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Financiamento e Intermediários Financeiros

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564 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
A venda de ac;b- es para levantar fundos é denorninada financiamento patrinzonial,
enquanto a venda de titulos é denominada financianzento por endividamento.
Embora as empresas usem os dois tipos de financiamento 13ara levantar fundos
para novos investimentos, ações e titulos s'ao muito diferentes. 0 proprietario de
—a(; -(5es da Intel e proprietario de parte da empresa; o proprietario de um titulo da
Intel e um credor da empresa. Se a Intel for muito lucrativa, os acionistas se bene-
ficiam dos lucros, enquanto os detentores de fitulos recebem apenas os juros que
lhes s'ao devidos. E se a Intel ficar em dificuldades financeiras, os detentores de
titulos receber"ao o que lhes é devido antes de os acionistas receberem qualquer
coisa. Comparadas aos titulos, as ac-;5es oferecem riscos maiores aos acionistas. Em
compensao, oferecem rendimento potencialmente maior.
Depois que un-la empresa emite gc5es e as vende ao público, elas s'ao negocia-
das entre os acionistas em bolsas de valores organizadas. Nessas transK:Cies, a
empresa em si não recebe nada quando suas g. -6es mudam de mãos. As bolsas de
valores mais importantes da economia americana s'ao a Bolsa de Valores de Nova
York, a American Stock Exchange e a NASDAQ (National Association of Securities
Dealers Automated Quotation System). A maioria dos paises do mundo tem suas
pr(5prias bolsas de valores, onde s -a. o negociadas as g'6"es das empresas locais.
Os preos a que as g6es s'ao negociadas nas bolsas de valores s' o detern-iina-
dos pela oferta e demanda das g5es de cada empresa. Como uma ação represen-
ta propriedade de uma empresa, a demanda por uma g -ao (e, portanto, seu preo)
refiete a percep o das pessoas sobre a lucratividade futura da empresâ Quando
as pessoas est'ao otimistas acerca do futuro de uma empresa, aumenta a'clemanda
pelas a. "1:5es da empresa em quest'ao e, portanto, o seu pre9p . Por outro lado, quan-
do as pessoas esperarn que uma empresa tenha lucros baixos, ou ate mesmo pre-
juizo, o preo da a o cai.
1-la disponiveis diversos indices de a95es para monitorar o nivel geral dos prec;os
das ações. Um Indice de aOes é calculado como a media de um g,rupo de prec;os de
g5es. 0 indice de a95es mais famoso é o Dow Jories Industrial Average, que vern
. sendo calculado regularmente desde 1896. Ele hoje se baseia nos preos das a0-es
das 30 principais empresas americanas, como a General Motors, a General Electric,
a Microsoft, a Coca-Cola, a AT&T e a IBM. Outro indice de a es bem conhecido
o Standard & Poor's 500, baseado nos preos das g5ies das 500 principais empresas
americanas. Como os preos das K6es refleten-1 a lucratividade esperada, esses fncli-
ces de a95es são observados atentan-lente como possiveis indicadores das condições
ecoffimicas futuras.
lntermediários Financeiros
intermedianos financeiros
instituic es financeiras por
meio das quais os
poupadores podem
indiretamente ofertar fundos
aos tomadores de
emprestimos
Os intermediios financeiros s'ao institui es financeiras por meio das quais os
poupadores podem indiretan-iente ofertar fundos aos tomadores de emprestimos.
A palavra interznedi ario reflete o papel dessas institu es, qut se situam entre os
poupadores e os tomadores. Aqui trataremos de dois dos mais importantes inter-
medikios financeiros: os bancos e os fundos mtuos.
Bancos Se o proprietario de uma pequena mercearia quiser financiar a expans"ao
de seu negOcio, provavelmente adotara uma estrateg,ia bem diferente da utilizada
pela Intel. Ao contrario da Intel, o dono da pequena mercearia teth dificuldade para
levantar fundos nos mercados de fitulos e de K -6es. Muitos compradores de ac»- es e
fitulos preferem comprar aqueles emitidos por empresas maiores e mais conheci-
das. 0 dono da pequena mercearia, portanto, provavelmente financiara a expans'ao
de seu neg6cio por meio de um en-lprestimo tomado em um banco.
Os bancos s'ao os intermediarios financeiros com os quais as pessoas esth- o mais
familiarizadas. Um dos principais negOcios dos bancos é receber depOsitos das pes-
SAIBA MAIS SOBRE...
COMO LER AS TABELAS COM AS COTAcOES
DE AcOES NOS JORNAIS
malaria dos jornais diarios inclui tabelas de aches que contem
informaches sabre os negocios recentes realizados corn as aches
de milhares de empresas. Apresentamos, a seguir, o tipo de infor-
macao normalmente encontrado nessas tabelas:
• Prep. A informacao mais importante a respeito de uma acao
é seu preco. Os jornais, em geral, apresentam diversos precos.
0 "ultimo" preco, ou preco de "fechamento", é o preco da
transacao realizada antes do fechamento da balsa no dia
anterior. Muitos jornais tambem publicam os'precos "maximo"
e "minimo" do ultimo dia de negocios e, algumas vezes, do
Ulti mo ano tambern.
• Volume. A malaria dos jornais apresenta o nUrnero de aches
vendido durante o Ultimo dia de negacios. Esse valor é chama-
do de volume diario.
• Dividend°. As empresas pagam partg, de seus lucros aos ado-
nistas. Esse montante e chamado dividend° (as lucros que
nao sao pagos sao chamados de lucros retidos e sao usados
pela empresa para investimentos adicionais). Os jornais fre-
quentemente publicam as dividendos pagos par acao no ano
anterior. E as vezes publicam o rendimento do dividend°, que
o dividendo expresso coma percentual do preco da acao.
hake preco/lucro. Os ganhos, au lucros, de uma empresa sao
a receita que ela obtem da venda de seus produtos menos
seus custos de producao, tais coma medidos par seus contado-
res. 0 lucro par ova° é o lucro total da empresa dividido pelo
nUrnero de aches em circulacao. As empresas usam parte de
seus lucros para distribuir dividendos aos acionistas; o restante
mantido pela empresa para fazer novas investimentos. 0 indi-
ce preco/lucro, frequentemente denominado P/L, é o preco
das aches de uma empresa dividido pelo lucro par acao do ano
anterior. Historicamente, o indice preco/lucro tipico e de aproxi-
madamente 15. Urn P/L alto indica que a acao da empresa é
cara em face de seus lucros recentes; isso pode significar que
as pessoas esperam que o lucro aumente no futuro ou que a
acao esta sobrevalorizada. Pelo mesmo raciocinio, urn P/L baixo
significa que as aches da empresa estao baratas em face de
seus lucros recentes; isso pode indicar que as pessoas esperam
que as lucros caiam ou que a acao esta subvalorizada.
Par que as jornais noticiam esses dados todos as dias? Muitas
pessoas que investem sua poupanca em aches acompanham esses
numeros de pert° para decidir quais aches comprar e vender. Par
outro lado, outros acionistas usam uma estrategia de comprar e
manter aches: eles compram as aches de empresas bem-adminis-
tradas e as mantem par longos periodos, sem reagir as flutuaches
diarias publicadas nos jornais.
Precos
e minima
ano anterior
maxima
do
Nome
empresa
aches
da
Simbolo
da
das
ernprea Retorno
Valor dos
dividendos
dividendos
Volume
no
dos
indice
preco/lucro
dia
negociado
anterior
Precos
e minima
dia anterior
Ultimo preco
acao foi negociada
maxima
do
a que a
Variacao em
relacao ao preco
de fechamento
do dia anterior
52 semanas
Alta Baixa
263/16 233/16
127/8
757/16 475/16
221/2 93/4
Y d
Sym Div PE
TOPrS 2,09 8,6
PAR 17
KO ,64 1,3 40
KOF ,12e ,9
Vol
100s
39384
2121
Alta Baixa
59 241/4 2313/16
171 13/8 07/8
51 493/4
1313/16 127/8
Net
Close Chg
241/4 1/16
11
3
/8 3/8
51 11/16
133/4 1/16
Stock
CsIFnl
Coastcast
Coca Cola
CCFerInsa ADR
soas que querem poupar e usar esses depositos para conceder emprestimos a pes-
soas que os desejem. Os bancos pagam aos depositantes urn juro sobre seus depo-
sitos e cobram dos tomadores urn jur'? ligeiramente superior. A diferenca entre
essas taxas de juros cobre os custos bancarios e rende urn lucro para os proprieta-
hos dos bancos.
Só escolhi um e
torco por ele!
Nõo ternos
dinheiro em
fundos mUtuos!
Meu fundo mtuo foi
muito bem esta semana!
566 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
Além de serem intermedikios financeiros, os bancos desempenham umoutro
papel importante na economia: eles facilitam a compra de bens e sei-vi9c)s, permi-
tindo que as pessoas assinen-i cheques contra seus depOsitos. Em outras palavras,
os bancos ajudam a criar um ativo especial que as pessoas podem usar como meio
de troca. Um meio de troca é um item que as pessoas podem facilmente usar para
realizar transg5es. 0 papel dos bancos em prover um meio de troca os distingue
de muitas outras institui es financeiras. A es e titulos, assim como os dejx5sitos
banckios, são uma possivel reserva de valor para a riqueza que as pessoas acumu-
laram com sua poupaNa, mas o acesso a essa riqueza não é tão fácil, barato e ime-
diato como a assinatura de um cheque. Por enquanto, ignoraremos esse segundo
papel dos bancos, mas retornaremos a ele quando discutirn-ios o sistema monet, -
rio, mais adiante neste livro.
fundo rniituo
Instituick que vende cotas
ao púbiico e usa o resultado
das vendas para comprar
uma carteira de ac()es e
titulos
Fundos Afit'ituos o fundo rniituo é um intermedikio financeiro de importkicia
crescente nos Estados Unidos. Um fundo mtuo e uma instituição que vende
cotas ao público e usa o resultado da venda para con-iprar uma seleção, ou carteira
de titulos, de diversos tipos de gb'es, titulos ou ambos. 0 cotista do fundo miTituo
aceita todos os riscos e retomos associados à carteira de titulos. Se o valor da car-
teira de titulos aumentar, o cotista tem ganhos; se o valor da carteira de titulos cair,
o cotista perde.
