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1 
 
 
INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO 
1 
 
 
Sumário 
BREVE HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................................................ 3 
DA MEDICINA DO TRABALHA À SAÚDE DO TRABALHADOR ....................................................... 10 
Principais características da medicina do trabalho ..................................................................... 10 
Como e por que evoluiu a medicina do trabalho para a saúde ocupacional? ............................ 14 
A insuficiência da saúde ocupacional e o surgimento da saúde do trabalhador. ....................... 18 
Características da saúde do trabalhador..................................................................................... 23 
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA SEGURANÇA DO TRABALHO ...................................................... 27 
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS – CLT ......................................................................... 31 
MEDIDAS PREVENTIVAS .............................................................................................................. 44 
PRINCIPAIS FATORES QUE CAUSAM OS ACIDENTES E DOENÇAS PROFISSIONAIS ...................... 48 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 50 
 
 
2 
 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos 
de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
3 
 
 
BREVE HISTÓRIA DA SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
Que o trabalho acarreta – ou pode acarretar – danos para a saúde ou para a 
integridade física dos trabalhadores, é conhecido já desde a antiguidade, no 
entanto, só as civilizações que dominavam a escrita é que deixaram registos 
históricos fiáveis acerca desta temática; os primeiros registos conhecidos 
referem que o Faraó Egípcio Snefru (2575 a 2551 a.C.) terá tomado disposições 
para «facilitar» o trabalho dos mineiros nas minas de turquesas no monte Sinai. 
Desses pioneiros, destacam-se os trabalhos de Hipócrates e Aristóteles 
(médicos Gregos do IV século a.C.) que mencionam as doenças de que 
padecem os trabalhadores mineiros; Platão (filósofo Grego, 427 a 327 a.C.) 
analisou as enfermidades que «atacavam» os esqueletos de trabalhadores que 
exerciam determinadas profissões; Plínio, o Velho (naturalista Romano, séc. I 
d.C.), estudou o envenenamento e os problemas pulmonares que afetavam os 
mineiros devido à manipulação de zinco e enxofre; Cláudio Galeno (médico 
Grego, séc. II), descreve algumas doenças de origem profissional que observou 
em trabalhadores da bacia mediterrânica, entre as quais o saturnismo; Avicena 
(médico Persa, 908-1037), estudou o saturnismo e concluiu que era causado 
pelo trabalho de pintura com tintas à base de chumbo; Paracelso (médico, 
alquimista, físico e astrólogo, Suíço/Austríaco, Phillipus Aureolus Teophrastus 
Bombastus von Hohenheim, Einsiedeln,1493 a Salzburgo,1541), foi pioneiro no 
uso de sais minerais na medicina, escreveu Von Der Bergsucht Und Anderen 
Heiten (Da doença das montanhas [minas]), onde descreve os riscos 
profissionais causados pela extração de minérios e as relações entre o trabalho 
e as doenças profissionais, nomeadamente a manipulação de certas substâncias 
como o mercúrioeaexposição ao gás radão; Georgius Agrícola (médico Alemão, 
1494 a 1555, considerado o pai da geologia), no seu livro De Re Metallica relata 
acidentes de trabalho e doenças que afetavam os mineiros, designadamente a 
«asma dos mineiros» cujos sintomas descritos e a rápida evolução da doença, 
descrevem, muito provavelmente, a silicose; Ramazzini (médico Italiano, 1633 a 
1714), considerado o pai da medicina do trabalho, escreveu De Morbis Artificum 
Diatriba (Doenças dos artífices) onde descreve as relações causa-efeito 
inerentes a dezenas de artífices (profissões), introduz na anamnese médica a 
pergunta: «Qual é a sua ocupação?». 
4 
 
 
Mas, é com o advento da revolução industrial (final do séc. XVIII e inicio do séc. 
XIX) e a consequente utilização das primeiras máquinas (cujo design não tinha 
em conta as capacidades e limitações dos operadores) que a problemática da 
SST se agudiza e ganha relevo devido à elevada taxa de mortalidade em 
resultado quer de acidentes quer de doenças profissionais e que se registavam 
em todas as faixas etárias, desde crianças a idosos (este cenário é 
admiravelmente descrito nas obras de Charles Dickens – romancista Inglês, 
1812 a 1870, ou mais tarde, pelo escritor Português Soeiro Pereira Gomes, 1909 
a 1949). Percival Lott (médico, 1713 a 1788) descreveu o cancro ocupacional 
entre os limpadores de chaminé na Inglaterra, identificando a fuligem e a falta de 
higiene como causa do cancro do escroto. Dos seus estudos resultou a Lei dos 
Limpadores de Chaminés de 1788. 
Este panorama provocou movimentações sociais, principalmente na Inglaterra, 
Alemanha e França, o que obrigou o patronato a corrigir (ainda que 
moderadamente) os procedimentos e o ambiente de trabalho. Também os 
governos foram obrigados a reagir a este quadro pouco justo (e abonatório para 
toda a classe dirigente), com a publicação de leis para proteção dos 
trabalhadores. Assim, em 1802, foi promulgada em Inglaterra a «Lei de Saúde e 
Moral dos Aprendizes» e que é considerada a primeira lei para proteção dos 
trabalhadores. 
Limitava o horário de trabalho a 12 horas diárias e obrigava à ventilação dos 
locais de trabalho. Ainda em Inglaterra, em 1833, foi promulgada a «Factory Act 
of 1833». Esta lei constituiu um decisivo passo em frente na proteção dos 
trabalhadores das fábricas do algodão (fiação e tecelagem). Proibia o trabalho 
noturno a menores de 18 anos e restringia o horário de trabalho a 12 horas 
diárias e 69 semanais; estipulava que os 9 anos como a idade mínima para o 
trabalho e a obrigatoriedade de atestado médico confirmando que o 
desenvolvimento da criança correspondia à sua idade. 
O horário de trabalho dos adolescentes entre os 9 e os 16 anos era de nove 
horas diárias, com meia hora de intervalo para tomar uma refeição. Ainda em 
Inglaterra, em 1834, o médico Robert Baker, nomeado inspetor de fábricas, 
recomenda a várias indústrias a contratação de médicos com o objetivo de 
visitarem diariamente os locais de trabalho, nascendo assim o exercício da 
5 
 
 
medicina no trabalho. Em 1842, na Escócia, James Smith, proprietário de uma 
indústria têxtil, contratou um médico com a função de submeter todos os 
trabalhadores menores a um exame prévio à sua admissão, acompanhá-los no 
trabalho e examiná-los periodicamente, emergindo desta forma as funções do 
médico do trabalho. 
Em França, a primeira lei, publicada foi em 1841 mas, só a partir de 1862, 
começou a ser regulamentada a SHST; em 1883, Emílio Muller fundou em Paris 
a Associação dos Industriais contra Acidentes de Trabalho. Na Alemanha, em 
1865, foi promulgadaa «Lei da Indemnização Obrigatória dos Trabalhadores», 
a qual responsabilizava os empregadores pelo pagamento dos acidentes de 
trabalho; em 1873 foi criada a Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, 
tendo sido a primeira associação criada com o objetivo de prevenir os acidentes 
e proteger os trabalhadores acidentados. A Encíclica Rerum Novarum (Das 
Coisas Novas) redigida pelo Papa Leão XIII, em 1891 e publicada em 1894, 
incide sobre as condições das classes trabalhadoras e afronta a falta de valores 
morais e princípios éticos, defendendo a intervenção dos estados na economia 
a favor dos mais pobres e desprotegidos. 
Na Inglaterra, em 1897, foi criado, na sequência do incêndio de Cripplegate, o 
Comité Britânico para a Prevenção e iniciaram-se pesquisas respeitantes aos 
materiais aplicados na construção. Nos Estados Unidos, em 1903, foi 
promulgada a lei que obrigava à indemnização dos trabalhadores federais (em 
caso de acidente) e só em 1921 é que esses direitos foram alargados a todos os 
trabalhadores. No entanto, na primeira metade do séc. XX, e de forma 
generalizada, a produtividade continuou a sobrepor-se ao risco, sendo a 
prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais praticamente 
inexistente. 
Em 1919, foi criada a OIT (Organização Internacional do Trabalho) organização 
supra nacional orientada para as questões do trabalho, cujas primeiras 
convenções e recomendações não surtiram efeitos práticos imediatos. Só na 
segunda metade do séc. XX é que começaram a ser postas em prática as já 
existentes e outras novas foram sendo redigidas e aprovadas apontando os 
caminhos para a melhoria das condições de trabalho e dignificação do trabalho. 
Para este avanço, a II guerra mundial deu um contributo decisivo, dada a 
6 
 
