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HISTORIA DE MATO GROSSO DO SUL

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HISTÓRIA DE MATO GROSSO DO SUL
Professor Vivan
Das diversas nações indígenas que habitavam a região sul-mato-grossense, antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus, destacaram-se os caiapós, os guaicurus e os paiaguás, divididos em várias tribos. Todas opuseram forte resistência à penetração do homem branco em seus territórios. Na região mato-grossense, os bandeirantes encontraram, desde as primeiras explorações, os parecis e bororos; tribos que nos primeiros contatos sofreram violentos ataques dos bandeirantes, os quais estavam ainda buscando sua sobrevivência econômica por meio da captura e escravização de indígenas do interior do Brasil. As principais Missões Jesuíticas eram: Guayrá, Tape e Itatim e foram totalmente destruídas pelos bandeirantes.
Tribos e suas características:
· Paiaguás – habilidosos canoeiros que dominavam os rios;
· Guaicurus – excelentes cavaleiros;
· Caiapós – destacaram-se por sua resistência ao homem branco.
Obs.: Guaicurus – terror da região do Pantanal e Chaco Paraguaio de 1720 a 1780 fizeram acordos de paz com os portugueses e os espanhóis. Hoje há 1.200 deles que se chamam Kadiwéus e moram no Mato Grosso do Sul. Afirma-se que o primeiro europeu a pisar o chão sul-mato-grossense foi o português Aleixo Garcia, que partiu do litoral sul do Brasil para tentar alcançar as Minas do Peru, na primeira metade do século XVI. Já os descobridores de ouro nas proximidades do Rio Cuiabá foram os bandeirantes paulistas, principalmente depois da Guerra dos Emboabas (1708/1709), conflito que levou muitos deles a deixar a região de Minas Gerais. Foi Pascoal Moreira Cabral que chegou primeiro as minas de Cuiabá. O calendário marcava o dia 8 de abril de 1719 quando foi assinada a ata de fundação do arraial de Cuiabá (na localidade denominada de Forquilha). Pandiá Calógeras importante historiador brasileiro, afirmou que entre 1719 e 1770, na região de Mato Grosso, foram retirados perto de quatro mil arrobas de ouro (aproximadamente sessenta toneladas). Em 9 de maio de 1748, a Coroa portuguesa desmembrou a região de Mato Grosso da Capitania de São Paulo. A nova capitania teve como primeiro governador D. Antônio Rolim de Moura. Uma das dificuldades encontradas para iniciar o povoamento da parte sul de Mato Grosso foi a proibição feita pelo governador D. Rodrigo de Menezes do trânsito pela região da Vacaria, antiga rota percorrida por bandeirantes, inclusive por Moreira Cabral, que incluía os rios Pardo, Anhanduí, Aquidauana e Miranda. A proibição tinha por objetivo dificultar o contrabando de ouro.
Atenção! Como a maioria das tribos mostrava-se resistente às tentativas de dominação, fosse combatendo os bandeirantes ou evitando o assédio dos jesuítas, as autoridades declararam a Guerra Justa, ou seja, a guerra de extermínio.
 Problemas e definição de fronteiras:
Lembremos que Portugal fundou na Margem esquerda do Rio Prata, próximo a Buenos Aires, a famigerada Colônia do Sacramento. Essa atitude fazia parte dos planos portugueses de estender seus domínios até o Rio Prata, região que pelo Tratado de Tordesilhas pertencia à Espanha. Importante! Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, que estabelecia que Portugal ficaria com as terras ocupadas a Oeste da Linha de Tordesilhas ( atuais Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás) e a região dos Sete Povos das Missões. Em troca, a Colônia do Sacramento seria entregue à Espanha. Esse Tratado foi defendido pelo brasileiro Alexandre de Gusmão, que utilizou a favor da Coroa portuguesa o princípio do uti possidetis, ou seja, o direito natural de posse de quem ocupa uma área. Em 1775, D. Luís de Albuquerque e Cáceres, fundou o Forte Coimbra, considerando a estratégia portuguesa de ocupação das terras sul-mato-grossenses.