A vantagem inicial dos fundos mtuos e o fato de que eles permitem que pes-
soas com pequenas quantias de dinheiro diversifiquen-i suas aplica es. Os com-
pradores de g5- es e titulos devem dar ouvidos ao ditado: Não ponha todos os seus
ovos em uma só cesta. Como o valor de qualquer ação ou titulo esta atrelado ao
resultado de uma empresa especifica, possuir um sC3 tipo de g'a‘o ou titulo é algo
muito arriscado. Por outro lado, as pessoas que tem uma carteira diversificada de
a6'es e titulos enfrentam menor risco porque tem pouco em jogo em cada empre-
sa. Os fundos mi:ituos facilitarn essa diversificg -a"o. Com apenas poucas centenas de
dlares, uma pessoa pode comprar cotas de um fundo mUtuo e, indiretamente, tor-
nar-se co-proprietkia ou credora de centenas de grandes empresas. Por esse
a empresa operadora do fundo miituo cobra dos cotistas uma taxa, geralmente
entre 0,5% e 2,0% dos ativos por ano.
Uma segunda vantagem dos fundos mtuos e o fato de que1eles cia- o a pessoas
comuns acesso às habilidades de administradores financeiros profissionais. Os
administradores cla maioria dos fundos miltuos prestam muita aten o ao desen-
volvimento e às perspectivas das empresas das quais compran-i zi "(-5es. Esses admi-
nistradores compram K -cies das empresas que, em sua opinião, ter -a'o um futuro
lucrativo e vendem as das empresas que eles acreditam apresentar perspectivas
menos promissoras. Arg,umenta-se que essa administrga - o profissional é capaz de
aun-ientar o retomo que os cotistas de fundos miituos obtem em suas aplica es.
Entretanto, os economistas financeiros freqiientemente se mostram ceticos em
relg^a"o a esse segt, indo argumento. Com milhares de administradores dardo tanta
Arlo e Janis por Jimmy Johnson
CAPUFULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO
(
NOTICIAS
FINAKAS NA CH1NA
A importancia dos mercaclos financeiros livres fica mais clara quando um pais nao os tem.
567
Deslocamento Abrupto da
Economia Chinesa enquanto
os Empreendedores Cortejam
os Investidores
Por Craig S. Smith
Wang Shuxian, um antigo fazendeiro que
hoje dirige um Cadillac, construiu sua bem-
sucedida fkrica ttil com dinheiro de ami-
gos e parentes. Na qualidade de empreen-
dedor privado, ele jamais poderia vender
aces no estatizado mercado de aces do
pais. Mas agora ele pode, numa reviravolta
que sinaliza que a economia chinesa esta
pronta para mudar radicalmente. (...)
Novas regras dão às empresas privadas
acesso aos mercados de capitais do pais, o
qual até agora era proibido para a maioria
delas. (...) Com acesso mais facil ao capital,
as empresas privadas t&ri a chance de se
tornarem o principal instrumento da econo-
mia chinesa pela primeira vez desde um
breve periodo no comeco do sculo XX e,
caso contrario, desde a Dinastia Song, ha
quase mil anos.
A mudanca tamb&ri traz implicaces
politicas: à medida que as empresas priva-
das chinesas crescem em nmero e em
valor, seus proprietkios tornam-se um grupo
de crescente poder, cujas exiOncias o
governo não podera ignorar com facilidade.
"O cumprimento da lei e o acesso ao
financiamento são as duas coisas que fark
com que as empresas privadas chinesas
fiquem independentes do poder politico",
disse Andy Xie, economista da Morgan
Stanley Dean Witter, em Hong Kong.
Sob o atual sistema, o governo — e
o mercado — é quem decide quais empre-
sas podem vender aces ao pblico. Esse
sistema da o poder de decisk sobre quais
empresas podem receber investimentos aos
burocratas do Partido Comunista local, que
estk mais preocupados em ajudar as
empresas estatais de suas provincias a
sobreviver. 0 sistema tambii encoraja a
corrupck e abarrota o mercado com
empresas estatais de baixa qualidade que,
em circunstkicias diferentes, jamais conse-
guiriam colocar suas aces no mercado.
Fonte: The New York Times, 28 dez. 2000, p. Al.
Copyright 2000 The New York Times Co.
Reproduzido com permissk.
atenio às perspectivas de cada empresa, o preo das acAes costuma ser um bom
reflexo do verdadeiro valor da empresa. Como resultado, é difícil "ganhar do mer-
cado", comprando g'6es boas e vendenclo as ruins. De fato, os fundos miltuos
denominados fundos de fudice, que compram todas as a"(5es de um determinado
fndice de ações, têrn, ern média, desempenho um pouco superior ao dos fundos
miltuos que utilizam a administra o ativa realizada por um administrador profis-
sional. A explica o do desempenho superior dos fundos de indice e que eles man-
tem os custos baixos por comprar e vender muito raramente e por não ter de pagar
os salkios dos administradores financeiros profissionais.
Juntando Tudo
A economia norte-americana contem uma g,rande variedade de institui es finan-
ceiras. Alérn do mercado de titulos, do mercado de gb- es, dos bancos e dos fundos
mtuos tambem 1-1 . fundos depens"k), cooperativas,s eclit le
ros e ate a . otas—TO-cais. Essas instituiõe diferem umas— das outras de muita-S
568 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
maneiras. Entretanto, ao analisar o papel macroeconOmico do sistema financeiro,
mais importante ter em mente as semelhancas entre elas do que as diferencas.
Essas instituicOes financeiras atendem a urn mesmo objetivo — direcionar os recur-
SOS dos poupadores para as maos dos tomadores de emprestimos.
Teste Rapid° 0 que e acao? 0 que e titulo? Em que diferem? Em que se assemelham?
POUPAKA E INVESTIMENTO NAS
CONTAS DE RENDA NACIONAIS
Eventos que ocorrem no sistema financeiro sac) fundamentais para entender os
acontecimentos na economia. Como acabamos de ver, as instituicoes que corn-
poem o sistema — o mercado de titulos, o mercado de acoes, os bancos e os fundos
mtituos — tern o papel de coordenar a poupanca e o investimento da economia. E
conforme vimos no capitulo anterior, a poupanca e o investimento sa.'o determinan-
tes importantes do crescimento a longo prazo do PIB e dos padroes de vida. Conse-
quentemente, os macroeconomistas precisam entender como os mercados finan-
ceiros funcionam e como diferentes acontecimentos e politicas os afetam.
Como ponto de partida para uma analise dos mercados financeiros, discutire-
mos nesta secao as principals variaveis macroeconernicas que medem a atividade
nesses mercados. A enfase aqui nao é no comportamento, mas na contabilidade.
Contabilidade c-liz respeito a maneira como diferentes rnimeros sao definidos e
somados. Urn contabilista pessoal pode ajvdar uma pessoa a somar sua renda e
suas despesas. Um contabilista da renda nacional faz o mesmo para a economia.
As contas da renda nacional incluem, particularmente,o FIB e muitas estatisticas
correlatas.
As regras de contabilidade da renda nacional incluem diversas identidades
importantes. Lembre-se de que uma identidade é uma equacao que precisa ser ver-
dadeira por causa da maneira como as suas variaveis sao definidas. E Util ter as
identidades em mente porque elas esclarecem como diferentes variaveis estao rela-
cionadas entre si. Aqui, examinaremos algumas identidades contabeis q-ue lancam
luz sobre o papel macroeconomic° dos mercados financeiros.
Algumas ldentidades lmportantes
Vimos que o produto intern° brut° (FIB) é tanto a renda total de uma economia
quanto a despesa total em bens e servicos produzidos pela economia. 0 FIB (deno-
tado por Y) se divide em quatro componentes de despesa: consumo (C), investi-
mento (I), compras do governo (G) e exportacao liquicla (EL). Escrevemos
Y=C+I+G+EL
Essa eq-uacao é uma identidade porque cada Mar de despesa que surge do lado
esquerdo tambem aparece em urn dos quatro componentes do lado direito. For
causa da maneira como cada uma das variaveis é definida e medida, essa equacao
deve sempre ser verdadeira.
Neste capitulo, simplificaremos a analise, supondo que a economia analisada
seja fechada. Uma econornia fechada é uma economia que nao interage corn outras
economias. Mais especificamente, uma economia fechada nao se engaja no comer-
cio internacional de bens e servicos e nao toma nem concede emprestimos inter-
CAPiTULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 569
nacionais. É claro que as economias no mundo real s'a'o economias abertas — ou seja,
elas interagem com outras economias em torno do mundo. Ainda assim, a suposi-
c -a- o de uma economia fechada e uma simplificac"a"o útil com a qual podemos
al3render algumas lições que se aplicam a todas as economias. Alem disso, essa
suposico aplica-se perfeitamente à economia mundial (porque o comercio inter-
planetrio ainda n'a- o e comum).
Como uma economia fechada não es.tá engajada no comercio internacional, as
importac5es e as exportac -Oes são iguais a zero. Portanto, as exportaci5es liquidas
(EL) tambem s -a- o zero. Nesse caso, podemos escrever:
Essa equaco afirma que o PIB e a soma do consumo, do investimento e das
compras do governo. Cada unidade de produto vendida em uma economia fecha-
da é consumida, investida ou comprada pelo governo.
Para ver o que essa identidade pode nos dizer a respeito dos mercados financei-
ros, vamos subtrair C e G dos dois lados da equac -a. o. Obtemos, ent'a'o,
) Y—C—G=I \,
0 lado esquerdo da equac - o (Y — C — G) é o que resta da renda total da econo-
mia apOs o pagamento das despesas de consumo e das con-ipras do govemo: essa
quantia é chamada de poupaNa nacional, ou simplesmente poupaNa, e é deno-
tada por S. Substituindo S por Y — C — G, podemos escrever a equac"a'o final como
S = I
Essa equac -a. o afirma que a poupanca e igual ao investimento.
Para entender o significado da poupanca nacional, é útil manipular um pouco
mais a sua definição. Seja T a quantia que o governo recolhe das familias sob a
forma de impostos menos a quantia que restitui a elas sob a forn-la de pagamentos
de transfer'encia (como Seguridade Social e bem-estar social). Ento, podemos
representar a poupanca nacional de duas maneiras:
= Y — C — G
ou
s (Y — T — C) + (T—G)
Essas equac5es s'a'o iguais porque os dois Ts da segunda equac'a- o cancelam-se
mutuamente, mas cada uma delas revela uma maneira diferente de pensar sobre a
poupanca nacional. Em particular, a segunda equac'c'io separa a poupanca nacional
em duas partes: poupanca privacla (Y — T — C) e poupanca pUblica (T — G).
Vamos considerar cada uma dessas duas partes. PoupaNa privada é o mon-
tante da renda que fica com as familias apOs o pagamento de seus impostos e de
suas despesas de consumo. Mais especificamente, como as familias recebem renda
Y, pagam impostos T e gastam C em consumo, a poupanca privada e Y — T — C.
