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AlfaCon--130-da-abolicao-da-escravidao-e-o-racismo-no-brasil

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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
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Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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ÍNDICE
130 Anos da Abolição da Escratura no Brasil e o Racismo nos Dias Atuais�������������������������������������������������2
Abolição da Escravatura no Brasil ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������2
O Que Mudou Após a Abolição? ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������4
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130 Anos da Abolição da Escratura no Brasil 
e o Racismo nos Dias Atuais
Recém-completados os 130 anos da Lei Áurea, sancionada em 13 de maio de 1888, que aboliu 
a escravidão do Brasil, a situação do negro no país segue agrilhoada ao preconceito e à timidez de 
políticas públicas que venham reduzir a desigualdade entre brancos e negros� Se alertar para essas 
diferenças é necessário, por outro lado, o negro figurar apenas como pauta negativa também é uma 
forma de perpetuar condições que precisam ser corrigidas�
Uma data tão importante gera debates e reflexões acerca da inserção do negro na sociedade brasileira 
naquele período do final do século XIX e também sobre os desafios atuais que a nossa sociedade ainda 
possui nas questões que envolvem a desigualdade racial que existe em nosso país�
Uma série de dados reforça a existência do racismo no Brasil� Isso é resultado de todo o processo 
histórico que aconteceu por aqui, que não promoveu políticas públicas efetivas no sentido de 
inserir os negros na sociedade� Essa situação reflete-se na condição atual do nosso país em índices 
que evidenciam uma desigualdade racial alarmante�
Abolição da Escravatura no Brasil
A causa abolicionista no Brasil ganhou força a partir da década de 1870, sobretudo após o fim da 
Guerra do Paraguai� O fortalecimento da causa abolicionista refletiu-se diretamente no Brasil a partir da 
fundação de organizações que debatiam ações para promover essa causa nos meios políticos brasileiros e 
foi acompanhado de algumas leis, como a Lei do Ventre Livre�
A transição do Brasil para o fim da escravatura foi, no entanto, lenta e gradual de uma maneira 
que atendia aos interesses dos grandes defensores desse tipo de trabalho no nosso país: os grandes 
proprietários do Sudeste brasileiro� A postergação de reformas que caminhassem nesse sentido (da 
emancipação dos negros) era uma prática brasileira desde o Primeiro Reinado�
Podemos começar pelo fato de que o Brasil, após a sua independência, não apenas manteve, como 
reforçou a importância da escravidão, o que, em geral, foi bastante diferente do que aconteceu na América 
Espanhola, uma vez que grande parte da América Latina aboliu essa modalidade de exploração do 
trabalho antes da década de 1860�
A própria proibição do tráfico negreiro ocorreu apenas em 1850 (apesar de existir uma lei de 1831 que 
já proibia esse comércio) e após grande pressão da Inglaterra sobre o nosso país para que isso acontecesse� 
Essa lei ficou conhecida como Lei Eusébio de Queirós e só foi decretada após a Inglaterra pressionar o 
nosso país a partir do Bill Aberdeen�
LEI Nº 581, DE 4 DE SETEMBRO DE 1850.
Estabelece medidas para a repressão do trafico de africanos neste Imperio.
Dom Pedro, por Graça de Deos, e Unanime Acclamacão dos Povos, Imperador Constitucional 
e Defensor Perpetuo do Brasil: Fazemos saber a todos os Nossos Subditos, que a Assemblea Geral 
Decretou, e Nós Queremos a Lei seguinte.
Art. 1º As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras encontradas nos 
portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriaes do Brasil, tendo a seu bordo escravos, cuja 
importação he prohibida pela Lei de sete de novembro de mil oitocentos trinta e hum, ou havendo-os 
desembarcado, serão apprehendidas pelas Autoridades, ou pelos Navios de guerra brasileiros, e con-
sideradas importadoras de escravos.
