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1 INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO 1 Sumário BREVE HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................................................ 3 DA MEDICINA DO TRABALHA À SAÚDE DO TRABALHADOR ....................................................... 10 Principais características da medicina do trabalho ..................................................................... 10 Como e por que evoluiu a medicina do trabalho para a saúde ocupacional? ............................ 14 A insuficiência da saúde ocupacional e o surgimento da saúde do trabalhador. ....................... 18 Características da saúde do trabalhador..................................................................................... 23 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA SEGURANÇA DO TRABALHO ...................................................... 27 CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS – CLT ......................................................................... 31 MEDIDAS PREVENTIVAS .............................................................................................................. 44 PRINCIPAIS FATORES QUE CAUSAM OS ACIDENTES E DOENÇAS PROFISSIONAIS ...................... 48 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 50 2 FACUMINAS A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 BREVE HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO Que o trabalho acarreta – ou pode acarretar – danos para a saúde ou para a integridade física dos trabalhadores, é conhecido já desde a antiguidade, no entanto, só as civilizações que dominavam a escrita é que deixaram registos históricos fiáveis acerca desta temática; os primeiros registos conhecidos referem que o Faraó Egípcio Snefru (2575 a 2551 a.C.) terá tomado disposições para «facilitar» o trabalho dos mineiros nas minas de turquesas no monte Sinai. Desses pioneiros, destacam-se os trabalhos de Hipócrates e Aristóteles (médicos Gregos do IV século a.C.) que mencionam as doenças de que padecem os trabalhadores mineiros; Platão (filósofo Grego, 427 a 327 a.C.) analisou as enfermidades que «atacavam» os esqueletos de trabalhadores que exerciam determinadas profissões; Plínio, o Velho (naturalista Romano, séc. I d.C.), estudou o envenenamento e os problemas pulmonares que afetavam os mineiros devido à manipulação de zinco e enxofre; Cláudio Galeno (médico Grego, séc. II), descreve algumas doenças de origem profissional que observou em trabalhadores da bacia mediterrânica, entre as quais o saturnismo; Avicena (médico Persa, 908-1037), estudou o saturnismo e concluiu que era causado pelo trabalho de pintura com tintas à base de chumbo; Paracelso (médico, alquimista, físico e astrólogo, Suíço/Austríaco, Phillipus Aureolus Teophrastus Bombastus von Hohenheim, Einsiedeln,1493 a Salzburgo,1541), foi pioneiro no uso de sais minerais na medicina, escreveu Von Der Bergsucht Und Anderen Heiten (Da doença das montanhas [minas]), onde descreve os riscos profissionais causados pela extração de minérios e as relações entre o trabalho e as doenças profissionais, nomeadamente a manipulação de certas substâncias como o mercúrioeaexposição ao gás radão; Georgius Agrícola (médico Alemão, 1494 a 1555, considerado o pai da geologia), no seu livro De Re Metallica relata acidentes de trabalho e doenças que afetavam os mineiros, designadamente a «asma dos mineiros» cujos sintomas descritos e a rápida evolução da doença, descrevem, muito provavelmente, a silicose; Ramazzini (médico Italiano, 1633 a 1714), considerado o pai da medicina do trabalho, escreveu De Morbis Artificum Diatriba (Doenças dos artífices) onde descreve as relações causa-efeito inerentes a dezenas de artífices (profissões), introduz na anamnese médica a pergunta: «Qual é a sua ocupação?». 4 Mas, é com o advento da revolução industrial (final do séc. XVIII e inicio do séc. XIX) e a consequente utilização das primeiras máquinas (cujo design não tinha em conta as capacidades e limitações dos operadores) que a problemática da SST se agudiza e ganha relevo devido à elevada taxa de mortalidade em resultado quer de acidentes quer de doenças profissionais e que se registavam em todas as faixas etárias, desde crianças a idosos (este cenário é admiravelmente descrito nas obras de Charles Dickens – romancista Inglês, 1812 a 1870, ou mais tarde, pelo escritor Português Soeiro Pereira Gomes, 1909 a 1949). Percival Lott (médico, 1713 a 1788) descreveu o cancro ocupacional entre os limpadores de chaminé na Inglaterra, identificando a fuligem e a falta de higiene como causa do cancro do escroto. Dos seus estudos resultou a Lei dos Limpadores de Chaminés de 1788. Este panorama provocou movimentações sociais, principalmente na Inglaterra, Alemanha e França, o que obrigou o patronato a corrigir (ainda que moderadamente) os procedimentos e o ambiente de trabalho. Também os governos foram obrigados a reagir a este quadro pouco justo (e abonatório para toda a classe dirigente), com a publicação de leis para proteção dos trabalhadores. Assim, em 1802, foi promulgada em Inglaterra a «Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes» e que é considerada a primeira lei para proteção dos trabalhadores. Limitava o horário de trabalho a 12 horas diárias e obrigava à ventilação dos locais de trabalho. Ainda em Inglaterra, em 1833, foi promulgada a «Factory Act of 1833». Esta lei constituiu um decisivo passo em frente na proteção dos trabalhadores das fábricas do algodão (fiação e tecelagem). Proibia o trabalho noturno a menores de 18 anos e restringia o horário de trabalho a 12 horas diárias e 69 semanais; estipulava que os 9 anos como a idade mínima para o trabalho e a obrigatoriedade de atestado médico confirmando que o desenvolvimento da criança correspondia à sua idade. O horário de trabalho dos adolescentes entre os 9 e os 16 anos era de nove horas diárias, com meia hora de intervalo para tomar uma refeição. Ainda em Inglaterra, em 1834, o médico Robert Baker, nomeado inspetor de fábricas, recomenda a várias indústrias a contratação de médicos com o objetivo de visitarem diariamente os locais de trabalho, nascendo assim o exercício da 5 medicina no trabalho. Em 1842, na Escócia, James Smith, proprietário de uma indústria têxtil, contratou um médico com a função de submeter todos os trabalhadores menores a um exame prévio à sua admissão, acompanhá-los no trabalho e examiná-los periodicamente, emergindo desta forma as funções do médico do trabalho. Em França, a primeira lei, publicada foi em 1841 mas, só a partir de 1862, começou a ser regulamentada a SHST; em 1883, Emílio Muller fundou em Paris a Associação dos Industriais contra Acidentes de Trabalho. Na Alemanha, em 1865, foi promulgadaa «Lei da Indemnização Obrigatória dos Trabalhadores», a qual responsabilizava os empregadores pelo pagamento dos acidentes de trabalho; em 1873 foi criada a Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, tendo sido a primeira associação criada com o objetivo de prevenir os acidentes e proteger os trabalhadores acidentados. A Encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas) redigida pelo Papa Leão XIII, em 1891 e publicada em 1894, incide sobre as condições das classes trabalhadoras e afronta a falta de valores morais e princípios éticos, defendendo a intervenção dos estados na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos. Na Inglaterra, em 1897, foi criado, na sequência do incêndio de Cripplegate, o Comité Britânico para a Prevenção e iniciaram-se pesquisas respeitantes aos materiais aplicados na construção. Nos Estados Unidos, em 1903, foi promulgada a lei que obrigava à indemnização dos trabalhadores federais (em caso de acidente) e só em 1921 é que esses direitos foram alargados a todos os trabalhadores. No entanto, na primeira metade do séc. XX, e de forma generalizada, a produtividade continuou a sobrepor-se ao risco, sendo a prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais praticamente inexistente. Em 1919, foi criada a OIT (Organização Internacional do Trabalho) organização supra nacional orientada para as questões do trabalho, cujas primeiras convenções e recomendações não surtiram efeitos práticos imediatos. Só na segunda metade do séc. XX é que começaram a ser postas em prática as já existentes e outras novas foram sendo redigidas e aprovadas apontando os caminhos para a melhoria das condições de trabalho e dignificação do trabalho. Para este avanço, a II guerra mundial deu um contributo decisivo, dada a 6 necessidade de produção massivaeafalta de mão-de-obra, era absolutamente necessário preservar a mão-de-obra existente (não a deixando «estragar-se»). Outro avanço importante foi, em 1948, a proclamação, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, a qual consagra, no n.