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TEMA 2 - Cadeia de Suprimentos Introdução O presente capítulo aborda os conceito básico sobre Logística empresarial, bem como da Supply Chain. Sobre SCM, ainda daremos um direcionamento sobre seus principais aspectos e formas da gestão. Serão trabalhados também, conteúdos como: estrutura organizacional para gestão sistêmica da logística, conforme descritos por alguns autores em suas obras publicadas, sobre o tema. LOGÍSTICA EMPRESARIAL A Logística era inicialmente entendida como o processo de “colocar o produto certo, na hora certa, no local certo e ao menor custo possível, desde as fontes de matéria-prima até o produto acessar o consumidor final” (BALLOU, 1999). Com a evolução da logística no meio empresarial este conceito ficou muito limitado e um novo foi proposto pelo Conselho de Profissionais de Cadeias de Suprimento (CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals). Para esta organização logística empresarial é “o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender os requisitos do cliente” (NOVAES, 2001). Este conceito continua abrangendo o fluxo (e armazenagem) de materiais desde as fontes de material prima até o consumidor final, mas agora inclui o fluxo de informações. Além disso considera não somente a execução (implementação) deste processo mas também seu planejamento e controle. Deste conceito também fica claro que os objetivos da logística empresarial envolvem a busca da maior eficiência e do menor custo. Figura 1 – Evolução da Cadeia de Suprimentos Fonte: https://www.igti.com.br/blog/evolucao-cadeia-de-suprimentos/ CADEIA DE SUPRIMENTOS (SUPPLY CHAIN) A cadeia de suprimento de uma empresa inclui áreas funcionais, tanto externas como internas, desde os fornecedores de matérias primas até os consumidores finais. Figura 2 – Cadeia de Suprimentos genérica (em vermelho elementos internos à empresa). Fornecedores de Fornecedores Suprimento s Cliente s Consumidore s Fornecedores Distribuiçã o Produção Fluxo de materiais Fluxo de informações Fonte: Elaborado pelo autor deste capítulo. O aspecto interno da logística de uma organização empresarial envolve a gestão do fluxo dos produtos através das áreas de suprimento, produção e distribuição. Este aspecto envolve a cadeia de processos por onde as matérias-primas fluem, pois elas são adquiridas, transformadas em produtos acabados e disponibilizadas ao próximo integrante da cadeia produtiva. No aspecto externo da organização a cadeia de suprimentos ou supply-chain abrange toda a cadeia de processos de um produto. Esta abrange as empresas extratoras de matérias-primas, as transformadoras de matérias-primas em produtos acabados, os clientes destas e os consumidores. Há um fluxo de materiais (ou serviços) que começa com as compras de materiais nos fornecedores e termina com a chegada dos produtos acabados (ou serviços) no consumidor. Há fluxos de informação através de toda a cadeia desde as vendas até o planejamento das compras, passando pela área de suprimentos, a produção e a distribuição. O intercâmbio de informação entre todas as atividades da cadeia é crucial para planejar e responder mais rapidamente a mudanças do mercado. A cadeia de suprimentos engloba os processos de negócio, as pessoas, a organização, a tecnologia e a infraestrutura física que permitem a transformação de matérias primas em produtos e serviços intermediários e acabados que são oferecidos e distribuídos ao consumidor para satisfazer sua demanda. Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM – Supply Chain Management) A gestão da cadeia de suprimento (do inglês Supply Chain Management – SCM) é planejamento, organização e controle das atividades da cadeia de suprimento. Nestas atividades está implicada a gestão dos fluxos monetários, de produtos ou serviços e de informação, através de toda a cadeia de suprimento, com o fim de maximizar o valor do produto/serviço entregue ao consumidor final, enquanto se diminuem os custos da organização. A expressão Supply Chain Management foi introduzida no início de 1980 (LAMBERT; COOPER, 2000). SCM é conceituada por Goldbach (2003) como “[..] a gestão de uma rede de organizações mutuamente interdependentes e conectadas, trabalhando cooperativamente juntas para melhorar o fluxo de material e informação, bem como os custos relacionados de matérias-primas do fornecedor ao consumidor final”. Entre os benefícios