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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
Livro Eletrônico
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
Sumário
Apresentação ................................................................................................................................... 4
Sucessões – Parte I......................................................................................................................... 7
1. Definição de Sucessão causa mortis ...................................................................................... 7
2. Abertura da Sucessão, Delação e Adição .............................................................................. 8
3. Princípio da Saisine e o Princípio da Indivisibilidade da Herança .................................... 8
3.1. Regra Geral e Nomenclaturas (Espólio, Herança, Monte-Mor e Acervo) ..................... 8
3.2. Situação do Legado e dos Frutos ....................................................................................... 10
3.3. Questão Especial ....................................................................................................................12
4. Aceitação e Renúncia da Herança ..........................................................................................12
4.1. Noções Gerais ..........................................................................................................................12
4.2. Forma de Aceitação ...............................................................................................................13
5. Cessão de Direito Hereditário (Renúncia Translativa) .......................................................16
5.1. Noções Gerais ..........................................................................................................................16
5.2. Cessão de Meação: Escritura Pública? .............................................................................. 17
6. Benefício de Inventário ........................................................................................................... 18
7. Vocação Hereditária ................................................................................................................. 18
7.1. Nomenclaturas: Incapacidade Sucessória, Incapacidade Testamentária Passiva, 
Legitimação ou Vocação Hereditária? ...................................................................................... 18
7.2. Regra Geral ...............................................................................................................................19
7.3. Exceção .....................................................................................................................................19
8. Exclusão da Sucessão..............................................................................................................20
8.1. Definição ..................................................................................................................................20
8.2. Indignidade (para Sucessão Legítima ou Testamentária) .............................................21
8.3. Deserdação (só para Sucessão Legítima) ........................................................................ 23
8.4. Classificação quanto à Fonte (Sucessão Legítima, Testamentária ou Irregular) ...24
8.5. Vedação à Sucessão Contratual (ao Pacto de Corvina) ................................................. 25
9. Meação, Herança e Legado ..................................................................................................... 26
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
9.1. Distinção .................................................................................................................................. 26
9.2. Cálculo do Acervo Hereditário (Monte-Mor) ................................................................... 27
10. Classificação quanto aos Efeitos (Sucessão a Título Singular e a Título 
Universal): Herdeiro vs Legatário ..............................................................................................28
11. Espécies de Herdeiro............................................................................................................... 29
12. Legítima ..................................................................................................................................... 29
12.1. Definição ................................................................................................................................. 29
12.2. Exceções à Intangibilidade da Legítima .......................................................................... 30
13. Colação ...................................................................................................................................... 32
14. Sucessão Legítima .................................................................................................................. 33
14.1. Direito Real de Habitação ao Viúvo .................................................................................. 33
14.2. Sucessão Causa Mortis na União Estável ......................................................................34
14.3. Formas de Recebimento na Sucessão Legítima ............................................................34
Questões de Concurso .................................................................................................................42
Gabarito ........................................................................................................................................... 63
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
ApresentAção
Olá, queridos amigos e queridas amigas!!
Escute, desde logo: o ideal é você ler a teoria deste PDF e os comentários dos exercícios 
que estão ao final. Separei tudo de forma milimetricamente calculada para você estar prepara-
do para enfrentar as provas.
Mais uma recomendação: faça você mesmo o seu resumo ou seu próprio mapa mental. 
Não basta você ler o PDF; é fundamental você escrever o que você está aprendendo, pois isso 
é que faz você fixar a matéria. Escrever o que você estuda te ajudará também a treinar para 
as provas discursivas. Você é que precisa sistematizar o conhecimento. Não recomendo que 
você busque resumos ou mapas mentais feitos por outras pessoas, a não ser que, posterior-
mente, você elabore o seu próprio resumo ou mapa mental. Eu, pessoalmente, prefiro fazer um 
resumo a fazer um mapa mental. Eu fixo mais assim. Fique, porém, à vontade para adotar a 
metodologia de sua preferência.
Vamos em frente!
Resumo
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os 
exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-
fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com 
as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-
ridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir 
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Meação é a parte devida ao cônjuge sobre os bens comuns, os quais decorrem do regi-
me de bens do casamento.É regido de direito de família;
• Herança (em sentido amplo) é o quinhão devido ao herdeiro por força de uma sucessão 
causa mortis. É regido por direito sucessório;
• Ao se deparar com um problema, é fundamental, antes de tudo, separar a meação do 
viúvo para, só depois, discutir a partilha dos bens do falecido na sucessão causa mortis;
• Por ficção jurídica, a herança se transmite no momento da morte (Princípio da Saisine) 
– art. 1.784 do CC;
• Até a partilha, a herança (em sentido amplo = todos os ativos e passivos do falecido) 
considera-se uma bem indivisível – art. 1.791 do CC;
• Sucessão legítima ou ab intestato é a que decorre da lei e aplica-se aos bens em relação 
aos quais inexista testamento (válido e eficaz), conforme art. 1.788 do CC. O CC trata do 
tema nos arts. 1.829 e ss, além das normas gerais dos arts. 1.784 a 1.828;
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
• Sucessão testamentária é a que deriva de disposição de última vontade, formalizada, 
no direito brasileiro, por meio do testamento ou do codicilo. A disciplina da sucessão 
testamentária está nos arts. 1.857 e ss do CC, além das normas gerais dos arts. 1.784 
a 1.828;
• Há dois tipos de sucessores causa mortis: herdeiro (em sentido estrito) e legatário;
• Herdeiro: é quem recebe a título universal. Receber a título universal é receber um o pa-
trimônio ou a fração do patrimônio recebido, ou seja, receber uma herança (em sentido 
estrito). Ex.: recebo 10% do patrimônio de alguém;
• Legatário: é quem recebe a título singular. Receber a título singular é receber uma coisa 
individualizada, ou seja, receber um legado. Ex.: recebo um determinado apartamento 
do Rio de Janeiro;
• Tipos de herdeiro:
− Herdeiro testamentário: sucede por testamento. Ex.: testador deixa 20% do seu patri-
mônio ao João;
− Herdeiro legítimo: sucede por lei. Pode ser dividido em:
 ◦ Herdeiro necessário, legitimário ou reservatário: tem direito à “legítima” de pleno 
direito (art. 1.846, CC). Veremos o que é legítima daqui a pouco. Os herdeiros ne-
cessários são o cônjuge, os ascendentes e os descendentes, conforme art. 1.845 
do CC;
 ◦ Herdeiro facultativo ou colateral: não tem direito à “legítima”. São os demais her-
deiros legítimos, ou seja, os parentes colaterais até o 4ª grau;
• Legítima ou reserva legitimaria corresponde à metade do patrimônio de uma pessoa que 
possui herdeiros necessários (arts. 1.789, 1.846 a 1.850 do CC);
• O CC adotou o “sistema da liberdade de testar limitada”, de modo que, se o testador 
possui herdeiros necessários, ser-lhe-á vedado dispor, em testamento, de mais da me-
tade de seu patrimônio. É que metade do patrimônio constitui a legítima ou a reserva 
legitimária (a qual pertence, de pleno direito, aos herdeiros necessários), ao passo que a 
outra metade é a porção disponível (da qual o testador pode dispor livremente;
• Casos que excepcionam a proteção à legítima (e fazem o herdeiro necessário perder ou 
sofrer restrições sobre a legítima:
− deserdação (art. 1.961 e ss, CC);
− indignidade (art. 1.814 e ss, CC);
− imposição de cláusula restritiva da propriedade com justa causa (art. 1.848, CC);
• Proteção da legítima diante de atos antes da morte:
− Doação inoficiosa (art. 549, CC);
− Antecipação de legítima e colação (arts. 544 e 2.005 do CC);
• Benefício de inventário: os herdeiros respondem “intra vires hereditatis” (dentro da força 
da herança), conforme art. 1.792 do CC;
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
• Na sucessão legítima, se houver descendentes e viúvo, a jurisprudência do STJ se fir-
mou no seguinte sentido acerca da interpretação do art. 1.829, I, do CC: salvo no regime 
da separação legal (= regime da separação obrigatória), o cônjuge supérstite sempre 
concorrerá com os descendentes do de cujus sobre a porção da herança composta por 
bens particulares do de cujus. Em nenhuma hipótese ele concorre sobre a porção forma-
da pelos bens comuns;
• O direito real de habitação previsto para o cônjuge na forma do art. 1831 do CC se es-
tende ao companheiro, de modo a garantir um direito real de habitação em igualdade de 
condições com o cônjuge.
