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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Maria IZOLDA CELA de Arruda Coelho GOVERNADORA DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS SANDRO Luciano CARON de Moraes - DPF SECRETÁRIO DA SSPDS ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – CEL PM DIRETOR-GERAL DA AESP|CE NARTAN da Costa Andrade - DPC DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE HUMBERTO Rodrigues Dias – CEL BM COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE José ROBERTO de Moura Correia – TC PM COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – CAP PM SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE CURSO DE CONDUTORES DE VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA - CCVE/2022 DISCIPLINA Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio Social CONTEUDISTA Waldomiro Loreto do Nascimento REVISÃO Samara Dantas Pinheiro FORMATAÇÃO Joelson Pimentel da Silva • 2022 • SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 2. NOÇÕES DE PRIMEIRO SOCORROS ................................................................................. 2 2.1. Sinalização do local de acidente; ............................................................................... 3 2.2. Acionamento de recursos: bombeiros, polícia, ambulância, concessionária da via e outros; ........................................................................................................................... 10 2.3. Verificação das condições gerais de vítima de acidente ou enfermo; ...................... 11 3. O VEÍCULO COMO AGENTE POLUIDOR DO MEIO AMBIENTE ........................................ 20 3.1. Regulamentação do CONAMA sobre poluição ambiental causada por veículos ...... 21 3.2. Emissão de gases e partículas (fumaça). ................................................................. 23 3.3. Emissão sonora. ...................................................................................................... 24 3.4. Manutenção preventiva do veículo para preservação do meio ambiente. .............. 25 4. O INDIVÍDUO, O GRUPO E A SOCIEDADE. ..................................................................... 27 4.1. Relacionamento interpessoal. ................................................................................. 27 4.2. O indivíduo como cidadão....................................................................................... 28 4.3. A responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB. ........................................ 30 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 31 1 1. INTRODUÇÃO A disciplina de Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio Social, do curso de condutores de Veículos de Emergência (CCVE) vem trazer informações sobre como o condutor veicular deve se portar diante de emergências, sobre o respeito ao meio ambiente e sobre as responsabilidades em caso da não observância das regras de trânsito, dentre outros. A previsão legal que fundamenta a realização desta disciplina está no artigo 145 do Código de Trânsito Brasileiro (lei 9.503/1997) e no artigo 33 da Resolução 168/2004, bem como o anexo II desta, que trata com especificidade da Estrutura Curricular Básica, Abordagem Didático-Pedagógica e Disposições Gerais dos Cursos, em que o seu módulo III menciona as disciplinas que serão abordadas em nosso estudo e divididas em três unidades: Primeiras providências quanto à vítima de acidente, ou passageiro enfermo; O veículo como agente poluidor do meio ambiente; O indivíduo, o grupo e a sociedade. Nesse contexto, a abordagem será feita de modo a auxiliar o condutor a ter um bom convívio no trânsito, conhecer a importância do meio ambiente para o trafego, definir as atitudes que devem ser tomadas em casos de sinistros com vítimas, mostrar posturas e relações que se deve ter diante de deslocamentos tanto como condutor quanto como pedestre. No que diz respeito a primeiros socorros, a abordagem é básica, mas permite o conhecimento de alguns procedimentos e o reconhecimento de situações e estados da vítima para que informações sejam repassadas corretamente para equipe de socorro médico especializado, já que, exceto condutor de ambulância, dificilmente haverá Equipamentos de Proteção Individual à disposição em sua viatura, o que é necessário para garantir a sua segurança do atendimento para o condutor e para a vítima. 2 2. NOÇÕES DE PRIMEIRO SOCORROS Primeiros socorros podem ser definidos como os cuidados imediatos prestados a uma pessoa, seja ela vítima de acidentes ou de mal súbito, que possui risco de vida, de modo a manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições usando medidas e procedimentos até a chegada da assistência qualificada. O número de vítimas de acidente de trânsito é tão grande que é considerado um problema de saúde pública. Conceitos estatísticos mostram que a violência no trânsito é preocupante, apesar de o número ter reduzido nos últimos anos. O Relatório Anual de Segurança Viária afirma que, de acordo com o DATASUS, no Brasil, em 2017, 36.430 pessoas morreram em decorrência de acidentes de transporte, o que denota uma taxa de 17,1 pessoas a cada 100.000 habitantes. Em 2018, foram registradas 226 vítimas fatais nas vias da cidade de Fortaleza, número 11,7% menor do que em 2017 e 40% menor do que em 2014. Tal estatística coloca os acidentes de trânsito como a 12ª causa de morte na cidade. Em 2016, foi a 6ª causa. Figura 1.1. Acidente de trânsito com vítima presa em ferragens na Barra do Ceará, Fortaleza. (Foto: site da SSPDS em 09/09/2019). Esses dados estatísticos confirmam que a violência no trânsito é um problema de saúde pública, demandando, dessa forma, de ações de segurança e primeiros socorros, o que em um acidente é fundamental para amenizar a condição inicial de uma vítima. Mas afinal, o que abordar em uma vítima de acidente? Primeiramente, é importante ficar claro que não há necessidade de ser um especialista para saber adotar (ou não adotar) algumas atitudes e medidas para minimizar ou contornar acidentes envolvendo vítimas que decorreram de alguma ação ou omissão vinda do trânsito terrestre de veículos ou pedestres. 