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Normas Profª. Nilséia A. Barbosa Descrição Regras gerais aplicadas às práticas de proteção radiológica no uso das radiações ionizantes, supervisionadas e controlados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), bem como história e papel do Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) e suas publicações. Propósito Conhecer as regulamentações relacionadas à proteção radiológica aplicadas em normas brasileiras, de forma que os profissionais de radiologia possam usufruir dos benefícios das radiações ionizantes com a segurança adequada. Objetivos Módulo 1 Norma NN 3.01 da CNEN Interpretar a regulamentação da norma NN 3.01 da CNEN. Módulo 2 Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA Interpretar a Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA. Módulo 3 NCRP e as funções e princípios de radioproteção Reconhecer as funções e os princípios de radioproteção preconizados pelo NCRP. Nos primeiros anos de uso dos raios X para fins de diagnóstico e terapias, começaram a surgir os efeitos nocivos das radiações nos profissionais e pacientes submetidos às exposições. A preocupação de alguns profissionais com o uso desenfreado dos raios X, além de nenhuma proteção, fez com que surgissem os primeiros guias de proteção radiológica. Em 1928, foram fundados, oficialmente, dois comitês internacionais de proteção radiológica: a ICRP e ICRU. Alguns anos depois, foi fundado o Comitê do National Bureau of Standards (NBS) dos Estados Unidos que, mais tarde, em 1969, formaria o National Council on Radiation Protection and Measurements (NCRP), que publica relatórios com a descrição de algumas recomendações especificas, como detalhes dos aspectos de construção de portas e salas para blindagens, formas de materiais protetores, entre outros. Os órgãos internacionais, como ICRP, ICRU e NCRP, publicam e atualizam constantemente recomendações e normas para o uso seguro das radiações ionizantes, porém cada país tem um órgão que adequa essas normas e recomendações. No Brasil, tal órgão é a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que realiza pesquisas e desenvolvimento na área, além de estabelecer normas e regulamentos em proteção radiológica. A normas da CNEN são baseadas nas recomendações internacionais sobre todas as questões relativas às práticas que utilizam radiações ionizantes, além de ser responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e o uso da energia nuclear no Brasil (CNEN NN 3.01, 2014). A Legislação nuclear no país é baseada em suas recomendações. Além disso, a utilização das radiações em radiologia diagnóstica e intervencionista, no Brasil, é regulamentada pela Resolução RDC nº 330 e suas Instruções Normativas, do Ministério da Saúde, publicada em dezembro de 2019 e intitulada Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico. Introdução 1 - Norma NN 3.01 da CNEN Ao �nal deste módulo, você será capaz de interpretar a regulamentação da norma NN 3.01 da CNEN. Norma NN 3.01 A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), por meio da Resolução 164/2014, prescreve normas para estabelecer os requisitos básicos de proteção radiológica para pessoas (trabalhadores e público) contra os riscos das radiações ionizantes, apontando os limites máximos para as doses de exposição e os níveis de contaminação dos trabalhadores, de acordo com a segurança adequada e os princípios fundamentais do monitoramento radiológico dos trabalhadores. A Resolução 164/2014 indica que a Norma NN 3.01 da CNEN possui como documentos complementares as Posições Regulatórias. Abordaremos agora algumas definições da CNEN NN 3.01 (2014). Para iniciar, veremos seu objetivo e campo de aplicação: Posições Regulatórias a. 3.01/001:2011 - Critérios de exclusão, isenção e dispensa de requisitos de proteção radiológica; b. 3.01/002:2011 - Fatores de ponderação para as grandezas de proteção radiológica; c. 3.01/003:2011 - Coeficientes de dose para indivíduos ocupacionalmente expostos; d. 3.01/004:2011 - Restrição de dose, níveis de referência ocupacionais e classificação de áreas; e. 3.01/005:2011 - Critérios de cálculo de dose efetiva a partir da monitoração individual; f. 3.01/006:2011 - Medidas de proteção e critérios de intervenção em situações de emergência; g. 3.01/007:2005 - Níveis de intervenção e de ação para exposição crônica; h. 3.01/008:2011 - Programa de monitoração radiológica ambiental; Objetivo Estabelecer os requisitos básicos de proteção das pessoas em relação à exposição às radiações ionizantes. Campo de aplicação Aplica-se às práticas, incluindo todas as fontes associadas a essas práticas, bem como a intervenções. Práticas A todas as práticas incluem: manuseio, produção, posse e utilização das fontes, bem como o transporte, armazenamento e a deposição de materiais radioativos, abrangendo todas as atividades relacionadas que envolvam ou possam envolver exposição à radiação. Responsabilidades gerais em práticas e intervenções O titular pode delegar funções e tarefas às outras partes, porém continua sendo o responsável por todas as ações. No conteúdo da Norma CNEN NN 3.01 (2014), podemos encontrar as seguintes definições: É o responsável legal pela instituição, estabelecimento ou instalação para a qual foi outorgada, pela CNEN, uma licença, autorização ou qualquer outro ato administrativo de natureza semelhante. Refere-se a pessoa física ou jurídica com responsabilidades e deveres reconhecidos com relação a seu empregado, estagiário, bolsista ou estudante, no seu trabalho ou treinamento, devido a um contrato ou outro acordo formal. Requisitos para práticas No quadro a seguir veremos cada um dos requisitos para práticas. Em seguida, definiremos de modo detalhado cada um deles. Empregadores Titular Empregador Requisitos para práticas Requisito fundamental Classificação de áreas Requisitos gerais Monitoramento individual, monitoração de área e avaliação da exposição ocupacional Requisitos administrativos Saúde ocupacional Requisitos básicos de proteção radiológica Registros ocupacionais Requisitos de gestão Controle de visitantes Verificação de proteção radiológica Exposição médica Exposição ocupacional Exposição do público Elaborado por Thaiane Andrade. Requisito fundamental Excluindo as exposições que não estão sob o controle regulatório da CNEN ou cuja fonte já esteja dispensada ou isenta de controle, qualquer ação envolvendo o uso das radiações ionizantes só pode ser realizada em conformidade com os requisitos aplicáveis estabelecidos pela norma. Requisitos gerais A realização de qualquer prática com fontes radioativas exige dos profissionais responsáveis, que todas as etapas sejam cuidadosamente planejadas e executadas: a escolha do local para instalação, espessura e material de blindagem adequados para atenuação da radiação, de acordo com o tipo de fonte e em consonância com os critérios estabelecidos pela norma, além de um controle de qualidade rigoroso e periódico. Requisitos administrativos Como requisitos administrativos podemos elencar: 1. Nenhuma pessoa, independentemente de ser profissional especializado, pode adquirir, operar ou manusear qualquer fonte radioativa ou equipamento que emita radiação ionizante sem que seja licenciada e autorizada pela CNEN. 2. Pessoa física, mesmo com especialização na área, só pode manusear e operar com radiações ionizantes se devidamente habilitada ou então supervisionada por um profissional habilitado pela CNEN. 3. Qualquer modificação necessária nas fontes ou práticas devem ser solicitados pelo responsável legal e autorizados pela CNEN. 4. O responsável legal (titular) pelo serviço deve submeter um Plano de Proteção Radiológica à aprovação da CNEN. Tal Plano de Proteção Radiológica deve conter alguns itens necessários, como: Requisitos básicos de proteção radiológica O princípio fundamental da proteção radiológica é sustentado pelo tripé: 1. Justificação 2. Otimização 3. Limitação de dose individualO princípio da justificação requer que o uso de uma fonte de radiação, ou quaisquer ações que busquem reduzir a exposição, tenha um benefício líquido geral. Esse conceito não é exclusivo da proteção radiológica, pois muitas decisões na vida cotidiana envolvem o equilíbrio entre benefícios e riscos. Uma vez tomada a decisão de que uma ação é justificada, a próxima etapa é aplicar o princípio da otimização. A otimização é o processo de determinar qual nível de proteção e segurança resultaria na magnitude das doses individuais, o número de indivíduos sujeitos à exposição (trabalhadores e membros do público) e a probabilidade de