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
SUCESSÕES – PARTE I
1. Definição De sucessão cAusA mortis
Sucessão
Por ato inter 
vivos
Ex.: cessão de crédito, 
assunção de dívida, 
venda de um bem etc.
Por ato causa 
mortis
Objeto do 
DIREITO DAS 
SUCESSÕES
Conjunto de princípios 
segundo os quais se 
realiza a transmissão do 
patrimônio de alguém, 
que deixa de existir
Direito das sucessões “é o complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transfe-
rência do patrimônio de alguém, que deixa de existir” (Clóvis Bevilaqua).
“Direito das sucessões, ou hereditário, é o complexo dos princípios, segundo os quais se re-
aliza a transmissão do patrimônio de alguém, que deixa de existir. Essa transmissão constitui a 
sucessão; o patrimônio transmitido é a herança; quem recebe a herança é herdeiro ou legatário” 
(Maria Helena Diniz).
Com a morte de uma pessoa, as suas relações jurídicas continuam com todos os seus ele-
mentos inalterados (título, preço, objeto, etc.), salvo um: o sujeito, que passa a ser o sucessor.
A disciplina das sucessões causa mortis está nos arts. 1.784 e ss do CC.
O fenômeno de alguém substituir (suceder) outrem em uma situação ou relação jurídicas 
pode dar-se:
• Por ato inter vivos: é o caso das hipóteses de transmissão das obrigações (cessão de 
crédito, assunção de dívida, cessão de contrato - arts. 286 e ss, CC), a sub-rogação pes-
soal (art. 346, CC) e transmissão de direitos reais e cessões de direitos;
• Por ato causa mortis: é o objeto do Direito das Sucessões.
Convém lembrar que uma “coisa” pode suceder outra por meio do fenômeno que conhe-
cemos como sub-rogação real. Nesse caso, as características jurídicas que pesavam sobre a 
coisa sucedida passam para a nova. É o caso, por exemplo, de o juiz autorizar a troca de uma 
casa gravada com cláusula de inalienabilidade por outra nos termos do parágrafo único do art. 
1.911 do CC: a cláusula restritiva da propriedade passará a gravar a nova casa, fenômeno que 
conhecemos como sub-rogação real.
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
2. AberturA DA sucessão, DelAção e ADição
Abertura da sucessão 
Instante do 
surgimento do direito 
hereditário
Ocorre no momento 
da MORTE
Delação ou devolução 
hereditária 
Consiste na oferta da 
herança ao sucessor
Ocorre no mesmo 
momento da abertura 
da sucessão
Adição ou aquisição 
da herança 
Momento em queo 
herdeiro 
efetivamente adquire 
a titularidade da 
herança
2 correntes
Adição ocorre no 
momento da 
aceitação da herança
Ocorre no mesmo 
momento da abertura 
da sucessão, embora 
fique sujeita a espécie 
de condição 
resolutiva (renúncia 
ou aceitação)
Há três fenômenos iniciais importantes no Direito Sucessório, conforme lembra Orlando 
Gomes (2012, p. 13): abertura da sucessão, delação e adição.
Abertura da sucessão é o instante do nascimento do direito hereditário. Dá-se com a morte 
da pessoa.
Delação ou devolução hereditária ocorre no mesmo momento da abertura da sucessão e 
consiste na oferta da herança ao sucessor.
Adição ou aquisição da herança é o momento em que o herdeiro efetivamente adquire a 
titularidade da herança (que lhe havia sido “ofertada”). Para alguns doutrinadores, a adição 
ocorre no momento da aceitação da herança; para outros, dá-se no mesmo momento da aber-
tura da sucessão, embora fique sujeita a uma espécie de condição resolutiva, que é a eventual 
não aceitação ou renúncia à herança. Preferimos seguir essa última corrente, pois o parágrafo 
único do art. 1.804 do CC, ao apontar para um efeito retroativo da renúncia à herança, demons-
tra que juridicamente a aquisição da herança já havia ocorrido, mas foi, por ficção jurídica, 
apagada com a renúncia.
3. princípio DA sAisine e o princípio DA inDivisibiliDADe DA HerAnçA
3.1. regrA gerAl e nomenclAturAs (espólio, HerAnçA, monte-mor e 
Acervo)
Princípio da 
saisine
A propriedade e a posse de todo o patrimônio do falecido transmitem-se aos 
herdeiros legítimos e testamentários no momento da morte 
Herança = todo o 
patrimônio do de cujus 
= universalidade de 
direito = bem indivisível
Cada herdeiro é 
titular de uma fração 
ideal dessa 
universalidade de 
direito
Por essa razão, 
aplicam-se as regras 
do CONDOMÍNIO 
TRADICIONAL
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
Pelo princípio da saisine ou, em português, da saisina (droit de saisine)1, a propriedade e a 
posse de todo o patrimônio do falecido transmitem-se aos herdeiros legítimos e testamentá-
rios no momento da morte (art. 1.784, CC).
Por força do art. 1.791 do CC, todo o patrimônio do de cujus (ou seja, os ativos e os passi-
vos) é considerada uma única coisa indivisível, o que caracteriza um exemplo de bem coleti-
vo na modalidade “universalidade de direito” (art. 91, CC). Essa universalidade é chamada de 
herança (em sentido amplo), de acervo hereditário, de monte-mor ou de espólio (este último é 
mais utilizado quando se quer enfatizar a sua situação de sujeito de direito despersonalizado).
Cada herdeiro é titular de uma fração ideal dessa universalidade de direito, razão por que 
o parágrafo único do art. 1.791 do CC estabelece que serão aplicadas as regras de condomí-
nio, ou seja, as regras dos arts. 1.314 ao 1.326 do CC. Trata-se do princípio da indivisibilidade 
da herança.
Metaforicamente, se considerarmos cada bem e cada dívida como uma batata, a morte do 
seu titular faz com que todas essas batatas se fundam em um grande purê de batata (que é o 
espólio). Cada herdeiro é titular de um “percentual” (fração ideal”) desse purê de batata. Com a 
partilha futura, será individualizado um pedaço desse purê de batata a cada herdeiro.
1 O princípio da saisine foi importado do direito francês. Como destaca o membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas 
Dulcydides de Toldedo Piza, a palavra saisine. - que tem origem no verbo francês “saisir” e que é uma palavra de origem 
germânica - significa tomar a posse ou empossar e remonta ao século XII, à época do direito feudal francês. Nesse direito 
medieval, o verbete exprimia a ficção jurídica de que, com a morte, imediatamente os herdeiros se empossavam (no sen-
tido de tornarem-se donos e possuidores) dos bens do falecido, tudo conforme esta máxima recorrente no direito francês 
medieval: “le mort saisit le vif, son hoir le plus proche et habile à lui suceder”, que, conforme traduz o retrocitado professor, “o 
morto investe na posse de seus bens o seu herdeiro mais próximo” (Piza, 1985, p. 47). Esse brocardo é “encontrada no art. 
318 da “Coutume de Paris”, segundo testemunho de Ambroise Colin e Henri Capitant (cf. Cours Élémentaire de Droit Civil 
Français, tome troisième, dixième Édition, p. 525/526 - Libraire Dalloz - 1950 - Paris) (...)” (Piza, 1985, p. 48). No direito inglês, 
grafa-se como “seisin” ou “seizin” (Piza, p. 49). É igualmente aceitável utilizar o verbete “saisina” (Piza, 1985, p. 52).
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DIREITO CIVIL
Carlos Elias
3.2. situAção Do legADo e Dos frutos
Princípio da 
saisine
NÃO se aplica ao 
legado
Com a abertura da sucessão, legatário recebe apenas o 
direito de pedir aos herdeiros a coisa legada com os 
seus frutos
Legado de coisa certa 
sem condição 
suspensiva
A propriedade é 
transmitida ao 
legatário no 
momento da morte, 
mas isso NÃO 
EQUIVALE ao 
princípio da saisine
A posse permanece 
com o espólio, mas 
legatário terá direito 
aos frutos produzidos 
pela coisa
Legado de coisa certa 
com condição 
suspensiva
Só adquire a 
proporiedade com o 
implemento da 
condição, e não com a 
morte do testador
Legado de coisa certa 
sob termo suspensivo
Adquire a 
propriedade com a 
morte do testador, 
mas só poderá 
exercer seu direito 
com o implemento do 
termo
Não se aplica o princípio da saisine para o legado (coisa individualizada deixada pelo de 
cujus). Não há essa ficção jurídica para a coisa legada. Com a abertura da sucessão (morte do 
de cujus), o legatário recebe apenas o direito de pedir aos herdeiros legítimos ou testamentá-
rios a coisa legada com os seus frutos (se for coisa certa). De fato, em regra geral, a posse e 
a propriedade do legado só serão transferidas aos legatários após ser verificada a solvência 
do espólio (Antonini, 2012, p. 2274) e após cessado qualquer litígio ou condição ou termo sus-
pensivos (art. 1.924 do CC).
