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564 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO A venda de ac;b- es para levantar fundos é denorninada financiamento patrinzonial, enquanto a venda de titulos é denominada financianzento por endividamento. Embora as empresas usem os dois tipos de financiamento 13ara levantar fundos para novos investimentos, ações e titulos s'ao muito diferentes. 0 proprietario de —a(; -(5es da Intel e proprietario de parte da empresa; o proprietario de um titulo da Intel e um credor da empresa. Se a Intel for muito lucrativa, os acionistas se bene- ficiam dos lucros, enquanto os detentores de fitulos recebem apenas os juros que lhes s'ao devidos. E se a Intel ficar em dificuldades financeiras, os detentores de titulos receber"ao o que lhes é devido antes de os acionistas receberem qualquer coisa. Comparadas aos titulos, as ac-;5es oferecem riscos maiores aos acionistas. Em compensao, oferecem rendimento potencialmente maior. Depois que un-la empresa emite gc5es e as vende ao público, elas s'ao negocia- das entre os acionistas em bolsas de valores organizadas. Nessas transK:Cies, a empresa em si não recebe nada quando suas g. -6es mudam de mãos. As bolsas de valores mais importantes da economia americana s'ao a Bolsa de Valores de Nova York, a American Stock Exchange e a NASDAQ (National Association of Securities Dealers Automated Quotation System). A maioria dos paises do mundo tem suas pr(5prias bolsas de valores, onde s -a. o negociadas as g'6"es das empresas locais. Os preos a que as g6es s'ao negociadas nas bolsas de valores s' o detern-iina- dos pela oferta e demanda das g5es de cada empresa. Como uma ação represen- ta propriedade de uma empresa, a demanda por uma g -ao (e, portanto, seu preo) refiete a percep o das pessoas sobre a lucratividade futura da empresâ Quando as pessoas est'ao otimistas acerca do futuro de uma empresa, aumenta a'clemanda pelas a. "1:5es da empresa em quest'ao e, portanto, o seu pre9p . Por outro lado, quan- do as pessoas esperarn que uma empresa tenha lucros baixos, ou ate mesmo pre- juizo, o preo da a o cai. 1-la disponiveis diversos indices de a95es para monitorar o nivel geral dos prec;os das ações. Um Indice de aOes é calculado como a media de um g,rupo de prec;os de g5es. 0 indice de a95es mais famoso é o Dow Jories Industrial Average, que vern . sendo calculado regularmente desde 1896. Ele hoje se baseia nos preos das a0-es das 30 principais empresas americanas, como a General Motors, a General Electric, a Microsoft, a Coca-Cola, a AT&T e a IBM. Outro indice de a es bem conhecido o Standard & Poor's 500, baseado nos preos das g5ies das 500 principais empresas americanas. Como os preos das K6es refleten-1 a lucratividade esperada, esses fncli- ces de a95es são observados atentan-lente como possiveis indicadores das condições ecoffimicas futuras. lntermediários Financeiros intermedianos financeiros instituic es financeiras por meio das quais os poupadores podem indiretamente ofertar fundos aos tomadores de emprestimos Os intermediios financeiros s'ao institui es financeiras por meio das quais os poupadores podem indiretan-iente ofertar fundos aos tomadores de emprestimos. A palavra interznedi ario reflete o papel dessas institu es, qut se situam entre os poupadores e os tomadores. Aqui trataremos de dois dos mais importantes inter- medikios financeiros: os bancos e os fundos mtuos. Bancos Se o proprietario de uma pequena mercearia quiser financiar a expans"ao de seu negOcio, provavelmente adotara uma estrateg,ia bem diferente da utilizada pela Intel. Ao contrario da Intel, o dono da pequena mercearia teth dificuldade para levantar fundos nos mercados de fitulos e de K -6es. Muitos compradores de ac»- es e fitulos preferem comprar aqueles emitidos por empresas maiores e mais conheci- das. 0 dono da pequena mercearia, portanto, provavelmente financiara a expans'ao de seu neg6cio por meio de um en-lprestimo tomado em um banco. Os bancos s'ao os intermediarios financeiros com os quais as pessoas esth- o mais familiarizadas. Um dos principais negOcios dos bancos é receber depOsitos das pes- SAIBA MAIS SOBRE... COMO LER AS TABELAS COM AS COTAcOES DE AcOES NOS JORNAIS malaria dos jornais diarios inclui tabelas de aches que contem informaches sabre os negocios recentes realizados corn as aches de milhares de empresas. Apresentamos, a seguir, o tipo de infor- macao normalmente encontrado nessas tabelas: • Prep. A informacao mais importante a respeito de uma acao é seu preco. Os jornais, em geral, apresentam diversos precos. 0 "ultimo" preco, ou preco de "fechamento", é o preco da transacao realizada antes do fechamento da balsa no dia anterior. Muitos jornais tambem publicam os'precos "maximo" e "minimo" do ultimo dia de negocios e, algumas vezes, do Ulti mo ano tambern. • Volume. A malaria dos jornais apresenta o nUrnero de aches vendido durante o Ultimo dia de negacios. Esse valor é chama- do de volume diario. • Dividend°. As empresas pagam partg, de seus lucros aos ado- nistas. Esse montante e chamado dividend° (as lucros que nao sao pagos sao chamados de lucros retidos e sao usados pela empresa para investimentos adicionais). Os jornais fre- quentemente publicam as dividendos pagos par acao no ano anterior. E as vezes publicam o rendimento do dividend°, que o dividendo expresso coma percentual do preco da acao. hake preco/lucro. Os ganhos, au lucros, de uma empresa sao a receita que ela obtem da venda de seus produtos menos seus custos de producao, tais coma medidos par seus contado- res. 0 lucro par ova° é o lucro total da empresa dividido pelo nUrnero de aches em circulacao. As empresas usam parte de seus lucros para distribuir dividendos aos acionistas; o restante mantido pela empresa para fazer novas investimentos. 0 indi- ce preco/lucro, frequentemente denominado P/L, é o preco das aches de uma empresa dividido pelo lucro par acao do ano anterior. Historicamente, o indice preco/lucro tipico e de aproxi- madamente 15. Urn P/L alto indica que a acao da empresa é cara em face de seus lucros recentes; isso pode significar que as pessoas esperam que o lucro aumente no futuro ou que a acao esta sobrevalorizada. Pelo mesmo raciocinio, urn P/L baixo significa que as aches da empresa estao baratas em face de seus lucros recentes; isso pode indicar que as pessoas esperam que as lucros caiam ou que a acao esta subvalorizada. Par que as jornais noticiam esses dados todos as dias? Muitas pessoas que investem sua poupanca em aches acompanham esses numeros de pert° para decidir quais aches comprar e vender. Par outro lado, outros acionistas usam uma estrategia de comprar e manter aches: eles compram as aches de empresas bem-adminis- tradas e as mantem par longos periodos, sem reagir as flutuaches diarias publicadas nos jornais. Precos e minima ano anterior maxima do Nome empresa aches da Simbolo da das ernprea Retorno Valor dos dividendos dividendos Volume no dos indice preco/lucro dia negociado anterior Precos e minima dia anterior Ultimo preco acao foi negociada maxima do a que a Variacao em relacao ao preco de fechamento do dia anterior 52 semanas Alta Baixa 263/16 233/16 127/8 757/16 475/16 221/2 93/4 Y d Sym Div PE TOPrS 2,09 8,6 PAR 17 KO ,64 1,3 40 KOF ,12e ,9 Vol 100s 39384 2121 Alta Baixa 59 241/4 2313/16 171 13/8 07/8 51 493/4 1313/16 127/8 Net Close Chg 241/4 1/16 11 3 /8 3/8 51 11/16 133/4 1/16 Stock CsIFnl Coastcast Coca Cola CCFerInsa ADR soas que querem poupar e usar esses depositos para conceder emprestimos a pes- soas que os desejem. Os bancos pagam aos depositantes urn juro sobre seus depo- sitos e cobram dos tomadores urn jur'? ligeiramente superior. A diferenca entre essas taxas de juros cobre os custos bancarios e rende urn lucro para os proprieta- hos dos bancos. Só escolhi um e torco por ele! Nõo ternos dinheiro em fundos mUtuos! Meu fundo mtuo foi muito bem esta semana! 566 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO Além de serem intermedikios financeiros, os bancos desempenham umoutro papel importante na economia: eles facilitam a compra de bens e sei-vi9c)s, permi- tindo que as pessoas assinen-i cheques contra seus depOsitos. Em outras palavras, os bancos ajudam a criar um ativo especial que as pessoas podem usar como meio de troca. Um meio de troca é um item que as pessoas podem facilmente usar para realizar transg5es. 0 papel dos bancos em prover um meio de troca os distingue de muitas outras institui es financeiras. A es e titulos, assim como os dejx5sitos banckios, são uma possivel reserva de valor para a riqueza que as pessoas acumu- laram com sua poupaNa, mas o acesso a essa riqueza não é tão fácil, barato e ime- diato como a assinatura de um cheque. Por enquanto, ignoraremos esse segundo papel dos bancos, mas retornaremos a ele quando discutirn-ios o sistema monet, - rio, mais adiante neste livro. fundo rniituo Instituick que vende cotas ao púbiico e usa o resultado das vendas para comprar uma carteira de ac()es e titulos Fundos Afit'ituos o fundo rniituo é um intermedikio financeiro de importkicia crescente nos Estados Unidos. Um fundo mtuo e uma instituição que vende cotas ao público e usa o resultado da venda para con-iprar uma seleção, ou carteira de titulos, de diversos tipos de gb'es, titulos ou ambos. 