exposição ser tão baixa quanto razoavelmente exequível, do inglês: ALARA (As Low As Reasonably Achievable). Os fatores econômicos e sociais devem ser levados em consideração. Os limites de dose de radiação para trabalhadores e membros do público, estabelecidos pela CNEN, estão apresentados na tabela a seguir. No caso de exposições médicas de pacientes, os limites de dose não se aplicam, pois a dose recebida deve ser a necessária para o diagnóstico ou tratamento em questão. No entanto, nessas situações, os limites de dose aplicam-se aos profissionais médicos expostos. Limites de Dose Anuaisa Grandeza Órgão Ocupacional Público Dose efetiva Corpo inteiro 20mSv Média em 5 anosb 1mSvc Limites de Dose Anuaisa Dose equivalente Cristalino Peled Mãos e pés 20mSvb 500mSv 500mSv 15mSv 50mSv ---- a - Para fins de controle administrativo efetuado pela CNEN, o termo dose anual deve ser considerado como dose no ano calendário, isto é, no período decorrente de janeiro a dezembro de cada ano. b - Média aritmética em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50mSv em qualquer ano. c - Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva de até 5mSv em um ano, desde que a dose efetiva média em um período de 5 anos consecutivos, não exceda a 1mSv por ano. d - Valor médio em 1cm² de área, na região mais irradiada. Tabela: Limites de dose anuais. Extraído de CNEN 3.01, 2014, p. 13, adaptada por Nilséia A. Barbosa. Requisitos de gestão Um sistema de garantia da qualidade deve ser elaborado e implementado pelo titular do serviço, o qual deve assegurar que todos os requisitos para proteção radiológica sejam satisfeitos. Para garantir a eficácia das medidas adotadas para proteção radiológica, o sistema de garantia de qualidade deve possuir mecanismos e procedimentos de forma que seja factível revisar e avaliar essas medidas. O titular deve também estimular toda a equipe a manter uma cultura de segurança das fontes, de forma a proteger os trabalhadores, pacientes e o público. Veri�cação de proteção radiológica A verificação da proteção radiológica é de responsabilidade do titular do serviço, que deve (CNEN 3.01, 2014, p. 15): Primeiro Conferir a monitoração radiológica mediante procedimentos e instrumentação suficientes e adequados. Segundo Realizar medições dos parâmetros necessários para verificar o cumprimento dos requisitos prescritos pela norma da CNEN. Terceiro Manter corretamente a instrumentação e, quando aplicável, testá-la e calibrá-la em intervalos apropriados, usando como referência padrões metrológicos rastreáveis aos padrões nacionais ou internacionais. Exposição ocupacional De acordo com a CNEN 3.01 (2014, p. 15): Equipe do serviço Toda a equipe do serviço, incluindo titulares e demais funcionários habilitados para a função, é responsável pela proteção das pessoas quando eventualmente expostas à radiação ionizante naquele ambiente. Pessoas expostas Pessoas expostas à radiação ionizante, que não entram na classe dos IOE, são consideradas como público, portanto, as doses de radiação devem se limitar àquelas estabelecidas pela CNEN para o público. Titular O titular, ao terceirizar serviços que envolvam ou possam envolver exposição dos IOE a uma fonte sob sua responsabilidade, deve: Assegurar que o empregador esteja ciente de suas responsabilidades, em relação a esses IOE, conforme estabelecidas nesta Norma. Assegurar ao empregador desses IOE, ou responsável por eles, que a instalação atende aos requisitos de proteção radiológica desta Norma. Prestar toda informação disponível, com relação à conformidade a esta Norma, que o empregador venha a requerer antes, durante ou após a contratação de tais serviços. Responsabilidades da equipe dos IOE De acordo com a CNEN 3.01 (2014, p. 15), faz parte das responsabilidades da equipe dos IOE: Seguir todas as regras e procedimentos aplicáveis à segurança e proteção radiológica especificados pelos empregadores e titulares, de acordo com a norma. Fornecer ao empregador ou ao titular quaisquer informações relevantes sobre seu trabalho, passado e atual, incluindo histórico de dose, que sejam pertinentes para assegurar tanto a sua proteção radiológica como a de terceiros. Classi�cação de áreas Pensando na proteção radiológica, as áreas de trabalho de todo e qualquer serviço que envolva procedimentos com radiação ionizante devem ser classificadas em termos de: Áreas com acesso limitado cuja exposição ocupacional de pessoas enquanto permanecerem nesse ambiente esteja sob supervisão de um responsável pela proteção radiológica são definidas como área controlada. Isso significa que o acesso, a permanência e as condições de trabalho são controladas para fins de proteção radiológica. Essas áreas devem ser sinalizadas por placas apropriadas para fins de segurança. Uma área supervisionada é definida como qualquer área não classificada como uma área controlada, mas cujas “condições de exposição ocupacional são mantidas sob supervisão, embora medidas de proteção específicas e disposições de segurança não sejam normalmente necessárias”, segundo a CNEN. As áreas livres, para fins de proteção radiológica, são todas as outras áreas adjacentes àquelas definidas como controladas ou supervisionadas, além dos ambientes circundantes. Exemplos de áreas livres são aquelas ocupadas por pessoas, como pacientes, visitantes das instalações e funcionários que não trabalham rotineiramente com ou próximo a fontes de radiação. Fornecer ao empregador ou ao titular a informação de ter sido ou estar sendo submetido a tratamento médico ou diagnóstico que utilize radiação ionizante. Abster-se de quaisquer ações intencionais que possam colocá-los, ou a terceiros, em situações que contrariem os requisitos da Norma. Área controlada Área supervisionada Área livre Monitoração: individual, de área e avaliação da exposição ocupacional Um programa de monitoração individual e de área deve ser criado e implementando pelo titular do serviço, em cooperação com o empregador. É de responsabilidade do titular e do empregador a avaliação de exposição ocupacional dos IOE, que deve ser baseada nos resultados de monitoração individual e de área. No caso em que a monitoração individual não for aplicada, o titular e empregador deverão tomar por base os resultados da monitoração de área e informações relevantes sobre a rotina do IOE na área. No caso de o IOE, numa única exposição, receber dose efetiva igual ou superior ao permitido (100mSv), ou dose absorvida no limiar de efeitos determinísticos, o titular e empregador devem se aconselhar com o médico adequado. Saúde ocupacional A saúde ocupacional busca promover e manter o mais alto grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações. De acordo com a CNEN (2014), os titulares e colaboradores devem implementar um programa de saúde ocupacional para avaliação da aptidão dos IOE, tanto inicial quanto periódica, usando como referência o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Registros ocupacionais Conforme disposto na CNEN 3.01 (2014, p. 17), todas as informações de registros de exposições dos IOE devem ser mantidas, tais como: A natureza geral do trabalho. As doses e as incorporações, quando iguais ou superiores aos níveis de registro pertinentes. Os dados e modelosque serviram de base para as avaliações de dose. Controle de visitante O controle dos visitantes é função dos titulares e colaboradores, os quais devem: Assegurar a PR Tomar todas as medidas necessárias para assegurar a PR adequada dos visitantes nas áreas controladas, incluindo informações e instruções apropriadas. Garantir companhia a visitantes Assegurar que visitantes sejam acompanhados, em qualquer área controlada, por uma pessoa com conhecimentos sobre as medidas de proteção radiológica para aquela área. Restringir acesso de adolescentes Assegurar que visitantes menores que 16 anos não tenham acesso às áreas controladas. Exposição Médica Conforme disposto na CNEN 3.01 (2014, p. 17-18), os titulares e colaboradores devem assegurar que: Exposições com fontes sob sua responsabilidade, para fins de diagnóstico ou terapia de pacientes, sejam realizadas apenas sob prescrição médica. Toda a equipe seja treinada, habilitada e credenciada pela CNEN para uso de fontes radioativas. Seja implementado um programa de garantia da qualidade para exposições médicas. A calibração dos feixes e das fontes, a dosimetria clínica e os testes de controle da qualidade sejam conduzidos ou supervisionados por especialistas, com qualificação reconhecida pela CNEN, e que a calibração seja rastreada por um laboratório padrão de dosimetria, reconhecido ou autorizado pela CNEN. Esteja disponível, na instalação, médico especialista com qualificação legalmente reconhecida para práticas médicas “in vivo”. S j t it f ifi d t N i ã d l tá i i t i t Exposição do público Os titulares e colaboradores devem assegurar que (CNEN 3.01, 2014, p. 19): 1. As exposições nas áreas livres sejam restringidas de forma a não exceder o limite permitido pela CNEN para público. 