HISTÓRIA DO MATO GROSSO DO SUL – 2ª PARTE:
Sob a conjuntura de Independência e o Império:
A situação da capitania de Mato Grosso era extremamente precária. O problema da falta de recursos para pagar as tropas e dar mais segurança ao seu território perdurava havia décadas, sem que os governantes, até os mais bem-intencionados, conseguissem resolvê-lo. A população, em sua maioria, sentia evoluir seu empobrecimento. Ao norte, os principais centros administrativos rivalizavam entre si – Cuiabá, a vila mais antiga, procurava atrair para si mais privilégios do que a capital da capitania, Vila Bela. A partir desse contexto de disputas entre Cuiabá e Vila Bela, inicia-se a formação das Juntas Governativas que levará Cuiabá a hegemonia política na região. Por fim, em 1825, chegou a Cuiabá o presidente da Província, o Tenente-coronel José Saturnino da Costa Pereira, nomeado pelo Imperador D. Pedro I. A vida política na Colônia foi sempre muito agitada, conforme vimos anteriormente, e um dos mais tristes exemplos da violência política em Mato Grosso foi a rebelião que ficou conhecida como Rusga. No dia 30 de maio de 1834, com a conivência do Governador Paupino Caldas, teve início uma chacina dos portugueses que viviam em Cuiabá. Estes considerados inimigos dos brasileiros porque exploravam e oprimiam a população no comércio que desenvolviam e, ainda, representavam a idéia de dominação da Metrópole, odiada pela população e responsabilizada por todos os infortúnios da capitania. Os bicudos ou caramurus, como eram chamados os portugueses, eram retirados de suas casas e executados.
Das provocações à Guerra do Paraguai:
Em algumas ocasiões, entre 1819 e 1850, presidentes da província de Mato Grosso ordenaram intervenções militares a localidades paraguaias, porém seus exércitos foram repelidos pelos paraguaios e esses governantes acabaram sendo exonerados do cargo pelo governo imperial. Em 1855, sob a presidência de Augusto Leverger, a sede do governo e o comando militar foram fixados no Forte Coimbra, por receio das intenções da República do Paraguai, nessa época governada por Antônio Carlos Lopes. O contexto econômico começa a mudar a partir de 1837, quando entra em funcionamento a Companhia fluvial Paulista, que passou a fazer transporte pelos rios Tietê e Paraná e onde mais tarde colocaria pequenos barcos a vapor. Mesmo assim, as atividades econômicas não eram suficientes para alavancar o progresso da região. Para a grande maioria de sua população, a vida era extremamente difícil. Em determinadas épocas, os preços dos gêneros de primeira necessidade sofriam uma alta repentina, como conseqüência dos obstáculos naturais à circulação de pessoas e mercadorias. Em 1850 é sancionada a Lei de Terras, ou seja, os terrenos ocupados receberiam título de propriedade. Com isso, verifica-se que, ao principiar a Guerra do Paraguai, em 1864, as terras do sul de Mato Grosso já não constituíam vazios absolutos. No ano de 1858, Antônio Carlos Lopes, então presidente do Paraguai, assinou, juntamente com o visconde do Rio Branco, um acordo de livre navegação pelos rios Paraná e Paraguai. A medida trouxe grandes benefícios a Corumbá, que passou a ter um porto bastante movimentado, exportando charque, couro e chifres e importando manufaturados europeus. A Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai teve início quando Mato Grosso era governado pelo General Manoel albino de Carvalho. Este deveria ter sido substituído pelo Coronel Carneiro de Campos, que viajava rumo à província a bordo do navio Marquês de Olinda, cujo aprisionamento pelos paraguaios, em novembro de 1864, foi considerado uma declaração de guerra. O exército paraguaio, sob o comando do Coronel Vicente Barrios, atacou, em 27 de dezembro de 1864, o Forte Coimbra, cuja defesa estava a cargo do Tenente-Coronel Hermenegildo Porto Carrero, que, apesar do “heroísmo” demonstrado por seu pequeno contingente, teve que se render ao inimigo. O alvo paralelo dos paraguaios foi a colônia Militar de Dourados, atacada pelo Capitão Martin Urbieta, em 29 de dezembro de 1864. Os paraguaios contavam com duzentos e cinqüenta homens contra apenas quinze soldados brasileiros, comandados pelo Tenente Antônio João Ribeiro. Por outro lado, Corumbá, cuja defesa deveria ser feita pelo coronelCarlos Augusto de Oliveira, foi invadida pelas tropas do Paraguai sem oferecer qualquer resistência. A exceção que deve ser sempre lembrada foi a atitude corajosa do Tenente João Oliveira Melo, que salvou a vida de quatrocentos habitantes locais, ajudando-os em sua retirada para Cuiabá. Centenas de soldados brasileiros morreram em Mato Grosso, vitimados pela varíola e pela cólera, principalmente a partir de 1867, quando ocorreu o