3 Iniciando seus questionamentos para ser um excelente condutor de veículo de emergência, deve-se vir logo a primeira dúvida: Quem é a pessoa mais importante em uma cena de incidente de trânsito? Óbvio que a vítima deve ser a que necessita de mais atenção, mas ela por si só não fará diferença após o acontecimento do sinistro. Por isso a pessoa mais importante é você que estará no local do acidente pronto para fazer a diferença e minimizar os danos do pós-evento. Dessa forma, é muito importante compreender o cenário para saber se portar em um local de sinistro de modo a sempre estar atento quanto às questões de isolamento e segurança do local, reconhecer o estado de gravidade da (as) vítima (as), saber quais apoios pedir em determinadas situações. A lógica e a interpretação de fatores que se apresentem na ocasião são muito importantes para as medidas a serem adotadas na cena, sempre primando pelo quesito da segurança, evitando que as circunstancias do sinistro se agravem. Vale salientar que é de extrema importância manter a calma para que ser possível raciocinar e controlar a situação 2.1. Sinalização do local de acidente; Os acidentes acontecem nas ruas e estradas, impedindo ou dificultando a passagem normal dos outros veículos. Dessa forma, esteja certo de que situações de perigo vão ocorrer (novos acidentes ou atropelamentos), se você demorar muito ou não sinalizar o localde forma adequada. Algumas regras são fundamentais para você fazer a sinalização do acidente: O local está seguro? Esta via é movimentada? Qual o limite de velocidade? Como está a condição climática agora? Relatos de testemunhas no local? (Caso você não tenha presenciado o acidente) 4 Quantos veículos estão envolvidos no acidente? O veiculo possui carga de produtos perigosos? Existe vazamento de combustíveis ou algum poste da rede elétrica foi atingido? Qual a condição das vítimas? Estão presas? Estão em difícil acesso? Risco iminente de morte? Depois de analisada toda a cena, conhecendo suas especificidades, você deve garantir a segurança do local. Inicie a sinalização em um ponto em que os motoristas ainda não possam ver o acidente para haver tempo suficiente para parar ou diminuir a velocidade. No caso de vias de fluxo rápido, com veículos ou obstáculos na pista, é preciso alertar os motoristas antes que eles percebam o acidente. Assim, vai dar tempo para reduzir a velocidade, concentrar a atenção e desviar. Nem é preciso dizer que a sinalização deverá ser feita antes da visualização nos dois sentidos (ida e volta) nos casos em que o acidente interferir no tráfego das duas mãos de direção. A sinalização deve ser executada garantindo que quem passe na região compreenda e respeite o isolamento. Essa ação será determinante para que não ocorra um novo acidente. Algumas situações devem ser evitadas: Má sinalização ou ausência desta no local de um acidente; Transeuntes curiosos no local para ver o acontecido; Condutores que param o veículo repentinamente próximo ao local para verificar. Mas afinal o que é sinalização e o que posso considerar como sinalização? A sinalização de acidente de trânsito pode ser definida como a instalação, disposição ou o conjunto de sinais que através de uma via de comunicação sonora e/ou visuais, proporcionam clareza, informação, facilidade e mais segurança à circulação. 5 Essa sinalização pode ser executada por meios sonoros, tais como silvos de apito, sirene de viaturas de emergência ou falas do agente no local, bem como de forma visual quer seja por cones de trânsito, triangulo de emergência, galhos de arvores, cavaletes, própria viatura ou qualquer outro objeto que cause destaque visual. Figura 2.2. Sinalização na via com cone e galhos de árvore. Se estiver à noite ou com neblina, a sinalização deve ser feita com materiais luminosos. Lanternas, pisca-alerta e faróis dos veículos devem sempre ser utilizados. Ao atender uma ocorrência de acidente de trânsito terrestre, os princípios para sinalização do local e estabelecimento da posição da viatura são de responsabilidade do condutor. O condutor após estacionar a viatura, deve fazer a sinalização do local com cones usando as devidas distâncias, portanto deve se ater primeiro a regulamentação de velocidade da via, pois é através desta informação que se posicionará a sinalização. A sinalização deve ser feita de modo a ser visível pelos motoristas de outros veículos, antes que eles vejam o acidente. 6 A tabela abaixo apresenta as distâncias a serem obedecidas e, em caso de condições adversas, como chuva, neblina, fumaça na via ou qualquer outra situação que cause dificuldade de trafegabilidade o valor será o dobro. Tipo da via Velocidade máxima permitida Distância de inicio da sinalização (condições normais da via) Distância de inicio da sinalização (condições adversas da via) Local 30 km/h 30 passos 60 passos Coletora 40 km/h 40 passos 80 passos Arterial 60 km/h 60 passos 120 passos Trânsito rápido 80 km/h 80 passos 160 passos Rodovias 110 km/h 110 passos 220 passos Observação: considere cada passo equivalente a aproximadamente a 01 (um) metro. As distâncias para o início da sinalização são calculadas com base no espaço necessário para o veículo parar após iniciar a frenagem somando ao tempo de reação do motorista. Ao iniciar a sinalização, o condutor deve colocar um cone a cada 10 (dez) metros, até chegar ao local do acidente. No sentido após o acidente, deve-se colocar um cone a distância mínima da sinalização da via para a visualização do condutor que venha ao contra fluxo para que possa reduzir a velocidade. Veja um exemplo de uma sinalização de um acidente em uma rodovia, de dia e em condições normais de trafego, você como condutor de veículo de emergência deverá colocar o primeiro cone a 110 metros aproximadamente e a cada 10 metros colocar um, perfazendo o posicionamento de 11 cones. 