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Apostila Abordagens Teoricas da Contabilidade

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER 
ABORDAGENS 
TEÓRICAS DA 
CONTABILIDADE 
UTA TEORIA CONTÁBIL 
 
JENIFFER SILVA 
06/06/2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGENS TEÓRICAS DA 
CONTABILIDADE 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ivanildo Viana Moura 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Seja bem-vindo(a) a esta aula de nossa disciplina. Nela você terá um 
primeiro contato com a contabilidade e saberá um pouco mais sobre a história 
dessa ciência. Para tanto, trataremos dos seguintes temas: 
1. Conceito, objeto e objetivo da contabilidade; 
2. Origem e evolução da contabilidade; 
3. Escolas da contabilidade; 
4. Tipos de informações: patrimoniais, financeiras e econômicas; 
5. Enfoques prescritivo e descritivo. 
Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os 
exercícios. Lembre-se, a melhor maneira de aprender é praticando. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
A contabilidade é uma ciência muito antiga, cuja evolução acompanhou a 
evolução do próprio homem, tendo percorrido um longo caminho até chegar ao 
patamar em que se encontra hoje. 
No decorrer de sua história, muitas teorias foram desenvolvidas, e, a partir 
delas, surgiram as escolas da contabilidade, sendo a primeira a escola italiana. 
Hoje, a contabilidade já está bem estruturada, e as práticas desenvolvidas 
estão se tornando padrão para diversos países em decorrência da harmonização 
às normas internacionais de contabilidade. 
TEMA 1 – CONCEITO, OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE 
A evolução das sociedades transforma o ambiente no qual estão inseridas 
e possibilita o surgimento de várias ciências que visam explicar os fenômenos 
por trás dessas transformações. Dessa forma, a área voltada ao estudo dos 
aspectos sociais da humanidade, ou seja, da vida em sociedade, é a ciência 
social. Esse ramo da ciência inclui a sociologia, a antropologia, o marketing, a 
economia, o direito, a administração e a contabilidade. 
Surpreso(a)? Talvez você tivesse imaginado a contabilidade como uma 
ciência exata, pois o nome contabilidade remete a contas, que, por sua vez, 
remete a cálculos, e que remete às ciências exatas. No entanto, o sentido das 
 
 
3 
“contas” é bem mais profundo que isso, pois implica relações, o que estudaremos 
no decorrer desta disciplina. 
A ciência contábil realmente se utiliza de cálculos para evidenciar 
resultados e fornecer informações, mas, conforme explicado por Marion (2006, 
p. 26), “ainda que a contabilidade se utilize de métodos quantitativos, não 
podemos confundi-la com as ciências matemáticas (ou exatas), que têm por 
objeto as quantidades consideradas abstratas que independem das ações 
humanas”. 
Perceba então que a contabilidade, assim como outras ciências sociais, 
se utiliza das técnicas fornecidas pelas ciências exatas como ferramentas para 
alcançar seus objetivos, mas ela tem o aspecto da subjetividade que é 
relacionado ao julgamento dos tomadores de decisão em torno do patrimônio da 
entidade. Assim, “a contabilidade é uma ciência social, pois estuda o 
comportamento das riquezas que se integram no patrimônio, em face das ações 
humanas (portanto, a contabilidade ocupa-se de fatos humanos)” (Marion, 2006, 
p. 26). 
Agora você já sabe que a contabilidade faz parte do grupo de ciências 
sociais, vamos entender um pouco sobre ela. 
1.1 Conceito de contabilidade 
No mundo dos negócios, a informação é muito valiosa, pois é com base 
nela que todo o processo de decisão é desencadeado. Assim, os tomadores de 
decisões necessitam de informações sobre a empresa na qual possuem algum 
tipo de interesse, e a contabilidade é a principal fonte dessas informações. De 
acordo com Padoveze (2007), a ciência contábil é a única especializada em 
avaliar economicamente a empresa e seus resultados, e, por isso, todas as 
ações da entidade terminam por convergir no sistema de informação contábil, o 
qual se classifica como um sistema de avaliação e gestão econômica. 
Nesse entendimento, Greco, Gartner e Arend (2009) afirmam que a 
contabilidade é responsável por registrar, estudar e interpretar os fatos 
financeiros e econômicos que afetam a situação patrimonial de determinada 
pessoa física ou jurídica. De acordo com os autores, as informações geradas 
pela contabilidade são apresentadas aos usuários por meio das demonstrações 
contábeis e relatórios gerenciais. 
 
 
4 
Segundo Ferrari (2013), o campo de aplicação dessa ciência se estende 
a todas as entidades que possuam patrimônio, sejam físicas ou jurídicas, de fins 
lucrativos ou não. Portanto, dada a importância da contabilidade no ramo dos 
negócios, de forma pragmática, essa ciência pode ser conceituada da seguinte 
da seguinte forma: “A contabilidade é a linguagem dos negócios” (Marion, 
2009, p. 24), pois ela “mede os resultados das empresas, avalia o desempenho 
dos negócios, dando diretrizes para a tomada de decisões”. 
1.2 Objetivo da contabilidade 
As informações fornecidas pela contabilidade tendem a atender aos mais 
diversos usuários. Conforme Marion (2006), qualquer pessoa física ou jurídica 
com interesse em conhecer dados de certa entidade pode ser considerada um 
usuário da informação contábil. Ainda conforme o autor, os usuários podem ser 
classificados em internos (gerentes, diretores, administradores, funcionários) ou 
externos à empresa (instituições financeiras, fornecedores, governo, sindicatos). 
Assim, uma vez definido o conceito de contabilidade como a linguagem 
dos negócios, é importante conhecer também o seu objetivo, o qual é dado pela 
resolução 774 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC): “o objetivo científico 
da contabilidade manifesta-se na correta apresentação do patrimônio e na 
apreensão e análise das causas das suas mutações” (Brasil,1995). 
Por outro lado, interpretando a estrutura conceitual básica da 
contabilidade, Marion (2006) descreve que o objetivo da contabilidade é permitir 
aos usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, tanto 
num sentido estático quanto a fazer inferências sobre tendências financeiras. 
De modo geral, em qualquer contexto analisado, veremos que o objetivo 
está relacionado ao reporte de informações sobre aspectos patrimoniais das 
entidades. Diante disso, pode-se dizer que o objetivo da contabilidade é fornecer 
informações úteis aos usuários tomadores de decisão. 
1.3 Objeto da contabilidade 
Conforme já comentado, o objetivo da contabilidade é fornecer 
informações úteis aos usuários das informações contábeis, os quais geralmente 
tomam decisões baseados em tais informações. Nesse contexto, as informações 
 
 
5 
fornecidas são relacionadas ao patrimônio das entidades. Diante desse aspecto, 
o objeto da contabilidade passa a ser o patrimônio das entidades. 
Nesse entendimento, têm-se então a definição do objeto da contabilidade, 
o patrimônio: “um conjunto impessoal de meios e recursos materiais e imateriais, 
existente em determinado momento, visando à satisfação das necessidades da 
atividade de uma célula social” (Sá, 1999, p. 56). 
No texto dado pela resolução 774 do Conselho Federal de Contabilidade, 
o patrimônio é descrito de forma mais abrangente: 
Na Contabilidade, o objeto é sempre o PATRIMÔNIO de uma Entidade, 
definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com 
terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, 
como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou 
instituição de qualquer natureza, independentemente da sua 
finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. (Brasil, 1995) 
Dado o contexto anterior, a contabilidade, como linguagem dos negócios, 
fornecerá informações úteis aos usuários, acerca do patrimônio das entidades, 
o qual pode ser conceituado de forma mais prática como o conjunto de bens, 
direitos e obrigações de uma entidade. 
TEMA 2 – ORIGEM E EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE 
A contabilidadeestá intimamente relacionada ao controle. De acordo com 
Favero et al. (2011), não se pode precisar exatamente a época em que essa 
ciência teve início, mas acredita-se que seja tão antiga quanto a origem do 
próprio homem. Segundo os autores supracitados, “a partir do momento em que 
o homem passou a possuir bens, houve consequentemente a necessidade de 
controlar esses bens, surgindo assim o inventário”. 
Dessa forma, o controle do patrimônio pode ser considerado a origem da 
contabilidade, no momento em que o homem primitivo começou a desenvolver 
o pensamento de quantificar seus bens, deixando rastros que, bem mais tarde, 
seriam descobertos por historiadores, servindo como evidências para a 
existência da contabilidade na antiguidade. Segundo Iudícibus (2010, p. 35): 
o homem primitivo, ao inventariar o número de instrumentos de caça e 
pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas de 
bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. 
É possível localizar os primeiros exemplos completos de 
contabilização, portanto, seguramente no terceiro milênio antes de 
Cristo, na civilização da Suméria e da Babilônia (hoje Iraque), no Egito 
e na China. Mas é provável que algumas formas mais rudimentares de 
contagem de bens tenham sido realizadas bem antes disso [...]. 
 