A poupaNa pública é o montante da receita tributria que fica com o governo
apOs o pagamento de suas despesas. 0 governo recebe T em impostos e gasta G
poupanca nacional
(poupanca)
o que resta da renda total
da economia ap6s o
pagamento das despesas de
consumo e das compras do
governo
poupanca privada
a renda que fica com as
familias ap6s o pagamento
de impostos e de suas des-
pesas de consumo
poupanca pUblica
a receita tributhria que fica
com o governo ap6s o
pagamento de suas despesas
570 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
ern bens e servicos. Se T for major do que G, o governo obtem urn superavit orca-
mentario porque recebe mais dinheiro do que gasta. Esse excedente de T — G
representa a poupanca publica. Se o governo gasta mais do que arrecada, entao G
é major do que T. Nesse caso, o govern() tem urn deficit orcamentario, e a pou-
panca publica T — G é urn ntimero negativo.
Vamos agora considerar como essas identidades contabeis estao relacionadas
corn os mercados financeiros. A equacao S = / revela urn fato importante: para a eco-
nomia como urn todo, a poupanca deve ser igual ao investimento. Mas isso levanta algu-
mas questoes importantes: Que mecanismos estao por tras dessa identidade? 0
que coordena as pessoas que estao decidindo quanto poupar e as que estao deci-
clindo quanto investir? A resposta é: o sistema financeiro. 0 mercado de titulos, o
mercado de acoes, os bancos, os fundos miituos e os demais mercados e interme-
diarios financeiros se colocam entre os dois lados da equacao S = I. Eles se apro-
priam da poupanca nacional e a direcionam ao investimento nacional.
0 Significado da Poupanca e do Investimento
As vezes, os termos poupanca e investimento podem causar confus:c-io. A maioria das
pessoas utiliza esses termos de maneira casual e ate intercambiavel. Por outro lado,
os macroeconomistas que elaboram as contas de renda nacionais utilizam esses
termos corn cautela e de maneira distinta.
Vamos dar urn exemplo. Suponha que Larry ganhe mais do que gasta e deposi-
te a renda nao gasta ern urn banco ou a utilize para comprar urn titulo ou alg,umas
acoes de uma empresa. Como a renda de Larry supera seu consumo, ele aumenta
a poupanca nacional. Larry pode pensar que esta "investindo" seu dinheiro, mas
urn macroeconomista diria que Larry esta poupando, e nao investindo.
Na linguagem macroeconomica, investimento refere-se a compra de novo capi-
tal, como equipamentos ou predios. Quando Moe toma urn emprestimo do banco
para construir uma casa nova, ele aumenta o investimento nacional. De forma simi-
lar, quando a Curly Corporation vende acoes e usa o resultado da venda para cons-
truir uma nova fabrica, tambem aumenta o investimento nacional.
Embora a identidade contabil S = I mostre que poupanca e investimento so
ig,uais para a economia, isso nao precisa ser verdade para cada farnulia ou empresa
espe.cifica. A poupanca de Larry pode ser major do que o seu investimento e ele
pode depositar o excedente em urn banco. A poupanca de Moe pode ser menor do
que seu investimento e ele pode tomar urn emprestimo bancario para cobrir a dife-
renca. Os bancos e as demais instituicOes financeiras tornam possiveis essas dife-
rencas individuais entre poupanca e investimento ao permitir que a poupanca de
uma pessoa financie o investimento de outra.
Teste Rapid° Defina poupanca privada, poupanca p6blica, poupanca nacional e investimento. Como eles
estao relacionados?
0 Mercado de Fundos de Emprestimos
Tendo discutido algumas das instituicoes financeiras mais importantes em nossa
economia e o papel macroeconomic° dessas instituicoes, estamos prontos para
construir urn modelo dos mercados financeiros. Noss° objetivo ao construir esse
model° é explicar como os mercados financeiros coordenam a poupanca e o inves-
timento da economia. 0 model° tambern nos da urn instrumento corn o qual
superavit orcamentario
o excesso de arrecadacao tri-
butaria em relacao as despe-
sas do govern()
deficit orcamentario
arrecadacao tributaria menor
que as despesas do govern()
CAPiTULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 571
podemosanalisar diversas politicas govemamentais que influenciam a poupaNa e
o investimento.
Para manter simples as coisas, faremos a suposk'ao de que a economia tenha
apenas um mercado financeiro, denominado mercado de fundos de emprsti-
mos. Todos os poupadores precisam ir a esse mercado para depositar sua poupan-
a e todos os tomadores precisam ir a esse mercado para obter emprestimos.
Assim, o termofundos de emprestimos refere-se a toda renda que as pessoas decidi-
ram poupar e emprestar, em vez de usar para seu pr6prio consumo. No mercado
de fundos de emprestimos, há uma sO taxa de juros, que representa tanto o retor-
no da poupaNa quanto o custo do emprestimo.
claro que a suposição de um sO mercado financeiro não é literalmente verda-
deira. Como vimos, a economia tem muitos tipos de instituiOes financeiras. Mas,
como vimos no Capitulo 2, a arte da constru o de um modelo econOmico esta em
simplificar o mundo para explica-lo. Para os nossos propc-)sitos aqui, podemos igno-
rar a diversidade cle institui -Oes financeiras e supor que a economia tenha um
mercado financeiro.
Oferta e Demanda de Fundos para Emprstimos
0 mercado de fundos de emprestimos, como os demais mercados da economia, e
regido pela oferta e demancia. Para entender como o mercado de fundos de
emprestimos opera, devemos primeiro analisar as fontes de oferta e demanda
desse mercado.
A oferta de fundos para en-iprestimos vem das pessoas que têm alg-uma renda
extra que desejam poupar e emprestar. Esse emprestimo pode ocorrer diretamen-
te, por exemplo, quando uma famflia compra um titulo de uma empresa, ou indi-
retamente, como quando uma farnflia faz um depsito em um banco que, por sua
vez, usa os fundos para conceder emprestimos. Nos dois casos, a poupanp é a fonte
da oferta de fundos para emprestimos.
A demanda por funcios para emprestimos vem das familias e das empresas que
desejam tomar emprestimos para realizar investimentos. Essa demanda inclui hipo-
tecas imobiliarias. Inclui tambem as empresas que tomam emprestimos para a com-
pra de novos equipamentos ou para a constru o de fabricas. Nos dois casos, o
investimento e a fonte da demanda por fundos para emprestimos.
A taxa de juros e o pre90 de um emprestimo. Representa o montante que os
tomadores pagam pelo emprestimo e o montante que os que emprestam recebem
por sua poupaNa. Como uma taxa de juros elevada torna o emprestimo mais caro,
a quantidade demandada de fundos para emprestimos cai à medida que a taxa de
juros aumentaWor outro lado, como uma taxa de juros elevada torna a poupana
mais atrativa, a quantidade ofertada de fundos para emprestimos aumenta quando
a taxa de juros se eleva. Em outras palavras, a curva de demanda por fundos para
emprestimos tem inclina o negativa e a curva de oferta de fundos para empresti-
mos tem incling -ao positiva.
A Fig,ura 1 mostra a taxa de juros que equilibra a oferta e a demanda de fundos
para emprestimos. No equilíbrio, a taxa de juros é de 5% e a quantidade demanda-
da e ofertada de fundos para emprestimos é de $ 1.200 bilhOes.
0 ajuste da taxa de juros para o nfvel de equilibrio ocorre pelas razOes de sem-
pre. Se a taxa de juros fosse menor do que o nivel de equilíbrio, a quantidade ofer-
tada de fundos para emprestimos seria menor do que a quantidade demandada. A
escassez de fundos para emprestimos resultante incentivaria os que fazem empres-
timos a aumentar a taxa de juros cobrada. Uma taxa de juros mais elevada estimu-
laria a poupaNa (aumentando, com isso, a quantidade ofertada de fundos para
mercado de fundos
de emprestimos
o mercado em que aqueles
que querem poupar ofertam
fundos e aqueles que
querem tomar emprtimos
para investir demandam
fundos
572 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
FIGURA 1
0 $1.200 Fundos de Emprestimos
(em bilhoes de &flares)
emprestimos) e desestimularia a tomada de emprestimos para investimento (dimi-
nuindo, assim, a quantidade demandada de fundos para emprestimos). De modo
inverso, se a taxa de juros fosse major do que o nivel de equilibrio, a quantidade
ofertada de fundos para emprestimos seria major do que a quantidade demanda-
da. Como os emprestadores competiriam 'Delos escassos tomadores de empresti-
mos, a taxa de juros cairia. Com isso, a taxa de juros caminha para o nivel de equi-
librio, em que a oferta e a demanda de fundos para emprestimos sao iguais.
—)Lembre-se de que os economistas fazem distincao entre taxa de juros real e taxa
de juros nominal. A taxa de juros nominal é a taxa de juros usualmente informada
– o retorno monetdrio da poupanca e o custo dos emprestimos. A taxa de juros real
é a taxa de juros nominal corrigida pela inflacao; ela é ig-ual a taxa de juros nomi-
nal menos a taxa de inflacao. Como a inflacao corroi o valor do dinheiro ao longo
do tempo, a taxa de juros real reflete, de forma mais acurada, o retorno real da pou-
panca e o custo real dos emprestimos. Portanto, a oferta e a demanda de fundos
para emprestimos dependem da taxa de juros real (em vez da taxa nominal), e o
equilibrio da Figura 1 deveria ser interpretado como a determinacao da taxa de
juros real da economia. No resto do capitulo, ao se deparar corn o termo taxa de
juros, lembre-se de que estamos falando da taxa de juros real.
Esse model° de oferta e demanda de fundos para emprestimos mostra que os
mercados financeiros funcionam como os demais mercados da economia. No merca-
do de leite, por exemplo, o preco do leite se ajusta de maneira tal que a quantidade
ofertada de leite seja igual a quantidade demandada. Dessa forma, a mao invisivel
coordena o comportamento dos produtores e dos consumidores de leite. Uma vez que
compreendamos que a poupanca representa a oferta de fundos para emprestimos e
que o investimento representa a demanda, podemos ver como a mao invisivel coor-
dena a poupanca e o investimento. Quando a taxa de juros se ajusta para equilibrar
oferta e demanda no mercacio de fundos de emprestimos, ela coordena o comporta-
mento das pessoas que querem poupar (os ofertantes de fundos para emprestimos) e
das pessoas que querem investir (os demandantes de fundos para emprestimos).
Podemos agora usar essa analise do mercado de fundos de emprestimos para
examinar diversas politicas governamentais que afetam a poupanca e o investi-
mento da economia. Como este é um model° de oferta e demanda em urn merca-
do especifico, analisamos qualquer politica usando os tres passos discutidos no
CAPh-ULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTENIA FINANCEIRO
Capitulo 4. Primeiro, decidimos se a politica desloca a curva de oferta ou a curva de
demanda. Segundo, deterniinamos a dire o do deslocamento. Terceiro, usamos o
diagrama de oferta e demanda para ver como o equilibrio muda.