0 cotista do fundo miTituo aceita todos os riscos e retomos associados à carteira de titulos. Se o valor da car- teira de titulos aumentar, o cotista tem ganhos; se o valor da carteira de titulos cair, o cotista perde. A vantagem inicial dos fundos mtuos e o fato de que eles permitem que pes- soas com pequenas quantias de dinheiro diversifiquen-i suas aplica es. Os com- pradores de g5- es e titulos devem dar ouvidos ao ditado: Não ponha todos os seus ovos em uma só cesta. Como o valor de qualquer ação ou titulo esta atrelado ao resultado de uma empresa especifica, possuir um sC3 tipo de g'a‘o ou titulo é algo muito arriscado. Por outro lado, as pessoas que tem uma carteira diversificada de a6'es e titulos enfrentam menor risco porque tem pouco em jogo em cada empre- sa. Os fundos mi:ituos facilitarn essa diversificg -a"o. Com apenas poucas centenas de dlares, uma pessoa pode comprar cotas de um fundo mUtuo e, indiretamente, tor- nar-se co-proprietkia ou credora de centenas de grandes empresas. Por esse a empresa operadora do fundo miituo cobra dos cotistas uma taxa, geralmente entre 0,5% e 2,0% dos ativos por ano. Uma segunda vantagem dos fundos mtuos e o fato de que1eles cia- o a pessoas comuns acesso às habilidades de administradores financeiros profissionais. Os administradores cla maioria dos fundos miltuos prestam muita aten o ao desen- volvimento e às perspectivas das empresas das quais compran-i zi "(-5es. Esses admi- nistradores compram K -cies das empresas que, em sua opinião, ter -a'o um futuro lucrativo e vendem as das empresas que eles acreditam apresentar perspectivas menos promissoras. Arg,umenta-se que essa administrga - o profissional é capaz de aun-ientar o retomo que os cotistas de fundos miituos obtem em suas aplica es. Entretanto, os economistas financeiros freqiientemente se mostram ceticos em relg^a"o a esse segt, indo argumento. Com milhares de administradores dardo tanta Arlo e Janis por Jimmy Johnson CAPUFULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO ( NOTICIAS FINAKAS NA CH1NA A importancia dos mercaclos financeiros livres fica mais clara quando um pais nao os tem. 567 Deslocamento Abrupto da Economia Chinesa enquanto os Empreendedores Cortejam os Investidores Por Craig S. Smith Wang Shuxian, um antigo fazendeiro que hoje dirige um Cadillac, construiu sua bem- sucedida fkrica ttil com dinheiro de ami- gos e parentes. Na qualidade de empreen- dedor privado, ele jamais poderia vender aces no estatizado mercado de aces do pais. Mas agora ele pode, numa reviravolta que sinaliza que a economia chinesa esta pronta para mudar radicalmente. (...) Novas regras dão às empresas privadas acesso aos mercados de capitais do pais, o qual até agora era proibido para a maioria delas. (...) Com acesso mais facil ao capital, as empresas privadas t&ri a chance de se tornarem o principal instrumento da econo- mia chinesa pela primeira vez desde um breve periodo no comeco do sculo XX e, caso contrario, desde a Dinastia Song, ha quase mil anos. A mudanca tamb&ri traz implicaces politicas: à medida que as empresas priva- das chinesas crescem em nmero e em valor, seus proprietkios tornam-se um grupo de crescente poder, cujas exiOncias o governo não podera ignorar com facilidade. "O cumprimento da lei e o acesso ao financiamento são as duas coisas que fark com que as empresas privadas chinesas fiquem independentes do poder politico", disse Andy Xie, economista da Morgan Stanley Dean Witter, em Hong Kong. Sob o atual sistema, o governo — e o mercado — é quem decide quais empre- sas podem vender aces ao pblico. Esse sistema da o poder de decisk sobre quais empresas podem receber investimentos aos burocratas do Partido Comunista local, que estk mais preocupados em ajudar as empresas estatais de suas provincias a sobreviver. 0 sistema tambii encoraja a corrupck e abarrota o mercado com empresas estatais de baixa qualidade que, em circunstkicias diferentes, jamais conse- guiriam colocar suas aces no mercado. Fonte: The New York Times, 28 dez. 2000, p. Al. Copyright 2000 The New York Times Co. Reproduzido com permissk. atenio às perspectivas de cada empresa, o preo das acAes costuma ser um bom reflexo do verdadeiro valor da empresa. Como resultado, é difícil "ganhar do mer- cado", comprando g'6es boas e vendenclo as ruins. De fato, os fundos miltuos denominados fundos de fudice, que compram todas as a"(5es de um determinado fndice de ações, têrn, ern média, desempenho um pouco superior ao dos fundos miltuos que utilizam a administra o ativa realizada por um administrador profis- sional. A explica o do desempenho superior dos fundos de indice e que eles man- tem os custos baixos por comprar e vender muito raramente e por não ter de pagar os salkios dos administradores financeiros profissionais. Juntando Tudo A economia norte-americana contem uma g,rande variedade de institui es finan- ceiras. Alérn do mercado de titulos, do mercado de gb- es, dos bancos e dos fundos mtuos tambem 1-1 . fundos depens"k), cooperativas,s eclit le ros e ate a . otas—TO-cais. Essas instituiõe diferem umas— das outras de muita-S 568 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO maneiras. Entretanto, ao analisar o papel macroeconOmico do sistema financeiro, mais importante ter em mente as semelhancas entre elas do que as diferencas. Essas instituicOes financeiras atendem a urn mesmo objetivo — direcionar os recur- SOS dos poupadores para as maos dos tomadores de emprestimos. Teste Rapid° 0 que e acao? 0 que e titulo? Em que diferem? Em que se assemelham? POUPAKA E INVESTIMENTO NAS CONTAS DE RENDA NACIONAIS Eventos que ocorrem no sistema financeiro sac) fundamentais para entender os acontecimentos na economia. Como acabamos de ver, as instituicoes que corn- poem o sistema — o mercado de titulos, o mercado de acoes, os bancos e os fundos mtituos — tern o papel de coordenar a poupanca e o investimento da economia. E conforme vimos no capitulo anterior, a poupanca e o investimento sa.'o determinan- tes importantes do crescimento a longo prazo do PIB e dos padroes de vida. Conse- quentemente, os macroeconomistas precisam entender como os mercados finan- ceiros funcionam e como diferentes acontecimentos e politicas os afetam. Como ponto de partida para uma analise dos mercados financeiros, discutire- mos nesta secao as principals variaveis macroeconernicas que medem a atividade nesses mercados. A enfase aqui nao é no comportamento, mas na contabilidade. Contabilidade c-liz respeito a maneira como diferentes rnimeros sao definidos e somados. Urn contabilista pessoal pode ajvdar uma pessoa a somar sua renda e suas despesas. Um contabilista da renda nacional faz o mesmo para a economia. As contas da renda nacional incluem, particularmente,o FIB e muitas estatisticas correlatas. As regras de contabilidade da renda nacional incluem diversas identidades importantes. Lembre-se de que uma identidade é uma equacao que precisa ser ver- dadeira por causa da maneira como as suas variaveis sao definidas. E Util ter as identidades em mente porque elas esclarecem como diferentes variaveis estao rela- cionadas entre si. Aqui, examinaremos algumas identidades contabeis q-ue lancam luz sobre o papel macroeconomic° dos mercados financeiros. Algumas ldentidades lmportantes Vimos que o produto intern° brut° (FIB) é tanto a renda total de uma economia quanto a despesa total em bens e servicos produzidos pela economia. 0 FIB (deno- tado por Y) se divide em quatro componentes de despesa: consumo (C), investi- mento (I), compras do governo (G) e exportacao liquicla (EL). Escrevemos Y=C+I+G+EL Essa eq-uacao é uma identidade porque cada Mar de despesa que surge do lado esquerdo tambem aparece em urn dos quatro componentes do lado direito. For causa da maneira como cada uma das variaveis é definida e medida, essa equacao deve sempre ser verdadeira. Neste capitulo, simplificaremos a analise, supondo que a economia analisada seja fechada. Uma econornia fechada é uma economia que nao interage corn outras economias. Mais especificamente, uma economia fechada nao se engaja no comer- cio internacional de bens e servicos e nao toma nem concede emprestimos inter- CAPiTULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 569 nacionais. É claro que as economias no mundo real s'a'o economias abertas — ou seja, elas interagem com outras economias em torno do mundo. Ainda assim, a suposi- c -a- o de uma economia fechada e uma simplificac"a"o útil com a qual podemos al3render algumas lições que se aplicam a todas as economias. Alem disso, essa suposico aplica-se perfeitamente à economia mundial (porque o comercio inter- planetrio ainda n'a- o e comum). Como uma economia fechada não es.tá engajada no comercio internacional, as importac5es e as exportac -Oes são iguais a zero. Portanto, as exportaci5es liquidas (EL) tambem s -a- o zero. Nesse caso, podemos escrever: Essa equaco afirma que o PIB e a soma do consumo, do investimento e das compras do governo. Cada unidade de produto vendida em uma economia fecha- da é consumida, investida ou comprada pelo governo. Para ver o que essa identidade pode nos dizer a respeito dos mercados financei- ros, vamos subtrair C e G dos dois lados da equac -a. o. Obtemos, ent'a'o, ) Y—C—G=I \, 0 lado esquerdo da equac - o (Y — C — G) é o que resta da renda total da econo- mia apOs o pagamento das despesas de consumo e das con-ipras do govemo: essa quantia é chamada de poupaNa nacional, ou simplesmente poupaNa, e é deno- tada por S. Substituindo S por Y — C — G, podemos escrever a equac"a'o final como S = I Essa equac -a. o afirma que a poupanca e igual ao investimento. Para entender o significado da poupanca nacional, é útil manipular um pouco mais a sua definição. Seja T a quantia que o governo recolhe das familias sob a forma de impostos menos a quantia que restitui a elas sob a forn-la de pagamentos de transfer'encia (como Seguridade Social e bem-estar social). Ento, podemos representar a poupanca nacional de duas maneiras: = Y — C — G ou s (Y — T — C) + (T—G) Essas equac5es s'a'o iguais porque os dois Ts da segunda equac'a- o cancelam-se mutuamente, mas cada uma delas revela uma maneira diferente de pensar sobre a poupanca nacional. Em particular, a segunda equac'c'io separa a poupanca nacional em duas partes: poupanca privacla (Y — T — C) e poupanca pUblica (T — G). Vamos considerar cada uma dessas duas partes. PoupaNa privada é o mon- tante da renda que fica com as familias apOs o pagamento de seus impostos e de suas despesas de consumo. Mais especificamente, como as familias recebem renda Y, pagam impostos T e gastam C em consumo, a poupanca privada e Y — T — C. A poupaNa pública é o montante da receita tributria que fica com o governo apOs o pagamento de suas despesas. 