 
necessidade de produção massivaeafalta de mão-de-obra, era absolutamente 
necessário preservar a mão-de-obra existente (não a deixando «estragar-se»). 
Outro avanço importante foi, em 1948, a proclamação, pela Assembleia Geral 
das Nações Unidas, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, a qual 
consagra, no n.º 1 do art. 23º «Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre 
escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à 
proteção...» e no art. 24º «Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres 
e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho...». 
Em França, em 1952, torna-se obrigatória a existência de serviços médicos nos 
estabelecimentos industriais e comerciais com 10 ou mais trabalhadores. Em 
1959, a 43ª Conferência da OIT, emitiu a Recomendação N.º 112 
(Recomendação para os Serviços de Saúde Ocupacional) visando proteger os 
trabalhadores contra os riscos decorrentes do trabalho ou das condições da sua 
realização e aconselha o ajustamento do trabalho às condições físicas e mentais 
dos trabalhadores em função das aptidões individuais. A Comunidade Europeia 
do Carvão e do Aço, fundada em Paris em 1951 (percursora da Comunidade 
Económica Europeia – CEE) publica alguns regulamentos sobre estas matérias. 
Na ONU, em 1976, é aprovado para ratificação pelos estados membros o Pacto 
Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais, e Culturais, que refere: 
Artigo 7º «Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de todas 
as pessoas de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que 
assegurem, em especial: 
b) Condições de trabalho seguras e higiénicas; 
c) Repouso, lazer e limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas... 
Artigo 12 «n.º 1 – Os Estados Partes no presente Pacto reconhecem o direito de 
todas as pessoas de gozar do melhor estado de saúde física e mental possível. 
n.º 2 – As medidas que os Estados Partes no presente Pacto tomarem com vista 
a assegurar o pleno exercício destes direitos deverão compreender as medidas 
necessárias para assegurar (...) 
b) O melhoramento de todos os aspetos de higiene do meio ambiente e da 
higiene industrial; 
7 
 
 
c) A profilaxia, tratamento, e controlo das doenças (...) profissionais (...);» 
O ano de 1992 foi considerado o Ano Europeu para a Segurança, Higiene e 
Saúde no local de Trabalho, tendo-se desenvolvido várias iniciativas ao longo do 
ano. Em 1996, foi criada a Agência Europeia para a Segurança no Trabalho, 
organização tripartida, composta por representantes dos governos, entidades 
patronais e sindicais, com a missão de «tornar os locais de trabalho na Europa 
mais seguros, saudáveis e produtivos», a qual tem dado um valioso contributo 
para a melhoria e esclarecimento da legislação Europeia, bem como para o 
estudo, informação, reflexão e identificação de riscos emergentes. 
Em 2001, a OIT adotou o dia 28 de abril como Dia Mundial da Segurança e 
Saúde no Trabalho. Em 1981, a OIT publicou a Convenção n.º 155 que foi 
fundamental para o desenvolvimento das políticas de Segurança e Saúde no 
Trabalho porque estabelece três importantes linhas de rumo: 
— A definição de funções e responsabilidades de todos os agentes 
dinamizadores (administração, parceiros sociais, comunidades científicas e 
técnica); 
 — A articulação dessas funções e responsabilidades, no sentido da 
complementaridade e convergência das diversas abordagens preventivas daí 
decorrentes; 
— A definição de estratégias de ação setorial que visem identificar os grandes 
problemas, implementar os meios de resolução de acordo com a ordem de 
prioridades, bem como a avaliação sistemática dos resultados obtidos. 
Em 2006, a OIT publicou a Convenção n.º 187 (e respetiva Recomendação n.º 
197) sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho, com 
a finalidade de promover a cultura preventiva da segurança e da saúde e 
sistemas de gestão da segurança e da saúde através de políticas, sistemas e 
programas nacionais. Em Portugal, a primeira legislação com referências a estas 
matérias remonta a 1853 (Regulamento das Minas) e só em 1895 é que foi 
publicada a primeira lei específica sobre Higiene e Segurança no Trabalho (HST) 
que incidia no setor da construção civil; em 1909 foi publicado um Decreto 
regulamentando as condições de HST na indústria da construção civil, o qual 
8 
 
 
viria a ser suspenso devido à ameaça de lock-out dos empreiteiros do porto; em 
1913 foi publicada a Lei n.º 83, que estabelece, pela primeira vez em Portugal, a 
responsabilidade patronal pelos acidentes de trabalho, em determinadas 
atividades industriais, podendo essa responsabilidade ser transferida para as 
seguradoras; em 1918 é publicado o Decreto n.º 435, relativo aos 
estabelecimentos insalubres, incómodos, perigosos ou tóxicos; em 1922 é 
publicado o Decreto n.º 8364, que aprova o Regulamento de Higiene, 
Salubridade e Segurança nos Estabelecimentos Industriais. Após um hiato de 
mais de 30 anos, é publicado em 1958 o Regulamento de Segurança no trabalho 
nas Obras de Construção Civil (Decreto n.º 41820 – ainda em vigor) e em 1962, 
considerando que só a silicose e a surdez (profissional) eram reconhecidas como 
doenças de origem profissional, é publicado o Decreto-Lei n.º 44308 sobre os 
serviços Médicos do Trabalho para a Prevenção Médica da Silicose, obrigando 
à organização de serviços médicos do trabalho nas minas e industrias onde 
existisse o risco de silicose (em 1967 foi complementado pelos Decretos n.º 
47511 e 47512 que regulamentam, respetivamente, a Organização dos Serviços 
Médicos do Trabalho nas Empresas Industriais e Comerciais). 
Em 1965 é publicada a Lei n.º 2127, regulamentada seis anos depois (1971) pelo 
Decreto-Lei n.º 370/71, que aprovou o regime jurídico dos acidentes de trabalho 
e das doenças profissionais. Em 1971 é publicado o Regulamento de Instalação 
e Laboração dos Estabelecimentos Industriais (Portaria n.º 53) e em 1973 é 
publicado o Decreto n.º 434/73, que aprova lista das Doenças profissionais. 
Quando ocorreu o 25 de abril de 1974, apenas 30 das 138 Convençõesadotadas 
pela OIT haviam sido ratificadas, apesar de Portugal ser membro fundador da 
organização. 
O regime democrático veio alterar a situação. A Constituição de 1976 garante 
que: «Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, 
território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito: ... 
c) À prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde; 
f) À assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de 
doença profissional.» 
9 
 
 
Em 1979 foi criado o Serviço Nacional de Saúde e, até 1985 foram transpostas 
para o direito interno as Convenções da OIT n.º 120 (de 1962) e n.º 155 (de 
1981). A adesão de Portugal à CEE (que se passaria a denominar UE a partir de 
1993) em 1985 veio dar um novo e grande impulso à proteção dos trabalhadores, 
com a produção de abundante de legislação e regulamentação, fruto da 
transposição para o direito interno das Diretivas Comunitárias, das quais se 
destacam: a Diretiva 89/391/CEE (Diretiva Quadro), a Diretiva 89/654/CEE 
(Diretiva Locais de Trabalho), a Diretiva 89/655/CEE (Diretiva Equipamentos de 
Trabalho), a Diretiva 89/656/CEE (Diretiva EPIs), a Diretiva 90/269/CEE (Diretiva 
Movimentação Manual de Cargas) e a Diretiva 92/57/CEE (Diretiva Estaleiros). 
Em 1991 é aprovada para ratificação, pela Resolução da Assembleia da 
Republica n.º 2/91, a Carta Social Europeia, emanada do Conselho da Europa e 
aprovada em Turim, em 18 de outubro de 1961, e na qual é referido no seu art. 
3º (Direito à Segurança e Higiene no Trabalho): «Com o fim de assegurar o 
exercício efetivo do direito à segurança e higiene no trabalho, as Partes 
Contratantes obrigam-se: 
— A impor regulamentos de segurança e higiene; 
— A tomar providências para a averiguação dos cumprimentos desses 
regulamentos; 
— A consultar, quando houver ensejo, as organizações de patrões e operários 
sobre as disposições tendentes a melhorar a segurança e higiene no trabalho.» 
Em 1993 foi reestruturada a administração do Trabalho sendo criado o IDICT 
(Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho); em 2001 
é adotado o dia 28 de abril como Dia Nacional da Prevenção e Segurança no 
Trabalho; em 2004 é extinto o IDICT e criado, em sua substituição o ISHST 
(Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho) e em 2006 é extinto 
o ISHST e criada, em sua substituição a ACT (Autoridade para as Condições de 
Trabalho). 
 