 
6 
Nesse contexto, a contabilidade surgiu da necessidade de controle, tendo 
se iniciado ainda na antiguidade, quando o homem começou a pensar e as 
civilizações começaram a se formar. A partir desse momento, à medida que a 
sociedade evoluía, a contabilidade passou a acompanhá-la. 
2.1 Fases evolutivas da contabilidade 
A contabilidade, desde sua origem, foi engatinhando aos poucos até 
chegar ao patamar em que se encontra hoje, tendo passado por várias fases 
evolutivas, as quais acompanharam a própria evolução das civilizações. Essas 
fases são descritas por Federigo Melis (citado pelo Conselho Regional de 
Contabilidade do Paraná) e divididas em quatro períodos, conforme segue: 
2.1.1 1º período: história antiga ou da contabilidade empírica 
O primeiro período das fases da contabilidade teve início nos primórdios 
da civilização, quando o homem começou a desenvolver a habilidade de pensar 
– o raciocínio – e começou a controlar seus bens. De acordo com Coelho e Lins 
(2010), no início o homem preocupava-se basicamente em controlar seus 
alimentos, e, segundo Iudícibus (2010), os inventários controlavam os 
instrumentos de caça e pesca, os rebanhos e as ânforas de bebidas, praticando, 
portanto, uma forma rudimentar de contabilidade. 
Como ainda não existia a escrita, as formas de controles eram realmente 
rudimentares, demonstrando inclusive certa “criatividade” por parte do homem 
primitivo. Nesse sentido, Sá (1999, p. 18) expõe o seguinte contexto: 
Com o uso de sua arte, o homem primitivo passou a evidenciar a 
riqueza patrimonial que detinha, em inscrições nas paredes das grutas 
(onde introduziu pinturas) e também pedaços de ossos (por meio de 
riscos ou sulcos), utilizando-se dos instrumentos de que já dispunha. 
O desenho do animal ou coisa representava a natureza da utilidade 
que o homem primitivo havia conquistado e guardara; os riscos que 
quase sempre se seguiam ao desenho da coisa ou objeto denunciavam 
a quantidade existente. De forma rudimentar, as inscrições 
procuravam, com desenhos, representar a qualidade da coisa e com 
rabiscos ou riscos a quantidade. 
Pode-se perceber como a contabilidade teve sua origem de forma um 
tanto quanto empírica, quando o homem começou a desenvolver práticas que 
mais tarde evidenciariam uma das ciências sociais mais importantes da história. 
O homem escriturava os bens em ossos, cavernas e placas de barro, conforme 
descobertas feitas na Mesopotâmia, na cidade de Uruk (Coelho; Lins, 2010). 
 
 
7 
O primeiro período teve início com as primeiras civilizações e terminou em 
1202 d.C., com a obra de Leonardo Fibonacci. 
Figura 1 – Primeiro período da história da contabilidade 
 
2.1.2 2º período: história média ou da sistematização da contabilidade 
Leonardo Fibonacci (também conhecido como Leonardo de Pisa, 
Leonardo Pisano ou Leonardo Bigollo) foi um italiano da cidade de Pisa que, 
segundo Hendriksen e Van Breda (2007), cresceu no norte da África, onde 
aprendeu tanto a língua quanto a matemática dos árabes. Ao voltar à Itália, 
escreveu um livro no qual disseminava o conhecimento adquirido. 
O Líber Ábaci (livro do ábaco) tratava de “aritmética, cálculos comerciais 
e da álgebra; nele Fibonacci estuda os números que recomenda sua aplicação 
para demonstração de dívidas e de prejuízos nos cálculos comerciais” (Ribeiro 
Filho; Lopes; Pederneiras, 2009, p. 22). Dessa forma, a história dos números no 
Ocidente iniciou-se com a publicação do livro de Fibonacci (Coelho; Lins, 2010). 
A obra de Fibonacci foi o primeiro marco para a sistematização da 
contabilidade, mas, depois dela, outras apareceram. De acordo com Iudícibus 
(2010), as partidas dobradas começaram a aparecer já no século XIII, nos 
grandes empreendimentos, embora fossem técnicas incompletas. Segundo o 
autor, o surgimento da técnica pode ter ocorrido entre 1280 e 1335. 
No entanto, o marco principal que encerra o segundo período da história 
da contabilidade é justamente a publicação do livro que divulgava o método das 
partidas dobradas em 1494, trazendo importantes contribuições para a 
sistematização da contabilidade. 
 
 
 
8 
Figura 2 – Segundo período da história da contabilidade 
 
2.1.3 3º período: história moderna ou da literatura da contabilidade 
Em 1494, o Frei Luca Pacioli lança o livro Summa de aritmetica, 
geometria, proportioni et proportionalita (conhecimentos de aritmética, 
geometria, proporção e proporcionalidade). De acordo com Iudícibus (2010), um 
capítulo em especial se distingue para a história da contabilidade, o Tractatus de 
computies et scripturis (contabilidade por partidas dobradas). “Nesse tratado, 
talvez pela primeira vez,o método contábil é explicado integralmente a partir do 
inventário. Pacioli é considerado, portanto, o ‘pai dos autores de Contabilidade’” 
(Iudícibus, 2010, p. 45). 
Com a publicação do livro de Pacioli, o método das partidas dobradas 
tornou-se conhecido por toda a Europa, e, com a expansão do comércio 
marítimo, passou a ser conhecido também nos outros continentes, sendo 
adotado por comerciantes de praticamente todo o mundo. 
A partir da obra de Pacioli, outros trabalhos começaram a surgir, nos quais 
os tratadistas faziam pequenos melhoramentos no método das partidas 
dobradas, na tentativa de aperfeiçoá-lo. Em 1840, uma nova publicação fez 
encerrar o terceiro período da contabilidade. 
Figura 3 – Terceiro período da história da contabilidade 
 
 
 
 
9 
2.1.4 4º período: história contemporânea ou científica da contabilidade 
Em 1840, Francesco Villa publica o livro La contabilità applicatta alle 
amministrazioni private e pubbliche. Nesse livro, Villa expôs que a contabilidade 
deveria ser utilizada não somente para a escrituração, mas também para a 
tomada de decisão. 
De acordo com Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009, p. 27), “a 
contribuição de Villa para o desenvolvimento científico da contabilidade se 
destacou em diversas áreas: sobre o estudo dos meios patrimoniais, sobre a 
renda, sobre o regime de competência, entre outros”. 
Com a obra de Villa, a contabilidade deixa de ser uma simples técnica de 
escrituração/registro e se afirma como ciência. Seu estudo se torna necessário 
e sua fase científica, que se iniciou com Villa, permanece até os dias atuais. 
Figura 4 – Quarto período da história da contabilidade 
 
TEMA 3 – ESCOLAS DA CONTABILIDADE 
A expansão do comércio e o crescimento econômico fizeram com que a 
necessidade de técnicas contábeis se tornasse mais acentuada. Dessa forma, o 
desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas voltadas à escrituração de 
eventos econômicosdeu origem às escolas de contabilidade. 
Podemos citar duas escolas de grande influência para a ciência contábil, 
a italiana (a primeira delas) e a norte-americana. 
3.1 A escola italiana de contabilidade 
Conforme vimos no Tema 2, pode-se dizer que a Itália foi o berço da 
contabilidade, pois foi nas cidades italianas que começaram a surgir obras 
 
 
10 
voltadas para o desenvolvimento e sistematização das técnicas de escrituração, 
em especial, o método das partidas dobradas. 
Após a divulgação do método das partidas dobradas por meio do livro do 
frei Luca Pacioli, a escola italiana ganhou grande impulso e se espalhou por toda 
a Europa (Favero et al. 2011). Dentro da escola italiana, surgiram várias 
correntes de pensamento contábil, sendo as principais descritas a seguir. 
3.1.1 Escola contista 
 Foi a primeira corrente do pensamento contábil da escola italiana, tendo 
surgido dos estudos acerca do método das partidas dobradas (Favero et al., 
2011). De acordo com Coelho e Lins (2010), a ideia central do contismo versava 
sobre o fato de se pensar que o comércio teria cinco objetivos principais: 
1. Mercadorias; 
2. Dinheiro; 
3. Efeitos a receber; 
4. Efeitos a pagar; 
5. Lucros e perdas. 
Esses objetivos são conteúdo da Teoria das Cinco Contas, de Edmundo 
Degrange, que se baseou nas teorias desenvolvidas por Jacques Savary em 
torno das partidas dobradas no século XVII, quando deu-se o auge do contismo 
(Ribeiro Filho; Lopes; Pederneiras, 2009). 
De acordo com os autores supracitados, fazer lançamentos de débito ou 
crédito em uma dessas contas seria o mesmo que creditar o próprio comerciante, 
e essa personificação gerou críticas ao modelo, sendo Francesco Marchi um dos 
principais críticos da primeira escola italiana. 
3.1.2 Escola personalista 
A teoria personalista vincula as contas às pessoas responsáveis pelos 
fatos. Essas pessoas devem à empresa os valores correspondentes aos bens 
ou direitos sob sua responsabilidade, ou são credoras das obrigações assumidas 
pela empresa. A teoria personalista foi desenvolvida por Francesco Marchi, e, 
posteriormente, Giuseppe Cerboni estabeleceu seus princípios (Crepaldi, 2010). 
Segundo Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), Francesco Marchi 
apresentou a base de sua teoria dividindo as contas em três grupos: 
 
 
11 
1. Contas do proprietário: o proprietário é a pessoa que entregou ao 
administrador o capital e, por isso, tem direito àquela parcela e suas 
variações (Crepaldi, 2010). Essa conta diz respeito ao capital, lucro e 
perdas. As contas de lucro e perdas compreendiam as contas de receita. 
2. Contas dos agentes consignatários: pessoas encarregadas pelo 
administrador de guardar os bens existentes no patrimônio, e possuem 
responsabilidade perante o administrador pelos valores que lhe forem 
entregues (Crepaldi, 2010): dinheiro, mercadorias, bens móveis etc. 
3. Contas de correspondentes: pessoas que mantêm relações jurídicas 
com o administrador. As relações podem ser de ativo, quando 
representam direitos, ou de passivos, quando representam obrigações 
(Crepaldi, 2010). Essas contas representam as relações com terceiros. 
Segundo Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), a teoria personalista 
foi refutada por Fábio Besta, que explicitou falhas no método. 
3.1.3 Escola controlista 
A teoria controlista considerava o objeto da contabilidade o controle 
econômico das aziendas, e esse controle envolvia um estudo dos fatores que 
provocam variações no patrimônio. Dessa forma, a visão de Fábio Besta sobre 
a contabilidade divergia da visão da escola personalista, pois, para ele, as contas 
não eram abertas a pessoas, e sim para registrar valores. 
Segundo Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras, a base doutrinária da escola 
controlista era voltada para a administração econômica das entidades. Conforme 
os autores, Fábio Besta enxergava o controle em todas as fases do processo de 
geração de riqueza da entidade, denominando-as controle antecedente, controle 
concomitante e controle subsequente, cada uma com funções próprias, mas 
todas atuando de forma integrada. 
 De acordo com Favero et al. (2011), a proposta da teoria controlista de 
indicar o controle como objeto da contabilidade representou um avanço em 
termos de organização do processo contábil. No entanto, a teoria passou a ser 
criticada porque, embora o controle econômico seja uma das finalidades do 
sistema de escrituração, não abrange a sua totalidade como objeto da 
contabilidade. 
 