º 1 do art. 23º «Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção...» e no art. 24º «Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho...». Em França, em 1952, torna-se obrigatória a existência de serviços médicos nos estabelecimentos industriais e comerciais com 10 ou mais trabalhadores. Em 1959, a 43ª Conferência da OIT, emitiu a Recomendação N.º 112 (Recomendação para os Serviços de Saúde Ocupacional) visando proteger os trabalhadores contra os riscos decorrentes do trabalho ou das condições da sua realização e aconselha o ajustamento do trabalho às condições físicas e mentais dos trabalhadores em função das aptidões individuais. A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, fundada em Paris em 1951 (percursora da Comunidade Económica Europeia – CEE) publica alguns regulamentos sobre estas matérias. Na ONU, em 1976, é aprovado para ratificação pelos estados membros o Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais, e Culturais, que refere: Artigo 7º «Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem, em especial: b) Condições de trabalho seguras e higiénicas; c) Repouso, lazer e limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas... Artigo 12 «n.º 1 – Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas as pessoas de gozar do melhor estado de saúde física e mental possível. n.º 2 – As medidas que os Estados Partes no presente Pacto tomarem com vista a assegurar o pleno exercício destes direitos deverão compreender as medidas necessárias para assegurar (...) b) O melhoramento de todos os aspetos de higiene do meio ambiente e da higiene industrial; 7 c) A profilaxia, tratamento, e controlo das doenças (...) profissionais (...);» O ano de 1992 foi considerado o Ano Europeu para a Segurança, Higiene e Saúde no local de Trabalho, tendo-se desenvolvido várias iniciativas ao longo do ano. Em 1996, foi criada a Agência Europeia para a Segurança no Trabalho, organização tripartida, composta por representantes dos governos, entidades patronais e sindicais, com a missão de «tornar os locais de trabalho na Europa mais seguros, saudáveis e produtivos», a qual tem dado um valioso contributo para a melhoria e esclarecimento da legislação Europeia, bem como para o estudo, informação, reflexão e identificação de riscos emergentes. Em 2001, a OIT adotou o dia 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho. Em 1981, a OIT publicou a Convenção n.º 155 que foi fundamental para o desenvolvimento das políticas de Segurança e Saúde no Trabalho porque estabelece três importantes linhas de rumo: — A definição de funções e responsabilidades de todos os agentes dinamizadores (administração, parceiros sociais, comunidades científicas e técnica); — A articulação dessas funções e responsabilidades, no sentido da complementaridade e convergência das diversas abordagens preventivas daí decorrentes; — A definição de estratégias de ação setorial que visem identificar os grandes problemas, implementar os meios de resolução de acordo com a ordem de prioridades, bem como a avaliação sistemática dos resultados obtidos. Em 2006, a OIT publicou a Convenção n.º 187 (e respetiva Recomendação n.º 197) sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho, com a finalidade de promover a cultura preventiva da segurança e da saúde e sistemas de gestão da segurança e da saúde através de políticas, sistemas e programas nacionais. Em Portugal, a primeira legislação com referências a estas matérias remonta a 1853 (Regulamento das Minas) e só em 1895 é que foi publicada a primeira lei específica sobre Higiene e Segurança no Trabalho (HST) que incidia no setor da construção civil; em 1909 foi publicado um Decreto regulamentando as condições de HST na indústria da construção civil, o qual 8 viria a ser suspenso devido à ameaça de lock-out dos empreiteiros do porto; em 1913 foi publicada a Lei n.º 83, que estabelece, pela primeira vez em Portugal, a responsabilidade patronal pelos acidentes de trabalho, em determinadas atividades industriais, podendo essa responsabilidade ser transferida para as seguradoras; em 1918 é publicado o Decreto n.º 435, relativo aos estabelecimentos insalubres, incómodos, perigosos ou tóxicos; em 1922 é publicado o Decreto n.º 8364, que aprova o Regulamento de Higiene, Salubridade e Segurança nos Estabelecimentos Industriais. Após um hiato de mais de 30 anos, é publicado em 1958 o Regulamento de Segurança no trabalho nas Obras de Construção Civil (Decreto n.º 41820 – ainda em vigor) e em 1962, considerando que só a silicose e a surdez (profissional) eram reconhecidas como doenças de origem profissional, é publicado o Decreto-Lei n.º 44308 sobre os serviços Médicos do Trabalho para a Prevenção Médica da Silicose, obrigando à organização de serviços médicos do trabalho nas minas e industrias onde existisse o risco de silicose (em 1967 foi complementado pelos Decretos n.º 47511 e 47512 que regulamentam, respetivamente, a Organização dos Serviços Médicos do Trabalho nas Empresas Industriais e Comerciais). Em 1965 é publicada a Lei n.º 2127, regulamentada seis anos depois (1971) pelo Decreto-Lei n.º 370/71, que aprovou o regime jurídico dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais. Em 1971 é publicado o Regulamento de Instalação e Laboração dos Estabelecimentos Industriais (Portaria n.º 53) e em 1973 é publicado o Decreto n.º 434/73, que aprova lista das Doenças profissionais. Quando ocorreu o 25 de abril de 1974, apenas 30 das 138 Convençõesadotadas pela OIT haviam sido ratificadas, apesar de Portugal ser membro fundador da organização. O regime democrático veio alterar a situação. A Constituição de 1976 garante que: «Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito: ... c) À prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde; f) À assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional.» 9 Em 1979 foi criado o Serviço Nacional de Saúde e, até 1985 foram transpostas para o direito interno as Convenções da OIT n.º 120 (de 1962) e n.º 155 (de 1981). A adesão de Portugal à CEE (que se passaria a denominar UE a partir de 1993) em 1985 veio dar um novo e grande impulso à proteção dos trabalhadores, com a produção de abundante de legislação e regulamentação, fruto da transposição para o direito interno das Diretivas Comunitárias, das quais se destacam: a Diretiva 89/391/CEE (Diretiva Quadro), a Diretiva 89/654/CEE (Diretiva Locais de Trabalho), a Diretiva 89/655/CEE (Diretiva Equipamentos de Trabalho), a Diretiva 89/656/CEE (Diretiva EPIs), a Diretiva 90/269/CEE (Diretiva Movimentação Manual de Cargas) e a Diretiva 92/57/CEE (Diretiva Estaleiros). Em 1991 é aprovada para ratificação, pela Resolução da Assembleia da Republica n.º 2/91, a Carta Social Europeia, emanada do Conselho da Europa e aprovada em Turim, em 18 de outubro de 1961, e na qual é referido no seu art. 3º (Direito à Segurança e Higiene no Trabalho): «Com o fim de assegurar o exercício efetivo do direito à segurança e higiene no trabalho, as Partes Contratantes obrigam-se: — A impor regulamentos de segurança e higiene; — A tomar providências para a averiguação dos cumprimentos desses regulamentos; — A consultar, quando houver ensejo, as organizações de patrões e operários sobre as disposições tendentes a melhorar a segurança e higiene no trabalho.» Em 1993 foi reestruturada a administração do Trabalho sendo criado o IDICT (Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho); em 2001 é adotado o dia 28 de abril como Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho; em 2004 é extinto o IDICT e criado, em sua substituição o ISHST (Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho) e em 2006 é extinto o ISHST e criada, em sua substituição a ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho). 10 DA MEDICINA DO TRABALHA À SAÚDE DO TRABALHADOR Principais características da medicina do trabalho A medicina do trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra, na primeira metade do século XIX, com a Revolução Industrial. Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo. Quando Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o fato de que seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu médico, pedindo que indicasse qual a maneira pela qual ele, como empresário, poderia resolver tal situação, Baker respondeu-lhe: "Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado". A resposta do empregador foi a de contratar Baker para trabalhar na sua fábrica, surgindo assim, em 1830, o primeiro serviço de medicina do trabalho. Na verdade, despontam na resposta do fundador do primeiro serviço médico de empresa, os elementos básicos da expectativa do capital quanto às finalidades de tais serviços: 11 - deveriam ser serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário e que se dispusessem a defendê-lo; - deveriam ser serviços centrados na figura do médico; - a prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos do trabalho deveria ser tarefa eminentemente médica; - a responsabilidade pela ocorrência dos problemas de saúde ficava transferida ao médico. A implantação de serviços baseados neste modelo rapidamente expandiu-se por outros países, paralelamente ao processo de industrialização e, posteriormente, aos países periféricos, com a transnacionalização da economia. A inexistência ou fragilidade dos sistemas de assistência à saúde, quer como expressão do seguro social, quer diretamente providos pelo Estado, via serviços de saúde pública, fez com que os serviços médicos de empresa passassem a exercer um papel vicariante, consolidando, ao mesmo tempo, sua vocação enquanto instrumento de criar e manter a dependência do trabalhador (e frequentemente também de seus familiares), ao lado do exercício direto do controle da força de trabalho. A preocupação por prover serviços médicos aos trabalhadores começa a se refletir no cenário internacional também na agenda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919. Assim, em 1953, através da Recomendação 97 sobre a "Proteção da Saúde dos Trabalhadores", a Conferência Internacional do Trabalho instava aos Estados Membros da OIT que fomentassem a formação de médicos do trabalho qualificados e o estudo da organização de "Serviços de Medicina do Trabalho". Em 1954, a OIT convocou um grupo de especialistas para estudar as diretrizes gerais da organização de "Serviços Médicos do Trabalho". Dois anos mais tarde, o Conselho de Administração da OIT, ao inscrever o tema na ordem-do-dia da Conferência Internacional do Trabalho de 1958, substituiu a denominação "Serviços Médicos do Trabalho" por "Serviços de Medicina do Trabalho". 12 Com efeito, em 1959, a experiência dos países industrializados transformou-se na Recomendação 112, sobre "Serviços de Medicina do Trabalho", aprovada pela Conferência Internacional do Trabalho. Este primeiro instrumento normativo de âmbito internacional passou a servir como referencial e paradigma para o estabelecimento de diplomas legais nacionais (onde aliás, baseia-se a norma brasileira). Aborda aspectos que incluem a sua definição, os métodos de aplicação da Recomendação, a organização dos Serviços, suas funções, pessoal e instalações, e meios de ação. Segundo a Recomendação 112, "a expressão 'serviço de medicina do trabalho' designa um serviço organizado nos locais de trabalho ou em suas imediações, destinado a: - assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a sua saúde e que possa resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue; - contribuir à adaptação física e mental dos trabalhadores, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação em lugares de trabalho correspondentes às suas aptidões; - contribuir ao estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores". Desta conceituação podem ser extraídas mais algumas características da medicina do trabalho (além das anteriormente identificadas, a propósito de sua origem), assim como alguns questionamentos que têm a ver com suas limitações, a saber: - A medicina do trabalho constitui fundamentalmente uma atividade médica,e o "locus" de sua prática dá-se tipicamente nos locais de trabalho. - Faz parte de sua razão de ser a tarefa de cuidar da "adaptação física e mental dos trabalhadores", supostamente contribuindo na colocação destes em lugares ou tarefas correspondentes às aptidões. A "adequação do trabalho ao trabalhador", limitada à intervenção médica, restringe-se à seleção de 13 candidatos a emprego e à tentativa de adaptar os trabalhadores às suas condições de trabalho, através de atividades educativas. - Atribui-se à medicina do trabalho a tarefa de "contribuir ao estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores", conferindo-lhe um caráter de onipotência, próprio da concepção positivista da prática médica. Esta visão de onipotência da medicina fica exemplificada no discurso de Selby57, em 1939, quando ao tratar da finalidade e da organização dos serviços médicos de empresa, afirmava: "It is the plant physician's privilege and duty to cooperate (...) to conserve human values..."57. ou nas palavras de Townsend59, em 1943: "[Occupational Medicine] is concerned with every phase of the health of the man behind the machine, wheter it is the industrial dust in the air he breathes or the food his wife has packed in his dinner pail. In short, it is the problem of keeping the worker on the job, and in good health, so that he can work at the top efficiency." Aliás, tanto a expectativa de promover a "adaptação" do trabalhador ao trabalho, quanto a da "manutenção de sua saúde", refletem a influência do pensamento mecanicista na medicina científica e na fisiologia. No campo das ciências da administração, o mecanicismo vai sustentar o desenvolvimento da "Administração Científica do Trabalho", onde os princípios de Taylor, ampliados por Ford, encontram na medicina do trabalho uma aliada para a perseguição do seu "telos" último: a produtividad7. Não é ao acaso que a Henry Ford tenha sido atribuída a declaração de que "o corpo médico é a seção de minha fábrica que me dá mais lucro" (citada por Oliveira e Teixeira). A explicação é dada por Oliveira e Teixeira com as seguintes palavras: 14 "Em primeiro lugar, a seleção de pessoal, possibilitando a escolha de uma mão- de-obra provavelmente menos geradora de problemas futuros como o absentismo e suas consequências (interrupção da produção, gastos com obrigações sociais, etc.). Em segundo lugar, o controle deste absentismo na força de trabalho já empregada, analisando os casos de doenças, faltas, licenças, obviamente com mais cuidado e maior controle por parte da empresa do que quando esta função é desempenhada por serviços médicos externos a ela, por exemplo, da Previdência Social. Outro aspecto é a possibilidade de obter um retorno mais rápido da força de trabalho à produção, na medida em que um serviço próprio tem a possibilidade de um funcionamento mais eficaz nesse sentido, do que habitualmente 'morosas' e 'deficientes' redes previdenciárias e estatais, ou mesmo a prática liberal sem articulação com a empresa." Como e por que evoluiu a medicina do trabalho para a saúde ocupacional? O preço pago pelos trabalhadores em permanecer nas indústrias durante os anos da II Guerra Mundial, em condições extremamente adversas e em intensidade de trabalho extenuante, foi - em algumas categorias - tão pesado e doloroso quanto o da própria guerra. Sobretudo porque, terminado o conflito bélico, o gigantesco esforço industrial do pós-guerra estava recém iniciando. Num contexto econômico e político como o da guerra e o do pós-guerra, o custo provocado pela perda de vidas - abruptamente por acidentes do trabalho, ou mais insidiosamente por doenças do trabalho - começou a ser também sentido tanto pelos empregadores (ávidos de mão-de-obra produtiva), quanto pelas companhias de seguro, às voltas com o pagamento de pesadas indenizações por incapacidade provocada pelo trabalho. A tecnologia industrial evoluiu de forma acelerada, traduzida pelo desenvolvimento de novos processos industriais, novos equipamentos, e pela síntese de novos produtos químicos, simultaneamente ao rearranjo de uma nova divisão internacional do trabalho. 