2. Os materiais radioativos de uso prático não sejam liberados no meio ambiente, a menos que tais liberações estejam autorizadas pela CNEN e sejam otimizadas e controladas. 3. O transporte, quando necessário, e manuseio das fontes sejam realizados de forma segura e que sejam tomadas todas as medidas necessárias e cabíveis para prevenir falhas e erros que possam resultar em exposição acidental do público, ou para minimizar as suas consequências. 4. Planos ou procedimentos de emergência sejam aplicados de forma rápida e segura, em consonância com a natureza e a intensidade do risco envolvido, nas situações de emergência que possam envolver exposição do público. Requisitos para intervenção Nosso próximo passo será definir cada um dos requisitos para intervenção: Ações protetoras ou remediadoras visam reduzir ou evitar exposições em situações de intervenção e devem ser implementadas quando justificadas e otimizadas e com o objetivo de produzir o máximo de efeito líquido, levando em consideração as condições sociais e econômicas. Em situações de emergência, desde que não sejam excedidos os níveis de dose, os níveis de intervenção preestabelecidos devem ser reavaliados em função das condições existentes. No caso de exceder os níveis de dose, a intervenção deve ocorrer em qualquer circunstância. A intervenção se justifica quando a probabilidade for de que as ações protetoras tragam um benefício líquido maior que o dano, dadas as incertezas envolvidas, levando em consideração o nível da intervenção e fatores de saúde, sociais e econômicos. Seja restrita, conforme especificada nesta Norma, a exposição de voluntários que assistam pacientes submetidos a um procedimento diagnóstico ou terapêutico. Obrigações fundamentais (CNEN 3.01, 2014, p. 19-20) Requisitos de proteção radiológica (CNEN 3.01, 2014, p. 20) Exposição em situação de emergência (CNEN 3.01, 2014, p. 20) Somente profissional habilitado e voluntários treinados, que tenham ciência dos riscos associados, podem trabalhar em exposições de emergência; eles devem estar munidos de vestimentas adequadas para proteção radiológica. Nenhum trabalhador deve se expor a doses superiores ao limite permitido pela CNEN (limite anual de exposição ocupacional), exceto para: salvar vidas ou prevenir danos sérios à saúde, executar ações que evitem dose coletiva elevada ou executar ações para prevenir o desenvolvimento de situações catastróficas (neste caso, as doses devem ser inferiores a 100mSV para cada trabalhador); Os registros de dose recebidas devem ser avaliadas pelo titular e pelos colaboradores envolvidos na intervenção. Em situações de exposições crônicas, planos de ações remediadoras ou específicos para o local, relativos a situações de exposição crônica, devem especificar as ações remediadoras e os níveis de ação justificados e otimizados, considerando: as exposições individuais e coletivas; os riscos radiológicos e não radiológicos; os custos financeiros e sociais, os benefícios e a responsabilidade financeira para as ações remediadoras (CNEN 3.01, 2014, p. 21). Fiscalização Todas as instalações que usam fontes de radiação ou armazenam materiais radioativos estão sujeitas à fiscalização para garantir a conformidade com os requisitos de segurança. Existem as fiscalizações iniciais – aquelas realizadas antes que uma nova instalação de radiação inicie suas atividades – e as inspeções de rotina, conduzidas nas instalações já existentes. As principais verificações durante uma visita de fiscalização são para garantir que: As fontes de radiação estejam todas licenciadas, os detalhes corretos e que todas são devidamente mantidas. Todas as fontes de radiação são fisicamente contabilizadas. Existe um profissional devidamente qualificado com licença para operar a fonte de radiação. Exposição crônica O nível de radiação fora da sala onde se encontra a fonte de radiação, em qualquer local acessível a qualquer pessoa, não exceda o limite permitido pela CNEN quando o aparelho de irradiação estiver funcionando em sua capacidade máxima ou quando a fonte radioativa estiver exposta. Os sinais de alerta de radiação sejam exibidos de forma proeminente; o sistema de bloqueio da porta esteja funcionando; e para instalações médicas, que os programas de controle de qualidade estejam em vigor e com a documentação adequada. Saiba mais No Brasil, essas fiscalizações são de responsabilidade da CNEN. Porém, em 14 de maio de 2021, a partir de uma medida provisória (nº 1.049) foi criada a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). A partir de então, a regulação, fiscalização e o licenciamento de todos os serviços que usam radiações ionizantes são de responsabilidade da ANSN. O principal objetivo para a criação da ANSN foi “dar maior celeridade nos processos de licenciamento do setor e mais rigor na fiscalização” (MME, 2021). As funções da ANSN são de “monitorar, regular e fiscalizar a segurança nuclear, a proteção radiológica e das instalações e atividades nucleares, materiais nucleares e fontes de radiação no território nacional, nos termos do disposto na Política Nuclear Brasileira e nas diretrizes do governo federal” (ANSN, 2021, art. 2º). CNEN NN 3.01 Acompanhe agora a especialista Nilséia Barbosa, que destacará os três principais pilares que sustentam a proteção radiológica, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra os possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante. Vamos lá! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Requisito fundamental Módulo 1 - Vem que eu te explico! Requisitos de gestão Todos Módulo 1 - Video CNEN NN 3.01 Módulo 2 - Video R l ã RDC º 330/2019 d ANVISA Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Questão 1 (Adaptada de: IDECAN - EBSERH - Técnico em Radioterapia - 2014). A Norma CNEN 3.01/2014 dispõe sobre as diretrizes básicas de proteção radiológica das pessoas em relação à exposição à radiação ionizante. Com base nos documentos normativos mencionados, em relação à dose emexposições ocupacionais, é correto afirmar que a A dose equivalente anual não deve ultrapassar 250mSv. B dose de registro é estabelecida em 0.4mSv, sendo a dose anual em 1mSv. C dose efetiva anual não deve ultrapassar 6mSv, sendo possível atingir 20mSv em casos especiais determinados em norma. D dose efetiva média anual não deve ultrapassar 1mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos, não podendo exceder 20mSv em nenhum ano. E dose efetiva média anual não deve ultrapassar 20mSv em qualquer período de 5 anos consecutivos, não podendo exceder 50mSv em nenhum ano. Parabéns! A alternativa E está correta. A dose efetiva para o corpo inteiro dos IOE não deve ultrapassar o limite de 20mSv/ano estabelecido pela CNEN. Esse limite é projetado a partir da “média aritmética em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50mSv em qualquer ano” (CNEN 3.01, 2014, p.13). Questão 2 Pensando na proteção radiológica, as áreas de trabalho de todo e qualquer serviço que envolva procedimentos com radiação ionizante devem ser classificadas em termos de: área controlada, supervisionada ou livre. De acordo com a CNEN 3.01/2014, uma área é supervisionada quando A possui acesso limitado por ter equipamento emissor de radiação ou fonte radioativa. B é área adjacente de uma área controlada. C está identificada com símbolo de radiação, para avisar e evitar o fluxo de pessoas do público. D requer medidas específicas de proteção, embora não tenha material radioativo e equipamentos que emitam radiação nela. E as condições de exposição ocupacional são mantidas sob supervisão, ainda que disposições de segurança e medidas de proteção específicas não sejam normalmente necessárias. Parabéns! A alternativa E está correta. Uma área deve ser classificada como supervisionada quando não é livre ou controlada, mas cujas condições de exposição ocupacional são mantidas sob supervisão, ainda que disposições de segurança e medidas de proteção específicas não sejam normalmente necessárias. 2 - Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA Ao �nal deste módulo, você será capaz de interpretar a Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA. Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA Em 20 de dezembro de 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) lança um novo documento sobre Proteção Radiológica e Controle de Qualidade na área médica, (Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 330/2019), em substituição à Portaria nº 453/1998, a qual fica revogada a partir dessa data. A RDC nº 330/2019 tem como objetivos: Objetivo I Estabelecer os requisitos sanitários para a organização e o funcionamento de serviços de radiologia diagnóstica ou intervencionista. Objetivo II Regulamentar o controle das exposições médicas, ocupacionais e do público decorrentes do uso de tecnologias radiológicas diagnósticas ou intervencionistas. A nova Resolução não fala mais em Memorial Descritivo, conceito introduzido na Portaria 453/1998, porém apresenta três programas obrigatórios, que são: Programa de Educação Permanente, Programa de Garantia de Qualidade e Programa de Proteção Radiológica. A resolução é composta pela seguinte estrutura: Capítulo 1 – Disposições iniciais; Capítulo 2 – Requisitos gerais; Capítulo 3 – Serviços complementares e suplementares; Capítulo 4 – Proibições e restrições; Capítulo 5 – Disposições finais e transitórias. Resolução “Esta Resolução aplica-se a todas as pessoas jurídicas ou físicas, de direito privado ou público, civis ou militares, envolvidas com: I. prestação de serviços de radiologia diagnóstica ou intervencionista; II. fabricação e comercialização de equipamentos para utilização em radiologia diagnóstica ou intervencionista, bem como seus componentes e acessórios; III. utilização de radiações em atividades de pesquisa e de ensino em saúde humana. Parágrafo único. Os serviços de radiologia veterinária diagnóstica ou intervencionista devem atender ao disposto nesta Resolução, no tocante à proteção dos trabalhadores e de indivíduos do público” (RDC 330, 2019, art. 2º). Requisitos gerais Conheça a seguir alguns dados importantes: Requisitos gerais Estrutura Organizacional Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) Programa de Educação Permanente (PEP) Atribuições e responsabilidades Elaborado por Thaiane Andrade. Estrutura Organizacional De acordo com a RDC nº 330/2019, a estrutura organizacional de qualquer serviço é hierarquizada a partir dos três programas obrigatórios, detalhados no esquema a seguir: Serviço No decorrer desse conteúdo a palavra “serviço” significa qualquer serviço de radiologia diagnóstica ou intervencionista. Programa de Educação Permanente (PEP) O Programa de Educação Permanente (PEP) deve ser adotado para toda a equipe, em conformidade com a Resolução em vigor e demais normativas aplicáveis, e deve conter: 1. Capacitações e treinamentos. 2. Inicial e periódico (no mínimo anual). 3. Teórico e prático. 4. Metodologia de avaliação. 5. Normas, rotinas, protocolos e procedimentos operacionais; Segurança do paciente; Gerenciamento de riscos; Programa de Garantia da Qualidade e de proteção radiológica. Comentário Capacitações e treinamentos periódicos devem ser baseados em abordagens de risco e devem acontecer sempre que houver qualquer mudança na rotina, como novas técnicas e/ou tecnologias, mudança ou implementação de novas normas etc. Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) O Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) deve contemplar no mínimo: Gerenciamento de tecnologias Diz respeito a: qualidade da imagem; manutenção preventiva; condições de uso; testes de constância; instrumentos calibrados. Gerenciamento de processos Diz respeito a: profissional legalizado; técnicas usadas; acompanhantes; protocolos/Normas; conhecimento do POP. Gerenciamento de riscos Diz respeito a: comitê de gerenciamento; revisão sistemática; recomendações. Gerenciamento de tecnologias O gerenciamento de tecnologias exige que padrões de qualidade de imagem sejam implementados e, além da manutenção periódica, a garantia de que os equipamentos estejam operando dentro das condições de uso estabelecidas nessa Resolução e demais normativas aplicáveis e de acordo com as especificações dos fabricantes. Se os parâmetros de funcionamento dos equipamentos não estiverem de acordo com a RDC nº 330/2019 e demais normativas aplicáveis, o responsável legal pelo serviço deve: Suspender ou permitir o uso emergencial Suspender a utilização do equipamento ou permitir o uso em situações apenas emergenciais, com a aprovação e liberação do supervisor de Proteção Radiológica. Buscar solução para uso seguro Buscar imediatamente solução para que o equipamento volte a operar com a segurança adequada. Para garantia de qualidade segura e periódica, os serviços devem realizar testes de aceitação e constância, manutenções preventivas e corretivas, além de manter os relatórios e laudos arquivados no serviço. Para complementar a Resolução, foram emitidas em maio/2021 Instruções Normativas para cada modalidade em especial, disciplinando os testes de controle de qualidade. Gerenciamento de processos O Gerenciamento de processos pode ser dividido da seguinte maneira: Instruções Normativas IN 90 – Radiografia médica convencional; IN 91 – Fluoroscopia e radiologia intervencionista; IN 92 – Mamografia; IN 93 – Tomografia Computadorizada; IN 94 – Radiologia odontológica extraoral; IN 95 – Radiologia odontológica intraoral; IN 96 – Ultrassom diagnóstico e intervencionista; IN 97 – Ressonância Magnética. A parte de gerenciamento de processos busca direcionar sua atenção à rotina de atendimento, tais como: As técnicas e os equipamentos são adequados ao procedimento radiológico em questão? Exemplo: Se você for realizar um exame de mamografia, o equipamento tem que ser um mamógrafo e não um aparelho de radiologia convencional. Deve-se usar um filme correto para mama e não um filme de raios X convencional. O serviço deve elaborar e executar todas as regras (normas,protocolos, rotinas e procedimentos operacionais) para todas as atividades executadas no serviço. O documento com todas as regras, normas, protocolos e procedimentos deve ser minuciosamente executado no dia a dia. O responsável por elaborar e implementar todas as regras é o responsável legal ou alguém designado por ele, desde que tenha formação e habilitação para exercer tal função. O responsável legal é quem assina pelo serviço e pode, por Técnicas e equipamentos adequados Implementação das regras Atribuições da equipe exemplo, delegar funções ao profissional habilitado como o supervisor de proteção radiológica. O serviço tem a obrigação de verificar se toda a equipe tem conhecimento e se estão cumprindo adequadamente as normas, os protocolos e procedimentos operacionais estabelecidos. Exemplo: você foi contratado para atuar no serviço de radiologia: o responsável pelo serviço lhe apresentou o documento em que constam todas as regras daquele serviço? Sua rotina de trabalho é baseada no seu conhecimento apenas ou, além disso, segue fielmente as regras impostas pelo serviço, baseadas nas resoluções normativas? O documento deve ser escrito em linguagem acessível a todos os profissionais que compõem a equipe, além de fácil acesso e com atualização conforme necessidade do serviço. Você sabe onde encontrar o documento com as regras, protocolos, normas e procedimentos operacionais de maneira rápida e prática, caso haja necessidade? Existe algum item, parágrafo ou frase que não consegue interpretar? Gerenciamento de riscos Todo serviço deve instituir um comitê de gerenciamento de riscos, contendo os itens pontuados no esquema a seguir: O comitê deve ser integrado pelos seguintes responsáveis: técnicos, tecnólogos, equipe de enfermagem, supervisor de proteção radiológica e ao menos um membro representante legal do serviço. O comitê tem as seguintes funções: Reunir periodicamente (mensalmente ou a cada dois meses – a depender da demanda do serviço) para revisar sistematicamente como estão os seguintes programas: Educação Permanente, Garantia da Qualidade e Proteção Radiológica. Essa revisão é obrigatória e sistemática, havendo ou não alguma irregularidade ou emergência. Exemplos de itens revistos e questionados: Qual a proporção de exames que estão sendo repetidos? Por quê? É necessário verificar se está havendo falhas e corrigi-las. Recomendar medidas cabíveis na melhoria contínua do gerenciamento de riscos, do uso das tecnologias e dos processos de trabalho existentes (RDC 330, 2019, art. 39). Atualizar-se sobre novas recomendações, publicações recentes sobre tecnologias e melhorias, entre outras. Dialogar com toda a equipe sobre a viabilidade e necessidade em implementar no serviço. Gestão de acompanhantes e comunicação com a equipe Acesso a