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2012 TÓPICOS ESPECIAIS Prof. Laurise Pugues 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof. Laurise Pugues Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: P978t Pugues, Laurise Tópicos especiais / Laurise Pugues. Indaial : Uniasselvi, 2012. 216 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-519-2 1. Contabilidade. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 657 III ApresentAção Caro (a) Acadêmico (a), Apresentamos, neste Caderno de Estudos, temas específicos e importantes para os profissionais da área contábil, incluindo questões sobre ética, em especial, a profissional; além de algumas legislações específicas para a profissão. Abordamos também o Terceiro Setor e a responsabilidade social e ambiental. É muito importante conhecer os assuntos que serão tratados neste caderno, assuntos relacionados a questões éticas, pois no dia a dia, você poderá enfrentar situações que vão além do seu conhecimento técnico, envolvendo aspectos que dependem do seu entendimento pessoal sobre determinada situação. E para não incorrer em erros, você deve ter pleno conhecimento do Código de Ética Profissional do Contador, que lhe ajudará a tomar decisões, seguindo os preceitos éticos apresentados no referido Código e evitando que possa ser penalizado por condutas inadequadas. Outro desafio para os profissionais da contabilidade é conhecer o Terceiro Setor, e saber que esse novo segmento está em crescimento e é uma nova oportunidade de atuação. Também é importante salientar que para o(a) contador(a) que possui conhecimento nas áreas de finanças, controladoria, custos, orçamento, entre outras, é possível prestar um serviço adequado às entidades sem finalidade de lucros, na sua atividade, auxiliando na prestação de contas e na tomada de decisão. O(A) contador(a) tem que ter ainda o conhecimento da responsabilidade social e ambiental, que hoje está muito mais presente nas empresas, que estão cada vez mais preocupadas com a questão da sustentabilidade, e por isso, a necessidade de estar atento sobre essas questões. Portanto, caro(a) acadêmico(a), este Caderno de Estudos traz conhecimentos sobre áreas importantes para o profissional da contabilidade, que deve sempre buscar as novidades do mercado. Espero que aproveitem ao máximo o conteúdo apresentado nesta disciplina e bons estudos! Profª Laurise Pugues IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 - ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL .............................................................1 TÓPICO 1 - ÉTICA GERAL .................................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 CONCEITO DE ÉTICA ......................................................................................................................4 3 ÉTICA E FILOSOFIA .........................................................................................................................5 4 TRANSPARÊNCIA, ÉTICA E GESTÃO ........................................................................................7 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................13 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................14 TÓPICO 2 - OBJETO, OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO DA ÉTICA .............................17 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................17 2 O SIGNIFICADO DA ÉTICA NA CONDUTA HUMANA........................................................17 3 ÉTICA E MORAL ................................................................................................................................18 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................23 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................24 TÓPICO 3 - O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE E A ÉTICA .........................................27 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................27 2 IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA FORMAÇÃO DA PROFISSÃO CONTÁBIL ....................27 2.1 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE ......................................................27 2.2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE NA SOCIEDADE ..........................32 2.3 PROBLEMAS ÉTICOS RELACIONADOS COM O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE 34 3 A ÉTICA E SUA INFLUÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO DO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE ................................................................................................................................37 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................38 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................39 TÓPICO 4 - CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR......................................41 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................41 2 CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR .........................................................41 2.1 CONCEITO .....................................................................................................................................41 2.2 OBJETIVO .......................................................................................................................................42 2.3 MUDANÇAS OCORRIDAS NO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR 42 3 CAPÍTULOS DO CÓDIGO DE ÉTICAPROFISSIONAL DO CONTADOR ........................43 ..............................................................................................................................................................43 3.1 CAPÍTULO I – OBJETIVO ............................................................................................................43 3.2 CAPÍTULO II – DOS DEVERES E DAS PROIBIÇÕES .............................................................43 3.3 CAPÍTULO III – DO VALOR DOS SERVIÇOS PROFISSIONAIS .........................................47 3.4 CAPÍTULO IV – DOS DEVERES EM RELAÇÃO AOS COLEGAS E À CLASSE ................48 3.5 CAPÍTULO V – DAS PENALIDADES .......................................................................................49 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................50 sumário VIII AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................52 TÓPICO 5 - CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE E CONSELHOS REGIONAIS DE CONTABILIDADE .........................................................................................................................57 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................57 2 CONSELHOS DE CONTABILIDADE ...........................................................................................58 2.1 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE .......................................................................58 2.2 CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE ....................................................................60 3 EXAME DE SUFICIÊNCIA ...............................................................................................................60 4 LEGISLAÇÕES ESPECÍFICAS ........................................................................................................62 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................66 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................67 TÓPICO 6 - NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE PROFISSIONAIS .................69 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................69 2 ESTRUTURA DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE ..................................69 3 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE PROFISSIONAIS – NBC P ....................70 3.1 NORMAS PROFISSIONAIS DE AUDITOR INDEPENDENTE - NBC PA ..........................70 3.2 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE - NBC PP – PERITO CONTÁBIL ..........73 3.3 NORMAS PROFISSIONAIS DO AUDITOR INTERNO - NBC PI .........................................76 3.4 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE – NBC PA 12 – EDUCAÇÃO PROFISSIONAL CONTINUADA ..............................................................................................76 3.5 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILDADE NBC PA 13 – Normas sobre o Exame de Qualificação Técnica para Registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) ............................................................77 RESUMO DO TÓPICO 6......................................................................................................................79 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................80 UNIDADE 2 - TERCEIRO SETOR .....................................................................................................83 TÓPICO 1 - TERCEIRO SETOR .........................................................................................................85 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................85 2 CONCEITO ..........................................................................................................................................85 3 CLASSIFICAÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ...............................................88 3.1 ASSOCIAÇÕES ..............................................................................................................................89 3.2 FUNDAÇÕES .................................................................................................................................90 4 TITULAÇÕES E CERTIFICAÇÕES ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ..........................91 4.1 ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – OS ...............................................................................................91 4.2 ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) ...............91 5 A QUESTÃO DO LUCRO NO TERCEIRO SETOR ....................................................................95 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................97 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 TÓPICO 2 - ASPECTOS LEGAIS APLICADOS AO TERCEIRO SETOR 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR ........................103 3 TRIBUTAÇÃO NO TERCEIRO SETOR ........................................................................................104 3.1 IMUNIDADE ..................................................................................................................................104 3.2 ISENÇÃO ........................................................................................................................................105 3.3 DIFERENÇA ENTRE IMUNIDADE E ISENÇÃO ....................................................................106 3.4 REQUISITOS MÍNIMOS PARA OBTENÇÃO DA IMUNIDADE E ISENÇÃO ...................107 IX RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................109 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................110 TÓPICO 3 - A CONTABILIDADE APLICADA NO TERCEIRO SETOR ..................................113 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................113 2 NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE TÉCNICAS - NBC T 10 (DOS ASPECTOS CONTÁBEIS ESPECÍFICOS EM ENTIDADES DIVERSAS) ......................................................114 2.1 NBC T 10, ITEM NBC T 10.4 – FUNDAÇÕES ...........................................................................114 2.2 NBC T 10, ITEM NBC T 10.18 – ASPECTOS CONTÁBEIS ENTIDADES SINDICAIS E ASSOCIAÇÕES DE CLASSE ........................................................................................................114 2.3 NBC T 10, ITEM NBC T 10.19 – ENTIDADES SEM FINALIDADE DE LUCROS ...............115 3 PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................................115 3.1 BALANÇO PATRIMONIAL ........................................................................................................116 3.2 DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO ..................................117 3.3 DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS E PREJUÍZOS ACUMULADOS....................................117 3.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO SOCIAL .................117 3.5 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS ................................118 3.6 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .............................................................................118 4 NOTAS EXPLICATIVAS ...................................................................................................................118 5 ELENCO DE CONTAS ......................................................................................................................119 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................120 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121 TÓPICO 4 - A GESTÃO CONTÁBIL PARA ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR .....123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................123 2 INFORMAÇÃO CONTÁBIL ............................................................................................................123 3 CARACTERÍSTICAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL ............................................................124 4 PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS ..................................................................................................124 4.1 CONTABILIZAÇÃO DE DOAÇÕES, SUBVENÇÕES E CONTRIBUIÇÕES .......................126 4.2 CONTABILIZAÇÃO DE GRATUIDADES.................................................................................127 4.3 CONTABILIZAÇÃO DE CUSTOS ..............................................................................................128 4.4 CONTABILIZAÇÃO DE DEPRECIAÇÃO ................................................................................129 4.5 CONTABILIZAÇÃO DE CONTRATOS, CONVÊNIOS E TERMOS DE PARCERIA .........129 5 AUDITORIA ........................................................................................................................................136 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................138 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139 TÓPICO 5 - PRESTAÇÃO DE CONTAS ...........................................................................................141 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141 2 IMPORTÂNCIA DA PRESTAÇÃO DE CONTAS .......................................................................141 3 ELEMENTOS DA PRESTAÇÃO DE CONTAS ............................................................................142 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................147 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148 UNIDADE 3 - RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL ................................................151 TÓPICO 1 - NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE TÉCNICA – NBCT15 INFORMAÇÕES DE NATUREZA SOCIAL E AMBIENTAL .......................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 CONCEITO E OBJETIVOS ...............................................................................................................153 3 INFORMAÇÕES A SEREM DIVULGADAS ................................................................................154 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................158 X AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................159 TÓPICO 2 - RESPONSABILIDADE SOCIAL .................................................................................161 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA...........................................................................................161 3 CONCEITO ..........................................................................................................................................162 4 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO ................................................163 5 DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................................................................166 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................167 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................168 TÓPICO 3 - RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ........................................................................171 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171 2 CONTABILIDADE AMBIENTAL ...................................................................................................172 2.1 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL ................................................................173 2.2 ATIVOS E PASSIVOS AMBIENTAIS ..........................................................................................174 2.3 GASTOS, CUSTOS E DESPESAS AMBIENTAIS ......................................................................174 3 GESTÃO AMBIENTAL .....................................................................................................................176 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................177 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................178 TÓPICO 4 - BALANÇO SOCIAL .......................................................................................................181 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA...........................................................................................181 3 BALANÇO SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO ......................................................................182 4 BALANÇO SOCIAL COMO INSTRUMENTO DA QUALIDADE ÉTICA E TRANSPARÊNCIA ................................................................................................................................184 4.1 USUÁRIOS DO BALANÇO SOCIAL .........................................................................................184 4.2 ELABORAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL .................................................................................186 4.3 INDICADORES CONSTANTES NO BALANÇO SOCIAL .....................................................188 5 MODELOS DE BALANÇO SOCIAL ..............................................................................................189 5.1 MODELO IBASE ............................................................................................................................190 5.2 MODELO DO INSTITUTO ETHOS ............................................................................................191 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................194AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................195 TÓPICO 5 - DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ...................................................197 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................197 2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA...........................................................................................198 3 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO .....................................198 4 A DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO NO BRASIL ...........................................199 5 A IMPORTÂNCIA DA DVA NA GESTÃO DAS EMPRESAS .................................................199 6 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES DA DVA ...............................................................................200 7 PONTOS CONFLITANTES DA DVA ............................................................................................200 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................202 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................203 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................205 1 UNIDADE 1 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender o conceito de ética e sua relação com a filosofia; • conhecer a ética de maneira geral, seu objeto, objetivo e campo de aplicação; • verificar a importância do profissional da contabilidade em um contexto ético; • compreender o Código de Ética Profissional do Contador; • conhecer o funcionamento do Conselho Federal de Contabilidade e dos Conselhos Regionais de Contabilidade; • verificar as principais Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais. Esta unidade está dividida em seis tópicos. No primeiro, você encontrará o con- ceito de ética, evidenciando o seu surgimento e sua relação com a filosofia, além de aspectos éticos relacionados com a transparência e gestão. No segundo tópico, evidenciamos a questão da ética e da moral na conduta humana, assim como o objeto, objetivo e campo de aplicação da ética. No terceiro tópico, apresentamos a importância da ética para o profissional da contabilidade e seu papel na so- ciedade, demonstrando quais os problemas éticos mais recorrentes. No quarto tópico, abordamos o Código de Ética Profissional do Contador, seu objetivo e mu- danças ocorridas no referido Código com a aprovação da Resolução 1.307/2010, bem como os capítulos que fazem parte do referido Código de Ética. No tópico cinco, trazemos informações sobre o Conselho Federal de Contabilidade e Con- selhos Regionais de Contabilidade, estrutura e finalidades. Ainda, neste tópico, apresentamos informações sobre o Exame de Suficiência. Por fim, no sexto tópico, abordamos a estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade. Em cada tópico, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a compreender os conteúdos apre- sentados. TÓPICO 1 – ÉTICA GERAL TÓPICO 2 – OBJETO, OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO DA ÉTICA TÓPICO 3 – O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE E A ÉTICA TÓPICO 4 – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTADOR TÓPICO 5 – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE E CONSELHOS REGIONAIS DE CONTABILIDADE TÓPICO 6 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE PROFISSIONAIS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 ÉTICA GERAL 1 INTRODUÇÃO Neste tópico iniciaremos nosso aprendizado abordando o conceito de ética, que está relacionado com a filosofia. De acordo com Lisboa (2007, p. 23), pode-se “definir ética como sendo um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente, bom ou mau, certo ou errado”. Contudo, essa questão é muito mais ampla, envolvendo outras situações que serão abordadas durante os estudos dessa unidade. A ética também está relacionada com a questão de transparência, que nos dias atuais, tanto se tem falado sobre isso, quer seja na Administração Pública, nas empresas ou outros ambientes, que envolvam questões relacionadas à prestação de contas. Para o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) “a boa Governança proporciona aos proprietários (acionistas ou cotistas) a gestão estratégica de sua empresa e a monitoração da direção executiva” (IBGC, 2011). Entre os valores do IBGC estão transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Para o IBGC (2011) transparência é “mais que a obrigação de informar é o desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos”. Desta forma, a transparência permite que exista um clima de confiança, tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros. As empresas não devem se restringir à informação para o seu desempenho econômico-financeiro, mas contemplar também outros fatores (inclusive intangíveis) que permitem conduzir a ação gerencial, além da criação de valor (IBGC, 2011). Portanto, a gestão reflete a maneira pela qual os gestores estão conduzindo as empresas, se for de forma transparente, provavelmente, é uma empresa que se preocupa com questões éticas. UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 4 NOTA Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar os conteúdos, sugerimos a leitura dos valores apresentados pelo IBGC. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br. A seguir, apresentamos uma discussão sobre o conceito de ética, a relação ética e filosofia e por fim a transparência, ética e gestão. 2 CONCEITO DE ÉTICA Pensar no que é ética, parece ser bastante simples, pois seria apenas decidir se determinada situação é certa ou errada, porém vivemos em uma sociedade, e diariamente, nos relacionamos com outras pessoas. Essa relação faz com que apareçam conflitos, por que cada indivíduo possui suas crenças e valores, e o que para uma pessoa parece ser certo, para outra pode não ser. Por esse motivo, faz-se necessário conhecer o significado da palavra ética, que etimologicamente, vem do grego “ethos” e significa hábitos ou costumes, forma de vida adquirida ou conquistada pelo homem, ou seja, refere-se a padrões de conduta. Lisboa (2007) menciona que as palavras ética e moral em termos etimológicos possuem a mesma base, ou seja, hábitos e costumes. Vazquez (1999) complementa, é “a ciência que estuda a moral ou o comportamento moral dos homens (cidadãos) em sociedade. É a teoria da moral”. Desta forma, podemos perceber que a ética se apresenta sempre por normas, cuja base está na moral. Essas normas éticas servem de parâmetros para os atos dos indivíduos e da sociedade. TÓPICO 1 | ÉTICA GERAL 5 Lembre-se do seu manual, “não basta saber, tem que saber fazer”, por isso, a partir do que acabamos de relatar, sugiro que leia o caso a seguir apresentado e explique como seria sua ação nesse caso. Lembre-se de que essa atividade é para ser discutida com os colegas. A partir da reflexão sobre a atitude do Sr. Airton, apresente a sua opinião sobre a questão apresentada. ATENCAO Estudo de Caso Airton trabalha na Indústria de refrigeradores FREEZO há 14 anos. Ele é gerente de compras, na atual função há dez anos. O salário de Airton é de R$ 4.000,00. A direção da empresa está satisfeita com ele, já que nenhum setor da fábrica tem reclamado da falta de peças. Tal presteza no fornecimento é o resultado de uma política de aproximação com os fornecedores “à moda japonesa”: ele mantém uma amizade pessoal com todos eles, costumando até adquirir peças para estoque, quando aqueles estão com dificuldadespara faturar. No natal de 2010, Airton recebeu duas passagens aéreas para Paris, ida e volta, em voos de primeira classe. Elas foram presente de Rosa, gerente de vendas da LINATE, indústria de peças para refrigeradores, a principal fornecedora da FREEZO. As passagens foram brindadas para que ele e a esposa descansassem do ano fatigante que terminava. De pronto, Airton foi até seu diretor de compras. Salientou que estava indeciso sobre a utilização ou não da passagem, tendo em vista ser ela presente de um fornecedor. Achava ele que, se aceitasse, estaria sendo antiético com a empresa. Embora parabenizasse Airton pela atenção em comunicar-lhe o fato, o diretor não sabe o que opinar, pois seu gerente de compras é, para ele, de absoluta confiança, além do que não quer interferir em sua vida pessoal. A opinião do diretor torna-se mais difícil à medida que a FREEZO não tem um Código de ética. Como agir no caso? Após a discussão sobre o conceito de ética, apresentamos no próximo item a relação ética e filosofia. 