 
10 
 
 
 
DA MEDICINA DO TRABALHA À SAÚDE DO TRABALHADOR 
 
Principais características da medicina do trabalho 
 
A medicina do trabalho, enquanto especialidade médica, surge na Inglaterra, na 
primeira metade do século XIX, com a Revolução Industrial. 
Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos 
trabalhadores a um processo acelerado e desumano de produção, exigiu uma 
intervenção, sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio 
processo. 
Quando Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, preocupado com o 
fato de que seus operários não dispunham de nenhum cuidado médico a não ser 
aquele propiciado por instituições filantrópicas, procurou o Dr. Robert Baker, seu 
médico, pedindo que indicasse qual a maneira pela qual ele, como empresário, 
poderia resolver tal situação, Baker respondeu-lhe: 
"Coloque no interior da sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de 
intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a 
fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que 
ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que 
qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam 
ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá 
dizer: meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no 
que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus 
operários; se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico 
unicamente é que deve ser responsabilizado". 
A resposta do empregador foi a de contratar Baker para trabalhar na sua fábrica, 
surgindo assim, em 1830, o primeiro serviço de medicina do trabalho. 
Na verdade, despontam na resposta do fundador do primeiro serviço médico de 
empresa, os elementos básicos da expectativa do capital quanto às finalidades 
de tais serviços: 
11 
 
 
- deveriam ser serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário 
e que se dispusessem a defendê-lo; 
- deveriam ser serviços centrados na figura do médico; 
- a prevenção dos danos à saúde resultantes dos riscos do trabalho deveria ser 
tarefa eminentemente médica; 
- a responsabilidade pela ocorrência dos problemas de saúde ficava transferida 
ao médico. 
A implantação de serviços baseados neste modelo rapidamente expandiu-se por 
outros países, paralelamente ao processo de industrialização e, posteriormente, 
aos países periféricos, com a transnacionalização da economia. A inexistência 
ou fragilidade dos sistemas de assistência à saúde, quer como expressão do 
seguro social, quer diretamente providos pelo Estado, via serviços de saúde 
pública, fez com que os serviços médicos de empresa passassem a exercer um 
papel vicariante, consolidando, ao mesmo tempo, sua vocação enquanto 
instrumento de criar e manter a dependência do trabalhador (e frequentemente 
também de seus familiares), ao lado do exercício direto do controle da força de 
trabalho. 
A preocupação por prover serviços médicos aos trabalhadores começa a se 
refletir no cenário internacional também na agenda da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT), criada em 1919. Assim, em 1953, através da Recomendação 
97 sobre a "Proteção da Saúde dos Trabalhadores", a Conferência Internacional 
do Trabalho instava aos Estados Membros da OIT que fomentassem a formação 
de médicos do trabalho qualificados e o estudo da organização de "Serviços de 
Medicina do Trabalho". Em 1954, a OIT convocou um grupo de especialistas 
para estudar as diretrizes gerais da organização de "Serviços Médicos do 
Trabalho". Dois anos mais tarde, o Conselho de Administração da OIT, ao 
inscrever o tema na ordem-do-dia da Conferência Internacional do Trabalho de 
1958, substituiu a denominação "Serviços Médicos do Trabalho" por "Serviços 
de Medicina do Trabalho". 
12 
 
 
Com efeito, em 1959, a experiência dos países industrializados transformou-se 
na Recomendação 112, sobre "Serviços de Medicina do Trabalho", aprovada 
pela Conferência Internacional do Trabalho. Este primeiro instrumento normativo 
de âmbito internacional passou a servir como referencial e paradigma para o 
estabelecimento de diplomas legais nacionais (onde aliás, baseia-se a norma 
brasileira). Aborda aspectos que incluem a sua definição, os métodos de 
aplicação da Recomendação, a organização dos Serviços, suas funções, 
pessoal e instalações, e meios de ação. 
Segundo a Recomendação 112, "a expressão 'serviço de medicina do trabalho' 
designa um serviço organizado nos locais de trabalho ou em suas imediações, 
destinado a: 
- assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a 
sua saúde e que possa resultar de seu trabalho ou das condições em que este 
se efetue; 
- contribuir à adaptação física e mental dos trabalhadores, em particular pela 
adequação do trabalho e pela sua colocação em lugares de trabalho 
correspondentes às suas aptidões; 
- contribuir ao estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do 
bem-estar físico e mental dos trabalhadores". 
Desta conceituação podem ser extraídas mais algumas características da 
medicina do trabalho (além das anteriormente identificadas, a propósito de sua 
origem), assim como alguns questionamentos que têm a ver com suas 
limitações, a saber: 
- A medicina do trabalho constitui fundamentalmente uma atividade médica,e o 
"locus" de sua prática dá-se tipicamente nos locais de trabalho. 
- Faz parte de sua razão de ser a tarefa de cuidar da "adaptação física e mental 
dos trabalhadores", supostamente contribuindo na colocação destes em lugares 
ou tarefas correspondentes às aptidões. A "adequação do trabalho ao 
trabalhador", limitada à intervenção médica, restringe-se à seleção de 
13 
 
 
candidatos a emprego e à tentativa de adaptar os trabalhadores às suas 
condições de trabalho, através de atividades educativas. 
- Atribui-se à medicina do trabalho a tarefa de "contribuir ao estabelecimento e 
manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos 
trabalhadores", conferindo-lhe um caráter de onipotência, próprio da concepção 
positivista da prática médica. 
Esta visão de onipotência da medicina fica exemplificada no discurso de Selby57, 
em 1939, quando ao tratar da finalidade e da organização dos serviços médicos 
de empresa, afirmava: 
"It is the plant physician's privilege and duty to cooperate (...) to conserve human 
values..."57. 
ou nas palavras de Townsend59, em 1943: 
"[Occupational Medicine] is concerned with every phase of the health of the man 
behind the machine, wheter it is the industrial dust in the air he breathes or the 
food his wife has packed in his dinner pail. In short, it is the problem of keeping 
the worker on the job, and in good health, so that he can work at the top 
efficiency." 
Aliás, tanto a expectativa de promover a "adaptação" do trabalhador ao trabalho, 
quanto a da "manutenção de sua saúde", refletem a influência do pensamento 
mecanicista na medicina científica e na fisiologia. No campo das ciências da 
administração, o mecanicismo vai sustentar o desenvolvimento da 
"Administração Científica do Trabalho", onde os princípios de Taylor, ampliados 
por Ford, encontram na medicina do trabalho uma aliada para a perseguição do 
seu "telos" último: a produtividad7. 
Não é ao acaso que a Henry Ford tenha sido atribuída a declaração de que "o 
corpo médico é a seção de minha fábrica que me dá mais lucro" (citada por 
Oliveira e Teixeira). 
A explicação é dada por Oliveira e Teixeira com as seguintes palavras: 
14 
 
 
"Em primeiro lugar, a seleção de pessoal, possibilitando a escolha de uma mão-
de-obra provavelmente menos geradora de problemas futuros como o 
absentismo e suas consequências (interrupção da produção, gastos com 
obrigações sociais, etc.). Em segundo lugar, o controle deste absentismo na 
força de trabalho já empregada, analisando os casos de doenças, faltas, 
licenças, obviamente com mais cuidado e maior controle por parte da empresa 
do que quando esta função é desempenhada por serviços médicos externos a 
ela, por exemplo, da Previdência Social. Outro aspecto é a possibilidade de obter 
um retorno mais rápido da força de trabalho à produção, na medida em que um 
serviço próprio tem a possibilidade de um funcionamento mais eficaz nesse 
sentido, do que habitualmente 'morosas' e 'deficientes' redes previdenciárias e 
estatais, ou mesmo a prática liberal sem articulação com a empresa." 
 
Como e por que evoluiu a medicina do trabalho para a saúde 
ocupacional? 
 
O preço pago pelos trabalhadores em permanecer nas indústrias durante os 
anos da II Guerra Mundial, em condições extremamente adversas e em 
intensidade de trabalho extenuante, foi - em algumas categorias - tão pesado e 
doloroso quanto o da própria guerra. Sobretudo porque, terminado o conflito 
bélico, o gigantesco esforço industrial do pós-guerra estava recém iniciando. 
Num contexto econômico e político como o da guerra e o do pós-guerra, o custo 
provocado pela perda de vidas - abruptamente por acidentes do trabalho, ou 
mais insidiosamente por doenças do trabalho - começou a ser também sentido 
tanto pelos empregadores (ávidos de mão-de-obra produtiva), quanto pelas 
companhias de seguro, às voltas com o pagamento de pesadas indenizações 
por incapacidade provocada pelo trabalho. 
A tecnologia industrial evoluiu de forma acelerada, traduzida pelo 
desenvolvimento de novos processos industriais, novos equipamentos, e pela 
síntese de novos produtos químicos, simultaneamente ao rearranjo de uma nova 
divisão internacional do trabalho. 
15 
 
 
Entre muitos outros desdobramentos deste processo, desvela-se a relativa 
impotência da medicina do trabalho para intervir sobre os problemas de saúde 
causados pelos processos de produção. Crescem a insatisfação e o 
questionamento dos trabalhadores - ainda que apenas 'objeto' das ações - e dos 
empregadores, onerados pelos custos diretos e indiretos dos agravos à saúde 
de seus empregados. 
A resposta, racional, "científica" e aparentemente inquestionável traduz-se na 
ampliação da atuação médica direcionada ao trabalhador, 
pela intervenção sobre o ambiente, com o instrumental oferecido por outras 
disciplinas e outras profissões. 
A "Saúde Ocupacional" surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com o 
traço da multi e interdisciplinaridade, com a organização de equipes 
progressivamente multi-profissionais, e a ênfase na higiene "industrial", 
refletindo a origem histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da 
indústria nos países "industrializados"... 
Nada mais oportuno que citar, textualmente, esta característica inovadora da 
saúde ocupacional, nas palavras de Hussey quando, em 1947, discutia um artigo 
sobre o lugar da engenharia na saúde ocupacional: 
"This whole subject of Occupational Health is analogous to a three-legged stool, 
one leg representing medical science, one representing engineering and 
chemical science and one representing social sciences...Up to the present we 
have been trying to balance ourselves on two legs and in some instances on one 
leg. It is a very uncomfortable position and one that cannot get us very far and 
certainly will lead, as it has, to fatigue." 
A racionalidade "científica" da atuação multiprofissional e a estratégia 
de intervir nos locais de trabalho, com a finalidade de controlar os riscos 
ambientais, refletem a influência das escolas de saúde pública, onde as questões 
de saúde e trabalho já vinham sendo estudadas há algum tempo. Na metade 
deste século intensificam-se o ensino e a pesquisa dos problemas de saúde 
ocupacional nas escolas de saúde pública - principalmente nos Estados Unidos 
(Harvard, Johns Hopkins, Michigan, e Pittsburgh) - com forte matiz ambiental. 
16 
 