0 governo recebe T em impostos e gasta G poupanca nacional (poupanca) o que resta da renda total da economia ap6s o pagamento das despesas de consumo e das compras do governo poupanca privada a renda que fica com as familias ap6s o pagamento de impostos e de suas des- pesas de consumo poupanca pUblica a receita tributhria que fica com o governo ap6s o pagamento de suas despesas 570 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO ern bens e servicos. Se T for major do que G, o governo obtem urn superavit orca- mentario porque recebe mais dinheiro do que gasta. Esse excedente de T — G representa a poupanca publica. Se o governo gasta mais do que arrecada, entao G é major do que T. Nesse caso, o govern() tem urn deficit orcamentario, e a pou- panca publica T — G é urn ntimero negativo. Vamos agora considerar como essas identidades contabeis estao relacionadas corn os mercados financeiros. A equacao S = / revela urn fato importante: para a eco- nomia como urn todo, a poupanca deve ser igual ao investimento. Mas isso levanta algu- mas questoes importantes: Que mecanismos estao por tras dessa identidade? 0 que coordena as pessoas que estao decidindo quanto poupar e as que estao deci- clindo quanto investir? A resposta é: o sistema financeiro. 0 mercado de titulos, o mercado de acoes, os bancos, os fundos miituos e os demais mercados e interme- diarios financeiros se colocam entre os dois lados da equacao S = I. Eles se apro- priam da poupanca nacional e a direcionam ao investimento nacional. 0 Significado da Poupanca e do Investimento As vezes, os termos poupanca e investimento podem causar confus:c-io. A maioria das pessoas utiliza esses termos de maneira casual e ate intercambiavel. Por outro lado, os macroeconomistas que elaboram as contas de renda nacionais utilizam esses termos corn cautela e de maneira distinta. Vamos dar urn exemplo. Suponha que Larry ganhe mais do que gasta e deposi- te a renda nao gasta ern urn banco ou a utilize para comprar urn titulo ou alg,umas acoes de uma empresa. Como a renda de Larry supera seu consumo, ele aumenta a poupanca nacional. Larry pode pensar que esta "investindo" seu dinheiro, mas urn macroeconomista diria que Larry esta poupando, e nao investindo. Na linguagem macroeconomica, investimento refere-se a compra de novo capi- tal, como equipamentos ou predios. Quando Moe toma urn emprestimo do banco para construir uma casa nova, ele aumenta o investimento nacional. De forma simi- lar, quando a Curly Corporation vende acoes e usa o resultado da venda para cons- truir uma nova fabrica, tambem aumenta o investimento nacional. Embora a identidade contabil S = I mostre que poupanca e investimento so ig,uais para a economia, isso nao precisa ser verdade para cada farnulia ou empresa espe.cifica. A poupanca de Larry pode ser major do que o seu investimento e ele pode depositar o excedente em urn banco. A poupanca de Moe pode ser menor do que seu investimento e ele pode tomar urn emprestimo bancario para cobrir a dife- renca. Os bancos e as demais instituicOes financeiras tornam possiveis essas dife- rencas individuais entre poupanca e investimento ao permitir que a poupanca de uma pessoa financie o investimento de outra. Teste Rapid° Defina poupanca privada, poupanca p6blica, poupanca nacional e investimento. Como eles estao relacionados? 0 Mercado de Fundos de Emprestimos Tendo discutido algumas das instituicoes financeiras mais importantes em nossa economia e o papel macroeconomic° dessas instituicoes, estamos prontos para construir urn modelo dos mercados financeiros. Noss° objetivo ao construir esse model° é explicar como os mercados financeiros coordenam a poupanca e o inves- timento da economia. 0 model° tambern nos da urn instrumento corn o qual superavit orcamentario o excesso de arrecadacao tri- butaria em relacao as despe- sas do govern() deficit orcamentario arrecadacao tributaria menor que as despesas do govern() CAPiTULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 571 podemosanalisar diversas politicas govemamentais que influenciam a poupaNa e o investimento. Para manter simples as coisas, faremos a suposk'ao de que a economia tenha apenas um mercado financeiro, denominado mercado de fundos de emprsti- mos. Todos os poupadores precisam ir a esse mercado para depositar sua poupan- a e todos os tomadores precisam ir a esse mercado para obter emprestimos. Assim, o termofundos de emprestimos refere-se a toda renda que as pessoas decidi- ram poupar e emprestar, em vez de usar para seu pr6prio consumo. No mercado de fundos de emprestimos, há uma sO taxa de juros, que representa tanto o retor- no da poupaNa quanto o custo do emprestimo. claro que a suposição de um sO mercado financeiro não é literalmente verda- deira. Como vimos, a economia tem muitos tipos de instituiOes financeiras. Mas, como vimos no Capitulo 2, a arte da constru o de um modelo econOmico esta em simplificar o mundo para explica-lo. Para os nossos propc-)sitos aqui, podemos igno- rar a diversidade cle institui -Oes financeiras e supor que a economia tenha um mercado financeiro. Oferta e Demanda de Fundos para Emprstimos 0 mercado de fundos de emprestimos, como os demais mercados da economia, e regido pela oferta e demancia. Para entender como o mercado de fundos de emprestimos opera, devemos primeiro analisar as fontes de oferta e demanda desse mercado. A oferta de fundos para en-iprestimos vem das pessoas que têm alg-uma renda extra que desejam poupar e emprestar. Esse emprestimo pode ocorrer diretamen- te, por exemplo, quando uma famflia compra um titulo de uma empresa, ou indi- retamente, como quando uma farnflia faz um depsito em um banco que, por sua vez, usa os fundos para conceder emprestimos. Nos dois casos, a poupanp é a fonte da oferta de fundos para emprestimos. A demanda por funcios para emprestimos vem das familias e das empresas que desejam tomar emprestimos para realizar investimentos. Essa demanda inclui hipo- tecas imobiliarias. Inclui tambem as empresas que tomam emprestimos para a com- pra de novos equipamentos ou para a constru o de fabricas. Nos dois casos, o investimento e a fonte da demanda por fundos para emprestimos. A taxa de juros e o pre90 de um emprestimo. Representa o montante que os tomadores pagam pelo emprestimo e o montante que os que emprestam recebem por sua poupaNa. Como uma taxa de juros elevada torna o emprestimo mais caro, a quantidade demandada de fundos para emprestimos cai à medida que a taxa de juros aumentaWor outro lado, como uma taxa de juros elevada torna a poupana mais atrativa, a quantidade ofertada de fundos para emprestimos aumenta quando a taxa de juros se eleva. Em outras palavras, a curva de demanda por fundos para emprestimos tem inclina o negativa e a curva de oferta de fundos para empresti- mos tem incling -ao positiva. A Fig,ura 1 mostra a taxa de juros que equilibra a oferta e a demanda de fundos para emprestimos. No equilíbrio, a taxa de juros é de 5% e a quantidade demanda- da e ofertada de fundos para emprestimos é de $ 1.200 bilhOes. 0 ajuste da taxa de juros para o nfvel de equilibrio ocorre pelas razOes de sem- pre. Se a taxa de juros fosse menor do que o nivel de equilíbrio, a quantidade ofer- tada de fundos para emprestimos seria menor do que a quantidade demandada. A escassez de fundos para emprestimos resultante incentivaria os que fazem empres- timos a aumentar a taxa de juros cobrada. Uma taxa de juros mais elevada estimu- laria a poupaNa (aumentando, com isso, a quantidade ofertada de fundos para mercado de fundos de emprestimos o mercado em que aqueles que querem poupar ofertam fundos e aqueles que querem tomar emprtimos para investir demandam fundos 572 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO FIGURA 1 0 $1.200 Fundos de Emprestimos (em bilhoes de &flares) emprestimos) e desestimularia a tomada de emprestimos para investimento (dimi- nuindo, assim, a quantidade demandada de fundos para emprestimos). De modo inverso, se a taxa de juros fosse major do que o nivel de equilibrio, a quantidade ofertada de fundos para emprestimos seria major do que a quantidade demanda- da. Como os emprestadores competiriam 'Delos escassos tomadores de empresti- mos, a taxa de juros cairia. Com isso, a taxa de juros caminha para o nivel de equi- librio, em que a oferta e a demanda de fundos para emprestimos sao iguais. —)Lembre-se de que os economistas fazem distincao entre taxa de juros real e taxa de juros nominal. A taxa de juros nominal é a taxa de juros usualmente informada – o retorno monetdrio da poupanca e o custo dos emprestimos. A taxa de juros real é a taxa de juros nominal corrigida pela inflacao; ela é ig-ual a taxa de juros nomi- nal menos a taxa de inflacao. Como a inflacao corroi o valor do dinheiro ao longo do tempo, a taxa de juros real reflete, de forma mais acurada, o retorno real da pou- panca e o custo real dos emprestimos. Portanto, a oferta e a demanda de fundos para emprestimos dependem da taxa de juros real (em vez da taxa nominal), e o equilibrio da Figura 1 deveria ser interpretado como a determinacao da taxa de juros real da economia. No resto do capitulo, ao se deparar corn o termo taxa de juros, lembre-se de que estamos falando da taxa de juros real. Esse model° de oferta e demanda de fundos para emprestimos mostra que os mercados financeiros funcionam como os demais mercados da economia. No merca- do de leite, por exemplo, o preco do leite se ajusta de maneira tal que a quantidade ofertada de leite seja igual a quantidade demandada. Dessa forma, a mao invisivel coordena o comportamento dos produtores e dos consumidores de leite. Uma vez que compreendamos que a poupanca representa a oferta de fundos para emprestimos e que o investimento representa a demanda, podemos ver como a mao invisivel coor- dena a poupanca e o investimento. Quando a taxa de juros se ajusta para equilibrar oferta e demanda no mercacio de fundos de emprestimos, ela coordena o comporta- mento das pessoas que querem poupar (os ofertantes de fundos para emprestimos) e das pessoas que querem investir (os demandantes de