Politica 1: Incentivos à Poupanca
As familias norte-americanas poupam uma parte menor de suas rendas do que as
familias em muitos outros paises, como o Jap -Eio e a Alemanha. Embora as razes
para essas difereNas intemacionais nk) sejam claras, muitos formuladores de poli-
ticas p- blicas norte-an-iericanos veem o baixo nivel de poupaNa dos Estados Unidos
como um grande problen-ia. Um dos Dez Principios de EC011017lia do Capitulo 1 é de
que o padr -a- o de vida de um pais depende de sua capacidade de produzir bens e ser-
vi9os. E, como vimos no capitulo anterior, a poupaNa e um determinante in-lportan-
te da produtividade de um pais no longo prazo. Se os Estados Unidos pudessem, de
alguma maneira, aumentar sua taxa de poupaNa para o nivel que prevalece em
outros paises, a taxa de crescimento do PIB aumentaria e, com o tempo, os cidafflos
dos Estados Unidos poderiam desfmtar de um padrk, de vida mais elevado.
Outro dos Dez Princzpios de Economia é de que as pessoas respondem a incen-
tivos. Muitos economistas usaram esse principio para sugerir que a baixa taxa de
poupaNa dos Estados Unidos pode, pelo menos em parte, ser atribuida a leis tri-
butffi-ias que desencorajam a poupaNa. 0 governo federal norte-americano, assim
como muitos govemos estaduais, obtem receita tributando a renda, incluindo
juros e dividendosna renda tributvel. Para ver os efeitos dessa politica, imagine
uma pessoa de 25 anos que poupe $ 1 mil e con-ipre um titulo de 30 anos que paga
uma taxa de juros de 9 c/o. Na ausencia de impostos, os $ 1 mil aun-lentariam para
$ 13.268 quando a pessoa atingisse 55 anos de idade. Entretanto, se o juro fosse
tributado a uma taxa de, digamos, 33°/0, ento a taxa de juros apOs impostos seria
de apenas 6%. Nesse caso, os $ 1 mil aumentariam para apenas $ 5.743 apOs 30
anos. 0 imposto sobre a renda de juros reduz substancialmente o rendimento
futuro da poupaNa corrente e, como resultado, diminui o incentivo à poupana.
Em resposta a esse problema, n-mitos economistas e legisladores propuseram
reformar o cOdigo tributthio para incentivar a pouparia. Em 1995, por exemplo,
quando o deputado Bill Archer, do Texas, assun-liu a presidencia da poderosa
House Ways and Means' Committee (Comiss -. o Parlamentar de Recursos e Meios),
ele propOs substituir o atual imposto sobre a renda por um imposto sobre o con-
sumo. Nos termos de un-1 imposto sobre o consumo, a renda poupada ri
-k) e tribu-
tada ate que seja gasta; essencialmente, um imposto sobre o consumo é como o
imposto sobre vendas que muitos estados atualmente usam para arrecadar recei-
tas. Uma proposta mais modesta é a de expandir o niimero de contas qualificadas
como contas especiais, tal como as Contas Individuais de Aposentadoria, que per-
mitem que as pessoas protejam parte de sua poupaNa da tributa o.Vamos con-
siderar o efeito de um incentivo à poupaNa como este sobre o mercado de fundos
de emprestimos, como ilustra a Figura 2.
Eni primeiro lugar, qual curva seria afetada por essa politica? Como a mudarwa
tributria alteraria o incentivo para que as familias poupem para qualquer taxa de
juros dada, ela afetaria a quantidade ofertada de fundos para emprestimos a cada
taxa de juros. Portanto, a curva de oferta de fundos j_->ara emprestimos se desloca-
ria. A curva de demanda por fundos para emprestimos se manteria inalterada por-
que a mudaNa tributEiria n'a'o afetaria diretamente o montante que os tomadores
de emprestimo desejariam emprestar, a qualquer taxa de juros.
1 (N.R.T.) Ways and recursos e meios do Legislativo para aumentar a receita
573
2.... o que reduz
a taxa de juros
de equilibrio...
Taxa de
Juros
5%
Oferta, 0 1 0, 2
1. Os incentivos
tributkios a poupanca
aumentam a quantidade
de fundos para
emprestimos ofertada...
Demanda
574 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
FIGURA 2
Urn Aumento na Oferta de Fundos para
Emprestimos
Umo mudonca no legislacao tributaria para
incentivar os norte-americanos a poupar MO'S
deslocaria a curva de oferta de fundos
para emprestimos paro a dire/to, de 01 para 02.
Como resultado, a taxa de juros de equilibria
cairia„ e a taxa de juros menor estimularia o
investimento. Aqui, a taxa de juros de equilibria
cal de 5% para 4%, e a quantidade de
equilibria de fundos para emprestimos poupados
e invest/dos aumenta de $ 7.200 bilhoes para
$ 1.600 bilhoes.
$1.200 --II./ $1.600 Fundos de Emprestimos
3.... e aumenta a quantidade de
equilibrio de fundos para emprestimos.
Em seg-undo lugar, em qual direcao a curva de oferta se deslocaria? Como a pou-
panca seria menos tributada em relacao as condicoes da leg,islacao atual, as fami-
lias aumentariam sua poupanca, consumincio uma fracao menor de suas rendas. As
familias usariam essa poupanca adicional para aumentar seus depositos nos ban-
cos ou comprar mais titulos. A oferta de fundos para emprestimos aumentaria e a
curva de oferta se deslocaria para a direita, de Oi para 07, como mostra a Figura 2.
Finalmente, podemos comparar o equilibrio antigo e o novo. Na figura, a major
oferta de fundos para emprestimos reduz a taxa de juros de 5% para 4°/0. A menor
taxa de juros aumenta a quantidade demandada de fundos para emprestimos de
$ 1.200 bilh6es para $ 1.600 bill-16es. Ou seja, o deslocamento na curva de oferta
move o equilibrio de mercado ao longo da curva de demanda. Com o menor custo
dos emprestimos, as familias e empresas ficam motivadas a tomar mais empresti-
mos para financiar maiores investimentos. Portanto, Sc uma mudanca tributdria
incentivasse uma major poupanca, o resultado seria uma menor taxa de juros e um
major investimento.
Embora essa analise dos efeitos de uma major poupanca seja aceita de manei-
ra generalizada entre os economistas, ha menos consenso quanto aos tipos de
mudancas tributarias que deveriam ser feitas. Muitos economistas apaiam uma
mudanca tributaria corn o proposito de aumentar a poupanca, a fim de estimular o
investimento e o crescimento. Mas outros sac) ceticos e duvidam que essas mudan-
cas tributarias possam ter grande efeito sobre a poupanca nacional. Esses ceticos
tambem questionam a equidade das mudancas propostas. Eles argumentam que,
em muitos casos, os benefIcios das mudancas iriam principalmente para os ricos,
que sdo os que menos precisam de urn alivio tributario.
Politica 2: Incentivos ao Investimento
Suponha que o Congr, esso aprove uma mudanca tributaria que tenha por objetivo
tornar o investimento mais atraente. Essencialmente, é isso que o Cong,resso faz
quando cria urn credito tributario para investimento, como acontece de tempos em
tempos. Urn credit() tributario para investimento concede uma vantagem tributaria
(em bilhoes de dolares)
$1.200 $1.400 Fundos de emprestimos
(em bilhões de chilares)
3.... e aumenta a quantidade de
equilibrio de fundos para emprestimos.
0
Taxa de
Juros
6 Vo
2.... o que aumenta
a taxa de juros
de equilibrio...
Oferta
1. Um credito
tributerio para
investimento
aumenta a
demanda por
fundos para
emprestimos...
Demanda, D
CAP(TULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E 515TEIVIA FINANCEIRO 575
FIGURA 3
Um Aumento na Demanda por
Fundos para Emprestimos
Se a aprovac -do de um credito tributhrio
para investimento incentivasse as
empresas a investir mais, a demanda por
fundos para emprestimos aumentaria.
Como resultado, a taxa de juros de
equilibrio aumentaria e a taxa de juros
mais elevada estimularia a poupanca.
Aqui, quando a curva de demanda
desloca-se de D i para D2, a taxa de juros
de equilíbrio aumento de 5% paro 6% e
a quantidade de equillbrio de fundos
para emprestimos poupados e investidos
aumenta de $` 1.200 bilh es para
$ 1.400 bilhes.
a qualquer empresa que construa uma nova fbrica ou compre um novo equipa-
mento.Vamos considerar os efeitos de tal mudaNa tributkia sobre o mercado de
fundos de emprestimos, como ilustra a Fig,ura 3.
Primeiro, a lei afetaria a oferta ou a demanda? Como o credito tributkio recom-
pensaria as empresas que tomam emprestimos e investem em novo capital, isso
alteraria o investimento para qualquer taxa de juros dada e, portanto, mudaria a
demanda por fundos para emprestimos. Por outro lado, como o credito tributkio
ri&) afetaria o montante que as famflias poupam para qualquer taxa de juros dada,
ele n'o alteraria a oferta de fundos para emprestimos.
Seg,undo, em qual dire o a curva de demanda se deslocaria? Como as empre-
sas teriam um incentivo para aumentar o investimento a qualquer taxa de juros, a
quantidade demandada de fundos para emprestimos seria maior para qualquer
taxa de juros dada. Portanto, a curva de demanda por fundos para emprestimos se
moveria para a direita, como mostra o deslocamento de D 1 para D, na fig,ura.
Terceiro, vamos examinar como o equilfbrio mudaria. Na Fig,ura 3, a maior
demanda por fundos para emprestimos eleva a taxa de juros de 5°/0 para 6%, e a
maior taxa de juros, por sua vez, eleva a quantidade ofertada de fundos para em-
prestimos de $ 1.200 bilhes para $ 1.400 bilhb'es, à medida que as famflias respon-
dem aumentando o montante que poupam. Essa mudaNa no comportamento das
famflias é representada, aqui, como um movimento ao longo da curva de oferta.
Portanto, se uma mudawa na legisla0o tributdria incentivasse um maior investimento,
o resultado seria uma taxa de juros mais elevada e maior poupanp.
Politica 3: Nficits e Superavits Orcamentarios do Governo
Um assunto constante do debate politicoe a situgo do oNamento governamen-
tal. Lembre-se de que um deficit orffimentario ocorre quando o govemo gasta mais
do que arrecada em impostos. 0 governo financia seus deficits oramentk-ios
tomando emprestimos no mercado de titulos, e o acmulo de emprestimos do
Taxa de
Juros
Oferta, 0,
2.... o que aumenta
a taxa de juros
de equilibrio... Demanda
1. Urn deficit orcamentario
reduz a oferta de fundos
para emprestimos...
0 $800 -40—\- $1.200 Fundos de Emprestimos
(em bilhoes de &Imes)
3.... e reduz a quantidade de
equilibrio de fundos para emprestimos.