7 Claro que possivelmente você analisa que dificilmente existirão onze cones em uma viatura. Sendo isso observado na carga da viatura, utiliza-se a quantidade que tiver, e os distribui equitativamente no decorrer da distância a ser sinalizada. Caso não possua nenhum cone, podem ser usados galhos no lugar ao percorrer da distância. Cada tipo de viatura terá sua posição de estacionamento em maneira especifica no local, justamente para facilitar a forma de trabalho de cada guarnição no local. Vejamos cada uma: Viatura Policial: Figura 2.3. Viatura antiga da PMESP. Independente de qual força pertença, uma viatura de polícia deve ser estacionada ao menos a 15 metros antes, na faixa que está o acidente do local do sinistro, a favor do sentido do fluxo, de forma transversal e com luminosos ligados. O veículo em forma transversal bloqueia e garante segurança nos trabalhos das guarnições na cena, pois caso haja uma colisão de um veículo despercebido na viatura, esta se desloca de lado, não indo direto ao local da zona quente1 da ocorrência. O intermitente luminoso ligado facilita a visualização à longa distância, orientando aos demais condutores em ambos os fluxos que um serviço de emergência se situa naquela região. 1 Zona quente é uma nomenclatura adotada no SCI (Sistema de Comando de Incidentes) que é o local onde está o centro da ocorrência fato. Devendo ser este local totalmente isolado, podendo adentrar lá somente os agentes capacitados e equipados para intervir na condição do sinistro. 8 Ambulância: Figura 2.4. Viatura tipo resgate do CBM Ce. A ambulância pode ser utilizada de duas formas para dar segurança do local, dependendo se ela chega primeiro ou só após outra viatura. Se chegar primeiro, o condutor deverá posicionar a viatura da mesma maneira como referida no caso da polícia, mas caso já tenha uma viatura da polícia ou de salvamento do Corpo de Bombeiros Militar, deve ser estacionada após o local do acidente, facilitando a remoção de vítimas ou enfermos, pois as portas traseiras ficam a frente do local e também pelo fato de estar mais protegida por ter uma viatura na retaguarda fazendo a sinalização e segurança. 9 Viaturas do Corpo de Bombeiros Militar: Figura 2.5. Viatura do salvamento do CBMCE. O condutor do Corpo de Bombeiros Militar, devido às especificidades de ocorrências atendidas pela corporação e distinções de viaturas sejam elas ABT (Auto Bomba Tanque), AT (Auto Tanque), AS (Auto Salvamento), AEM (Auto Escada Mecânica), ASP (Auto Salvamento Praia), AHQ (Auto Hidro Químico), deve proceder corretamente quanto ao estacionamento das viaturas, conforme determina o Plano Operacional Padrão (POP) adotado pelo órgão. Figura 2.6. Viatura ABT38 do CBMCE . 10 2.2. Acionamento de recursos: bombeiros, polícia, ambulância, concessionária da via e outros; Figura 2.7. Isolamento de cena de acidente de trânsito em rodovia pela Polícia Militar. (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução). Após a segurança e sinalização do local do acidente estiverem garantidas, inicia-se a resolução da ocorrência, para tanto, após analisado todo cenário, deve-se manter a calmae ter o entendimento de quais órgãos devem ser acionados para o apoio e resolução mais eficiente. Nesse momento, observa-se quais os serviços essenciais são necessários, policia militar, SAMU, Corpo de Bombeiros, serviço da concessionária de energia, PRF, defesa civil, pericia forense. O Resgate, ligado aos Corpos de Bombeiros, ou os SAMUs recebem chamados via telefone, em que é realizada uma triagem prévia e equipes treinadas são enviadas em viaturas e ambulâncias equipadas para o atendimento. Após uma primeira avaliação, os feridos são atendidos emergencialmente para, em seguida, serem transferidos às devidas unidades de saúde. Se forem identificadas vítimas presa em ferragens, o resgate do Corpo de Bombeiros é acionado, já que possui equipamento adequado para esse tipo de ocorrência. Em caso de risco de incêndio, viaturas de combate a incêndio também são acionadas para garantir a segurança das equipes e das vítimas. A polícia militar possui importante função em uma cena de acidente, pois garante o isolamento da área, a ordem das pessoas no local, evita furtos de cargas ou pertences das vítimas, além de muitas vezes ser a primeira guarnição a chegar ao local. 11 Os atendimentos de emergência são serviços gratuitos, com números de telefone padronizados em todo o Brasil. Se você precisar chamar socorro médico adicional, use um celular ou peça para alguém que esteja passando para telefonar ou avisar em percurso caso o local seja ruim para cobertura de sinal para celular. Os telefones de emergência mais comuns são: ÓRGÃO / ENTIDADE NÚMERO Polícia Militar (território nacional) / AMC e Guarda Municipal (Fortaleza) 190 Polícia Rodoviária Federal 191 Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (SAMU) 192 Corpo de Bombeiros Militar 193 Defesa Civil 199 Companhia de energia ENEL 0800 285 0196 Tabela 2.1. Telefones de serviços de emergência. 2.3. Verificação das condições gerais de vítima de acidente ou enfermo; Analise a cena na figura 2.8. que se apresenta abaixo. Figura 2.8. Acidente de trânsito envolvendo um caminhão e uma motocicleta na estrada real, RJ. (Foto: Blog Mudanças RJ). 