Daí decorre consequências práticas, como lembra Orosimbo Nonato (1957-C, p. 15) citan-
do Clóvis Beviláqua. Como a ficção jurídica da transmissão imediata da herança (princípio da 
saisine) só se aplica aos herdeiros legítimos ou testamentários, estes automaticamente assu-
mem a propriedade e a posse dos bens do falecido sem necessidade de pedir ao juiz a imissão 
na posse, de modo que: (1) podem valer-se de interditos possessórios contra terceiros; (2) 
sucedem processualmente o falecido nas ações possessórias então em curso; e (3) garantem, 
no caso de sua morte, a transmissão imediata aos seus herdeiros de todos os direitos adquiri-
dos por força da aludida presunção legal.
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DIREITO CIVIL
Carlos Elias
Cabe uma advertência em se tratando de legado de coisa certa.
No caso de legado de coisa certa sem condição suspensiva, a propriedade é transmitida ao 
legatário no momento da morte (art. 1.923, CC). É equivocado, porém, afirmar que issoseria a 
aplicação do princípio da saisine, pois não há a transmissão automática da posse ao legatá-
rio de coisa certa (art. 1.923, § 1º, CC). O referido princípio implica a transmissão automática 
tanto da propriedade quanto da posse, e não apenas da propriedade, o que não se dá com o 
legado de coisa certa2.
A posse será do espólio (dos herdeiros legítimos e testamentários) até ser transferida ao 
legatário na etapa adequada do procedimento de inventário e partilha como fruto do exercí-
cio do direito de pedir o legado aos herdeiros (legítimos ou testamentários). O legatário de 
coisa certa, pois, não pode forçar imitir-se na posse do bem logo após a morte (art. 1.923, § 
1º, do CC).
Apesar disso, o legislador assegura ao legatário o direito aos frutos produzidos pela coisa 
desde a morte do falecido (art. 1.923, § 2º, CC). Se deixo um determinado apartamento a al-
guém, os aluguéis desse apartamento após minha morte até o momento em que a coisa seja 
entregue efetivamente ao legado pertencerão ao legatário: cabe, pois, ao inventariante “guar-
dar” os aluguéis para entregar ao legatário no momento oportuno.
É claro que o testador pode dispor em sentido contrário, afastando o direito aos frutos, pois 
se trata de direito disponível: o § 2º do art. 1.923 do CC é norma dispositiva, e não cogente 
(Antonini, 2012, p. 2274).
Chamamos a atenção para o fato de que, no caso de legado de coisa certa sob condição 
suspensiva, o legatário só adquirirá a propriedade da coisa com o implemento dessa condição, 
e não com a morte do testador, tudo conforme arts. 125 e 1.923 do CC.
Se, porém, o legado de coisa certa sob termo suspensivo, o legatário adquire a sua pro-
priedade com a morte do falecido, mas só poderá exercer o seu direito após o implemento do 
termo na forma dos arts. 131 e 1.923 do CC. Nessa hipótese, o legatário só poderá exigir os 
frutos produzidos pela coisa após o implemento do termo suspensivo (art. 1.923, § 1º, CC).
2 Orosimbo Nonato, aludindo à inaplicabilidade do princípio da saisine previsto no art. 1.572 do CC/1916 (que corresponde 
ao art. 1.784 do CC/2002), realçava:
 “685. O traço diferencial mais colorido, entretanto, entre o herdeiro e o legatário é que este, com a morte do testador, adquire 
o só direito a pedir aos herdeiros instituídos a coisa legada (art. 1.690), ao passo que aquele, o herdeiro (legítimo ou testa-
mentário), aberta a sucessão, se investe imediatamente no domínio e posse da herança (art. 1.572).
 Certo, desde o dirá da morte do testador, pertence ao legatário a coisa legada [na verdade, com o CC/2002, isso vale apenas 
para o legado de coisa certa], com os frutos, que produzir (...); mas o domínio e a posse da coisa legada não se lhe atribuem 
pela fictio iuris traduzida no art. 1.572.
 Estabelece o art. 1.572 [assim como o correspondente art. 1.784 do CC/2002) em favor do herdeiro legítimo e testamentário 
(não aludiu ao legatário) o droit de sasine.
 Por uma fictio iuris, aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se imediatamente àqueles sucessores, 
ainda que nenhum ato nesse sentido pratiquem, e ainda com a sua insciência” (Nonato, 1957-C, p. 15).
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3.3. Questão especiAl
3.3.1. Momento para Definição da Alíquota e do Valor de Avaliação dos Bens 
para Efeito de ITCD
Princípio do saisine Momento do cálculo do ITCD
Base de cálculo será o 
valor do bem no 
momento da avaliação, 
e não da morte
A alíquota será a 
vigente no momento 
da sucessão
Apesar do princípio da saisine, a definição da base de cálculo do ITCD deve corresponder 
ao valor dos bens do falecido na data da avaliação, conforme Súmula n. 113/STF (“O Imposto 
de Transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação”). Não 
se leva em conta o valor à época da morte, por motivos práticos: é pouco operacional fazer 
essa avaliação retroativa.
A alíquota, porém, por força do princípio da saisine, é definida de acordo com a lei da época 
da abertura da sucessão, conforme Súmula n. 112/STF (“O Imposto de Transmissão causa 
mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”).
4. AceitAção e renúnciA DA HerAnçA
4.1. noções gerAis
Aceitação e renúncia 
da herança
Não aceitação da 
herança = condição 
resolutiva
Se o herdeiro não 
aceitar a herança, 
presume-se que a 
sucessão não ocorreu
Se aceitar a herança, 
a transmissão se 
torna definitiva
Apesar de, por força do princípio da saisine, a propriedade e a posse da herança se trans-
mitir aos herdeiros no momento da morte, o art. 1.804 do CC deixa essa transmissão sob uma 
espécie de condição resolutiva: a não aceitação da herança3.
Se o herdeiro não aceitar a herança, presume-se que a transmissão não ocorreu (art. 1.804, 
parágrafo, do CC).
3 Pontes de Miranda recorda que, como forma de explicar a ficção do princípio da saisine, “os intérpretes (e.g., E. AÇOLLAS, 
Manuel de Droit Civil, II, 192 s.) levantaram a questão da suspensividade ou resolutividade da aceitação: isto é, ou o herdeiro 
recebe com a condição suspensividade de aceitar, ou com a condição resolutiva de renunciar” (Miranda, 1984-LVI, p. 9).
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Se, porém, ele aceitar, a transmissão, que ocorreu com a abertura da sucessão, se torna 
definitiva, ou seja, se consolida (art. 1.804, caput, do CC).
O motivo é que ninguém deve ser forçado a participar de uma sucessão causa mortis, ainda 
mais considerando que essa participação pode trazer ônus para o sucedido, como o de gastos 
com advogados e os incômodos em geral causados pela busca do seu direito. Além disso, 
pode haver algum motivo moral por meio do qual um herdeiro queira repudiar a herança.
4.2. formA De AceitAção
Forma de 
aceitação
Expressa Dá-se por escrito Lei não especifica o tipo de forma escrita
Tácita
Dá-se com a 
prática de atos 
próprios da 
qualidade de 
herdeiro
Exemplos
Ajuizamento da 
ação de inventário
Formulação de 
pedido de 
habilitação no 
inventário
Concordância com 
a avaliação dos 
bens e cessão de 
direito hereditário
Atos oficiosos não 
exprimem 
aceitação
A aceitação pode ser expressa ou tácita.
4.2.1. Aceitação e Expressa
A aceitação expressa é aquela que se dá por escrito: não pode ser verbal. A lei não faz es-
pecífica o tipo de forma escrita: pode ser uma declaração em instrumento particular, em escri-
tura pública ou em uma petição subscrita pelo advogado com poderes de mandato específico 
para renunciar direitos.