576 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
govern° é chamacio de divida pablica. Urn supercivit orcamentario, quo se da quando
a receita tribut6ria do 01/ern° e maior do que suas despesas, pode ser usado para
pagar parte dessa divida pnblica. Se a despesa do govern° for exatamente igual
sua arrecadacao tributaria, dizemos que o governo esti' corn o orcamento equilibrado.
Imagine que o govern° comece corn urn orcamento equilibrado e entao, por
causa de urn corte de impostos ou urn aumento das despesas, passe a incorrer em
urn deficit orcamentario. Podemos analisar os efeitos do deficit orcamentirio seguin-
do os tres passos no mercado de fundos de emprestimos, como ilustra a Figura 4.
Primeiro, qual curva se desloca quando o govemo comeca a apresentar deficit
orcamentario? Lembre-se de quo a poupanca nacional — a fonte de oferta de fun-
dos para emprestimos — é composta pela poupanca privada e pela poupanca pall-
ca. Uma alteracao no equillbrio orcamentario do governo representa uma alteracao
na poupanca ptiblica e, portant°, na oferta de fundos para emprestimos. Como o
deficit orcamentrio nao influencia o montante que as familias e empresas desejam
tomar emprestado para financiar o investimento a qualquer taxa de juros dada, ele
nao altera a demanda por fundos para emprestimos.
Segundo, em qual direcao a curva de oferta se desloca? Quando o govern°
incorre em deficit orcamentario, a poupanca pnblica é negativa e isso reduz a pou-
panca nacional. Em outras palavras, quando o governo toma emprestimos para
financiar seu deficit orcamentario, reduz a oferta de fundos para emprestimos dis-
ponivel para financiar o investimento das familias e das empresas. Portant°, urn
deficit orcamentario desloca a curva de oferta de fundos para emprestimos para a
esquerda, de 01 para 02, como mostra a Figura 4.
Terceiro, podemos comparar o antigo equilibrio corn o novo. Na figura, quando
o deficit orcamentario reduz a oferta de fundos para emprestimos, a taxa de juros
aumenta de 5°/0 para 6°/0. Essa taxa de juros mais elevada altera o comportamento
das familias e das empresas que participam do mercado de emprestimos. Mais espe-
cificamente, muitos demandantes de fundos para emprestimos sdo desestimulados
pela taxa de juros mais elevada. Menos familias compram casas novas e menos
FIGURA 4
0 Efeito de urn Deficit Orcamentario
Governamental
Quando o govern° gasta mais do que
arrecoda em receita tributeria, o deficit
orcomenterio resultante reduz a poupanca
nacional. A oferto de fundos para emprestimos
diminui e o toxa de juros de equilibria
aumenta. Assim, quando o govemo tomo
emprestimos para financier seu deficit
orcomenterio, desloco as families e empresas
que, em outras condicOes, desejoriam levantar
emprestimos para financier investimentos.
Aqui, quando a oferta desloca-se de 0, para
02, a taxa de juros de equilibria aumento de
50/s para 6% e a quantidade de equilibria de
fundos para emprestimos poupados e
invest/dos cal de $ 1.200 bilhOes pare
$ 800 bilhaes.
CAPIITULO 26 POUPANA, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 577
empresas optam por construir novas fabricas. A queda no investimento resultante
da tomada de emprestin-ios pelo governo é chamada de deslocamento (crowding
out) e é representada, na fig,ura, por um ,movilnento ao longo da curva d,e demanda
de ur_pa_qaritidade de $ 1.200 bi1hes em fundos emprestaveis para $ 800 bi1hes.
Ou seja, quando o -governo toma etnprestimos para tinanciar seu deficit orgimen-
tario, desloca tomadores privados que esfao tentando financiar investimentos.
Portanto, a lic;ao fundamental sobre os deficits oNamentarios decorre direta-
mente de seus efeitos sobre a oferta e a demanda de fundos para emprestimos:
quando o governo reduz a poupanp nacional por meio de 11111 dijicit ommientdrio, a taxa
de juros aumenta e o investimento diiniiiui. Como o investimento é importante para o
crescimento econCimico de longo prazo, os deficits oNamentarios do governo redu-
zem a taxa de crescimento da cconomia.
Os superavits oNamentarios do govemo funcionan-i de maneira exatamente
oposta aos deficits oNamentarios. Quando o governo arrecada mais em in-ipostos
do que gasta, ele poupa a difereNa, reduzindo parte da divida piiblica. Esse supe-
ravit oramentario, ou poupaNa pública, contribui para a poupana nacional.
Assim, um supertivit orcamentdrio aumenta a oferta de fundos para emi.7reStinzos, reduz
a taxa de juros c estimula o investimento. Maior investimento, por sua vez, significa
rnaior acumulaao de capital e crescimento econ6mico mais rapido.
Estudo de Caso
A HlSTRIA DA DK/IDA PBLICA DOS ESTADOS UNIDOS
Qua‘o endividado esta o governo norte-americano? A resposta a essa pergunta
varia substancialmente com o passar do tempo. A Figura 5 mostra a divida do
governo federal norte-americano expressa como uma porcentagem do PIB. Ela
mostra que a divida pUblica flutuou cie zero em 1836 a 107% do PIB em 1945. Em
anos recentes, a divida pUblica tem estado em torno de 35% do PIB.
0 comportamento da razao entre divida e PIB é uma medida do que esta acon-
tecendo com as finaNas do governo. Como o PIB e uma medida aproximada da
base tributaria do govemo, uma reduao na razao divida—PIB indica que o endivi-
damento do govemo esta se contraindo em relg -ao à sua capaciciade de aumentar
a arrecadgao. Isso sugere que o governo esta, de certa forma, vivendo de acordo
com seus meios. Por outro lado, un-la razao divida—PIB crescente sig,nifica que a
divida do govemo esta crescendo em relaao à sua capacidade de arrecadar. Isso e
freqiientemente interpretado como sinal de que a politica fiscal — despesas do
governo e impostos — nao pode ser sustentada indefinidamente nos niveis atuais.
Ao longo da histOria, a principal causa das flutug -6es na divida púhlica é a guer-
ra. Quando ocorren-i guerras, as clespesas do governo com defesa nacional aumen-
tam substancialmente para pagar por soldados e eq-uipamentos militares. Os
impostos tambem costumam aumentar, mas muito menos do que as despesas. 0
resultado é um deficit oNamentario e uma divida púhlica crescente. Quando a
g,uerra termina, as despesas do governo diminuem e a raza- o divida—PIB tambem
comea a declinar.
Ha duas razi5es para acreditar que o financiamento da g,uerra pelo endivida-
mento seja uma politica adequada. Primeiro, ele permite que o govemo mantenha
as aliquotas dos impostos mais estaveis ao longo do tempo. Sem financiamento
pela divida, as aliquotas teriam de aumentar muito durante as g,uerras e isso cau-
saria um substancial declinio na eficiencia econ6mica. Segundo, o financiamento
das g,uerras por meio da divida desloca 13arte dos custos das guerras para gera es
desiocamento
uma diminuick do
investimento que resulta da
tomada de emprestimos pelo
governo
Segunda Guerra
Mundial
Guerra
Revolucionaria
Guerra
Civil
nnn....111611116111
Primeira
Guerra Mundial
578 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
FIGURA 5
A Divida Publica Norte-americana
A divida do govern° norte-americano, expresso aqui como porcentagem do P18, variou substancialmente durante o historic. Ela atingiu seu nivel mais ele-
vado depois dos grandes despesas do Segundo Guerra Mundial, mos declinou duronte os anos 50 e 60. Eta come cou a aumentar novamente no inicio do
decada de 1980, quando os cortes de impostos de Ronald Reagan nao foram acompanhados de cortes semelhantes nas despesas do govemo. Depois,
eta se estabilizou e ate diminuiu um pouco durante o final do decado de 1990.
Porcentagem
do PIB120
100
80
60
40
20
0
1790 1810 1830 1850 1870 1890 1910 1930 1950 1970 1990 2010
Fonte: U.S. Department of Treasury; U.S. Department of Commerce e T. S. Berry, "Production and population since 1789", Bostwick Paper n. 6, Richmond, 1988.
futuras, que terao de pagar a divida piThlica. E possivel defender que isso represen-
te uma divisao justa do Onus porque as geracoes futuras auferem parte dos benefi-
cios quando uma geracao anterior trava uma guerra para defender a nacao de
aaressores estranaeiros.
Urn g,rande aumento da divida publica que nao pode ser explicado pela guerra
é o que se deu a partir de 1980, aproximadamente. Quando o presidente Ronald
Reagan tomou posse, ern 1981, estava comprometido corn uma reducao de impos-
tos e despesas do governo. Mas ele descobriu que reduzir as despesas do govern°
era mais dificil politicamente do que diminuir impostos. 0 resultado foi o inicio de
urn period° de grandes deficits orcamentarios que perdurou no so no govern°
Reagan, mas por diversos anos depois. Como resultado, a divida pOblica aumentou
de 26% do PIB, em 1980, para 50% do PIB, em 1993.
Como vimos anteriormente, os deficits orcamentEirios do govern° reduzem a
poupanca nacional, o investimento e o crescimento econamico de longo prazo,
sendo exatamente este o motivo pelo qual a aumento da divida publica nos anos
80 incomodou tantos economistas. Os legisladores de ambos os partidos aceitaram
esse argumento basic° e viram as deficits orcamentarios persistentes como urn
problema politico importante. Quando Bill Clinton adentrou o Salao Oval em 1993,
CAPITULO 26 POUPA~, INVESTIMENTO E SISTENIA FINANCEIRO 579
reduzir o deficit era seu objetivo principal. De forrna similar, quando os republica-
nos assumiram o controle do Congresso em 1995, a reduc--io do deficit ocupava um
lugar privilegiado em sua agenda legislativa. Ambos os esfoNos reduziram subs-
tancialmente o tamanho do deficit oNamentario do govemo e, conseqUentemen-
te, acabou surg,indo um superavit. Como resultado, no final da decada de 1990, a
razo divida—PIB estava declinando novamente.
A razio divida—PIB estabilizou-se durante os primeiros anos do govemo de
George W. Bush, enquanto o superavit orainentario converteu-se em um peque-
no deficit. Houve tr"es razOes para essa mudari a. Primeiro, em 2001, o presidente
Bush assinou a lei de corte de impostos que havia prometido durante a campanha.
Segundo, a guerra contra o terrorismo que se seguiu aos ataques de 11 de setem-
bro levou a um aumento dos gastos do governo. Terceiro, em 2001 a economia pas-
sou por uma recessc7o (uma reduo da atividade econOmica), uma situa -ao que
reduz automaticamente a arrecadg -ao tributaria e aumenta as despesas do gover-
no. Ainda assim, em 2002, o Congressional Budget Office projetava que, sob as leis
em vigor na epoca, a razo divida-PIB declinaria durante a decada seguinte e atin-
OEiria 15% em 2012. •
Teste hpido Se mais norte-americanos adotassem a filosofia de "viver para o dia de hoje", como isso
afetaria a poupanca, o investimento e a taxa de juros?