12 Quais as conclusões que podemos tirar sobre as possíveis condições do condutor? Como é possível avaliar o estado de saúde da vítima apenas vendo a cena do acidente? É preciso avaliar a vítima, checando a priori no local os seus principais sinais vitais, que são a responsividade, circulação sanguínea e respiração. A mais efetiva técnica para pessoas com conhecimentos básicos em primeiros socorros para saber como estão as condições da vítima é o método ABCDE, que de forma rápida lhe traz uma analise do estado da vítima, seja ela clinica ou trauma. No transcorrer da sua atividade de condutor de veículos de emergência verá, principalmente em acidentes de trânsito, vítimas de traumas. Mas vejamos o que significa cada item do método ABCDE: A – Abertura das vias aéreas: É o tratamento da via aérea e estabilização da coluna cervical. B – Boa ventilação: Verificar a respiração, frequência respiratória, sua intensidade e na ausência desta fornecer oxigênio para evitar a hipóxia da vitima. C – Circulação sanguínea: Verificar a perfusão capilar, batimentos cardíacos, conter de possíveis hemorragias. D – Déficit neurológico: É necessário um exame visual da situação da função cerebral. Ver o comportamento da vítima, analisando se está ansiosa, sonolenta, irritada, desorientada, ou qualquer outra condição que não condiz com o estado normal. E – exposição da vítima: Deve-se agir tendo percepção ao corpo da vítima, buscando locais de lesões, hemorragias, queimaduras, objetos penetrados na epiderme e outros. É importante também, depois de verificadas as condições gerais e contornadas, prezar pelo controle de hipotermia, podendo utilizar um lençol limpo, se houver. Estabilização controle cervical É necessário que ao chegar, depois de avaliados o local e a segurança, se inicie a avaliação primária de modo a estabilizar a situação da vítima. De preferência aborde com 13 apoio de uma pessoa da equipe, caso não seja possível, oriente qualquer cidadão que esteja no local ao que deve ser feito. Deixe-o totalmente consciente que ele fará o que você disser, mostrando que você vai comandar as ações. Figura 2.9. Estabilização de cervical de vítima de um trauma (Foto: PHTLS, 8ª edição). Em situação de trauma ou de suspeita de trauma, deve-se atentar sempre sobre possível lesão de coluna vertebral, considerando sempre a pior condição, pois lesões nessa região causam sequelas permanentes. Conforme figura, deve-se apoiar firmemente a cabeça da vítima usando as duas mãos em apoio à região temporal do crânio, que se situa nas laterais da face. Após esse feito, de forma delicada, se eleva um pouco o mento para cima para desobstrução das vias aéreas, observando se a vítima respira. Sinais Vitais Durante a sua avaliação de vítima alguns sinais podem trazer bastantes informações, mesmo com a vítima inconsciente. Vejamos os principais: Sistema circulatório: Por ser um sistema seja fechado no nosso organismo, o vazamento sanguíneo apresenta sinais externos que se tornam perceptíveis, desde que esteja orientado a percebê-los. 14 Pode-se perceber pela pele através de percepções de coloração, pois a cor roxa, conhecida como cianose, é um sinal de interrupção de circulação sanguínea naquela região. Outra forma de analisar pela verificação da perfusão, que é o retorno do preenchimento capilar, que deve ser em torno de aproximadamente dois segundos. Passado esse lapso temporal, tem-se a dedução também de déficit de fluxo sanguíneo. Outro sinal é a frequência e amplitude do pulso, bem perceptível na região lateral do pescoço abaixo da articulação mandibular, conhecido como pulso carotídeo. Sistema respiratório: Funciona em comunhão com o sistema circulatório. A sua avaliação permite o correto funcionamento desses. A percepção se dá pelos movimentos respiratórios e sua frequência que no adulto normal em repouso é de 12 a 18 respirações por minuto. Em recém-nascidos o valor normal é de 30 a 40 respirações por minuto e em crianças de 25 a 30 respirações por minuto. Sistema tegumentar: A presença de sudorese, pele amarelada, contração involuntária de músculos são indícios de que a vítima está com inicio de hipotermia. Essa hipotermia pode ser causada por várias situações. Olhos: A identificação das formas das pupilas dos olhos auxiliam essa avaliação primária, podendo estar isocóricas, anisocóricas, miose e midríase. Cada forma traz importantes informações sobre algumas condições da vítima, como vemos em descrição na figura abaixo: 15 Figura 2.10. Ilustração de maneira de avaliação do diâmetro das pupilas. Controle de hemorragias O principal objetivo na contenção de hemorragias é evitar o estado de choque hipovolêmico da vítima, por isso fazer esse controle de sangramento com compressas ou com a própria vestimenta da pessoa, aplicando em cima do ferimento uma pressão para obstruir a passagem de sangue até a coagulação sanguínea, e após isso não remover a compressa até a chegada da equipe de socorrista chegarem ao local. Isso é fundamental para que seu estado de saúde não se agrave. Caso a vítima esteja consciente, ela própria pode fazer a contenção, sempre mantendo a calma e orientando-a da forma correta do procedimento. Traumas de crânio e extremidades Os traumas são muito comuns em acidentes de transito. Eles podem trazer graves perdas para a vítima caso não haja tratamento em tempo hábil e se complicam dependendo da região do organismo que elas afetem. Um trauma na região da cabeça pode envolver o couro cabeludo, crânio e encéfalo, isoladamente ou simultaneamente. É de considerável gravidade e merecetotal atenção, mesmo que não haja nenhuma lesão visível, pois uma mínima lesão poderá causar provocar consequências irreversíveis. Os traumas de extremidades normalmente causam dificuldades de locomoção da vítima, já que são os membros superiores, os membros inferiores, as cinturas escapular e pélvica. Geralmente comprometem ossos, articulações e músculos, causando edemas (inchaço), esmagamento, lacerações, amputações. 