documentação Documentar e detalhar toda investigação, como: as causas das possíveis falhas de equipamentos, quais erros humanos, se houve ou não descumprimento das normas em vigor, execução das ações preventivas e corretivas identificadas durante as investigações, notificações à autoridade sanitária competente das situações previstas nas normativas aplicáveis. Gerenciamento de documentos Toda documentação referente aos serviços de radiologia deve garantir rastreabilidade, ou seja, qualquer e toda documentação deve ser arquivada, em local seguro, por pelo menos 5 anos, para efeitos de vigilância sanitária. De acordo com a RDC nº 330/2019 (art. 17), além dos exigidos nas demais normativas para funcionamento correto do serviço, alguns são obrigatórios pela ANVISA e devem estar atualizados e disponíveis, são eles: Projeto Básico de Arquitetura Projeto Básico de Arquitetura e memorial descritivo aprovados. Registro de procedimentos Registros de todos os procedimentos realizados: normas, rotinas, protocolos, procedimentos operacionais. Inventário de produtos Inventário dos produtos sujeitos a regime de vigilância sanitária e proteção radiológica. Relação de integrantes da equipe Relação nominal de toda a equipe, suas atribuições, qualificações e cargas horárias. Assentamentos Assentamentos que evidenciem a execução de PEP, PGQ e PR. Requisitos necessários para desativação dos serviços ou de equipamentos que emitem radiação ionizante São eles: Em caso de necessidade de desativação do serviço, o representante legal deve comunicar e informar previamente à autoridade sanitária competente o destino e a guarda de todos os arquivos, bem como todos os equipamentos, acessórios e assentamentos. Em casos de desativação de equipamentos, o representante legal do serviço deve comunicar formalmente por escrito e com solicitação de baixa de responsabilidade, bem como o destino do equipamento à autoridade sanitária competente. Atenção! O descarte do equipamento pode ser feito pelo próprio serviço e, caso o serviço opte por isso, algumas providências deverão ser adotadas, tais como: Comunicar por escrito, antes de efetuar o descarte, à autoridade sanitária competente. O equipamento deve ser completamente desabilitado, ou seja, a produção de radiação ionizante passa a ser impossível. Todos os símbolos indicadores de radiação ionizante devem ser removidos. Programa de Proteção Radiológica (PPR) Todo serviço deve implementar um Programa de Proteção Radiológica (PPR) que contemple, no mínimo, os itens listados a seguir: Princípios gerais Dentre eles, encontram-se: seleção da técnica; equipamento/acessório; qualidade; níveis de referência; gravidez; dosimetria IOE. Medidas de prevenção Referem-se a: Desativação do serviço Equipamentos avaliação contínua; sinalização; classificação. Medidas de controle Referem-se a: PGQ; Normas e rotina; EPI. Medidas de vigilância Referem-se a: níveis de exposição; monitoração IOE; assentamentos; uso de dosímetro IOE; investigação de casos. Assim como na norma CNEN 3.01/2014, a RDC 330/2019 traz como princípio básico o tripé da proteção radiológica, em que “todos os procedimentos realizados devam contemplar os princípios da justificação, da otimização, da limitação da dose e inclui o princípio da prevenção de acidentes”. Os princípios da justificação, otimização e limitação de dose estão descritos no item “requisitos básicos de proteção radiológica”, da norma da CNEN. Medidas de controle Para que as medidas de controle, visando à proteção radiológica tanto de trabalhadores quanto de público sejam efetivas, é importante que além da criação e implementação de um PPR, sejam implementados e executados rotineiramente todas as normas vigentes, os protocolos, as rotinas, os procedimentos operacionais e equipamentos que permitam a utilização das radiações ionizantes com qualidade e segurança no serviço. Exposição ocupacional dos IOE (Indivíduo Ocupacionalmente Exposto) De acordo com a RDC nº 330/2019, os profissionais devem observar os seguintes quesitos: Equipamentos de proteção individuais e coletivos Usar equipamentos de proteção individuais e coletivos com atenuação compatível a pelo menos 0,25mm-Pb, além de monitoração individual (dosímetro pessoal), durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada. Em caso de gravidez, notificar tão logo seja constatada. A profissional deve notificar ao responsável legal para que suas condições de trabalho sejam revistas de forma a atender a norma vigente. Para menores de 18 anos fica proibido operar ou manusear equipamentos de fontes que emitem radiação ionizante. As exposições decorrentes de todas as suas práticas devem ser controladas de modo que não excedam os limites de dose estabelecidos pela CNEN. Paciente sendo preparado para um exame radiológico. Pacientes Quando submetidos a exames radiológicos, se for necessário durante o procedimento permanecerem próximo à fonte em até 5cm ou se estiverem expostos diretamente no feixe primário de radiação, devem ter seus órgãos mais radiossensíveis – como gônadas, cristalino e tireoide – protegidos com materialequivalente de chumbo para atenuar a radiação. A espessura obrigatória é de, pelo menos, o equivalente a 0,5mm de chumbo (0,5mmPb). Em exames odontológicos intraorais, é necessária uma blindagem de, pelo menos, o equivalente a 0,25mm de chumbo (0,25mmPb). A presença de acompanhante durante os procedimentos radiológicos somente é permitida se for imprescindível, devendo-se, neste caso, utilizar a vestimenta plumbífera compatível com o tipo de procedimento radiológico, com a energia da radiação, e com atenuação maior ou igual a 0,25mm-Pb. Exposição ocupacional da mulher Menores de idade As exposições normais decorrentes de todas as práticas devem ser restringidas a fim de não exceder os limites de dose estabelecidos pela CNEN. Medidas de prevenção Conforme disposto na RDC nº 330/2019, as medidas de prevenção incluem avaliação contínua das condições de trabalho no que tange à proteção radiológica; e a classificação dos ambientes em áreas livres, supervisionadas ou controladas, além da sinalização adequada, restrições de acesso e apenas equipamentos indispensáveis em áreas controladas, da seguinte maneira: Áreas controladas Devem possuir barreiras físicas com blindagem. Áreas supervisionadas Com reavaliações regulares das condições de exposições ocupacionais. Áreas livres Qualquer área que não seja classificada como área controlada. Na sala de exames e na(s) porta(s) de acesso devem constar a seguinte informação: I. Paciente, exija e use corretamente vestimenta plumbífera. II. Só é permitida a permanência de acompanhantes na sala durante o procedimento se estritamente necessário e autorizado, devendo o acompanhante usar vestimenta plumbífera para sua proteção. III. Nesta sala pode permanecer somente 1 (um) paciente de cada vez. IV. Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez: informem ao médico ou ao técnico antes do exame. Recomendação Os serviços devem adotar medidas de vigilância e monitoramento, ou seja, devem ficar atentos aos limites de exposições estabelecidos por normas, além de monitorar se os profissionais estão usando os dosímetros adequadamente. No caso de as doses atingirem ou excederem os níveis de investigação estabelecidos pela CNEN, o responsável legal do serviço deve providenciar investigação. Levantamento radiométrico Um levantamento radiométrico constitui-se de uma avaliação ou de medições dos níveis de radiação nas áreas de uma instalação, tanto controladas quanto adjacentes. O levantamento radiométrico deve ser realizado a cada quatro anos ou em períodos menores, nos casos de “modificações na infraestrutura, nos equipamentos ou nos processos de trabalho que influenciem as medidas de proteção radiológica do serviço” (RDC 330, 2019, art. 64). Vejamos as atribuições e responsabilidades do: Levantamento radiométrico Devem constar no levantamento radiométrico: Croquis da instalação e vizinhanças (o rascunho/desenho da sala e vizinhanças permanecem os mesmos?). Identificação dos equipamentos de raios X e tubos. Descrição da instrumentação utilizada, da calibração, dos fatores de operação utilizados no levantamento, da carga de trabalho máxima semanal estimada e os fatores de uso (parâmetros necessários para cálculo de blindagem e verificação se o previsto coincide com a prática). Leituras realizadas em pontos dentro e fora da área controlada. Estimativa dos equivalentes de dose ambiental anuais nos pontos de medida. Responsável legal Garantir a segurança, qualidade dos processos e proteção das pessoas. Todos os membros da