fundos para emprestimos). Podemos agora usar essa analise do mercado de fundos de emprestimos para examinar diversas politicas governamentais que afetam a poupanca e o investi- mento da economia. Como este é um model° de oferta e demanda em urn merca- do especifico, analisamos qualquer politica usando os tres passos discutidos no CAPh-ULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTENIA FINANCEIRO Capitulo 4. Primeiro, decidimos se a politica desloca a curva de oferta ou a curva de demanda. Segundo, deterniinamos a dire o do deslocamento. Terceiro, usamos o diagrama de oferta e demanda para ver como o equilibrio muda. Politica 1: Incentivos à Poupanca As familias norte-americanas poupam uma parte menor de suas rendas do que as familias em muitos outros paises, como o Jap -Eio e a Alemanha. Embora as razes para essas difereNas intemacionais nk) sejam claras, muitos formuladores de poli- ticas p- blicas norte-an-iericanos veem o baixo nivel de poupaNa dos Estados Unidos como um grande problen-ia. Um dos Dez Principios de EC011017lia do Capitulo 1 é de que o padr -a- o de vida de um pais depende de sua capacidade de produzir bens e ser- vi9os. E, como vimos no capitulo anterior, a poupaNa e um determinante in-lportan- te da produtividade de um pais no longo prazo. Se os Estados Unidos pudessem, de alguma maneira, aumentar sua taxa de poupaNa para o nivel que prevalece em outros paises, a taxa de crescimento do PIB aumentaria e, com o tempo, os cidafflos dos Estados Unidos poderiam desfmtar de um padrk, de vida mais elevado. Outro dos Dez Princzpios de Economia é de que as pessoas respondem a incen- tivos. Muitos economistas usaram esse principio para sugerir que a baixa taxa de poupaNa dos Estados Unidos pode, pelo menos em parte, ser atribuida a leis tri- butffi-ias que desencorajam a poupaNa. 0 governo federal norte-americano, assim como muitos govemos estaduais, obtem receita tributando a renda, incluindo juros e dividendosna renda tributvel. Para ver os efeitos dessa politica, imagine uma pessoa de 25 anos que poupe $ 1 mil e con-ipre um titulo de 30 anos que paga uma taxa de juros de 9 c/o. Na ausencia de impostos, os $ 1 mil aun-lentariam para $ 13.268 quando a pessoa atingisse 55 anos de idade. Entretanto, se o juro fosse tributado a uma taxa de, digamos, 33°/0, ento a taxa de juros apOs impostos seria de apenas 6%. Nesse caso, os $ 1 mil aumentariam para apenas $ 5.743 apOs 30 anos. 0 imposto sobre a renda de juros reduz substancialmente o rendimento futuro da poupaNa corrente e, como resultado, diminui o incentivo à poupana. Em resposta a esse problema, n-mitos economistas e legisladores propuseram reformar o cOdigo tributthio para incentivar a pouparia. Em 1995, por exemplo, quando o deputado Bill Archer, do Texas, assun-liu a presidencia da poderosa House Ways and Means' Committee (Comiss -. o Parlamentar de Recursos e Meios), ele propOs substituir o atual imposto sobre a renda por um imposto sobre o con- sumo. Nos termos de un-1 imposto sobre o consumo, a renda poupada ri -k) e tribu- tada ate que seja gasta; essencialmente, um imposto sobre o consumo é como o imposto sobre vendas que muitos estados atualmente usam para arrecadar recei- tas. Uma proposta mais modesta é a de expandir o niimero de contas qualificadas como contas especiais, tal como as Contas Individuais de Aposentadoria, que per- mitem que as pessoas protejam parte de sua poupaNa da tributa o.Vamos con- siderar o efeito de um incentivo à poupaNa como este sobre o mercado de fundos de emprestimos, como ilustra a Figura 2. Eni primeiro lugar, qual curva seria afetada por essa politica? Como a mudarwa tributria alteraria o incentivo para que as familias poupem para qualquer taxa de juros dada, ela afetaria a quantidade ofertada de fundos para emprestimos a cada taxa de juros. Portanto, a curva de oferta de fundos j_->ara emprestimos se desloca- ria. A curva de demanda por fundos para emprestimos se manteria inalterada por- que a mudaNa tributEiria n'a'o afetaria diretamente o montante que os tomadores de emprestimo desejariam emprestar, a qualquer taxa de juros. 1 (N.R.T.) Ways and recursos e meios do Legislativo para aumentar a receita 573 2.... o que reduz a taxa de juros de equilibrio... Taxa de Juros 5% Oferta, 0 1 0, 2 1. Os incentivos tributkios a poupanca aumentam a quantidade de fundos para emprestimos ofertada... Demanda 574 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO FIGURA 2 Urn Aumento na Oferta de Fundos para Emprestimos Umo mudonca no legislacao tributaria para incentivar os norte-americanos a poupar MO'S deslocaria a curva de oferta de fundos para emprestimos paro a dire/to, de 01 para 02. Como resultado, a taxa de juros de equilibria cairia„ e a taxa de juros menor estimularia o investimento. Aqui, a taxa de juros de equilibria cal de 5% para 4%, e a quantidade de equilibria de fundos para emprestimos poupados e invest/dos aumenta de $ 7.200 bilhoes para $ 1.600 bilhoes. $1.200 --II./ $1.600 Fundos de Emprestimos 3.... e aumenta a quantidade de equilibrio de fundos para emprestimos. Em seg-undo lugar, em qual direcao a curva de oferta se deslocaria? Como a pou- panca seria menos tributada em relacao as condicoes da leg,islacao atual, as fami- lias aumentariam sua poupanca, consumincio uma fracao menor de suas rendas. As familias usariam essa poupanca adicional para aumentar seus depositos nos ban- cos ou comprar mais titulos. A oferta de fundos para emprestimos aumentaria e a curva de oferta se deslocaria para a direita, de Oi para 07, como mostra a Figura 2. Finalmente, podemos comparar o equilibrio antigo e o novo. Na figura, a major oferta de fundos para emprestimos reduz a taxa de juros de 5% para 4°/0. A menor taxa de juros aumenta a quantidade demandada de fundos para emprestimos de $ 1.200 bilh6es para $ 1.600 bill-16es. Ou seja, o deslocamento na curva de oferta move o equilibrio de mercado ao longo da curva de demanda. Com o menor custo dos emprestimos, as familias e empresas ficam motivadas a tomar mais empresti- mos para financiar maiores investimentos. Portanto, Sc uma mudanca tributdria incentivasse uma major poupanca, o resultado seria uma menor taxa de juros e um major investimento. Embora essa analise dos efeitos de uma major poupanca seja aceita de manei- ra generalizada entre os economistas, ha menos consenso quanto aos tipos de mudancas tributarias que deveriam ser feitas. Muitos economistas apaiam uma mudanca tributaria corn o proposito de aumentar a poupanca, a fim de estimular o investimento e o crescimento. Mas outros sac) ceticos e duvidam que essas mudan- cas tributarias possam ter grande efeito sobre a poupanca nacional. Esses ceticos tambem questionam a equidade das mudancas propostas. Eles argumentam que, em muitos casos, os benefIcios das mudancas iriam principalmente para os ricos, que sdo os que menos precisam de urn alivio tributario. Politica 2: Incentivos ao Investimento Suponha que o Congr, esso aprove uma mudanca tributaria que tenha por objetivo tornar o investimento mais atraente. Essencialmente, é isso que o Cong,resso faz quando cria urn credito tributario para investimento, como acontece de tempos em tempos. Urn credit() tributario para investimento concede uma vantagem tributaria (em bilhoes de dolares) $1.200 $1.400 Fundos de emprestimos (em bilhões de chilares) 3.... e aumenta a quantidade de equilibrio de fundos para emprestimos. 0 Taxa de Juros 6 Vo 2.... o que aumenta a taxa de juros de equilibrio... Oferta 1. Um credito tributerio para investimento aumenta a demanda por fundos para emprestimos... Demanda, D CAP(TULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E 515TEIVIA FINANCEIRO 575 FIGURA 3 Um Aumento na Demanda por Fundos para Emprestimos Se a aprovac -do de um credito tributhrio para investimento incentivasse as empresas a investir mais, a demanda por fundos para emprestimos aumentaria. Como resultado, a taxa de juros de equilibrio aumentaria e a taxa de juros mais elevada estimularia a poupanca. Aqui, quando a curva de demanda desloca-se de D i para D2, a taxa de juros de equilíbrio aumento de 5% paro 6% e a quantidade de equillbrio de fundos para emprestimos poupados e investidos aumenta de $` 1.200 bilh es para $ 1.400 bilhes. a qualquer empresa que construa uma nova fbrica ou compre um novo equipa- mento.Vamos considerar os efeitos de tal mudaNa tributkia sobre o mercado de fundos de emprestimos, como ilustra a Fig,ura 3. Primeiro, a lei afetaria a oferta ou a demanda? Como o credito tributkio recom- pensaria as empresas que tomam emprestimos e investem em novo capital, isso alteraria o investimento para qualquer taxa de juros dada e, portanto, mudaria a demanda por fundos para emprestimos. Por outro lado, como o credito tributkio ri&) afetaria o montante que as famflias poupam para qualquer taxa de juros dada, ele n'o alteraria a oferta de fundos para emprestimos. Seg,undo, em qual dire o a curva de demanda se deslocaria? Como as empre- sas teriam um incentivo para aumentar o investimento a qualquer taxa de juros, a quantidade demandada de fundos para emprestimos seria maior para qualquer taxa de juros dada. Portanto, a curva de demanda por fundos para emprestimos se moveria para a direita, como mostra o deslocamento de D 1 para D, na fig,ura. Terceiro, vamos examinar como o equilfbrio mudaria. Na Fig,ura 3, a maior demanda por fundos para emprestimos eleva a taxa de juros de 5°/0 para 6%, e a maior taxa de juros, por sua vez, eleva a quantidade ofertada de fundos para em- prestimos de $ 1.200 bilhes para $ 1.400 bilhb'es, à medida que as famflias respon- dem aumentando o montante que poupam. Essa mudaNa no comportamento das famflias é representada, aqui, como um movimento ao longo da curva de oferta. Portanto, se uma mudawa na legisla0o tributdria incentivasse um maior investimento, o resultado seria uma taxa de juros mais elevada e maior poupanp. Politica 3: Nficits e Superavits Orcamentarios do Governo Um assunto constante do debate politicoe a situgo do oNamento governamen- tal. Lembre-se de que um deficit orffimentario ocorre quando o govemo gasta mais do que arrecada em impostos. 