episódio conhecido como Retirada da Laguna (retirada forçada dos soldados brasileiros). Terminada a guerra em março de 1870, após a morte de Solano Lopes em Cerro Corá, na fronteira com Mato Grosso, iniciou-se a tarefa de reconstrução da província de Mato Grosso. O Brasil saiu da guerra com uma dívida externa extremamente alta – cerca de seiscentos mil contos de réis. Desde 1869, Corumbá voltara a ser porto de importação e exportação, para abastecer as regiões do centro-oeste brasileiro. Isentando-a de tributação alfandegária, o governo imperial permitiu que essa cidade rapidamente se recuperasse. Um dos auxiliares na demarcação dos limites entre Brasil e Paraguai, no pós-guerra, Tomás Laranjeira deu atenção especial à extensa vegetação nativa de erva-mate, que corria pela linha fronteiriça entre as nascentes do Rio Apa e as Sete quedas, iniciando, com mão-de-obra de gaúchos e paraguaios, uma atividade que lhe rendeu um grande lucro, resultando assim na criação da empresa Companhia Mate Laranjeira, em sociedade com os irmãos Murtinho. Em 1895, foi instalado o Porto Murtinho e, em função disso, a atividade da erva-mate tornou-se o carro-chefe da economia regional, sendo exportada em grande quantidade para a Argentina, onde era beneficiada e revendida. Nioaque ressurgiu, a partir de 1877, como distrito militar, com a denominação de Levergeria (homenagem a Leverger, que após a guerra recebeu o título de Barão de Melgaço), porém, para os habitantes, o antigo nome prevalecia. Nesse tempo, o presidente da província era o General Hermes da Fonseca (irmão de Deodoro da Fonseca).
Não Esqueça!
· Rusga – foi uma rebelião ocorrida em Cuiabá, em 1834, que envolveu importantes figuras da elite local. Esse conflito resultou na chacina de portugueses que moravam naquela vila, principalmente comerciantes, que eram considerados inimigos dos brasileiros.
· Após a Guerra do Paraguai, Tomás Laranjeira começou o extrativismo de erva-mate no extremo sul de Mato Grosso, vindo a fundar a companhia Mate Laranjeira. 
DIVISIONISMO DE MATO GROSSO DO SUL:
 Os governos dos períodos denominados República Velha (1889-1930) e República Nova (1930-1945) foram bastante agitados em Mato Grosso (inclusive na década de 1950). Diversos fatores contribuíam para essa situação, entre os quais podemos citar:
· a pobreza geral do território mato-grossense, que, mesmo apresentando uma recuperação notória nos últimos anos do século XIX, ainda tinha uma economia bastante atrasada, baseada na pecuária e no extrativismo de erva-mate;
· a falta de infra-estrutura e a morosa ligação com os principais centros econômicos e políticos do país, o eixo Rio-São Paulo – nesse sentido, mais tarde, com os esforços de alguns governadores, seriam construídas ferrovias e estradas de acesso a Mato Grosso, além do árduo trabalho executado pela missão chefiada por Cândido Rondon para instalar o telégrafo na região;
· as disputas políticas, especialmente durante a República Velha, entre os diversos grupos regionais, guiados pelos chefes políticos, comumente denominados de “coronéis” grandes latifundiários ávidos pelo poder.
· uma forte presença de oficiais militares ocupando cargos públicos, como o de governador do estado, gerava com mais facilidade a eclosão de movimentos armados.
O Movimento Divisionista caracterizou-se por aspectos socioeconômicos, políticos e culturais, que visavam a emancipação político-administrativa do Sul de Mato Grosso. A criação do Estado de Mato Grosso do Sul é resultado de um longo movimento com essas características, que permearam sua formação histórica recente. A forma como se desenrola o processo do divisionismo assume, em cada período histórico, uma conotação distinta que é uma das peculiaridades que entremeiam a história de Mato Grosso do Sul. O Movimento divisionista tem sua origem em 1889, quando alguns políticos corumbaenses divulgaram um manifesto no qual propunham a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá. A atitude desses políticos não foi vitoriosa, mas mostrou que essa tímida ação permitia marcar o início de uma longa história de luta. A importância sócio-econômica e política do Sul de Mato Grosso acentuam-se, na medida em que ocorre a sistematização da criação do gado, a posse da terra e a formação de vilas e de cidades, concomitante a esses fatores ocorre a instalação da Companhia Matte-Laranjeira e a ligação ferroviária entre o Sul de Mato Grosso e São Paulo, fortalecendo também, econômica e politicamente alguns dos grandes proprietários rurais da região. Tais acontecimentos marcaram a origem do movimento divisionista. Este pode ser compreendido em quatro grandes fases que acompanham a evolução histórica do Estado no período republicano.