15 Entre muitos outros desdobramentos deste processo, desvela-se a relativa impotência da medicina do trabalho para intervir sobre os problemas de saúde causados pelos processos de produção. Crescem a insatisfação e o questionamento dos trabalhadores - ainda que apenas 'objeto' das ações - e dos empregadores, onerados pelos custos diretos e indiretos dos agravos à saúde de seus empregados. A resposta, racional, "científica" e aparentemente inquestionável traduz-se na ampliação da atuação médica direcionada ao trabalhador, pela intervenção sobre o ambiente, com o instrumental oferecido por outras disciplinas e outras profissões. A "Saúde Ocupacional" surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com o traço da multi e interdisciplinaridade, com a organização de equipes progressivamente multi-profissionais, e a ênfase na higiene "industrial", refletindo a origem histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países "industrializados"... Nada mais oportuno que citar, textualmente, esta característica inovadora da saúde ocupacional, nas palavras de Hussey quando, em 1947, discutia um artigo sobre o lugar da engenharia na saúde ocupacional: "This whole subject of Occupational Health is analogous to a three-legged stool, one leg representing medical science, one representing engineering and chemical science and one representing social sciences...Up to the present we have been trying to balance ourselves on two legs and in some instances on one leg. It is a very uncomfortable position and one that cannot get us very far and certainly will lead, as it has, to fatigue." A racionalidade "científica" da atuação multiprofissional e a estratégia de intervir nos locais de trabalho, com a finalidade de controlar os riscos ambientais, refletem a influência das escolas de saúde pública, onde as questões de saúde e trabalho já vinham sendo estudadas há algum tempo. Na metade deste século intensificam-se o ensino e a pesquisa dos problemas de saúde ocupacional nas escolas de saúde pública - principalmente nos Estados Unidos (Harvard, Johns Hopkins, Michigan, e Pittsburgh) - com forte matiz ambiental. 16 Assim, de um lado a saúde ocupacional passa a ser considerada como um ramo da saúde ambiental (como, aliás aconteceu também na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo); de outro, desenvolvem-se fortes unidades de higiene "'industrial", através de "grants" e contratos de serviços com grandes empresas. No estabelecimento da higiene ocupacional nestes centros acadêmicos e em instituições governamentais de projeção, os nomes de Theodore Hatch, Phillip Drinker, Herbert Stokinger e John Bloomfield, entre outros, passam a constituir referência obrigatória. Contudo, o desenvolvimento da saúde ambiental/ saúde ocupacional nas escolas de saúde pública dos Estados Unidos, centrado na higiene ocupacional, deu-se, não de forma complementar, mas acompanhado de uma relativa desqualificação do enfoque médico e epidemiológico da relação trabalho-saúde. Vale lembrar que havia sido Alice Hamilton -médica pioneira nos estudos das doenças profissionais - quem dera, de 1919 a 1935, projeção à Universidade Harvard, ao enfocar os problemas de saúde do trabalhador sob o ângulo médico- epidemiológico. Assim fez Anna Baetjer, que por mais de 60 anos dedicou-se aos estudos da patologia do trabalho na Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins. E assim foi com muitos outros centros. No Brasil, a adoção e o desenvolvimento da saúde ocupacional deram-se tardiamente, estendendo-se em várias direções. Reproduzem, aliás, o processo ocorrido nos países doPrimeiro Mundo. Na vertente acadêmica, destaca-se a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, que dentro do Departamento de Saúde Ambiental, cria uma "área de Saúde Ocupacional", e estende de forma especial sua influência como centro irradiador do conhecimento, via cursos de especialização e, principalmente, via pós-graduação (mestrado e doutorado). Com efeito, este modelo foi reproduzido em outras instituições de ensino e pesquisa, em especial em nível de alguns departamentos de medicina preventiva e social de escolas médicas. Nas instituições, a marca mais característica expressa-se na criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho 17 (FUNDACENTRO), versão nacional dos modelos de "Institutos" de Saúde Ocupacional desenvolvidos no exterior, a partir da década de 50, entre eles, os de Helsinque, Estocolmo, Praga, Budapeste, Zagreb, Madrid, o NIOSH em Cincinnati, Lima e de Santiago do Chile. Na legislação, expressou-se na regulamentação do Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), reformada na década de 70, principalmente nas normas relativas à obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares nos locais de trabalho (atual Norma Regulamentadora 4 da Portaria 3214/ 78); na avaliação quantitativa de riscos ambientais e adoção de "limites de tolerância" (Normas Regulamentadoras 7 e 15), entre outras. Apesar das mudanças estabelecidas na legislação trabalhista, foram mantidas na legislação previdenciária/ acidentária as características básicas de uma prática medicalizada, de cunho individual, e voltada exclusivamente para os trabalhadores engajados no setor formal de trabalho. Caberia, ao encerrar esta parte, saber porque o modelo da saúde ocupacional - desenvolvido para atender a uma necessidade da produção - não conseguiu atingir os objetivos propostos. Dentre os fatores que poderiam ser listados para explicar sua insuficiência, estão: - o modelo mantém o referencial da medicina do trabalho firmado no mecanicismo; - não concretiza o apelo à interdisciplinaridade: as atividades apenas se justapõem de maneira desarticulada e são dificultadas pelas lutas corporativas; - a capacitação de recursos humanos, a produção de conhecimento e de tecnologia de intervenção não acompanham o ritmo da transformação dos processos de trabalho; - o modelo, apesar de enfocar a questão no coletivo de trabalhadores, continua a abordá-los como "objeto" das ações de saúde; - a manutenção da saúde ocupacional no âmbito do trabalho, em detrimento do setor saúde. 18 A insuficiência da saúde ocupacional e o surgimento da saúde do trabalhador. A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui fenômeno pontual e isolado. Antes, foi e continua sendo um processo que, embora guarde uma certa especificidade do campo das relações entre trabalho e saúde, tem sua origem e desenvolvimento determinados por cenários políticos e sociais mais amplos e complexos. Além disto, ainda que este processo tenha traços comuns que lhe conferem uma certa universalidade, ele ocorre em ritmo e natureza próprios, refletindo a diversidade dos mundos políticos e sociais, e as distintas maneiras de os setores trabalho e saúde se organizarem. Em que cenário a insuficiência deste modelo se evidencia? Um movimento social renovado, revigorado e redirecionado surge nos países industrializados do mundo ocidental - notadamente Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália - mas que se espraia mundo afora. São os anos da segunda metade da década de 60, (maio de 1968 tipifica a exteriorização deste fenômeno) marcados pelo questionamento do sentido da vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho na vida, o uso do corpo, e a denúncia do obsoletismo de valores já sem significado para a nova geração. Estes questionamentos abalaram a confiança no Estado e puseram em xeque o lado "sagrado" e "místico" do trabalho - cultivado no pensamento cristão e necessário na sociedade capitalista. Este processo leva, em alguns países, à exigência da participação dos trabalhadores nas questões de saúde e segurança. Elas, mais que quaisquer outras, tipificavam situações concretas do cotidiano dos trabalhadores, expressas em sofrimento, doença e morte. Como resposta ao movimento social e dos trabalhadores, novas políticas sociais tomam a roupagem de lei, introduzindo significativas mudanças na legislação do trabalho e, em especial, nos aspectos de saúde e segurança do trabalhador. Assim, por exemplo, na Itália, a Lei 300, de 20 de maio de 1970 ("Norme per la 19 libertá e la dignitá dei lavoratori, della libertá sindicale e dell'attivitá sindicale nei luoghi di lavoro"), mais conhecida como "Estatuto dos Trabalhadores", incorpora princípios fundamentais da agenda do movimento de trabalhadores, tais como a não delegação da vigilância da saúde ao Estado, a não monetização do risco, a validação do saber dos trabalhadores e a realização de estudos e investigações independentes, o acompanhamento da fiscalização, e o melhoramento das condições e dos ambientes de trabalho. Conquistas básicas de natureza semelhante, com algumas peculiaridades próprias de contextos político-sociais distintos, foram também sendo alcançados pelos trabalhadores norte-americanos (a partir da nova lei de 1970), ingleses (a partir de 1974), suecos (a partir de 1974), franceses (a partir de 1976), noruegueses (1977), canadenses (1978), entre outros. Toda esta nova legislação tem como pilares comuns o reconhecimento do exercício de direitos fundamentais dos trabalhadores, entre eles, o direito à informação (sobre a natureza dos riscos, as medidas de controle que estão sendo adotadas pelo empregador, os resultados de exames médicos e de avaliações ambientais, e outros; o direito à recusa ao trabalho em condições de risco grave para a saúde ou a vida; o direito à consulta prévia aos trabalhadores, pelos empregadores, antes de mudanças de tecnologia, métodos, processos e formas de