 
Assim, de um lado a saúde ocupacional passa a ser considerada como um ramo 
da saúde ambiental (como, aliás aconteceu também na Faculdade de Saúde 
Pública da Universidade de São Paulo); de outro, desenvolvem-se fortes 
unidades de higiene "'industrial", através de "grants" e contratos de serviços com 
grandes empresas. No estabelecimento da higiene ocupacional nestes centros 
acadêmicos e em instituições governamentais de projeção, os nomes de 
Theodore Hatch, Phillip Drinker, Herbert Stokinger e John Bloomfield, entre 
outros, passam a constituir referência obrigatória. 
Contudo, o desenvolvimento da saúde ambiental/ saúde ocupacional nas 
escolas de saúde pública dos Estados Unidos, centrado na higiene ocupacional, 
deu-se, não de forma complementar, mas acompanhado de uma relativa 
desqualificação do enfoque médico e epidemiológico da relação trabalho-saúde. 
Vale lembrar que havia sido Alice Hamilton -médica pioneira nos estudos das 
doenças profissionais - quem dera, de 1919 a 1935, projeção à Universidade 
Harvard, ao enfocar os problemas de saúde do trabalhador sob o ângulo médico-
epidemiológico. Assim fez Anna Baetjer, que por mais de 60 anos dedicou-se 
aos estudos da patologia do trabalho na Escola de Saúde Pública da 
Universidade Johns Hopkins. E assim foi com muitos outros centros. 
No Brasil, a adoção e o desenvolvimento da saúde ocupacional deram-se 
tardiamente, estendendo-se em várias direções. Reproduzem, aliás, o processo 
ocorrido nos países doPrimeiro Mundo. 
Na vertente acadêmica, destaca-se a Faculdade de Saúde Pública da 
Universidade de São Paulo, que dentro do Departamento de Saúde Ambiental, 
cria uma "área de Saúde Ocupacional", e estende de forma especial sua 
influência como centro irradiador do conhecimento, via cursos de especialização 
e, principalmente, via pós-graduação (mestrado e doutorado). Com efeito, este 
modelo foi reproduzido em outras instituições de ensino e pesquisa, em especial 
em nível de alguns departamentos de medicina preventiva e social de escolas 
médicas. 
Nas instituições, a marca mais característica expressa-se na criação da 
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho 
17 
 
 
(FUNDACENTRO), versão nacional dos modelos de "Institutos" de Saúde 
Ocupacional desenvolvidos no exterior, a partir da década de 50, entre eles, os 
de Helsinque, Estocolmo, Praga, Budapeste, Zagreb, Madrid, o NIOSH em 
Cincinnati, Lima e de Santiago do Chile. 
Na legislação, expressou-se na regulamentação do Capítulo V da Consolidação 
das Leis do Trabalho (CLT), reformada na década de 70, principalmente nas 
normas relativas à obrigatoriedade de equipes técnicas multidisciplinares nos 
locais de trabalho (atual Norma Regulamentadora 4 da Portaria 3214/ 78); na 
avaliação quantitativa de riscos ambientais e adoção de "limites de tolerância" 
(Normas Regulamentadoras 7 e 15), entre outras. Apesar das mudanças 
estabelecidas na legislação trabalhista, foram mantidas na legislação 
previdenciária/ acidentária as características básicas de uma prática 
medicalizada, de cunho individual, e voltada exclusivamente para os 
trabalhadores engajados no setor formal de trabalho. 
Caberia, ao encerrar esta parte, saber porque o modelo da saúde ocupacional - 
desenvolvido para atender a uma necessidade da produção - não conseguiu 
atingir os objetivos propostos. Dentre os fatores que poderiam ser listados para 
explicar sua insuficiência, estão: 
- o modelo mantém o referencial da medicina do trabalho firmado no 
mecanicismo; 
- não concretiza o apelo à interdisciplinaridade: as atividades apenas se 
justapõem de maneira desarticulada e são dificultadas pelas lutas corporativas; 
- a capacitação de recursos humanos, a produção de conhecimento e de 
tecnologia de intervenção não acompanham o ritmo da transformação dos 
processos de trabalho; 
- o modelo, apesar de enfocar a questão no coletivo de trabalhadores, continua 
a abordá-los como "objeto" das ações de saúde; 
- a manutenção da saúde ocupacional no âmbito do trabalho, em detrimento do 
setor saúde. 
18 
 
 
 
A insuficiência da saúde ocupacional e o surgimento da saúde 
do trabalhador. 
 
A insuficiência do modelo da saúde ocupacional não constitui fenômeno pontual 
e isolado. Antes, foi e continua sendo um processo que, embora guarde uma 
certa especificidade do campo das relações entre trabalho e saúde, tem sua 
origem e desenvolvimento determinados por cenários políticos e sociais mais 
amplos e complexos. 
Além disto, ainda que este processo tenha traços comuns que lhe conferem uma 
certa universalidade, ele ocorre em ritmo e natureza próprios, refletindo 
a diversidade dos mundos políticos e sociais, e as distintas maneiras de os 
setores trabalho e saúde se organizarem. 
Em que cenário a insuficiência deste modelo se evidencia? 
Um movimento social renovado, revigorado e redirecionado surge nos países 
industrializados do mundo ocidental - notadamente Alemanha, França, 
Inglaterra, Estados Unidos e Itália - mas que se espraia mundo afora. São os 
anos da segunda metade da década de 60, (maio de 1968 tipifica a 
exteriorização deste fenômeno) marcados pelo questionamento do sentido da 
vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho na vida, o uso do corpo, e a 
denúncia do obsoletismo de valores já sem significado para a nova geração. 
Estes questionamentos abalaram a confiança no Estado e puseram em xeque o 
lado "sagrado" e "místico" do trabalho - cultivado no pensamento cristão e 
necessário na sociedade capitalista. 
Este processo leva, em alguns países, à exigência da participação dos 
trabalhadores nas questões de saúde e segurança. Elas, mais que quaisquer 
outras, tipificavam situações concretas do cotidiano dos trabalhadores, 
expressas em sofrimento, doença e morte. 
Como resposta ao movimento social e dos trabalhadores, novas políticas sociais 
tomam a roupagem de lei, introduzindo significativas mudanças na legislação do 
trabalho e, em especial, nos aspectos de saúde e segurança do trabalhador. 
Assim, por exemplo, na Itália, a Lei 300, de 20 de maio de 1970 ("Norme per la 
19 
 
 
libertá e la dignitá dei lavoratori, della libertá sindicale e dell'attivitá sindicale nei 
luoghi di lavoro"), mais conhecida como "Estatuto dos Trabalhadores", incorpora 
princípios fundamentais da agenda do movimento de trabalhadores, tais como a 
não delegação da vigilância da saúde ao Estado, a não monetização do risco, a 
validação do saber dos trabalhadores e a realização de estudos e investigações 
independentes, o acompanhamento da fiscalização, e o melhoramento das 
condições e dos ambientes de trabalho. 
Conquistas básicas de natureza semelhante, com algumas peculiaridades 
próprias de contextos político-sociais distintos, foram também sendo alcançados 
pelos trabalhadores norte-americanos (a partir da nova lei de 1970), ingleses (a 
partir de 1974), suecos (a partir de 1974), franceses (a partir de 1976), 
noruegueses (1977), canadenses (1978), entre outros. 
Toda esta nova legislação tem como pilares comuns o reconhecimento do 
exercício de direitos fundamentais dos trabalhadores, entre eles, o direito à 
informação (sobre a natureza dos riscos, as medidas de controle que estão 
sendo adotadas pelo empregador, os resultados de exames médicos e de 
avaliações ambientais, e outros; o direito à recusa ao trabalho em condições de 
risco grave para a saúde ou a vida; o direito à consulta prévia aos trabalhadores, 
pelos empregadores, antes de mudanças de tecnologia, métodos, processos e 
formas de organização do trabalho: e o estabelecimento de mecanismos 
de participação, desde a escolha de tecnologias, até, em alguns países, a 
escolha dos profissionais que irão atuar nos serviços de saúde no trabalho 
A década de 70 testemunha profundas mudanças nos processos de 
trabalho. Num sentido mais "macro", observa-se uma forte tendência 
de "terciarização" da economia dos países desenvolvidos, isto é, o início de 
declínio do setor secundário (indústria), e o crescimento acentuado do setor 
terciário (serviços), com óbvia mudança do perfil da força de trabalho 
empregada. 
Ocorre um processo de transferência de indústrias para o Terceiro Mundo, - uma 
verdadeira transnacionalização da economia - principalmente daquelas que 
provocam poluição ambiental ou risco para a saúde (ex.: asbesto, chumbo, 
20 
 