16 Os tipos mais comuns de lesões nas extremidades são: Lesões vasculares: Hemorragias Figura 2.11. Tipos de lesões vasculares. Ocasionam perda de volume sanguíneo, em que, dependendo de sua severidade, pode acarretar choque hipovolêmico. Classificam-se, quanto ao tipo, em hemorragias internas (quando não possui extravasamento de sangue para fora do organismo) e externas (quando a perda de sangue é visível, sejam por ferimentos cutâneos ou orifícios naturais quais sejam narinas, ouvidos, boca, órgãos genitais ou ânus). O tratamento dessa lesão dependerá de qual vaso sanguíneo foi atingido, se arterial, venoso ou capilar. No entanto, vários vasos sanguíneos podem ser atingidos ao mesmo tempo, o que faz necessitar de atendimento mais breve e mais complexo. As lesões vasculares arteriais são mais graves devido à profundidade da lesão e a rápida perda de volume sanguíneo. Instabilidade tecido ósseo: Fraturas e luxações. É qualquer interrupção na continuidade de um osso. Podendo ser classificada quanto ao traço, sendo completa ou incompleta, ou quanto ao foco sendo fechada ou aberta (exposta). A imobilização do membro é de vital importância para que não haja laceração e/ou agravamento maior da lesão, pois a fratura do tecido ósseo além de causarem intensa dor, pode ferir cartilagens e musculatura que esteja ao redor da lesão. 17 Lesões de partes moles: Distensões e luxações. São as deformações ocorridas nas inserções e origens entre tecidos ósseos, que possuem ligamentos, líquidos e cartilagens. As comuns são a luxação, deslocamento de dois ou mais ossos com relação ao seu ponto de articulação normal, e a entorse que ocorre quando a articulação executa um movimento em não conformidade com seu grau de amplitude normal, podendo lesionar ligamentos ao redor da articulação. Figura 2.12. Luxação e Entorse Amputação: Esmagamento ou secção do membro. É a descontinuidade de parte do membro do restante do corpo por decorrência de um evento traumático. 18 Esse tipo de lesão é muito comum em acidentes de trânsito, principalmente com motociclistas e são de extrema gravidade, pois instabilizam o organismo da pessoa de forma instantânea. Possuem como características hemorragias intensas, vítima em principio de estado de choque, intenso desequilíbrio emocional e secção do membro ou seu esmagamento. É muito importante manter a calma nesse tipo de ocorrência para fazer de imediato o controle da hemorragia severa, mas isso deve ser feito caso o socorrista tenha segurança mínima para atuar a fim de evitar contaminação. Em caso de amputação, se o pedaço do membro for encontrado, é importante colocar água corrente para retirar impurezas ou partículas e o envolva a um pano ou saco limpos. A preservação do membro é fundamental e deve ser entregue a equipe de socorro da ambulância que conduzirá a vítima ao hospital. Condições neurológicas da vítima. Uma rápida avaliação do estado neurológico deve determinar o nível de consciência e a reatividade pupilar do traumatizado. O rebaixamento do nível de consciência é indicativo de diminuição da oxigenação, lesão direta do encéfalo ou uso de drogas e/ou álcool. Na avaliação inicial, utiliza-se o método AVDI. A – Alerta V – Resposta ao estimulo verbal D – Responde a estímulo doloroso I – Inconsciente 19 Figura 2.12. Sistema AVDI. (PHTLS, 2016). A disfunção neurológica é reconhecida por um exame neurológico rápido (o doente está consciente, responde vocalmente à dor ou está inconsciente), ou seja, durante a visualização a vítima estava acordada, forneceu resposta verbal mesmo que incompreensível, respondeu involuntariamente a dor, não apresentou nenhum sinal de resposta. O que não fazer com uma vítima de acidente de trânsito? Visto os princípios básicos de primeiros socorros e entendimentos para fazer uma avaliação primária que permita o repasse de informações mais consistentes em um pedido de apoio, algumas ações e não podem ser executadas durante a ocorrência que podem ser: Não remover a vítima, (salvo em caso de extrema emergência que possa causar risco imediato de morte da vítima); Não remover objetos empalados nas vítimas; Não oferecer nenhum tipo de medicação, comida e ou bebida, (inclusive água); Evitar movimentos bruscos na cabeça da vítima; 20 Evitar palavras desagradáveis na cena do acidente tipo: “virou presunto”, “inês”; Não entrar em contato físico direto com a vítima caso, exceto quando esteja com EPI de nível pré-hospitalar; Não atuar de forma direta, caso não sinta segurança pessoal, para o tipo de evento ali presente. 3. O VEÍCULO COMO AGENTE POLUIDOR DO MEIO AMBIENTE Figura 3.1. Emissão de gases sujos Por mais benefícios que os veículos automotores possam trazer para a sociedade, pela facilidade e rapidez em deslocamentos, conforto e segurança, podem promover uma serie de efeitos colaterais que causam instabilidade e prejuízos ao ecossistema local e global, sejam por emissão gases poluentes, pela queima de combustíveis fósseis, ou barulhos que causam transtornos sonoros o ambiente. Entende-se por poluição a deterioração das condições ambientais que pode atingir o ar, a água e o solo. Várias cidades vêm adotando medidas restritivas com o intuito de minimizar os impactos negativos ao ambiente. Esse é considerado um tema de preocupação de caráter global, resguardadas as especificidades de cada local, havendo necessidade de ser abordada de forma sistemática. (SEST/SENAT, 2009.) 21 3.1. Regulamentação do CONAMA sobre poluição ambiental causada por veículos Para obter um controle desses malefícios, foi instituída a Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA. Mas para saber que existe o CONAMA, devemos saber quais as atribuições e competências desse órgão. Estas são citadas conforme o Ministério do Meio Ambiente (2017): É da competência do CONAMA: Estabelecer, mediante proposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, dos demais órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e Municípios e supervisionado pelo referido Instituto; Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como às entidades privadas, informações, notadamente as indispensáveis à apreciação de Estudos Prévios de Impacto Ambiental e respectivos Relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, em especial nas áreas consideradas patrimônio nacional; Decidir, por meio da Câmara Especial Recursal - CER, em última instância administrativa, em grau de recurso, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensãode participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; http://www.mma.gov.br/port/conama/legipesq.cfm?tipo=1&numero=6938&ano=1981&texto= http://www.mma.gov.br/port/conama/legipesq.cfm?tipo=2&numero=99274&ano=1990&texto= 22 Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; Estabelecer os critérios técnicos para a declaração de áreas críticas, saturadas ou em vias de saturação; Acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC conforme disposto no inciso I do art. 6 o da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000; Estabelecer sistemática de monitoramento, avaliação e cumprimento das normas ambientais; Incentivar a criação, a estruturação e o fortalecimento institucional dos Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e gestão de recursos ambientais e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; Avaliar regularmente a implementação e a execução da política e normas ambientais do País, estabelecendo sistemas de indicadores; Recomendar ao órgão ambiental competente a elaboração do Relatório de Qualidade Ambiental, previsto no inciso X do art. 9 o da Lei 6.938, de 1981; Estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos; Promover a integração dos órgãos colegiados de meio ambiente; Elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda Nacional do Meio Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às entidades do SISNAMA, sob a forma de recomendação; Deliberar, sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente; Elaborar o seu regimento interno. 23 3.2. Emissão de gases e partículas (fumaça). A poluição veicular ocorre não somente pela queima dos combustíveis, diversos outros fatores também contribuem para a degradação ambiental. O atrito dos pneus no asfalto libera além de partículas devido ao constante atrito, a fumaça em caso de uma frenagem brusca, por exemplo. Os freios também emitem partículas devido ao seu uso continuo que também contribuem como forma poluente. Os escapamentos dos veículos movidos à gasolina ou diesel lançam gases tóxicos no ar, dentre os quais se destacam o monóxido e o dióxido de carbono, além dos compostos sulfurosos. Também emanam do escapamento substâncias de reações ocorridas com óleo lubrificante do motor do veículo. Figura 3.2. Emissão de gases de um escapamento. (Foto: Tribuna do norte / reprodução). O CTB, em seu Art. 97, determina que as características dos veículos, inclusive em relação às emissões, suas especificações básicas, configuração e condições essenciais para registro, licenciamento e circulação serão estabelecidas pelo Contran, em função de suas aplicações. Já no Art. 231, o CTB estabelece que transitar com veículo produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis superiores aos fixados pelo Contran é infração grave, prevendo penalidade de multa e medida administrativa de retenção do veículo para regularização. 24 3.3. Emissão sonora. Ruídos indesejados no trânsito, como o escapamento barulhento de uma motocicleta, ruído excessivo devido à falta de catalisador ou parte do escapamento do veículo, caminhões antigos que na arrancada da aceleração causam incomodo auditivo, tudo isso causa estresse, desequilíbrio emocional, dor no ouvido, irritação, cefaleia, que somados a carga intensa de trânsito causam desgaste físico ao condutor e aos pedestres. As consequências da poluição sonora sobre cada organismo dependem de fatores como a intensidade, frequência, continuidade ou intermitência, duração da exposição e, também, de características físicas e de saúde da pessoa. Figura 3.3. Poluição sonora por escapamento irregular. (Foto: Tribuna do norte / reprodução). Para tentar reduzir a poluição sonora, o CTB estabelece como infrações o uso prolongado e sucessivo da buzina, o uso no veículo de equipamentos com som ou volume de frequência que não sejam autorizados pelo CONTRAN, e o uso indevido de aparelho de alarme que produza sons e ruídos que perturbem o sossego público, entre outras. De acordo com o Art. 227. do CTB, constitui infração leve, com penalidade de multa usar buzina: I - em situação que não a de simples toque breve como advertência ao pedestre ou a condutores de outros veículos; 25 II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto; III - entre as vinte e duas e as seis horas; IV - em locais e horários proibidos pela sinalização; V - em desacordo com os padrões e frequências estabelecidas pelo Contran. O CTB estabelece como infração grave, em seu Art.228 usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que não sejam regularizados pelo Contran. Haverá penalidade de multa com retenção do veículo para regularização. O Art. 229 estabelece que usar indevidamente no veículo aparelho de alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o sossego público, em desacordo com normas fixadas pelo Contran constitui infração média, com penalidades de multa e apreensão do veículo. 3.4. Manutenção preventiva do veículo para preservação do meio ambiente. Uma manutenção programada e bem realizada é fundamental para que a vida útil prescrita de um veículo ou de um equipamento seja maximizada com a devida segurança de seu uso, tanto no que se refere ao seu desempenho quanto à sua disponibilidade. Figura 3.4. Manutenção preventiva periódica dos componentes do veículo. 