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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA ALINE DA SILVA ANTERIO DANIELLE MELO DA SILVA DÉBORA ARRUDA CERQUEIRA FRANCIANE LIMA VIEIRA LAÍS SANTOS FONSECA SAMARA FERRAZ DOS SANTOS SAMARA OLIVEIRA FERNANDES YARA DE OLIVEIRA SCAMPARLE ORIENTADORA: PROF. FGA MARGARETH ATTIANEZI BRACET PROJETO DE EXTENSÃO COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS E USUÁRIOS SURDOS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E PRONTO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. VITÓRIA 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA PROJETO DE EXTENSÃO COMUNICAÇÃO ENTRE PROFISSIONAIS E USUÁRIOS SURDOS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E PRONTO ATENDIMENTO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. VITÓRIA 2022 1 SUMÁRIO 1.0 INTRODUÇÃO …………………………………………………………………………………. 3 1.1 PÚBLICO ALVO …………………………………………………………………………………4 1.2 OBJETIVO ……………………………………………………………………………………… 5 2.0 METODOLOGIA …………………………………………………………………………………5 3.0 CONCLUSÃO ……………………………………………………………………………………6 REFERÊNCIAS ………………………………………………………………………………………7 2 1.0 INTRODUÇÃO Ao comentar sobre saúde e equidade, que são um dos pilares do SUS, pode-se ter duas realidades: a primeira relacionada aos indivíduos menos favorecidos que apresentam chances diminuídas de sobrevida, e a segunda que engloba as distintas experiências de adoecimento entre os sujeitos. Segundo o UNA-SUS (Rocha, 2015), a definição de equidade é revelada no atendimento aos sujeitos conforme suas demandas, ou seja, disponibiliza mais a quem necessita e menos a quem requer poucos cuidados. Com isso, refletindo acerca das individualidades de cada usuário, a presença da inequidade faz referência a um ponto distinto: a desnecessária, evitável e injusta (Albrecht, Rosa e Bordin, 2017 apud Whitehead, 1992). Quando nos referimos à comunidade surda, a inequidade pode ser classificada como evitável (porque poderia facilmente ser solucionada) e injusta pois, de acordo com a Lei Federal nº 10.436/2002, que reconhece LIBRAS como língua, todos os estabelecimentos de saúde devem atender tal população de forma similar aos demais pacientes ouvintes. A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - é caracterizada como a língua materna dos surdos brasileiros, na qual é descrita como uma língua gestual-visual. Assim como a língua oral portuguesa, LIBRAS também é constituída de gramática, sintaxe, semântica e pragmática, portanto é reconhecida como uma língua viva e autônoma (IFSC, 2008). Além disso, ela também é tida como um mecanismo fundamental para a inclusão social dessas pessoas (Almir, 2017). A LIBRAS, pode ser aprendida por qualquer indivíduo, embora seja mais amplamente utilizada pelos surdos. O termo “surdo” dispõe de inúmeros significados, sendo o mais utilizado o que possui associação com a doença. Contudo, nem todo integrante da comunidade surda se reconhece como surdo: há quem escuta pouco e/ou se apoia na oralidade 3 e se autodeclara como deficiente auditivo, enquanto outros se identificam com o termo mais utilizado para surdos (IFSC, 2008). No que tange ao acesso e acolhimento dos surdos, o capítulo VII do Decreto n° 5.296, de 2005 constitui: IX - Atendimento às pessoas surdas ou com deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por profissionais capacitados para o uso de LIBRAS ou para sua tradução e interpretação; e X - Apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de LIBRAS e sua tradução e interpretação. Entretanto, nas unidades básicas de saúde e pronto atendimento de urgência e emergência conseguimos observar alguns obstáculos: dificuldade das pessoas com deficiência auditiva em se comunicar com os profissionais de saúde devido a estes profissionais terem limitação relacionada à compreensão da língua e o não uso da LIBRAS. Desta forma, não se obtém o atendimento de todos conforme a sua limitação e a adaptação do atendimento na restrição do surdo quanto à oralidade. Visto a necessidade e oportunidade, discorreremos neste projeto sobre possibilidades de implementação e melhora da acessibilidade na comunicação entre profissionais da saúde e usuários com deficiência auditiva nos ambientes supracitados. 1.1 PÚBLICO ALVO Pessoas com deficiência auditiva, profissionais de saúde, equipe multiprofissional (estudantes de Letras/LIBRAS e estudantes da área da saúde de um modo geral). 4 1.2 OBJETIVO O objetivo deste trabalho é promover, para a comunidade surda, acesso e acolhimento nas unidades básicas de saúde e pronto atendimento de urgência e emergência através da implementação de projeto de acessibilidade para todos os usuários surdos que necessitam de atendimentos com eficácia. Palavras-Chave: Comunidade Surda; Equipe Multiprofissional; Acolhimento; Acesso; LIBRAS. 