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INTRODUÇÃO NA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO 1

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Unidade 1
História da Engenharia 
de Segurança do Trabalho
Introdução à Engenharia 
de Segurança do 
Trabalho
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoras 
ROSIVANY GOMES
A AUTORA
Rosivany Gomes
Olá. Sou a professora Rosivany Gomes. Sou mestre em Biociência 
e Pedagoga, com uma experiência técnico-profissional na área de 
Segurança, Saúde e Meio Ambiente. Também atuo como consultora em 
SMS para empresas que precisam se adequar às exigências legais na área 
de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Ao longo da minha vida acadêmica 
pude coordenar curso de MBA em Sistema de Gestão Integrado em 
SMS e atuar em diferentes segmentos da Educação, desde educação 
básica, cursos técnicos, cursos de graduação e pós-graduação. Durante 
essa jornada, desenvolvi habilidades e competências como educadora, 
aprimorando meus conhecimentos em Metodologia Ativa, Aprendizagem 
Baseada em Projetos e Ensino a Distância e Educação em Ambientes 
Virtuais com o projeto “Recomendação de materiais didáticos baseada 
em estilos cognitivos de aprendizagem”. Destaco na minha sólida carreira 
na área de Gestão Educacional os prêmios de coordenador inspirador e 
prêmio educação inovação e desenvolvimento de projetos educacionais 
pela implantação e coordenação de projetos educacionais baseados em 
metodologias ativas e por desenvolver a cultura digital na minha equipe 
e nos alunos de cursos presencial e nas plataformas de EAD. Atualmente 
me dedico à formação técnica profissional e elaboração de materiais 
educacionais, aplicando a aprendizagem, associando teoria à prática – 
aprender fazendo.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES:
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Evolução da engenharia de segurança .................................................10
Contextualizando a segurança do trabalho ................................................................. 10
Evolução da formação profissional .................................................................................... 16
Engenharia de Segurança do Trabalho moderna ................................................... 17
Segurança do trabalho no Brasil .......................................................................................... 18
Aspectos econômicos, políticos e sociais ..........................................20
Contexto histórico .......................................................................................................................... 20
Aspectos econômicos ................................................................................................................. 21
Aspectos políticos ..........................................................................................................................23
Aspectos sociais ..............................................................................................................................25
História do prevencionismo .........................................................................29
Sintetizando a história ..................................................................................................................29
Prevencionismo pré-Revolução Industrial .................................................................... 31
Prevencionismo pós-Revolução Industrial ...................................................................33
Revolução 4.0 .....................................................................................................................................35
Entidades públicas e privadas ...................................................................38
Conceitos legais .............................................................................................................................. 38
Direitos e deveres prevencionistas ................................................................................... 39
O papel do serviço especializado em engenharia e medicina do trabalho 
(SESMT)................................................................................................................................................... 41
Serviço especializado em engenharia e medicina do trabalho – 
entidades privadas ......................................................................................................44
Serviço especializado em engenharia e medicina do trabalho – 
entidades públicas ......................................................................................................44
Terceiro setor ......................................................................................................................................45
7
UNIDADE
01
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
8
INTRODUÇÃO
A segurança do trabalho é hoje uma atividade multidisciplinar que 
engloba um conjunto de normas e procedimentos preventivos que tem 
como finalidade antecipar, reconhecer e avaliar os riscos existentes no 
ambiente ocupacional. A história do prevencionismo vem percorrendo 
uma longa estrada e tem como principal objetivo a prevenção de 
acidentes, doenças ocupacionais e doenças do trabalho. 
Face aos danos e custos originados pelos acidentes de trabalho 
e pelas doenças ocupacionais, as empresas precisaram compreender a 
necessidade da prevenção e adequação às exigências legais. Segundo 
o guia de leis trabalhistas, as Normas Regulamentadoras (NR), relativas à 
segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas 
empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração 
direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e 
Judiciário que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT) (PANTALEAO, 2019). 
Os profissionais da área de segurança atuam nas empresas tanto 
para o cumprimento da legislação pertinente, pois o não cumprimento 
acarretará ao empregador a aplicação das penalidades, quanto para 
atender as novas demandas neocapitalistas. Para atender essa demanda, 
normas regulamentadoras estão sendo atualizadas pela comissão 
tripartite, adequando assim os equipamentos de segurança que se 
tornam cada vez mais anatômicos e resistentes. Mas, e as pessoas, 
acompanharam toda essa evolução? Ao longo desta unidade letiva você 
vai mergulhar neste universo prevencionista!
A engenharia de segurança do trabalho é um processo em 
permanente construção, que exige dos profissionais da área de segurança, 
técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança, médico 
e enfermeiro do trabalho conhecimentos multidisciplinares, como leis, 
decretos, normas e procedimentos relacionados à saúde e segurança 
do trabalhador, que em função dos milhões de acidentes de trabalho e 
milhares de óbitos, mostra que jamais serão suficientes.
Introdução à Engenharia de Segurança doTrabalho
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Descrever a evolução da Engenharia de Segurança do Trabalho.
2. Conhecer os aspectos econômicos, políticos e sociais que norteiam 
o prevencionismo.
3. Discernir a história do prevencionismo no Brasil e no mundo. 
4. Diferenciar os aspectos da segurança de trabalho nas entidades 
públicas e privadas e o trabalho do SESMT.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
10
Evolução da engenharia de segurança
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer e 
analisar o contexto histórico da Segurança do Trabalho, as 
perspectivas para o futuro da segurança e saúde do trabalho 
e compreender o papel da Engenharia de Segurança no 
contexto econômico, político e social.
Contextualizando a segurança do trabalho
Querido(a) aluno(a), estamos prestes a iniciar nossa jornada rumo 
à Engenharia de Segurança do Trabalho, mas precisamos primeiro 
estabelecer o que é trabalho.
Para Sussekind (2002, p. 1), em seu curso de Direito do Trabalho, 
a definição de trabalho é: “toda energia humana, física ou intelectual, 
empregada com um fim produtivo, constitui trabalho”.
Figura 1 – Carteira de trabalho
Fonte: https://bit.ly/2KAuU30. Acesso em: 16 dez. 2020.
Assim, podemos chamar de trabalhadores todos os seres humanos, 
homens e mulheres que exercem uma atividade que tenha por finalidade 
o seu sustento, estando inseridos no mercado de trabalho por meio 
de uma relação contratual; que pode ser formal, quando o trabalhador 
tem um contrato de trabalho registrado mediante carteira de trabalho 
pela consolidação das leis do trabalho (CLT) ou estatutário, quando seu 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
11
contrato é registrado em uma entidade pública. Esse trabalhador também 
pode exercer seu trabalho nos setores informais, quando não há um 
contrato de trabalho registrado na carteira de trabalho.
Dessa forma, a relação do homem com o trabalho pode ser 
encontrada na história da humanidade de forma muito marcante em seus 
acontecimentos e em suas mudanças, tanto nas relações sociais entre os 
homens como na relação do homem com o meio.
A relação do homem com o meio é um importante registro da 
evolução da humanidade. Por isso, Walter Bazzo analisa o desenvolvimento 
das relações humanas e afirma que:
Analisando a história, logo percebemos que ela é de fato 
permeada de significativos desenvolvimentos que marcaram 
profundamente o destino da humanidade. O controle do 
fogo, a domesticação dos animais, a invenção da agricultura, 
a criação de cidades, o desenvolvimento da imprensa ou a 
construção de um avião comercial estão aí para comprovar 
esta interpretação. (BAZZO, 2006, p. 66)
Na pré-história, o homem apresenta uma relação extrativista com o 
meio e sua energia é consumida no trabalho de retirar do ambiente o fruto 
de sua sobrevivência. Ele precisava ir em busca da caça, do alimento, do 
abrigo estando exposto a diferentes situações de risco e vulnerabilidade. 
Ainda na pré-história, no período Neolítico, o homem começa a busca por 
PROTEÇÃO, por mais SEGURANÇA em relação ao meio com o qual ele 
interage.
Essa busca o leva a desenvolver habilidades em talhar a pedra e 
posteriormente os metais para fabricar suas armas de caça e de proteção. 
É também nesse momento histórico que o homem trabalha na terra, 
cultivando, domesticando animais e produzindo alimentos e se tornam 
sedentários, formando pequenos grupos familiares com o mesmo 
objetivo (SILVA, 2019). 
Sendo assim, podemos ver nesse momento que o trabalho para 
o homem é uma relação dele com o meio e com os outros. É pela força 
do trabalho que o homem constrói suas primeiras comunidades. Além 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
12
disso, a formação da comunidade também foi uma forma de gerar mais 
segurança e conforto. Os homens agora saíam para caçar em bandos 
com as armas confeccionadas por eles enquanto as mulheres e crianças 
cultivavam a terra e cuidavam dos animais (SILVA, 2019).