 
 
12 
3.1.4 Escola aziendalista 
Azienda pode ser conceituada como “o conjunto de bens, direitos e 
obrigações que constituem o patrimônio, sob ação administrativa do homem” 
(Crepaldi, 2010, p. 7). A escola aziendalista teve como percursor Gino Zappa, 
que defendia que o estudo da contabilidade estava muito restrito em face das 
ideias da corrente controlista e ampliou esse campo para o estudo da gestão. 
Assim, Zappa considerava a azienda como um complexo econômico, e não 
simplesmente a soma dos fenômenos (Favero et al. 2011). 
Conforme Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), a teoria aziendalista 
procurava demonstrar que existe uma interdependência entre organização, 
administração e contabilidade, formando a ciência econômica aziendal. No 
entanto, esta também sofreu críticas, principalmente por Vincenzo Masi, que 
defendia o patrimônio como objeto da contabilidade (Favero et al., 2011). 
3.1.5 Escola patrimonialista 
A teoria patrimonialista de Vincenzo Masi tem como foco os estudos na 
essência dos fatos econômicos e dos seus efeitos sobre a riqueza patrimonial 
das aziendas (Ribeiro Filho; Lopes; Pederneiras, 2009). Segundo essa teoria, o 
patrimônio se transforma com o desenvolvimento das atividades econômicas, 
devendo ser conhecidos e analisados adequadamente os motivos das variações 
ocorridas dentro de determinado período (Favero et al., 2011). 
Segundo Coelho e Lins (2010), Masi considerava o patrimônio sob dois 
aspectos, o estático e o dinâmico. A estática patrimonial examinava a estrutura 
da riqueza patrimonial, e a dinâmica lidava com a movimentação dessa estrutura. 
Essa foi a primeira escola que definiu o patrimônio como objeto da contabilidade. 
3.2 Escola americana 
No fim do século XIX e início do século XX, a contabilidade teve sua 
expansão dada por uma série de acontecimentos, entre os quais o 
desenvolvimento do mercado de capitais e o rápido desenvolvimento do 
comércio e da indústria. Nesse contexto, surgiram grandes conglomerados 
comerciais e industriais com a participação de inúmeros acionistas, fazendo com 
que houvesse a necessidade de aprimoramento das técnicas contábeis. Estas 
deveriam atender um número muito maior de usuários, que pressionavam as 
 
 
13 
organizações exigindo informações confiáveis para garantir a integridade de 
seus investimentos (Favero, et al., 2011). 
O grande fluxo de capital estrangeiro que ingressou nos Estados Unidos, 
bem como o seu desenvolvimento industrial, fizeram com que esse país 
aprimorasse as técnicas contábeis, focando em informações econômicas e 
financeiras, e destacando-se principalmente em técnicas de auditoria (Ribeiro 
Filho; Lopes; Pederneiras, 2009). 
A escola norte-americana dava grande ênfase aos problemas econômico-
administrativos. Dessa forma, contribuiu grandemente para a formação de áreas 
como a contabilidade financeira, contabilidade gerencial, contabilidade de 
custos, controladoria, análise de demonstrações contábeis, finanças, orçamento 
etc. Devido a esses e outros aspectos, a escola norte-americana começou a 
ganhar destaque, superando a escola italiana. 
3.3 Queda da escola italiana e ascensão da escola norte-americana 
O início do século XX trouxe consigo o surgimento de gigantescas 
corporações, o desenvolvimento do mercado de capitais e um alto ritmo de 
desenvolvimento aos Estados Unidos. Esses fatores propiciaram um avanço das 
teoriase práticas contábeis norte-americanas (Iudicibus; Marion, 2002), levando 
a escola italiana a perder sua força. Os principais fatores que levaram à 
ascensão da escola norte-americana são descritos no Quadro 1. 
 
 
 
14 
Quadro 1 – Comparação entre as duas escolas 
Razões da queda da escola italiana 
Razões da ascensão da escola norte-
americana 
1. Excessivo culto à personalidade: 
grandes mestres e pensadores da 
contabilidade ganharam tanta notoriedade 
que passaram a ser vistos como "oráculos" 
da verdade contábil. 
1. Ênfase no usuário da informação 
contábil: a contabilidade é apresentada 
como algo útil para a tomada de decisões, 
evitando-se endeusar demasiadamente a 
contabilidade; atender os usuários é o grande 
objetivo. 
2. Ênfase numa contabilidade teórica: as 
mentes privilegiadas produziam trabalhos 
excessivamente teóricos, apenas pelo gosto 
de serem teóricos, difundindo ideias com 
pouca aplicação prática. 
2. Ênfase na contabilidade aplicada: 
principalmente na contabilidade gerencial. Ao 
contrário dos europeus, não havia uma 
preocupação com a teoria das contas, ou 
querer provar que a contabilidade é uma 
ciência. 
3. Pouca importância à auditoria: 
principalmente na legislação italiana, o grau 
de confiabilidade e a importância da 
auditagem não eram enfatizados. 
3. Bastante Importância à auditoria: como 
herança dos ingleses e transparência para os 
investidores das sociedades anônimas (e 
outros usuários) nos relatórios contábeis, a 
auditoria é muito enfatizada. 
4. Queda no nível das principais 
faculdades: principalmente as faculdades 
italianas, superpovoadas de alunos. 
4. Universidade em busca de qualidade: 
grandes quantias para as pesquisas no 
campo contábil, o professor em dedicação 
exclusiva e o aluno em período integral 
valorizaram o ensino nos Estados Unidos. 
Fonte: Iudicibus; Marion, 2002, p. 36. 
 Apesar das diferenças entre as escolas, ambas foram e ainda são de 
suma importância para a contabilidade. A escola italiana deu início a tudo e levou 
ao desenvolvimento da ciência, e a norte-americana aprimorou as técnicas e deu 
outro rumo à contabilidade, expandindo seu campo de atuação e sua aplicação. 
TEMA 4 – TIPOS DE INFORMAÇÕES: PATRIMONIAIS, FINANCEIRAS E 
ECONÔMICAS 
A contabilidade tem como objetivo gerar informações para que os diversos 
usuários possam tomar decisões (Favero et al., 2011). O sistema de informação 
contábil é o meio utilizado para efetivar a contabilidade e a informação contábil 
dentro da organização, preocupando-se em disponibilizar informações úteis para 
a tomada de decisões para todos os usuários que possuem interesse na 
entidade em questão (Padoveze, 2007). 
Os usuários da informação contábil são diversos, pessoas físicas ou 
jurídicas, entidades com ou sem fins lucrativos, cujos interesses podem ser 
 
 
15 
econômicos ou sociais. Os principais grupos de interesses nas informações 
contábeis são relacionados por Marion (2009, p. 24): 
(a) Investidores: Os provedores de capital de risco e seus analistas 
que se preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno 
que ele produz. Eles necessitam de informações para ajudá-los a 
decidir se devem comprar, manter ou vender investimentos. Os 
acionistas também estão interessados em informações que os 
habilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de pagar dividendos. 
(b) Empregados: Os empregados e seus representantes estão 
interessados em informações sobre a estabilidade e a lucratividade de 
seus empregadores. Também se interessam por informações que lhes 
permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua 
remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades 
de emprego. 
(c) Credores por empréstimos: Estes estão interessados em 
informações que lhes permitam determinar a capacidade da entidade 
em pagar seus empréstimos e os correspondentes juros no 
vencimento. 
(d) Fornecedores e outros credores comerciais: Os fornecedores e 
outros credores estão interessados em informações que lhes permitam 
avaliar se as importâncias que lhes são devidas serão pagas nos 
respectivos vencimentos. Os credores comerciais provavelmente estão 
interessados em uma entidade por um período menor do que os 
credores por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade 
da entidade como um cliente importante. 
(e) Clientes: Os clientes têm interesse em informações sobre a 
continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um 
relacionamento a longo prazo com ela, ou dela dependem como 
fornecedor importante. 
(f) Governo e suas agências: Os governos e suas agências estão 
interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das 
entidades. Necessitam também de informações a fim de regulamentar 
as atividades das entidades, estabelecer políticas fiscais e servir de 
base para determinar a renda nacional e estatísticas semelhantes. 
(g) Público: As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas 
podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local 
de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando 
fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o 
público fornecendo informações sobre a evolução do desempenho da 
entidade e os desenvolvimentos recentes. 
Considerando-se o objetivo principal da contabilidade, a aplicação dessa 
ciência dentro de determinada empresa busca o fornecimento de informações 
aos usuários sobre aspectos de natureza patrimonial, financeira e econômica. 
4.1 Informações patrimoniais 
As contas patrimoniais dizem respeito aos itens do patrimônio, ou seja, o 
conjunto de bens, direitos e obrigações. Dessa forma, as informações sobre a 
posição patrimonial da entidade são extraídas da principal demonstração 
contábil, o balanço patrimonial. 
 