0 governo financia seus deficits oramentk-ios tomando emprestimos no mercado de titulos, e o acmulo de emprestimos do Taxa de Juros Oferta, 0, 2.... o que aumenta a taxa de juros de equilibrio... Demanda 1. Urn deficit orcamentario reduz a oferta de fundos para emprestimos... 0 $800 -40—\- $1.200 Fundos de Emprestimos (em bilhoes de &Imes) 3.... e reduz a quantidade de equilibrio de fundos para emprestimos. 576 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO govern° é chamacio de divida pablica. Urn supercivit orcamentario, quo se da quando a receita tribut6ria do 01/ern° e maior do que suas despesas, pode ser usado para pagar parte dessa divida pnblica. Se a despesa do govern° for exatamente igual sua arrecadacao tributaria, dizemos que o governo esti' corn o orcamento equilibrado. Imagine que o govern° comece corn urn orcamento equilibrado e entao, por causa de urn corte de impostos ou urn aumento das despesas, passe a incorrer em urn deficit orcamentario. Podemos analisar os efeitos do deficit orcamentirio seguin- do os tres passos no mercado de fundos de emprestimos, como ilustra a Figura 4. Primeiro, qual curva se desloca quando o govemo comeca a apresentar deficit orcamentario? Lembre-se de quo a poupanca nacional — a fonte de oferta de fun- dos para emprestimos — é composta pela poupanca privada e pela poupanca pall- ca. Uma alteracao no equillbrio orcamentario do governo representa uma alteracao na poupanca ptiblica e, portant°, na oferta de fundos para emprestimos. Como o deficit orcamentrio nao influencia o montante que as familias e empresas desejam tomar emprestado para financiar o investimento a qualquer taxa de juros dada, ele nao altera a demanda por fundos para emprestimos. Segundo, em qual direcao a curva de oferta se desloca? Quando o govern° incorre em deficit orcamentario, a poupanca pnblica é negativa e isso reduz a pou- panca nacional. Em outras palavras, quando o governo toma emprestimos para financiar seu deficit orcamentario, reduz a oferta de fundos para emprestimos dis- ponivel para financiar o investimento das familias e das empresas. Portant°, urn deficit orcamentario desloca a curva de oferta de fundos para emprestimos para a esquerda, de 01 para 02, como mostra a Figura 4. Terceiro, podemos comparar o antigo equilibrio corn o novo. Na figura, quando o deficit orcamentario reduz a oferta de fundos para emprestimos, a taxa de juros aumenta de 5°/0 para 6°/0. Essa taxa de juros mais elevada altera o comportamento das familias e das empresas que participam do mercado de emprestimos. Mais espe- cificamente, muitos demandantes de fundos para emprestimos sdo desestimulados pela taxa de juros mais elevada. Menos familias compram casas novas e menos FIGURA 4 0 Efeito de urn Deficit Orcamentario Governamental Quando o govern° gasta mais do que arrecoda em receita tributeria, o deficit orcomenterio resultante reduz a poupanca nacional. A oferto de fundos para emprestimos diminui e o toxa de juros de equilibria aumenta. Assim, quando o govemo tomo emprestimos para financier seu deficit orcomenterio, desloco as families e empresas que, em outras condicOes, desejoriam levantar emprestimos para financier investimentos. Aqui, quando a oferta desloca-se de 0, para 02, a taxa de juros de equilibria aumento de 50/s para 6% e a quantidade de equilibria de fundos para emprestimos poupados e invest/dos cal de $ 1.200 bilhOes pare $ 800 bilhaes. CAPIITULO 26 POUPANA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 577 empresas optam por construir novas fabricas. A queda no investimento resultante da tomada de emprestin-ios pelo governo é chamada de deslocamento (crowding out) e é representada, na fig,ura, por um ,movilnento ao longo da curva d,e demanda de ur_pa_qaritidade de $ 1.200 bi1hes em fundos emprestaveis para $ 800 bi1hes. Ou seja, quando o -governo toma etnprestimos para tinanciar seu deficit orgimen- tario, desloca tomadores privados que esfao tentando financiar investimentos. Portanto, a lic;ao fundamental sobre os deficits oNamentarios decorre direta- mente de seus efeitos sobre a oferta e a demanda de fundos para emprestimos: quando o governo reduz a poupanp nacional por meio de 11111 dijicit ommientdrio, a taxa de juros aumenta e o investimento diiniiiui. Como o investimento é importante para o crescimento econCimico de longo prazo, os deficits oNamentarios do governo redu- zem a taxa de crescimento da cconomia. Os superavits oNamentarios do govemo funcionan-i de maneira exatamente oposta aos deficits oNamentarios. Quando o governo arrecada mais em in-ipostos do que gasta, ele poupa a difereNa, reduzindo parte da divida piiblica. Esse supe- ravit oramentario, ou poupaNa pública, contribui para a poupana nacional. Assim, um supertivit orcamentdrio aumenta a oferta de fundos para emi.7reStinzos, reduz a taxa de juros c estimula o investimento. Maior investimento, por sua vez, significa rnaior acumulaao de capital e crescimento econ6mico mais rapido. Estudo de Caso A HlSTRIA DA DK/IDA PBLICA DOS ESTADOS UNIDOS Qua‘o endividado esta o governo norte-americano? A resposta a essa pergunta varia substancialmente com o passar do tempo. A Figura 5 mostra a divida do governo federal norte-americano expressa como uma porcentagem do PIB. Ela mostra que a divida pUblica flutuou cie zero em 1836 a 107% do PIB em 1945. Em anos recentes, a divida pUblica tem estado em torno de 35% do PIB. 0 comportamento da razao entre divida e PIB é uma medida do que esta acon- tecendo com as finaNas do governo. Como o PIB e uma medida aproximada da base tributaria do govemo, uma reduao na razao divida—PIB indica que o endivi- damento do govemo esta se contraindo em relg -ao à sua capaciciade de aumentar a arrecadgao. Isso sugere que o governo esta, de certa forma, vivendo de acordo com seus meios. Por outro lado, un-la razao divida—PIB crescente sig,nifica que a divida do govemo esta crescendo em relaao à sua capacidade de arrecadar. Isso e freqiientemente interpretado como sinal de que a politica fiscal — despesas do governo e impostos — nao pode ser sustentada indefinidamente nos niveis atuais. Ao longo da histOria, a principal causa das flutug -6es na divida púhlica é a guer- ra. Quando ocorren-i guerras, as clespesas do governo com defesa nacional aumen- tam substancialmente para pagar por soldados e eq-uipamentos militares. Os impostos tambem costumam aumentar, mas muito menos do que as despesas. 0 resultado é um deficit oNamentario e uma divida púhlica crescente. Quando a g,uerra termina, as despesas do governo diminuem e a raza- o divida—PIB tambem comea a declinar. Ha duas razi5es para acreditar que o financiamento da g,uerra pelo endivida- mento seja uma politica adequada. Primeiro, ele permite que o govemo mantenha as aliquotas dos impostos mais estaveis ao longo do tempo. Sem financiamento pela divida, as aliquotas teriam de aumentar muito durante as g,uerras e isso cau- saria um substancial declinio na eficiencia econ6mica. Segundo, o financiamento das g,uerras por meio da divida desloca 13arte dos custos das guerras para gera es desiocamento uma diminuick do investimento que resulta da tomada de emprestimos pelo governo Segunda Guerra Mundial Guerra Revolucionaria Guerra Civil nnn....111611116111 Primeira Guerra Mundial 578 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO FIGURA 5 A Divida Publica Norte-americana A divida do govern° norte-americano, expresso aqui como porcentagem do P18, variou substancialmente durante o historic. Ela atingiu seu nivel mais ele- vado depois dos grandes despesas do Segundo Guerra Mundial, mos declinou duronte os anos 50 e 60. Eta come cou a aumentar novamente no inicio do decada de 1980, quando os cortes de impostos de Ronald Reagan nao foram acompanhados de cortes semelhantes nas despesas do govemo. Depois, eta se estabilizou e ate diminuiu um pouco durante o final do decado de 1990. Porcentagem do PIB120 100 80 60 40 20 0 1790 1810 1830 1850 1870 1890 1910 1930 1950 1970 1990 2010 Fonte: U.S. Department of Treasury; U.S. Department of Commerce e T. S. Berry, "Production and population since 1789", Bostwick Paper n. 6, Richmond, 1988. futuras, que terao de pagar a divida piThlica. E possivel defender que isso represen- te uma divisao justa do Onus porque as geracoes futuras auferem parte dos benefi- cios quando uma geracao anterior trava uma guerra para defender a nacao de aaressores estranaeiros. Urn g,rande aumento da divida publica que nao pode ser explicado pela guerra é o que se deu a partir de 1980, aproximadamente. Quando o presidente Ronald Reagan tomou posse, ern 1981, estava comprometido corn uma reducao de impos- tos e despesas do governo. Mas ele descobriu que reduzir as despesas do govern° era mais dificil politicamente do que diminuir impostos. 