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De toda forma, mudanças práticas nesse sentido só aconteceram a partir de 1870, pois, conforme 
mencionado, a partir dessa década a causa abolicionista ganhou força no Brasil� Além disso, surgiu 
uma preocupação entre membros do governo monárquico acerca das tensões que o embate entre 
abolicionistas e escravocratas poderia gerar�
Essa preocupação ocorria, em grande parte, pela tensão que existia nos EUA entre o Norte 
abolicionista e o Sul escravocrata� Lá essa tensão foi tão grande que foi em parte responsável pela 
Guerra de Secessão, que se estendeu durante quatro anos, o que gerou muita destruição material e 
foi responsável pela morte de 600 mil pessoas�
Além da preocupação em evitar um conflito nesse sentido no Brasil, o governo monárquico 
preocupava-se também com a reputação internacional do Brasil, pois havia grande pressão interna-
cional para que o país acabasse com a escravidão� Essa pressão intensificou-se depois que Rússia e 
EUA colocaram fim ao trabalho escravo em 1861 e 1863, respectivamente�
A pressão internacional justificava-se também em parte porque a escravidão, além de ser vista de 
maneira negativa pelos novos padrões civilizacionais que já despontavam, era enxergada em deter-
minadas partes do globo como um entrave para a modernização do capitalismo, que estava em curso 
nas nações europeias e nos EUA�
De toda forma, o fortalecimento desse debate fez com que, em 1871, fosse aprovada a Lei do 
Ventre Livre� Essa lei decretava que o fruto do ventre de todas as escravas do Brasil seria conside-
rado livre, desde que exercesse um período de trabalho como forma de compensação ao dono dos 
escravos� Assim, o dono que libertasse seu escravo aos oito anos de idade teria direito a uma indeni-
zação, mas caso optasse por ficar com o escravo até os 21 anos, não seria indenizado� Essa lei gerou 
um debate muito grande na época� Até os abolicionistas ficaram com muitas desconfianças�
Esse debate seguiu dividindo a sociedade brasileira, e a atuação dos grupos abolicionistas durante 
a década de 1880 intensificou-se, mas não sem uma reação conservadora� Nessa questão da reação 
conservadora nesse período, podem ser destacadas a Lei Saraiva, de 1881, e a Lei Saraiva-Cotegipe, 
de 1885, e também conhecida como Lei dos Sexagenários�
A Lei Saraiva de 1881 criou dispositivos que reorganizaram o sistema eleitoral brasileiro, promo-
vendo a redução dos quadros eleitorais do nosso país� Com essa lei, estipulavam-se eleições diretas 
no país, mas se exigia o dobro para ter direito ao voto (a renda mínima passou a ser de 200 mil réis), 
bem como a assinatura do votante (uma estratégia para excluir os analfabetos)�
Essa lei pode ser entendida como uma estratégia dos conservadores brasileiros para impedir que 
o perfil do eleitorado brasileiro se alterasse radicalmente com a aceleração do processo emancipató-
rio do nosso país naquele momento� Além disso, estipulava que o eleitor ideal para essa ala política 
seria um grupo muito restrito, composto pela elite econômica e branca do nosso país� Assim, os 
grupos conservadores anteciparam-se às mudanças que poderiam acontecer e tomaram medidas 
que visavam a restringir o acesso do negro ao voto�
A Lei dos Sexagenários, ou Saraiva-Cotegipe, de 1885, decretava que os escravos com idade 
superiora 65 anos seriam libertos de sua condição de escravos desde que trabalhassem por mais um 
período de três anos como compensação� A lei foi bastante criticada pelos abolicionistas, pois era 
considerada uma proposta tímida e conservadora e que tinha como objetivo retardar a abolição�
Apesar dessa reação conservadora, a força do abolicionismo cresceu� Diversas organizações abo-
licionistas começaram a agir e criar ações para promover a causa e garantir a defesa dos escravos no 
Brasil� Eventos e manifestações públicas tornaram-se comuns após 1885, e o fortalecimento dessa 