 
 
16 
Figura 5 – Elementos do Balanço Patrimonial 
 
O balanço patrimonial é o demonstrativo que possibilita ao usuário ter uma 
visão geral do patrimônio. Por meio dele, é possível saber como anda a situação 
patrimonial da entidade, a qual diz respeito aos itens que compõem o patrimônio 
da empresa, o seu conjunto de bens, direitos e obrigações. 
Os bens da empresa são os itens que ela já possui, tais como dinheiro em 
caixa, dinheiro em contas bancárias, estoques de mercadorias, produtos ou 
matéria-prima, imobilizados, marcas, patentes etc. Os direitos, na maioria das 
vezes, dizem respeito a vendas já realizadas e negociadas para pagamento 
futuro. O conjunto de bens e direitos forma o ativo da empresa. 
As obrigações podem ser divididas em duas partes: capital de terceiros e 
capital próprio. O capital de terceiros é representado pelo passivo e demonstra 
quanto da origem de recursos vem de terceiros. Nesta conta estão classificados 
os empréstimos, financiamentos, salários a pagar, impostos a recolher, 
fornecedores etc. A conta de capital próprio é representada pelo patrimônio 
líquido da empresa e diz respeito ao capital que sócios ou proprietários 
investiram no negócio. Nesta conta temos o capital social, reservas, prejuízos 
acumulados etc. 
As informações patrimoniais são de extrema importância para a entidade, 
pois são a base para o gerenciamento das operações da organização. 
4.2 Informações financeiras 
Empresas precisam tomar decisões rotineiras quanto ao gerenciamento 
de suas operações. Essas decisões – subsidiadas por informações financeiras 
– abrangem dois aspectos muito importantes: a sobra e a falta de dinheiro. 
De acordo com Hoss (2013), as organizações precisam de dinheiro para 
moverem seu negócio, e, para que não lhes falte esse recurso, é necessário um 
PATRIMÔNIO
OBRIGAÇÕES
PASSIVO
PATRIMÔNIO 
LÍQUIDO
BENS E 
DIREITOS
ATIVO
 
 
17 
conjunto de informações que possibilite antecipar problemas de ordem 
financeira. Segundo o autor, a sobra de dinheiro também requer tomada de 
decisões para contribuir com a criação de riqueza, e as informações financeiraspodem diagnosticar a necessidade de empréstimos devido à falta de dinheiro e 
investimentos. De acordo com Marion (2009, p. 87), a situação financeira da 
entidade pode ser evidenciada também pelo balanço patrimonial: 
Observamos até o momento que o Balanço Patrimonial evidencia a 
situação patrimonial (bens, direitos e obrigações) da empresa. 
Poderíamos ainda, numa abordagem mais específica, atribuir ao 
Balanço Patrimonial a função (entre outras) de indicador da situação 
financeira da entidade, ou seja, a capacidade de pagamento da 
empresa. A simples comparação entre o Ativo Circulante e o Passivo 
Circulante propicia ao usuário do Balanço uma visão panorâmica da 
Situação Financeira da empresa a curto prazo (para o exercício social 
seguinte ao encerramento do balanço). O Ativo Circulante é constituído 
de dinheiro (disponível), de quase dinheiro (Duplicatas a Receber) e de 
futuro dinheiro (Estoque). Na verdade, os recursos financeiros 
(dinheiro) utilizados para fazer frente às dívidas da empresa (Passivo 
Circulante) são retirados do Ativo Circulante. Dessa forma, 
normalmente, se o Ativo Circulante for menor que o Passivo Circulante, 
a empresa comercial ou industrial terá dificuldade em solver seus 
compromissos; portanto, sua Situação Financeira não é boa. A 
Situação Financeira poderá, também, ser objeto de análise para 
situações a Longo Prazo. Nesse caso, incluiríamos ao Circulante, na 
comparação, o Realizável e o Exigível a Longo Prazo (Ativo Circulante 
+ Realizável a Longo Prazo: Passivo Circulante + Exigível a Longo 
Prazo). Outras variáveis, enfim, seriam consideradas para uma análise 
da Situação Financeira da empresa. 
Embora o balanço patrimonial forneça informações financeiras sobre o 
patrimônio da entidade, a principal demonstração para essas informações é o 
Demonstrativo de Fluxos de Caixa (DFC), pois fornece informações detalhadas 
sobre as atividades de investimento, de financiamento e operacionais da 
empresa durante o período abrangido pelas demonstrações contábeis. 
4.3 Informações econômicas 
As informações acerca da situação econômica da entidade dizem respeito 
às mutações ocorridas no patrimônio líquido, em decorrência dos resultados 
alcançados no decorrer de determinado período. Segundo Marion (2009, p. 88), 
“uma forma de avaliar a situação econômica é observar o Patrimônio Líquido da 
empresa e sua variação. Evidentemente, o crescimento real do Patrimônio 
Líquido vem fortalecer sua situação econômica”. Assim, pode-se dizer que, se o 
patrimônio líquido apresentou crescimento de um período para outro em 
proporção maior que o passivo, a situação econômica da empresa melhorou. 
 
 
18 
Caso o patrimônio líquido tenha apresentado crescimento em proporção menor 
que o passivo, a situação econômica piorou. 
A evolução a seguir mostra uma situação econômica favorável: 
Figura 6 – Evolução de situação econômica favorável 
 
De acordo com Marion (2009), a principal fonte de fortalecimento do 
patrimônio líquido é o bom lucro, assim, a constante obtenção de resultados 
positivos contribui para uma situação econômica mais sólida. Nesse 
entendimento, embora o balanço patrimonial possibilite uma visão da situação 
econômica, a principal demonstração para o fornecimento desse tipo de 
informação é o demonstrativo de resultado. 
Os usuários da informação contábil tomam decisões econômicas 
relacionadas à capacidade da entidade em gerar caixa e equivalentes de caixa, 
se ela conseguirá pagar suas contas (fornecedores, juros, empregados, 
empréstimos) e também se conseguirá pagar dividendos. Por meio do 
demonstrativo de resultado do exercício, o usuário tem uma ideia da eficiência 
operacional da entidade, visto que esse demonstrativo mostra o total de receitas 
do período e a confrontação delas com os custos e despesas, possibilitando que 
seja visualizada a capacidade de geração de caixa da organização. 
TEMA 5 – ENFOQUES PRESCRITIVO E DESCRITIVO 
Com o estabelecimento da contabilidade como ciência, no decorrer do 
século XX ela se desenvolveu como disciplina acadêmica, levando a maior parte 
das grandes universidades do mundo a possuírem programas de pesquisa na 
ATIVO PASSIVO 
PL 
1.000,00 200,00 
800,00 
Período 1 
ATIVO PASSIVO 
PL 
1.000,00 400,00 
600,00 
Período 2 
ATIVO PASSIVO 
PL 
1.000,00 500,00 
500,00 
Período 3 
 
 
19 
área contábil. “A prática contábil é bastante anterior à atuação acadêmica, de 
forma que se pode estabelecer claramente uma disciplina das ciências sociais 
que nasceu das demandas e anseios dos agentes operando em sociedade” 
(Lopes; Martins, 2007, p. 3). 
Figura 6 – Principais órgãos que operam em sociedade regulando a 
contabilidade 
 
De acordo com Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), a metodologia 
científica é a disciplina que instrumentaliza o processo de conhecimento 
científico, visando gerar caminhos que aperfeiçoem a civilização humana. A 
construção de conhecimento inicia com os métodos que proporcionam bases 
lógicas para a investigação. No caso da contabilidade, trabalharemos com os 
métodos indutivo e dedutivo. 
5.1 Métodos que proporcionam bases lógicas para a investigação 
De acordo com Gil (2008, p. 28) os métodos que proporcionam bases 
lógicas para a investigação “esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que 
deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da 
natureza e da sociedade”. Segundo o autor, esses métodos “possibilitam ao 
pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de 
explicação dos fatos e da validade de suas generalizações”. 
Os métodos esclarecem os procedimentos lógicos a serem seguidos no 
processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. 
Um item que deve ser considerado nas pesquisas científicas e que 
proporciona base lógica para a investigação é o argumento. Conforme exposto 
por Cooper e Schindler (2014, p. 66) “o argumento nos permite explicar, 
 
 
20 
interpretar, defender, desafiar e explorar o significado. Dois tipos de argumentos 
de grande importância para a pesquisa são a dedução e a indução”. 
5.1.1 Método dedutivo 
De acordo com Gil (2008), o método dedutivo começa do geral e desce 
ao particular, partindo de princípios reconhecidos como verdadeiros e 
indiscutíveis e possibilitando que se chegue a conclusões de maneira puramente 
formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. Segundo o autor, esse é o 
método proposto pelos racionalistas, segundo os quais apenas a razão é capaz 
de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes 
e irrecusáveis. 
A aplicação desse método em contabilidade, de acordo com Iudícibus 
(2006), dá-se pelo processo de iniciar com objetivos e postulados para extrair 
princípios lógicos que proveem as bases para aplicações práticas e concretas. 
O método dedutivo é mais utilizado por pesquisadores normativistas. 
5.1.2 Método indutivo 
O raciocínio indutivo é um processo mental no qual o pesquisador parte 
de dados particulares constatados e infere uma verdade geral ou universal 
(Markoni; Lakatos, 2003). Complementarmente, Gil (2008, p. 10) afirma que 
indutivo é o método proposto pelos empiristas, os quais acreditam na formação 
do conhecimento a partir das experiências humanas, desconsiderando muitas 
vezes normas e princípios estabelecidos. Esse tipo de pesquisador adota em 
suas pesquisas, geralmente, o enfoque positivista, o qual é relacionado aos 
acontecimentos do mundo real. 
Assim, com base nesses dois métodos, temos as duas abordagens 
utilizadas em pesquisas científicas na contabilidade, o enfoque prescritivo e o 
enfoque descritivo. 
5.2 Enfoque prescritivo 
Segundo Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), o universo de 
conhecimento que temos hoje em contabilidade – estrutura conceitual, normas 
e procedimentos, modelos de demonstrações, modelos de atuação da auditoria 
 