26 Alguns dos principais objetivos da manutenção preventiva são: Otimizar os insumos garantindo segurança e reduzindo impactos ambientais; Garantir a frota disponível para a operação do serviço; Manter o controle histórico da manutenção no período de vida útil do veículo. A manutenção preventiva é efetuada frequentemente de acordo com critérios pré- estabelecidos para cada item do veículo, a fim de reduzir a probabilidade de falha do automóvel ou a degradação de um serviço efetuado. Os tipos de manutenção preventiva são: Manutenção Sistemática: de acordo com o tempo de uso do equipamento; Manutenção Condicional: executada de acordo com o estado do equipamento após a evolução de um sintoma significativo. A manutenção sistemática ou programada é realizada geralmente em intervalos fixos. Especialistas recomendam que ela seja adotada somente se sua utilização criar uma oportunidade para reduzir falhas que não são detectáveis antecipadamente ou se ela for imposta por exigência de produção ou segurança. (SEST/SENAT, 2009.) A manutenção preventiva evita que potenciais problemas ocorram e possibilita a tomada de ações para aumentar a segurança e evitar acidentes. (SEST/SENAT, 2009.) Dentre outros, são itens básicos que devem ser verificados: Cintos de segurança; Direção; Freios; Limpadores de pára-brisa; Nível de água do radiador; Nível de óleo do motor; Pneus e rodas; Sistemas de iluminamento: (Faróis, lanternas, luz de freio, pisca-pisca e pisca- alerta); Sistemas de ABS e Air Bag. 27 4. O INDIVÍDUO, O GRUPO E A SOCIEDADE. Imagine que em uma grande extensão da malha viária, cada veículo é uma pessoa, com sentimentos, anseios, emoções que são transpassadas e aplicadas na forma de se conduzir no trânsito. Figura 3.5. Congestionamento de 18 horas na Indonésia. (Foto: 24 Brasil). Quando se dirige, sem perceber, ocorrem interações com outros condutores, desde a dar um jogo de luzes para dar passagem, ligar a seta esquerdapara sinalizar que fará uma conversão, o acionamento do pisca alerta para informar aos da retaguarda que algo anormal está à frente da via. A postura que o condutor de veículo de emergência adota no tráfego traz informações aos demais condutores, mostrando se a situação de deslocamento é emergência ou não. Essa interação ocorre porque o trânsito é uma comunidade de pessoas que buscam objetivos e convívios comuns, quais sejam deslocamento seguro, condução de cargas e produtos, trabalho ou até lazer. 4.1. Relacionamento interpessoal. O convívio no trânsito é algo que sempre existirá para o condutor. Essa relação de convívio será de acordo com o tipo de relacionamento praticado durante o deslocamento a um determinado local. Essa interação é ditada conforme o relacionamento interpessoal que muda dependendo do contexto em que se está inserido. Isso significa que o seu modo de se 28 relacionar no ambiente de trabalho não será igual ao seu relacionamento no trânsito, da mesma forma que você terá comportamentos diferentes se estiver no meio de uma comunidade ao invés de estar entre amigos. No entanto, para que esse feedback seja positivo com outros condutores na comunidade “malha viária”, é necessário possuir autocontrole, paciência, resistência a fadiga, resiliência e estar bem consigo mesmo. É importante não permitir que problemas familiares, financeiros ou pessoais venham a intervir o desempenho na condução de um veículo de emergência. Empatia é um fator considerável, pois colocar-se no lugar do próximo muda o comportamento das pessoas, pois assim é possível perceber a necessidade do próximo, respeitando-o sempre. Isso contribui significativamente para um deslocamento com mais responsabilidade e segurança. Algumas características podem ser consideradas habilidades pessoais e que facilitam as relações, por exemplo: Comunicar ideias de forma clara e precisa em situações individuais e de grupo; Ouvir e compreender o que os outros dizem; Aceitar críticas sem fortes reações emocionais defensivas; Fornecer feedback (retorno) aos outros de modo útil e construtivo; Ter percepção e consciência de necessidades, sentimentos e reações dos outros; Reconhecer e lidar com conflitos e hostilidade dos outros; Procurar relacionamento mais próximo com as pessoas, dar e receber afeto no seu grupo de trabalho. (SEST/SENAT, 2009.) 4.2. O indivíduo como cidadão. As normas de conduta são definidas por leis e códigos. No Brasil, a lei máxima é a Constituição Federal (CF), que prevê uma série de direitos individuais, compostos tanto por direitos do homem (ou direitos fundamentais) quanto por direitos sociais. Essa distinção se faz porque os chamados direitos do homem são aqueles inerentes à condição humana, cabendo ao Estado, por meio da Constituição, não o dever de criá- 29 los, mas somente de reconhecê-los como pré-existentes. A Constituição trata dos direitos sociais em um capítulo próprio. São direitos sociais definidos na CF: educação, saúde, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e a assistência Entende-se que, ao falar nisso, a Constituição está tratando do mínimo necessário à realização da dignidade humana. O direito à saúde implica que, nos casos de doença, cada indivíduo tenha direito a um tratamento condizente com os avanços da medicina, não importando a sua situação econômica. Esse direito exige do Estado garantia da continuidade da vida, executando medidas e serviços que previnam e tratem as doenças. Quanto ao trânsito de pessoas e veículos terrestres, está regido as normas direitos, deveres, garantias e competências pela lei 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o código de trânsito brasileiro, trazendo como direitos e deveres de todos as condições de segurança para o trânsito, e as garantias de defesa a vida, a preservação da saúde e do meio ambiente pelos órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito, conforme é transcrito abaixo trecho do artigo 1º que contém algumas das disposições preliminares: Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código. § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga. § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito. § 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito seguro. § 4º (VETADO) § 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente. (CTB, 1997). 