CO NCLUSA' 0
"NW empreste a ning,uem nem pea emprestado", aconselha PolOnio a seu filho
em Hamlet, de Shakespeare. Se todos seguissem esse conselho, este capitulo teria
sido desnecessario.
Poucos economistas concordariam com PolOnio. Em nossa economia, as pessoas
concedem e tomam emprestimos com freqii"encia e geralmente o fazem por bons
motivos. Alg,um dia vo& podera tomar um emprestimo para iniciar seu prprio
neg6cio ou comprar uma casa. E as pessoas podem Ihe conceder um emprestimo
na esperaNa de que os juros que voc"e ira pagar as ajudem a desfrutar uma apo-
sentadoria mais pr(5spera. 0 sistema financeiro tem a fun o de coordenar essas
atividades de concesso e tomada de emprestimos.
De muitas maneiras, os mercados financeiros s'ao como todos os demais merca-
dos da economia. 0 preo dos fundos para emprestimos — a taxa de juros — é gover-
nado pelas forc, as de oferta e demanda, como os outros preos da economia. E
podemos analisar deslocamentos da oferta e da demanda nos mercados financeiros
da mesma maneira como analisamos os de outros mercados. Um dos Dez Principios
de Econonna introduzidos no Capitulo 1 e de que os mercados costumam ser uma
boa maneira de organizar a atividade econOmica. Esse principio se aplica tambem
aos mercados financeiros. Quando os mercados financeiros equilibram a oferta e a
demanda de fundos para emprestimos, ajudam a alocar os recursos escassos da
economia da forma mais eficiente.
De certo modo, contudo, os mercados financeiros são especiais. Os mercados
financeiros, ao contrario da maioria dos outros mercados, desempenham a impor-
tante fun o de ligar o presente e o futuro. Os que ofertam fundos para empresti-
mos — os poupadores — o fazem porque querem converter parte de sua renda cor-
rente em poder aquisitivo futuro. Os que demandam fundos para emprestimos — os
tomadores de emprestimos — o fazem porque querem investir hoje para ter capital
adicional no futuro para produzir bens e servi os. Portanto, o bom funcionamento
dos mercados financeiros é importante não só para as gergOes atuais, mas tambem
para as futuras, que herdario muitos dos beneficios resultantes.
580 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO ION GO PRAZO
RESUMO
• 0 sistema financeiro norte-americano é compost°
de muitos tipos de instituicoes financeiras, como o
mercado de titulos, o mercado de acoes, os bancos
e os fundos mutuos. Todas essas instituicoes agem
para direcionar os recursos das familias que querem
poupar parte de sua renda para as rnaos das fami-
lias e empresas que querem tomar emprestimos.
• As identidades contabeis da renda nacional reve-
lam alg-umas relacoes importantes entre as varia-
veis macroeconOmicas. Mais especificamente, em
uma economia fechada, a poupanga nacional deve
ser ig-ual ao investimento. As instituicoes financei-
ras sao o mecanismo por meio do qual a economia
une a poupanca de uma pessoa corn o investimen-
to de outra.
• A taxa de juros é determinada pela oferta e deman-
da de fundos para emprestimos. A oferta de fundos
para emprestimos vem das familias que querem
poupar parte de sua renda e empresti-la. A deman-
da por fundos para ernprestimos vem das farnilias e
empresas que querem tomar emprestimos para
investir. Para analisar como qualquer politica ou
event° afeta a taxa de juros, é preciso analisar a
maneira como afeta a oferta e a demanda de fundos
para emprestimos.
• A poupanca nacional é igual a poupanca privada
mais a poupanca piablica. Urn deficit orcamentario
do governo representa poupanca plablica negativa
e, portant°, reduz a poupanca nacional e a oferta
de fundos para emprestimos disponivel para finan-
ciar o investimento. Quando urn deficit orcamenta-
rio governamental desloca o investimento, reduz o
crescimento da produtividade e do FIB.
CONCEITOS-CHAVE
sistema financeiro, p. 562
mercados financeiros, P. 562
titulo, p. 563
ago-es, p. 563
intermediarios financeiros, p. 564
fundo miituo, p. 566
poupanca nacional (poupanca),
p. 569
poupanca privada, p. 569
poupanca pib1ica, p. 569
superavit orcamentario, p. 570
deficit orcamentario, p. 570
mercado de fundos de empresti-
mos, p. 571
deslocamento, p. 577
QUESTOES PARA REVISAO
1. Q-ual é a funcao do sistema financeiro? Cite e des-
creva dois mercados que sao parte do sistema
financeiro em nossa economia. Cite e descreva
dois intermediarios financeiros.
2. Por que é importante que as pessoas tenham acoes
e titulos para diversificar seus ativos? Que tipo de
instituicao financeira facilita a diversificacao?
3. 0 que é poupanca nacional? 0 que é poupanca
privada? 0 q-ue é poupanca ptiblica? Como essas
tres variaveis se relacionam?
4. 0 que é investimento? Como ele se relaciona corn
a poupanca nacional?
5. Descreva uma alteracao do cOdigo tributirio capaz
de aumentar a poupanca privada. Se essa medida
fosse implementada, como ela poderia afetar o
mercado de fundos emprestaveis?
6. 0 que 6 urn deficit orcamentario do governo? Co-
mo ele afeta as taxas de juros, o investimento e o
crescimentoeconomico?
CAP1TULO 26 POUPANQ:1, INVESTIMENTO E SISTEMA FINANCEIRO 581
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Para cada um dos pares a seguir, qual titulo deve
pagar taxas de juros mais altas? Explique.
a. um titulo do governo norte-americano ou um
titulo de um pais do Leste Europeu
b. um titulo que reen-ibolsa o principal em 2005 ou
um titulo que reembolsa o principal em 2025
c. um titulo da Coca-Cola ou um titulo de uma
empresa de software que funciona em sua gara-
0-em
d. um titulo emitido pelo governo federal ou um
titulo emitido pelo Estado de NovaYork
7. Procure em um jomal ou na Intemet os dados
sobre as a95es de duas empresas a respeito das
quais voce conhea alguma coisa (talvez como
cliente). Qual é o indice pre9o/lucro de cada com-
panhia? Na sua opiiiião, por que os inclices P/L
das duas s - o diferentes? Se fosse comprar uma
das cluas gC)es, qual voce escolheria? Por que?
3. Theodore Roosevelt disse certa vez que
diferena moral entre jogar cartas, na loteria ou
nos cavalos e especular no mercado de a95es". Na
sua opinião, qual objetivo social e atendido pela
existencia do mercado de g^c3es?
4. As quedas nos prcNos das a95es s'cio muitas vezes
vistas conio prenUncios de futuros declinios do
PIB real. Na sua opinião, por que isso pode ser
verdade?
5. Quando o governo russo tornou-se inadimplente
em sua divida com estrangeiros, em 1998, as taxas
de juros dos titulos emitidos por muitos outros
paises em desenvolvimento aumentaram. Na sua
por que isso aconteceu?
6. Muitos trabalhadores têni g,randes quantidades de
a. -(5es emitidas pelas empresas em que trabalham.
Na sua opiiiião, por que as empresas encorajam
esse comportamento? Por q-ue uma pessoa poderia
/7&) querer ter g"(5es da empresa em que trabalha?
7. Explique a difereNa entre poupaNa e investimen-
to tal como definida por um macroeconomista.
Quais das situg6- es a seguir representam investi-
mento? E poupaNa? Explique.
a. Sua familia faz uma hipoteca e compra uma
casa nova.
b.Voce usa $ 200 de seu salário para comprar a-
"6"es da AT&T.
c. Seu colega ganha $ 100 e os deposita no banco,
em sua pr .6pria conta.
d.Voce toma $ 1 mil emprestados do banco para
comprar urn carro que utilizará em seu nefficio
de entrega de pizzas em domicflio.
8. Suponha que o PIB seja cle $ 8 trilh5es, os impos-
tos sejam de $ 1,5 trilhk), a poupana privada seja
de $ 0,5 trilho e a pouparwa pública seja de $ 0,2
Admitindo a hiptese de que se trata de
uma economia fechada, calcule o consumo, as
compras do governo, a poupana nacional e o
investimento.
9. Suponha que a Intel esteja pensando em construir
uma nova ffibrica de chips.
a Supondo que a Intel precise ton-iar dinheiro
emprestado no mercado de titulos, por que um
aumento na taxa de juros afetaria a decis,e,io da
empresa de construir ou iião a fEibrica?
b. Se a Intel tiver recursos pr(Trios em quantidade
suficiente para construir a nova Ulbrica sem
fazer emprestimos, um aumento na taxa de
juros ainda afetaria sua decisk) de construir ou
Iião a filbrica? Explique.
10. Suponha que no ano que vem o govemo ton-ie $ 20
bilhes a niais em emprestimos do que neste ano.
a. Use um diagrama de oferta e demanda para
analisar essa politica. A taxa de juros aumenta
ou
b. 0 que acontece com o investimento? E com a
poupaNa privada? E com a poupaNa E
com a pouparia nacional? Compare a dimensk)
das altera(Aes com os $ 20 bilhes de empresti-
mos adicionais do govemo.
c. Como a elasticidade da oferta de fundos para
emprestimos afeta a dimens -th) dessas altera-
-(5es?
d. Como a elasticidade da demanda por fundos
para en-iprestimos afeta a dimeriso dessas alte-
rg.b'es?
e. Suponha que as familias acreditem que o
aumento dos emprestimos do govemo hoje
iniplique maiores impostos para pagar a divida
pública no futuro. 0 que essa creNa traz para a
poupaNa privada e para a oferta de fundos para
emprestimos de hoje? Ela aumenta ou diminui
os efeitos que voce discutiu nas partes (a) e (b)?
582 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
11. Nos ultimos dez anos, novas tecnologias de corn-
putadores permitiram quo as empresas reduzissem
substancialmente a quantidade de estoque manti-
da para cada Mar de vendas. Ilustre o efeito dessa
mudanca no mercado de fundos de emprestimos.
(Dica: a despesa em estoque é urn tipo de investi-
mento.) Na sua opiniao, qual terd sido o efeito
dessa mudanca sobre o investimento em fabricas e
equipamentos?
12. "Alguns economistas se preocupam corn o fato de
quo a populacao mais idosa dos poises industriali-
zados comece a reduzir sua poupanca justamente
quando o apetite dos paises por investimento esti-
ver crescendo" (Economist, 6 maio 1995). 'lustre o
efeito desses fenomenos no mercado mundial de
fundos de emprestimos.