4.2.2. Aceitação Tácita
A aceitação tácita se dá em um único caso: a prática de atos próprios da qualidade de 
herdeiro (art. 1.805, CC). Agir como herdeiro é uma aceitação tácita. O art. 476 do Código Civil 
italiano tem definição perfeitamente aplicável ao sistema brasileiro: “A aceitação é tácita quan-
do o chamado à herança pratica um ato que pressupõe, necessariamente, a sua vontade de 
aceitar e que não teria o direito de fazer senão na qualidade de herdeiro”. Trata-se de hipótese 
bem aberta, capaz de abranger diversas situações em que se pode inferir inequivocamente a 
aceitação da herança a depender do caso concreto.
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Os principais exemplos são: o ajuizamento da ação de inventário ou de arrolamento, a 
formulação de pedido de habilitação no inventário, a concordância com a avaliação dos bens 
integrantes da herança e a cessão de direito hereditário.
O § 1º do art. 1.805 é explícito em afirmar que não caracterizam aceitação tácita são os 
atos oficiosos (= atos desinteressados) que o senso comum exige diante da morte de um pa-
rente, como realizar o funeral ou cuidar desinteressadamente dos bens deixados para evitar-
-lhes a deterioração ou a ruína.
Seria despropositado considerar que um filho que guarda o veículo ou a casa do seu faleci-
do pai ou que promove o funeral pagando as pertinentes despesas tenha aceitado tacitamente 
a herança, pois aí se tem apenas uma conduta obsequiosa imposta pela moral. Eis a redação 
§ 1º do art. 1.805: “Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do 
finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória”.
Igualmente o § 2º do art. 1.805 do CC é textual em afirmar que a cessão gratuita, pura e 
simples da herança4 para todos os demais coerdeiros não implica aceitação tácita, pois, nesse 
caso, o herdeiro está, na verdade, usando outras palavras para expressar uma renúncia abdica-
tiva. Se eu digo “cedo todos meus os direitos hereditários para os demais coerdeiros”, isso é o 
mesmo que “renuncio aos meus direitos hereditários”. Afinal de contas, aí o quinhão renuncia-
do vai para todos os demais herdeiros.
Quanto a essa última ressalva (a do § 2º do art. 1.805 do CC), cabem dois esclarecimentos.
De um lado, não estamos a tratar aí da hipótese de o herdeiro ceder o seu direito hereditário 
a uma pessoa determinada, pois aí não haverá uma renúncia abdicativa, e sim uma renúncia 
translativa (que, na verdade, é uma aceitação da herança seguida de uma cessão gratuita da 
herança a um herdeiro específico).
De outro lado, quando o § 2º do art. 1.805 do CC afirma que “não importa igualmente 
aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros”, deve-se inter-
pretar restritivamente esse preceito para se restringir àqueles casos em que a cessão desin-
teressada seja equivalente a uma renúncia abdicativa. Em outras palavras, essa cessão tem 
de gerar o mesmo efeito prático da renúncia abdicativa: o quinhão do herdeiro cedente tem de 
ir para aqueles que, no caso de renúncia abdicativa, seriam contemplados na sucessão legíti-
ma na forma do art. 1.810 do CC. O dispositivo destina-se a “passar pano quente” sobre uma 
atecnia do herdeiro que, no lugar de manifestar uma renúncia abdicativa, manifesta ato jurídico 
de igual resultado prático: ceder gratuitamente e de forma pura e simples a sua quota para os 
demais coerdeiros.
Se, porém, a cessão gratuita, pura e simples individualizar os herdeiros, não se aplica o § 
2º do art. 1.805 do CC, pois aí as pessoas nominadas poderão ser contempladas, e não outros 
que, no regime da sucessão legítima, seriam aquinhoados.
A título exemplificativo, suponha, após a morte do meu pai, cujos herdeiros de classe mais 
próxima seria eu e meus irmãos, eu manifesto esta vontade: “cedo gratuitamente meu quinhão 
4 Cessão gratuita, pura e simples é a cessão sem cobrança de nenhuma remuneração e sem termo, condição e encargo.
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hereditário aos meus irmãos sem qualquer encargo, termo ou condição”. Se meus irmãos não 
aceitarem a herança nem o quinhão que eu lhes cedi, os meus sobrinhos não poderão reivindi-
car o quinhão que eu cedi aos meus irmãos, dado o caráter personalíssimo da minha manifes-
tação de vontade. Por isso, no exemplo em pauta, eu aceitei a herança e cedi o meu quinhão 
a outrem: houve, pois, o efeito prático de uma renúncia translativa, e não de uma renúncia 
abdicativa.
Ainda no exemplo acima, suponha que eu tenha manifestado esta vontade: “cedo gratui-
tamente meu quinhão hereditário aos demais herdeiros” ou – o que seria o mesmo – “cedo 
minha herança ao monte-mor”. Por força do § 2º do art. 1.805 do CC, aí se terá o mesmo efeito 
de uma renúncia abdicativa: meu quinhão irá para os herdeiros na forma das regras sucessão 
legítima. O mais técnico, porém, seria que eu ter manifestado uma renúncia da herança, e não 
uma cessão gratuita: o § 2º do art. 1.805 do CC tolerou essa atecnia.
Questões Especiais
Renúncia e 
aceitação da 
herança
Questões 
especiais
Necessidade de 
outorga conjugal 
para renúncia
Renúncia 
abdicativa
Prescinde de 
outorga conjugal
Cessão de direito 
hereditário
Atrai a 
necessidade de 
vênia conjugal
Poderes do advogado para 
apresentar renúncia de 
herança nos autos
É possível se a procuração com 
poderes especiais for feita por 
escritura pública (STJ)
Necessidade ou não de Outorga Conjugal para a Renúncia de Herança
O direito à sucessão aberta (= direito à herança) é um bem imóvel por determinação legal 
(art. 80, II, CC). Daí se indaga: a renúncia abdicativa à herança e a cessão do direito heredi-
tário (renúncia translativa) depende ou não da vênia conjugal com fulcro no inciso I do art. 
1.647 do CC?
Entendemos que, no caso de renúncia abdicativa, não se deve aplicar o inciso I do art. 
1.647 do CC, porque o consorte está apenas se recusando a confirmar a transmissão hereditá-
ria ocorrida presumidamente com a morte do de cujus. Ele não está transferindo o seu direito 
hereditário a ninguém.
Já no caso de cessão de direito hereditário (cessão de direito hereditário), há transmissão 
de um bem imóvel por determinação legal a atrair a necessidade de vênia conjugal.
O tema, porém, é controverso.
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Poderes do Advogado para Apresentar Renúncia (Abdicativa) de Herança 
nos Autos
A renúncia (abdicativa) é solene: tem de ser feita por escritura pública ou por termo judicial 
(art. 1.806, CC).
Termo judicial é a própria parte assinar em juízo o termo de renúncia à herança.
Daí se indaga: o advogado, munido de procuração com poderes específicos, poderia repre-
sentar o herdeiro nesse ato de renúncia por termo judicial
STJ admite que sim, desde que a procuração dada ao advogado tenha a assumido a mes-
ma forma exigida pelo art. 1.806 do CC em razão do princípio do paralelismo das formas, tam-
bém chamado de princípio da atração das formas, aplicada ao mandato (art. 657, CC). Logo, se 
a procuração dada pelo advogado foi por instrumento particular (o que é a praxe), a renúncia 
à herança apresentada pelo advogado não será válida nem deverá ser acolhida, pois a forma 
adotada pela procuração não foi escritura pública nem - o que não é comum para procuração 
ad juditia5 - por termo judicial.
5. cessão De Direito HereDitário (renúnciA trAnslAtivA)
5.1. noções gerAis
Cessão de direito 
hereditário = 
renúncia translativa
Direito hereditário 
pode ser alienado
Sempre será feito por 
escritura pública
É considerada 
transmissão de bem 
imóvel
Se for onerosa, será 
fato gerador do ITBI
Atraia necessidade 
de vênia conjugal
O direito hereditário pode ser alienado, o que se perfaz por meio da cessão de direito here-
ditário, conforme art.1.793 do CC.
A forma do negócio tem de ser por escritura pública por força do art. 1.793 do CC.
Como o direito à sucessão aberta (= direito à herança = direito hereditário) é um bem imóvel 
por determinação legal (art. 80, II, CC), tem-se que a cessão de direito hereditário caracteriza uma 
5 É viável ser dado procuração por termo judicial: trata-se da chamada procuração apud acta. Todavia, ela é comum em audi-
ências, quando a parte declara, com o devido registro na ata, que nomeia seu o advogado para representá-la nos autos. 
Vemos, porém, como não operacional, para efeito de renúncia à herança, a procuração apud acta, pois não há audiência.