organização do trabalho: e o estabelecimento de mecanismos de participação, desde a escolha de tecnologias, até, em alguns países, a escolha dos profissionais que irão atuar nos serviços de saúde no trabalho A década de 70 testemunha profundas mudanças nos processos de trabalho. Num sentido mais "macro", observa-se uma forte tendência de "terciarização" da economia dos países desenvolvidos, isto é, o início de declínio do setor secundário (indústria), e o crescimento acentuado do setor terciário (serviços), com óbvia mudança do perfil da força de trabalho empregada. Ocorre um processo de transferência de indústrias para o Terceiro Mundo, - uma verdadeira transnacionalização da economia - principalmente daquelas que provocam poluição ambiental ou risco para a saúde (ex.: asbesto, chumbo, 20 agrotóxicos, e outros), e das que requerem muita mão-de-obra, com baixa tecnologia, como é o caso típico das "maquiladoras", que rapidamente se instalam nas "zonas livres" ou "francas", mundo afora. Os países do Terceiro Mundo, afligidos pela elevação dos preços do petróleo e pressionados pela recessão que se instala universalmente, buscam o desenvolvimento econômico a qualquer custo, aceitando e estimulando esta transferência, supostamente capaz de amenizar o desemprego e gerar divisas. Num nível mais "micro", observa-se a rápida implantação de novas tecnologias, entre as quais podem ser destacadas duas vertentes que se completam: a automação (máquinas de controle numérico, robots, e outros) e a informatização. Apesar de a automação e a informatização virem cercadas de uma certa aura mítica de se constituirem na "última palavra da ciência a serviço do homem", elas introduziram, na verdade, profundas modificações na organização do trabalho. Por exemplo, permitiram ao capital diminuir sua dependência dostrabalhadores, ao mesmo tempo em que aumentaram a possibilidade de controle. Ressurge, com vigor redobrado, o taylorismo, através de dois de seus princípios básicos: o da primazia da gerência (via apropriação do conhecimento operário e pela interferência direta nos métodos e processos), e o da importância do planejamento e controle do trabalho. Contudo, se de um lado o capital busca reeditar as bases da "administração científica do trabalho", agora mais sofisticada, de outro, abre espaço a formas de "resistência" desenvolvidas pelos trabalhadores. Como conseqüência, são desenvolvidas, nos países escandinavos, experiências dos "grupos semi- autônomos", na Volvo e Saab, numa perspectiva de ampliar a participação dos trabalhadores, diminuindo os enfrentamentos. No campo das idéias sobre saúde, predominava, até os anos'70, a concepção positivista de que a Medicina teria ampla autonomia e estaria no mesmo nível que outros subsistemas - como o econômico, o político, o educacional - e a suposição de que seria possível transformar a sociedade a partir de qualquer desses setores. 21 Esta visão de mundo sustenta a teoria da multicausalidade do processo saúde- doença, onde os fatores de risco do adoecer e morrer são considerados com o mesmo valor ou potencial de agressão ao homem, visto este como "hospedeiro". A prática da saúde ocupacional assenta-se sobre esta concepção. Entretanto, a partir do final dos anos'60, começam a aparecer críticas a esta concepção e a denúncia dos efeitos negativos da medicalização e do caráter ideológico e reprodutor das instituições médicas, com a proposta de desmedicalização da sociedade. No campo da prática médica, surgem programas alternativos de auto-cuidado de saúde, de assistência primária, de extensão de cobertura, de revitalização da medicina tradicional, uso de tecnologia simplificada, e ênfase na participação comunitária. Apesar da "apropriação" pelo Estado de algumas destas alternativas, surgidas da crítica às instituições médicas, e do fracasso relativo dessas medidas, elas revitalizam a discussão teórica sobre a articulação da saúde na sociedade. Nesse intenso processo social de discussões teóricas e de práticas alternativas, ganha corpo a teoria da determinação social do processo saúde-doença, cuja centralidade colocada no trabalho - enquanto organizador da vida social - contribui para aumentar os questionamentos à medicina do trabalho e à saúde ocupacional. As críticas tornam-se mais contundentes, à medida que surgem, em nível da rede pública de serviços de saúde, programas de assistência aos trabalhadores, com ativa participação destes, e das suas organizações. Os programas contribuem para desvelar o impacto do trabalho sobre a saúde, questionam as práticas dos serviços de medicina do trabalho nas empresas e instrumentalizam os trabalhadores nas suas reivindicações por melhores condições de saúde. Neste processo de questionamento da prática médica e gestação de uma nova prática, alguns pensadores tiveram papel de destaque. Entre eles, Polack48 com suas idéias radicais, de que "a medicina no modo de produção capitalista é a medicina do capital"; Berlinguer5, que trabalhou ativamente a questão da saúde 22 do trabalhador no movimento da Reforma Sanitária italiana; e Foucault, ao dissecar questões nevrálgicas da prática médica, desnudando o poder e o controle, tão bem representados na medicina do trabalho. Quais as conseqüências deste intenso processo social de mudanças sobre a aparente hegemonia do "modelo da saúde ocupacional"? É possível identificar, entre outras: - Os trabalhadores explicitam sua desconfiança nos procedimentos técnicos e éticos dos profissionais dos serviços de saúde ocupacional (segurança, higiene e medicina do trabalho); estes têm uma enorme dificuldade em lidar com o "novo", mormente naquilo que significou perda de poder e hegemonia. - O exercício da participação do trabalhador em questões de saúde pôs em xeque, em muitos casos, conceitos e procedimentos amplamente consagrados pela saúde ocupacional, como por exemplo, o valor e a ética de exames médicos pré-admissionais e periódicos, utilizados, segundo a denúncia dos trabalhadores, para práticas altamente discriminatórias. - Desmorona o mito dos "limites de tolerância" que fundamentou a lógica da saúde ocupacional (principalmente higiene e toxicologia) por mais de 50 anos. A fundamentação científica é questionada (para não dizer desmoralizada); o conceito de "exposição segura" é abalado; e os estudos de efeitos comportamentais provocados pela exposição a baixas doses de chumbo e de solventes orgânicos, põem em xeque os critérios de "proteção de saúde" que vigiram nos países industrializados ocidentais até há pouco. - À medida em que a organização do trabalho amplia sua importância na relação trabalho/saúde, requerem-se novas estratégias para a modificação de condições de trabalho, que "atropelam" a Saúde Ocupacional (até então trabalhando na lógica "ambiental"). - A utilização de novas tecnologias - em especial as que introduzem a automação e a informatização nos processos de trabalho - embora possa contribuir para o melhoramento das condições de trabalho. acabam introduzindo 23 novos riscos à saúde, quase sempre decorrentes da organização do trabalho, e portanto, de difícil "medicalização" - As modificações dos processos de trabalho em nível "macro" (terciarização da economia), e "micro" (automação e informatização), acrescentados à eliminação dos riscos nas antigas condições de trabalho, provocam um deslocamento do perfil de morbidade causada pelo trabalho: as doenças profissionais clássicas tendem a desaparecer, e a preocupação desloca-se para as outras "doenças relacionadas com o trabalho" (work related diseases). Passam a ser valorizadas as doenças cardiovasculares (hipertensão arterial e doença coronariana), os distúrbios mentais, o estresse e o câncer, entre outras. Desloca-se, assim, a vocação da saúde ocupacional, passando esta a se ocupar da "promoção de saúde", cuja estratégia principal é a de, através de um processo de educação, modificar o comportamento das pessoas e seu "estilo de vida. - Na verdade, esta nova exigência colocada à saúde ocupacional nos países desenvolvidos e nas grandes corporações no Terceiro Mundo, se superpõe àquelas existentes na imensa maioria dos estabelecimentos de trabalho (pequenos e médios) e na economia informal, onde permanecem as condições de risco para a saúde dos trabalhadores, com os problemas clássicos e graves, até hoje não solucionados pelos modelos utilizados. Características da saúde do trabalhador Do intenso processo social de mudança, ocorrido no mundo ocidental nos últimos vinte anos, foram mencionados, anteriormente, alguns aspectos que, no âmbito das relações trabalho x saúde, conformaram a saúde do trabalhador. Como característica básica