3 ÉTICA E FILOSOFIA A questão ética já vem sendo discutida há bastante tempo, pois envolve padrões comportamentais de acordo com cada grupo de pessoas, na própria UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 6 Como sugestão, faça a leitura do capítulo 3, do livro “Convite à filosofia” de Marilena Chauí, que aborda os Campos de investigação da filosofia de forma clara e com linguagem acessível esses quatro períodos da filosofia grega. ATENCAO sociedade, sempre buscando entender os conflitos de interesse da forma mais adequada possível. Contudo, é interessante saber que a ética está relacionada à filosofia, conforme evidenciado por Chauí (2010) nos quatro grandes períodos da filosofia grega, demonstrando a mudança de conteúdo e seu enriquecimento no decorrer destes períodos: 1) Período pré-socrático ou cosmológico, período que vai do século VII ao final do século V a.C., neste momento a filosofia preocupa-se com a origem do mundo e as causas das transformações na natureza. 2) No próximo período, que é o socrático ou antropológico (final do século V e todo século IV a.C.), começam a serem investigadas as questões humanas, ou seja, a ética, a política e as técnicas, buscando saber qual é o lugar do homem no mundo. 3) Chauí (2010, p. 48) descreve o terceiro período como sistemático, que vai do século IV ao final do século III a.C, “quando a filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado pela cosmologia e pelas investigações sobre a ação humana na ética, na política e nas técnicas.” É neste período que se desenvolvem a teoria do conhecimento, a psicologia e a lógica. 4) O último período chama-se helenístico ou greco-romano (final do século III a.C. até o século VI d.C.). Foi o período mais longo e abrange o domínio de Roma e foi quando surgiu o cristianismo. A filosofia preocupou-se neste momento, principalmente, com questões éticas, conhecimento e relações entre homem e natureza e destes dois com Deus. (CHAUI, 2010) Portanto, caro(a) acadêmico(a) a ética já vem sendo discutida há vários anos e se iniciou com os filósofos. TÓPICO 1 | ÉTICA GERAL 7 Além disso, considerando o pensamento filosófico dos antigos, a ética possui três grandes princípios da vida moral, conforme Chauí (2010): 1. por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta virtuosa; 2. a virtude é uma excelência alcançada pelo caráter, tanto assim que a palavra grega que a designa é aretê, que quer dizer “excelência”. É a força interior do caráter que consiste na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados, que existem na natureza de todo ser humano. 3. a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias nem pelos instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de autodeterminação. (CHAUI, 2010, p. 389). Dessa forma, percebe-se que quando a pessoa tem uma conduta ética, ela sabe exatamente o que faz e o que não faz, agindo de acordo com sua consciência, independente dos outros. Essa pessoa tem em sua consciência a razão que guia suas atitudes, não o deixando praticar ações de modo impulsivo ou de maneira descontrolada. A partir disso, podemos identificar que ética e transparência andam juntas e estão relacionadas com a gestão das empresas. Os gestores são responsáveis pela administração das empresas e devem ser os primeiros a dar exemplo desenvolvendo uma prática de gestão guiada pela consciência de cada um e de uma forma racional, conforme será abordado no próximo item. 4 TRANSPARÊNCIA, ÉTICA E GESTÃO A palavra ética tem sido muito mencionada ultimamente em vários segmentos e níveis. São muitas as situações nas quais se comenta que não houve uma postura ética ou que as pessoas envolvidas não agiram de forma ética. Como vimos anteriormente, pode-se dizer que ética é uma ciência que estuda a moral dos atos dos seres humanos, e envolve virtudes, comportamentos e inclusive o meio em que as pessoas estão envolvidas. Ser ético é uma característica importante e envolve outros valores como ser honesto, assumir decisões, ser sensato e justo. As pessoas é que fazem as organizações e são essas pessoas que tomam decisões e representam as empresas. UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 8 Agora, caro(a) acadêmico(a) pare e pense qual das respostas você escolheria nos dois testes, propostos por Leão (2009): 1) Imagine que você tem que optar por um fornecedor para um projeto. Indique qual o seu critério de escolha: a) Menor preço. b) Mais qualificado. c) Aquele que você tem uma boa relação. 2) Supondo que sua empresa tem políticas explícitas que não lhe permitem receber presentes de fornecedores, você age de que forma ao receber um mimo: a) recebe o presente, afinal, é só uma lembrança; b) respeita na íntegra a política e, de forma elegante, devolve o presente; c) pede que o presente seja enviado para sua casa. Já pensou sobre o assunto? A melhor escolha em ambas as questões, seria a alternativa “b”, pois ser ético também é ser imparcial, é fazer uma escolha, na qual você pode assumir sua decisão em público. É avaliar cada decisão que será tomada considerando os seus riscos. As pessoas são responsáveis por atitudes e comportamentos que podem significar o sucesso ou fracasso das empresas. Em um mercado altamente competitivo, outras características estão sendo observadas, pois um erro ou imprudência de um profissional pode ocasionar grandes prejuízos para as entidades, porém existem fatores externos que influenciam nas decisões. Nesse sentido, Arruda (2009, p. 6) menciona que “no mundo dos negócios, a ética analisa ações individuais, sistemas organizacionais e a influência de macrofatores, que não dependem da liderança de uma empresa: tecnologia, acordos internacionais, sistemas econômicos, entre outros.” Por esse comentário, percebe-se que os gestores algumas vezes estão sujeitos a elementos externos, o que os afastam das questões éticas, e que em algumas situações acabam sendo responsáveis por grandes escândalos, tais como ocorreram com a Enron, WorldCom ou Parmalat, entre outras. Essas empresas tentaram enganar seus investidores em potencial por meio da maquiagem das demonstrações contábeis, ocasionando a preocupação com a divulgação e uso de informações relevantes para as companhias abertas. Por esse motivo, as empresas passaram a se preocupar muito mais com a transparência de suas ações. TÓPICO 1 | ÉTICA GERAL9 Alledi Filho e Quelhas (2009) esclarecem que um estudo realizado por Simon Zadek em 2004 revelou que: Por conta dos escândalos recentes envolvendo grandes corporações como Enron e Parmalat, as empresas aprenderam que têm muito a ganhar com a transparência. Ela deixou de ser uma opção ética ou um programa de marketing para se tornar um item fundamental para a sobrevivência das organizações. (ALLEDI FILHO; QUELHAS, 2009, p. 14). Ainda neste estudo, Alledi Filho e Quelhas (2009) divulgam que a empre- sa British Petroleum (BP), companhia de energia, foi considerada a mais transpa- rente dentre as 100 maiores empresas do mundo. A empresa revelou em seu site informações que não são consideradas agradáveis, ou seja, demonstrou na inter- net para quem quisesse acessar informações de que ocorreram 1.604 acidentes de trabalho em 2003, sendo que 20 empregados morreram, representando um núme- ro de mortes maior que no ano anterior, além de informar que a quantidade de óleo despejado no meio ambiente cresceu em 30%. Esses fatos negativos estavam expostos juntamente com questões positivas. Portanto, a empresa demonstrou de forma transparente tanto fatos positivos, quanto negativos. Para Tapscott e Ticoll (2005) apud Alledi Filho e Quelhas (2009 p. 2), “a transparência vai muito além da obrigação de revelar informações financeiras bá- sicas. As pessoas e instituições que interagem com as empresas estão ganhando um acesso sem precedentes a todo tipo de informações sobre o comportamento, as operações e o desempenho corporativos.” A transparência nos conduz a informações relevantes e que podemos con- fiar, conforme mencionam Jesus e Alberton (2007, p. 68) de que “a transparência diz respeito a informações relevantes e confiáveis relativas às atividades da em- presa, à análise dos resultados e da posição financeira, bem como às perspectivas futuras da empresa, entre outras.” Portanto, a credibilidade de uma organização pode estar relacionada com a prática de valores como a honestidade, integridade, respeito com as pessoas envolvidas em todo processo e transparência. Contudo, nada disso é possível se as pessoas que fazem parte do processo não tenham princípios e valores que pos- sam garantir a sustentabilidade para a empresa. Whitaker (2007) explica que o ser humano não é um mero fator de produ- tividade, mas sim o principal elemento da empresa. E complementa: UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 10 UNI Imagino que você já esteja estudando há algum tempo, por esse motivo para se distrair um pouco, vamos fazer um teste! São algumas questões simples do dia a dia. Basta você responder sim ou não. Depois discuta suas respostas com os colegas e seu tutor. QUADRO 1 – TESTE Sim Não 1. Ao sair de um supermercado, você percebe que a caixa lhe deu R$ 50,00 a mais de troco. Você volta e devolve o dinheiro? 