 
agrotóxicos, e outros), e das que requerem muita mão-de-obra, com baixa 
tecnologia, como é o caso típico das "maquiladoras", que rapidamente se 
instalam nas "zonas livres" ou "francas", mundo afora. Os países do Terceiro 
Mundo, afligidos pela elevação dos preços do petróleo e pressionados pela 
recessão que se instala universalmente, buscam o desenvolvimento econômico 
a qualquer custo, aceitando e estimulando esta transferência, supostamente 
capaz de amenizar o desemprego e gerar divisas. 
Num nível mais "micro", observa-se a rápida implantação de novas 
tecnologias, entre as quais podem ser destacadas duas vertentes que se 
completam: a automação (máquinas de controle numérico, robots, e outros) e 
a informatização. 
Apesar de a automação e a informatização virem cercadas de uma certa aura 
mítica de se constituirem na "última palavra da ciência a serviço do homem", elas 
introduziram, na verdade, profundas modificações na organização do trabalho. 
Por exemplo, permitiram ao capital diminuir sua dependência dostrabalhadores, 
ao mesmo tempo em que aumentaram a possibilidade de controle. Ressurge, 
com vigor redobrado, o taylorismo, através de dois de seus princípios básicos: o 
da primazia da gerência (via apropriação do conhecimento operário e pela 
interferência direta nos métodos e processos), e o da importância do 
planejamento e controle do trabalho. 
Contudo, se de um lado o capital busca reeditar as bases da "administração 
científica do trabalho", agora mais sofisticada, de outro, abre espaço a formas 
de "resistência" desenvolvidas pelos trabalhadores. Como conseqüência, são 
desenvolvidas, nos países escandinavos, experiências dos "grupos semi-
autônomos", na Volvo e Saab, numa perspectiva de ampliar a participação dos 
trabalhadores, diminuindo os enfrentamentos. 
No campo das idéias sobre saúde, predominava, até os anos'70, a concepção 
positivista de que a Medicina teria ampla autonomia e estaria no mesmo nível 
que outros subsistemas - como o econômico, o político, o educacional - e a 
suposição de que seria possível transformar a sociedade a partir de qualquer 
desses setores. 
21 
 
 
Esta visão de mundo sustenta a teoria da multicausalidade do processo saúde-
doença, onde os fatores de risco do adoecer e morrer são considerados com o 
mesmo valor ou potencial de agressão ao homem, visto este como "hospedeiro". 
A prática da saúde ocupacional assenta-se sobre esta concepção. 
Entretanto, a partir do final dos anos'60, começam a aparecer críticas a esta 
concepção e a denúncia dos efeitos negativos da medicalização e do caráter 
ideológico e reprodutor das instituições médicas, com a proposta de 
desmedicalização da sociedade. 
No campo da prática médica, surgem programas alternativos de auto-cuidado de 
saúde, de assistência primária, de extensão de cobertura, de revitalização da 
medicina tradicional, uso de tecnologia simplificada, e ênfase na participação 
comunitária. 
Apesar da "apropriação" pelo Estado de algumas destas alternativas, surgidas 
da crítica às instituições médicas, e do fracasso relativo dessas medidas, elas 
revitalizam a discussão teórica sobre a articulação da saúde na sociedade. 
Nesse intenso processo social de discussões teóricas e de práticas alternativas, 
ganha corpo a teoria da determinação social do processo saúde-doença, cuja 
centralidade colocada no trabalho - enquanto organizador da vida social - 
contribui para aumentar os questionamentos à medicina do trabalho e à saúde 
ocupacional. 
As críticas tornam-se mais contundentes, à medida que surgem, em nível da 
rede pública de serviços de saúde, programas de assistência aos trabalhadores, 
com ativa participação destes, e das suas organizações. Os programas 
contribuem para desvelar o impacto do trabalho sobre a saúde, questionam as 
práticas dos serviços de medicina do trabalho nas empresas e instrumentalizam 
os trabalhadores nas suas reivindicações por melhores condições de saúde. 
Neste processo de questionamento da prática médica e gestação de uma nova 
prática, alguns pensadores tiveram papel de destaque. Entre eles, Polack48 com 
suas idéias radicais, de que "a medicina no modo de produção capitalista é a 
medicina do capital"; Berlinguer5, que trabalhou ativamente a questão da saúde 
22 
 
 
do trabalhador no movimento da Reforma Sanitária italiana; e Foucault, ao 
dissecar questões nevrálgicas da prática médica, desnudando o poder e o 
controle, tão bem representados na medicina do trabalho. 
Quais as conseqüências deste intenso processo social de mudanças sobre a 
aparente hegemonia do "modelo da saúde ocupacional"? 
É possível identificar, entre outras: 
- Os trabalhadores explicitam sua desconfiança nos procedimentos técnicos e 
éticos dos profissionais dos serviços de saúde ocupacional (segurança, higiene 
e medicina do trabalho); estes têm uma enorme dificuldade em lidar com o 
"novo", mormente naquilo que significou perda de poder e hegemonia. 
- O exercício da participação do trabalhador em questões de saúde pôs em 
xeque, em muitos casos, conceitos e procedimentos amplamente consagrados 
pela saúde ocupacional, como por exemplo, o valor e a ética de exames médicos 
pré-admissionais e periódicos, utilizados, segundo a denúncia dos 
trabalhadores, para práticas altamente discriminatórias. 
- Desmorona o mito dos "limites de tolerância" que fundamentou a lógica da 
saúde ocupacional (principalmente higiene e toxicologia) por mais de 50 anos. A 
fundamentação científica é questionada (para não dizer desmoralizada); o 
conceito de "exposição segura" é abalado; e os estudos de efeitos 
comportamentais provocados pela exposição a baixas doses de chumbo e de 
solventes orgânicos, põem em xeque os critérios de "proteção de saúde" que 
vigiram nos países industrializados ocidentais até há pouco. 
- À medida em que a organização do trabalho amplia sua importância na relação 
trabalho/saúde, requerem-se novas estratégias para a modificação de condições 
de trabalho, que "atropelam" a Saúde Ocupacional (até então trabalhando na 
lógica "ambiental"). 
- A utilização de novas tecnologias - em especial as que introduzem 
a automação e a informatização nos processos de trabalho - embora possa 
contribuir para o melhoramento das condições de trabalho. acabam introduzindo 
23 
 
 
novos riscos à saúde, quase sempre decorrentes da organização do trabalho, e 
portanto, de difícil "medicalização" 
- As modificações dos processos de trabalho em nível "macro" (terciarização da 
economia), e "micro" (automação e informatização), acrescentados à eliminação 
dos riscos nas antigas condições de trabalho, provocam um deslocamento do 
perfil de morbidade causada pelo trabalho: as doenças profissionais clássicas 
tendem a desaparecer, e a preocupação desloca-se para as outras "doenças 
relacionadas com o trabalho" (work related diseases). Passam a ser valorizadas 
as doenças cardiovasculares (hipertensão arterial e doença coronariana), os 
distúrbios mentais, o estresse e o câncer, entre outras. Desloca-se, assim, a 
vocação da saúde ocupacional, passando esta a se ocupar da "promoção de 
saúde", cuja estratégia principal é a de, através de um processo de educação, 
modificar o comportamento das pessoas e seu "estilo de vida. 
- Na verdade, esta nova exigência colocada à saúde ocupacional nos países 
desenvolvidos e nas grandes corporações no Terceiro Mundo, se superpõe 
àquelas existentes na imensa maioria dos estabelecimentos de trabalho 
(pequenos e médios) e na economia informal, onde permanecem as condições 
de risco para a saúde dos trabalhadores, com os problemas clássicos e graves, 
até hoje não solucionados pelos modelos utilizados. 
 