desta nova prática, destaca-se a de ser um campo em construção no espaço da saúde pública. Assim, sua descrição constitui, antes, uma tentativa de aproximação de um objeto e de uma prática, com vistas a contribuir para sua consolidação enquanto área. O objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho. Representa um 24 esforço de compreensão deste processo - como e porque ocorre - e do desenvolvimento de alternativas de intervenção que levem à transformação em direção à apropriação pelos trabalhadores, da dimensão humana do trabalho, numa perspectiva teleológica. Nessa trajetória, a saúde do trabalhador rompe com a concepção hegemônica que estabelece um vínculo causai entre a doença e um agente específico, ou a um grupo de fatores de risco presentes no ambiente de trabalho e tenta superar o enfoque que situa sua determinação no social, reduzido ao processoprodutivo, desconsiderando a subjetividade. Apesar das dificuldades teórico-metodológicas enfrentadas, a saúde do trabalhador busca a explicação sobre o adoecer e o morrer das pessoas, dos trabalhadores em particular, através do estudo dos processos de trabalho, de forma articulada com o conjunto de valores, crenças e idéias, as representações sociais, e a possibilidade de consumo de bens e serviços, na "moderna" civilização urbano-industrial. Nessa perspectiva, e com as limitações assinaladas, a saúde do trabalhador considera o trabalho, enquanto organizador da vida social, como o espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo capital, mas, igualmente, de resistência, de constituição, e do fazer histórico. Nesta história os trabalhadores assumem o papel de atores, de sujeitos capazes de pensar e de se pensarem, produzindo uma experiência própria, no conjunto das representações da sociedade. No âmbito das relações saúde x trabalho, os trabalhadores buscam o controle sobre as condições e os ambientes de trabalho, para torná-los mais "saudáveis". É um processo lento, contraditório, desigual no conjunto da classe trabalhadora, dependente de sua inserção no processo produtivo e do contexto sócio-político de uma determinada sociedade. Assim, a saúde do trabalhador apresenta expressões diferentes segundo a época e o país, e diferenciada dentro do próprio país, como pode ser observado na Itália, na Escandinávia, no Canadá, ou no Brasil. Porém, apesar das diferenças, mantém os mesmos princípios - trabalhadores buscam ser 25 reconhecidos em seu saber, questionam as alterações nos processos de trabalho, particularmente a adoção de novas tecnologias, exercitam o direitto à informação e a recusa ao trabalho perigoso ou arriscado à Saúde Na implementação deste "novo" modo de lidar com as questões de saúde relacionadas ao trabalho, os trabalhadores contam com dois apoios importantes: uma assessoria técnica especializada e o suporte, ainda que limitado, dos serviços públicos estatais de saúde. No Brasil surge a assessoria sindical feita por profissionais comprometidos com a luta dos trabalhadores, que individualmente ou através de organizações como o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT) e o Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (INST), no caso do Brasil, estudando os ambientes e condições de trabalho, levantando riscos e constatando danos para a saúde; decodificando o saber acumulado, num processo contínuo de socialização da informação; resgatando e sistematizando o saber operário, vivenciando, na essência, a relação pedagógica educador-educando. Também pode ser constatada a contribuição ao desenvolvimento da área de saúde do trabalhador, trazida pelos técnicos que em nível das instituições públicas - as Universidades e Institutos de Pesquisa, a rede de Serviços de Saúde e fiscalização do trabalho - somam esforços na luta por melhores condições de saúde e trabalho, através da capacitação profissional, da produção do conhecimento, da prestação de serviços e da fiscalização das exigências legais. Como características desta "nova prática" cabe ainda mencionar o esforço que vem sendo empreendido no campo da saúde do trabalhador para integrar as dimensões do individual x coletivo, do biológico x social, do técnico x político, do particular x geral. E um exercício fascinante, ao qual têm se dedicado os profissionais de saúde e os trabalhadores, que parece apontar uma saída para a grave crise da "ciência médica" ou das "ciências da saúde", neste final de século. Os cânones clássicos colocados a partir de formas fragmentadas de ver e estudar o mundo, se contribuiram para o aprofundamento do conhecimento em 26 níveis inimagináveis, estão a necessitar de uma nova abordagem que consiga reuní-los, articulá-los, colocando-os a serviço dos homens. No Brasil, a emergência da saúde do trabalhador pode ser identificada no início dos anos'80, no contexto da transição democrática, em sintonia com o que ocorre no mundo ocidental. Entre suas características básicas, destacam-se: - Ganha corpo um novo pensar sobre o processo saúde-doença, e o papel exercido pelo trabalho na sua determinação. - Há o desvelamento circunscrito, porém inquestionável, de um adoecer e morrer dos trabalhadores, caracterizado por verdadeiras "epidemias", tanto de doenças profissionais clássicas (intoxicação por chumbo, mercúrio, benzeno, e a silicose), quanto de "novas" doenças relacionadas ao trabalho, como a LER (lesões por esforços repetitivos), por exemplo. - São denunciadas as políticas públicas e o sistema de saúde, incapazes de dar respostas às necessidades de saúde da população, e dos trabalhadores, em especial. - Surgem novas práticas sindicais em saúde, traduzidas em reivindicações de melhores condições de trabalho, através da ampliação do debate, circulação de informações, inclusão de, pautas específicas nas negociações coletivas, da reformulação do trabalho das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPAs), no bojo da emergência do novo sindicalismo. Este processo social se desdobrou em uma série de iniciativas e se expressou nas discussões da VIII Conferência Nacional de Saúde, na realização da I Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, e foi decisivo para a mudança de enfoque estabelecida na nova Constituição Federal de 1988. Mais recentemente, a denominação "saúde do trabalhador" aparece, também, incorporada na nova Lei Orgânica de Saúde, que estabelece sua conceituação e define as competências do Sistema Único de Saúde neste campo. À guisa de conclusão retoma-se a ideia expressa na Introdução deste ensaio. 27 A caminhada da medicina do trabalho à saúde do trabalhador encontra-se em processo. Sua história pode ser contada em diferentes versões, porém com a certeza de que é construída por homens que buscam viver. Livres. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA SEGURANÇA DO TRABALHO A atividade de segurança e medicina do trabalho, no Brasil, está regulamentada pela Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977, e as NBRs. Essa Lei é constituída de NRs (Normas Regulamentadoras), e cada uma das delas estabelecem parâmetros para que os profissionais, a fiscalização e as empresas tenham como se fundamentar em seus programas e melhorias na segurança do trabalho. Cada uma dispõe de programas, treinamentos e procedimentos que deverão ser adotados pelas empresas que tenham seus funcionários regidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Toda empresa precisa estar enquadrada dentro das obrigatoriedades das NR, pois está passiva de receber sanções do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) quando encontradas irregularidades em inspeções realizadas por fiscais do órgão citado. Deve-se atentar para o fato das NR estarem divididas por ramos de atividades, isto é, algumas são específicas para alguma atividade econômica, por exemplo, a NR 18, que trata exclusivamente da indústria da Construção Civil. As normas possuem um inter-relação e cabe ao profissional de segurança do trabalho identificar a necessidade de cada empresa, a fim de executar uma prática prevencionista. As Normas são elaboradas por uma comissão Tripartite, composta por representantes do governo, dos empregadores e dos empregados. Em 11 de abril de 1996, a Portaria SSST/ MTE n. 02 criou a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), composta por cinco representantes da bancada do governo (SSST e FUNDACENTRO), cinco representantes da bancada dos empregadores (CNC, CNI, CNA, CNT, CNF) e cinco representantes da bancada dos trabalhadores (FS, CUT, CGT), contando com representantes dos Ministérios da Saúde e Previdência e Assistência Social. Os membros da CTPP têm direito a voz e voto em igualdade de