 
21 
e perícia contábil,modelos de livros contábeis, técnicas de escrituração etc. – 
são frutos da aplicação do método prescritivo (normativo) em contabilidade. 
De acordo com Iudicibus (2006), a teoria normativa se apoia no 
dedutivismo, e de forma prescritiva ela demonstra como a contabilidade deveria 
ser à luz dos postulados contábeis, que são dados indiscutíveis. Nesse sentido, 
a teoria normativa impõe o que deve ser feito, fundamentada nos objetivos e 
postulados da contabilidade. 
O processo normativo implica criatividade. Nesse entendimento, Ribeiro 
Filho, Lopes e Pederneiras (2009) assumem que a criatividade é de suma 
importância na adoção do processo normativo, pois diz respeito ao ato de instituir 
ou estabelecer uma representação, modelo ou protótipo que traduza uma 
possibilidade de adoção prática no campo de atuação da contabilidade. 
Dessa forma, pesquisas em contabilidade utilizando o enfoque prescritivo 
dizem respeito à criação de novos procedimentos, ou mesmo o aperfeiçoamento 
dos já existentes, para que se busque melhorar cada vez mais a ciência contábil. 
Dessa forma, o normativismo estaria elaborando novas normas, padrões e 
procedimentos, considerando a existência de objetivos e postulados, adotados 
e impostos pelos órgãos que regulamentam a contabilidade. 
5.3 Enfoque descritivo 
O enfoque descritivo (positivo) tem essência empírica. Nele, a pesquisa 
se inicia com uma dúvida sistemática em torno de determinado objeto. Para 
responder a essa dúvida, são elaboradas hipóteses e estas são submetidas a 
testes empíricos e estatísticos, o que leva a comprová-las ou refutá-las (Ribeiro 
Filho; Lopes; Pederneiras, 2009). 
De acordo com Lopes e Martins (2007), a tradição normativa começou a 
ser substituída pela abordagem da informação no século XX, influenciada por 
teorias empíricas. Isso representou uma revolução nas pesquisas em ciências 
contábeis, rompendo a visão da contabilidade como mensuração e inaugurando 
o estudo desta como informação disponível ao usuário. 
Assim, os dois enfoques vão para lados opostos. Enquanto o enfoque 
prescritivo busca o desenvolvimento de técnicas de mensuração, o descritivo 
busca verificar o impacto da informação contábil nos usuários dessa informação. 
 
 
 
22 
TROCANDO IDEIAS 
A contabilidade evoluiu ao mesmo passo que a sociedade evoluía. Dessa 
forma, até chegar ao patamar em que se encontra hoje, a contabilidade passou 
por quatro fases, cada uma marcada por transformações importantes. 
Nesse sentido, no contexto atual, numa era globalizada e dominada pela 
tecnologia, qual será a próxima fase evolutiva da contabilidade? Quais 
tendências relacionadas à sociedade atual você acredita que possam ser 
indícios de uma nova fase da contabilidade? Entre no fórum e debata o assunto 
com os colegas. 
NA PRÁTICA 
 Responda às questões a seguir (as respostas estão ao final deste 
documento). 
1. A contabilidade, desde sua origem, passou por várias fases evolutivas, as 
quais acompanham a própria evolução das civilizações. Sobre essas fases, 
assinale a alternativa falsa. 
a. O primeiro período das fases da contabilidade inicia nos primórdios da 
civilização, quando o homem começou a desenvolver o raciocínio e iniciou o 
processo de controle de seus bens. 
b. O inventário do homem primitivo funcionava basicamente com um desenho 
do animal e riscos que representavam a quantidade. 
c. Em 1494, Leonardo Fibonacci lança o livro Summa de aritmetica, geometria, 
proportioni et proportionalita (conhecimentos de aritmética, geometria, 
proporção e proporcionalidade). 
d. Com a expansão do comércio marítimo, as partidas dobradas passaram a ser 
conhecidas também em outros continentes. 
e. A fase científica da contabilidade iniciou-se com a obra de Francesco Villa e 
permanece até os dias atuais. 
2. A evolução das sociedades transforma o ambiente no qual estão inseridas e 
possibilita o surgimento de ciências que visam explicar os fenômenos por trás 
dessas transformações. Sobre a ciência contábil, analise as assertivas a 
seguir: 
I. A contabilidade é uma ciência exata. 
 
 
23 
II. A contabilidade é conhecida como a linguagem dos negócios. 
III. O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis aos usuários 
tomadores de decisão. 
IV. O objeto da contabilidade é o lucro da entidade. 
V. O patrimônio de uma entidade é o seu conjunto de bens, direitos e 
obrigações. 
Assinale a alternativa correta: 
a. Estão corretas somente as assertivas I, II e III. 
b. Estão corretas somente as assertivas I, II e IV. 
c. Estão corretas somente as assertivas II, III e IV. 
d. Estão corretas somente as assertivas II, III e V. 
e. Estão corretas todas as assertivas. 
3. O desenvolvimento e aperfeiçoamento de técnicas voltadas para a 
escrituração de eventos econômicos deu origem às escolas de contabilidade. 
Assinale a alternativa que corresponde à primeira corrente do pensamento 
contábil da escola italiana, que surgiu dos estudos feitos pelos primeiros 
expositores do método das partidas dobradas. 
a. Escola patrimonialista; 
b. Escola aziendalista; 
c. Escola controlista; 
d. Escola personalista; 
e. Escola contista. 
4. O sistema de informação contábil é o meio utilizado para efetivar a 
contabilidade e a informação contábil dentro da organização, preocupando-se 
em disponibilizar informações úteis para a tomada de decisões para todos os 
usuários que possuem interesse na entidade em questão. Sobre as 
informações patrimoniais, assinale a alternativa falsa. 
a. As contas patrimoniais dizem respeito ao conjunto de bens, direitos e 
obrigações. 
b. As informações sobre a posição patrimonial da entidade são extraídas da 
Demonstração do Resultado do Exercício. 
c. As obrigações podem ser divididas em duas partes: capital de terceiros e 
capital próprio. 
 
 
24 
d. A conta de capital próprio é representada pelo patrimônio líquido da empresa. 
e. O conjunto de bens e direitos forma o ativo da empresa. 
5. Sobre as abordagens positiva e normativa, leia o trecho a seguir: 
“Assim, talvez chegada a hora de pensar numa convivência mais produtiva: aceitar que alguns 
pensam, criam, mas não são (tão) capazes de provar e comprovar. Outros, pelo contrário, são 
adeptos dos “laboratórios” e têm habilidade e capacidade para essas verificações empíricas, 
porém podem ser um tanto quanto estéreis como criadores. Quem sabe ainda tenhamos mais 
pesquisas e provas por parte dos Positivistas do que os usuários de fato precisam e querem (na 
Contabilidade Financeira – Geral – e na Gerencial), e com isso consigamos direcionar a mente 
e a criatividade dos pesquisadores Normativistas para produzirem essas respostas, a serem 
testadas pelos Positivistas, que gerarão novas demandas para os Normativistas etc. Que belo 
círculo virtuoso corremos o risco de ter!” (MARTINS, E. Normativismo e/ou positivismo em 
contabilidade: qual o futuro? R. Cont. Fin., USP, São Paulo, n. 39, p. 3-6, set./dez. 2005). 
Explique qual a mensagem transmitida pelo autor a respeito do texto. 
FINALIZANDO 
Nesta aula aprendemos sobre a história da contabilidade, como ela surgiu 
e se desenvolveu, suas primeiras escolas, quais informações fornece aos 
usuários e também como são feitas as pesquisas na área contábil. Os temas 
abordados foram: 
1. Conceito, objeto e objetivo da contabilidade; 
2. Origem e evolução da contabilidade; 
3. Escolas da contabilidade; 
4. Tipos de informações: patrimoniais, financeiras e econômicas; 
5. Enfoques prescritivo e descritivo. 
 