13. Este capitulo explica que o investimento pode
aumentar tanto por meio da reducao dos impostos
sobre a poupanca privada quanto por meio da
reducao do deficit orcamentario do govemo.
a. Por que é difIcil implementar as duas politicas
,ao mesmo tempo?
b. 0 que voce precisaria saber sobre a poupanca
privada para avaliar qual das duas politicas seria
urn meio mais eficaz para aumentar o investi-
mento?
AS FERRAMENTAS BibiCAS
DAS FINANCAS
Em algum momento de sua vida, voce terá de lidar com o sistema financeiro da
economia. Irá depositar sua pouparu;a em uma conta bancffiia ou fazer uma hipo-
teca para con-iprar uma casa. Ap6s conseguir um emprego, voce irá decidir se deve
investir sua conta de aposentadoria en-1 gc5es, titulos ou outros instnimentos finan-
ceiros. Voce pode tentar montar sua prpria carteira de a95es e ent -a. o terá de deci-
c-lir entre apostar em en-ipresas jEi bem-estabelecidas, como a General Electric, ou
outras mais novas, como a Cisco Systems. E sempre que assistir ao notici rio
notumo, voce ouvira noticias sobre a ascens'ao ou a queda do mercado de ac;5-es,
junto com as tentativas — freqentemente debeis — de explicar o comportamento do
mercado.
Se refletir por um momento sobre as muitas decises financeiras que terl de
tomar durante sua vida, voce vera' dois elementos relacionados em quase todas elas
— tempo e risco. Como vimos no capitulo anterior, o sistema financeiro coordena a
poupaNa e o investimento da economia. Portanto, diz respeito às decises que
tomamos hoje e que afetar -a'o nossas vidas no futuro. Mas o futuro é desconhecido.
Quando algt, decide poupar, ou quando uma empresa decide investir, a deciso
se baseia em un-ia previs^a- o sobre um provvel resultado futuro — mas o resultado
efetivo pode acabar se revelando bem diferente do previsto.
584 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
finahcas
o campo que estuda coma
as pessoas tomam decisbes
sabre a alocacao de recursos
ao longo do tempo e
coma lidam corn o risco
Este capitulo apresenta algumas ferramentas que nos ajudam a entender as
decisoes que as pessoas tomam quando participam do mercado financeiro. 0
camp° das financas desenvolve essas4erramentas em mais detalhes e voce pode-
ra optar por fazer cursos que se concentrem nesse assunto. Mas, por causa da gran-
de importancia do sistema financeiro para o funcionamento da economia, muitos
dos principios basicos das financas sao cruciais para compreender como a econo-
mia funciona. As ferramentas financeiras tambem podem ajudar a pensar em algu-
mas das decisoes que voce tera de tomar durante a vida.
Este capitulo aborda tres topicos. Primeiro, discutiremos como comparar somas
de dinheiro em diferentes pontos no tempo. Segundo, discutiremos como geren-
ciar o risco. Terceiro, construiremos nossa andlise do tempo e do risco para exami-
nar o que determina o valor de urn ativo, como uma acao, por exemplo.
VALOR PRESENTE: MEDINDO 0 VALOR DO DINHEIRO
NO TEMPO
Imagine que alg,uem se ofereca para lhe dar $ 100 hoje ou $ 100 daqui a dez anos.
Qual das duas alternativas voce escolheria? Esta é uma perg,unta facil. Ter $ 100
hoje é melhor porque voce pode depositar o dinheiro em um banco, te-lo ainda
daqui a dez anos e, enquanto isso, recebe juros sobre os $ 100. A lig-do: uma quan-
tidade de dinheiro qualquer é mais valiosahoje do que a mesma quantidade de
dinheiro no futuro.
Considere agora uma pergunta mais dificil: Imagine que alpem se ofereca para
lhe dar $ 100 hoje ou $ 200 daqui a dez anos. Qual das alternativas voce escolhe-
ria? Para responder a essa pergunta, voce precisa comparar, de alguma maneira,
somas de dinheiro em diferentes pontos no tempo. Os economistas fazem isso por
meio de urn conceit° denominado valor presente. 0 valor presente de qualquer
soma de dinheiro futura é a quantidade que seria necessaria hoje, as atuais taxas de
juros, para produzir aquela soma futura.
Para aprencler como usar o conceit° de valor presente, vamos analisar dois
exemplos simples:
Pergunta: Se lax& depositar $ 100 hoje em uma conta bancaria, quanto isso vale-
ra em N anos? Ou seja, qual send o valor futuro desses $ 100?
Resposta: Vamos usar r para representar a taxa de juros sob forma decimal (ou
seja, uma taxa de juros de 5% sig,nifica que r = 0,05). Suponha que os juros sejam
pagos anualmente e que os juros pagos fiquem na conta bancaria e rendam mais
juros — urn processo chamado de composicao. Assim sendo, os $ 100 se tornardo
(1 + r) x $ 100 apos urn ano,
(1+r)x(1+r)x$100 apos dois anos,
(1 + r) x (1 + r) x (1 + /-) x $ 100 apos tres anos...
(1 + r)N x $ 100 apos N anos.
Por exemplo, se estivermos investindo a uma taxa de juros de 5% por dez anos,
o valor futuro dos $ 100 sera de (1,05)10 x $ 100, ou $ 163.
Pergunta: Suponha agora que voce vd receber $ 200 daqui a N anos. Qual o valor
presente desse pagamento futuro? Ou seja, quanto voce teria de depositar em urn
banco hoje para ter $ 200 em N anos?
valor presente
o montante de dinheiro que
sena necessario hoje para
produzir, usando a taxa de
juros atual, certo montante
de dinheiro futuro
valor futuro
o montante de dinheiro no
futuro que um montante de
dinheiro hoje ira render, dada
a atual taxa de juros
composicao
a acumulacao de uma soma
de dinheiro em uma conta
bancaria, em que as juros
recebidos permanecem no
conta para ganhar juros
adicionais no futuro
CAPh-ULO 27 AS FERRAMENTAS BASICAS DAS FINANCAS 585
Resposta: Para responder a essa pergunta, basta virar a resposta anterior ao con-
trario. Na primeira perg-unta, calculamos um valor futuro com base no valor pre-
sente multiplicando pelo fator (1 + r)N. Para calcular um valor presente a partir de
um valor futuro, dividimos pelo fator (1 + r) N. Portanto, o valor presente de $ 200
em N anos é de $ 200/(1 + r) N . Se esse valor fosse depositado em um banco hoje,
ap6s N anos se tornaria (1 + r) ly x [$ 200/(1 + r) 1`11, ou $ 200. Por exemplo, se a taxa
de juros for de 5%, o valor presente de $ 200 em dez anos sera de $ 200/(1,05)10,
ou $ 123.
Isso ilustra a f6rmula geral: sendo r a taxa de juros, 14171 montante X a ser recebido em
N anos tem valor presente de X/(1 + ON.
Vamos agora voltar à pergunta inicial: voce deveria optar por $ 100 hoje ou
$ 200 daqui a dez anos? Podemos deduzir, com base em nossos calculos do valor
presente, que, se a taxa de juros for de 5%, você devera escolher $ 200 daqui a dez
anos. Os $ 200 futuros tem valor presente de $ 123, que é maior do que $ 100.Voce
se saira melhor se esperar pela sorna futura.
Observe que a resposta à nossa perg,unta depende da taxa de juros. Se a taxa de
juros fosse de 8%, entao os $ 200 em dez anos teriam valor presente de $ 200/(1,08)10,
que é apenas $ 93. Nesse caso, voce deveria aceitar os $ 100 hoje. Por que a taxa de
juros deve afetar a sua decisa- o? A resposta e que, quanto maior a taxa de juros,
-
SAIBA MAIS SOBRE...
A MfiGICA DA COMPOS100
E A REGRA DE 70
C:
,:4Jponha que você observe que um pais tem taxa de crescimen-
to mlia de 1% ao ano, enquanto outro crescea 3% ao ano em
A primeira vista, isso pode não parecer Li rt problema muito
grande. Que diferenca 2% podem fazer?
A resposta uma grande diferenca. Até taxas de crescimento
que parecem pequenas, quando escritas em termos percentuais,
parecem grandes depois de se comporem por muitos anos.
Vamos considerar um exemplo. Suponha que dois gradua-
dos — Jerry e Elaine — consigam seu primeiro emprego aos 22 anos
de idade, ganhando $ 30 mil por ano. Jerry vive numa economia
em que todas as rendas crescem 1% ao ano, ao passo que Elaine
vive em uma economia em que as rendas crescem à taxa de 30/0
ao ano. Bastam alguns dlculos simples para mostrar o que acon-
tece. Quarenta anos depois, quando ambos tiverem 62 anos, Jerry
estará ganhando $ 45 mil por ano, enquanto Elaine estara ganhan-
do $ 98 mil. Por causa dessa diferenca de dois pontos percentuais
na taxa de crescimento, o salário de Elaine será mais do que o
dobro do de Jerry.
Uma velha regra de bolso, chamada de regra de 70, ajuda a
entender as taxas de crescimento e os efeitos da composick.
Segundo a regra de 70, se uma var6el cresce a uma taxa de x%
ao ano, entk a varivel dobrará a cada 70/x anos, aproximada-
mente. Na economia de Jerry, as rendas crescem 1% ao ano, de
modo que levarA cerca de 70 anos para que dobrem. Na econo-
mia de Elaine, as rendas crescem 3% ao ano, de modo que leva-
rA aproximadamente 70/3, ou 23, anos para que as rendas
dobrem.
A regra de 70 se aplica não sc5 ao crescimento de uma econo-
mia, mas tamb&ri ao de uma caderneta de poupanca. Eis um
exemplo: em 1791, Ben Franklin morreu e deixou $ 5 mil para
serem investidos durante 200 anos em beneficio de estudantes de
medicina e da pesquisa cientifica. Se esse dinheiro rendesse 7%
ao ano (o que teria sido possivel), o investimento dobraria de valor
a cada dez anos. Apc5s 200 anos, teria dobrado 20 vezes. Ao fim
dos 200 anos de composick, o investimento valeria 220 x $ 5 mil,
o que é cerca de $ 5 bilWdes (na realidade, os $ 5 mil de Franklin
só chegaram a $ 2 milhb- es em 200 anos porque parte do dinhei-
ro foi gasta nesse meio-tempo).
586 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
avessa ao risco
que exibe uma antipatia
incerteza
mais voce pode ganhar depositando seu dinheiro no banco e mais atraente se
toma ter $ 100 hoje.
Como mostram esses exemplos, as taxas de crescimento e as taxas de juros, se
compostas por muitos anos, podem levar a resultados espetaculares. E provavel-
mente por isso que Albert Einstein uma vez se referiu composicao como "a major
descoberta matematica de todos os tempos".
0 conceit° de valor presente é iti1 em muitos casos, inclusive em decisoes corn
que as empresas se deparam ao avaliar projetos de investirnento. Por exemplo,
imagine que a General Motors esteja pensando em construir uma nova fabrica.