Primeira Fase (1889-1930):
Marcada pela formação das oligarquias sul mato-grossenses que lutam pelo reconhecimento da posse da terra fazendo oposição aos privilégios da Companhia Matte-Laranjeira. Nessas lutas políticas, nos ervais e Campos de Vacaria, se manifesta a idéia divisionista. As oligarquias sulinas uniram-se, nas primeiras décadas da República Velha às de Cuiabá, adversárias da Companhia Matte-Laranjeira, pois tinham interesses nos ervais. Através dessa aliança, as oligarquias sul-mato-grossenses fizeram oposição armada ao governo estadual e à referida companhia. Inicialmente, o movimento divisionista não tinha um plano, um programa político definido e seus objetivos quase sempre se confundiam com os interesses pessoais do coronel. Em 1921, transfere-se de Corumbá para Campo Grande a sede da Circunscrição Militar, hoje Comando Militar do Oeste. Na ocasião Pandiá Calógeras, então Ministro da Guerra do governo de Epitácio Pessoa, transformou Campo Grande em sentinela da paz e do progresso, ou seja, tornou-a uma capital militar. Com a transferência e com o aumento do contingente militar no Sul de Mato Grosso, as oligarquias sulinas, decepcionadas com as antigas alianças, unem-se aos militares que trazem consigo uma vivência política diferente, grandemente marcada pelo movimento tenentista que influencia o Movimento Divisionista, embora a presença dos mesmos objetivasse manter a ordem e a disciplina no Sul de Mato Grosso, além de coibir manifestações divisionistas. A este fato é somada a regularização das viagens ferroviárias, que propiciam a chegada de novos migrantes e a dinamização da economia sul-mato-grossense. Outro reflexo das viagens ferroviárias é a vinculação do Sul de Mato Grosso com a economia paulista e o conseqüente desenvolvimento das cidades exportadoras de gado, particularmente Campo Grande, que se torna o centro do eixo econômico no Estado. Tal crescimento possibilita a formação de novas lideranças políticas ligadas ao comércio e a outras atividades profissionais e um crescimento demográfico na região sul-mato-grossense. Esse quadro de novos fatores de ordem sócio-econômica e política trazem significativas mudanças no movimento divisionista, que extrapola os ervais e atinge as cidades exportadoras de gado, especialmente Campo Grande. É o início da urbanização do movimento.
Segunda Fase (1930-1945):
É o período em que o movimento começa a se organizar e gradativamente as lutas armadas são substituídas por pressões políticas junto ao Governo Federal. As oligarquias sulinas que eram dissidentes no Estado passam a apoiar a “Revolução de 1930” – liderada por Getúlio Vargas, e, posteriormente a Revolução Constitucionalista de 1932, como intuito de obter apoio para o movimento de divisão no Estado. No decorrer da Revolução Constitucionalista, o General Bertoldo Klinger, comandante militar do então Mato Grosso rompe com o GovernoFederal e institui o Estado de Maracajú, nomeando Vespasiano Martins para governador. Campo Grande é elevada à categoria de capital político-administrativa do novo Estado. Entretanto, após três meses, os constitucionalistas são derrotados, o Estado de Maracajú é extinto e Campo Grande perde o “status” de capital político-administrativa. Dois anos depois, em 1934, o Congresso Nacional reunia-se para elaborar uma nova Constituição. Jovens estudantes fundam a Liga Sul-Mato-Grossense, que, inicialmente, objetivava angariar apoio dos sul-mato-grossenses para o manifesto que seria encaminhado ao presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga coleta treze mil assinaturas, com o propósito de sensibilizar o Governo Federal, particularmente