com redação dada pela EC 03/93, regulamentado pela Lei nº 9.882/99. A ADPF desempenha, no conjunto dos 
mecanismos de proteção da higidez da ordem constitucional, função específica de evitar, à falta de outro meio eficaz para tanto, a perenização no ordenamento jurídico 
de comportamentos estatais – ostentem eles ou não a natureza de atos normativos – contrários a um identificável núcleo de preceitos – princípios e regras – tidos como 
sustentáculos da ordem constitucional estabelecida. 
 
A tutela sobre o descumprimento de preceito constitucional alcança um universo de comportamentos estatais mais amplos do que o de inconstitucionalidade. Isso 
porque a ADPF pode ser proposta contra “ato do Poder Público” e não apenas contra “lei ou ato normativo”. 
 
Hipóteses de cabimento 
 
REQUISITOS: 
- Controvérsia constitucional relevante; 
- Lei ou ato do poder público (F, E, M), inclusive anteriores à CF por expressa disposição legal. 
 
Na hipótese de arguição autônoma, prevista no art. 1º, caput, da Lei nº 9.882/99, tem-se por objeto evitar (preventivo) ou reparar (repressivo) lesão a preceito 
fundamental, resultante de ato do Poder Público, qualquer que seja esse ato administrativo. 
 
Já na hipótese de arguição INCIDENTAL, por equivalência ou equiparação, disciplinada pelo parágrafo único do art. 1º da Lei nº 9.882/99, tem-se por objeto a 
existência de controvérsia (divergência jurisprudencial) constitucional, com fundamento relevante, sobre lei ou ato normativo federal, estadual, municipal e distrital, 
incluídos os anteriores à Constituição de 1988, violadores de preceito fundamental. Em tal hipótese, deverá ser demonstrada a divergência jurisdicional (comprovação 
da controvérsia judicial) relevante na aplicação do ato normativo, violador do preceito fundamental. Aqui, é só lei e ato normativo, ok? Ato do Poder Público não entra 
na ADPF incidental. 
 
 
 
Competência 
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Obs: ADPF pode ser conhecida como ADI, ante seu caráter subsidiário. (Princípio da fungibilidade). Assim como ADI pode ser conhecida como ADPF 
(ADI 4163). 
A apreciação da arguição de descumprimento de preceito fundamental é da competência originária do STF. Art. 102, § 1º, da CF. 
 
Efeitos da decisão = ADI/ADC 
 
A decisão na ADPF é imediatamente autoaplicável, na medida em que o Presidente do STF determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão 
posteriormente - § 1º do art. 10 da Lei nº 9.882/99. Possui eficácia ex tunc, erga omnes e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público. § 3º do 
art. 10 da Lei nº 9.882/99. 
 
 
 QUESTÕES DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
1) O Supremo Tribunal Federal conferiu nova interpretação ao controle difuso de constitucionalidade. Diante disso, é correto afirmar que: 
a) o controle difuso de constitucionalidade será realizado pelo STF quando lei ou ato normativo violar a Constituição Federal, de forma abstrata. 
b) no controle difuso, a declaração de inconstitucionalidade incidental, pelo STF, produz efeitos erga omnes não vinculantes. 
c) no controle difuso, a declaração de inconstitucionalidade incidental, pelo STF, produz efeitos ex tunc, inter partes e vinculantes, em regra. 
d) o STF passou a acolher a teoria da abstrativização do controle difuso. 
 
e) o STF passou a acolher a teoria da relativização do controle difuso. 
 
 
2) Sobre o controle de constitucionalidade, a alternativa correta é: 
a) Qualquer juiz ou tribunal está impedido de declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em face da Constituição Federal. 
b) Pacífico o entendimento pela possibilidade de controle de emendas constitucionais ou de normas oriundas de revisão constitucional, fruto do Poder 
Constituinte Derivado. 
 
c) viabilidade de declaração de inconstitucionalidade de normas originárias, estabelecida pelo Poder Constituinte Originário. 
d) A propositura de ação direta no tribunal de justiça é exemplo de controle difuso no âmbito estadual. 
e) Há cabimento de recursos interpostos por terceiros estranhos à relação processual nos processos objetivos de controle de constitucionalidade. 
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3) Segundo a doutrina pátria e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), no tocante ao controle de constitucionalidade, um decreto que tinha por 
fundamento lei declarada inconstitucional em decisão proferida em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), pode também ser declarado inconstitucional 
na mesma decisão, segundo a teoria denominada de: 
a) transcendência dos motivos determinantes. 
b) inconstitucionalidade por reverberação normativa. 
 
c) transbordamento da ratio decidendi. 
d) decisão de inconstitucionalidade ampliativa. 
e) inconstitucionalidade progressiva. 
 
 
4) Na hipótese de um parlamentar que impetrou mandado de segurança perante o STF com o objetivo de impugnar projeto de lei eivado de 
inconstitucionalidade por ofensa ao devido processo legislativo, mas que, posteriormente, venha a perder o mandato parlamentar, é correto afirmar que: 
a) o Procurador-Geral da República deve assumir a titularidade do mandado de segurança. 
b) o writ deve ser declarado extinto. 
 
c) deve ser dada a oportunidade aos demais legitimados constitucionais a assumir o polo ativo da ação mandamental. 
d) o mandado de segurança deve ter seu regular prosseguimento, continuando o ex- parlamentar no polo ativo. 
 
 
5) A respeito do controle de constitucionalidade, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. 
b) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. 
c) A arguiçãode descumprimento de preceito fundamental, decorrente dessa Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal na forma da lei. 
d) O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo 
Tribunal Federal. 
e) Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao poder competente para a adoção 
das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em cento e vintedias. 
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6) A única hipótese de controle preventivo, a ser realizado pelo Judiciário, sobre projeto de lei em trâmite em uma Casa Legislativa é pela via: 
a) de exceção, em defesa do direito de cidadão cujo direito seja afetado pelo projeto em trâmite. 
b) concentrada, em defesa do direito de cidadão cujo direito seja afetado pelo projeto em trâmite. 
c) de exceção, em defesa do direito de qualquer pessoa cujo direito seja afetado pelo projeto em trâmite. 
d) concentrada, em defesa do direito do parlamentar ao devido processo legislativo. 
e) de exceção, em defesa do direito do parlamentar ao devido processo legislativo. 
 
 
 
7) O Distrito Federal editou a Lei nº ZR2/2018, disciplinando o horário de funcionamento do comércio. O partido político Alfa, que contava com um único 
representante na Câmara dos Deputados, entendeu que o referido horário era muito reduzido, sendo manifestamente contrário às normas da Constituição 
da República. Por essa razão, ingressou com Ação Direta de Inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal: Considerando a sistemática 
constitucional afeta ao controle concentrado de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que o partido político Alfa: 
a) tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade, mas ela não é cabível na situação narrada. 
 
b) não tem legitimidade, porque as leis distritais somente estão sujeitas ao controle concentrado de constitucionalidade perante o Tribunal de Justiça. 
c) não tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade e ela não é cabível na situação narrada. 
d) não tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade, mas ela é cabível na situação narrada. 
e) tem legitimidade para ajuizar a Ação Direta de Inconstitucionalidade e ela é cabível na situação narrada.

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