 
25 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 774, de 16 de 
dezembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jan. 1995. 
COELHO, C. U. F.; LINS, L. dos S. Teoria da contabilidade: abordagem 
contextual, histórica e gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. 
CRC-SP – Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo. 
Caduceu – profissão contábil. Disponível em:<http://www.crcsp.org.br/portal/profissao/caduceu.htm>. Acesso em: 18 maio 
2019. 
COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Business Research Methods. 12. ed. 
Nova York: McGraw-Hill, 2014. 
CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade: resumo da teoria, atendendo 
às novas demandas da gestão empresarial, exercícios e questões com 
resposta. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 
2011. 
FERRARI, E. L. Contabilidade geral: teoria e mais de 1.000 questões. 13. ed. 
Niterói, RJ: Impetus, 2013. 
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 
2008. 
GRECO, A. L.; GÄRTNER, G.; AREND, L. R. Contabilidade: teoria e prática 
básicas. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
HENDRIKSEN, E. S; BREDA, M. F. V. Teoria da contabilidade. 1. ed. São 
Paulo: Atlas, 2007. 
HOSS, O. Contabilidade intermediária: ensino e decisão. São Paulo: Atlas, 
2013. 
IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Introdução à teoria da contabilidade: para 
nível de graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
LOPES, A. B.; MARTINS, E. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. 1. 
ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 
 
26 
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia 
científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
_____. Introdução à contabilidade: com ênfase em teoria. Campinas, SP: 
Alínea, 2009. 
PADOVEZE, C. L. Sistemas de informações contábeis: fundamentos e 
análise. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
RIBEIRO FILHO, J. F.; LOPES, J.; PEDERNEIRAS, M. (Org.). Estudando teoria 
da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. 
SÁ, A. L. de. Teoria da contabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
 
 
27 
RESPOSTAS 
1. Letra C. Em 1494, O frei Luca Pacioli lançou o livro Summa de aritmetica, 
geometria, Proportioni et proportionalita. 
2. Letra D. 
I. A contabilidade é uma ciência social. 
IV. O objeto da contabilidade é o patrimônio da entidade. 
3. Letra E. A escola contista foi a primeira corrente do pensamento contábil da 
escola italiana, que surgiu dos estudos feitos pelos primeiros expositores do 
método das partidas dobradas. 
4. Letra B. As informações sobre a posição patrimonial da entidade são 
extraídas do balanço patrimonial. 
5. O texto é uma reflexão a respeito dos conflitos existentes entre os adeptos 
das abordagens positivista e normativista. Faz refletir sobre a importância da 
harmonia entre eles, pois ambos são necessários para a pesquisa científica 
na área contábil. Os normativistas criam normas e práticas para a mensuração 
e registro dos eventos econômicos, e os positivistas testam como a utilização 
dessas práticas reflete no mundo dos negócios, ou seja, como elas são vistas 
pelos usuários da informação contábil. As duas abordagens deveriam 
trabalhar juntas, chegando ao que o autor chama de “círculo virtuoso”. 
 
1
Prof. Ivanildo Viana Moura
Abordagens Teóricas
da Contabilidade
Aula 1
Conversa Inicial
1. Conceito, objeto e objetivo da contabilidade
2. Origem e evolução da contabilidade
3. Escolas da contabilidade
4. Tipos de informações: patrimoniais, 
financeiras e econômicas
5. Enfoques prescritivo e descritivo
Temas desta aula
Conceito, objeto e 
objetivo da contabilidade
“A contabilidade é a linguagem dos negócios. 
Ela mede os resultados das empresas, avalia 
o desempenho dos negócios, dando diretrizes 
para a tomada de decisões” (Marion, 2009)
Conceito de contabilidade
O objetivo está relacionado ao reporte de 
informações sobre aspectos patrimoniais das 
entidades. Diante disso, pode-se dizer que o 
objetivo é fornecer informações úteis aos 
usuários tomadores de decisão
Objetivo da contabilidade
2
Na contabilidade, o objeto é sempre o 
patrimônio de uma entidade, definido como 
um conjunto de bens, direitos e obrigações
Objeto da contabilidade
Origem e evolução 
da contabilidade
A origem da contabilidade deu-se pela 
necessidade de controle, tendo iniciado 
ainda na antiguidade, quando o homem 
começou a pensar e as civilizações 
começaram a se formar
Origem da contabilidade A evolução da contabilidade é dividida em 
quatro períodos:
1. História antiga ou da contabilidade 
empírica
2. História média ou da sistematização da 
contabilidade
3. História moderna ou da literatura da 
contabilidade
4. História contemporânea ou científica da 
contabilidade
Escolas da contabilidade
A Itália foi o berço da contabilidade
A escola italiana foi a primeira escola de 
contabilidade
Dentro da escola italiana surgiram várias 
correntes de pensamento contábil
Escola italiana de contabilidade
3
Correntes de pensamento contábil da escola 
italiana
Escola contista
Escola personalista
Escola controlista 
Escola aziendalista
Escola patrimonialista
Aprimoramento das técnicas contábeis para 
atender um número maior de usuários
Foco em informações econômicas e 
financeiras
Destaque para técnicas de auditoria 
Ênfase nos problemas 
econômico-administrativos
Escola americana de contabilidade
1. Excessivo culto à personalidade
2. Ênfase a uma contabilidade teórica
3. Pouca importância à auditoria
4. Queda no nível das principais faculdades
Algumas razões da queda da escola italiana
1. Ênfase ao usuário da informação contábil
2. Ênfase à contabilidade aplicada
3. Bastante importância à auditoria
4. Universidade em busca de qualidade
Algumas razões da ascensão da escola 
norte-americana
Tipos de informações –
patrimoniais, financeiras 
e econômicas
A contabilidade tem como objetivo gerar 
informações para que os diversos usuários 
possam tomar decisões. Eles podem ser desde 
pessoa física até pessoa jurídica
A aplicação da contabilidade em determinada 
empresa busca o fornecimento de informações 
aos usuários sobre aspectos de natureza 
Patrimonial
Financeira 
Econômica
4
Enfoques prescritivo e descritivo
Métodos que proporcionam bases lógicas 
para a investigação
Dedutivo: do geral ao particular
Indutivo: do particular ao geral
Apoia-se no dedutivismo
Diz como a contabilidade deve ser 
Baseia-se nos objetivos e postulados 
contábeis
Impõe o que deve ser feito
Enfoque prescritivo
Apoia-se no método indutivo
Tem essência empírica
Trabalha com testes de hipóteses
Utiliza-se de técnicas estatísticas
Enfoque descritivo
Na Prática
Sobre a ciência contábil, analise as assertivas a 
seguir
I. A contabilidade é uma ciência exata.
II. A contabilidade é conhecida como a 
linguagem dos negócios.
III.O objetivo dela é fornecer informações 
úteis aos usuários tomadores de decisão.
IV.O objeto da contabilidade é o lucro da 
entidade.
V. O patrimônio de uma entidade é o seu 
conjunto de bens, direitos e obrigações.
5
Assinale a alternativa correta:
A. Estão corretas somente as assertivas I, II e 
III.
B. Estão corretas somente as assertivas I, II e 
IV.
C. Estão corretas somente as assertivas II, III e 
IV.
D. Estão corretas somente as assertivas II, III e 
V.
E. Estão corretas todas as assertivas.
Letra D
I - A contabilidade é uma ciência social.
IV - O objeto da contabilidade é o patrimônio
da entidade.
Gabarito
Finalizando
1. Conceito, objeto e objetivo da contabilidade
2. Origem e evolução da contabilidade
3. Escolas da contabilidade
4. Tipos de informações: patrimoniais, 
financeiras e econômicas
5. Enfoques prescritivo e descritivo 
Temas estudados nesta aula
Referências
CADUCEU – Profissão contábil. Conselho Regional de 
Contabilidade do Estado de São Paulo. Disponível em: 
<http://www.crcsp.org.br/portal/profissao/caduceu.htm
>. Acesso em: 26 fev. 2019.
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FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. 6. ed. 
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contabilidade: para o nível de graduação. 3. ed. São 
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nova abordagem. 1. ed. 2. reimp. São Paulo: Atlas, 2007.
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teoria. Campinas: Alínea, 2009. 
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ABORDAGENS TEÓRICAS DA 
CONTABILIDADE 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ivanildo Viana Moura 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à segunda aula de 
Abordagens Teóricas da Contabilidade. Hoje vamos nos aprofundar um pouco 
mais na contabilidade. Os temas dessa aula são: 
1. Autonomia patrimonial; 
2. Classificação patrimonial: bens, direitos, obrigações; 
3. Classificação patrimonial: Patrimônio Líquido; 
4. Equação patrimonial básica; 
5. Mutações na situação patrimonial. 
Aproveite a leitura e pratique os conhecimentos adquiridos resolvendo os 
exercícios. Lembre-se, a melhor maneira de aprender, é praticando. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Conforme estudado anteriormente, a contabilidade é a linguagem dos 
negócios, e o seu principal objetivo é fornecer informações úteis aos diversos 
usuários que tomam decisões com base nos relatórios contábeis que evidenciam 
dados sobre o patrimônio da entidade, a qual se classifica como objeto dessa 
ciência. 
As informações reportadas sobre o patrimônio demonstram aspectos 
qualitativos e quantitativos, evidenciando quais foram as mutações ocorridas de 
um período para outro, o que possibilita aos usuários uma visão de tendências 
futuras sobre as contas patrimoniais ou mesmo de resultado, auxiliando na 
tomada de decisões acerca dos interesses da entidade. 
Mas afinal, o que seria entidade em contabilidade? O que é o patrimônio 
e cada um dos seus elementos? Como ocorrem as mutações patrimoniais? 
Estes são os aspectos que trabalharemos a partir de agora. 
TEMA 1 – AUTONOMIA PATRIMONIAL 
A Resolução CFC n. 750, de 29 de dezembro de 1993, trata dos princípios 
contábeis. De acordo com essa resolução, estes princípios constituem a 
condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), e 
 
 
3 
representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da 
Contabilidade. 
Em relação ao patrimônio, o objeto da contabilidade, a Resolução CFC n. 
750 estabelece um princípio que determina a forma como deve ser configurada 
a entidade e como deve ser tratado o patrimônio a ela pertencente, conforme 
disposto em seu art. 4º: 
O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio 
como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a 
necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo 
dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma 
pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de 
qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por 
consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com 
aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou 
instituição. 
Nesse contexto, o patrimônio da entidade é reconhecido como sendo o 
objeto da contabilidade, mas o princípio determina que deve haver a Autonomia 
Patrimonial, ou seja, ele deve estar sob controle da entidade e não deve ser 
confundido com o patrimônio dos sócios ou proprietários. 
Como seria isso? Observe o contexto a seguir: 
 
Provavelmente você já viu ou viveu uma situação semelhante, na qual o 
dono da empresa retira dinheiro do caixa para quitar suas contas pessoais. Atos 
como este, além de ferir o princípio da entidade, podem comprometer as 
atividades operacionais, pois prejudicam o planejamento financeiro, 
principalmente no que tange aos recursos destinados ao capital de giro, o que 
poderia levar a empresa à insolvência ou necessidade de captação de recursos 
de terceiros, acarretando no pagamento de juros. 
 