Características da saúde do trabalhador 
 
Do intenso processo social de mudança, ocorrido no mundo ocidental nos 
últimos vinte anos, foram mencionados, anteriormente, alguns aspectos que, no 
âmbito das relações trabalho x saúde, conformaram a saúde do trabalhador. 
Como característica básica desta nova prática, destaca-se a de ser um campo 
em construção no espaço da saúde pública. Assim, sua descrição constitui, 
antes, uma tentativa de aproximação de um objeto e de uma prática, com vistas 
a contribuir para sua consolidação enquanto área. 
O objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e 
doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho. Representa um 
24 
 
 
esforço de compreensão deste processo - como e porque ocorre - e do 
desenvolvimento de alternativas de intervenção que levem à transformação em 
direção à apropriação pelos trabalhadores, da dimensão humana do trabalho, 
numa perspectiva teleológica. 
Nessa trajetória, a saúde do trabalhador rompe com a concepção hegemônica 
que estabelece um vínculo causai entre a doença e um agente específico, ou a 
um grupo de fatores de risco presentes no ambiente de trabalho e tenta superar 
o enfoque que situa sua determinação no social, reduzido ao processoprodutivo, 
desconsiderando a subjetividade. 
Apesar das dificuldades teórico-metodológicas enfrentadas, a saúde do 
trabalhador busca a explicação sobre o adoecer e o morrer das pessoas, dos 
trabalhadores em particular, através do estudo dos processos de trabalho, de 
forma articulada com o conjunto de valores, crenças e idéias, as representações 
sociais, e a possibilidade de consumo de bens e serviços, na "moderna" 
civilização urbano-industrial. 
Nessa perspectiva, e com as limitações assinaladas, a saúde do trabalhador 
considera o trabalho, enquanto organizador da vida social, como o espaço de 
dominação e submissão do trabalhador pelo capital, mas, igualmente, de 
resistência, de constituição, e do fazer histórico. Nesta história os trabalhadores 
assumem o papel de atores, de sujeitos capazes de pensar e de se pensarem, 
produzindo uma experiência própria, no conjunto das representações da 
sociedade. 
No âmbito das relações saúde x trabalho, os trabalhadores buscam o controle 
sobre as condições e os ambientes de trabalho, para torná-los mais "saudáveis". 
É um processo lento, contraditório, desigual no conjunto da classe trabalhadora, 
dependente de sua inserção no processo produtivo e do contexto sócio-político 
de uma determinada sociedade. 
Assim, a saúde do trabalhador apresenta expressões diferentes segundo a 
época e o país, e diferenciada dentro do próprio país, como pode ser observado 
na Itália, na Escandinávia, no Canadá, ou no Brasil. Porém, apesar das 
diferenças, mantém os mesmos princípios - trabalhadores buscam ser 
25 
 
 
reconhecidos em seu saber, questionam as alterações nos processos de 
trabalho, particularmente a adoção de novas tecnologias, exercitam o direitto à 
informação e a recusa ao trabalho perigoso ou arriscado à Saúde 
Na implementação deste "novo" modo de lidar com as questões de saúde 
relacionadas ao trabalho, os trabalhadores contam com dois apoios importantes: 
uma assessoria técnica especializada e o suporte, ainda que limitado, dos 
serviços públicos estatais de saúde. 
No Brasil surge a assessoria sindical feita por profissionais comprometidos com 
a luta dos trabalhadores, que individualmente ou através de organizações como 
o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes 
de Trabalho (DIESAT) e o Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (INST), no 
caso do Brasil, estudando os ambientes e condições de trabalho, levantando 
riscos e constatando danos para a saúde; decodificando o saber acumulado, 
num processo contínuo de socialização da informação; resgatando e 
sistematizando o saber operário, vivenciando, na essência, a relação 
pedagógica educador-educando. 
Também pode ser constatada a contribuição ao desenvolvimento da área de 
saúde do trabalhador, trazida pelos técnicos que em nível das instituições 
públicas - as Universidades e Institutos de Pesquisa, a rede de Serviços de 
Saúde e fiscalização do trabalho - somam esforços na luta por melhores 
condições de saúde e trabalho, através da capacitação profissional, da produção 
do conhecimento, da prestação de serviços e da fiscalização das exigências 
legais. 
Como características desta "nova prática" cabe ainda mencionar o esforço que 
vem sendo empreendido no campo da saúde do trabalhador para integrar as 
dimensões do individual x coletivo, do biológico x social, do técnico x político, do 
particular x geral. E um exercício fascinante, ao qual têm se dedicado os 
profissionais de saúde e os trabalhadores, que parece apontar uma saída para 
a grave crise da "ciência médica" ou das "ciências da saúde", neste final de 
século. Os cânones clássicos colocados a partir de formas fragmentadas de ver 
e estudar o mundo, se contribuiram para o aprofundamento do conhecimento em 
26 
 
 
níveis inimagináveis, estão a necessitar de uma nova abordagem que consiga 
reuní-los, articulá-los, colocando-os a serviço dos homens. 
No Brasil, a emergência da saúde do trabalhador pode ser identificada no início 
dos anos'80, no contexto da transição democrática, em sintonia com o que 
ocorre no mundo ocidental. 
Entre suas características básicas, destacam-se: 
- Ganha corpo um novo pensar sobre o processo saúde-doença, e o papel 
exercido pelo trabalho na sua determinação. 
- Há o desvelamento circunscrito, porém inquestionável, de um adoecer e morrer 
dos trabalhadores, caracterizado por verdadeiras "epidemias", tanto de doenças 
profissionais clássicas (intoxicação por chumbo, mercúrio, benzeno, e a silicose), 
quanto de "novas" doenças relacionadas ao trabalho, como a LER (lesões por 
esforços repetitivos), por exemplo. 
- São denunciadas as políticas públicas e o sistema de saúde, incapazes de dar 
respostas às necessidades de saúde da população, e dos trabalhadores, em 
especial. 
- Surgem novas práticas sindicais em saúde, traduzidas em reivindicações de 
melhores condições de trabalho, através da ampliação do debate, circulação de 
informações, inclusão de, pautas específicas nas negociações coletivas, da 
reformulação do trabalho das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes 
(CIPAs), no bojo da emergência do novo sindicalismo. 
Este processo social se desdobrou em uma série de iniciativas e se expressou 
nas discussões da VIII Conferência Nacional de Saúde, na realização da I 
Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, e foi decisivo para a 
mudança de enfoque estabelecida na nova Constituição Federal de 1988. Mais 
recentemente, a denominação "saúde do trabalhador" aparece, também, 
incorporada na nova Lei Orgânica de Saúde, que estabelece sua conceituação 
e define as competências do Sistema Único de Saúde neste campo. 
À guisa de conclusão retoma-se a ideia expressa na Introdução deste ensaio. 
27 
 
 
A caminhada da medicina do trabalho à saúde do trabalhador encontra-se em 
processo. Sua história pode ser contada em diferentes versões, porém com a 
certeza de que é construída por homens que buscam viver. Livres. 
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PARA SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
A atividade de segurança e medicina do trabalho, no Brasil, está regulamentada 
pela Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977, e as NBRs. Essa Lei é constituída 
de NRs (Normas Regulamentadoras), e cada uma das delas estabelecem 
parâmetros para que os profissionais, a fiscalização e as empresas tenham como 
se fundamentar em seus programas e melhorias na segurança do trabalho. Cada 
uma dispõe de programas, treinamentos e procedimentos que deverão ser 
adotados pelas empresas que tenham seus funcionários regidos pela CLT 
(Consolidação das Leis Trabalhistas). 
Toda empresa precisa estar enquadrada dentro das obrigatoriedades das NR, 
pois está passiva de receber sanções do MTE (Ministério do Trabalho e 
Emprego) quando encontradas irregularidades em inspeções realizadas por 
fiscais do órgão citado. Deve-se atentar para o fato das NR estarem divididas 
por ramos de atividades, isto é, algumas são específicas para alguma atividade 
econômica, por exemplo, a NR 18, que trata exclusivamente da indústria da 
Construção Civil. As normas possuem um inter-relação e cabe ao profissional de 
segurança do trabalho identificar a necessidade de cada empresa, a fim de 
executar uma prática prevencionista. 
As Normas são elaboradas por uma comissão Tripartite, composta por 
representantes do governo, dos empregadores e dos empregados. Em 11 de 
abril de 1996, a Portaria SSST/ MTE n. 02 criou a Comissão Tripartite Paritária 
Permanente (CTPP), composta por cinco representantes da bancada do governo 
(SSST e FUNDACENTRO), cinco representantes da bancada dos 
empregadores (CNC, CNI, CNA, CNT, CNF) e cinco representantes da bancada 
dos trabalhadores (FS, CUT, CGT), contando com representantes dos 
Ministérios da Saúde e Previdência e Assistência Social. Os membros da CTPP 
têm direito a voz e voto em igualdade de condições, num mandato de dois anos, 
podendo ser reconduzidos. As principaisvantagens da elaboração e revisão de 
28 
 