Diante disso, o homem não parou nas cavernas e continuou 
evoluindo, agregando conhecimento e aplicando suas descobertas para 
produzir mais e sentir-se socialmente mais seguro. A força vital era a sua 
maior fonte de energia, até que o homem começou a dominar a energia 
da natureza, primeiro o fogo, depois a água e o vento.
Figura 2 – Sociedade pré-histórica
Fonte: Pixabay
No estudo do ambiente de trabalho é preciso avaliar os pontos de 
tensão e os conflitos que fazem com que os homens criem novas relações 
de trabalho. Dessa forma, primeiramente analisemos pela ótica do 
trabalho, partindo da pedra lascada, passando pelos metais até o domínio 
do conhecimento técnico, com a construção de máquinas, ainda que 
rudimentares. Depois, por uma ótica social, partindo de uma sociedade 
caçadora/coletora, passamos para uma sociedade rural até chegarmos 
em ambientes urbanos, com novas relações de produção para obter lucro 
e consumo capitalista. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
13
O trabalho realizado atualmente encontra-se dentro de um 
contexto histórico. Um exemplo da evolução das relações de trabalho é 
compararmos o trabalho de um artesão medieval, que nele concentrava-
se todo o trabalho de criar, planejar e modificar as peças produzidas, com 
a indústria metalúrgica atual, onde há linha de produção mecanizada, 
objetivando a produtividade e a empregabilidade no setor.
Assim, vemos o homem começar a gerar o contrato de trabalho, 
pois o trabalho não era mais para garantir a sobrevivência, e sim para 
garantir o salário e o lucro, ou seja, o homem trabalha para outro homem 
e recebe algo em troca (BAZZO, 2006). 
Figura 3 – Contrato de trabalho
Fonte: pixabay
Contudo, caso o desenvolvimento do trabalho do empregado não 
tivesse o êxito esperado pelo contratante, nada lhe era devolvido. Assim, 
a falta de segurança era responsabilidade do trabalhador e não de quem 
contratava o trabalho. 
Mas quando o homem começou a pensar na qualidade de vida no 
trabalho? Na sua segurança enquanto trabalha? 
Essa visão de segurança baseada em um contrato de trabalho é 
muito tardia em relação à classe trabalhadora, embora haja registro gerado 
pelo conhecimento científico, como o que vemos em aproximadamente 
350 a.C. sobre a segurança no trabalho, quando Aristóteles estudou os 
danos causados à saúde dos trabalhadores em forma de enfermidades e 
principalmente como evitá-las. Depois, a literatura reporta os estudos de 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
14
Hipócrates, o pai da medicina, a respeito do envenenamento por chumbo 
realizados no século XV e, séculos depois, em Roma, volta-se a falar 
sobre envenenamento com enxofre, zinco e vapores ácidos.
Nesses escritos, os autores relatam fatos acontecidos, porém 
a Engenharia de Segurança do Trabalho vai surgir para desenvolver a 
técnica de prevenção com o objetivo de gerar maior qualidade de vida aos 
trabalhadores, e para os empregadores um aumento na produtividade e 
nos resultados positivos em sua gestão organizacional.
Embora durante séculos os marcos da Segurança do Trabalho, 
como quando Bernardino Ramazzini descreve doenças relacionadas a 
50 profissões e por seu trabalho ele é considerado o Pai da Medicina do 
Trabalho (MACEDO, 2012), estejam ligados a ações corretivas, a Engenharia 
de Segurança do Trabalho trabalha para avaliar os riscos por meio de 
métodos qualitativos e quantitativos, de forma que se possa controlar o 
aparecimento de doenças ocupacionais e evitar acidentes.
Dessa forma, a Engenharia de Segurança tem o apoio dos demais 
profissionais da prevencionista, como o médico do trabalho, que auxilia da 
gestão de segurança analisandoe acompanhando a saúde do trabalhador 
mediante exames médicos ocupacionais (admissional, periódico, retorno 
ao trabalho ou mudança de função e o demissional) que ajudam em 
diagnósticos precoces. 
Outro aspecto importante que devemos destacar na Engenharia de 
Segurança do Trabalho é a prevenção de acidentes de trabalho, que além 
de garantir a integridade física, mental e social do colaborador, deve ser 
vista como um bom investimento de capital, já que garante a continuidade 
das operações e redução com os custos do acidente.
Atualmente, podemos destacar a função do engenheiro de 
segurança do trabalho de produzir e manter atualizado o Perfil Profissional 
Previdenciário (PPP), documento que registra as atividades desenvolvidas 
pelos trabalhadores da empresa e que é utilizado para a análise da 
rescisão do contrato por desligamento e concessão de benefícios por 
incapacidade, usado durante a perícia realizada pelos médicos do INSS 
para comprovação do nexo causal.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
15
A Engenharia de Segurança do Trabalho só é hoje uma realidade 
porque foram necessários mais de 100 anos, desde a primeira lei que 
garantia segurança aos trabalhadores, para que a proteção dos trabalhos 
atingisse a todos os povos. Foi apenas no século XX, depois da Primeira 
Guerra Mundial, quando aconteceu a Conferência da Paz, onde foi criada 
a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial 
de Saúde (OMS), em 1919, com o início das suas operações, impactando 
o mundo. Em 1958 e 1959, em Conferência Internacional do Trabalho, foi 
estabelecida a Recomendação no 112 para os serviços de saúde ocupacional. 
ACESSE:
Para saber mais sobre a Convenção 155 da OIT, conhecida 
como “Convenção sobre Saúde e Segurança dos 
Trabalhadores - 1981”, clique aqui.
Podemos destacar na gestão da Saúde e Segurança do Trabalho 
(SST), realizada pela Engenharia de Segurança do Trabalho, a atenção às 
recomendações estabelecidas pela OIT em níveis globais e o atendimento 
às Normas Regulamentadora Nacionais, priorizando as práticas 
organizacionais que proporcionem aos trabalhadores a vivência do 
conceito de saúde estabelecido pelas Organizações Mundiais de Saúde 
(OMS), que estabelece saúde como bem-estar físico mental e social e não 
apenas ausência de sintomas, por meio dos exames ocupacionais. 
Sendo assim, a engenharia de segurança deve estar atenta às 
condições ergonômicas e de conforto ofertadas aos colaboradores, 
principalmente para os postos de trabalho que exigirem um desgaste 
psicofisiológico do trabalhador, reduzindo situações que levem aos conflitos 
e ao estresse. Uma boa prática organizacional para reduzir esses efeitos é o 
uso de meritocracia como reconhecimento e qualificação profissional.
Em um aspecto mais operacional, a Engenharia de Segurança do 
Trabalho deve priorizar as medidas de controle coletivas e organizacionais 
ou administrativas, utilizando-se das medidas individuais como 
complementadoras no processo de antecipação, reconhecimento, 
avaliação e controle de risco previsto pela NR 9. (BRASIL, 2016)
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
http://www.sstonline.com.br/convencao-155-um-tratado-de-prevencao/
16
Evolução da formação profissional
Assim como as máquinas e os processos evoluíram, a formação 
profissional também precisou evoluir, saindo do Assistente de Segurança 
do Trabalho, passando pelo Auxiliar de Segurança do Trabalho até 
chegarmos no Técnico de Segurança do Trabalho e Engenheiro de 
Segurança do Trabalho. Vamos conhecer o conceito de cada um desses 
profissionais.
 • Auxiliar Técnico de Segurança no Trabalho: é o profissional 
responsável por promover a segurança e prevenção de riscos. 
Ele orienta os funcionários a utilizar os EPIs de forma correta, 
estabelece normas de segurança, informa sobre meios de 
prevenção de acidentes, inspeciona áreas de trabalho a fim de 
verificar as condições do ambiente e verifica equipamentos usados 
para determinar possíveis fatores de risco. O profissional trabalha 
diretamente com a área de saúde e segurança em empresas 
(Empregos.com.br, 2015). 
 • Técnico de Segurança do Trabalho: o profissional de Segurança 
do Trabalho pode atuar em empresas, brigadas de incêndio e 
instituições públicas e privadas. Sua meta é preservar a segurança 
dos trabalhadores a partir de programas de prevenção, como a 
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que visa a 
precaução de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho 
(BRASIL, 2017).
 • Engenheiro de Segurança: desenvolve, testa e supervisiona 
sistemas, processos e métodos produtivos, gerencia atividades de 
segurança no trabalho e do meio ambiente, gerencia exposições 
a fatores ocupacionais de risco à saúde do trabalhador, planeja 
empreendimentos e atividades produtivas e coordena equipes, 
treinamentos e atividades de trabalho (BRASIL, 2017).