30 4.3. A responsabilidade civil e criminal do condutor e o CTB. Figura 4.1. Campanha do maio amarelo, atenção pela vida”, (Foto: Paulo Guerra). Pelos preceitos da norma legal do CTB, ao proprietário do veículo caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia regularização e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características, componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando esta for exigida e outras disposições que deva observar. Já ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo. Ou seja, o proprietário do veículo é o responsável por deixar este em perfeitas condições de circulação para que ofereça segurança. Como por exemplo, a responsabilidade por licenciar o veículo e ao condutor do veículo são atribuídas as responsabilidades pelas as infrações de trânsito. Também serve de exemplo a responsabilidade por uma ultrapassagem realizada em local proibido pela sinalização. De acordo com o Art. 291 do CTB, aos crimes cometidos na direção de veículos automotores aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se o CTB não dispuser de modo diverso, bem como, no que couber, a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. O Art. 301 deixa claro que ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito com vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se o condutor prestar pronto e integral socorro à vítima. O que se deseja com esse artigo é que a vítima não fique ao desamparo. Essa previsão legal favorece a todos, o condutor que provocou 31 o acidente e a vítima que recebe o pronto e integral socorro. Não caberá prisão em flagrante na ocasião do acidente se houver prestação ou providência de socorro (acionamento de autoridades públicas, socorro médico e etc.) por parte dos envolvidos, no entanto, deverá haver abertura de inquérito policial junto à polícia judiciária para que sejam investigadas as circunstâncias do acidente. Os crimes dolosos praticados na condução de veículos automotores serão regidos pelo Código Penal Brasileiro. Já a responsabilidade civil ocorre, por exemplo, em situações em que é causado algum dano à propriedade pública ou privada, em que, identificado o causador e após sentença de conciliação ou judicial, o responsável irá arcar com os valores referentes à correção do dano causado. Para Hely Lopes Meirelles“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”, atendo-se a importância que ao ser condutor de veículo de emergência, agente público, quando envolver-se ou presenciar estando na função, sinistros envolvendo vítimas, tem pela obrigação legal, de prestar socorro, gerenciar a ocorrência e solicitar o apoio necessário para resguardar ao máximo a integridade da pessoa vitimada. REFERÊNCIAS ANFAVEA. Noções de primeiros socorros no trânsito. Disponível em:< http://www.anfavea.com.br/documentos/capitulo5seguranca.pdf> Acesso em: 02 de novembro de 2017. BRASIL. Departamento de informática do SUS. Ministério da saúde. Disponível em: <http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude/tabnet> Acesso em 02 de novembro de 2017. BRASIL. Conselho nacional do meio ambiente. Ministério do meio ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/> Acesso em: 03 de novembro de 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Resolução 168 do CONTRAN https://infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_168_04_COMPI https://infraestrutura.gov.br/images/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_168_04_COMPILADA.pdf 32 LADA.pdf. Acesso em 28 de janeiro de 2020. BRASIL. Resolução CONAMA nº 018/1986, de 06 de maio de 1986, Dsipõe sobre a criação do programa de controle de poluição do ar por veículos automotores – PRONCOVE. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, Publicação em 17 de junho de 1986, págs. 8792-8795. BRASIL. Resolução CONAMA nº 256, de 30 de junho de 1999, Dispõe sobre a responsabilidade dos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente na inspeção de emissão de poluentes e ruídos, como exigência para o licenciamento de veículos automotores nos municípios abrangidos pelo Plano de Controle da Poluição por Veículos em Uso – PCPV, Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, nº 139, de 22 de julho de 1999, Seção 1, páginas 27-28. BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Lei Nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997 que institui o Código de Trânsito Brasileiro. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm. Acesso em 28 de janeiro de 2020. Curso especializado para condutores de veículos de emergência : apostila do aluno. – Brasília : SEST/SENAT, 2009. 151 p. : il. Cartilha de Primeiros Socorros no Trânsito. https://www.abramet.com.br/files/cartillha_primeiros_socorros.pdf. Acesso em 04 de fevereiro de 2020. DE ARAUJO, Julyver Modesto. CTB digital. Disponível em: <http://www.ctbdigital.com.br/?p=InfosArtigos&Registro=441&campo_busca=&artigo=2 9> Acesso em: 02 de novembro de 2017. DEARO, Guilherme. Os 20 países com mais mortes no trânsito (e os 20 com menos). Exame. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/os-20-paises-com-mais- mortes-no-transito-e-os-20-com-menos/> Acesso em 03 de novembro de 2017. Relatório Anual de Segurança Viária, Fortaleza, 2018. https://www.unifor.br/documents/929808/930334/ANU%C3%81RIO+2018+%28Completo %29+%282%29.pdf/453d0c32-2817-5af4-8910-177cf8359847. Acesso em 30 de janeiro de 2020. Departamento Estadual de Trânsito de Goiás. Manual de primeiros socorros no trânsito / DETRAN-Go ; (org.) Clives Pereira Sanches. Goiânia: DETRAN-Go, 2005. 25 p. ; il. MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm https://www.abramet.com.br/files/cartillha_primeiros_socorros.pdf https://www.unifor.br/documents/929808/930334/ANU%C3%81RIO+2018+%28Completo%29+%282%29.pdf/453d0c32-2817-5af4-8910-177cf8359847 https://www.unifor.br/documents/929808/930334/ANU%C3%81RIO+2018+%28Completo%29+%282%29.pdf/453d0c32-2817-5af4-8910-177cf8359847 33 2005. NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS: atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 8. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, c2017. Noções de Primeiros Socorros no Trânsito / Ilustração e projeto gráfico de Estúdio K/Walker - São Paulo : ABRAMET – 2005
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