 
uma norma de forma tripartite são: transparência, corresponsabilidade, 
engajamento e harmonização dos interesses. (CAMARGO, 2010). 
Como já vimos, os acidentes de trabalho afetam a produtividade e são 
responsáveis por um impacto importante na economia brasileira e mundial. 
Porém, não se sabe com exatidão os números de acidentes e/ou mortes, devido 
à informalidade dos trabalhos e o fato de, em muitos casos, não haver a 
notificação de acidente do trabalho, por intermédio da Comunicação do Acidente 
do Trabalho - CAT. O conceito técnico de Acidente do Trabalho, segundo Xavier 
(2002), é toda a circunstância não prevista ao andamento normal da atividade 
do trabalho, que poderá resultar danos físicos e/ou funcionais, morte, perdas 
materiais e econômicas. Segundo a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, através 
do Art. 19, define-se acidente do trabalho como sendo aquele que ocorre pelo 
exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos 
segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a 
morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o 
trabalho. 
É considerado também acidente do trabalho quando: 
• Doença profissional, produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho; 
• Doença do trabalho, adquirida ou desencadeada em função de condições 
especiais em que o trabalho é realizado. 
Os acidentes ocorridos pelos trabalhadores, no horário e local de trabalho, 
devido a agressões, sabotagens ou atos de terrorismo praticados por terceiros 
ou colegas de trabalho também são considerados acidentes de trabalho. 
Igualmente, aqueles acidentes sofridos fora do local e horário de trabalho, desde 
que o trabalhador esteja executando ordens ou serviços sob a autoridade da 
empresa. Outra situação seria o acidente que ocorre durante viagens a serviço, 
mesmo que seja com fins de estudo, desde que financiada pela empresa. 
(CAMARGO, 2010). 
Todo o trabalhador que sofrer um acidente de trabalho ou desenvolver uma 
doença ocupacional deverá ser analisado pelo corpo técnico (médicos) do 
Instituto Nacional de Seguro Social - INSS, isto é, passar por uma perícia médica 
29 
 
 
que observará um nexo causal entre o acidente e a lesão; a doença e o trabalho; 
a causa mortis e o acidente. 
O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) é aplicável quando 
houver significância estatística da associação entre o código da Classificação 
Internacional de Doenças (CID) e o da Classificação Nacional de Atividade 
Econômica (CNAE), na parte inserida pelo Decreto n. 6.042/2007, na lista “C” do 
anexo II do Decreto n. 3.048/1999 (alterado pelo Decreto n. 6.957/2009. O Fator 
Acidentário de Prevenção (FAP), fundamentado no disposto na Lei n. 
10.666/2003 e em vigor desde janeiro de 2010, é um importante instrumento das 
políticas públicas relativas à saúde e à segurança no trabalho, permite a 
flexibilização da tributação coletiva dos Riscos Ambientais do Trabalho (RAT), 
redução ou majoração das alíquotas RAT de um, dois ou três por centos, 
segundo o desempenho de cada empresa no interior da respectiva subclasse da 
CNAE. 
O FAP anual reflete a aferição da acidentalidade nas empresas relativa aos dois 
anos imediatamente anteriores ao processamento (exemplo: o FAP 2010 tem 
como período-base de cálculo janeiro/2008 a dezembro/2009). O FAP anual tem 
como período de vigência o ano imediatamente posterior ao ano de 
processamento (exemplo: o FAP 2010 terá vigência de janeiro a dezembro de 
2011). Além disso, é o mecanismo que permite à Receita Federal do Brasil 
(RFB*) aumentar ou diminuir a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 
3% (risco grave) que cada empresa recolhe para o financiamento dos benefícios 
por incapacidade (grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente 
dos riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser reduzidas em até 50% ou 
aumentadas em até 100%, conforme a quantidade, a gravidade e o custo das 
ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu segmento 
econômico. (SESI, 2011). 
A empresa que tiver, durante seu procedimento de trabalho, qualquer tipo de 
acidente deve elaborar a comunicação de acidente de trabalho (CAT) junto ao 
INSS. A CAT é um importante documento, pois registra o acidente do trabalho 
ou doenças ocupacionais, podendo ser emitido pelo INSS, sindicato ou médico 
de outra instituição, caso a empresa não queira fornecê-lo. O trabalhador tem 
30 
 
 
direto a uma cópia da CAT. A Lei n. 8.213/1991 determina, em seu artigo 22, que 
todo o acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela 
empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de omissão (BRASIL, 1992a). 
Destaca-se a importância da CAT, principalmente, o completo e exato 
preenchimento do formulário, tendo em vista as informações nele contidas, não 
apenas do ponto de vista previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas 
também trabalhista e social. (BRASIL, 1992a). Os trabalhadores que estiverem 
em dia com as contribuições junto ao INSS têm direito a uma série de benefícios, 
sendo eles: 
a) Benefício Acidentário 
Os benefícios acidentários relacionam-se à ocorrência de acidentes do trabalho, 
típicos ou de trajeto, e a doenças causadas ou relacionadas ao exercício de 
atividades laborais. Isso se encontra em conformidade com a Constituição 
Federal de 1988, que garante aos trabalhadores o seguro de acidentes do 
trabalho, a cargo do empregador (Inciso XXVIII do Art. n. 70), para os que têm 
vinculação empregatícia, consolidando o domínio da esfera pública sobre essa 
atuação, já prevista na Lei n. 5.316 de 1967. (SANTANA, 2003). 
b) Auxílio Doença Acidentário 
É cedido ao trabalhador que obteve doença ou acidente por mais de 15 dias 
consecutivos. Funcionários com carteira assinada terão seus primeiros 15 dias 
pagos pelo empregador, sendo que a Previdência Social pagará a partir do 16º 
dia de afastamento. 
c) Auxílio-Doença 
Tem o benefício não necessitando ter o prazo mínimo de contribuição, a partir 
do momento que seja segurado, todo trabalhador proveniente de tuberculose 
ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia 
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, 
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, doença de Paget (osteíte 
deformante) em estágio avançado, síndrome da deficiência imunológica 
adquirida (Aids) ou contaminado por radiação (comprovada em laudo médico). 
31 
 
 
d) Aposentadoria Especial 
Todo trabalhador terá direito se comprovar o tempo de trabalho concretizado 
através de exposições aos riscos biológicos, físicos ou outro agente que possa 
ser prejudicial durante o tempo estabelecido para o benefício. Para ter direito à 
aposentadoria especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de 
trabalho, efetiva exposição aos agentes físicos, biológicos ou associação de 
agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício que 
pode ser de 15, 20 ou 25 anos. 
e) Aposentadoria por Invalidez 
O trabalhador que receber aposentadoria por invalidez deverá, obrigatoriamente, 
passar por perícia médica de dois em dois anos, podendo se não o fizer, perder 
seu benefício. É bom lembrar que esse benefício pode deixar de ser pago a partir 
da recuperação do trabalhador, fazendo com que o mesmo tenha capacidade de 
voltar a vida profissional. 
f) Pensão por Morte 
Terá direito a esse benefício, as pessoas dependentes ao óbito ocorrido pelo 
segurado, desde que o mesmo tenha cumprido seus requisitos legais previstos 
pela Previdência Social até o dia da morte. 
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS – CLT 
 
Em janeiro de 1942, o Brasil tem um marco na história da segurança do trabalho: 
foi criada a Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT. O Ministério do Trabalho 
nomeou uma comissão para elaborar uma“consolidação das leis do trabalho e 
da previdência social”. A comissão cumpriu sua tarefa apenas no que se refere 
às leis do trabalho. O projeto foi convertido em lei pelo Decreto-lei n. 5.452, de 
01 de maio de 1943, para entrar em vigor em 10 de novembro de 1943. A CLT é 
chamada de Consolidação das Leis Trabalhistas porque seu objetivo foi apenas 
reunir a legislação Esparsa Trabalhista já existente na época, consolidando-a. 
(CALAZANS; FILHO; SANTOS, 2010). O governo promulgou leis, incorporando 
antigas conquistas dos operários e criando novos direitos, estabelecidos sem a 
participação dos trabalhadores, como: 
32 
 
 
• Registro do Trabalhador/Carteira de Trabalho; 
• Jornada de Trabalho; 
• Período de Descanso; 
• Férias; • Medicina do Trabalho; 
• Categorias Especiais de Trabalhadores; 
• Proteção do Trabalho da Mulher; 
• Contratos Individuais de Trabalho; 
• Organização Sindical; 
• Convenções Coletivas; 
• Fiscalização; 
• Justiça do Trabalho e Processo Trabalhista. 
Como surgiram as Normas Regulamentadoras? Quando foram emitidas? 
Quem as promulgou? Onde se encaixam no Ordenamento Jurídico? Entender 
o contexto histórico e como foram criadas tais normas servem de base para o 
agir competente de qualquer profissional da área de saúde e segurança do 
trabalho. Conhecer a história é construir identidade e ajuda entender a função 
social do profissional da área. 
A fase embrionária dos direitos trabalhistas no Brasil teve início com a abolição 
da escravidão em 1888. A regulamentação de trabalho para menores de idade 
foi umas das primeiras inciativas tomados pelo governo já em 1891. Em 
seguida foi a vez de leis que regulasse os sindicatos de cada profissão, que 
por sua vez tinha o papel de representar os trabalhadores específicos e zelar 
pelos direitos dos mesmos. A primeira tentativa de sancionar um Código do 
Trabalho no Brasil foi em 1917 e surgiu pelas mãos do deputado Maurício de 
Lacerda. O código foi elaborado pela Comissão de Constituição e Justiça da 
Câmara dos Deputados e dispunha de assuntos como do contrato de trabalho; 
do dia de trabalho; dos acidentes do trabalho; disposições gerais. No ano 
seguinte foi criado o Departamento Nacional do Trabalho como o objetivo de 
33 
 