os constitucionalistas, para que eles aprovassem a divisão do Estado de Mato Grosso, quando da elaboração da nova Constituição. Após a sua promulgação, os divisionistas são derrotados e Getúlio Vargas adota a política nacionalista “Marcha para o Oeste”, que visava, entre outras coisas, a segurança das fronteiras. Assim, em 1934, Getúlio Vargas manda instalar novas unidades militares no sul de Mato Grosso com o intuito de manter a ordem e o progresso na região e também providenciar para que seja sufocado o movimento divisionista. Os sul-mato-grossenses são envolvidos pela política de Getúlio Vargas; a Companhia Matte-Laranjeira adapta-se a ela e altera sua estratégia em relação à unidade estadual, pois os ervais estavam devastados e a política do Instituto Brasileiro do Mate, criado por Vargas, não lhe possibilitava grandes lucros. Por isso, ela permite que o governo estadual regularize as posses de terras dos moradores dos ervais, em troca de indenizações sobre arrendamentos. Em 1943, Getúlio Vargas, em nome da segurança das fronteiras, cria o Território de Ponta Porá e o Território de Guaporé (hoje Rondônia), que deixa Campo Grande, a principal cidade autônoma, de fora da nova unidade. A criação desse território não atendeu aos interesses divisionistas, não satisfez a política da Companhia de Matte- Laranjeira e também não agradou ao Governo do Estado de Mato Grosso. Nesse período, o Sul de Mato Grosso é marcado por grande prosperidade, mas não o suficiente para equilibrar as finanças no Estado. Percebe-se ainda, a formação de novas oligarquias e a Companhia de Matte-Laranjeira, aos poucos, retira-se dos ervais.
Terceira Fase (1945-1964):
Após a deposição de Getúlio Vargas, com a ascensão de Eurico Gaspar Dutra (cuiabano), em 1946, os sul-mato-grossenses tentam a transferência da capital de Cuiabá para Campo Grande. Ele adota uma postura de redomocratização do País, que reforça a política de integração nacional, incentivadora da manutenção da unidade estadual. Em 1946, após a promulgação da Constituição, o Governo Federal extingue o Território de Ponta Porá, reintegrando a região ao Estado de Mato Grosso. Novamente frustrados, devido à fraca representatividade política em âmbito estadual e federal, os sul-mato-grossenses, mantêm-se fiéis ao seu objetivo: transformar Campo Grande em uma capital, haja vista a prosperidade da mesma em relação à Cuiabá.
Quarta Fase (1964-1977):
Com o golpe militar (1964), as oligarquias ligadas ao movimento divisionista aproximam-se dos militares, tomando parte de algumas comissões que estudavam (secretamente) as potencialidades econômicas do Estado, bem como as dificuldades políticas que impediam a divisão. Os militares, buscando um maior controle dos problemas da sociedade, adotam a política do desenvolvimento com segurança, que tornou possível a criação de programas que atenderam a alguns Estados, entre eles Mato Grosso. Após vários estudos, negociações e acordos políticos, o Presidente Ernesto da Silva Geisel assina, em 11 de outubro de 1977, a Lei Complementar Nº 31/77, criando o Estado de Mato Grosso do Sul. Nessa fase, a Companhia Matte-Laranjeira mantinha apenas algumas fazendas de gado, visto que o seu principal interesse econômico de outrora, a erva-mate, agora era explorado por ervateiros autônomos. Na divisão, Mato Grosso ficou com trinta e oito municípios e com uma população estimada de 900.000 habitantes em 1977, distribuído em 881.000 km². Mato Grosso do Sul passava a compreender cinqüenta e cinco municípios, com uma população estimada (1977) de 1.400.000 habitantes, numa área de cerca de 350.000km2. (WEINGÄRTNER, Alisolete).