 
4 
Por esse motivo, devemos ter em mente a autonomia patrimonial, pois o 
patrimônio da empresa a ela pertence e deve ser diferenciado do patrimônio de 
seus sócios ou proprietários, assim se determina o princípio da entidade. 
1.1 A Entidade Contábil 
Segundo Hendriksen e Van Breda (2007, p. 104): "Entidade Contábil 
consiste em determinar a unidade econômica que exerce controle sobre 
recursos, aceita responsabilidade por assumir e cumprir compromissos e conduz 
a atividade econômica". Conforme a Resolução CFC n. 774/1994, a entidade 
poderá ser desde uma pessoa física, a qualquer tipo de sociedade, instituição ou 
conjunto de pessoas, como: 
 Famílias; 
 Empresas; 
 Governos; 
 Sociedades beneficentes, religiosas, culturais, esportivas, de lazer, 
técnicas; 
 Sociedades cooperativas; 
 Fundos de investimento e outras modalidades. 
No entanto, embora todas as formas citadas anteriormente possam ser 
consideradas como entidades, para a contabilidade é necessário que haja a 
autonomia patrimonial, que é declarada por meio da formalização da entidade 
na forma jurídica, conforme disposto da Resolução CFC n. 774/1994: 
O patrimônio, na sua condição de objeto da contabilidade, é, no 
mínimo, aquele juridicamente formalizado como pertencente à 
Entidade, com ajustes quantitativos e qualitativos realizados em 
consonância com os princípios da própria Contabilidade. A garantia 
jurídica da propriedade, embora por vezes suscite interrogações de 
parte daqueles que não situam a autonomia patrimonial no cerne do 
Princípio da Entidade, é indissociável desse princípio, pois é a única 
forma de caracterização do direito ao exercício de poder sobre o 
mesmo Patrimônio, válida perante terceiros. 
Nesse sentido, Ávila (2006) conceitua a pessoa jurídica como uma 
entidade abstrata constituída com o objetivo de explorar organizadamente uma 
atividade qualificada como comum, sendo assim, passível de direitos e 
obrigações distintos das pessoas físicas, aspectos que a caracterizam como se 
tivesse “vida própria”. 
 
 
5 
Assim, a autonomia patrimonial é mais uma vez reafirmada, 
caracterizando o patrimônio para a entidade no momento em que esta assume 
forma jurídica, mas é bom ressaltar que esse mesmo patrimônio possui sentido 
unívoco. 
1.2 Sentido unívoco do patrimônio 
Uma técnica muito utilizada nas empresas, principalmente para fins de 
controles gerenciais, é a divisão do todo em setores, departamentos ou centros 
de responsabilidades. Essas divisões acarretam em autonomia gerencial para 
os gestores das áreas, mas não representam autonomia patrimonial, no sentido 
de geraçãode novas entidades. 
Conforme a Resolução CFC n. 750, de 29 de dezembro de 1993, art. 4º, 
Parágrafo único – “O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não 
é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não 
resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico - 
contábil”. 
Nesse contexto, têm-se a determinação do que se conhece por sentido 
unívoco, o qual impede a formação de novas entidades a partir da divisão do 
patrimônio para fins de controles gerenciais. Sobre esse assunto, a Resolução 
CFC n. 774/1994 traz o seguinte texto: 
A autonomia patrimonial apresenta sentido unívoco. Por consequência, 
o patrimônio pode ser decomposto em partes segundo os mais 
variados critérios, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. 
Mas nenhuma classificação, mesmo que dirigida sob ótica setorial, 
resultará em novas Entidades. Carece, pois, de sentido, a ideia de que 
as divisões ou departamentos de uma Entidade possam constituir 
novas Entidades, ou “microentidades”, precisamente porque sempre 
lhes faltará o atributo da autonomia. 
Tem-se então, a interpretação do sentido unívoco do patrimônio. 
Basicamente, é relacionado à questão da garantia jurídica de propriedade, o que 
dá autonomia ao patrimônio da entidade, uma vez que garante a ela o direito de 
exercício de poder patrimonial. Um exemplo clássico de divisão patrimonial é 
dado pela própria Resolução CFC n. 774/1994: 
Na contabilidade aplicada, especialmente nas áreas de custos e de 
orçamento, trabalha-se, muitas vezes, com controles divisionais, que 
podem ser extraordinariamente úteis, porém não significam a criação 
de novas Entidades, precisamente pela ausência de autonomia 
patrimonial. 
 
 
6 
Imagine então, uma fábrica na qual foram feitas várias divisões, para que 
o gestor tenha mais controle dos custos e despesas incorridas. Essas divisões 
possibilitarão aos executivos da empresa o acesso a informações mais 
detalhadas sobre os gastos nas áreas formadas, bem como uma melhor 
avaliação de desempenho de seus gestores. No entanto, essas áreas não têm 
forma jurídica separada da entidade, sendo todas partes do mesmo patrimônio 
juridicamente formalizado como um todo. 
Nesse contexto, se as divisões deram origem à departamentos, como o 
de administração, compras, vendas, recursos humanos, contabilidade, 
manutenção, SESMT e produção, etc., mesmo tendo autonomia gerencial, elas 
não possuem autonomia patrimonial, pois fazem parte do todo que se configura 
no patrimônio da entidade juridicamente constituída. 
Figura 1 – Divisão por departamentos 
 
TEMA 2 – CLASSIFICAÇÃO PATRIMONIAL: BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES 
Classificar significa ordenar, dispor por classes, fazer uma separação por 
espécie. Em contabilidade, deve-se fazer a classificação dos itens antes dos 
lançamentos contábeis, para que não haja inconsistência na elaboração das 
demonstrações e para evitar a divulgação de dados inconsistentes aos usuários 
dos demonstrativos. 
 
 
7 
As informações fornecidas pela contabilidade dizem respeito, 
principalmente, ao patrimônio das entidades, suas mutações qualitativas e 
quantitativas. 
Mas o que seria o patrimônio? 
“O patrimônio tem sentido amplo: por um lado significa o conjunto de bens 
e direitos pertencente à uma pessoa ou empresa, por outro lado inclui as 
obrigações a serem pagas” (Marion, 2009, p. 30). 
O conjunto de bens, direitos e obrigações forma as contas patrimoniais, 
que são demonstradas no Balanço Patrimonial da entidade, a principal 
demonstração contábil existente. 
O entendimento das contas patrimoniais é de suma importância para o 
contador, pois é ele o responsável pela correta classificação dos itens que 
compõe o patrimônio. 
Figura 2 – Itens do Balanço Patrimonial 
 
O balanço demonstra o patrimônio da entidade, seu conjunto de bens, 
direitos e obrigações. 
2.1 Bens 
Bem é um conceito econômico que representa itens passíveis de 
avaliação monetária, os quais podem satisfazer necessidades do ser humano. 
Os bens podem ser classificados sob dois pontos de vista: o contábil e o da 
composição física, sofrendo subclassificações, conforme representa o 
organograma: 
 
 
 
8 
Figura 3 – Classificação dos bens 
 
De acordo com Ávila (2012, p. 44), sob o ponto de vista contábil, os bens 
são classificados em: 
Bens de troca: são aqueles que tem por finalidade ser trocados por 
outros bens, direitos e até obrigações. Geralmente os bens de troca 
são conhecidos por mercadorias, mas lembramos que, embora o 
dinheiro não seja mercadoria, constitui-se em um bem que pode ser 
trocado por qualquer elemento do patrimônio. Exemplo: mercadorias e 
dinheiro. 
Bens de uso: são aqueles utilizados pela empresa de maneira 
permanente, ou seja, durante o processo de utilização não 
desaparecem e podem ser utilizados novamente. Exemplos: balcões, 
veículos, imóveis, computadores, etc. 
Bens de consumo: são aqueles que, durante o processo em que são 
utilizados pela empresa, desaparecem, ou seja, são consumidos e não 
podem ser reutilizados. Exemplos: embalagem, combustível, tinta para 
impressão, etc. 
Assim, com base no contexto do autor, sabemos que os bens possuem 
três classificações distintas. Essas classificações nos permitem ter um melhor 
detalhamento das contas patrimoniais, pois cada tipo de bem tem um objetivo 
específico para a entidade, e dependendo do objetivo, a classificação no Balanço 
Patrimonial é feita de forma diferente. 
É importante também conhecermos a classificação dos bens sob o 
aspecto da composição de sua estrutura física: 
Materiais: aqueles que possuem matéria, ou seja, tem corpo físico. 
São conhecidos também como corpóreos, concretos e tangíveis. Por 
sua vez, são classificados em bens móveis ou imóveis. 
Bens Móveis: são aqueles que podem mudar de lugar, impulsionados 
por força própria ou força de terceiros, sem que haja alteração em seu 
estado original, ou seja, podem mover-se sem que mudem suas 
características físicas. Exemplos: veículos, mesas, cadeiras, 
computadores, balcões, etc. 
 