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transmissão de bem imóvel, do que decorre que, se essa cessão for onerosa, teremos um fato 
gerador do ITBI.
A cessão de direito hereditário (renúncia translativa) depende ou não da vênia conjugal 
com fulcro no inciso I do art. 1.647 do CC?
Entendemos que sim, pois há transmissão de um bem imóvel por determinação legal a 
atrair a necessidade de vênia conjugal.
5.2. cessão De meAção: escriturA públicA?
Cessão de 
meação
Regra Instrumento particular ou escritura pública
Exceção
Cessão envolver de imóveis 
de valor superior a 30 
salários mínimos (escritura 
pública)Controvérsia doutrinária
Há casos em que, no processo de inventário, o viúvo quer transferir sua meação a um dos 
herdeiros. Nesse caso, indaga-se: a cessão da meação deverá ser feita por termos nos autos, 
por escritura pública ou por instrumento particular?
A meação é a metade dos bens comuns pertencente ao cônjuge supérstite em razão do 
regime de bens do casamento. Não é herança e, portanto, ao tratarmos de uma cessão de 
meação, não estamos a falar aqui de cessão de direito hereditário art. 1.793 do CC (que exige 
escritura pública) nem de uma renúncia de herança, que, à luz do art. 1.806 do CC, pode ser 
feita por termo nos autos ou por escritura pública.
Daí se segue que a cessão de meação não pode ser feita por termo nos autos (como se dá 
com as renúncias à herança).
Discute-se, porém, se é necessário escritura pública para a cessão da meação não sob a 
ótica do art. 1.793 do CC (que é inaplicável), e sim sob a perspectiva do art. 108 do CC.
O STJ entende que a cessão da meação, em regra, pode ser feita tanto por instrumento par-
ticular quanto por escritura pública, salvo quando envolver imóvel de valor superior a 30 salá-
rios mínimos, pois, nessa hipótese, a escritura pública seria obrigatória em razão da incidência 
do art. 108 do CC (que exige escritura pública para negócios jurídicos envolvendo direitos reais 
sobre imóveis de valor superior a 30 salários mínimos) (STJ, REsp 1196992/MS, 3ª Turma, Rel. 
Ministra Nancy Andrighi, DJe 22/08/2013).
Ousamos, porém, pensar diferente. Temos por irrelevante se há ou não bem imóvel envol-
vido na meação, pois esta é um bem coletivo na modalidade de universalidade de direito (art. 
91 do CC) e, assim, ela deve ser considerada um bem (coletivo) móvel por se enquadrar em um 
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direito pessoal de caráter patrimonial nos termos do art. 83, III, do CC. É diferente do que se dá 
com a herança, que, apesar de também ser uma universalidade de direito, é considerada um 
bem imóvel por previsão legal expressa nesse sentido (art. 80, II, do CC).
6. benefício De inventário
O Herdeiro não responde além das forças da herança. Em outras palavras, se o pai morre 
e só deixa dívidas, os filhos não terão de pagar essas dívidas, pois a dívida não passa aos fi-
lhos além da força da herança. Trata-se do chamado benefício de inventário, segundo o qual 
os herdeiros respondem “intra vires hereditatis” (dentro da força da herança), tudo conforme o 
art. 1.792 do CC.
7. vocAção HereDitáriA
7.1. nomenclAturAs: incApAciDADe sucessóriA, incApAciDADe testAmentáriA 
pAssivA, legitimAção ou vocAção HereDitáriA?
Nascidos ou concebidos 
têm legitimidade para a 
sucessão legítima ou 
testamentária
Concepturo
Só se concebido 
nos 2 anos 
seguintes à 
abertura da 
sucessão
Exceções
Incapacidade sucessória para 
pessoas em conflito de 
interesse ou em conflito 
moral (arts. 1.801 e 1.802, CC)
Vocação 
hereditária
Princípio da 
COEXISTÊNCIA
Pessoa jurídica 
tem legitimidade 
só em sucessão 
testamentária
Nos arts. 1.798 ao 1.803 do CC, indicam-se as pessoas e os entes que podem ter direito a 
participar de uma sucessão legítima ou testamentária. Trata-se, pois, do que o próprio Código 
Civil chama de “vocação hereditária”.
Na doutrina, há certa discrepância de nomenclatura, com emprego de expressões como 
capacidade sucessória, legitimação sucessória, indisponibilidade relativa etc. (Simão, 2020, p. 
1479; Gomes, 2012, pp. 29-38 e 97-100; Maluf e Maluf, 2013, pp. 124-125).
Carlos Maximiliano (1952-B, pp. 542-543), à época do CC/1916, por exemplo, referia-se 
à incapacidade testamentária passiva ao tratar das hipóteses atualmente tratadas nos arts. 
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1.798 ao 1.803 do CC. O CC/1916 adotava essa nomenclatura ao tratar do assunto sob o ca-
pítulo “Da Capacidade para Adquirir por Testamento” e ao valer-se de expressão como “são 
absolutamente incapazes de adquirir por testamento” (arts. 1.717 ao 1.720, CC/1916).
Preferimos, porém, valer-nos de outras nomenclaturas, seja porque o CC/2002 (ao contrá-
rio do CC/1916) não empregou a expressão capacidade sucessória para essas situações, seja 
em virtude de as referidas expressões não nos parecerem técnicas.
De fato, capacidade nos faz reportar à capacidade de fato, que é aptidão para exercer, por 
si só, atos da vida civil. Não é disso que tratam os arts. 1.798 ao 1.803 do CC, os quais apenas 
se limitam a indicar quem tem direito de participar da sucessão causa mortis.
Legitimação nos reporta à exigência de determinados requisitos para a prática de certos 
atos jurídicos. Também não é disso que se cuida nos arts. 1.798. ao 1.803 do CC.
Entendemos que os arts. 1.798 ao 1.803 do CC tratam apenas de uma escolha legislativa 
em atribuir direitos ou não a determinadas pessoas, e não de lhe subtrair a aptidão para exer-
cer, por si só, seus direitos (capacidade de fato), nem de impor-lhe exigências específicas para 
a prática de determinados atos (legitimação).
Preferimos, pois, seguir a opção taxonômica do Código Civil para valer-nos da expressão 
“vocação hereditária” ao tratar dos referidos dispositivos, expressão essa mais condizente 
com a finalidade desses preceitos: a de atribuir direitos.
7.2. regrA gerAl
Todas as pessoas já nascidas ou concebidas têm legitimidade para serem contempladas 
em sucessão legítima ou testamentária. Trata-se de uma decorrência do princípio da coexis-
tência, segundo aqual o sucessor tem de coexistir no momento da morte do autor da herança. 
Essa é a regra geral do art. 1.798 do CC.
Pessoas jurídica também pode ser contemplada em sucessão testamentária, desde que 
elas existam ao tempo da abertura da sucessão ou que se trate fundação a ser criada por de-
terminação do testador (arts. 1.799, II e III, CC).
7.3. exceção
7.3.1. Concepturo ou Nondum Conceptus
Há uma exceção ao princípio da coexistência: o concepturo (= nondum conceptus), que é 
aquele que sequer foi concebido, tem legitimação para a sucessão testamentária, desde que 
ele seja concebido nos dois anos seguintes à morte do testador (arts. 1.799, I, e 1.800 do CC) 
ou que ele tenha sido contemplado como fideicomissório (arts. 1.799, I, e 1.952 do CC).
7.3.2. Pessoas em Conflito de Interesse ou em Conflito Moral (Art. 1.801 e 
1.802, CC)
Para sucessão testamentária, os arts. 1.801 e 1.802 do CC impedem que determinadas 
pessoas sejam sucessores por dois motivos: garantir a plena liberdade de testar ou proteger a 
família. Testamento que os contemple é nulo (art. 1.802, CC).
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De um lado, por conta da necessidade de garantir a liberdade de testar, o art. 1.801 do CC 
deixa de outorgar o direito de ser sucessor pessoas que participaram do ato e, por isso, teriam 
um conflito de interesse com o testador. De modo mais específico, as seguintes pessoas não 
têm vocação hereditária:
• Quem assinou escreveu o testamento a rogo, bem como seus ascendentes, seus irmãos 
ou seu cônjuge ou companheiro (art.1.801, I, CC);
• O tabelião ou a autoridade perante quem se fizer ou se aprovar o testamento público, 
cerrado ou especial (art. 1.801, III, CC);
• As testemunhas do testamento (art. 1.801, II, CC).