0 resultado foi o inicio de urn period° de grandes deficits orcamentarios que perdurou no so no govern° Reagan, mas por diversos anos depois. Como resultado, a divida pOblica aumentou de 26% do PIB, em 1980, para 50% do PIB, em 1993. Como vimos anteriormente, os deficits orcamentEirios do govern° reduzem a poupanca nacional, o investimento e o crescimento econamico de longo prazo, sendo exatamente este o motivo pelo qual a aumento da divida publica nos anos 80 incomodou tantos economistas. Os legisladores de ambos os partidos aceitaram esse argumento basic° e viram as deficits orcamentarios persistentes como urn problema politico importante. Quando Bill Clinton adentrou o Salao Oval em 1993, CAPITULO 26 POUPA~, INVESTIMENTO E SISTENIA FINANCEIRO 579 reduzir o deficit era seu objetivo principal. De forrna similar, quando os republica- nos assumiram o controle do Congresso em 1995, a reduc--io do deficit ocupava um lugar privilegiado em sua agenda legislativa. Ambos os esfoNos reduziram subs- tancialmente o tamanho do deficit oNamentario do govemo e, conseqUentemen- te, acabou surg,indo um superavit. Como resultado, no final da decada de 1990, a razo divida—PIB estava declinando novamente. A razio divida—PIB estabilizou-se durante os primeiros anos do govemo de George W. Bush, enquanto o superavit orainentario converteu-se em um peque- no deficit. Houve tr"es razOes para essa mudari a. Primeiro, em 2001, o presidente Bush assinou a lei de corte de impostos que havia prometido durante a campanha. Segundo, a guerra contra o terrorismo que se seguiu aos ataques de 11 de setem- bro levou a um aumento dos gastos do governo. Terceiro, em 2001 a economia pas- sou por uma recessc7o (uma reduo da atividade econOmica), uma situa -ao que reduz automaticamente a arrecadg -ao tributaria e aumenta as despesas do gover- no. Ainda assim, em 2002, o Congressional Budget Office projetava que, sob as leis em vigor na epoca, a razo divida-PIB declinaria durante a decada seguinte e atin- OEiria 15% em 2012. • Teste hpido Se mais norte-americanos adotassem a filosofia de "viver para o dia de hoje", como isso afetaria a poupanca, o investimento e a taxa de juros? CO NCLUSA' 0 "NW empreste a ning,uem nem pea emprestado", aconselha PolOnio a seu filho em Hamlet, de Shakespeare. Se todos seguissem esse conselho, este capitulo teria sido desnecessario. Poucos economistas concordariam com PolOnio. Em nossa economia, as pessoas concedem e tomam emprestimos com freqii"encia e geralmente o fazem por bons motivos. Alg,um dia vo& podera tomar um emprestimo para iniciar seu prprio neg6cio ou comprar uma casa. E as pessoas podem Ihe conceder um emprestimo na esperaNa de que os juros que voc"e ira pagar as ajudem a desfrutar uma apo- sentadoria mais pr(5spera. 0 sistema financeiro tem a fun o de coordenar essas atividades de concesso e tomada de emprestimos. De muitas maneiras, os mercados financeiros s'ao como todos os demais merca- dos da economia. 0 preo dos fundos para emprestimos — a taxa de juros — é gover- nado pelas forc, as de oferta e demanda, como os outros preos da economia. E podemos analisar deslocamentos da oferta e da demanda nos mercados financeiros da mesma maneira como analisamos os de outros mercados. Um dos Dez Principios de Econonna introduzidos no Capitulo 1 e de que os mercados costumam ser uma boa maneira de organizar a atividade econOmica. Esse principio se aplica tambem aos mercados financeiros. Quando os mercados financeiros equilibram a oferta e a demanda de fundos para emprestimos, ajudam a alocar os recursos escassos da economia da forma mais eficiente. De certo modo, contudo, os mercados financeiros são especiais. Os mercados financeiros, ao contrario da maioria dos outros mercados, desempenham a impor- tante fun o de ligar o presente e o futuro. Os que ofertam fundos para empresti- mos — os poupadores — o fazem porque querem converter parte de sua renda cor- rente em poder aquisitivo futuro. Os que demandam fundos para emprestimos — os tomadores de emprestimos — o fazem porque querem investir hoje para ter capital adicional no futuro para produzir bens e servi os. Portanto, o bom funcionamento dos mercados financeiros é importante não só para as gergOes atuais, mas tambem para as futuras, que herdario muitos dos beneficios resultantes. 580 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO ION GO PRAZO RESUMO • 0 sistema financeiro norte-americano é compost° de muitos tipos de instituicoes financeiras, como o mercado de titulos, o mercado de acoes, os bancos e os fundos mutuos. Todas essas instituicoes agem para direcionar os recursos das familias que querem poupar parte de sua renda para as rnaos das fami- lias e empresas que querem tomar emprestimos. • As identidades contabeis da renda nacional reve- lam alg-umas relacoes importantes entre as varia- veis macroeconOmicas. Mais especificamente, em uma economia fechada, a poupanga nacional deve ser ig-ual ao investimento. As instituicoes financei- ras sao o mecanismo por meio do qual a economia une a poupanca de uma pessoa corn o investimen- to de outra. • A taxa de juros é determinada pela oferta e deman- da de fundos para emprestimos. A oferta de fundos para emprestimos vem das familias que querem poupar parte de sua renda e empresti-la. A deman- da por fundos para ernprestimos vem das farnilias e empresas que querem tomar emprestimos para investir. Para analisar como qualquer politica ou event° afeta a taxa de juros, é preciso analisar a maneira como afeta a oferta e a demanda de fundos para emprestimos. • A poupanca nacional é igual a poupanca privada mais a poupanca piablica. Urn deficit orcamentario do governo representa poupanca plablica negativa e, portant°, reduz a poupanca nacional e a oferta de fundos para emprestimos disponivel para finan- ciar o investimento. Quando urn deficit orcamenta- rio governamental desloca o investimento, reduz o crescimento da produtividade e do FIB. CONCEITOS-CHAVE sistema financeiro, p. 562 mercados financeiros, P. 562 titulo, p. 563 ago-es, p. 563 intermediarios financeiros, p. 564 fundo miituo, p. 566 poupanca nacional (poupanca), p. 569 poupanca privada, p. 569 poupanca pib1ica, p. 569 superavit orcamentario, p. 570 deficit orcamentario, p. 570 mercado de fundos de empresti- mos, p. 571 deslocamento, p. 577 QUESTOES PARA REVISAO 1. Q-ual é a funcao do sistema financeiro? Cite e des- creva dois mercados que sao parte do sistema financeiro em nossa economia. Cite e descreva dois intermediarios financeiros. 2. Por que é importante que as pessoas tenham acoes e titulos para diversificar seus ativos? Que tipo de instituicao financeira facilita a diversificacao? 3. 0 que é poupanca nacional? 0 que é poupanca privada? 0 q-ue é poupanca ptiblica? Como essas tres variaveis se relacionam? 4. 0 que é investimento? Como ele se relaciona corn a poupanca nacional? 5. Descreva uma alteracao do cOdigo tributirio capaz de aumentar a poupanca privada. Se essa medida fosse implementada, como ela poderia afetar o mercado de fundos emprestaveis? 6. 0 que 6 urn deficit orcamentario do governo? Co- mo ele afeta as taxas de juros, o investimento e o crescimentoeconomico? CAP1TULO 26 POUPANQ:1, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 581 PROBLEMAS E APLICAOES 1. Para cada um dos pares a seguir, qual titulo deve pagar taxas de juros mais altas? Explique. a. um titulo do governo norte-americano ou um titulo de um pais do Leste Europeu b. um titulo que reen-ibolsa o principal em 2005 ou um titulo que reembolsa o principal em 2025 c. um titulo da Coca-Cola ou um titulo de uma empresa de software que funciona em sua gara- 0-em d. um titulo emitido pelo governo federal ou um titulo emitido pelo Estado de NovaYork 7. Procure em um jomal ou na Intemet os dados sobre as a95es de duas empresas a respeito das quais voce conhea alguma coisa (talvez como cliente). Qual é o indice pre9o/lucro de cada com- panhia? Na sua opiiiião, por que os inclices P/L das duas s - o diferentes? Se fosse comprar uma das cluas gC)es, qual voce escolheria? Por que? 3. Theodore Roosevelt disse certa vez que diferena moral entre jogar cartas, na loteria ou nos cavalos e especular no mercado de a95es". Na sua opinião, qual objetivo social e atendido pela existencia do mercado de g^c3es? 4. As quedas nos prcNos das a95es s'cio muitas vezes vistas conio prenUncios de futuros declinios do PIB real. Na sua opinião, por que isso pode ser verdade? 5. Quando o governo russo tornou-se inadimplente em sua divida com estrangeiros, em 1998, as taxas de juros dos titulos emitidos por muitos outros paises em desenvolvimento aumentaram. Na sua por que isso aconteceu? 6. Muitos trabalhadores têni g,randes quantidades de a. -(5es emitidas pelas empresas em que trabalham. Na sua opiiiião, por que as empresas encorajam esse comportamento? Por q-ue uma pessoa poderia /7&) querer ter g"(5es da empresa em que trabalha? 7. Explique a difereNa entre poupaNa e investimen- to tal como definida por um macroeconomista. Quais das situg6- es a seguir representam investi- mento? E poupaNa? Explique. a. Sua familia faz uma hipoteca e compra uma casa nova. b.Voce usa $ 200 de seu salário para comprar a- "6"es da AT&T. c. Seu colega ganha $ 100 e os deposita no banco, em sua pr .6pria conta. d.Voce toma $ 1 mil emprestados do banco para comprar urn carro que utilizará em seu nefficio de entrega de pizzas em domicflio. 8. Suponha que o PIB seja cle $ 8 trilh5es, os impos- tos sejam de $ 1,5 trilhk), a poupana privada seja de $ 0,5 trilho e a pouparwa pública seja de $ 0,2 Admitindo a hiptese de que se trata de uma economia fechada, calcule o consumo, as compras do governo, a poupana nacional e o investimento. 9. Suponha que a Intel esteja pensando em construir uma nova ffibrica de chips. a Supondo que a Intel precise ton-iar dinheiro emprestado no mercado de titulos, por que um aumento na taxa de juros afetaria a decis,e,io da empresa de construir ou iião a fEibrica? b. Se a Intel tiver recursos pr(Trios em quantidade suficiente para construir a nova Ulbrica sem fazer emprestimos, um aumento na taxa de juros ainda afetaria sua decisk) de construir ou Iião a filbrica? Explique. 10. Suponha que no ano que vem o govemo ton-ie $ 20 bilhes a niais em emprestimos do que neste ano. a. Use um diagrama de oferta e demanda para analisar essa politica. A taxa de juros aumenta ou b. 0 que acontece com o investimento? E com a poupaNa privada? E com a poupaNa E com a pouparia nacional? Compare a dimensk) das altera(Aes com os $ 20 bilhes de empresti- mos adicionais do govemo. c. Como a elasticidade da oferta de fundos para emprestimos afeta a dimens -th) dessas altera- -(5es? d. Como a elasticidade da demanda por fundos para en-iprestimos afeta a dimeriso dessas alte- rg.b'es? e. Suponha que as familias acreditem que o aumento dos emprestimos do govemo hoje iniplique maiores impostos para pagar a divida pública no futuro. 0 que essa creNa traz para a poupaNa privada e para a oferta de fundos para emprestimos de hoje? Ela aumenta ou diminui os efeitos que voce discutiu nas partes (a) e (b)? 