2. Você bebeu demais em uma festa e suspeita que esteja acima do limite legal para dirigir. Você volta dirigindo para casa? 3. Você encontrou uma brecha para sonegar imposto de renda, escondendo parte do seu rendimento. Você faz isso? 4. O estacionamento do shopping está lotado – exceto pelas vagas reservadas a deficientes físicos. Você estaciona o carro numa dessas vagas? 5. Você descobre que é possível fazer um “gato” da sua TV por assinatura pagando apenas um ponto. Você faz isso? 6. Você precisa de envelopes e canetas em casa. Você os pega na empresa em que trabalha? Pequenas, médias e grandes empresas que desejarem se projetar no mundo corporativo deverão levantar a bandeira da ética, que trans- parecerá nas ações de seus acionistas, executivos, auditores, colabo- radores, clientes e parceiros. As pessoas é que serão éticas ou não. As empresas no desenvolvimento de suas atividades revelarão o caráter das pessoas que as representam. (WHITAKER, 2007, p. 1). Dessa forma, pode-se perceber a relação entre ética, transparência e ges- tão, no momento em que as empresas demonstram estarem mais preocupadas com questões ambientais e sociais, qualidade de seus produtos, entre outros, es- tão sendo mais transparentes e éticas. A questão da transparência evidencia uma postura responsável e ética com as diversas situações que fazem parte do cotidia- no das empresas, sejam elas positivas e negativas. TÓPICO 1 | ÉTICA GERAL 11 Este teste foi realizado pelo Instituto Gerp, em dez capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Belém, sendo que o objetivo foi testar a noção de certo e errado em situações que podem ocorrer diariamente com as pessoas. A pesquisa constatou que no geral, os brasileiros não se saíram mal (WHITAKER, 2011). Essa pesquisa foi autorizada pelo Sr. Sérgio Charlab, editor-chefe da Revista Seleções Reader’s Digest, sendo a matéria publicada na revista de agosto de 2005. Esse teste de honestidade constava no final da matéria constante na revista e o gabarito é a sua própria consciência. (WHITAKER, 2011). FONTE: Instituto Gerp (Whitaker, 2011). 7. Você encontra uma carteira na rua com R$ 100,00 sem endereço do dono. Você entrega a carteira numa delegacia? 8. Você vê o marido/a mulher de sua melhor amiga/seu melhor amigo andando de mãos dadas com um estranho. Você se sente obrigado a contar ao seu amigo(a)? 9. As toalhas do banheiro do hotel em que você está hospedado são muito bonitas e de boa qualidade. Você coloca uma delas na mala e a leva para casa? 10. Está chovendo e você espera pelo ônibus numa longa fila. Quando o ônibus chega, você percebe que não há lugar para todos e você não vai conseguir entrar se não passar a frente das pessoas. Você fura a fila? 11. Você está dirigindo, voltando para casa, às 21 horas e a rua está quase vazia. Você excede o limite de velocidade em 20 km/h para chegar a sua residência mais rápido? 12. Um amigo oferece a você, de graça, uma cópia ilegal de um caro software de computador. Você o aceita e o instala no seu? UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 12 Para fechamento deste tópico indico como sugestões um documentário e um filme. O documentário é “Os mais espertos da sala”, que aborda a queda de uma das maiores empresas norte-americanas (Enron) após a descoberta de um esquema fraudulento de “maquiagem” contábil. E o filme é “A Firma” que aborda a história sobre um jovem advogado que vai trabalhar com um alto salário e diversas vantagens em uma firma em Memphis. Porém, logo descobre que a empresa onde trabalha está envolvida com lavagem de dinheiro da Máfia e que todos os advogados que saíram ou tentaram sair da firma morreram precocemente, de forma misteriosa. O filme questiona o código de ética, que mantêm em sigilo a relação do advogado com o cliente. ATENCAO 13 Neste tópico, você estudou: • Que o conceito de ética, parece ser bastante simples, pois seria apenas decidir se determinada situação é certa ou errada, contudo vai muito além, pois diariamente, nos relacionamos com outras pessoas e precisamos muitas vezes nos adaptar ao meio em que vivemos. • A ética apresenta-se sempre por normas, cuja base está na moral e que essas normas éticas servem de parâmetros para os atos dos indivíduos e da sociedade. • A ética surgiu com grandes filósofos e está dividida em quatro períodos (pré- socrático, socrático ou antropológico, sistemático e o helenístico ou greco- romano). • As empresas são constituídas por seres humanos, que são responsáveis pelo desenvolvimento das mesmas. A condução das empresas depende da conduta das pessoas e principalmente, de seus gestores que tomam decisões e estas devem estar baseadas na ética, pois desta forma suas ações serão apresentadas de forma transparente. RESUMO DO TÓPICO 1 14 AUTOATIVIDADE Vamos agora fixar o conteúdo que aprendemos, respondendo a algumasquestões: a) Com base no que você estudou, apresente um pequeno texto evidenciando o seu entendimento sobre ética. b) A ética ou moralidade das pessoas ou grupos não consiste meramente no que elas fazem costumeiramente, mas no que elas pensam que é correto fazer, ou são obrigadas a isso (LISBOA, 2007). Pense sobre essa questão e apresente sua ideia sobre isso. c) Transparência e gestão devem estar alinhadas. Você concorda com essa afirmativa, explique os motivos. d) Leia a situação a seguir e avalie a atitude de Miriam quanto aos aspectos éticos. Personagens: I- Miriam Silva, controller da Lex S. A., empresa nacional de grande porte. II- Fred Valverde, diretor econômico e de relações com mercado da Lex S. A. III- José Montenegro, marido de Miriam. Fred Valverde comunicou a Miriam o resultado da reunião de diretoria ocorrida naquela manhã de terça-feira: a empresa teria que realizar as receitas orçadas e levantar capital de giro, o quanto antes, pois estava zerada. Miriam avaliava que não havia condições, no momento, de levantar capital de giro através de empréstimo, já que suas demonstrações contábeis não demonstravam bons números. Na última demonstração de resultado do exercício, o montante das receitas de vendas efetivas era bastante inferior ao valor orçado informado ao banco. Fred sugeriu à Miriam que revisasse as despesas já lançadas, pois poderiam existir valores mal dimensionados. A ideia era aumentar o valor do lucro do exercício, de forma a poder apresentar uma situação mais confortável ao banco. Fred propôs ainda que se mantivesse o valor das vendas em aberto até o final do mês. Após submeter as demonstrações contábeis à auditoria externa, Miriam comunicou a Fred que os auditores recomendaram que a empresa reduzisse o valor da parcela do inventário para que este refletisse seu real valor. O chefe de Miriam, pensando no desejado capital de giro, negou-se a acatar recomendação dos auditores. 15 Já em casa com seu marido, José, que era gerente de outra empresa na cidade, Miriam comentou: “Eles estão me pedindo para manipular informações. Sinto-me dividida. De um lado, sou a consciência da empresa e, de outro, sou plenamente leal a meus superiores.” José disse-lhe, então, que todas as empresas manipulam as informações contábeis, de alguma forma. Acrescentou que, quando a empresa se recuperasse da má-fase, tudo estaria bem. Ele lembrou o quanto o salário de Miriam era importante para o estilo de vida que levavam e que ela não devia tomar qualquer atitude que resultasse na perda do emprego. Miriam decidiu seguir a orientação de seu chefe e o conselho de seu marido. FONTE: LISBOA, 2007. 16 17 TÓPICO 2 OBJETO, OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO DA ÉTICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico abordamos o significado da ética na conduta humana, o objeto, objetivo e campo de aplicação da ética. 