De outro lado, por causa da necessidade de proteger a família, o concubino não goza de 
vocação hereditária na sucessão testamentária, salvo se o testador, sem culpa própria, já es-
tiver separado de fato há mais de cinco anos (art. 1.801, III, CC). Nada impede, porém, que a 
deixa testamentária se reverta em proveito do filho do concubino, desde que o testador seja o 
pai (art. 1.803, CC).
8. exclusão DA sucessão
8.1. Definição
Hipóteses de 
exclusão
Indignidade
(arts. 1.814 
ao 1.818, CC)
Hipóteses (rol 
taxativo)
Homicídio doloso ou tentativa
Crimes contra a honra
Atos que atentem contra a liberdade de 
testar
Depende 
de ação
Prazo decadencial de 4 anos contados da 
morte do testador
Legitimidade
Sucessores
MP (no caso de homicídio 
doloso/tentativa)
Exceção Reabilitação
Eficácia 
retroativa com 
flexibilização
Evitar enriquecumento 
sem causa
Proteger 3ºs de boa-fé
Deserdação
(arts. 1.961 
ao 1.964, CC)
Testamento + indicação da conduta
Depende de 
ação
Legitimidade Sucessores
Prova do fato que ensejou a deserdação
Prazo decadencial de 4 anos da abertura do 
testamento
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
Exclusão da sucessão diz respeito a hipóteses de herdeiros que, apesar de estarem dentro 
da ordem de vocação hereditária, serão impedidos de participar da sucessão causa mortis por 
causa de algum motivo legal. Há duas hipóteses de exclusão da sucessão: a indignidade e a 
deserdação.
8.2. inDigniDADe (pArA sucessão legítimA ou testAmentáriA)
8.2.1. Hipóteses
Os arts. 1.814 ao 1.818 do CC disciplina a exclusão de sucessores (legítimos ou testamen-
tários) por prática de ato de indignidade.
As hipóteses estão taxativamente elencadas no art. 1.814 do CC, que escolheu os mais 
repugnantes atos que atentam contra a vida do testador (o homicídio doloso ou a tentativa), a 
sua honra (crime contra a honra) ou a liberdade de testar (obstruir o testador de testar). Con-
vém transcrever o referido dispositivo:
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I – que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, 
contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II – que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime 
contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III – que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor 
livremente de seus bens por ato de última vontade.
As hipóteses têm de ser interpretadas restritivamente, pois se trata de regra restritiva 
de direito.
8.2.2. Legitimidade Processual para a Exclusão e Decadência
A exclusão do herdeiro por indignidade não é automática! Depende de sentença a ser pro-
latada em ação de exclusão por indignidade a ser proposta no prazo decadencial de 4 anos da 
morte do autor da herança (art. 1.815, CC). Nessa ação, terá de ser provada a ocorrência do 
fato indigno.
A legitimidade processual para a propor essa ação é dos sucessores (herdeiros ou legatá-
rios), admitido, porém, apenas na hipótese de indignidade por homicídio doloso ou sua tentati-
va, que o Ministério Público também proponha a ação em razão do interesse de ordem pública 
envolvido na vida (art. 1.815, CC).
8.2.3. Reabilitação
A indignidade é, em primeira análise, uma ofensa ao autor da herança, de maneira que a lei 
estabelece uma presunção de que este preferiria excluir o indigno da herança.
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DIREITO CIVIL
Carlos Elias
O CC, porém, admite uma única forma de afastar essa presunção: vontade expressada pelo 
autor da herança em testamento ou ato autêntico (art. 1.818, CC). Este último, nos termos do 
art. 411 do CPC, abrange instrumentos com firma reconhecida (o que, por analogia, alcança 
também as escrituras públicas), com assinatura eletrônica admitida em lei ou que não seja 
impugnado judicialmente pela outra parte.
Essa vontade é designada de “reabilitação” do herdeiro indigno.
8.2.4. Eficácia Retroativa com Flexibilizações
Regra Geral: Atos e Frutos Anteriores
A superveniência da sentença de exclusão do indigno tem eficácia retroativa com flexibi-
lizações. Em regra, deve-se desfazer todos os atos praticados pelo indigno, como alienações, 
bem como se deve tratá-lo como se nunca tivesse sido herdeiro.
Isso justifica o fato de o parágrafo único do art. 1.817 do CC obrigar o indigno a restituir 
todos os frutos percebidos dos bens da herança (como aluguéis de um imóvel), assegurado, 
porém, em nome da vedação ao enriquecimento sem causa, o seu direito a ser indenizado pe-
las despesas havidas com a conservação desses bens. Entendemos que esses frutos são os 
valores líquidos, ou seja, o valor após a dedução das despesas de produção e custeio (ex.: o 
valor do aluguel após a dedução da comissão de corretagem), tudo para evitar o enriquecimen-
to sem causa, no que se pode invocar a aplicação analógica do art. 1.216 do CC).
Exceções
Em nome da segurança jurídica, da tutela dos terceiros de boa-fé (de que decorre o concei-
to de “propriedade aparente”) e do princípio da proteção simplificadado agraciado6, o efeito 
retroativo da sentença de exclusão por indignidade sofre flexibilizações.
Em primeiro lugar, deixam-se incólumes os atos de mera administração praticados pelo 
indigno sobre os bens da herança, tudo para se proteger terceiros. Se, porém, o indigno tiver 
causado algum prejuízo, ele terá de indenizar (art. 1.817, caput, do CC).
Em segundo lugar, protegem-se os terceiros que, de boa-fé, tiverem adquirido onerosa-
mente bens do espólio. O art. 1.817, caput, do CC só protege as aquisições onerosas, pois, por 
um critério de justiça - expressado no princípio da proteção simplificada do agraciado -, não 
é razoável prestigiar alguém que recebeu “de graça” um bem do espólio em detrimento dos 
demais herdeiros. Trata-se da aplicação do princípio da substituição de fundamento do ato de 
vontade, pois o fundamento da propriedade do terceiro deixará de ser o contrato oneroso em si 
e passará a ser a boa-fé objetiva, que respalda o conceito de “propriedade aparente”7.
6 Artigo nosso sobre o assunto: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-pa-
ra-discussao/td254/view.
7 Artigo nosso sobre o assunto: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-pa-
ra-discussao/td270.
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DIREITO CIVIL
Carlos Elias
8.3. DeserDAção (só pArA sucessão legítimA)
8.3.1. Noção Geral e Restrição a Herdeiros Necessários
Especificamente em relação aos herdeiros necessários, os arts. 1.961 ao 1.965 do CC au-
toriza o testador a, por testamento, deserdá-los, ou seja, a privá-los da legítima, desde que eles 
tenham praticado um dos atos torpes taxativamente elencados nos arts. 1.962 ao 1.963 do CC. 
Só pode ser por testamento; nenhuma outra forma é admitida (art. 1.964, CC). O testamento 
precisa especificar a conduta ensejadora da deserdação.
É evidente que as hipóteses de deserdação não se aplicam aos herdeiros facultativos (os 
que não são necessários), pois, para eles, não há o direito à legítima. O autor da herança pode, 
imotivadamente, dispor da integralidade dos bens em favor de quem quer que seja, caso não 
tenha herdeiro necessário.
A deserdação, pois, é uma forma de flexibilizar o direito dos herdeiros necessários à legítima.
8.3.2. Hipóteses
As hipóteses autorizadoras da deserdação estão listadas nos arts. 1.962 e 1.963 do CC. 
Esses atos, além de abranger os de indignidade do art. 1.814 do CC, alcançam também hipó-
teses adicionais que, por opção legislativa, não foram consideradas como dignas de se aliar 
à presunção legal implícita nas hipóteses de indignidade. Para esses atos adicionais, é preci-
so que o autor da herança expresse seu desejo de excluir o herdeiro necessário por meio de 
testamento.
Convém transcrever os retrocitados artigos:
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes 
por seus ascendentes:
I – ofensa física;
II – injúria grave;
III – relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV – desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes 
pelos descendentes:
I – ofensa física;
II – injúria grave;
III – relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou com-
panheiro da filha ou o da neta;
IV – desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
8.3.3. Legitimidade Processual para a Exclusão e Decadência
A exclusão dos herdeiros necessários por deserdação não é automática! Depende de sen-
tença a ser proferida em ação de exclusão por deserdação a ser proposta pelo interessado. 
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Não bastará o testamento com especificação da conduta digna de deserdação. É preciso que 
o interessado comprove a ocorrência desse fato em juízo (art. 1.965, caput, do CC).