 
9 
Bens imóveis: aqueles que não podem ser deslocados de seu lugar 
original, sem causar danos em sua forma física. Exemplos: prédios, 
terrenos, barracões, etc. 
Imateriais: aqueles que não possuem matéria, ou seja, não tem corpo 
físico. São conhecidos também como incorpóreos, abstratos e 
intangíveis. Representam determinados gastos que a empresa realizou 
e que, por sua característica, devem fazer parte do patrimônio. Não são 
muito comuns, devido à sua natureza. Exemplos: marcas e patentes, 
fundo de comércio. 
Dessa forma, todos os recursos que a empresa já adquiriu, sejam eles 
materiais ou imateriais, figuram o ativo da empresa. No entanto, para completar 
essa conta, precisamos considerar também os direitos que a empresa tem a 
receber de terceiros. 
2.2 Direitos 
De acordo com Padoveze (2016), nos primórdios da civilização o conceito 
de riqueza era entendido somente como conjunto de bens e coisas que fossem 
tangíveis, mas com o passar do tempo, o ser humano começou a entregar esses 
bens em troca de uma devolução futura, no pressuposto de um ganho adicional, 
fazendo surgir assim o conceito de direito. 
Nesse contexto, o conceito de direito está atrelado ao seguinte fato: “se 
por um lado o sujeito entregava o bem por meio de um contrato formal ou 
informal, por outro, a outra pessoa se comprometia a devolver o bem recebido 
de alguma forma, fosse devolvendo bens similares, fosse entregando bens 
diferentes” (Padoveze, 2016, p. 17). 
Figura 4 – Situação de troca (1) 
 
Esse tipo de transação era comum na época em que não existia a moeda. 
No momento em que foi inventada, começou a ser utilizada nas transações. 
 
 
10 
Figura 5 – Situação de troca (2) 
 
Dessa forma, o direito representa os valores que a empresa tem a receber 
de terceiros, provenientes de suas atividades operacionais. No reconhecimento 
dos direitosno Balanço Patrimonial, geralmente usa-se, juntamente com a 
denominação da conta, expressões que evidenciam a natureza do direito, por 
exemplo: a recuperar, a compensar, a apropriar, a receber, entre outras (Ávila, 
2012). 
Alguns exemplos de direitos são: duplicatas a receber, notas promissórias 
a receber, aluguéis a receber, impostos a recuperar, adiantamento a 
fornecedores, adiantamento a empregados. 
Pode-se dizer que o direito e a obrigação nasceram no mesmo momento, 
pois para que alguém tenha um direito, outra pessoa tem que ter uma obrigação. 
2.3 Obrigações 
Assim como os direitos representam os valores que a empresa tem a 
receber de terceiros provenientes de suas transações comerciais, as obrigações 
representam o oposto, são os valores que a empresa deve aos terceiros. 
Segundo Ávila (2012), as obrigações representam valores que a entidade 
tem a pagar para terceiros, e são provenientes à suas atividades operacionais. 
Assim, as obrigações são classificadas no passivo da entidade, e 
conforme sua natureza, a representação da conta pode ter sua nomenclatura 
acompanhada da expressão a pagar ou a recolher. 
Alguns exemplos de obrigações são: duplicatas a pagar, notas 
promissórias a pagar, salários a pagar, seguros a pagar, impostos a recolher, 
etc. 
 
 
11 
Importante ressaltar que estamos tratando somente de obrigações da 
empresa para com terceiros, mas o investimento dos sócios/proprietários na 
entidade também são obrigações, porém, tratadas de outra forma, pois os 
aspectos que envolvem as contas são diferentes. 
TEMA 3 – CLASSIFICAÇÃO PATRIMONIAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Os passivos são as contas do patrimônio que representam obrigações da 
empresa para com terceiros, mas existe outro grupo de contas que também 
representa obrigações, conceituado como Patrimônio Líquido. 
A diferença de um grupo para outro é que o passivo representa as 
obrigações da empresa com terceiros, e por esse motivo é também chamado de 
passivo exigível. Por sua vez, o Patrimônio Líquido representa as obrigações da 
empresa com seus sócios/proprietários, e esse grupo é também conhecido como 
passivo não exigível. 
Nesse entendimento, podemos dizer que as contas do Patrimônio Líquido 
são relativas aos recursos próprios da empresa, pertencentes a seus 
proprietários, sócios ou acionistas (Araújo; Assaf Neto, 2010). 
De acordo com a Lei n. 11.638/2007, para as sociedades por ações, a 
divisão do Patrimônio Líquido é feita da seguinte forma: 
 Capital social: “Representa o valor inicial pelo qual a empresa iniciou 
suas atividades e incorpora também acréscimos posteriores que podem 
ocorrer, tanto por aporte de novos recursos, quanto por meio de 
reinvestimento de parte dos lucros” (Coelho; Lins, 2010, p. 53). 
 Reservas de capital: Conforme Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras 
(2009), as reservas de capital representam valores recebidos que não 
transitam pelo resultado, como acontece com as receitas. Isso acontece 
porque os valores destinados às reservas de capital não têm relação com 
a entrega de bens ou serviços da empresa. 
 Ajuste de avaliação patrimonial: “Essa conta é decorrente das 
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a 
elementos do ativo e do passivo” (Araújo; Assaf Neto, 2010). 
 Reservas de lucros: “Essa conta é formada por valores que dizem 
respeito à parcela de lucros não distribuídos pela empresa com objetivo 
 
 
12 
específico definido” (Ribeiro Filho; Lopes; Pederneiras, 2009). As reservas 
de lucros são compostas pelas seguintes contas: 
 Reserva legal; 
 Reservas estatutárias; 
 Reservas para contingências; 
 Reservas de lucros para expansão; 
 Reservas de lucros a realizar. 
 Ações em tesouraria: De acordo com Araújo e Assaf Neto (2010), esta 
conta é redutora do Patrimônio Líquido. Nela são registrados os valores 
relacionados às compras que a empresa faz de suas próprias ações no 
mercado. 
 Prejuízos acumulados: Representam valores negativos que a empresa 
retifica no seu Patrimônio Líquido, reduzindo assim, o valor do mesmo 
(Araújo; Assaf Neto, 2010). A seguir, está a representação do Patrimônio 
Líquido e suas contas: 
Figura 6 – Contas do Patrimônio Líquido 
 
O Patrimônio Líquido é o primeiro grupo de contas que recebe valores no 
Balanço Patrimonial, e a partir dele, as outras contas começam a “ter vida”, pois 
no momento em que o capital social da empresa começa a ser integralizado, o 
ativo começa a receber valores, tornando possível a visualização da igualdade 
entre as contas credoras e devedoras, um dos atributos da equação patrimonial 
básica. 
 
 
 
13 
TEMA 4 – EQUAÇÃO PATRIMONIAL BÁSICA 
Conforme já comentado anteriormente, o patrimônio é composto por bens, 
direitos e obrigações da entidade. Esse conjunto é denominado de contas 
patrimoniais, que posteriormente são apresentadas no Balanço Patrimonial da 
entidade. 
O Balanço Patrimonial tem representação em forma de T, justamente por 
apresentar as contas conforme o método das partidas dobradas, ou seja, as 
contas do ativo (lado esquerdo) são de natureza devedora, e as contas do 
passivo e Patrimônio Líquido (lado direito), de natureza credora. 
Conforme a teoria do débito e do crédito, o total de valores em débitos 
deve ser igual ao total de valores em créditos, por esse motivo, no Balanço 
Patrimonial a soma dos valores das contas do ativo (débito) deve ser igual à 
soma dos valores das contas do passivo e do Patrimônio Líquido (crédito). 
Para entender esse contexto, é importante compreender o que são 
origens e aplicação de recursos. 
4.1 Origens e aplicações de recursos 
Quando uma nova entidade é constituída, seus sócios/proprietários 
devem investir algum capital, seja em numerários ou bens. No momento que isso 
ocorre, o capital originado na constituição da entidade é aplicado em algum lugar. 
Dessa forma, tem - se de um lado a origem de recursos, que é o 
Patrimônio Líquido da empresa, mais especificamente o capital social, e do outro 
lado, a aplicação de recursos, que será a conta do ativo que irá receber os 
recursos adquiridos na integralização deste capital. 
Para ficar mais claro o entendimento, vamos imaginar que na constituição 
de uma determinada empresa, os proprietários subscreveram um valor de 
R$100.000,00 de capital social. Na integralização desse capital, todo esse valor 
foi integralizado na forma de um veículo, móveis e equipamentos da empresa. 
Dessa forma, temos o capital social integralizado no valor de 
R$100.000,00 como sendo a origem de recursos, e as contas do ativo que 
receberam os bens adquiridos como a aplicação dos recursos. 
Assim, num primeiro momento, a origem de recursos será sempre o 
capital social da empresa, e na medida em que operações forem sendo 
realizadas, ela também terá as contas do passivo como origem de recursos, pois 
 
 
14 
trabalhará com compras a prazo, pagamento de funcionários, impostos, 
empréstimos, financiamentos, etc. Por outro lado, todos os bens e direitos 
adquiridos com as atividades operacionais serão classificados no ativo, 
compondo a aplicação dos recursos. 
Figura 7 – Aplicação de recursos 
 
De acordo com a teoria do débito e do crédito, o total de origem de 
recursos deve ser igual ao total de aplicações. Deste modo, podemos trabalhar 
uma equação que representa o patrimônio da entidade. 
4.2 Equação patrimonial básica da contabilidade 
As contas patrimoniais dispostas no balanço possuem naturezas 
diferentes. De um lado, temos o ativo, representando as contas positivas, e do 
outro lado, temos o passivo, representando as contas negativas. A diferença 
entre as contas positivas e negativas irá evidenciar a situação líquida da 
entidade, ou, o Patrimônio Líquido. 
A estrutura patrimonial, apresentada pelo Balanço Patrimonial demonstra 
o equilíbrio entre as contas positivas e negativas. De acordo com Padoveze 
(2016), o termo “balanço” deriva da

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