causa refletiu-se diretamente na postura dos escravizados�
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Surgiram, principalmente no Sudeste brasileiro (região que concentrava a maioria dos escravos 
brasileiros), rebeliões e fugas de escravos� Ao redor do Rio de Janeiro, além de regiões no Vale do 
Paraíba e no litoral paulista, surgiram diversos quilombos, que abrigavam os escravos que haviam 
fugido de seu cativeiro� O decreto da abolição no Brasil, então, foi resultado dessas múltiplas lutas 
travadas no país�
O fato é que conviviam modalidades, muitas vezes concomitantes, de luta abolicionista: a ação 
dos próprios escravos, a movimentação dos abolicionistas e a batalha política em nível nacional� O 
abolicionismo se convertia, portanto, em outra grande causa, forjando o sentimento e a imaginação 
dos brasileiros�
Assim, todo esse processo resultou no que ocorreu em 13 de maio de 1888, dia em que a Princesa 
Isabel realizou a assinatura da Lei Áurea, ratificando a abolição da escravatura no Brasil de maneira 
imediata e sem indenização para aqueles que possuíam escravos� Estima-se que cerca de 700 mil 
escravos tenham conquistado sua liberdade com a lei�
Um dado importante a ser destacado é que o Brasil foi o último país de todo o continente ame-
ricano a abolir o trabalho escravo em seu território (Cuba foi o penúltimo, abolindo em 1886)� Isso 
deixou evidente o alto grau de conservadorismo do nosso país, que postergou o fim da escravidão até 
quando fosse possível�
Por fim, vale dizer que a abolição da escravatura não foi acompanhada de políticas que promo-
vessem a integração dos negros libertos na sociedade e muito menos para que obtivessem um meio 
de subsistência� Isso foi o grande responsável pelo abismo social existente entre negros e brancos em 
nosso país, visto que medidas racistas foram tomadas durante as décadas seguintes e mantiveram 
esse quadro de desigualdade social�
O Que Mudou Após a Abolição?
Na prática, o que mudou foi que a escravidão enquanto prática institucionalizada e legalizada 
pelo Estado deixou de existir� O racismo e a exclusão do negro da sociedade permaneceram enquanto 
práticas da nossa sociedade, e isso pode ser percebido ao longo de todo o processo histórico do Brasil, 
a começar pela própria Primeira República�
Primeiramente, uma questão muito importante, ao se pensar em abolição, é analisar as formas 
de integração econômica que deveriam ter sido realizadas� Joaquim Nabuco, por exemplo, afirmava 
que era de vital importância que a abolição fosse acompanhada de uma reforma agrária para garantir 
ao liberto uma forma de subsistência e para que o ciclo de dependência do negro não se perpetuasse� 
Isso não aconteceu, e os negros tiveram poucas oportunidades de se desenvolver economicamente�
O que houve foi exatamente a perpetuação desse quadro de exploração, desigualdade e racismo, 
pois, conforme relata o historiador Boris Fausto, os escravos no Nordeste, em grande parte, con-
tinuaram dependendo dos antigos proprietários para sobreviver� No caso de São Paulo e no Rio 
Grande do Sul, os ex-escravos tiveram pouco acesso a oportunidades de empregos melhores, pois os 
empregadores preferiam contratar os imigrantes europeus� Por fim, Boris Fausto sentencia:
Apesar das variações de acordo com as diferentes regiões do país, a abolição da escravatura não 
eliminou o problema do negro. A opção pelo trabalhador imigrante, nas áreas regionais mais dinâ-
micas da economia, e as escassas oportunidades abertas ao ex-escravo, em outras áreas, resultaram 
em uma profunda desigualdade social da população negra. Fruto em parte do preconceito, essa de-
sigualdade acabou por reforçar o próprio preconceito contra o negro. Sobretudo nas regiões de forte 
imigração, ele foi considerado um ser inferior, perigoso, vadio e propenso ao crime; mas útil quando 
subserviente.