condições, num mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos. As principaisvantagens da elaboração e revisão de 28 uma norma de forma tripartite são: transparência, corresponsabilidade, engajamento e harmonização dos interesses. (CAMARGO, 2010). Como já vimos, os acidentes de trabalho afetam a produtividade e são responsáveis por um impacto importante na economia brasileira e mundial. Porém, não se sabe com exatidão os números de acidentes e/ou mortes, devido à informalidade dos trabalhos e o fato de, em muitos casos, não haver a notificação de acidente do trabalho, por intermédio da Comunicação do Acidente do Trabalho - CAT. O conceito técnico de Acidente do Trabalho, segundo Xavier (2002), é toda a circunstância não prevista ao andamento normal da atividade do trabalho, que poderá resultar danos físicos e/ou funcionais, morte, perdas materiais e econômicas. Segundo a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, através do Art. 19, define-se acidente do trabalho como sendo aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. É considerado também acidente do trabalho quando: • Doença profissional, produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho; • Doença do trabalho, adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado. Os acidentes ocorridos pelos trabalhadores, no horário e local de trabalho, devido a agressões, sabotagens ou atos de terrorismo praticados por terceiros ou colegas de trabalho também são considerados acidentes de trabalho. Igualmente, aqueles acidentes sofridos fora do local e horário de trabalho, desde que o trabalhador esteja executando ordens ou serviços sob a autoridade da empresa. Outra situação seria o acidente que ocorre durante viagens a serviço, mesmo que seja com fins de estudo, desde que financiada pela empresa. (CAMARGO, 2010). Todo o trabalhador que sofrer um acidente de trabalho ou desenvolver uma doença ocupacional deverá ser analisado pelo corpo técnico (médicos) do Instituto Nacional de Seguro Social - INSS, isto é, passar por uma perícia médica 29 que observará um nexo causal entre o acidente e a lesão; a doença e o trabalho; a causa mortis e o acidente. O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) é aplicável quando houver significância estatística da associação entre o código da Classificação Internacional de Doenças (CID) e o da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), na parte inserida pelo Decreto n. 6.042/2007, na lista “C” do anexo II do Decreto n. 3.048/1999 (alterado pelo Decreto n. 6.957/2009. O Fator Acidentário de Prevenção (FAP), fundamentado no disposto na Lei n. 10.666/2003 e em vigor desde janeiro de 2010, é um importante instrumento das políticas públicas relativas à saúde e à segurança no trabalho, permite a flexibilização da tributação coletiva dos Riscos Ambientais do Trabalho (RAT), redução ou majoração das alíquotas RAT de um, dois ou três por centos, segundo o desempenho de cada empresa no interior da respectiva subclasse da CNAE. O FAP anual reflete a aferição da acidentalidade nas empresas relativa aos dois anos imediatamente anteriores ao processamento (exemplo: o FAP 2010 tem como período-base de cálculo janeiro/2008 a dezembro/2009). O FAP anual tem como período de vigência o ano imediatamente posterior ao ano de processamento (exemplo: o FAP 2010 terá vigência de janeiro a dezembro de 2011). Além disso, é o mecanismo que permite à Receita Federal do Brasil (RFB*) aumentar ou diminuir a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 3% (risco grave) que cada empresa recolhe para o financiamento dos benefícios por incapacidade (grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser reduzidas em até 50% ou aumentadas em até 100%, conforme a quantidade, a gravidade e o custo das ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu segmento econômico. (SESI, 2011). A empresa que tiver, durante seu procedimento de trabalho, qualquer tipo de acidente deve elaborar a comunicação de acidente de trabalho (CAT) junto ao INSS. A CAT é um importante documento, pois registra o acidente do trabalho ou doenças ocupacionais, podendo ser emitido pelo INSS, sindicato ou médico de outra instituição, caso a empresa não queira fornecê-lo. O trabalhador tem 30 direto a uma cópia da CAT. A Lei n. 8.213/1991 determina, em seu artigo 22, que todo o acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão (BRASIL, 1992a). Destaca-se a importância da CAT, principalmente, o completo e exato preenchimento do formulário, tendo em vista as informações nele contidas, não apenas do ponto de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também trabalhista e social. (BRASIL, 1992a). Os trabalhadores que estiverem em dia com as contribuições junto ao INSS têm direito a uma série de benefícios, sendo eles: a) Benefício Acidentário Os benefícios acidentários relacionam-se à ocorrência de acidentes do trabalho, típicos ou de trajeto, e a doenças causadas ou relacionadas ao exercício de atividades laborais. Isso se encontra em conformidade com a Constituição Federal de 1988, que garante aos trabalhadores o seguro de acidentes do trabalho, a cargo do empregador (Inciso XXVIII do Art. n. 70), para os que têm vinculação empregatícia, consolidando o domínio da esfera pública sobre essa atuação, já prevista na Lei n. 5.316 de 1967. (SANTANA, 2003). b) Auxílio Doença Acidentário É cedido ao trabalhador que obteve doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. Funcionários com carteira assinada terão seus primeiros 15 dias pagos pelo empregador, sendo que a Previdência Social pagará a partir do 16º dia de afastamento. c) Auxílio-Doença Tem o benefício não necessitando ter o prazo mínimo de contribuição, a partir do momento que seja segurado, todo trabalhador proveniente de tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, doença de Paget (osteíte deformante) em estágio avançado, síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids) ou contaminado por radiação (comprovada em laudo médico). 31 d) Aposentadoria Especial Todo trabalhador terá direito se comprovar o tempo de trabalho concretizado através de exposições aos riscos biológicos, físicos ou outro agente que possa ser prejudicial durante o tempo estabelecido para o benefício. Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício que pode ser de 15, 20 ou 25 anos. e) Aposentadoria por Invalidez O trabalhador que receber aposentadoria por invalidez deverá, obrigatoriamente, passar por perícia médica de dois em dois anos, podendo se não o fizer, perder seu benefício. É bom lembrar que esse benefício pode deixar de ser pago a partir da recuperação do trabalhador, fazendo com que o mesmo tenha capacidade de voltar a vida profissional. f) Pensão por Morte Terá direito a esse benefício, as pessoas dependentes ao óbito ocorrido pelo segurado, desde que o mesmo tenha cumprido seus requisitos legais previstos pela Previdência Social até o dia da morte. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS – CLT Em janeiro de 1942, o Brasil tem um marco na história da segurança do trabalho: foi criada a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT. O Ministério do Trabalho nomeou uma comissão para elaborar uma“consolidação das leis do trabalho e da previdência social”. A comissão cumpriu sua tarefa apenas no que se refere às leis do trabalho. O projeto foi convertido em lei pelo Decreto-lei n. 5.452, de 01 de maio de 1943, para entrar em vigor em 10 de novembro de 1943. A CLT é chamada de Consolidação das Leis Trabalhistas porque seu objetivo foi apenas reunir a legislação Esparsa Trabalhista já existente na época, consolidando-a. (CALAZANS; FILHO; SANTOS, 2010). O governo promulgou leis, incorporando antigas conquistas dos operários e criando novos direitos, estabelecidos sem a participação dos trabalhadores, como: 32 • Registro do Trabalhador/Carteira de Trabalho; • Jornada de Trabalho; • Período de Descanso; • Férias; • Medicina do Trabalho; • Categorias Especiais de Trabalhadores; • Proteção do Trabalho da Mulher; • Contratos Individuais de Trabalho; • Organização Sindical; • Convenções Coletivas; • Fiscalização; • Justiça do Trabalho e Processo Trabalhista. Como surgiram as Normas Regulamentadoras? Quando foram emitidas? Quem as promulgou? Onde se encaixam no Ordenamento Jurídico? Entender o contexto histórico e como foram criadas tais normas servem de base para o agir competente de qualquer profissional da área de saúde e segurança do trabalho. Conhecer a história é construir identidade e ajuda entender a função social do profissional da área. A fase embrionária dos direitos trabalhistas no Brasil teve início