esperados pela implementação da gestão da cadeia de suprimentos pode-se citar a redução de incertezas e riscos na cadeia (TURBAN et al., 2003), o que pode levar a redução dos níveis de estoque, diminuição da duração do ciclo de pedido, agilização dos processos comerciais e melhoria no atendimento ao cliente. O SCM é bem mais abrangente que a logística, envolvendo também a produção. A gestão da cadeia de suprimentos inclui atuar tanto dentro dos fornecedores (e.g. qualificando-os), como nas áreas de suprimentos, produção e distribuição da empresa, nos clientes e também no consumidor final (e.g. influenciando suas escolhas e percepções, se necessário e viável). Cadeia é uma corrente (cadena em espanhol ou chain em inglês), ou seja, um conjunto de elementos interligados em série (encadeados). Fluxo é aquilo que percorre a cadeia (passa através desses elementos interligados). No caso de uma corrente de aço com um peso pendurado, ela (a cadeia) é percorrida (fluxo) por uma força. Já gestão da cadeia de suprimentos consiste em atuar sobre cada elemento da cadeia de modo obter o "melhor" fluxo. Por melhor pode-se considerar maior, de menor custo, de maior lucro, de maior qualidade, etc. A ideia mais impactante por trás do SCM é a mesma que norteia a Teoria das Restrições: o "gargalo" determina o fluxo do sistema. Isto leva à necessidade de haver uma atuação unificada em todos os elos da cadeia de modo a tentar equilibrar o desempenho de todos os elementos para obter o melhor fluxo de materiais e informações. Isto leva ao surgimento da figura do gestor de cadeia de suprimentos, que tem autoridade para atuar em toda a cadeia detendo o comando dos subsistemas de suprimento, apoio à produção e distribuição, nos níveis estratégico, tático e operacional. Sincronizar os processos da organização em torno da cadeia de suprimento é, portanto, fundamental para qualquer estratégia de SCM. As melhores práticas sobre estruturas organizacionais recomendam a adoção de indicadores de desempenho (KPI, do inglês Key Performance Indicators) para as distintas áreas funcionais. Mas não basta só medir, é necessário estabelecer objetivos e identificar as causas no caso de não atingimento destes (aprendizado organizacional). No caso das informações, a questão mais importante é fazer chegar a todos os elementos iniciais da cadeia de suprimento informações sobre o comportamento do consumidor final para que possa haver uma resposta mais rápida de toda a cadeia aos movimentos do mercado e e também para evitar o Efeito Chicote (pesquise sobre este assunto). O conceito de supply chain ultrapassa os limites da logística, quebrando as divisões entre suprimento (estudado pela antiga administração de materiais), produção (antiga administração da produção, hoje administração de processos operacionais) e distribuição (envolvendo marketing e logística), fazendo com que todos estes elementos façam parte de uma cadeia em que um elo se mistura com o outro. A gestão da cadeia de suprimentos une logística, produção e marketing para a tomada de decisão. Para obter sucesso a gestão da cadeia de suprimento depende de que informações claras e confiáveis sejam comunicada através de toda a cadeia. Umacadeia de suprimento integrada compartilha a informação para otimizar os níveis de estoque dos distribuidores e dos fornecedores e as taxas de produção de modo a maximizar o desempenho da cadeia. Mas para isso é necessário definir critérios de avaliação de desempenho e criar indicadores que permitam sua medição. O tempo de resposta da cadeia de suprimento é uma das variáveis chave a gerenciar. O tempo de resposta à demanda consiste no tempo desde o momento em que ocorre mudança nas preferencias do consumidor até o momento em que a cadeia identifica essa mudança e faz ajustes nas suas previsões, replaneja a distribuição e a produção, revisa os pedidos de materias primas e responde às necessidades de transporte. Algumas recomendações para uma adequada gestão da cadeia de suprimentos serão abordadas a seguir. A gestão da empresa deve encarar a cadeia de suprimentos como um todo e não como uma soma de áreas funcionais com distintos objetivos e com uma visão limitada do impacto de certas ações nos clientes e fornecedores internos e externos. A carteira de clientes deve ser segmentada segundo o nível de serviço que eles realmente necessitam e valorizam. Nem todos os clientes são igualmente importantes