equipe “I - estar ciente do conteúdo da RDC 330/2019, dos riscos associados ao seu trabalho, das normas, rotinas, dos protocolos, procedimentos operacionais relacionados ao seu trabalho, e de suas responsabilidades na proteção dos pacientes, de si mesmo e de outros; II - executar suas atividades conforme as normas, rotinas, protocolos e procedimentos operacionais estabelecidos; IX - notificar à autoridade sanitária descumprimento das normas” (RDC 330, 2019, art. 23). Proibições e restrições Somente profissionais legalmente habilitados para o exercício ou em treinamento sob supervisão direta do profissional legalmente habilitado podem operar e manusear equipamentos que emitem radiação ionizante. A RDC nº 330/2019 (arts. 81 e 82) proibe alguns tipos de exposições aos raios X, quando não justificadas. Os serviços complementares e suplementares, como aqueles que realizam os procedimentos por meio de comando remoto ou telerradiologia, devem: I. Dispor de infraestrutura tecnológica apropriada ao: armazenamento, manuseio, transmissão, confidencialidade e privacidade dos dados. II. Garantir a ética, qualidade, segurança e eficácia do processo radiológico. III. Fornecer acesso a estudos e relatórios anteriores, além de qualquer outra informação clínica adicional necessária para o procedimento. IV. Assegurar os direitos do paciente à informação e termo de consentimento assinado para a transmissão dos dados. V. Garantir as características técnicas e compatibilidade das estações remotas de trabalho, além de manter documentos comprobatórios do cumprimento dos requisitos dispostos nesta Resolução e nas demais normativas aplicáveis a essas estações. Exposições aos raios X Demonstração ou treinamento, se esse for o único objetivo. Fins empregatícios ou periciais. Procedimentos simultâneos em equipamentos distintos, em uma mesma sala. Rotinas de tórax, para fins de internação hospitalar, exceto quando houver justificativa no contexto clínico, considerando- se possíveis métodos alternativos. Procedimentos em domicílio, exceto quando for inaceitável remover o paciente. Segurar com as mãos os dispositivos de registro de imagem durante a exposição, exceto em radiologia intraoral. A utilização de equipamentos de raios X com tubo alimentado por gerador de alta tensão autorretificado ou com retificação de meia onda, exceto equipamentos de radiologia intraoral. Processamento manual de filmes, exceto em radiologia intraoral ou em condições temporárias para atendimentos de urgência ou emergência. Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA Acompanhe a seguir os princípios básicos que regem a Resolução RDC nº 330/2019 da ANVISA. Vamos lá! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Classi�cação de áreas Módulo 2 - Vem que eu te explico! Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) Todos Módulo 1 - Video CNEN NN 3.01 Módulo 2 - Video R l ã RDC º 330/2019 d ANVISA Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Questão 1 (Adaptada de: INSTITUTO AOCP - Prefeitura de João Pessoa - Técnico em Radiologia - 2021) O conceito e atuação de levantamento radiométrico é de extrema importância nos serviços de radiologia, de acordo com a RDC ANVISA 330/2019. Assinale a alternativa que descreve corretamente o conceito e atuação de levantamento radiométrico. A Avaliação rotineira dos parâmetros técnicos e de desempenho de instrumentos e equipamentos de determinada instalação. B Conjunto de medidas e verificações realizadas após a montagem do equipamento na sala, para atestar a conformidade com as características de projeto e de desempenho declaradas pelo fabricante. C Teste para confirmar que o equipamento, quando operado como desejado, fornece imagem com a qualidade requerida, mediante a menor dose possível para o paciente. D Consiste nas medições dos níveis de radiação nas áreas controladas e adjacentes a uma instalação. Os resultados devem ser expressos para as condições de carga de trabalho máxima semanal e fatores de uso. E Consiste nas medições dos níveis de radiação nas áreas controladas de uma instalação, realizados mensalmente. Os resultados devem ser expressos para as condições de carga de trabalho máxima e fatores de uso. Parabéns! A alternativa D está correta. De acordo com a Resolução RDC 330/2019, os itens que incluema definição de levantamento radiométrico são as medições dos níveis de radiação nas áreas controladas e áreas adjacentes da instalação, devendo-se considerar as condições de carga de trabalho máxima semanal e os fatores de uso. Questão 2 De acordo com a Resolução - RDC ANVISA 330/2019 sobre restrições e proibições, assinale a alternativa correta. A É permitido exames radiológicos para fins empregatícios ou periciais. B Fica proibida qualquer exposição que não possa ser justificada. C É permitida a realização simultânea de procedimentos radiológicos em equipamentos distintos e na mesma sala, desde que permitido pelo responsável legal. D Fica permitido exames radiológicos em domicílio, exceto quando for inaceitável remover o paciente. E Fica permitido processamento manual de filmes. Parabéns! A alternativa B está correta. Qualquer exposição à radiação ionizante que não possa ser justificada, é proibida, incluindo todos os itens das demais alternativas. 3 - NCRP e as funções e princípios de radioproteção Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as funções e os princípios de radioproteção preconizados pelo NCRP. Congressos internacionais de radiologia “As raízes do Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica remontam de 1928 e estão intimamente relacionadas à formação da Comissão Internacional de Proteção Radiológica em julho daquele mesmo ano” (TAYLOR, 2002, p. 29, tradução livre). O primeiro Congresso Internacional de Radiologia (ICR), posteriormente denominado de ICRU, foi organizado em 1925 em Londres, Inglaterra. Durante essa reunião, representantes de vários países se reuniram e defenderam a necessidade de desenvolver uma técnica para medir as exposições dos raios X médicos. Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica Do inglês: The National Council on Radiation Protection and Measurements – NCRP. Comissão Internacional de Proteção Radiológica Do inglês: International Commission on Radiological Protection – ICRP. Congresso Internacional de Radiologia Do inglês: International Commission on Radiation Units and Measurements. Com a possibilidade de formar uma organização internacional de proteção radiológica, o segundo Congresso Internacional de Radiologia, antes de se reunir em Estocolmo, em julho de 1928, convidou vários países a enviarem representantes ao Congresso com o objetivo de discutir problemas de proteção e possivelmente preparar algumas recomendações iniciais de proteção contra os raios X. (TAYLOR, 2002, p. 29, tradução livre) Saiba mais Foi acordado, no segundo Congresso Internacional de Radiologia, a criação de dois comitês internacionais: ICRU e ICRP. Um ano depois, em 1929, ficou decidida a criação de uma equipe americana para medição de radiação, o Comitê Consultivo em Raios X e Proteção de Rádio, denominada posteriormente de Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) (TAYLOR, 2002). NCRP - Missão e estrutura atual “O Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) busca formular e disseminar amplamente, tanto as informações, quanto orientações e recomendações sobre proteção e medições de radiação que representem o consenso do pensamento científico de ponta. A missão do CNRP também abrange a responsabilidade de facilitar e estimular a cooperação entre as organizações, preocupadas com os aspectos científicos e relacionados à proteção radiológica e medições. O NCRP operava originalmente como uma associação informal de cientistas que buscava disponibilizar informações e recomendações sobre proteção e medições de radiação” (NCRP, 2015). “Mais de 30 relatórios importantes foram produzidos durante o período inicial da história do NCRP, incluindo a primeira recomendação especificando um nível máximo permitido de exposição” (NCRP, 2019). “Com o grande aumento no uso de radiação que ocorreu nas décadas de 1940 e 1950, o programa do NCRP se expandiu significativamente para atender às novas necessidades e, posteriormente, foi reconhecido que a continuação do modo informal de operação era inadequada. Como resultado, o NCRP foi reorganizado e licenciado pelo Congresso dos EUA em 1964 como Conselho Nacional de Proteção e Medições de Radiação (NCRP).” A Carta do Conselho (Lei Pública 88-376) estabelece seus objetivos. Carta do Conselho (Lei Pública 88-376) “Para: coletar, analisar, desenvolver e divulgar no interesse público informações e recomendações sobre: i. Proteção radiológica e medições, grandezas e unidades de radiação. ii. Fornecer um meio pelo qual, as organizações envolvidas com os aspectos científicos e relacionados à proteção radiológica e as grandezas, unidades e medições de radiação possam cooperar para a utilização eficaz de seus recursos combinados e para estimular o trabalho de tais organizações. iii. Desenvolver conceitos básicos sobre grandezas, unidades e medições de radiação, sobre a aplicação desses conceitos e sobre proteção radiológica. iv. Cooperar com a ICRP, o Conselho Federal de Radiação, a ICRU e outras organizações nacionais e internacionais, governamentais e privadas, preocupadas com grandezas, unidades e medições de radiação e com proteção radiológica”. Deve-se notar que embora a Carta reconheça a importância e o caráter nacional do NCRP, ela não torna o Conselho um órgão governamental; é uma empresa privada. Além disso, a Carta não dá direito ao Conselho de verbas do Congresso. O NCRP é uma organização de serviço público não governamental, sem fins lucrativos, e tem o status de órgão educacional e científico isento de impostos. O Conselho trata tanto da radiação não ionizante quanto da radiação ionizante e produziu mais de 150 relatórios científicos. Aproximadamente três a seis relatórios são produzidos a cada ano, e mais de 1,5 milhão de cópias das publicações do NCRP foram distribuídas. Além disso, a reunião anual, aberta à comunidade científica e ao público, aborda, a cada ano, uma questão científica oportuna” (NCRP, 2015). No NCRP on-line, é possível visualizar todos os relatórios, seus sumários, bem como os valores de cada um. As informações abaixo são das publicações mais recentes do NCRP on-line em 2020. Foram publicados dois relatórios científicos e dois comentários sobre: Material Radioativo presentes na natureza e doses dos IOE com foco nos pulmões. Comentário nº 29 Material Radioativo de Ocorrência Natural (NORM) e NORM Tecnologicamente Aprimorado (TENORM) da Indústria de Petróleo e Gás (2020): "O objetivo deste Comentário é revisar as práticas associadas aos métodos contemporâneos de exploração e produção de petróleo e gás que têm potenciais preocupações radiológicas; avaliar o status histórico e atual das regulamentações pertinentes à gestão de NORM/TENORM na indústria de petróleo e gás; e recomendar as áreas temáticas para desenvolvimento em um futuro relatório abrangente do Conselho Nacional de Proteção e Medições de Radiação (NCRP)." Comentário nº 30 Uso de dados de monitoração pessoal para derivar doses de órgãos dos trabalhadores de radiação médica, com foco no pulmão (2020): "O objetivo deste Comentário é descrever uma abordagem ideal para o uso de dados de monitoração pessoal para estimar as doses de pulmão e outros órgãos." Relatório nº 185 Avaliação e comunicação dos riscos de radiação para estudos envolvendo seres humanos: orientação para pesquisadores e conselhos de revisão institucional (2020): "A extensão do conhecimento sobre radiação ionizante em geral, radiação envolvida em procedimentos médicos e os potenciais efeitos adversos da radiação variam substancialmente entre os membros do público e dentro da comunidade médica." Relatório nº 186 Abordagens para a integração de informações da radiobiologia e epidemiologia para melhorar a avaliação de risco à saúde em baixas doses (2020): "O objetivo geral deste relatório é fornecer subsídios para o desenvolvimento de modelos de dose-resposta de base biológica para cânceres induzidos por radiação e doenças circulatórias que usam viasde resultados adversos e abordagem de eventos-chave para fornecer parâmetros para esses modelos." “O trabalho do NCRP tem um impacto significativo em quase todas as atividades nos Estados Unidos que utilizam radiação. As recomendações do Conselho são importantes para os usuários de radiação – médicos, industriais e governamentais; ao público em geral; e a outros grupos estaduais, nacionais e internacionais preocupados com questões de radiação. As recomendações promulgadas pelo Conselho, fornecem a base científica para os esforços de proteção radiológica em todo o país. Indivíduos e organizações industriais que empregam fontes de radiação recorrem a essas recomendações para ter certeza de que seus equipamentos e práticas incorporam os mais recentes conceitos de proteção. Grupos não governamentais preocupados em melhorar os esforços de proteção e divulgar informações sobre proteção radiológica buscam orientação no Conselho” (NCRP, 2015). O número de organizações colaboradoras, de membros, comitês, conselhos, entre outras funções que compõem a estrutura da instituição, estão representados na imagem a seguir (NCRP, 2015). Esquematização da estrutura atual do NCRP. A maior parte do trabalho do NCRP é realizada por meio de seus comitês científicos (SC). Os SCs são organizados em comitês de área de programa (PACs) ou comitês consultivos que ajudam a identificar questões e tópicos importantes de proteção contra radiação, para os quais um relatório de um SC composto de especialistas no assunto seria de valor relevante. Esses comitês incluem PACs de 1 a 7, além de um painel consultivo sobre radiação não ionizante, conforme ilustrado abaixo. Painel Consultivo “As principais funções do Painel Consultivo são: Analisar os mecanismos de interação da radiação não ionizante com os sistemas biológicos, incluindo humanos. Identificar as respostas biológicas e os efeitos potenciais à saúde humana. As avaliações são feitas tanto de aspectos teóricos, dosimetria e avaliação da exposição de humanos à radiação não ionizante, bem como de procedimentos para mitigar a exposição em ambientes públicos e ocupacionais. As recomendações também são estabelecidas sobre os níveis de exposição aceitáveis para radiação não ionizante em ambientes ocupacionais, médicos e públicos” (NCRP, 2015). Resumo dos PACs que compõem o NCRP. NCRP - O começo “A primeira reunião do comitê foi realizada em setembro de 1929, durante a reunião anual da American Roentgen Ray Society. Como primeiro objetivo, o comitê empreendeu a preparação de recomendações sobre proteção dos raios X. Estes foram publicados em 16 de maio de 1931, como National Bureau of Standards Handbook. O próximo esforço foi direcionado para a preparação de recomendações sobre proteções de rádio e o primeiro manual sobre proteção de rádio foi publicado em 17 de março de 1934. Logo após a publicação sobre Proteção dos Raios X, desenvolvimentos muito rápidos foram feitos no campo de raios X; em 1934 ou 1935, reconheceu-se que este manual teria de ser revisado e as recomendações revisadas foram publicadas em julho de 1936. É interessante notar que neste manual apareceu pela primeira vez a recomendação de um nível de exposição permissível específico (então chamado de dose de tolerância) de radiação, permitido para a exposição ocupacional. O valor recomendado foi de 0,1 roentgen/dia” (TAYLOR, 2002, p. 30-31, tradução livre). Este valor (limite) foi baseado como limite para a ausência de dano observável, pois acreditava- se que o dano observável era o mais imediato, ou seja, a produção de eritema cutâneo. “Este nível de exposição permitido permaneceu em vigor por 12 anos e foi utilizado pelo Distrito de Manhattan em suas operações. Posteriormente, foi alterado como resultado da ação do NCRP por volta de 1948. A revisão do manual sobre proteção contra rádio foi realizada em seguida e o novo manual foi publicado em 25 de agosto de 1938. Esses dois manuais foram aceitos neste país como os principais guias de proteção dos raios X e as radiações do rádio. Conforme observado acima, eles também foram os principais guias neste campo para o projeto Manhattan. Durante os anos de guerra, não houve atividade formal por parte do Comitê Consultivo. Durante esse tempo, entretanto, a maioria dos membros do Comitê Consultivo foi atraída para o programa do Distrito de Manhattan e foi em grande parte por meio de seus esforços que os regulamentos de segurança uniformes prevaleceram durante aquele período. Durante as primeiras atividades, era costume que o comitê inteiro trabalhasse em conjunto no desenvolvimento de recomendações de proteção. Quando concluídas, as recomendações eram submetidas, por meio de seus respectivos representantes, às organizações participantes para anotação e aprovação. A aprovação formal geralmente era dada em uma das reuniões regulares de negócios das sociedades. Em setembro de 1946, uma reunião informal do Comitê Consultivo foi realizada para discutir a extensa