com a abolição da escravidão em 1888. A regulamentação de trabalho para menores de idade foi umas das primeiras inciativas tomados pelo governo já em 1891. Em seguida foi a vez de leis que regulasse os sindicatos de cada profissão, que por sua vez tinha o papel de representar os trabalhadores específicos e zelar pelos direitos dos mesmos. A primeira tentativa de sancionar um Código do Trabalho no Brasil foi em 1917 e surgiu pelas mãos do deputado Maurício de Lacerda. O código foi elaborado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e dispunha de assuntos como do contrato de trabalho; do dia de trabalho; dos acidentes do trabalho; disposições gerais. No ano seguinte foi criado o Departamento Nacional do Trabalho como o objetivo de 33 planejar e fiscalizar a implantação de uma legislação socia-trabalhista no Brasil. Em 1923 surgia, no âmbito do então Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, o Conselho Nacional do Trabalho que era destinado à consulta dos poderes públicos em assuntos referentes à organização do trabalho e da previdência social. Com a ascensão ao poder por Getúlio Vargas em 1930, a Justiça do Trabalho e a proteção dos direitos dos trabalhadores ganharam destaque. Em 26 de novembro daquele ano, por meio do Decreto nº 19.433, foi criado o Ministério do Trabalho com o objetivo de interferir sistematicamente no conflito entre capital e trabalho. Até então, no Brasil, as questões relativas ao mundo do trabalho eram tratadas pelo Ministério da Agricultura, sendo insuficiente para atender as demandas da classe trabalhadora. Em primeiro de maio de 1943 por meio do Decreto-Lei nº 5.452 foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e sancionada também pelo presidente Getúlio Vargas. A CLT unificou toda legislação trabalhista existente no Brasil inserindo de forma concreta os diretos trabalhistas nas legislação nacional. Em 1977 o Congresso Nacional decretou e o Presidente da República sancionou a lei nº 6.514 estabeleceu a redação dos art. 154 a 201 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à segurança e medicina do trabalho. Esta lei foi um marco na saúde e segurança dos trabalhadores no Brasil pois instituía a obrigatoriedade do atendimento aos itens de Segurança e Medicina do Trabalho. O artigo 200 da lei nº 6.514 criado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelecia que o Ministério do Trabalho deveria dispor normas complementares relativas à segurança e medicina do trabalho. E desta forma em 08 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.214, que regulamentou as Normas Regulamentadoras (NRs) pertinentes a Segurança e Medicina do Trabalho. Estas normas são atualizadas afim de atender as demandas da sociedade e são validas até hoje, são elas: 34 NR 1 – Disposições Gerais O objetivo desta Norma é estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras relativas à segurança e saúde no trabalho. NR 2 – (REVOGADA) NR 3 – Embargo ou Interdição Embargo e interdição são medidas de urgência, adotadas a partir da constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao trabalhador. Considera-se grave e iminente risco toda condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença relacionada ao trabalho com lesão grave à integridade física do trabalhador. A interdição implica a paralisação total ou parcial do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento. O embargo implica a paralisação total ou parcial da obra. Considera-se obra todo e qualquer serviço de engenharia de construção, montagem, instalação, manutenção ou reforma. NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. O dimensionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho vincula-se à gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento, constantes dos Quadros I e II, anexos a esta NR, observadas as exceções previstas nesta NR. 35 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho - CIPA, visa a proteção da saúde dos trabalhadores dentro do ambiente de trabalho. A CIPA é regulamentada pela CLT, nos artigos 162 a 165 e pela NR-5. Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento, as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. . NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual Estabelece a obrigatoriedade dos empregadores em fornecer equipamentos de proteção individual (EPI). A entrega dever ser registrada e todo equipamento deverá ter o CA (Certificado de Aprovação) do Ministério do Trabalho e Emprego. A utilização do EPI deverá ser feita de maneira e amenizar ou erradicar o risco. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional Esta Norma Regulamentadora estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do PCMSO, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Caberá à empresa contratante de mão-de-obra prestadora de serviços informar a empresa contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados. NR 8 – Edificações Estabelece requisitos mínimos de segurança que devem ser executados nas edificações,para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalhem. 36 NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle. NR 10 – Instalações e Serviços de Eletricidade Esta Norma Regulamentadora estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais Estabelece medidas de prevenção a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. Trata da padronização dos procedimentos operacionais, e assim, busca garantir a segurança de todos os envolvidos na atividade. 37 NR 12 – Máquinas e Equipamentos Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas. NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão Esta Norma Regulamentadora estabelece requisitos mínimos para gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores. O empregador é o responsável pela adoção das medidas determinadas nesta NR. NR 14 – Fornos Define os parâmetros e serem observados para à construção, manutenção e operação de fornos industriais nos ambientes de trabalho. NR 15 – Atividades e Operações Insalubres Com base na NR 15, o termo insalubridade é usado para definir o trabalho em um ambiente hostil à saúde. Tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador que exerce suas atividades em condições insalubres nos termos da NR 15. São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e o tempo de exposição aos seus efeitos. Os agentes causadores de insalubridade estão contidos nos anexos da NR 15, alguns exemplos de agentes insalubres são ruídos contínuo ou permanente; 38 ruído de Impacto; tolerância para exposição ao calor; radiações ionizantes; agentes químicos e poeiras minerais. NR 16 – Atividades e Operações Perigosas O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa. O empregado poderá optar pelo adicional de Insalubridade que porventura lhe seja devido. É responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização da periculosidade, mediante laudo técnico elaborado por Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho, nos termos do artigo 195 da CLT. NR 17 – Ergonomia Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção. Consideram-se atividades da Indústria da Construção as constantes do Quadro , Código da Atividade Específica, da NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do 39 Trabalho e as atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo. É vedado o ingresso ou a permanência de trabalhadores no canteiro de obras, sem que estejam assegurados pelas medidas previstas nesta NR e compatíveis com a fase da obra. A observância do estabelecido nesta NR não desobriga os empregadores do cumprimento das disposições relativas às condições e meio ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou municipal, e em outras estabelecidas em negociações coletivas de trabalho. NR 19 – Explosivos Determina parâmetros para o depósito, manuseio e armazenagem de explosivos. Objetivando regulamentar medidas de segurança para esse trabalho que é de alto risco. NR 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis Estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis. NR 21 – Trabalho a céu aberto Estabelece medidas preventivas relacionadas com as atividades a céu aberto, tais como, minas ao ar livre e pedreiras. NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores 40 NR 23 – Proteção contra Incêndios Estabelece medidas de proteção contra incêndios nos espaços de trabalho visando a preservação da saúde dos trabalhadores. Obriga as empresas a terem: a) proteção contra incêndio; b) saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de incêndio; c) equipamento suficiente para
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