582 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO 11. Nos ultimos dez anos, novas tecnologias de corn- putadores permitiram quo as empresas reduzissem substancialmente a quantidade de estoque manti- da para cada Mar de vendas. Ilustre o efeito dessa mudanca no mercado de fundos de emprestimos. (Dica: a despesa em estoque é urn tipo de investi- mento.) Na sua opiniao, qual terd sido o efeito dessa mudanca sobre o investimento em fabricas e equipamentos? 12. "Alguns economistas se preocupam corn o fato de quo a populacao mais idosa dos poises industriali- zados comece a reduzir sua poupanca justamente quando o apetite dos paises por investimento esti- ver crescendo" (Economist, 6 maio 1995). 'lustre o efeito desses fenomenos no mercado mundial de fundos de emprestimos. 13. Este capitulo explica que o investimento pode aumentar tanto por meio da reducao dos impostos sobre a poupanca privada quanto por meio da reducao do deficit orcamentario do govemo. a. Por que é difIcil implementar as duas politicas ,ao mesmo tempo? b. 0 que voce precisaria saber sobre a poupanca privada para avaliar qual das duas politicas seria urn meio mais eficaz para aumentar o investi- mento? AS FERRAMENTAS BibiCAS DAS FINANCAS Em algum momento de sua vida, voce terá de lidar com o sistema financeiro da economia. Irá depositar sua pouparu;a em uma conta bancffiia ou fazer uma hipo- teca para con-iprar uma casa. Ap6s conseguir um emprego, voce irá decidir se deve investir sua conta de aposentadoria en-1 gc5es, titulos ou outros instnimentos finan- ceiros. Voce pode tentar montar sua prpria carteira de a95es e ent -a. o terá de deci- c-lir entre apostar em en-ipresas jEi bem-estabelecidas, como a General Electric, ou outras mais novas, como a Cisco Systems. E sempre que assistir ao notici rio notumo, voce ouvira noticias sobre a ascens'ao ou a queda do mercado de ac;5-es, junto com as tentativas — freqentemente debeis — de explicar o comportamento do mercado. Se refletir por um momento sobre as muitas decises financeiras que terl de tomar durante sua vida, voce vera' dois elementos relacionados em quase todas elas — tempo e risco. Como vimos no capitulo anterior, o sistema financeiro coordena a poupaNa e o investimento da economia. Portanto, diz respeito às decises que tomamos hoje e que afetar -a'o nossas vidas no futuro. Mas o futuro é desconhecido. Quando algt, decide poupar, ou quando uma empresa decide investir, a deciso se baseia em un-ia previs^a- o sobre um provvel resultado futuro — mas o resultado efetivo pode acabar se revelando bem diferente do previsto. 584 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO finahcas o campo que estuda coma as pessoas tomam decisbes sabre a alocacao de recursos ao longo do tempo e coma lidam corn o risco Este capitulo apresenta algumas ferramentas que nos ajudam a entender as decisoes que as pessoas tomam quando participam do mercado financeiro. 0 camp° das financas desenvolve essas4erramentas em mais detalhes e voce pode- ra optar por fazer cursos que se concentrem nesse assunto. Mas, por causa da gran- de importancia do sistema financeiro para o funcionamento da economia, muitos dos principios basicos das financas sao cruciais para compreender como a econo- mia funciona. As ferramentas financeiras tambem podem ajudar a pensar em algu- mas das decisoes que voce tera de tomar durante a vida. Este capitulo aborda tres topicos. Primeiro, discutiremos como comparar somas de dinheiro em diferentes pontos no tempo. Segundo, discutiremos como geren- ciar o risco. Terceiro, construiremos nossa andlise do tempo e do risco para exami- nar o que determina o valor de urn ativo, como uma acao, por exemplo. VALOR PRESENTE: MEDINDO 0 VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO Imagine que alg,uem se ofereca para lhe dar $ 100 hoje ou $ 100 daqui a dez anos. Qual das duas alternativas voce escolheria? Esta é uma perg,unta facil. Ter $ 100 hoje é melhor porque voce pode depositar o dinheiro em um banco, te-lo ainda daqui a dez anos e, enquanto isso, recebe juros sobre os $ 100. A lig-do: uma quan- tidade de dinheiro qualquer é mais valiosahoje do que a mesma quantidade de dinheiro no futuro. Considere agora uma pergunta mais dificil: Imagine que alpem se ofereca para lhe dar $ 100 hoje ou $ 200 daqui a dez anos. Qual das alternativas voce escolhe- ria? Para responder a essa pergunta, voce precisa comparar, de alguma maneira, somas de dinheiro em diferentes pontos no tempo. Os economistas fazem isso por meio de urn conceit° denominado valor presente. 0 valor presente de qualquer soma de dinheiro futura é a quantidade que seria necessaria hoje, as atuais taxas de juros, para produzir aquela soma futura. Para aprencler como usar o conceit° de valor presente, vamos analisar dois exemplos simples: Pergunta: Se lax& depositar $ 100 hoje em uma conta bancaria, quanto isso vale- ra em N anos? Ou seja, qual send o valor futuro desses $ 100? Resposta: Vamos usar r para representar a taxa de juros sob forma decimal (ou seja, uma taxa de juros de 5% sig,nifica que r = 0,05). Suponha que os juros sejam pagos anualmente e que os juros pagos fiquem na conta bancaria e rendam mais juros — urn processo chamado de composicao. Assim sendo, os $ 100 se tornardo (1 + r) x $ 100 apos urn ano, (1+r)x(1+r)x$100 apos dois anos, (1 + r) x (1 + r) x (1 + /-) x $ 100 apos tres anos... (1 + r)N x $ 100 apos N anos. Por exemplo, se estivermos investindo a uma taxa de juros de 5% por dez anos, o valor futuro dos $ 100 sera de (1,05)10 x $ 100, ou $ 163. Pergunta: Suponha agora que voce vd receber $ 200 daqui a N anos. Qual o valor presente desse pagamento futuro? Ou seja, quanto voce teria de depositar em urn banco hoje para ter $ 200 em N anos? valor presente o montante de dinheiro que sena necessario hoje para produzir, usando a taxa de juros atual, certo montante de dinheiro futuro valor futuro o montante de dinheiro no futuro que um montante de dinheiro hoje ira render, dada a atual taxa de juros composicao a acumulacao de uma soma de dinheiro em uma conta bancaria, em que as juros recebidos permanecem no conta para ganhar juros adicionais no futuro CAPh-ULO 27 AS FERRAMENTAS BASICAS DAS FINANCAS 585 Resposta: Para responder a essa pergunta, basta virar a resposta anterior ao con- trario. Na primeira perg-unta, calculamos um valor futuro com base no valor pre- sente multiplicando pelo fator (1 + r)N. Para calcular um valor presente a partir de um valor futuro, dividimos pelo fator (1 + r) N. Portanto, o valor presente de $ 200 em N anos é de $ 200/(1 + r) N . Se esse valor fosse depositado em um banco hoje, ap6s N anos se tornaria (1 + r) ly x [$ 200/(1 + r) 1`11, ou $ 200. Por exemplo, se a taxa de juros for de 5%, o valor presente de $ 200 em dez anos sera de $ 200/(1,05)10, ou $ 123. Isso ilustra a f6rmula geral: sendo r a taxa de juros, 14171 montante X a ser recebido em N anos tem valor presente de X/(1 + ON. Vamos agora voltar à pergunta inicial: voce deveria optar por $ 100 hoje ou $ 200 daqui a dez anos? Podemos deduzir, com base em nossos calculos do valor presente, que, se a taxa de juros for de 5%, você devera escolher $ 200 daqui a dez anos. Os $ 200 futuros tem valor presente de $ 123, que é maior do que $ 100.Voce se saira melhor se esperar pela sorna futura. Observe que a resposta à nossa perg,unta depende da taxa de juros. Se a taxa de juros fosse de 8%, entao os $ 200 em dez anos teriam valor presente de $ 200/(1,08)10, que é apenas $ 93. Nesse caso, voce deveria aceitar os $ 100 hoje. Por que a taxa de juros deve afetar a sua decisa- o? A resposta e que, quanto maior a taxa de juros, - SAIBA MAIS SOBRE... A MfiGICA DA COMPOS100 E A REGRA DE 70 C: ,:4Jponha que você observe que um pais tem taxa de crescimen- to mlia de 1% ao ano, enquanto outro crescea 3% ao ano em A primeira vista, isso pode não parecer Li rt problema muito grande. Que diferenca 2% podem fazer? A resposta uma grande diferenca. Até taxas de crescimento que parecem pequenas, quando escritas em termos percentuais, parecem grandes depois de se comporem por muitos anos. Vamos considerar um exemplo. Suponha que dois gradua- dos — Jerry e Elaine — consigam seu primeiro emprego aos 22 anos de idade, ganhando $ 30 mil por ano. Jerry vive numa economia em que todas as rendas crescem 1% ao ano, ao passo que Elaine vive em uma economia em que as rendas crescem à taxa de 30/0 ao ano. Bastam alguns dlculos simples para mostrar o que acon- tece. Quarenta anos depois, quando ambos tiverem 62 anos, Jerry estará ganhando $ 45 mil por ano, enquanto Elaine estara ganhan- do $ 98 mil. Por causa dessa diferenca de dois pontos percentuais na taxa de crescimento, o salário de Elaine será mais do que o dobro do de Jerry. Uma velha regra de bolso, chamada de regra de 70, ajuda a entender as taxas de crescimento e os efeitos da composick. Segundo a regra de 70, se uma var6el cresce a uma taxa de x% ao ano, entk a varivel dobrará a cada 70/x anos, aproximada- mente. Na economia de Jerry, as rendas crescem 1% ao ano, de modo que levarA cerca de 70 anos para que dobrem. Na econo- mia de Elaine, as rendas crescem 3% ao ano, de modo que leva- rA aproximadamente 70/3, ou 23, anos para que as rendas dobrem. A regra de 70 se aplica não sc5 ao crescimento de uma econo- mia, mas tamb&ri ao de uma caderneta de poupanca. Eis um exemplo: em 1791, Ben Franklin morreu e deixou $ 5 mil para serem investidos durante 200 anos em beneficio de estudantes de medicina e da pesquisa cientifica. Se esse dinheiro rendesse 7% ao ano (o que teria sido possivel), o investimento dobraria de valor a cada dez anos. Apc5s 200 anos, teria dobrado 20 vezes. Ao fim dos 200 anos de composick, o investimento valeria 220 x $ 5 mil, o que é cerca de $ 5 bilWdes (na realidade, os $ 5 mil de Franklin só chegaram a $ 2 milhb- es em 200 anos porque parte do dinhei- ro foi gasta nesse meio-tempo). 586 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO avessa ao risco que exibe uma antipatia incerteza mais voce pode ganhar depositando seu dinheiro no banco e mais atraente se toma ter $ 100 hoje. Como mostram esses exemplos, as taxas de crescimento e as taxas de juros, se compostas por muitos anos, podem levar a resultados espetaculares. E provavel- mente por isso que Albert Einstein uma vez se referiu composicao como "a major descoberta matematica de todos os tempos". 