Os Governos de MS:
A mais nova unidade da federação, criado em 11 de outubro de 1977, somente foi efetivamente instalada no dia 1º de janeiro de 1979, com a posse do Dr. Harry Amorim Costa, engenheiro gaúcho e ex-presidente do Departamento Nacional de Obras e Saneamento, nomeado pelo Presidente da República para instalar e governar o novo Estado de Mato Grosso do Sul. Por ser um “estranho no ninho”, isto é, por ser natural de outro Estado, os líderes políticos sul-mato-grossenses fizeram tamanha pressão junto ao Governo Federal (João Batista de Oliveira Figueiredo) que, resultou na exoneração do Dr. Harry Amorim Costa no dia 12 de junho de 1979, ficando no poder por apenas cinco meses e doze dias. Londres Machado, deputado estadual e, Presidente da Assembléia Legislativa, assumiu o governo como substituto interino no período de 12 de junho até 29 de junho, isto é, por dezenove dias. Dr. Marcelo Miranda Soares, engenheiro, nomeado e empossado como governador em 29 de junho de 1979, sofreu também, muitas pressões políticas, acabando por ser exonerado em 30 de outubro de 1980, governando o Estado por um ano e quatro meses. Londres Machado mais uma vez, assume o governo interinamente no período de 30 de outubro até 7 de novembro de 1980, isto é, por nove dias. Dr. Pedro Pedrossian, engenheiro civil, ex-governador do Estado de Mato Grosso - uno, no período de 31 de janeiro de 1966 a 31 de janeiro de 1971 e quando da criação do Estado de Mato Grosso do Sul era Senador da República; sendo nomeado e empossado no governo deste Estado 7 de novembro de 1980, conduzindo a sua administração até 15 de março de 1983.
Dr. Wilson Barbosa Martins, advogado, ex-prefeito de Campo Grande (31/01/59 a 7/08/62), ex-deputado federal, foi o primeiro governador eleito pelo voto popular do Estado de Mato Grosso do Sul, assumindo em 15 de março de 1983 e, licenciando-se em 15 de maio de 1986 para candidatar-se a uma vaga no Senado Federal. Dr. Ramez Tebet, promotor público, sendo o vice-governador do Dr. Wilson, assume o governo em 15 de maio de 1986 e, conclui o mandato em 15 de março de 1987. Dr. Marcelo Miranda Soares, desta feita, eleito pelo voto popular assume o governo em 15 de março de 1987, encerrando o seu mandato em 15 de março 1991. Dr. Pedro Pedrossian, pela segunda vez no governo sul-mato-grossense, tomou posse em 15 de março de 1991 e, encerrou o seu mandato em 1º de janeiro de 1995.
Dr. Wilson Barbosa Martins, também pela segunda vez, assumiu o governo em 1º de janeiro de 1995 e, teve um período de governo muito tumultuado por greves em todos os setores da administração pública; foram implantadas em seu governo as privatizações de órgãos estatais e também, o PDV – Plano de Demissão Voluntária do funcionalismo estadual, para enxugamento da máquina administrativa. Encerrou o seu mandato em 1 de janeiro de 1999. José Orcírio Miranda dos Santos, acadêmico de Direito na FUCMT e ex-deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores – PT, por duas legislaturas consecutivas é o atual governador do Estado de Mato Grosso do Sul, tendo assumido em 1 de janeiro de 1999. Foi reeleito em 2002 e assumiu o segundo mandato consecutivo a partir de 1 de janeiro de 2003. Em 2001, o Estado ganhou o certificado internacional de área livre de febre aftosa com vacinação. O Governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, conseguiu aprovar na Assembléia Legislativa o Fundo de Desenvolvimento Rodoviário de Mato Grosso do Sul (Fundersul), o qual é constituído com recursos obtidos com a cobrança por cabeça de gado abatido. Essa verba deverá ser utilizada para melhorias na rede rodoviária do Estado de Mato Grosso do Sul. O Estadode Mato Grosso do Sul, como todos os outros Estados, possui seus símbolos oficiais: a bandeira, o brasão de armas e o hino estadual. A bandeira do estado de Mato Grosso do Sul foi desenhada por Mauro Miguel Munhoz. De formato retangular, tem na parte superior esquerda um triângulo de cor verde, separado por uma faixa branca, em diagonal e, na parte inferior direita, um trapézio de cor azul com uma estrela dourada de cinco pontas.
 As cores na bandeira significam:
· verde: riqueza das matas e campos;
· branco: paz e amizade;
· azul: céu de esperança;
· amarelo: riqueza produzida pelo trabalho.
O brasão de armas do estado de Mato Grosso do Sul é representado por um escudo contendo uma estrela e uma onça-pintada. Emoldurando o escudo, aparecem as estrelas que representam os municípios do Estado. Em torno do escudo podemos observar ramos de café e erva-mate, que simbolizam a cultura do Estado. Na parte superior, representando o Sol, aparecem dez raios. A fita azul, abaixo do brasão contém a data da criação do Estado de Mato Grosso do Sul: 11 de outubro de 1977. O brasão de armas foi criado por José Luiz de Moura Leite. É usado em repartições oficiais do estado, nos documentos expedidos pelo governador, nas escolas e nos quartéis. O hino de Mato Grosso do Sul foi escolhido por meio de concurso. A letra é de Jorge Antônio Siufi e Otávio Gonçalves Gomes, e a música é do maestro Radamés Gnatalli.