Se desde os primórdios da sociedade o engenheiro é importante 
no dia a dia de uma sociedade, seja planejando ou executando projetos, 
também na área de segurança é fundamental para a procura de soluções, 
para a concretização de ideias ou mesmo para a administração dos serviços 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
17
necessários à execução da gestão de segurança. Não seria diferente na 
engenharia moderna, que se caracteriza pelo uso de ferramentas de 
gestão atreladas à aplicação de conhecimentos científicos para a solução 
de problemas (ALVIM, 2006). 
Engenharia de Segurança do Trabalho 
moderna
A engenharia de segurança que vemos hoje está inserida em uma 
nova cultura organizacional, que iniciou durante uma reunião em Londres 
em 1946, onde foi decidido pelos vinte e cinco países representantes 
criar uma organização internacional, International Organization for 
Standardization (ISO), que tem como objetivo facilitar a coordenação de 
normas industriais. Através da ISO foi possível estabelecer como gerenciar 
os negócios ao longo do processo e não por resultados. 
Hoje, podemos dizer que todos os segmentos vêm se preocupando 
com a Segurança e Saúde Ocupacional para reduzir e controlar acidentes 
de trabalho. As organizações querem ainda servir os clientes com produtos 
de qualidade, garantir a prevenção no uso de máquinas e equipamentos 
e qualquer tipo de erro. 
Junto com a ISO, a norma OHSAS 18001 fortalece o desenvolvimento 
da política de segurança, possibilitando a padronização das regras que 
devem ser respeitadas por todos, acrescentando os terceiros em uma 
conduta de equidade e postura prevencionista. Sendo assim, atualmente, 
a condução de um Sistema de Gestão da Saúde e Segurança Ocupacional 
é um elemento fundamental da estratégia organizacional. 
A implementação de um Sistema de Gestão Integrada permite à 
organização proteger sua força de trabalho e outras pessoas sob seu 
controle, cumprir os requisitos legais e facilitar o aprimoramento contínuo. 
A ISO 45001 é um futuro real na área da Segurança do Trabalho. É a nova 
norma internacional para uma Gestão da Saúde e Segurança que embora 
seja semelhante à OHSAS 18001, a nova norma ISO 45001 aproxima a 
gestão de Segurança do Trabalho a um sistema de gestão integrada (SGI). 
Mas qual a finalidade de gerir um Sistema Integrado?
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
18
Depois de verificar o quanto eram custosos os gastos com acidentes 
e doenças do trabalho, as empresas descobriram que investindo na 
prevenção e no controle de perdas, elas reduziriam custos, pois estariam 
evitando possíveis acidentes e doenças ocupacionais e seus custos com 
afastamento e benefícios, além de garantir uma boa reputação com os 
stakeholders, que reconhecem um ambiente mais seguro como um 
ambiente mais produtivo.
DEFINIÇÃO:
Stakeholder: é o que chamamos de parte interessada. Caso 
queira saber mais sobre esse termo, clique aqui.
Segurança do trabalho no Brasil
A história da Segurançado Trabalho acompanha a Revolução Industrial 
nos países europeus e nos EUA e não seria diferente no Brasil. Porém, como 
nos demais países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, a Revolução 
Industrial no Brasil ocorreu de forma tardia, por volta de 1930, e não tardou 
para que o país fosse um dos que registrava o maior número de acidentes 
e mortes no trabalho (MACEDO, 2012).
Foi apenas após a Constituição Federal de 1988 que a legislação 
trabalhista começou a se adequar, embora desde 1943 existissem leis para 
reger as relações de trabalho, como a Consolidação das Leis trabalhista 
(CLT), e posteriormente a Lei de Planos de Benefícios da Previdência 
Social. Em 1978 foram aprovadas Normas Regulamentadoras, Capítulo 
V, Título II, da CLT Relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Em 
dezembro de 1997 foi alterado o Capítulo V da CLT (relativo à Segurança e 
Medicina do Trabalho) (BARSANO & BARBOSA, 2018).
Hoje são 37 Normas Regulamentadoras em vigência após as 
últimas revisões, com significativas alterações na NR1 e por consequência 
na NR9, em que altera as responsabilidades do empregador, e a revogação 
da NR2.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
https://www.ibccoaching.com.br/portal/o-que-significa-stakeholder-e-o-seu-papel-dentro-de-uma-empresa/
19
IMPORTANTE:
O Brasil não é o primeiro país a flexibilizar a legislação 
aplicada à segurança. Outros países buscam essa 
flexibilização decorrente do processo de globalização, mas 
sem alterar os direitos absolutos relativos à segurança e 
saúde do trabalho.
A legislação brasileira ainda permite que estados e municípios 
estabeleçam uma legislação aplicada à Segurança do Trabalho desde 
que não alterem a legislação Federal (BARSANO & BARBOSA, 2018).
Consultando o site do ENIT, você encontrará na íntegra todas as 
normas regulamentadoras vigentes, com suas devidas alterações textuais. 
Figura 4 – Normas Regulamentadoras
NR1
NR-1 - DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS 
OCUPACIONAIS (NOVO TEXTO)
Início de vigência - 1 (um) ano a partir da publicação da Portaria SEPRT nº 
6.730, de 9 de março de 2020
NR2
Revogada pela Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho de 2019, publicada 
no DOU de 31/07/2019
NR7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO
NR9
Programa de prevenção de riscos ambientais/alterada para: avaliação 
e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e 
biológicos
Fonte: Elaborada pela autora.
RESUMINDO:
Conhecer as raízes, ou seja, a história da origem 
de determinados temas sempre nos enriquece de 
conhecimentos. E foi o que esta unidade lhe proporcionou, 
através de uma viagem no tempo sobre SST. Vimos que a 
gestão é elemento essencial para a gestão de Segurança 
do Trabalho. Em um contexto global, as relações de trabalho 
se modificaram frente a modificações sofridas no mercado, 
em destaque o neoliberalismo, com uma busca por 
produtividade e lucro, além da terceirização dos serviços.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
20
Aspectos econômicos, políticos e sociais 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de conhecer 
os aspectos econômicos, políticos e sociais que estão 
envolvidos com os eventos históricos do prevencionismo. 
Como você imagina que viviam as pessoas que tiveram que 
migrar do campo (área rural) para as cidades (área urbana)? 
Como era a distribuição de renda entre a população? E a 
política? Existia direita e esquerda? Como a política afeta 
o desenvolvimento do prevencionismo? Entender os 
aspectos políticos, sociais e econômicos é necessário para 
entender os surgimentos das leis e dos procedimentos de 
segurança, e é isso que faremos neste capítulo. Vamos 
viajar juntos pelo tempo.
Contexto histórico
Como vimos no capítulo anterior, o trabalho existe na história 
da humanidade acompanhando a formação e o desenvolvimento 
das sociedades e suas relações com o meio. Inicialmente, temos uma 
relação harmônica entre os povos nômades e coletores, que depois 
desenvolveram a capacidade de confeccionar peças de forma artesanal 
até a chegada da Revolução Industrial, na qual nos dedicaremos mais 
detalhadamente no capítulo seguinte. A Revolução Industrial pode servir 
de marco, onde o conhecimento técnico se torna um diferencial nas 
relações de trabalho (VIERA, 2019).
As relações de trabalho na idade média foram a responsável pela 
formação da escravidão. “Um homem poderia se tornar escravo como 
resultado de guerras, de condenações penais, do nascimento etc.” 
(VIERA, 2019, s.p.). E hoje ainda existe trabalho escravo ou em condições 
semelhantes a que era imposta aos escravos? Como você definiria essas 
condições ou as exemplificaria vivenciadas pelos diferentes tipos de 
escravos desde a história antiga, no Egito, na Grécia, em Roma e até os 
negros africanos escravizados pelos os navegadores europeus?
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
21
Para respondermos questões como essas, vamos conhecer um 
pouco mais sobre os aspectos econômicos, políticos e sociais.
Aspectos econômicos
Como descrever os aspectos econômicos que envolvem a relações 
de trabalho e a Segurança do Trabalho? É simples, precisamos analisar 
as perdas e os custos com os afastamentos por acidentes e doenças 
ocupacionais.
Mas será que esses valores sempre foram levados em consideração 
ou podemos apontar que quando investir na segurança é mais lucrativo 
que pagar pelos custos dos afastamentos?
Podemos dividir os aspectos econômicos em dois períodos, o 
período pré-industrial e pós-industrial, por isso é tão importante nos 
dedicarmos ao estudo da Segurança do Trabalho após a Revolução 
Industrial.
No período pré-industrial, a morte ou os acidentes nos ambientes 
de trabalho eram comuns devido aos inúmeros perigos enfrentados pelos 
trabalhadores que eram tratados com fatos corriqueiros, sem grande 
impacto econômico. As políticas econômicas da época estavam mais 
preocupadas com os prejuízos gerados pelas guerras e pelas doenças 
por falta de condições básicas de saúde.