Suponha que a fabrica custard $ 100 milhoes hoje e rendera a empresa $ 200
milh5es em dez anos. A General Motors deve realizar o projeto? f,' facil perceber
que a decisao é identica a que acabamos de estudar. Para tomar sua decisao, a
empresa comparara o valor presente do rendirnento de $ 200 milh6es corn o custo
de $ 100 milh6es.
A decisao da empresa, portant°, dependera da taxa de juros. Se a taxa de juros
for de 5%, o valor presente do rendimento de $ 200 milhoes da fabrica sera de $ 123
milhoes, e a empresa optara por arcar corn o custo de $ 100 milhoes. No entanto, se
a taxa de juros for de 8%, o valor presente do rendimento sera de al-)enas $ 93
milhoes, e a empresa optara por deixar o projeto de lado. Assim, o conceit° de valor
presente ajuda a explicar por que o investimento — e, portant°, a quantidade deman-
dada de fundos para emprestimos — diminui quando a taxa de juros aumenta.
Eis outra apnea(*) do valor presente: suponha que voce ganhe uma loteria de
urn milhao de dolares e possa optar entre receber $ 20 mil por ano durante 50 anos
(num total de $ 1 milhao) ou receber urn pagamento imediato de $ 400 mil. Qual
opcao voce escolheria? Para tomar a decisao apropriada, voce precisa calcular o
valor presente do fluxo de pagamentos. Apos realizar 50 calculos semelhantes ao
feito anteriormente (urn para cada pagamento) e somar os resultados, voce veria
que o valor presente do premio de urn milhao de Mares a uma taxa de juros de 7%
é de apenas $ 276 mil.Voce ficard em uma situaeao melhor se aceitar opagamento
imediato de $ 400 mil. Um milhao de Mares pode parecer mais dinheiro, mas os
fluxos de caixa futuros, uma vez descontados para o presente, valem hem menos.
Teste Rapid° A taxa de juros e de 7%. Qual o valor presente de $ 150 a ser recebido daqui a
dez anos? LTA-
,
ANANISTRANDO C RISCO
A vida é cheia de riscos. Quando voce esquia, corre o risco de quebrar a pema em
uma queda. Quando vai de carro para o trabalho, corre o risco de se envolver em
urn acidente. Quando p5e parte de sua poupanca no mercado de acoes, corre o
risco de uma queda nos precos. A resposta racional a esse risco nao é, necessaria-
mente, evita-lo a qualquer custo, mas leva-lo em consideracao em sua tomada de
decisao. Vamos ver como isso pode ser feito.
Aversao ao Risco
A maioria das pessoas é avessa ao risco. Isso nao significa apenas quo as pessoas
nao gostam que coisas ruins acontecam consigo mesmas. Significa que a elas clesa-
g,radam coisas ruins mais do que agradam coisas boas comparaveis.
Por exemplo, suponha que urn amigo The ofereca a seguinte oportunidade. Ele
ir ino-nr mnech,l. Se der cnrn. ele lhe nAcr2r,,1 5 1 mil. Mac. cc der cnrn2.
Utilidade
Ganho de utilidade
decorrente de
ganhar $ 1 mil
Perda de utilidade
decorrente da
perda de $ 1 mil
CAPITULO 27 AS FERRAMENTAS BASICAS DAS FINANCAS 587
l'd"-beA ij2)-14%CtAd4) (1)%eLtfl-laie
A Funck) Utilidade
ESSG funcao utilidade mostra como a utilidade, uma medida subjetiva de satisfocao, depende do riqueza. A
medida que a riqueza aumenta, a funcao utilidade setoma menos inclinada, refletindo a propriedade do
de marginal decrescente. Por couso da utilidade marginal decrescente, uma perdo de $ 1 mil reduz o utilidade
em maior medida do que urn gonho de $ 1mil a aumenta.
FIGURA 1
0 L JRiqueza
Riqueka
Perda de atual Ganho de
'$ 1 mil $ 1 mil
terá de pagar $ 1 mil a ele.Voce aceitaria a proposta? Não, se fosse avesso ao risco.
Para alguth-n avesso ao risco, a dor de perder $ 1 mil superaria o prazer de ganhar
$ 1 mil.
Os economistas desenvolveram modelos de avers - o ao risco usando o conceito
de titilidade, que é a medida subjetiva do bem-estar ou satisfa o de uma pessoa.
Cada nivel de riqueza proporciona detern-iinada quantidade de utilidade, como
mostra a furi o utiliclade representada na Figura 1. Mas a fun o exibe a proprie-
dade da utilidade marginal decrescente: Quanto mais riqueza tem uma pessoa,
menos utilidade ela obtrri de um dc5lar adicional. Assim, na figura, a inclinação da
fun o utilidade diminui à medida que a riqueza aumenta. Por causa da utilidade
marginal decrescente, a utilidade perdida por causa da perda da aposta de $ 1 mil
maior do que a utilidade ganha se a aposta for vencida. Como resultado, as pes-
soas são avessas ao risco.
A aversio ao risco representa o ponto de partida para a explica(;:o de diversas
coisas que observamos na economia.Vamos considerar tres delas: seguros, diversi-
fica o e tradeoff risco—retorno.
Os Mercados de Seguros #
Uma maneira de lidar com o risco é contratar um seguro. A caracteristica geral dos
contratos de seguro é que a pessoa que enfrenta o risco paga uma taxa a uma com-
panhia seguradora que, por sua vez, concorda em aceitar total ou parcialmente o
risco. 1-1E1 muitos tipos de seguro. 0 seguro para carros cobre o risco de envolvimen-
to em um acidente de trffi-isito, o seg-L, iro contra incendio cobre o risco de que sua
casa peg-ue fogo, o seg-uro-satide cobre o risco de que voce precise de tratamento
588 PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO ION GO PRAZO
medico dispendioso e o seguro de vida cobre o risco de que voce morra e deixe sua
familia privada de sua renda. Ha ainda o seguro contra o risco de viver demais: em
troca de uma taxa paga hoje, as seguradoras the pagardo uma anuidade — uma renda
regular por todos os anos ate a sua morte.
Em certo sentido, cada contrato de seg,uro é uma aposta. E possivel que voce
nao se envolva em urn acidente de tr'ansito, que sua casa no pegue fogo e que
voce nunca precise de tratamentos medicos caros. Na maioria dos anos, voce paga-
ra o premio a seg,uradora e nao tera nada em troca, a nao ser paz de espirito. De
fato, a seguradora conta corn o fato de que a maioria das pessoas nao reivindique
suas apolices; do contrario, ela ndo poderia atender as reivindicacoes dos poucos
desafortunados e continuar em operaca-o.
Do ponto de vista da economia, o papel do seg,uro nao é eliminar os riscos ine-
rentes ii vida, mas distribui-los corn maior eficiencia. Vamos considerar, por exem-
plo, o seg,uro contra incendio. Ter um seguro contra incendio nao reduz o risco de
voce perder sua casa em urn incendio. Mas, se esse infeliz sinistro ocorrer, a empre-
sa seg-uradora ira lhe pagar uma indenizacao. 0 risco, em vez de ser suportado so
por voce, é clividido entre os milhares de acionistas da seguradora. Como as pes-
soas sao avessas ao risco, é mais facil para 10 mil pessoas arcarem corn 1/10 mil do
risco do que para uma pessoa arcar corn talc) o risco por si so.
0 mercado de seguros sofre de dois tipos de problemas que reduzem sua capa-
cidade de distribuicao do risco. Urn deles 6 a selecao adversa: Uma pessoa de alto
risco tem major probabilidade de contratar urn seg-uro do que uma pessoa
baixo risco. 0 segundo problema é o risco moral: depois que as pessoas contratam
urn seguro, estao sujeitas a menor incentivo para serem cuidadosas corn seu corn-
portamento de risco. As seguradoras esta-o cientes desses problemas, e o preco do
seguro reflete os riscos reais que a empresa enfrentara apas a contratac5o da ap6-
lice. 0 alto preco dos seguros é o motivo pelo qual algumas pessoas, especialmen-
te as que sabem que sao de baixo risco, optam por nao contratar seg,uro e, em vez
disso, suportar por Si Sas algumas das incertezas da vida.
Risco
agregado
CAP1TULO 27 AS FERRAMENTAS BAS1CAS DAS F1NANCAS
FIGURA 2
A Diversificach Reduz o Risco
Esta figura mostra como o risco de uma carteira, medido aqui com a estatistica denominada desvio podro,
depende do nmero de ac(ies em carteira. Presume-se que o investidor coloque um percentual igual de sua
corteira em cada uma das ac .c5es. Aumentar o n mero de aOes reduz, mas n -aa elimina, o montante do risco
de uma carteira de oces
589
Risco (desvio padrão
do retorno da carteira)
(Mais risco)
49
20
(Menos risco)
0 1 4 6 8 10 20 30 40 Nmero de
A95es em
Carteira
Fonte: Adaptado de Meir Statman. How many stocks make a diversified portfolio? Joumal of Financial and
Quantitative Analysis, n. 22, set. 1987, p. 353-364. Reimpresso com permissk da School of Business
Administration/University of Washington.
ay5es de uma empresa está apostando na lucratividade futura da en-ipresa. Essa
aposta muitas vezes e de alto risco porque e difícil prever o destino das empresas.
A Microsoft evoluiu, comeando com alg,uns jovens peritos em computa o, e che-
gou a ser uma das mais valiosas empresas do mundo em poucos anos; a Enron pas-
sou de uma das empresas mais respeitadas do mundo para uma companhia quase
sem valor em apenas alguns meses. Felizmente, os acionistas não i_->recisam atrelar
sua prOpria sorte à de uma empresa qualquer. 0 risco pode ser reduzido fazendo
um grande nUmero de apostas menores em vez de um pequeno nUmero de gr, an-
des apostas.
A Fig:ura 2 mostra como o risco de uma carteira de ay5- es depende do mimero
de ay5es que há em carteira. 0 risco e medido aqui com a estatistica denominada
desvio padr -do, que vo& talvez tenha aprendido em alguma aula de matemkica ou
estatistica. 0 clesvio 1.->adr -a- o mede a volatilidade de uma varivel — ou seja, o quan-
to e provvel que a varffiTel flutue. Quanto maior o desvio padro do retorno de
uma carteira, maior o risco representado por ela.
A fig-ura mostra que o risco de uma carteira de ay5- es cai substancialmente com
o aumento do nUmero de ay-Ses. Para uma carteira com uma só g -k), o desvio
padr:o é de 49%. Passar de uma para dez a - es elimina cerca de metade do risco.
Passar de dez para 20 ações reduz o risco em mais 13°/0. À medida que o nUmero
de g"Oes continua a aumentar, o

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