2 O SIGNIFICADO DA ÉTICA NA CONDUTA HUMANA Para identificar o significado da ética na conduta humana, é necessário esclarecer antes a que se refere conduta humana, ela nos remete a questão da consciência de cada ser humano. Lacerda (2010, p. 12) menciona que o “certo ético é um certo moral, é o ato correto, é agir bem, independentemente de o ato estar ou não de acordo com leis e códigos”. Lacerda (2010) menciona ainda que a atitude tanto pode ser ilegal e boa, quanto legal e má. O autor cita como exemplo um país onde a prática do aborto é legalizada, nesse caso essa prática é possível, porém para quem é católico esse ato continua sendo reprovado, por uma questão moral. No entanto, nos locais onde o aborto continua sendo ilegal, dependendo da situação a interrupção da gravidez seria um ato correto. Portanto, em qualquer situação a ética está sempre relacionada com a conduta, e qualquer regra de conduta está relacionada com a vontade do ser humano, ou seja, sua capacidade de fazer escolhas, dependendo das circunstâncias. (LACERDA, 2010). Podemos complementar essa questão, mencionando que a sociedade na qual a pessoa está inserida também vai influenciar na sua conduta, sendo que essas normas de conduta já fazem parte de determinada sociedade, de maneira própria e informal. UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 18 Lacerda (2010, p. 13) esclarece que “a conduta de cada individuo em uma sociedade deve ter como objetivo final e referência contribuir para que essa coletividade como um todo possa ser mais agradável”. Essa questão também é abordada por Lisboa (2007) quando menciona que é necessário estabelecer um padrão de comportamento que apesar de não satisfazer uma pessoa individualmente, atende a toda a sociedade. Essa conduta também está relacionada com a atividade profissional, e muitas vezes a conduta verdadeiramente ética vai além dos deveres da Ética propriamente relacionada com a profissão. Lacerda (2010) cita o exemplo de um motorista de taxi, na qual o passageiro esquece a carteira em seu carro. Se o motorista devolve a carteira à autoridade policial, o mesmo está apenas cumprindo suas obrigações profissionais. Contudo, se o taxista devolvesse a carteira diretamente ao proprietário a ação seria mais ética. Utilizando ainda esse exemplo o mesmo taxista também teria a opção de não entregar a carteira nem para o proprietário, nem para a autoridade policial, o que seria outra possibilidade que envolveria uma questão de conduta. Lisboa (2007, p. 23) cita que a questão ética sempre envolve decisões sobre aquilo que é moralmente mais aceito ou condenável. Diante disso, também apresenta outras situações, como por exemplo: “Em casos extremos, há empresários que chegam a afirmar que, se não sonegarem impostos, não conseguirão assegurar a continuidade da empresa. A despeito da verdade ou inverdade da afirmação, é certo que o empresário vive um conflito de interesses: sonegar ou não o imposto de renda”. Pelo que percebemos, a conduta do ser humano também envolve a questão moral, que será abordada no próximo item. 3 ÉTICA E MORAL As questões apresentadas anteriormente envolvem a questão de conduta dos seres humanos e esta conduta está ligada com a moral. Lisboa (2007, p. 23) comenta sobre a situação do “empresário que opta por sonegar impostos como meio de assegurar a sobrevivência de sua empresa, esse empresário estará causando um prejuízo tanto moral quanto financeiro, a grande número de pessoas, um prejuízo coletivo”. TÓPICO 2 | OBJETO, OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO DA ÉTICA 19 Diante disso, podemos dizer que o comportamento do empresário é o objeto da ética, enquanto que a influência do comportamento deste empresário na sociedade, ou seja, o prejuízo com a sonegação de impostos para a sociedade é o objetivo. Conforme Lisboa (2007, p. 22), o objeto e objetivo da ética são: A Ética, enquanto ramo do conhecimento tem por objeto o comportamento humano no interior de cada sociedade. O estudo desse comportamento, com o fim de estabelecer os níveis aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das sociedades e entre elas, constitui o objetivo da Ética. Assim, pode-se definir ética como sendo um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. Com relação ao campo de aplicação, Lisboa (2007) menciona que a ética pode ser vista sob dois pontos distintos, o primeiro enquanto explicação do comportamento humano, em um determinado momento, justificando as ações que resultaram daquele comportamento e o segundo, sendo fonte para que regras de comportamento sejam estabelecidas frente a situações concretas, neste caso possibilita reduzir conflitos de interesse na sociedade ou até mesmo eliminá-los. Chauí (2010) apresenta outras situações das nossas vidas que nos deixam em dúvida sobre qual a decisão devemos tomar. Contudo, muitas vezes essa decisão não está relacionadacom o senso moral, que para Chauí (2010, p. 379) são “nossos sentimentos quanto ao certo e errado, ao justo ou injusto”, mas estão relacionados com a nossa consciência moral, que “não se limita aos nossos sentimentos morais, mas se refere também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros.” (CHAUI, 2010, p. 381). Para ficar mais claro, apresentamos dois exemplos evidenciados por Chauí (2010), conforme segue: O primeiro exemplo é o caso de uma pessoa querida, com uma grave doença, da qual não existe mais solução, uma vez que a pessoa está mantendo- se viva por meio de aparelhos, sendo que a pessoa está inconsciente. Neste caso, seria melhor deixá-la morrer? É possível desligarmos os aparelhos? Não temos o direito de fazer isso? O que seria o correto? O nosso segundo exemplo é a situação de um pai de família desempregado com vários filhos pequenos e a esposa doente. Neste caso, esse pai recebe uma proposta de emprego que vai ser muito rentável, porém ele precisa agir de forma UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 20 desonesta, cometendo irregularidades com o intuito de beneficiar seu chefe. Nesta situação, esse pai deve aceitar o emprego, mesmo sabendo de todas as condições que lhe são impostas? Ou deve recusar e ver seus filhos passando fome e não tendo condições de auxiliar no tratamento de sua esposa? Desta forma, por esses dois exemplos, demonstramos que a decisão pode ir muito além do que é certo ou errado, justo ou injusto, exigindo uma avaliação de conduta, que terá conseqüências para nós e para os outros. TÓPICO 2 | OBJETO, OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO DA ÉTICA 21 LEITURA COMPLEMENTAR SER OU NÃO SER ÉTICO? EIS A QUESTÃO! A questão ética, em seu aspecto teórico, é simples. Levando em conta valores e regras de comportamento, decidimos entre o certo e o errado, entre o bem e o mal e entre o que é bom e o que é mau. O problema é a efetiva prática da conduta ética, especialmente em nossa sociedade atual que sofre a influência dos seguintes fatores: o relativismo; a falsa noção de que aquilo que a maioria faz deve estar certo; o fenômeno da “diluição da responsabilidade”. Quando alguém é questionado por agir ou pensar de maneira diversa ao senso comum, normalmente se justifica afirmando que age ou pensa da forma que bem entende, pois tudo é relativo. Quando se critica uma obra reconhecida por sua beleza – os afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, por exemplo - sob a argumentação de que “gosto não se discute”, percebe-se o quanto o relativismo – doutrina filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade e valor absoluto - pode ser nocivo à sociedade. O relativismo, ao partir do pressuposto de que todo ponto de vista é válido, rejeita a tradição, os critérios acadêmicos, os ideais de verdade e racionalidade e os próprios valores e regras do comportamento ético. Além da nocividade dessa teoria que invadiu a sociedade, a falsa noção de que aquilo que a maioria faz deve estar certo vem perigosamente confundindo as pessoas no campo da ética. “Mas saber o que é certo ou errado nunca pode ser a mesma coisa que saber o que é mais usual. Se fosse demonstrado que o preconceito racial é muito difundido, isso não o tornaria eticamente aceitável. Embora outras pessoas fraudem o imposto de renda, isso não torna moralmente defensável que você o faça” (Jostein Gaarder, “O livro das Religiões”). Ora, a ética não se orienta pelo que a maioria diz, nem busca o que é. Em vez disso, a ética busca o que “deve ser” e se orienta por regras aceitas universalmente, tais como o mandamento do amor – “ama a teu próximo como a ti mesmo” - e o princípio da reciprocidade – “trata os outros como gostaria de ser tratado”. UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 22 Note-se, também, que embora a base da ética seja o senso de responsabilidade, em virtude do fenômeno da “diluição da responsabilidade”, quase ninguém a assume realmente, seja no aspecto individual ou no aspecto coletivo, este identificado como a solidariedade. “Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre em nosso espírito sofrer pedras e setas com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja, ou insurgir-nos contra um mar de provações e em luta pôr-lhes fim? Morrer. dormir: não mais.” O angustiante dilema do príncipe Hamlet – vingar ou não a morte de seu pai - retratado na célebre frase da peça teatral de mesmo nome, escrita por William Shakespeare, serve como pano de fundo e inspiração em qualquer lugar e momento onde ocorram conflitos de consciência, dilemas existenciais e reflexões éticas. Hoje, personificado de príncipe da Dinamarca – Hamlet -, e como ele também incomodado por fantasmas – o dele era o de seu pai assassinado, o meu é o da injustiça e desigualdade que flagelam, excluem e marginalizam – proponho algumas reflexões. Ser ou não ser ético? Agir ou não agir de maneira ética? Eis as questões que todos os membros de nossa sociedade, especialmente os poucos detentores das riquezas – patrimônio e conhecimento - devem responder. Fala-se muito e pouco se pratica a ética. E isto porque a atitude ética, ao priorizar o interesse coletivo ao individual, envolve a partilha das riquezas. Porém os políticos, empresários, profissionais e acadêmicos em vez de agir, protegem seus bolsos com discursos vazios, continuando a vitimar a população carente e vulnerável com suas omissões. FONTE: Rodrigo Mendes Pereira. Disponível em: <http://www.eticaempresarial.com.br/artigos. asp>. Acesso em: 6 out. 2011. 