 
planejar e fiscalizar a implantação de uma legislação socia-trabalhista no Brasil. 
Em 1923 surgia, no âmbito do então Ministério da Agricultura, Indústria e 
Comércio, o Conselho Nacional do Trabalho que era destinado à consulta dos 
poderes públicos em assuntos referentes à organização do trabalho e da 
previdência social. 
Com a ascensão ao poder por Getúlio Vargas em 1930, a Justiça do Trabalho 
e a proteção dos direitos dos trabalhadores ganharam destaque. Em 26 de 
novembro daquele ano, por meio do Decreto nº 19.433, foi criado o Ministério 
do Trabalho com o objetivo de interferir sistematicamente no conflito entre 
capital e trabalho. 
Até então, no Brasil, as questões relativas ao mundo do trabalho eram tratadas 
pelo Ministério da Agricultura, sendo insuficiente para atender as demandas da 
classe trabalhadora. Em primeiro de maio de 1943 por meio do Decreto-Lei 
nº 5.452 foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e sancionada 
também pelo presidente Getúlio Vargas. A CLT unificou 
toda legislação trabalhista existente no Brasil inserindo de forma concreta os 
diretos trabalhistas nas legislação nacional. 
Em 1977 o Congresso Nacional decretou e o Presidente da República 
sancionou a lei nº 6.514 estabeleceu a redação dos art. 154 a 201 da 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à segurança e medicina do 
trabalho. Esta lei foi um marco na saúde e segurança dos trabalhadores no Brasil 
pois instituía a obrigatoriedade do atendimento aos itens de Segurança e 
Medicina do Trabalho. 
O artigo 200 da lei nº 6.514 criado na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) 
estabelecia que o Ministério do Trabalho deveria dispor normas complementares 
relativas à segurança e medicina do trabalho. E desta forma em 08 de junho de 
1978, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.214, que regulamentou as 
Normas Regulamentadoras (NRs) pertinentes a Segurança e Medicina do 
Trabalho. Estas normas são atualizadas afim de atender as demandas da 
sociedade e são validas até hoje, são elas: 
 
 
34 
 
 
NR 1 – Disposições Gerais 
O objetivo desta Norma é estabelecer as disposições gerais, o campo de 
aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras 
relativas à segurança e saúde no trabalho. 
NR 2 – (REVOGADA) 
 
NR 3 – Embargo ou Interdição 
Embargo e interdição são medidas de urgência, adotadas a partir da constatação 
de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao trabalhador. 
Considera-se grave e iminente risco toda condição ou situação de trabalho que 
possa causar acidente ou doença relacionada ao trabalho com lesão grave à 
integridade física do trabalhador. A interdição implica a paralisação total ou 
parcial do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento. 
O embargo implica a paralisação total ou parcial da obra. Considera-se obra todo 
e qualquer serviço de engenharia de construção, montagem, instalação, 
manutenção ou reforma. 
NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em 
Medicina do Trabalho 
As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e 
indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados 
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão, 
obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em 
Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a 
integridade do trabalhador no local de trabalho. 
O dimensionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança 
e em Medicina do Trabalho vincula-se à gradação do risco da atividade principal 
e ao número total de empregados do estabelecimento, constantes dos Quadros 
I e II, anexos a esta NR, observadas as exceções previstas nesta NR. 
 
35 
 
 
NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA 
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho - CIPA, visa a 
proteção da saúde dos trabalhadores dentro do ambiente de trabalho. A CIPA é 
regulamentada pela CLT, nos artigos 162 a 165 e pela NR-5. Devem constituir 
CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento, as empresas 
privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração 
direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, 
cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como 
empregados. 
. 
NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual 
Estabelece a obrigatoriedade dos empregadores em fornecer equipamentos de 
proteção individual (EPI). A entrega dever ser registrada e todo equipamento 
deverá ter o CA (Certificado de Aprovação) do Ministério do Trabalho e Emprego. 
A utilização do EPI deverá ser feita de maneira e amenizar ou erradicar o risco. 
NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional 
Esta Norma Regulamentadora estabelece a obrigatoriedade de elaboração e 
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam 
trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde 
Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoção e preservação da saúde do 
conjunto dos seus trabalhadores. Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e 
diretrizes gerais a serem observados na execução do PCMSO, podendo os 
mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Caberá à 
empresa contratante de mão-de-obra prestadora de serviços informar a empresa 
contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do 
PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados. 
NR 8 – Edificações 
Estabelece requisitos mínimos de segurança que devem ser executados nas 
edificações,para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalhem. 
36 
 
 
NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de 
todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como 
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando 
à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da 
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência 
de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, 
tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. 
As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento 
da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos 
trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das 
características dos riscos e das necessidades de controle. 
NR 10 – Instalações e Serviços de Eletricidade 
Esta Norma Regulamentadora estabelece os requisitos e condições mínimas 
objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de 
forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou 
indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com 
eletricidade. Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e 
consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, 
manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas 
proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos 
órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas 
internacionais cabíveis. 
NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais 
Estabelece medidas de prevenção a operação de elevadores, guindastes, 
transportadores industriais e máquinas transportadoras. Trata da padronização 
dos procedimentos operacionais, e assim, busca garantir a segurança de todos 
os envolvidos na atividade. 
 
37 
 
 
NR 12 – Máquinas e Equipamentos 
Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas, 
princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a 
integridade física dos trabalhadores. Estabelece requisitos mínimos para a 
prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de 
utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua 
fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, 
em todas as atividades econômicas. 
 
NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão 
Esta Norma Regulamentadora estabelece requisitos mínimos para gestão da 
integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações 
de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e 
manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores. O empregador 
é o responsável pela adoção das medidas determinadas nesta NR. 
NR 14 – Fornos 
Define os parâmetros e serem observados para à construção, manutenção e 
operação de fornos industriais nos ambientes de trabalho. 
NR 15 – Atividades e Operações Insalubres 
Com base na NR 15, o termo insalubridade é usado para definir o trabalho em 
um ambiente hostil à saúde. Tem direito ao adicional de insalubridade o 
trabalhador que exerce suas atividades em condições insalubres nos termos da 
NR 15. São consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por 
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a 
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da 
natureza e da intensidade do agente e o tempo de exposição aos seus efeitos. 
Os agentes causadores de insalubridade estão contidos nos anexos da NR 15, 
alguns exemplos de agentes insalubres são ruídos contínuo ou permanente; 
38 
 
 
ruído de Impacto; tolerância para exposição ao calor; radiações ionizantes; 
agentes químicos e poeiras minerais. 
NR 16 – Atividades e Operações Perigosas 
O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador 
a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, 
sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos 
lucros da empresa. O empregado poderá optar pelo adicional 
de Insalubridade que porventura lhe seja devido. É responsabilidade do 
empregador a caracterização ou a descaracterização da periculosidade, 
mediante laudo técnico elaborado por Médico do Trabalho ou Engenheiro de 
Segurança do Trabalho, nos termos do artigo 195 da CLT. 
NR 17 – Ergonomia 
Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a 
adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos 
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e 
desempenho eficiente. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados 
ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos 
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria 
organização do trabalho. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às 
características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar 
a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as 
condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 
NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da 
Construção 
Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de 
organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas 
preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de 
trabalho na Indústria da Construção. Consideram-se atividades da Indústria da 
Construção as constantes do Quadro , Código da Atividade Específica, da NR 4 
– Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
39 
 
 
Trabalho e as atividades e serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e 
manutenção de edifícios em geral, de qualquer número de pavimentos ou tipo 
de construção, inclusive manutenção de obras de urbanização e paisagismo. É 
vedado o ingresso ou a permanência de trabalhadores no canteiro de obras, sem 
que estejam assegurados pelas medidas previstas nesta NR e compatíveis com 
a fase da obra. A observância do estabelecido nesta NR não desobriga os 
empregadores do cumprimento das disposições relativas às condições e meio 
ambiente de trabalho, determinadas na legislação federal, estadual e/ou 
municipal, e em outras estabelecidas em negociações coletivas de trabalho. 
NR 19 – Explosivos 
Determina parâmetros para o depósito, manuseio e armazenagem de 
explosivos. Objetivando regulamentar medidas de segurança para esse trabalho 
que é de alto risco. 
NR 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis 
Estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho 
contra os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, 
produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de 
inflamáveis e líquidos combustíveis. 
NR 21 – Trabalho a céu aberto 
Estabelece medidas preventivas relacionadas com as atividades a céu aberto, 
tais como, minas ao ar livre e pedreiras. 
NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração 
Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem 
observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar 
compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a 
busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores 
 
40 
 
 
NR 23 – Proteção contra Incêndios 
Estabelece medidas de proteção contra incêndios nos espaços de trabalho 
visando a preservação da saúde dos trabalhadores. Obriga as empresas a 
terem: 
a) proteção contra incêndio; 
b) saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de 
incêndio; 
c) equipamento suficiente para

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