O prazo decadencial para a propositura da ação de deserdação é de 4 anos, contados da 
abertura do testamento (que é o momento em que os demais herdeiros tomaram, ainda que 
potencialmente, ciência do fato).
8.3.4. Revogação do Testamento como Desistência de Deserdar
Como o testamento é, por natureza revogável, o autor da herança pode desistir de deserdar 
um herdeiro necessário, revogando o testamento em que previu a deserdação.
8.4. clAssificAção QuAnto à fonte (sucessão legítimA, testAmentáriA 
ou irregulAr)
Classificação quanto à 
fonte
Sucessão legítima
Decorre da lei e aplica-
se aos bens em relação 
aos quais inexista 
testamento
Sucessão testamentária
Deriva de disposição de 
ultima vontade 
formalizada por 
testamento
Sucessão irregular Sucessão regida por normas próprias
Quanto à fonte, podemos classificar a sucessão causa mortis em testamentária, legítima 
ou irregular.
Sucessão testamentária é a que deriva de disposição de última vontade, formalizada, no di-
reito brasileiro, por meio do testamento ou do codicilo. A disciplina da sucessão testamentária 
está nos arts. 1.857 e ss do CC, além das normas gerais dos arts. 1.784 a 1.828.
Sucessão legítima ou ab intestato é a que decorre da lei e aplica-se aos bens em relação 
aos quais inexista testamento (válido e eficaz), conforme art. 1.788 do CC. O CC trata do tema 
nos arts. 1.829 e ss, além das normas gerais dos arts. 1.784 a 1.828.
É possível haver as duas espécies de sucessão concomitantemente: sucessão testamen-
tária em relação aos bens objeto da disposição de última vontade e sucessão legítima no 
tocante aos demais bens.
A sucessão irregular ou anômala é entendida aquela que é regida por normas próprias e 
que, portanto, não segue os arts. 1.829 e seguinte do CC (Gonçalves, 2019, p. 46). A título de 
exemplos, podemos citar:
• o art. 520 do CC estabelece que o direito de preferência não se transmite aos herdeiros, 
o que representa um exemplo de sucessão irregular ou anômala, porque prevê regra su-
cessória diversa da prevista para a sucessão legítima;
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• a transmissão dos direitos autorais para o domínio público no caso de o autor falecido 
não ter deixado herdeiros (art. 45, I, da Lei n. 9.610/1998): o direito autoral, pois, não se 
reverterá ao Poder Público por meio de herança jacente e vacante na forma das regras 
de sucessão legítima previstas nos arts. 1.819 ao 1.823 do CC;
• o direito de acrescer em favor dos demais coautores na hipótese de um deles falecer 
sem deixar herdeiros (art.42, parágrafo único, da Lei n. 9.610/1998);
• o art. 18, § 2º, do Decreto-Lei n. 3.438/1941 proíbe que sucessão em favor de cônjuge 
estrangeiro em terreno de marinha;
• o art. 1º, § 2º, da Lei n. 6.858/1998 estabelece que, na hipótese de inexistir dependente 
ou sucessores, as verbas trabalhistas, de FGTS e de PIS-PASEP deverão ser revertidas 
respectivamente em favor do Fundo de Previdência e Assistência Social, do Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço ou do Fundo de Participação PIS-PASEP.
• o art. 2º, parágrafo único, da Lei n. 6.858/1998 fixa que, se não houver dependente ou su-
cessor, deverão ser revertidas ao Fundo de Previdência e Assistência Social os valores 
devidos a título de restituição de Imposto de Renda (ou de outros tributos) bem como os 
valores de até 500 OTNs em aplicações financeiras ou em contas bancárias (desde que 
inexista outros bens a inventariar).
8.5. veDAção à sucessão contrAtuAl (Ao pActo De corvinA)
Sucessão 
contratual
É vedada no 
Brasil Proibição do pacto de corvina (art. 426, CC)
Exceções a essa 
vedação
Partilha dos bens do 
ascendente por ato entre 
vivos entre seus 
descendentes
Deve respeitar 
a legítima
Controvérsia
Pacto antenupcial dispondo acerca da sucessão 
causa mortis no futuro, desde que não exceda 
metade dos bens. STJ não aceita.
É vedado, em nosso direito, a “sucessão contratual” ou a “sucessão pactícia”, tendo em 
vista a proibição do pacto sucessório (também designado de pacto de corvina) no art. 426 do 
CC. Há duas situações apontadas como exceções a essa proibição.
A razão de ser do interesse público contido na vedação ao pacto sucessório reside não 
apenas na imoralidade, mas também - entendemos - no fato de que contratos como esses po-
deriam ser estímulos financeiros a homicídios, o que representa uma ameaça. Orosimbo No-
nato, demonstrando que a repulsa a esse tipo de pacto remonta ao Direito Romano8, sublinha 
8 O ex-Ministro do STF Orosimbo Nonato expõe que a repulsa ao pacto sucessório nem sempre foi uniforme ou constante na 
história, pois, além de os romanos terem insinuado flexibilizações (como a de admitir a divisão de bens feita pelo pai entre 
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que, entre outros motivos, o pacto de corvina contraria a ordem pública e os bons costumes 
pelo fato de “tal convenção, escreve Larombière, aludindo à opinião dos doutores, é verdadei-
ramente bárbara, encerra voto homicida votum alicuius mortis” (Nonato, 1957, p. 29).
A primeira é bem controversa. O STJ não a acolhe. Maria Helena Diniz não a admite, por 
considerá-la infratora do art. 426 e 1.655 do CC9.
Essa primeira situação é aquela que envolve um pacto antenupcial em que os nubentes 
dispõem acerca da própria sucessão causa mortis no futuro, desde que não excedam à me-
tade dos bens. O fundamento legal seria os arts. 546 (que admite doação em contemplação 
de casamento futuro em prol da eventual prole do casal) e 1.668, IV (que exclui da comunhão 
as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com cláusula de incomunica-
bilidade). O STJ não admite essa estipulação acerca da sucessão futura dos cônjuges, consi-
derando nula a cláusula do pacto antenupcial que exclui o cônjuge sobrevivente da sucessão 
causa mortis do outro (STJ, REsp 954.567/PE, 3ª Turma, Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe 
18/05/2011).
A segunda apoia-se no art. 2.018 do CC10, que permite ao ascendente, por ato entre vivos, 
promover a partilha dos seus bens entre os seus descendentes, mas respeitando a legítima 
dos herdeiros necessários. Essa sucessão antecipada é a única exceção ao art. 426 do CC. 
Para Maria Helena Diniz, essa hipótese “embora apresente inconvenientes, porquanto apenas 
pode abranger bens presentes” (Diniz, 2013, p. 31).
9. meAção, HerAnçA e legADo
9.1. Distinção
Sucessão 
contratual
É vedada no 
Brasil Proibição do pacto de corvina (art. 426, CC)
Exceções a essa 
vedação
Partilha dos bens do 
ascendente por ato 
entre vivos entre seus 
descendentes
Deve respeitar 
a legítima
Controvérsia
Pacto antenupcial dispondo acerca da 
sucessão causa mortis no futuro, desde que 
não exceda metade dos bens. STJ não 
aceita.
os filhos para evitar discórdias familiares), o direito germânico acolhia os pactos sucessórios como perfeitamente válidos, 
“o que se explica pelos característicos dos seus institutos da família e da propriedade” (Nonato, 1957-A, pp. 24-25).
9 Veja os preceitos:
 “Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.”
 “Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.”
10 “Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a 
legítima dos herdeiros necessários.”
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Não se confunda meação e herança (em sentido amplo).
A meação corresponde aos bens pertencentes a cada um dos cônjuges em virtude da ces-
sação do regime de bens do casamento ou da união estável (a qual ocorre com a morte). É, 
pois, instituto de Direito de Família.
Herança (em sentido amplo) refere-se ao conjunto de bens que pertencem ao de cujus. 
É, pois, instituto de Direito Sucessório. Assim, se o falecido era casado ao tempo da morte, 
apenas a sua meação é que integrará o monte-mor que será transmitido via sucessão causa 
mortis. A outra meação não integrará o acervo hereditário, por ser bem próprio do cônjuge 
supérstite.
Herança em sentido amplo pode ser dividida em: (1) herança em sentido estrito e (2) lega-
do. Trataremos desse assunto mais à frente ao cuidar de sucessão a título singular e a título 
universal.