“Os celeiros de farturas, 
Sob um céu de puro azul, 
Reforçaram em Mato Grosso do Sul 
Uma gente audaz.
Tuas matas e teus campos, 
O esplendor do Pantanal, 
E teus rios são tão ricos 
Que não há igual.
A pujança e a grandeza 
de fertilidades mil, ..... Estribilho 
São o orgulho e a certeza 
Do futuro do Brasil.
Moldurados pelas serras, 
Campos grandes: Vacaria, 
Rememoram desbravadores, 
Heróis, tanta galhardia!
Vespasiano, Camisão 
E o tenente Antonio João, 
Guaicurus, Ricardo Frando, 
Glória e tradição!
A pujança e a grandeza 
De fertilidades mil, ..... Estribilho 
São o orgulho e a certeza 
Do futuro do Brasil.”
Não esqueça!
· Após a Guerra do Paraguai (1864-1870), Tomás Laranjeira começou o extrativismo de erva-mate no extremo Sul de Mato Grosso, vindo a fundar a Companhia de Matte-Laranjeira. Na verdade, em 25 de julho de 1883, o Banco Rio, Mato Grosso e os “irmãos” Murtinho associaram-se a Tomás Laranjeira para construírem a Companhia. O crescimento dessa atividade e a necessidade de exportar o mate por vias fluviais levaram à instalação de Porto Murtinho. A companhia extraía a erva-mate no Brasil e a vendia para Francisco Mendes Gonçalves, em Buenos Aires na Argentina.
· Em 1905, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon cruzou o território do Sul de Mato Grosso para levar os cabos telegráficos de São Paulo até a Amazônia.
 
A Ferrovia Novoeste S. A., vencedora do leilão de desestatização da Malha Oeste da RFFSA em 5 de março de 1996 iniciou suas atividades no dia 1 de julho do mesmo ano, constituída pelas linhas de bitola métrica da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil: Em 15 de novembro de 1905 foi iniciada a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil a partir de Bauru, SP, em direção a Cuiabá, MT, com objetivo de interligar o Mato Grosso ao litoral, atendendo a uma necessidade já observada desde 1851, especialmente durante a Guerra do Paraguai. Somente em 15 de dezembro de 1952 a Noroeste, como ficou mais conhecida, chegou a Corumbá, na fronteira com a Bolívia, seu novo destino desde os primeiros anos de construção, passando a se constituir num elo de desenvolvimento da região e de integração do sistema ferroviário brasileiro com a Bolívia, prevendo também a futura ligação transcontinental entre os portos de Santos e de Arica, no Chile. Também foi construído o ramal de Ponta Porã e vários outros pequenos ramais, estes na maioria desativados anos depois, e o traçado retificado com a construção de variantes. Trem especial de inspeção sobre uma das novas pontes de concreto no trecho do Pantanal de Mato Grosso, na década de 1940 (acervo RFFSA). Desde o início da década de 1950 estudos realizados pelo governo federal e também a Comissão Mista Brasil - Estados Unidos recomendavam a unificação das ferrovias administradas pela União em uma empresa de economia mista. Finalmente foi sancionada pelo presidente Juscelino Kubitschek a lei número 3.115 de 16 de março de 1957, criando a RFFSA - Rede Ferroviária Federal S. A., que entrou em funcionamento no dia 30 de setembro do mesmo ano. Com a criação da RFFSA foram reunidas 22 ferrovias, dentre elas a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, com sede em Bauru, SP, e com 1.764 km de extensão em bitola métrica. Mesmo mantendo uma relativa autonomia das ferrovias afiliadas, tanto assim que mantinham suas denominações originais, a RFFSA deu início a uma série de melhorias, especialmente na área administrativa e de padronização de equipamentos, unificando os sistemas de engates e freios, além de adquirir grande quantidade de material rodante e de tração. Os déficits diminuíram, aumentando o transporte, embora não na velocidade que o país necessitava para atender ao desenvolvimento. Em 1969 a RFFSA agrupou suas ferrovias em sistemas regionais, sendo a