Mesmo em condições precárias de trabalho, exposição a condições 
de risco eminente, como o trato com animais e epidemias que assolavam 
as cidades, era vital para a economia que o trabalho não parasse, muito 
menos era possível ter gasto com a prevenção dos acidentes ou com a 
qualidade de vida.
O período industrial iniciou-se com a produção de teares para a 
indústria têxtil e a máquina a vapor, espalhando-se por toda a Europa, 
América do Norte e, posteriormente, na segunda metade do século XX, 
nos países da Ásia, África e América do Sul. Porém, embora temporalmente 
separadas, as condições relacionadas à Segurança do Trabalho são 
muito semelhantes, pois foi apenas após a Revolução Industrial que a 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
22
Segurança do Trabalho ganha inquietação e significado em função do 
sistema econômico. 
Mas o que mudou na economia após a Revolução Industrial? Por 
que agora era economicamente viável investir em segurança? Como você 
profissional de Segurança do Trabalho explicaria as vantagens de investir 
em condições mais seguras de trabalho e qualidade de vida?
Essa resposta pode ser dada entendendo que os investimentos 
feitos pelo poder público no processo de industrialização tinham como 
finalidade tirar os países da condição de subdesenvolvimento, que requer 
além das indústrias uma sociedade com um poder de compra, ou seja, 
o aumento da renda per capita e melhores condições de vida. Uma 
sociedade industrializada que não investe nas condições de trabalho é 
uma sociedade com saldo negativo em relação aos custos com acidentes 
e doenças do trabalho.
Quando um trabalhador era afastado do sistema de produção, havia 
uma redução na produção da empresa e consequentemente dos lucros, 
além da paralisação da produção pelo tempo que levasse o afastamento 
do acidentado ou que fosse treinado outro para ficar em seu lugar.EXPLICANDO MELHOR:
Para entender melhor, vamos assistir a um clássico do cinema 
“Tempos modernos” do autor e diretor Charles Chaplin. No 
filme podemos observar que o trabalhador é quase parte da 
máquina, parte da engrenagem da produção.
Para o trabalhador, o afastamento também era economicamente 
prejudicial, pois mesmo com as legislações já implementadas, que 
garantiam o direito à previdência social, as indenizações não eram 
suficientes para manter o padrão de vida.
Fica claro que obtemos um resultado negativo com os custos dos 
acidentes e das doenças ocupacionais, que superam os benefícios do 
processo industrializado. Por isso, a saúde e a segurança do trabalhador 
estão ligadas ao triângulo Empresa, Estado e Trabalhador (BARSANO & 
BARBOSA, 2018).
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
23
Atualmente, a comissão tripartite tem a função de avaliar e propor 
medidas para implementação da Convenção nº 187 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) no país (PANTELÃO, 2009).
Figura 5 - Comissão tripartite
Estado
Empresa
Trabalhador
Fonte: Elaborada pela autora. 
Aspectos políticos
Ao analisar os diversos aspectos que envolvem a segurança do 
trabalho, percebemos a evolução dos valores morais e sociais dentro 
da cultura organizacional. Grande parte das mudanças organizacionais 
foi impulsionada por pensamentos políticos, atendendo as pressões de 
diversos fatores e agentes sociais, principalmente os aspectos econômicos. 
Não diferente da abordagem econômica capitalista, que em 
princípio trata o trabalhador como a parte do processo produtivo, sem 
direitos legais trabalhistas ou sociais, após a Revolução Industrial, junto 
com os pensamentos marxistas, o trabalho ganha valor político e social, 
podendo acompanhar os movimentos operários que lutam contra a 
sociedade industrializada capitalista. No entanto, ambos, capitalismo 
e socialismo, falharam na construção de uma política prevencionista e 
protetiva ao trabalhador. 
Podemos definir tecnicamente o ambiente ocupacional como um 
local que expõe os trabalhadores aos riscos inerentes às suas atividades, 
como os riscos químicos, físicos e biológicos, causadores de acidente 
e doenças ocupacionais, além daqueles relacionados ao ambiente de 
trabalho que podem induzir ou estimular o aparecimento de doenças 
do trabalho, cabendo ao Estado regulamentar os requisitos legais para 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
24
garantir aos trabalhadores o direito de exercer suas atividades de forma 
segura e com qualidade de vida.
REFLITA:
A pergunta agora é: o estado é capaz de garantir o valor 
da vida humana? Para responder a essa pergunta é preciso 
analisar os diferentes cenários políticos que nos são 
apresentados no passado e na atualidade.
A Revolução Francesa era baseada nos ideais de liberdade e 
igualdade que tinha a burguesia e os trabalhadores lutando contra um 
governo monarquista. O conceito de igualdade deveria ser concedido por um 
político constituinte com representes da burguesia e do povo (SILVA, 2019). 
Foi nesse cenário que aconteceu a criação do conceito de direita. Aqueles 
que defendiam a monarquia sentavam-se à direita da câmara, e os que 
defendiam a burguesia e trabalhadores sentavam-se à esquerda da câmara. 
Atualmente, ainda usamos na política os conceitos de direita e 
esquerda, mas não mais pelo local que se encontram posicionados no 
plenário, mas pela posição que assumem diante da sociedade, a favor ou 
contra as governantes, sem que necessariamente estejam do lado dos 
direitos dos trabalhadores.
No Brasil podemos acompanhar os movimentos econômicos, 
políticos e sociais que levaram a um posicionamento político em prol 
dos direitos dos trabalhadores. Ainda no tempo do Brasil Colônia, com 
a sociedade que aceitava o trabalho escravo com naturalidade, com as 
atividades econômicas concentradas nos engenhos de açúcar e mineração, 
assim como o poder político que era orquestrado pelos senhores de 
engenho juntamente com os remanescentes da corte imperial, não havia 
espaço para uma política voltada para a igualdade social e direitos iguais. 
Mesmo após a abolição, as desigualdades sociais se mantiveram, fruto de 
uma política formada por uma burguesia latifundiária.
A Revolução Industrial no Brasil era estimulada por políticas 
latifundiárias e uma burguesia que entendiam que esse era o caminho 
para ultrapassar a posição de país subdesenvolvido, no qual vemos uma 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
25
sociedade massacrada pelo mercado, sem direitos trabalhistas, mesmo 
já havendo um movimento protecionista na Europa. Vemos trabalhadores 
brasileiros, homens, mulheres e crianças trabalhando em condições 
insalubres e precárias.
Apenas após a Segunda Guerra Mundial surgem no Brasil leis 
de proteção ao trabalhador no governo de Getúlio Varga (1945), sem 
muitas portarias regulamentadoras. Após esse período, podemos 
destacar a Portaria nº 3.237/72, que regulamenta a obrigatoriedade do 
SESMT, baseada na Recomendação OIT 112, e a Portaria nº 3.214/78, que 
instituiu, junto ao extinto Ministério do Trabalho e Emprego, as Normas 
Regulamentadoras.
Até a Constituição Federal de 1988, as empresas encontravam 
dificuldades em implementar as ações que atendessem aos requisitos 
legais constituintes das NRs, assim como o governo em fiscalizar. Na 
década de 1990, temos a publicação da Portaria MTE 02/92, constituindo 
um sistema tripartite constituído por cinco representantes do governo, 
cinco dos empregadores e cinco dos empregados, incluindo a participação 
dos poderes políticos representados pelo Ministério da Saúde, Previdência 
e Assistência Social.
Foram longos anos até chegarmos nas últimas atualizações 
propostas pelas forças políticas atuais que propuseram fortes mudanças 
nos direitos trabalhista e previdenciário, incluindo alterações textuais e 
revogação de algumas NRs. Isso muito se deve à existência de forças 
políticas conservadoras, muito influenciadas pelos efeitos econômicos e 
seus representantes.
Aspectos sociais
Os estudos socioeconômicos nos mostram que a Revolução 
Industrial gerou mais que uma sociedade mecanizada, mas também abriu 
novas fontes de trabalho, emprego melhorias e soluções tecnológicas. 
Mas como toda mudança, ela também apresenta aspectos negativos em 
relação à industrialização que envolve problemas sociais. Isso porque os 
trabalhadores muitas vezes eram tratados piores que escravos, já que os 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
26
escravos tinham seus senhores para comercializá-los e, por isso, tinham 
valor monetário. Já o trabalhador custava pouco e poderia ser facilmente 
trocado por um mais acessível economicamente. Não era socialmente e 
muito menos economicamente viável cultivar políticas prevencionistas. 
REFLITA:
Supondo que um homem vivesse cerca de 50 a 60 anos 
na primeira Revolução Industrial. Se ele trabalhasse dos 
15 aos 50 anos seriam 35 anos de trabalho, considerando 
que crianças e idosos apresentam produtividade negativa, 
seriam 35 anos de vida produtiva. Agora, considere que essa 
mesma pessoa sofresse um acidente e ficasse incapacitado 
aos 30 anos de idade, seriam menos 15 anos de produção. 