9.2. cálculo Do Acervo HereDitário (monte-mor)
Cálculo do acervo 
hereditário Somatório
Relictum (bens em nome do 
falecido) - dívidas 
Bens colacionados (só para igualar 
quinhão sobre legítima)
O acervo hereditário corresponde ao relictum (bens em nome do falecido) menos as dívi-
das (incluídas aí as despesas do funeral), conforme se extrai do art. 1.847 do CC. Os credores 
do espólio possuem direito de excutir o relictum.
Além disso, apenas para fins de igualar o quinhão devido a cada herdeiro necessário (e não 
para outros fins, nem mesmo - é óbvio - para pagar credores do de cujus), deve-se acrescer aí 
os bens colacionados (arts. 2.002 e 2.003, parágrafo único). Di-lo o art. 1.847 do CC, que realça 
que os bens colacionados são acrescidos ao cálculo do monte-mor só depois de apurado o 
patrimônio líquido deixado pelo de cujus.
Pode-se resumir o espólio nesta equação:
ACERVO PARTILHÁVEL + (RELICTUM – DÍVIDAS) + BENS COLACIONADOS
É esse acervo que será partilhada entre os herdeiros necessários.
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10. clAssificAção QuAnto Aos efeitos (sucessão A título singulAr e A 
título universAl): HerDeiro vs legAtário
Classificação quanto 
aos efeitos
Sucessão a título 
singularRecebe-se coisa 
especificada e 
individualizada
Quem recebe a título 
singular = legatário
Legado = coisa 
individualizada 
recebida pelo 
legatário
Sucessão a título 
universal
Recebe-se 
proporcionalmente 
um patrimônio ou 
uma fração dele
Quem recebe a título 
universal = herdeiro
Há duas formas de recebimento em uma sucessão:
• A título universal: recebe-se proporcionalmente um patrimônio ou uma fração dele (=ati-
vo e passivo). Ex.: recebo 20% do patrimônio de alguém;
• A título singular: recebe-se coisa especificada e individualizada. Ex.: recebo um determi-
nado apartamento do Rio de Janeiro.
Na sucessão causa mortis, chama-se de legatário que recebe a título singular e de “legado” 
a coisa individualizada que ele recebe. Só é possível haver legatário na sucessão testamentá-
ria, pois o testador pode individualizar algum bem.
Denomina-se de herdeiro quem recebe a título universal e de herança (em sentido estrito) 
o patrimônio ou a fração do patrimônio recebido.
O verbete “herança” é utilizado pelo legislador em dois sentidos: ora em sentido amplo, ora 
em sentido amplo. Cabe ao leitor intuir, em cada dispositivo, a qual sentido o legislador se re-
mete. Em suma, podemos classificar a herança em sentido amplo (lato sensu) em: (1) legado e 
(2) herança em sentido estrito ou herança stricto sensu. A herança em sentido amplo se refere 
a toda massa patrimonial deixada pelo falecido e, nesse ponto, é sinônima de acervo hereditá-
rio, monte-mor e outras expressões similares.
Pode haver herdeiro na sucessão testamentária quando o testador deixa um patrimônio ou 
uma fração deste, caso em que se falará em herdeiro testamentário. Na sucessão legítima, só 
há herdeiro (que será chamado de herdeiro legítimo), pois a lei só prevê a repartição do patri-
mônio do de cujus como um todo.
Daí decorre que podemos classificar a sucessão causa mortis quanto aos efeitos des-
ta maneira:
• Sucessão a título singular: é aquela em que há um sucessor a título singular (ou seja, 
um legatário);
• Sucessão a título universal: é aquela em que há alguém que sucede a título universal, ou 
seja, há um herdeiro.
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11. espécies De HerDeiro
Espécies de 
herdeiro
Testamentário Sucede por testamento
Legítimo Sucede por lei
Herdeiro 
necessário
Tem direito à 
“legítima”
Herdeiro 
facultativo
Não tem direito 
à “legítima”
Há dois tipos de herdeiros:
• Herdeiro testamentário: sucede por testamento. Ex.: testador deixa 20% do seu patrimô-
nio ao João;
• Herdeiro legítimo: sucede por lei.
− Herdeiro necessário, legitimário ou reservatário: tem direito à “legítima” de pleno di-
reito (art. 1.846, CC). Veremos mais à frente. Os herdeiros necessários são o cônjuge, 
os ascendentes e os descendentes, conforme art. 1.845 do CC;
− Herdeiro facultativo ou colateral: não tem direito à “legítima”. São os demais herdei-
ros legítimos, ou seja, os parentes colaterais até o 4ª grau, conforme art. 1.839 do CC.
12. legítimA
12.1. Definição
Legítima
Corresponde à metade do patrimônio de uma pessoa que 
possui herdeiros necessários
Sistema da liberdade de testar limitada
Princípio da 
intangibilida
de da 
legítima 
Exceções
Indignidade
Deserdação
Deserdação 
bona mente
Cláusula restritiva de 
propriedade sobre 
legítima com justa 
causa
Proteção da 
legítima em 
vida
Colação
Doação 
inoficiosa
Redução 
testamentária
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Legítima ou reserva legitimaria corresponde à metade do patrimônio de uma pessoa que 
possui herdeiros necessários (arts. 1.789, 1.846 a 1.850 do CC).
O CC adotou o “sistema da liberdade de testar limitada”, de modo que, se o testador pos-
sui herdeiros necessários, ser-lhe-á vedado dispor, em testamento, de mais da metade de seu 
patrimônio. É que metade do patrimônio constitui a legítima ou a reserva legitimária (a qual 
pertence, de pleno direito, aos herdeiros necessários), ao passo que a outra metade é a porção 
disponível (da qual o testador pode dispor livremente)11. Trata-se do princípio da intangibilida-
de da legítima.
Se, porém, o testador não possui herdeiros necessários, poderá dispor com absoluta liber-
dade de seus bens. Poderá, inclusive, excluir os herdeiros colaterais mediante mera disposição 
integral de seu patrimônio sem os contemplar (art. 1.850 do CC).
O princípio da intangibilidade da legítima não é absoluto, mas admite exceções, conforme 
veremos a seguir.
12.2. exceções à intAngibiliDADe DA legítimA
12.2.1. Indignidade
O herdeiro necessário pode perder o direito à legítima no caso de indignidade, que está nos 
arts. 1.814 e ss do CC. Tratamos desse assunto em outro momento.
12.2.2. Deserdação
O testador pode dispor livremente da legítima, se, em testamento, assim ele determinar me-
diante declaração expressa de que o herdeiro necessário incorre em alguma das causas de de-
serdação previstas nos arts. 1.962 e 1.963 do CC. Tratamos desse assunto em outro momento.
12.2.3. Deserdação Bona Mente: Cláusula Restritiva da Propriedade
O testador pode gravar a legítima com uma cláusula restritiva da propriedade (inaliena-
bilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade), desde que explicite uma justa causa no 
testamento (art. 1.911 do CC). Trata-se do que a doutrina designa de deserdação bona mente. 
Tratamos desse assunto em outro momento.
11 No Brasil, a porção disponível é fixa: sempre corresponde à metade dos bens do testador que possui herdeiros necessários. 
Em outras legislações, todavia, “a porção disponível é variável; o Código Civil português, p. ex., no art. 2.158, prescreve que a 
legítima dos filhos é de metade da herança, se existir um só filho, e de dois terços, se existirem dois ou mais, e, no art. 2.161, 
dispõe que, se apenas existem ascendentes que não sejam pai e mãe, consistirá a legítima deles na terça parte dos bens da 
herança” (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro, volume 6: direito das sucessões. São Paulo: Saraiva, 2010. 
Pp. 13).
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Sucessões – Parte I
DIREITO CIVIL
Carlos Elias
12.2.4. Proteção da Legítima em Vida
Como forma de proteger a legítima, o ordenamento jurídico dispõe de algumas ferramen-
tas, especialmente da colação (fruto da doação como antecipação de legítima), da doação 
inoficiosa e da redução testamentária.
Doação como Antecipação de Legítima
Doação a descendentes ou a cônjuge é antecipação da legítima e, por isso, tem de ser co-
lacionada para efeito de igualar o quinhão devido a cada herdeiro necessário.
A exceção corre à conta destas hipóteses:
• estipulação diversa do doador, dispensando a colação12 (arts. 544 e 2.005 do CC);
• doação remuneratória por serviços ao ascendente (art. 2.011 do CC);
• descendente-donatário não era herdeiro necessário ao tempo da liberalidade (art. 2.005, 
parágrafo único, do CC).
Por fim, alerta-se que não há adiantamento de legítima se doação for de descendente

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