revisão necessária nas recomendações de proteção de raios X. Nessa reunião, foi apontado que os problemas de proteção haviam se tornado muito complexos para permitir seu estudo e solução. A primeira reunião normal pós-guerra do Comitê foi realizada em 4 de dezembro de 1946. Na agenda, foi assinalado que novos dados se tornassem disponíveis desde a emissão das recomendações sobre proteção de raios X, e que muitos novos problemas de proteção surgiram com a rápida expansão no campo de radiação (proteção contra nêutrons, raios X de mega voltagem, isótopos radioativos etc.). Foi sugerido que o escopo do trabalho fosse definido; e que se considerasse a organização em pequenos grupos de trabalho para tratar de cada um dos problemas, devendo seus relatórios completos ser submetidos à aprovação do comitê” (TAYLOR, 2002, p. 31, tradução livre). A reorganização “Discussões nesse sentido foram realizadas na reunião de 4 de dezembro de 1946 e, como resultado, foi acordado que o Comitê deveria ser substancialmente ampliado e reorganizado. Ao mesmo tempo, considerou-se que o nome do Comitê deveria ser mais inclusivo e, portanto, foi renomeado como Comitê Nacional de Proteção Radiológica. O National Bureau of Standards foi reafirmado como a agência central de coordenação para o trabalho do Comitê; o patrocínio de uma agência imparcial foi considerado particularmente vantajoso em vista dos vários tipos de organizações participantes (sociedades radiológicas, indústria, governo e a possível inclusão de grupos industriais e trabalhistas). Na reorganização, os seguintes subcomitês foram criados: 1. Dose permitida de fontes externas. 2. Dose permitida de fontes internas. 3. Raios X até 2MeV. 4. Partículas ionizantes pesadas (nêutrons, prótons e partículas mais pesadas). 5. Elétrons, rádio e raios X acima de 2MeV. �. Isótopos radioativos, produtos de fissão, incluindo seu manuseio e descarte. 7. Métodos e instrumentos de monitoração.” (TAYLOR, 2002, p. 32, tradução livre). Curiosidade Vejamos algumas informações relevantes sobre o Comitê Nacional de Proteção Radiológica: “Quinze relatórios foram publicados entre 1946 e 1958; foi formado em 1959, o ‘Conselho Federal de Radiação’ para fornecer uma política federal sobre a exposição humana à radiação; ‘as recomendações do Comitê receberam ampla aceitação nos Estados Unidos’; os Relatórios do Comitê, números 13 (1954), 17 (1954), 18 (1955) e 22 (1959) foram citados como base para os guias de Proteção Radiológica; os relatórios publicados nos primeiros anos do Conselho, após a formação em 1964 do NCRP, foram influentes na prática da proteção radiológica e levaram ao uso seguro de materiais radioativos e dispositivos produtores de radiação. Estas recomendações incluíram proteção para: pesquisa e instituições educacionais, práticas médicas e especificação e design de blindagem para instalações de aceleradores de megavoltagem de raios X gama” (KASE, 2015). NCRP e suas funções no Brasil e no mundo Está na hora de conhecermosas funções e os princípios da Proteção Radiológica preconizados pelo Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP). Vamos lá! Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Gerenciamento de riscos Módulo 3 - Vem que eu te explico! NCRP- Missão e estrutura atual Todos Módulo 1 - Video Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 CNEN NN 3.01 Módulo 2 - Video R l ã RDC º 330/2019 d ANVISA Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) é uma corporação sem fins lucrativos licenciada em 1964 para: I. Obter, analisar, desenvolver e divulgar informações e recomendações sobre proteção radiológica, grandezas e unidades e medições. II. Fornecer um meio pelo qual as organizações interessadas possam cooperar para a utilização eficaz e segura das radiações. III. Fazer recomendações no que tange apenas às radiações ionizantes. Assinale a alternativa correta. A Somente II e III são verdadeiras. B Somente I e II são verdadeiras. C Somente II é verdadeira. D Somente I é verdadeira. E Somente III é verdadeira. Parabéns! A alternativa B está correta. Considerações �nais “A proteção radiológica visa à utilização da radiação ionizante para benefício público, mas buscando sempre proteger o ser humano e o ecossistema de possíveis efeitos indesejáveis. Para isso, a proteção radiológica é sustentada por três pilares: justificação, otimização e limitação de dose individual” (CASTRO LUZ; SÁ; DELGADO, 2018). De acordo com Castro Luz, Sá e Delgado (2018) o uso seguro da radiação ionizante é regido por limites de exposição de públicos e ocupacionais, além da monitoração individual dos trabalhadores. Esses limites são baseados em recomendações internacionais da IAEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ICRP (Comissão Internacional de O item III está incorreto, pois o Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) faz recomendações tanto para radiação não ionizante como para a radiação ionizante. Questão 2 O Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) foi fundado no Estados Unidos com o objetivo de oferecer informações precisas e recomendações apropriadas para proteção radiológica. Assinale a alternativa que corresponda corretamente ao nome de origem e ano em que foi fundado o NCRP, respectivamente. A Comitê Consultivo em Raios X e Proteção de Rádio; foi estabelecido em 1925. B Conselho Consultivo em Raios X e Proteção de Rádio; foi estabelecido em 1929. C Comitê Consultivo em Raios X e Proteção de Rádio; foi estabelecido em 1928. D Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica; foi estabelecido em 1929. E Comitê Consultivo em Raios X e Proteção de Rádio; foi estabelecido em 1929. Parabéns! A alternativa E está correta. No segundo Congresso Internacional de Radiologia (ICR-2), dois comitês internacionais foram fundados, o ICRU e ICRP. Em 1929, um ano depois da fundação do ICU e ICRP, ficou decidido a criação de uma equipe americana, o Comitê Consultivo em Raios X e Proteção de Rádio. Proteção Radiológica), ICRU (Comissão Internacional de Unidades e Medições em Radiação), além de padrões nacionais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Conselho Nacional de Medições e Proteção Radiológica (NCRP) do Estados Unidos. No Brasil, existe um número expressivo de profissionais que trabalham com radiações ionizantes tanto em área médica, indústria, pesquisa, agricultura como em tantas outras, e a proteção radiológica deve atender às exigências de diversos órgãos governamentais, sendo os principais ANVISA e CNEN. As normas da CNEN e ANVISA orientam e atribuem responsabilidades aos responsáveis finais pelo uso e controle de fontes de radiação ou equipamentos que emitem radiação ionizante, além de uma rigorosa fiscalização. Podcast Para concluir este estudo, ouça e aprenda mais sobre os requisitos de segurança radiológica e nuclear. Referências AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. ANVISA. Radiodiagnóstico médico: desempenho de equipamentos e segurança. Brasília, 2005. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. ANVISA. Resolução RDC nº 330, de 20 de dezembro de 2019. Brasília, 2019. CASTRO LUZ, C. P. V.; SÁ, L. V.; DELGADO, J. U. Radiological protection and certification for medical professionals in Brazil. Brazilian Journal of Radiation Sciences, v. 6, n. 2B, 2018. COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. CNEN. Medida provisória nº 1.049, de 14 de maio de 2021. Brasília, 2021. COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. CNEN. Norma CNEN NN 3.01. Diretrizes básicas de proteção radiológica, Resolução CNEN 164/14, Março 2014. COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. CNEN. Norma CNEN NN 3.01. Diretrizes básicas de proteção radiológica, Posição Regulatória 3.01/012. p. 7. KASE, K. R. The Influence of NCRP on Radiation Protection in The U.S.: Regulation and Guidance. Twelfth Annual Warren K. Sinclair Keynote Address. NCRP on-line. Publicado em: 16 mar. 2015. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA MME MP i A t id d N i l d S N l (ANSN) [ li ] P bli d MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. MME. MP cria Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN). [on-line] Publicado em: 18 maio 2021. NATIONAL COUNCIL ON RADIATION PROTECTION AND MEASUREMENTS. NCRP. Mission. [on-line] Última atualização em: 25 maio 2015. NATIONAL COUNCIL ON RADIATION PROTECTION AND MEASUREMENTS. NCRP. NCRP Council Member Handbook. [on- line] Publicado em: 27 mar. 2019. NATIONAL COUNCIL ON RADIATION PROTECTION AND MEASUREMENTS. NCRP. 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