Sem contar os acidentes que levavam a morte. Então eu te 
pergunto, quanto vale a vida humana? Não muito diferente 
do cenário atual, valia o quanto podia produzir, portanto era 
aceitável o trabalho infantil nas fábricas. Atualmente não 
existente em termos oficiais, mas ainda sendo combatido 
tanto para o cumprimento dos dispositivos legais como por 
uma parte da sociedade.
Vemos então que o trabalho tinha suas regras estabelecidas pelo 
empregador, que se beneficiava da lei da oferta e da procura para modificar 
as regras dos contratos de trabalho. Por isso, foi preciso o posicionamento 
político do Estado para estabelecer regras às condições de trabalho, mas 
que ainda não preconizava um visão de segurançano trabalho e sim uma 
ordem econômica e social (MATOS & MASCULO, 2011).
Podemos destacar diversos aspectos encontrados no ambiente de 
trabalho que impactavam diretamente na saúde e segurança e também 
no ambiente e suas relações sociais como: falta de saneamento básico, 
ausência de higiene e organização, inexistência de proteção jurídica do 
trabalhador e degradação ambiental (MORAES, 2009).
As pressões sociais levaram a manifestações públicas contra o 
trabalho desumano, levando ao surgimento da Lei de Prevenção da 
Saúde e da Moral (1802), que estabelecia a proteção dos trabalhadores, 
porém não teve efeitos práticos por falta de instrumentos para a sua 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
27
aplicação efetiva. A legislação limitava a um máximo de doze horas de 
trabalho diário e proibia o trabalho noturno, a limpeza das paredes e a 
ventilação dos dormitórios, mas não estabelecia restrições quanto à idade 
mínima de admissão. Ou seja, a política prevencionista vem atrelada aos 
valores morais da sociedade. O direito do trabalho foi gradativamente 
estabelecendo critérios de segurança no trabalho, passando a viver com 
outras normas, muitas delas de origem sindicalistas, como a proteção ao 
desemprego e negociações coletivas.
Aquele que é considerado um marco na legislação prevencionista 
da era industrial “Lei da fábrica” (FACTORY ACT, 1833), proibia o trabalho 
noturno aos menores de 18 anos; as fábricas deveriam ter escolas, que 
deveriam ser frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 
anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos e um médico deveria 
atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia a sua idade 
cronológica, além de definir uma jornada de trabalho diária de 12 horas. 
A lei foi ainda ampliada em 1867, estipulando a proteção de máquinas e 
controle de poeiras nocivas. A inspeção médica nas fábricas iniciou em 
1897, com a adoção de leis de compensação (MATOS & MASCULO, 2011). 
No século XX vemos um movimento globalizado na busca de 
unificar conceito relativos à responsabilidade social e segurança. A criação 
da OIT teve um papel relevante contra as questões do trabalho, tanto no 
âmbito humanitário, lutando contra as situações injustas e degradantes 
de trabalho, quanto econômicas e políticas. 
Assim como os demais países que tiveram uma Revolução 
Industrial mais tardia, o Brasil ainda esbarra em fatores sociais, políticos 
e econômicos que limitam a aplicação e o cumprimento das exigências 
legais e políticas do prevencionismo. Como consequência, a sociedade 
ainda se faz valer dos seus direitos trabalhistas por vias civis e criminais 
mediante ações judiciais.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
28
RESUMINDO:
Quando se contextualiza a Segurança do Trabalho, 
não podemos apenas abordar os aspectos físicos do 
trabalhador, pois envolvem também aspectos econômicos, 
políticos e sociais, como vimos neste capítulo. As 
legislações trabalhistas precisam garantir a segurança física 
do trabalhador, evitando os acometimentos de acidentes 
e doenças ocupacionais e combater o desemprego e as 
desigualdades sociais. Não somente é uma forma de 
garantir direitos para o trabalhador e sua família, mas 
também seu papel na sociedade, não podendo ser tratado 
como produtos descartáveis, valendo-se da lei da oferta 
e da procura. Além disso, ainda podemos citar inúmeros 
aspectos econômicos envolvidos na mão de obra como 
um todo. As questões econômicas, de certa forma, 
impulsionaram o avanço protecionista no intuito de reduzir 
os custos com acidentes e doenças ocupacionais.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
29
História do prevencionismo
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você conhecerá alguns marcos 
importantes da caminhada prevencionista, mostrando sua 
relevância econômica, política e social até chegarmos ao 
século XX com suas modernidades na revolução 4.0.
Sintetizando a história
A história prevencionista pode ser descrita como envolvente 
e reveladora, que nos motiva cada vez mais conhecer e entender os 
processos que envolvem um contexto histórico e social, principalmente 
quando evidenciamos saltos que envolvem os conhecimentos técnicos 
científicos e transformações tecnológicas inovadoras.
O advento das máquinas foi apenas o primeiro marco dessa 
longa jornada. Depois da primeira Revolução Industrial, tivemos ainda 
o descobrimento do poder energético dos combustíveis fósseis, o 
surgimento dos bancos e processadores de dados até a incrível habilidade 
de transformar uma imagem digital em produtos 3D, que atrelados à 
inteligência artificial proporcionam ao mundo um avanço nas relações do 
homem com o meio.
O vice-presidente da CNI, Paulo Afonso Ferreira, afirma em seu 
artigo para a agência de notícias CNI, no portal da indústria, que o Brasil 
precisa estar preparado para enfrentar os avanços tecnológicos, e destaca 
a evolução das máquinas e os impactos na humanidade:
Por muito tempo temia-se o avanço tecnológico e não tínhamos 
a noção de onde poderíamos chegar. Falava-se em substituir 
o homem pela máquina, mas o que podemos perceber é que 
houve uma integração entre eles. O maior patrimônio das 
empresas é seu capital intelectual e de seus colaboradores. 
O ser humano, principalmente dotado de conhecimento, será 
sempre necessário na concepção de produtos, serviços e na 
interface com a máquina. (FERREIRA, 2017, on-line) 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
30
Figura 6 – Globalização tecnológica
Fonte: pixabay
Como antecipar, reconhecer avaliar e prevenir os novos riscos 
presentes nos ambientes de trabalho transformados pelas as inovações 
tecnológicas? Esse é o grande desafio do profissional prevencionista no 
mercado atual. Há uma necessidade em desenvolver novas habilidades e 
competências para adequar os novos postos de trabalho, automatizados, 
conectados, globalizados sem abrir mão da humanização desses setores. 
REFLITA:
A NR 24 trata das condições sanitárias e do conforto nos 
locais de trabalho, estabelecendo condições mínimas de 
higiene e conforto no ambiente ocupacional. Logo no item 
24.2.1 é estabelecido que as instalações sanitárias devem 
ser dotadas de lavatórios (local para lavar as mãos e fazer 
assepsia). Com a tecnologia, esse lavatório atualmente 
pode ser dotado de torneiras com acionamento automático 
e secadores com sensores de presença e secagem por 
circuito de ventilação de ar. Todo esse sistema evitaria a 
contaminação dos colaboradores ao tocar nos dispositivos 
de acionamento dos lavatórios e secadores. Vejam como a 
tecnologia pode ser positiva para o prevencionismo. E você? 
Como você adequaria a NR24 aos avanços tecnológicos 
em prol do prevencionismo?
Agora que já exercitamos nossas habilidades e competências na 
gestão de SST, vamos embarcar no conhecimento dos marcos históricos 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
31
que separamos para vocês antes, durante e depois da Revolução Industrial 
até chegarmos aos dias de hoje.
Prevencionismo pré-Revolução Industrial
Assim como a história do trabalho está diretamente ligada à história 
do homem, o mesmo podemos dizer que os acidentes de trabalho fazem 
para da humanidade, assim como as doenças ocupacionais fazem parte 
da história do trabalho e consequentemente do homem.
Ao longo da história o trabalho, o causador de acidentes tem sido 
como o trabalho dos escravos, que era exigido o exercício até a exaustão 
na construção de cidades e monumentos, greco-romanos ou os antigos 
artesãos medievais, que tinham suas mãos lesionadas na confecção 
e modelagem de peças. Nesse mesmo período, podemos pontuar o 
registro em papiros egípcios e greco-romanos a ocorrências de doenças 
ocupacionais, algumas ligadas aos agentes químicos e trabalhos manuais 
e as tentativas de preveni-las.
Figura 7 – Doenças ocupacionais
Fonte: pixabay
Os avanços nos conhecimentos científicos à aplicação detécnicas não ocorreram em um único momento, muitos desses avanços 
estão ligados a filósofos e pensadores. Alguns marcos que podemos 
destacar são os escritos de Hipócrates, Aristóteles e Platão, referindo-
se a trabalhadores das minas de estanho, doenças de corredores e 
deformações do esqueleto em certas profissões, respectivamente. 