para as empresas e nem todos exigem e valorizam o mesmo nível de serviço. Estabelecer e dimensionar uma cadeia de suprimento igual para todos os clientes resulta em um resultado extremamente ineficiente e/ou inadequado para os clientes mais exigentes. É importante ter em conta que distintos níveis de serviço não implicam distintos níveis de qualidade, se entendemos por qualidade atender as expectativas do cliente. Deve-se focar em gerenciar o fluxo de materiais ou serviços, adequando a cadeia de suprimento (através de ajustes em cada um dos elementos) às necessidades da carteira segmentada de clientes. Deve-se procura integrar a cadeia de suprimento com clientes e fornecedores compartilhando informações sobre planejamento e previsão (forecasting), ou seja, implementando o planejamento colaborativo (Collaborative Planning). As compras devem ser gerenciadas de maneira estratégica, pois tudo que se compra tem diferentes impactos na qualidade do produto acabado e em seu custo e nem todos os mercados e fornecedores são iguais. Estrutura organizacional para gestão sistêmica da logística Uma pesquisa feita em 2004 pelo Instituto de Pesquisa e Ensino em Logística (IPELOG) do Rio Grande do Sul em empresas com mais de 500 funcionários identificou que, na maior parte das empresas, as áreas compreendidas pela logística não estavam sob uma coordenação única, predominando o a estrutura apresentada no organograma mostrado na Figura 3. Figura 3 – Organograma predominante nas empresas. Fonte: Autor Os motivos apresentados para a estruturação da empresa deste modo utilizaram os argumentos a seguir. A área financeira precisa manter as compras sob seu controle devido ao impacto enorme que elas têm sobre os fluxos financeiros da empresa. A área comercial precisa garantir que os clientes sejam adequadamente atendidos, portanto prefere manter a distribuição sob seu controle. E a área de produção é muito complexa e gasta consigo a maior parte dos recursos de operação (mão-de-obra, equipamentos, energia, ferramentas etc.) portanto, necessita de uma diretoria à parte. A pesquisa também mostrou que os gestores das áreas relacionadas à logística (suprimento, produção e distribuição) identificaram problemas no fluxo dos produtos decorrentes de objetivos conflitantes entre as diretorias às quais estavam subordinados. Um organograma que permite a gestão sistêmica da logística pode ser visto na Figura 4 conforme proposto por Schlüter & Schlüter (2005). Figura 4 – Organograma de empresa com comando centralizado da logística Diretor geral Diretoria de Finanças Diretoria de RH Diretoria Industrial Diretoria de Marketing Compras Almoxarifado PCP Engenharia de Produção Manufatura Distribuição CD Pós-vendas Transporte Matéria Prima Fonte: Adaptado de Schlüter; Schlüter (2005). A Diretoria de Logística proposta por Schlüter; Schlüter (2005) existe em empresas maiores sob o nome de Diretoria de Supply Chain Management ou Diretoria de Gestão da Cadeia de Suprimentos. Diretor geral Diretoria de Finanças Diretoria de Recursos Humanos Diretoria de Logística Diretoria de Marketing Compras Suprimentos Produção Distribuição Serviço ao Cliente Logística Reversa Assistência Técnica Treinamento Almoxarifado Planejamento e Controle da Produção Engenharia de Produção Manufatura Qualidade Transporte Armazenagem REFERÊNCIAS BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookmann, 1999. BETCHEL, C.; JAYARAM, J. Supply Chain Management: a strategic perspective. In: The International Journal of a Logistic Management, v.8, n.1, p15-34, 1997. GOLDBACH, M. Coordinating Interaction in Supply Chains - The Example of Greening Textile Chains. In: SEURING, S. et al. Strategy and Organization in Supply Chain. Heidelberg: Physica Verlag, 2003. LAMBERT, D.; COOPER, M. Issues in Supply Chain Management. In: Industrial Marketing Management. v.29, 2000, p.64-83. NOVAES, A G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição: Estratégia, Operação e Avaliação. Rio de Janeiro. Campus, 2001. SCHLÜTER, G. H.; SCHLÜTER, M. R. Gestão da empresa de transporte rodoviário de carga e logística: a gestão focada no resultado. Porto Alegre: Horst, 2005. TURBAN, E.; RAINER, R. K.; POTTER, R.E. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. In:______. Administração da Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro: Campus, 2003, cap.10, p.327-357.
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