0 conceit° de valor presente é iti1 em muitos casos, inclusive em decisoes corn que as empresas se deparam ao avaliar projetos de investirnento. Por exemplo, imagine que a General Motors esteja pensando em construir uma nova fabrica. Suponha que a fabrica custard $ 100 milhoes hoje e rendera a empresa $ 200 milh5es em dez anos. A General Motors deve realizar o projeto? f,' facil perceber que a decisao é identica a que acabamos de estudar. Para tomar sua decisao, a empresa comparara o valor presente do rendirnento de $ 200 milh6es corn o custo de $ 100 milh6es. A decisao da empresa, portant°, dependera da taxa de juros. Se a taxa de juros for de 5%, o valor presente do rendimento de $ 200 milhoes da fabrica sera de $ 123 milhoes, e a empresa optara por arcar corn o custo de $ 100 milhoes. No entanto, se a taxa de juros for de 8%, o valor presente do rendimento sera de al-)enas $ 93 milhoes, e a empresa optara por deixar o projeto de lado. Assim, o conceit° de valor presente ajuda a explicar por que o investimento — e, portant°, a quantidade deman- dada de fundos para emprestimos — diminui quando a taxa de juros aumenta. Eis outra apnea(*) do valor presente: suponha que voce ganhe uma loteria de urn milhao de dolares e possa optar entre receber $ 20 mil por ano durante 50 anos (num total de $ 1 milhao) ou receber urn pagamento imediato de $ 400 mil. Qual opcao voce escolheria? Para tomar a decisao apropriada, voce precisa calcular o valor presente do fluxo de pagamentos. Apos realizar 50 calculos semelhantes ao feito anteriormente (urn para cada pagamento) e somar os resultados, voce veria que o valor presente do premio de urn milhao de Mares a uma taxa de juros de 7% é de apenas $ 276 mil.Voce ficard em uma situaeao melhor se aceitar opagamento imediato de $ 400 mil. Um milhao de Mares pode parecer mais dinheiro, mas os fluxos de caixa futuros, uma vez descontados para o presente, valem hem menos. Teste Rapid° A taxa de juros e de 7%. Qual o valor presente de $ 150 a ser recebido daqui a dez anos? LTA- , ANANISTRANDO C RISCO A vida é cheia de riscos. Quando voce esquia, corre o risco de quebrar a pema em uma queda. Quando vai de carro para o trabalho, corre o risco de se envolver em urn acidente. Quando p5e parte de sua poupanca no mercado de acoes, corre o risco de uma queda nos precos. A resposta racional a esse risco nao é, necessaria- mente, evita-lo a qualquer custo, mas leva-lo em consideracao em sua tomada de decisao. Vamos ver como isso pode ser feito. Aversao ao Risco A maioria das pessoas é avessa ao risco. Isso nao significa apenas quo as pessoas nao gostam que coisas ruins acontecam consigo mesmas. Significa que a elas clesa- g,radam coisas ruins mais do que agradam coisas boas comparaveis. Por exemplo, suponha que urn amigo The ofereca a seguinte oportunidade. Ele ir ino-nr mnech,l. Se der cnrn. ele lhe nAcr2r,,1 5 1 mil. Mac. cc der cnrn2. Utilidade Ganho de utilidade decorrente de ganhar $ 1 mil Perda de utilidade decorrente da perda de $ 1 mil CAPITULO 27 AS FERRAMENTAS BASICAS DAS FINANCAS 587 l'd"-beA ij2)-14%CtAd4) (1)%eLtfl-laie A Funck) Utilidade ESSG funcao utilidade mostra como a utilidade, uma medida subjetiva de satisfocao, depende do riqueza. A medida que a riqueza aumenta, a funcao utilidade setoma menos inclinada, refletindo a propriedade do de marginal decrescente. Por couso da utilidade marginal decrescente, uma perdo de $ 1 mil reduz o utilidade em maior medida do que urn gonho de $ 1mil a aumenta. FIGURA 1 0 L JRiqueza Riqueka Perda de atual Ganho de '$ 1 mil $ 1 mil terá de pagar $ 1 mil a ele.Voce aceitaria a proposta? Não, se fosse avesso ao risco. Para alguth-n avesso ao risco, a dor de perder $ 1 mil superaria o prazer de ganhar $ 1 mil. Os economistas desenvolveram modelos de avers - o ao risco usando o conceito de titilidade, que é a medida subjetiva do bem-estar ou satisfa o de uma pessoa. Cada nivel de riqueza proporciona detern-iinada quantidade de utilidade, como mostra a furi o utiliclade representada na Figura 1. Mas a fun o exibe a proprie- dade da utilidade marginal decrescente: Quanto mais riqueza tem uma pessoa, menos utilidade ela obtrri de um dc5lar adicional. Assim, na figura, a inclinação da fun o utilidade diminui à medida que a riqueza aumenta. Por causa da utilidade marginal decrescente, a utilidade perdida por causa da perda da aposta de $ 1 mil maior do que a utilidade ganha se a aposta for vencida. Como resultado, as pes- soas são avessas ao risco. A aversio ao risco representa o ponto de partida para a explica(;:o de diversas coisas que observamos na economia.Vamos considerar tres delas: seguros, diversi- fica o e tradeoff risco—retorno. Os Mercados de Seguros # Uma maneira de lidar com o risco é contratar um seguro. A caracteristica geral dos contratos de seguro é que a pessoa que enfrenta o risco paga uma taxa a uma com- panhia seguradora que, por sua vez, concorda em aceitar total ou parcialmente o risco. 1-1E1 muitos tipos de seguro. 0 seguro para carros cobre o risco de envolvimen- to em um acidente de trffi-isito, o seg-L, iro contra incendio cobre o risco de que sua casa peg-ue fogo, o seg-uro-satide cobre o risco de que voce precise de tratamento 588 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO ION GO PRAZO medico dispendioso e o seguro de vida cobre o risco de que voce morra e deixe sua familia privada de sua renda. Ha ainda o seguro contra o risco de viver demais: em troca de uma taxa paga hoje, as seguradoras the pagardo uma anuidade — uma renda regular por todos os anos ate a sua morte. Em certo sentido, cada contrato de seg,uro é uma aposta. E possivel que voce nao se envolva em urn acidente de tr'ansito, que sua casa no pegue fogo e que voce nunca precise de tratamentos medicos caros. Na maioria dos anos, voce paga- ra o premio a seg,uradora e nao tera nada em troca, a nao ser paz de espirito. De fato, a seguradora conta corn o fato de que a maioria das pessoas nao reivindique suas apolices; do contrario, ela ndo poderia atender as reivindicacoes dos poucos desafortunados e continuar em operaca-o. Do ponto de vista da economia, o papel do seg,uro nao é eliminar os riscos ine- rentes ii vida, mas distribui-los corn maior eficiencia. Vamos considerar, por exem- plo, o seg,uro contra incendio. Ter um seguro contra incendio nao reduz o risco de voce perder sua casa em urn incendio. Mas, se esse infeliz sinistro ocorrer, a empre- sa seg-uradora ira lhe pagar uma indenizacao. 0 risco, em vez de ser suportado so por voce, é clividido entre os milhares de acionistas da seguradora. Como as pes- soas sao avessas ao risco, é mais facil para 10 mil pessoas arcarem corn 1/10 mil do risco do que para uma pessoa arcar corn talc) o risco por si so. 0 mercado de seguros sofre de dois tipos de problemas que reduzem sua capa- cidade de distribuicao do risco. Urn deles 6 a selecao adversa: Uma pessoa de alto risco tem major probabilidade de contratar urn seg-uro do que uma pessoa baixo risco. 0 segundo problema é o risco moral: depois que as pessoas contratam urn seguro, estao sujeitas a menor incentivo para serem cuidadosas corn seu corn- portamento de risco. As seguradoras esta-o cientes desses problemas, e o preco do seguro reflete os riscos reais que a empresa enfrentara apas a contratac5o da ap6- lice. 0 alto preco dos seguros é o motivo pelo qual algumas pessoas, especialmen- te as que sabem que sao de baixo risco, optam por nao contratar seg,uro e, em vez disso, suportar por Si Sas algumas das incertezas da vida. Risco agregado CAP1TULO 27 AS FERRAMENTAS BAS1CAS DAS F1NANCAS FIGURA 2 A Diversificach Reduz o Risco Esta figura mostra como o risco de uma carteira, medido aqui com a estatistica denominada desvio podro, depende do nmero de ac(ies em carteira. Presume-se que o investidor coloque um percentual igual de sua corteira em cada uma das ac .c5es. Aumentar o n mero de aOes reduz, mas n -aa elimina, o montante do risco de uma carteira de oces 589 Risco (desvio padrão do retorno da carteira) (Mais risco) 49 20 (Menos risco) 0 1 4 6 8 10 20 30 40 Nmero de A95es em Carteira Fonte: Adaptado de Meir Statman. How many stocks make a diversified portfolio? Joumal of Financial and Quantitative Analysis, n. 22, set. 1987, p. 353-364. Reimpresso com permissk da School of Business Administration/University of Washington. ay5es de uma empresa está apostando na lucratividade futura da en-ipresa. Essa aposta muitas vezes e de alto risco porque e difícil prever o destino das empresas. A Microsoft evoluiu, comeando com alg,uns jovens peritos em computa o, e che- gou a ser uma das mais valiosas empresas do mundo em poucos anos; a Enron pas- sou de uma das empresas mais respeitadas do mundo para uma companhia quase sem valor em apenas alguns meses. Felizmente, os acionistas não i_->recisam atrelar sua prOpria sorte à de uma empresa qualquer. 0 risco pode ser reduzido fazendo um grande nUmero de apostas menores em vez de um pequeno nUmero de gr, an- des apostas. A Fig:ura 2 mostra como o risco de uma carteira de ay5- es depende do mimero de ay5es que há em carteira. 0 risco e medido aqui com a estatistica denominada desvio padr -do, que vo& talvez tenha aprendido em alguma aula de matemkica ou estatistica. 0 clesvio 1.->adr -a- o mede a volatilidade de uma varivel — ou seja, o quan- to e provvel que a varffiTel flutue. Quanto maior o desvio padro do retorno de uma carteira, maior o risco representado por ela. A fig-ura mostra que o risco de uma carteira de ay5- es cai substancialmente com o aumento do nUmero de ay-Ses. Para uma carteira com uma só g -k), o desvio padr:o é de 49%. Passar de uma para dez a - es elimina cerca de metade do risco. Passar de dez para 20 ações reduz o risco em mais 13°/0. À medida que o nUmero de g"Oes continua a aumentar, o
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