Chumbo, zinco e mercúrio eram alguns dos elementos tóxico presente 
nas minas e causador de doenças ocupacionais.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
32
VOCÊ SABIA?
O prevencionismo aparece nos escritos do filósofo Galeno 
no século II, fazendo menções de contaminação por 
substâncias tóxicas presentes nas minas e recomenda o 
uso de máscaras de bexigas.
Seus conhecimentos científicos também eram usados para 
solucionar problemas com os artefatos produzidos, baseados em seu 
funcionamento, fenômenos físicos e químicos até chegarmos à construção 
de máquinas que aplicavam todo esse conhecimento adquirido para 
otimização dos recursos e do meio.
No entanto, não vemos o prevencionismo seguir a mesma linha 
temporal na história, considerando a higiene e segurança ocupacional 
um estudo recente, levando a acreditar que o prevencionismo tomou 
importância na era moderna, apenas no período pós-Revolução Industrial. 
A idade média chega e a ausência prevencionista na sociedade 
europeia no período pré-revolução, que estava mais preocupada com as 
perdas e mortes ocorridas em função de guerras e epidemias, também. 
O fato é que os trabalhadores das minas continuaram morrendo por 
intoxicação ou que os operadores da imprensa sofreram lesões ou perda 
total dos membros nas prensas não era um assunto relevante.
VOCÊ SABIA?
O chapeleiro louco de Alice no País das Maravilhas era 
exposto ao mercúrio durante a confecção de feltro, 
que resultava na instabilidade emocional e irritabilidade 
(SILVEIRA; VENTURA; PINHEIRO, 2004).
A idade moderna é marcada por importantes acontecimentos 
históricos, com a queda da Bastilha e a Revolução Francesa, mas na 
história prevencionista ela se destaca pela obra de Bernadino Ramazzini, 
que em seu livro De Morbis Artificum Diatriba descreve os agravos à 
saúde do trabalhador, sendo o primeiro a descrever detalhadamente 
sobre doenças ocupacionais. O destaque para esse estudo era a forma 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
33
que o autor usou para coletar seus dados clínicos, perguntando a cada 
paciente: “Qual seu trabalho?”, o que lhe possibilitou medidas preventivas 
(MACEDO, 2012).
Mas afinal, o que leva os empregados e empregadores a se 
importarem efetivamente com a saúde e segurança no trabalho? Isso nós 
iremos descobrir estudando os eventos que ocorreram após a Revolução 
Industrial.
SAIBA MAIS:
Na Alemanha, e depois na França, houve eventos coletivos 
de intoxicação que levaram as pessoas a dançar até a 
morte. Clique aqui para mais informações.
Prevencionismo pós-Revolução Industrial
Historicamente podemos definir que a Revolução Industrial ocorre 
no século XVIII, na Europa e depois segue para a América do Norte. Como 
marco histórico, podem destacar a invenção da máquina a vapor (1784), 
que trouxe um grande aumento da produtividade e ampliando o consumo 
de bens. Porém, não apenas benefícios foram gerados pela revolução, 
mas também um grande custo para os trabalhadores, principalmente 
os acidentes causados pela falta de treinamentos e proteção para as 
máquinas, agora tão importantes para o processo produtivo, e que muitas 
vezes levavam à morte.
Quando não era o óbito o produto do ambiente de trabalho 
insalubre, era a perda da audição devido aos elevados níveis de ruído, 
sem contar os problemas de saúde pública gerada pela má condição de 
higiene nos ambientes.
Respondendo à pergunta do item anterior: mas afinal, o que leva os 
empregados e empregadores a se importarem efetivamente com a saúde 
e segurança no trabalho?
A chegada das máquinas torna mais visível a até então distorcida 
linha que separava as classes sociais, de um lado os trabalhadores, 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
https://youtu.be/f3wstFD9b7w
34
pobres e de outro os empregadores, ricos. Para o pobre, a máquina é 
um competidor de sua força de trabalho, enquanto que para os ricos 
ela era a fonte de mais lucro e menos gastos. A falta de uma legislação 
protecionista e o aumento da concentração populacional urbana gerou 
uma pressão social que obrigou políticos e legisladores, primeiramente na 
Inglaterra, com a lei de “saúde Moral dos aprendizes” e depois em outros 
países europeus introduzirem normas jurídicas, com a lei que protegiam 
os acidentados e seus dependentes criados na Alemanha em 1884. 
À medida que as fábricas ganhavam novas proporções, o 
acometimento de doenças ocupacionais e não ocupacionais cresciam, até 
que em 1832 John Marshall contratou o primeiro médico a atuar em suas 
fábricas. Logo após, em 1833, foi decretado o Factory Act, considerada 
a primeira legislação abrangendo as condições de trabalho nas fábricas. 
Somente em 1844 é que foram acrescentados os itens referentes às 
proteções com máquinas e o registro de acidentes (MORAES, 2009).
Com o surgimento de novos pensamentos, os chamados 
pensamentos liberais, faz aparecer novos estudos que incluíam a Ciência 
Social (1833) e Higiene Social (1838), que estimulam a ampliação legal 
da Segurança do Trabalho e proporcionam as modificações em leis já 
existentes, como a proteção para máquinas e a ventilação mecânica para 
controlar a poeira dos ambientes.
REFLITA:
Você consegue relacionar o prevencionismo com os 
conhecimentos científicos? Pois é assim que podemos 
entender o surgimento das leis que irão criar uma cultura 
prevencionista. Elas surgem a partir de uma pressão 
social acompanhada pela evolução do conhecimento. No 
momento que o homem é pressionado, seja por condições 
de trabalho sub-humanas, no caso dos pobres, ou por 
cobranças da sociedade, no caso dos ricos, o homem se 
vê necessitado de buscar novos conhecimentos, esse 
conhecimento proporciona o surgimento de pensamentos 
prevencionistas que se materializam nas leis e posteriormente 
na constitucionalização desses direitos e deveres.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
35
No Brasil, a grande frequência de acidentes acompanhada pelas 
doenças ocupacionais, ainda subnotificadas, é mais alta do que em outros 
países, principalmente quando comparado com os países europeus 
(FILGUEIRAS, 2017). Levando em conta que o processo industrial no Brasil 
iniciou tardiamente, quando os países europeus já adotavam medidas 
prevencionista, era de se esperar que o Brasil já despontasse para os 
avanços industriais prevencionistas, mas como podemos ver, isso não 
aconteceu, como ainda não acontece.
Embora as transformações europeias tenham influenciado o 
direito trabalhista, junto com a entrada na Organização Internacional 
do Trabalho (1919), foi apenas após a Segunda Guerra que as primeiras 
leis de proteção ao trabalhador surgiram. Os fatos marcantes foram a 
Consolidação das Leis Trabalhista (CLT, 1943), a criação da Associação 
Brasileira de Prevenção de Acidentes (ABPA, 1945), a Fundacentro (1966), 
a obrigatoriedade dos Serviços Médicos e de Higiene e Segurança do 
Trabalho (1972) e a publicação das primeiras Normas Regulamentadoras 
(1978) (MATOS & MASCULO, 2011).
Revolução 4.0
Acompanhe o infográfico e descubra as principais características 
das Revoluções industriais ocorridas desde da primeira revolução no 
século XVIII até a Revolução 4.0, no século XXI.
Figura 8 – Evolução da indústria
1ª Revolução 1.0 2ª Revolução 2.0 3ª Revolução Revolução 4.0
Mecanização 
 Energia hidráulica
 Energia a vapor
Produção em 
massa
Linha de 
montagem
Eletricidade
Computação e 
automação
Inteligência articial
Sistemas 
cibernéticos
Fonte: Elaborada pela autora.
A revolução 4.0 é um movimento de desenvolvimento, que está 
transformando os processos industriaistradicionais nos apresentando a 
indústria do futuro, a qual é de extrema importância a sua discussão, para 
que possamos nos adaptar a essa nova onda.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
36
A indústria 4.0 é o um conceito de “fábricas inteligentes” que 
desenvolvem estratégias que permitam alinhar as novas tecnologias aos 
meios de produção. O conceito da Indústria 4.0 está baseado no uso de 
tecnologia e automação que podem permitir máquinas a se adaptarem às 
mudanças nas etapas de produção, tornando cada etapa independente 
através de sistemas cibernéticos.
Você deve estar se perguntando, qual a relação com a história do 
prevencionismo? Na revolução 1.0, foi preciso estabelecer os critérios de 
saúde e segurança nas indústrias; na revolução 2.0, o prevencionismo 
aparece voltado para ações globalizadas para atender às instituições 
internacionais OIT e ONU; na revolução 3.0, as ações prevencionistas se 
voltam para incorporação do cuidado com o meio ambiente por meio das 
políticas de SMS e desenvolvimento sustentável. E na Revolução 4.0?