23 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você viu que: • A conduta humana está relacionada com a vontade do ser humano, de acordo com suas escolhas. Essa conduta também pode ser influenciada pela sociedade em que a pessoa está inserida. • O objeto da ética é o comportamento humano, o objetivo da ética é o estudo desse comportamento de modo a garantir a convivência na sociedade. O campo de aplicação da ética pode ser visto sob dois aspectos, o primeiro enquanto explicação do comportamento humano, em um determinado momento, justificando as ações que resultaram daquele comportamento e o segundo, sendo fonte para que regras de comportamento sejam estabelecidas frente a situações concretas. Neste caso possibilita reduzir conflitos de interesse na sociedade ou até mesmo eliminá-los. • Diferença entre senso moral e consciência moral, sendo que o primeiro são nossos sentimentos quanto ao certo e errado, enquanto que a segunda não se limita aos nossos sentimentos morais ou senso moral, mas a avaliação de determinadas situações que nos conduzem a tomar uma decisão que pode ou não ser aceita ou aprovada pela sociedade. 24 AUTOATIVIDADE 1 A conduta humana pode ser entendida como uma questão da consciência de cada ser humano. Tendo em vista que o objeto da ética é o comportamento humano e o objetivo da ética é o estudo desse comportamento de modo a garantir a convivência na sociedade. Responda qual é a relação entre ética e conduta humana. 2 Com base em um exemplo apresentado por Chauí (2010), na qual um pai de família desempregado com vários filhos pequenos e a esposa doente recebe uma proposta de emprego que vai ser muito rentável, porém ele precisa agir de forma desonesta, cometendo irregularidades com o intuito de beneficiar seu chefe. Analisando essa situação, explique qual a diferença entre senso moral e consciência moral. 3 Com relação ao objeto, objetivo e campo de aplicação da ética, analise as seguintes sentenças: I – O objeto da ética é o estudo do comportamento humano no interior de cada sociedade, com o fim de estabelecer os níveis aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das sociedades e entre elas. II – O comportamento humanono interior de cada sociedade é o objeto da ética. III – A ética pode ser vista sob dois pontos distintos, o primeiro enquanto explicação do comportamento humano, em um determinado momento, justificando as ações que resultaram daquele comportamento e o segundo, sendo fonte para que regras de comportamento sejam estabelecidas frente a situações concretas, neste caso possibilita reduzir conflitos de interesse na sociedade ou até mesmo eliminá-los, esse é o campo de aplicação da ética. IV – O objetivo da ética é o estudo desse comportamento de modo a garantir a convivência na sociedade. Agora, assinale a alternativa CORRETA: 25 ( ) Somente a afirmativa I está correta. ( ) Somente a afirmativa III está correta. ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas. ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. 26 27 TÓPICO 3 O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE E A ÉTICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O profissional da contabilidade tem um importante papel na sociedade, pois além de desenvolver suas atividades com competência e dedicação, prestando serviços de forma adequada e correta, esse profissional deve desempenhar seu exercício com zelo, diligência e honestidade. (Resolução CFC 803/96). Quando o profissional da contabilidade desempenha de forma adequada suas tarefas em uma empresa ou em uma organização contábil, prestando um serviço confiável e seguro, várias pessoas estão se beneficiando com essa atitude: famílias prosperam, empresas crescem, além de permitir o desenvolvimento do país. Da mesma forma, quando o profissional da contabilidade atua de maneira inadequada, suas atitudes podem prejudicar a sociedade de maneira geral. Sendo assim, ressaltamos a importância de que as atividades desempenhadas pelos profissionais da contabilidade sejam desenvolvidas seguindo preceitos éticos. Neste tópico, abordaremos inicialmente, o campo de atuação do profissional da contabilidade, as diversas possibilidades em que o profissional pode atuar, seu papel na sociedade, além de problemas éticos que os profissionais podem se envolver. 2 IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NA FORMAÇÃO DA PROFISSÃO CONTÁBIL Para falar sobre a ética na formação da profissão contábil, primeiro apresenta-se quem é esse profissional e após o seu campo de atuação. A partir daí tratamos da importância desse profissional para o desenvolvimento das empresas e do país, e por fim os problemas de conduta que podem acontecer com esses profissionais. 2.1 ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE Para entender quem é o profissional da contabilidade, é necessário apresentar o artigo 1º da Resolução CFC nº 1.167, de 2009, que dispõe sobre o registro profissional dos contabilistas. 28 UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Art. 1º - Somente pode exercer a profissão contábil, em qualquer modalidade de serviço ou atividade, segundo normas vigentes, o contabilista registrado em Conselho Regional de Contabilidade. O parágrafo único deste artigo estabelece que integram a profissão contábil os profissionais habilitados como Contadores e Técnicos em Contabilidade. Portanto, somente podem atuar na profissão os profissionais que concluírem o curso de Técnico em Contabilidade, ou seja, nível médio e aqueles que concluírem o curso superior de ciências contábeis. Atualmente, mais um requisito é exigido, refere-se ao exame de suficiência, uma prova que deve ser feita por estes profissionais para que possam obter o registro profissional e finalmente atuar na profissão. Essa exigência surgiu com a aprovação da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, que em seu artigo 76, alterou o artigo 12º do Decreto-Lei nº 9.295, de 1946, conforme apresentado no quadro a seguir. QUADRO 2 – LEGISLAÇÃO (MUDANÇAS) Decreto-Lei nº 9.295/46 Lei nº 12.249/10 Art. 12 - Os profissionais a que se re- fere este Decreto-Lei somente poderão exercer a profissão depois de regular- mente registrados no órgão competen- te do Ministério da Educação e Saúde e no Conselho Regional de Contabili- dade a que estiverem sujeitos. Art - 12 Os profissionais a que se refere este Decreto-Lei somente poderão exercer a profissão após a regular conclusão do curso de Bacharelado em Ciências Con- tábeis, reconhecido pelo Ministério da Educação, aprovação em Exame de Sufici- ência e registro no Conselho Regional de Contabilidade a que estiverem sujeitos. FONTE: Decreto-Lei nº 9.295/46 e Lei nº 12.249/10. Desta forma, a partir dessa alteração, os profissionais devem realizar o exame e após fazerem sua inscrição no Conselho Regional de Contabilidade com jurisdição no local onde o Contabilista tenha seu domicílio profissional. (Resolução CFC nº 1.167/09). Domicílio profissional é o local em que o profissional exerce a totalidade ou a parte principal das suas atividades profissionais, pode ser como autônomo, empregado, sócio de Organização Contábil ou servidor público. (Resolução CFC nº 1.167/09). DICAS Caro(a) acadêmico(a)! No tópico 5, abordaremos com mais profundidade o exame de suficiência. TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE E A ÉTICA 29 O profissional da contabilidade (contador ou técnico em contabilidade), estando de posse do seu registro profissional, pode atuar em diversas áreas, respeitando os limites de cada categoria. O campo de aplicação da contabilidade é o das entidades econômico- ad ministrativas. São aquelas que para atingirem seus objetivos sejam eles, econômicos ou sociais utilizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo, que pratica os atos de natureza econô mica necessários a seus fins. A contabilidade como ciência tem vasta aplicação para apuração de resulta dos, registro e interpretação destes, sendo utilizada por todas as entidades que desejem obter lucro ou não. Há um sistema contábil específico para cada tipo de informação que se pretenda obter. As principais áreas de atuação são, conforme Marion (2006): 1. Contabilidade Fiscal - participa do processo de elaboração de informa ção para o fisco, e é responsável pelo planejamento tributário da em presa. Essa área de atuação possui uma remuneração bastante atrativa para os profissionais de primeiro nível. 2. Contabilidade Pública - área de controle e gestão das finanças públicas. Este é um campo que possui bastante mercado de trabalho. 3. Contabilidade de Custos – Relaciona-se com o cálculo e interpretação dos custos de bens industrializados. Fornece importantes informações na formação de preço da empresa. 