2.0 METODOLOGIA ● Promover a especialização em LIBRAS para os profissionais de saúde de forma voluntária; ● Materiais em PDF ou impressos (apostilas); ● Estudantes de Letras/LIBRAS e Fonoaudiologia da UFES; ● Reuniões periódicas com a equipe multidisciplinar para escutar as queixas/demandas; ● Recursos humanos, físicos, financeiros, equipamentos; ● Aplicativo de libras (hand talk). Com o intuito de promover mais a inclusão da comunidade surda na unidade de saúde, propõem-se a criação de campanhas de promoção à saúde através de um trabalho multidisciplinar com estudantes de Letras/LIBRAS voluntários da UFES e com os profissionais de saúde que atuam nas UBS. Com a participação desses profissionais e estudantes, visamos o desenvolvimento de vídeos e panfletos informativos em português e LIBRAS, disseminação de informação e conhecimento em saúde relacionados a doenças, tratamento, prevenção, exames e orientações. Esses vídeos e panfletos seriam utilizados nas UBS, mais especificamente na recepção ou nas salas de espera. 5 Em relação ao trabalho com a equipe multidisciplinar, optou-se por esse desenvolvimento, pois possibilitará mais trocas de saberes entre a área de Letras/LIBRAS e a área de saúde. A junção das áreas auxiliará na criação dos vídeos e panfletos e proporcionará uma intensa experiência de trabalhar em uma campanha de promoção à saúde na UBS baseada no conhecimento sobre o acolhimento, acesso, inclusão e a saúde na atenção primária. Os alunos da Fonoaudiologia juntamente com os de Letras/LIBRAS desenvolverão apostilas (disponíveis também em PDF) para aqueles profissionais que se dispuserem a se capacitar para o novo idioma, supervisionado e revisado pelo professor responsável. Nesse material conterá mitos e verdades sobre a LIBRAS, perguntas mais frequentes, os diferentes tipos de surdez e definições de surdo, leis, história, curiosidades, além de alguns sinais básicos em LIBRAS, como “oi, tudo bem?”, além de termos mais voltados à área da saúde, como medicamento, febre e tosse. Esse material visa estimular e despertar o engajamento dos profissionais que estarão se capacitando. Faz-se também necessária a realização de reuniões periódicas entre equipes dentro do campus para discussão de casos, escuta ativa das queixas e relatos sobre o andamento do projeto. Sobre o pronto atendimento de urgência e emergência: é necessário a contratação de intérpretes de LIBRAS para auxiliar e mediar nas consultas com os outros profissionais, visto que se trata de uma unidade de urgência e emergência onde necessita de uma atenção maior com os usuários surdos. Essa contratação se daria por meio da prefeitura e órgãos responsáveis pelo serviço. 3.0 CONCLUSÃO Em suma, seguindo o princípio da universalidade, que está associado ao que é comum entre todas as pessoas, se tratando de direito à saúde e cidadania, a Constituição de 1988 abarcou a universalidade com a igualdade de acesso aos serviços de saúde. Sabe-se, porém, que para a implementação eficiente de um projeto como esse, é preciso superar desafios como, por exemplo, falta de interesse 6 de alguns profissionais, aliado ao despreparo eà dificuldade de contratação de novos profissionais da saúde que se dediquem exclusivamente à tradução em LIBRAS, pois o sistema de saúde atual já sofre com grande demanda para poucos profissionais contratados, somado à verticalização no tratamento médico - intérprete - usuário. Visto isso, o projeto buscou fazer valer na prática o que diz a lei, promovendo ações que conscientizem e capacitem profissionais de saúde e, indo para além disso, promovendo a multidisciplinaridade com a capacitação de estudantes de Letras/LIBRAS para o serviço de intérpretes nas Unidades Básicas de Saúde e nos Pronto Atendimentos, buscando uma simetria horizontal no atendimento à comunidade surda, garantindo, assim, maior justiça social. REFERÊNCIAS ALBRECHT, C. A. M.; ROSA, R. S.; BORDIN, R. O conceito de equidade na produção científica em saúde: uma revisão. Saúde e Sociedade, v. 26, p. 115-128, 2017. Disponível: <https://www.scielo.br/j/sausoc/a/kGzLZKCFrh3RVxS7f94rHNf/?lang=pt>. Acesso em: 17 mar 2022. ALMIR, C. O que é Libras? 17 maio 2017. Disponível em: <https://www.libras.com.br/o-que-e-libras.php>. Acesso em: 17 mar 2022. ROCHA, G. Você sabe o que é equidade? 26 ago 2015. Disponível em: <https://www.unasus.gov.br/noticia/voce-sabe-o-que-e-equidade#:~:text=No%20Sist ema%20%C3%9Anico%20de%20Sa%C3%BAde,a%20quem%20requer%20menos %20cuidados>. Acesso em : 17 mar 2022. IFSC, Instituto Federal de Santa Catarina. Aprendendo língua brasileira de sinais como segunda língua, 2008, Santa Catarina, RS. BRASIL, Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da 7 https://www.scielo.br/j/sausoc/a/kGzLZKCFrh3RVxS7f94rHNf/?lang=pt União, Brasília, DF- Seção 1 - 23/12/2005, 184º da Independência e 117º da República. Página 28. 8
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