São os novos capítulos que deveremos escrever para adequar as 
mudanças nas relações de trabalho geradas pela Revolução 4.0. Haverá 
mudanças acompanhadas por desemprego e queda dos salários em função 
da substituição e extinção de alguns cargos nas indústrias, mas também 
haverá a criação de novas empresas e novas indústrias, porém com um 
número reduzido de novos empregos, que surgiram principalmente para 
atender a demanda de criatividade e desenvolvimento de novas ideias.
Torna-se então indispensável, para entrar na concorrência das 
inovações, as empresas entrarem em modelos de gestão que auxiliem 
a tomada de decisão e as estratégias de negócio, adotando medidas 
proativas em sua gestão de saúde e segurança que se inicia no processo 
de seleção e contratação de profissionais que demonstrem habilidades 
prevencionistas, como a consciência da importância de cumprir regras de 
segurança até na formação continuada de seus colaboradores, investindo 
em treinamentos e capacitações para atuarem com segurança diante das 
novas tecnologias e assim atendendo as expectativas dos stakeholders.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
37
RESUMINDO:
O prevencionismo embora devesse aparecer na história 
de forma linear, devido a ocorrências de acidentes desde 
as primeiras relações de trabalho, aparece tardiamente, 
em função de pressões sociais e conhecimento científico. 
A Revolução Industrial é um marco nessa história e 
podemos usar como base a divisória em um período pré-
revolução, em que não há ações legais e jurídicas a favor da 
segurança do trabalhador e o período pós-revolução, com 
os movimentos sociais gerando forte apelo e respostas 
políticas e legais para as condições de trabalho. Vimos 
ainda que o prevencionismo não é algo estático, já criado 
que se estabelece com as atuais leis e normas, ele precisa 
estar em constante atualização e adequação às novas 
formas de relação de trabalho.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
38
Entidades públicas e privadas
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você conhecerá o conceito de 
entidades públicas e privadas e os aspectos relevantes 
sobre a Saúde e Segurança do Trabalho, em especial sobre 
o SESMT.
Conceitos legais
Atualmente, a prevenção de acidentes de doenças do trabalho está 
presente em diferentes setores de trabalho, com inúmeras leis criadas 
para garantir as condições de higiene, e segurança do trabalho. Vários 
setores estão envolvidos no processo de prevencionismo, todos com o 
objetivo de garantir e gerar melhorias nas condições de trabalho no Brasil. 
Como é a aplicação dessas leis pelas entidades públicas e privadas? 
Existem diferenças no âmbito legal? E a administração e fiscalização 
dessas entidades?
Para responder a essas perguntas, é preciso estabelecer os 
conceitos de entidades públicas e privadas. Hely Lopes Meireles explica 
que Entidade é a pessoa jurídica, pública ou privada. As entidades são 
classificadas em estatais, autárquicas, fundacionais e paraestatais, que 
podem atuar em vários setores, inclusive com entidades prevencionista 
(MAFRA, 2005).
As entidades estatais e entidades autárquicas são pessoas jurídicas 
de direito público. As entidades fundacionais são pessoas jurídicas de 
direito público ou privado. As entidades fundacionais particulares podem 
ser criadas por autorização legal, enquanto que as fundações públicas 
são criadas por lei. As entidades empresariais são pessoas jurídicas de 
direito privado, sob a forma de economia mista ou empresas públicas. 
As entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, são os 
conhecidos sistemas autônomos (SESI, SENAC, SENAI).
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
39
Vamos primeiro tratar dos deveres constituídos às atividades 
empregadoras, assim como seus direitos, conforme o estabelecido à 
legislação do trabalho. Por fim, meramente didático, abordaremos em 
uma segunda parte os direitos e deveres dos empregados.
Direitos e deveres prevencionistas
As entidades públicas e privadas, segundo o código de trabalho 
vigente em nosso país, apresentam direitos e deveres do empregador 
para a prevenção e reparação de acidentes e doenças profissionais, 
destacando:
Art. 281
O empregador deve assegurar aos trabalhadores condições de segurança 
e saúde em todos os aspetos relacionados com o trabalho, aplicando as 
medidas necessárias, tendo em conta princípios gerais de prevenção. 
Na aplicação das medidas de prevenção, o empregador deve mobilizar os 
meios necessários, nomeadamente nos domínios da prevenção técnica, 
da formação, informação e consulta dos trabalhadores e de serviços 
adequados, internos ou externos à empresa.
Os empregadores que desenvolvam simultaneamente atividades no mesmo 
local de trabalho devem cooperar na proteção da segurança e da saúde dos 
respetivos trabalhadores, tendo em conta a natureza das atividades de cada 
um. 
A lei regula os modos de organização e funcionamento dos serviços de 
segurança e saúde no trabalho, que o empregador deve assegurar.
Art. 282
O empregador deve informar os trabalhadores sobre os aspetos relevantes 
para a proteção da sua segurança e saúde e a de terceiros.
O empregador deve consultar em tempo útil os representantes dos 
trabalhadores, ou os próprios trabalhadores, sobre a preparação e aplicação 
das medidas de prevenção.
O empregador deve assegurar formação adequada, que habilite os 
trabalhadores a prevenir os riscos associados à respetiva atividade e os 
representantes dos trabalhadores a exercer de modo competente às 
respetivas funções.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
40
Art. 283
O empregador é obrigado a transferir a responsabilidade pela reparação 
prevista neste capítulo para entidades legalmente autorizadas a realizar este 
seguro. 
A responsabilidade pela reparação dos danos emergentes de doenças 
profissionais resultantes da prática de assédio é do empregador. 
O empregador deve assegurar o trabalhador afetado de lesão provocada por 
acidente de trabalho ou doença profissional que reduza a sua capacidade 
de trabalho ou de ganho a ocupação em funções compatíveis. 
As entidades públicas e privadas devem assegurar aos trabalhadores 
o direito à igualdade no acesso ao emprego, no trabalho e na formação 
profissional, direito à igualdade e não discriminação, condições de trabalho, 
proibição de discriminação e assédio, além da aplicação dos instrumentos 
de regulamentação coletiva e regulamentos internos. Podemos destacar 
ainda os direitos no código do trabalho para a prevenção e reparação de 
acidentes e doenças profissionais, do qual destacamos:
Art. 281
O trabalhador tem direito a prestar trabalho em condições de segurança e 
saúde.
Os trabalhadores devem cumprir as prescrições de segurança e saúde 
no trabalho estabelecidas na lei ou em instrumentos de regulamentação 
coletiva de trabalho,ou determinadas pelo empregador.
Art. 282
Em cada empresa, os trabalhadores são representados na promoção 
da segurança e saúde no trabalho por representantes eleitos com essa 
finalidade ou, na sua falta, pela comissão de trabalhadores.
Art. 283
O trabalhador e os seus familiares têm direito à reparação de danos 
emergentes de acidente de trabalho ou doença profissional. 
A garantia do pagamento das prestações que forem devidas por acidentes 
de trabalho que não possam ser pagas pela entidade responsável, 
nomeadamente por motivo de incapacidade econômica, é assumida pelo 
Fundo de Acidentes de Trabalho, nos termos da lei. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
41
O papel do serviço especializado em 
engenharia e medicina do trabalho 
(SESMT)
Apesar de existir hoje no Brasil uma legislação prevencionista, que 
sofre atualizações e adequações às mudanças nas relações de trabalho, 
veremos a importância do SESMT e de sua constante busca pela melhoria 
das condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho.
Aqui destacamos a relação tripartite, governo, empresa e 
empregador que apesar de investirem na saúde e segurança do trabalho 
os trabalhadores ainda sofrem com as consequências da exposição aos 
agentes de riscos ocupacionais em ambientes laborais, assim como as 
condições inseguras que ainda são responsáveis por acidentes no trabalho.
EXPLICANDO MELHOR:
Um motorista está direcionando sua carga por uma rodovia 
pública até seu destino, quando durante o trajeto ele nota 
que os comandos de frenagem não estão funcionando 
com 100% de sua capacidade. Nesse caso dizemos que 
o motorista está em uma condição insegura - situações 
presentes no ambiente de trabalho e que colocavam 
em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, 
são defeitos, falhas, irregularidades técnicas e falta de 
recursos de segurança. Acontece sem a interferência do 
trabalhador, pois ele está vulnerável a essas condições – 
mesmo que ele chegue ao destino sem que ocorra um 
acidente. As condições inseguras podem ser agravadas 
por atos inseguros – relacionados à falha humana – caso 
o motorista tenha ingerido bebida alcoólica ou faça uma 
ultrapassagem em local proibido, por exemplo.