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Além disso, podem ser destacados episódios da história brasileira que ressaltam o preconceito 
e a violência contra o negro no Brasil� No período da Primeira República, podem ser destacados os 
eventos relacionados com a Revolta da Vacina (1904), que se iniciou por causa da postura arbitrária 
das autoridades da época, as quais expulsaram os negros que habitavam no centro do Rio de Janeiro 
e impuseram a campanha de vacinação obrigatória�
Ademais, a Revolta da Chibata (1910) também foi fruto do racismo que existia na sociedade, o 
que se refletia no violento trato que o negro recebia na Marinha� Os negros, com poucas oportu-
nidades de ascensão na corporação e vítimas de castigos físicos, rebelaram-se e foram duramente 
reprimidos pelo governo� Outro exemplo de como o racismo gerou violência foi na própria Guerra de 
Canudos (1896-1897)�
Cabe o destaque também ao desenvolvimento do racismo científico no Brasil� Como o próprio 
nome sugere, o racismo científico apropriava-se de discursos e linguagens científicas para promover 
o racismo no Brasil� Esse discurso manifestou-se principalmente a partir da defesa do “aprimora-
mento da raça”, também conhecido como eugenia, que visava evitar a miscigenação e promover o 
embranquecimento da população a partir de ações organizadas pelo próprio Estado�
Desafios atuais
Atualmente, o racismo ainda é um grave problema da sociedade brasileira, pois o negro, em 
grande parte, ainda ocupa uma posição marginalizada� A desigualdade racial existente no Brasil 
é evidenciada a partir de diversos estudos e estatísticas que comprovam que a violência contra po-
pulações negras é maior, e que a disparidade salarial entre brancos e negros também é grande� A 
camada da população negra que tem acesso ao ensino superior também é menor em comparação 
com a população branca�
Claro que mudanças sensíveis nesses aspectos aconteceram no Brasil, principalmente no século 
XXI, mas o caminho a ser percorrido é bastante longo� Esse quadro de desigualdade, como mencio-
nado, é uma herança do histórico racista do nosso país e também de décadas de ausência de políticas 
de inclusão�
Diversas pesquisas divulgadas recentemente mostram que a parcela da população negra com 
acesso a mais de 12 anos de estudo é de aproximadamente 12%, enquanto a da população branca é de 
25,9% em dados de um estudo de 2015� Além disso, o acesso de lares negros a saneamento básico é de 
55,3%, e o de lares brancos é de 71,9% em dados que também são de 2015�
Pode ser destacada também a questão da violência policial, a qual atinge principalmente os 
negros� Outro dado de uma pesquisa recente feita no Rio de Janeiro afirma que o medo de ser vítima 
de violência policial na cidade é maior entre os negros e habitantes de favelas� Isso sem falar nos 
dados que mostram que a maioria da população carcerária brasileira é composta por negros� Os 
exemplos que evidenciam a desigualdade racial no nosso país são muitos� Todos, de uma maneira ou 
outra, já presenciaram alguma situação que foi fruto desse preconceito racial�Exercícios
01. Sobre o racismo, é INCORRETO afirmar:
a) Do ponto de vista biológico, a ciência comprovou a existência de quatro raças: branca, parda, 
negra, amarela�
b) No Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei�
c) O preconceito racial pode estar presente em discursos, símbolos e expressões, sem, contudo, 
ser percebido de forma explícita�
d) A discriminação racial é a materialização concreta do preconceito� Manifesta-se no âmbito 
das relações sociais, podendo apresentar-se de diferentes formas e situações�
e) A política de ação afirmativa visa a oferecer, aos grupos historicamente discriminados, tra-
tamento diferenciado para reparar desvantagens perante práticas de racismo�
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Após as primeiras décadas, marcadas pelo esforço de garantir a posse da nova terra, a colo-
nização começou a tomar forma. Como aconteceu em toda a América Latina, o Brasil viria a ser 
uma colônia cujo sentido básico seria o de fornecer ao comércio europeu gêneros alimentícios ou 
minérios de grande importância. A política da metrópole portuguesa consistirá no incentivo à 
empresa comercial, com base em uns poucos produtos exportáveis em grande escala e na grande 
propriedade. Ao lado da grande empresa colonial e do regime de grande propriedade, acrescenta-
mos um terceiro elemento: o trabalho compulsório.
Boris Fausto� História do Brasil� São Paulo: Edusp, 2008, p� 47-8 (com adaptações)�
Considerando o fragmento de texto acima e o quadro geral vigente no período colonial brasi-
leiro, julgue os próximos itens.
02. No Brasil, a exploração do trabalho escravo ultrapassou a etapa de colonização e foi formalmente 
extinta apenas em fins do regime monárquico, com a Lei Áurea de 1888�
Certo ( ) Errado ( )
03. Infere-se do texto que a Lei Áurea, por si só, não representou resposta ao desafio de incorporar 
à cidadania brasileira o expressivo contingente de libertos africanos e afrodescendentes�
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - A
02 - Certo
03 - Certo

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