Noroeste renomeada 10ª Divisão Noroeste, vinculada ao Sistema Regional Centro-Sul, com sede em São Paulo, SP. Em 1976 ocorreu nova importante reorganização, sendo a 10ª Divisão Noroeste renomeada SP 4.2 - Superintendência de Produção Bauru, ainda integrada à SR4, com sede em São Paulo, mas posteriormente desmembrada como SR10 - Superintendência Regional Bauru, com a sede em Bauru. Quando no início da década de 1990 o governo federal incluiu a RFFSA no processo de desestatização, dividindo-a em malhas, a SR10 passou a constituir a Malha Oeste, sendo a primeira a ser leiloada, no dia 5 de março de 1996. A vencedora do leilão foi a Ferrovia Novoeste S. A., que iniciou sua operação em 1 de julho do mesmo ano. Em junho de 1998 a Novoeste foi incorporada à Ferropasa – Ferronorte Participações S. A. e em 4 de março de 2002 foi anunciada a criação da nova empresa Brasil Ferrovias S. A., integrando três ferrovias: Ferronorte, Ferroban e Novoeste. A Brasil Ferrovias S. A. passou a operar dois corredores de exportação, sendo um de bitola larga e outro de bitola métrica, este com 2.200 km e constituído em sua maior parte pelas linhas da Novoeste, iniciando-se em Corumbá e Ponta Porã, passando por Campo Grande, MS, Bauru, SP, e Sorocaba, SP, e interligando-se ao Corredor de Bitola Larga no município de Mairinque, SP, para acessar o porto de Santos, a cidade de Campinas e o pólo petroquímico de Paulínia, utilizando o 3º trilho.
Cronologia:
· 1851: Início da discussão para construção de uma ferrovia ligando Mato Grosso ao litoral;
· 1864: Guerra do Paraguai (1864 a 1870), evidenciando a falta de transportes na região;
· 1971: Início dos estudos para construção de uma ferrovia entre Curitiba, PR, e Miranda, MT (atual MS);
· 1904: Organização da Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em Bauru, SP;
· 1905: Início das obras em Bauru, no dia 15 de novembro;
· 1906: Inauguração do trecho Bauru - Lauro Müller, com 92 km, no dia 29 de setembro;
· 1910: Chegada à estação Jupiá, MT (atual MS), com travessia do rio Paraná por ferry boat;
· 1914: Chegada a Porto Esperança, às margens do rio Paraguai, a 1.251 km de Bauru;
· 1915: Encampação pelo governo federal, passando a denominar-se Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, no dia 5 de janeiro;
· 1926: Inauguração da ponte Francisco Sá, com 1.024 m sobre o rio Paraná, no dia 12 de outubro;
· 1937: Início dos estudos para construção do ramal de Ponta Porã;
· 1947: Inauguração da ponte Barão do Rio Branco, atualmente mais conhecida como ponte Presidente Dutra, com 2.009 m sobre o rio Paraguai, no dia 21 de setembro;
· 1952: Inauguração da estação de Corumbá, no dia 15 de dezembro;
· 1957: Conclusão do ramal de Campo Grande (Indubrasil) a Ponta Porã;
· 1957: Fundação da RFFSA - Rede Ferroviária Federal S. A., no dia 30 de setembro, sendo a ela incorporada a EFNOB, então com 1.764 km;· 1969: Agrupamento das ferrovias da RFFSA em sistemas regionais, sendo a Noroeste renomeada 10ª Divisão Noroeste, vinculada ao Sistema Regional Centro-Sul, com sede em São Paulo, SP;
· 1976: Reorganização da RFFSA, sendo a Noroeste renomeada SP 4.2 - Superintendência de Produção Bauru, integrada à SR4, com sede em São Paulo, e posteriormente desmembrada como SR10 - Superintendência Regional Bauru;
· 1979: Criação do Estado do Mato Grosso do Sul, desmembrado do Mato Grosso, no dia 1 de janeiro;
· 1996: Leilão de desestatização da Malha Oeste pela RFFSA no dia 5 de março;
· 1996: Início de operação da Ferrovia Novoeste S. A., vencedora do leilão, no dia 1 de julho;
· 1998: Incorporação à Ferropasa - Ferronorte Participações S. A., em junho;
· 2002: Incorporação da Novoeste à Brasil Ferrovias S. A., juntamente com as ferrovias Ferronorte e Ferroban, em 4 de março de 2002.

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