4. Contabilidade Gerencial - voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, por meio de adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial. O controller é um dos profissionais com melhores remunerações no mercado. 5. Auditoria - por meio de empresas de auditoria ou de setores internos da organização, controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pelos administradores. O profissional tem uma remuneração bastante atrativa. Atividade privativa de contador. 6. Perícia Contábil - atua na elaboração de laudos em processos judiciais ou extrajudiciais. Área de atuação exclusiva do contador. 7. Contabilidade Financeira - responsável pela elaboração e consolidação das demonstrações contábeis para fins externos. É a contabilidade geral necessária a todas as empresas. 8. Análise Econômico-financeira - denominação moderna para a análise de balanços. Atua na elaboração de análises da situação patrimonial de uma organização com base em seus relatórios contábeis. UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 30 Além das áreas citadas anteriormente, é importante destacar algumas áreas emergentes em que existe grande perspectiva de crescimento profissional. Es sas áreas poderão vir a ser um grande campo de trabalho: 1. ContabilidadeAtuarial - responsável pela contabilidade de fundos de pensão e empresas de previdência privada. 2. Contabilidade Ambiental - responsável por informações sobre o impac to ambiental da empresa no meio ambiente. 3. Contabilidade Social - dimensionando o impacto social da empresa, com sua agregação de riqueza e seus custos sociais, produtividade, distribuição da riqueza etc. UNI Se você já está estudando a mais de uma hora, que tal levantar, dar uma volta e tomar um copo d’água! O profissional contábil, no exercício de sua profissão, poderá atuar em diversas áreas pertinentes, em entidades públicas ou privadas. A figura a seguir ilustra algumas das possibilidades. (MARION, 2006, p. 35): TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE E A ÉTICA 31 FONTE: Marion (2006). FIGURA 1 – ÁREAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL CONTADOR VISÃO GERAL DA PROFISSÃO CONTÁBIL ESPECIALIZAÇÃO Na Empresa Independente (Autônomo) No Ensino Órgão Público Planejador Tributário Analista Financeiro Contador Geral Cargos Administr. Auditor Interno Contador de Custo Contador Gerencial Contador Internacional Auditor Independente Consultor Empresário Contábil Perito Contábil Investig. de Fraude Professor Pesquisador Escritor Parecerista Conferencista Contador Público Agente Fisc. de Renda Diversos Conc. Públ. Tribunal de Contas Oficial Contador Orientador dos Processos Tributários/ICMS/IR/ e outros, bem como o Especialista em Funções, Incorporações e Cisões. Analista de Crédito, Desempenho, Mercado de Capitais, Investimentos, Custos. Poderá especializar-se e, Contabilidade: Rural, Hospitalar, Fiscal, Imobiliária, Hotelaria, Industrial, Securitária, de Condomínio, Comercial, de Empresas Transportadoras, Bancária, Pública, de Empresas de Turismo, de Empresas Mineradoras, Corporativas. Área Financ., Com. Exterior, CIO (Chief Financial Officer), Executivo, Logística. Auditoria de Sistema, Auditoria de Gestão, Controle Interno. Custos de Empresa, Prestadoras de Serviços, Custos Industriais, Análise de Custos, Orçamentos, Custos do Serviço Público. Controladoria, Contabilidade Internacional, Cont. Ambiental, Cont. Estratégica, Controladoria Estratégica, Balanço Social, Accountabilty Contador que se especializa em Legislação Internacional: IFRS Especialização em Sistemas, Tributos, Custos. Expert em Avaliação de Empresas, Tributos, Comércio Exterior, Informática, Sistemas, Custos, Controladoria, Qualidade Total, Planej. estratégico, Orçamento. Escritório de contabilidade, "Despachanre" (Serviços Fiscais, Depart. Pessoal...), Centro de Treinamento. Perícia Contábil, Judicial, Fiscal, Extrajudicial. Detecta o lado "podre" da empresa. Empresas na Europa e EUA contratam às vezes até semestralmente esses serviços. Cursos Técnicos, Cursos Especiais (In Company, Concursos Públicos...), Carreira Acadêmica (mestre,doutor...). Pesquisa Autônoma (Recursos FAPESP, CNPq, Empresas...), Fundação de Pesquisa (Fipecafi, FIA, FIPE,...) Pesquisas para Sindicatos, Instituições de Ensino, Órgãos de Classe Há revistas/boletins que remuneram os escassos escritores contábeis, Livros didáticos e técnicos, Articulista Contábil/ Financeiro/Tributário para jornais, revisão de livros. Docente e Pesquisador com currículo notável. Parecer sobre: laudo pericial, causa judicial envolvendo empresas, avaliação de empresas, questões contábeis. Palestra em Universidades, Empresas, Convenções, Congressos. Gerenciar as finanças dos órgãos públicos. Agente fiscal de Municípios, Estado e União. Controlador de Arrecadação, Contador do Ministério Público da União, Fiscal do Ministério do trabalho, Banco Central, Analista de Finanças e Controle. Controladoria, Fiscalização, Parecerista, Analista Contábil, Auditoria Pública, Contabilidade Orçamentária. Polícia militar, exército, contador e auditor com a patente de general de divisão. UNIDADE 1 | ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL 32 Pela figura anterior é possível verificar que a atuação do profissional da contabilidade é bastante ampla, podendo atuar em empresas nos diversos segmentos, também sendo autônomo, ou seja, de forma independente, sendo empresário em uma organização contábil, ou na área de auditoria ou perícia. Para Marion (2006), a auditoria é “o exame, a verificação da exatidão dos procedimentos contábeis.” A auditoria pode ser externa, na qual o profissional não é empregado da empresa que está realizando o trabalho de auditoria ou interna, quando o profissional é empregado da empresa, sendo responsável pelos controles internos da empresa. (MARION, 2006). Na perícia, o profissional atua em processos judiciais, quando solicitado pela Justiça. Tanto o auditor, quanto o perito são atribuições exclusivas do contador, o técnico em contabilidade não pode atuar nestas áreas. Pode atuar ainda, na área do ensino, sendo professor, tanto em nível médio quanto superior, ou pesquisador entre outros. Além disso, pode desenvolver atividades na área pública, e neste caso, o profissional precisa realizar concurso público. Algumas modificações na forma de atuação dos profissionais da contabilidade foram ocasionadas com o advento da Lei nº 11.638 de 2007, que alterou e revogou alguns dispositivos da Lei nº 6.404 de 1976. Sendo assim, é possível que exista uma melhora no campo de atuação dos contadores e técnicos em contabilidade, porém eles precisam estar atualizados para entender as modificações ocorridas. 2.2 O PAPEL DO PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE NA SOCIEDADE A importância do papel do profissional da contabilidade pode ser percebida há muitos anos, todavia, a forma como a contabilidade é utilizada e modificada ao longo dos anos. Segundo Iudícibus (2004), a origem da contabilidade surgiu com os primeiros sinais objetivos da existência de contas mencionados por alguns historiadores, aproximadamente 2.000 anos a.C. A contabilidade teve uma lenta evolução até o surgimento da moeda, porém a preocupação dos homens com as propriedades e riquezas era uma constante e continua sendo até hoje. À medida que as atividades foram se tornando mais complexas e ampliando suas dimensões de atuações, o instrumento de avaliação da situação patrimonial, ou seja, a contabilidade teve que se adaptar. (IUDÍCIBUS, 2004). Percebe-se que a contabilidade vem sendo necessária ao longo dos anos e, consequentemente, seus profissionais que são os responsáveis pela elaboração dessas informações que são utilizadas pelos gestores, também são importantes. TÓPICO 3 | O PROFISSIONAL DA CONTABILIDADE E A ÉTICA 33 Com relação ao profissional da contabilidade, Marion (2006) informa que sua função básica é a de produzir informações que sejam úteis aos usuários da Contabilidade para fins de tomada de decisões. Marion (2006) ressalta ainda, que “em nosso país, em alguns segmentos de nossa economia, principalmente, na pequena empresa, a função do contador foi distorcida (infelizmente), estando voltada exclusivamente para satisfazer às exigências do fisco.” Contudo, percebe- se que essa imagem aos poucos está mudando, verificando-se que os empresários estão utilizando as informações prestadas pela contabilidade como auxilio na tomada de decisões. (MARION, 2006). É aconselhável que os gestores das organizações compreendam a utilidade da informação contábil e de suas limitações. Os presidentes e diretores de empresas, os administradores de hospitais e de escolas, os gerentes de vendas e os políticos ficam mais bem preparados para exercer suas funções quando conseguem entender razoavelmente as informações contábeis e delas fazerem uso. (OLIVEIRA et al., 2009). Oliveira et al. (2009, p. 2) mencionam ainda que: Quanto mais os gestores souberem de Contabilidade, melhor poderão planejar e controlar
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