Não podemos ignorar as novas tecnologias e novas atividades-
profissões que surgem continuamente e com elas condições de trabalho 
diferenciadas, porém não menos causadoras de doenças ocupacionais, 
como o estresse ocupacional, a síndrome de Bornout, os Distúrbios 
Osteomolecular Relacionadas ao Trabalho (DORTs).
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
42
Para que os trabalhadores possam atuar em seu ambiente de trabalho 
que atenda às condições de saúde e segurança do trabalho, é necessário um 
constante processo de formação e informação acerca de direitos e deveres 
para evitar a falta de saúde e segurança em detrimento do lucro.
VOCÊ SABIA?
A NR04 determina a obrigatoriedade da implantação do 
SESMT em que não abrange a proteção de agentes públicos 
que atuam em uma relação de trabalho não celetista, 
ficando esses susceptíveis à falta de comprometimento do 
Estado em adotar políticas de saúde e segurança.
Nossa legislação trabalhista é compostas de leis referentes à proteção 
à saúde do trabalho em esfera Federal, Estadual, Distrital e Municipal, não 
ficando as entidades desobrigadas ao cumprimento destas em detrimento 
a outras, entre elas podemos destacar a Constituição Federal, o Código 
Penal Brasileiro, a CLT, o Estatuto dos Servidores Públicos e a Portaria 
3.214/78, que regulamenta as NRs, que entre outros requisitos legais 
estabelece que os empregadores implementem o SESMT estando este 
submetido às ordens da empresa e à fiscalização da Secretaria do Trabalho 
(extinto MTE). A normativa especifica em seu item 4.1:
As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da 
administração direta e indireta e dos poderes Legislativo 
e Judiciário, que possuam empregados regidos pela 
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão, 
obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de 
Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de 
promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no 
local de trabalho. (BRASIL, 2016)
Porém, a norma não estabelece que a implementação e manutenção 
do SESMT sejam apenas para empresas que possuem contrato de 
trabalho no que rege a CLT, desobrigando assim, de forma equivocada, a 
implementação do SESMT nos órgãos públicos da administração direta e 
indireta, e poderes Legislativo e Judiciário ficam desobrigados. Outra questão 
que fragiliza a implementação do SESMT é a terceirização permitida.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
43
Esse tendencioso pensamento por parte do Estado aumenta a 
importância do SESMT em empresas privadas que esperam que os 
profissionais ligados a este serviço realizem milagres prevencionistas em 
função de sua gestão, cobrando resultados mesmo mantendo o serviço 
provido de poucos investimentos ou mesmo mantendo-os apenas 
para atendimento à obrigação legal, ao invés de ampliar suas ações na 
implantação de uma política de segurança do trabalho, com ações que 
efetivamente previnam os trabalhadores de acometimentos de doenças 
e acidentes ocupacionais.
O SESMT é composto por profissionais da área de Saúde e 
Segurança do Trabalho.
a. Engenheiro de Segurança do Trabalho: engenheiro ou arquiteto 
portador de certificado de conclusão de curso de especialização 
em Engenharia de Segurança do Trabalho, em nível de pós-
graduação.
b. Médico do trabalho: médico portador de certificado de conclusão 
de curso de especialização em Medicina do Trabalho, em nível 
de pós-graduação, ou portador de certificado de residência 
médica em área de concentração em saúde do trabalhador ou 
denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional 
de Residência Médica, do Ministério da Educação, ambos 
ministrados por universidade ou faculdade que mantenha curso 
de graduação em Medicina.
c. Enfermeiro do trabalho: enfermeiro portador de certificado de 
conclusão de curso de especialização em Enfermagem do 
Trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado por universidade 
ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem.
d. Auxiliar de enfermagem do trabalho: auxiliar de enfermagem ou 
técnico de enfermagem portador de certificado de conclusão 
de curso de qualificação de auxiliar de enfermagem do trabalho, 
ministrado por instituição especializada reconhecida e autorizada 
pelo Ministério da Educação.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
44
e. Técnico de Segurança do Trabalho: técnico portador de 
comprovação de registro profissional expedido pelo Ministério do 
Trabalho (BRASIL, 2016)
Serviço especializado em engenharia e medicina do 
trabalho – entidades privadas
Nos setores privados, os profissionais além de serem mal 
remunerados, muitos têm suas funções desviadas ou não é permitido que 
exerçam sua função com autonomia em relação ao empregador e aos 
trabalhadores e servem para que a empresa tenha alguém a quem possa 
delegar a responsabilidade pela falta de condições seguras na empresa.
Para evitar essas práticas equivocadas em setores privados, o 
Estado, mediante fiscalização do trabalho, exercida pelas Delegacias 
Regionais do Trabalho (DRTs), orientam, notificam e até mesmo autuam as 
empresas de forma a garantir o real cumprimento da legislação.
Serviço especializado em engenharia e medicina do 
trabalho – entidades públicas
Não apenas os trabalhadores com contratos de trabalho regidos 
pela CLT são acometidos por acidentes e doenças ocupacionais. Os 
trabalhadores não celetistas que atuam em entidades públicas são 
expostos a acidentes e doenças ocupacionais em total descaso do Estado 
para com seus servidores, que em diversos setores atuam em condições 
inseguras, inadequadas em exposição ao risco iminente de óbito.
A ausência do SESMT aumenta o número de afastamento de 
servidorespúblicos acometidos por acidentes e doenças do trabalho, 
aumentando o gasto previdenciário com auxílio-doença.
Embora o Estado tenha consciência da responsabilidade pelos 
danos causados aos servidores, ainda há a omissão por parte das entidades 
públicas. Alguns passos vemos ser dados em função da disponibilidade 
de vagas em concursos públicos para profissionais do SESMT, que assim 
poderá realizar, como as entidades privadas, a implementação do SESMT. 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
45
Essa nova conduta por parte do Estado contribuirá para a redução 
das estatísticas de acidentes de trabalho além da redução de gastos 
previdenciários em virtude dos afastamentos por acidentes e doenças 
ocupacionais. Podemos ainda, certamente, esperar um aumento 
na produtividade e eficiências dos serviços públicos, visto que por 
experiências das entidades privadas em seus resultados, o trabalhador 
mais saudável representa mais rendimento de suas atribuições. 
Terceiro setor
Atualmente é uma realidade na economia global o aumento da 
atuação das organizações do terceiro setor, o que leva ao crescimento 
de trabalhadores atuando em organizações sem fins lucrativos. E como 
funciona a legislação trabalhista prevencionista no terceiro setor?
DEFINIÇÃO:
O terceiro setor é formado pelas organizações privadas que 
desenvolvem atividades em favor da sociedade, sem fins 
lucrativos, chamadas de ONGs, que atuam independente 
dos demais setores, mesmo que possam receber 
investimentos ou trabalhar em parceria com demais setores 
(ALBUQUERQUE, 2006).
Entre as entidades do terceiro setor podemos apresentar contratos 
trabalhistas que regem o trabalho de organizações obedecendo às 
regras da CLT, observando os elementos que caracterizam a relação 
de emprego, tais como pessoalidade, continuidade, remuneração e 
subordinação hierárquica.
Devemos ter em mente que para a legislação brasileira são 
considerados trabalhadores também os contratos de trabalho por prazo 
indeterminado, contrato de trabalho por prazo determinado (contratação 
desde que a natureza e a transitoriedade do trabalho fundamentam a 
predeterminação do prazo, prevista na CLT), contrato de aprendizagem, 
prevista pela Constituição Federal, assim como a CLT autoriza a contratação 
de menores – entre 14 e 18 anos de idade –, desde que na condição de 
aprendizes, com contrato de trabalho especial e em consonância com 
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
46
os requisitos da Lei nº 10.097/2000 e o trabalho autônomo: realizado por 
pessoa física e em caráter de não exclusividade. O RPA é a maneira legal 
de realizar pagamento para qualquer pessoa física que preste serviço 
pontual a uma empresa ou organização e que não possua emissão de 
notas fiscais.
O que nós precisamos agora é agregar as normas de saúde e 
segurança, unificando essa nova gestão às normas existentes.
RESUMINDO:
As entidades podem ser divididas pelo direito administrativo 
em entidades públicas e privadas. Para a legislação 
prevencionista essa divisão abre um grande abismo 
na implementação de políticas de saúde e segurança 
prevencionista do trabalho, sendo as entidades públicas 
e privadas obrigadas por lei a constituírem o Serviço de 
Engenharia e Medicina do Trabalho (SESMT) para aquelas que 
estabelecem contratos de trabalho baseados na CLT, porém 
ficando desobrigadas as entidades públicas com contratos 
não estabelecidos pela CLT a constituírem o SESMT. No 
entanto, os servidores estatutários também estão expostos a 
acidentes e doenças ocupacionais, o que aumentam os ônus 
do Estado, que acaba tendo seus recursos previdenciários 
aplicados em benefícios a trabalhadores afastados por 
acidentes e doenças do trabalho.
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho
47
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