Buscar

Resumo de eco g2.1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

15.3 - Milagre Econômico - 1967-1973:
Período 1968-73: maiores taxas de crescimento do produto brasileiro na história recente (taxa média acima de 10%), queda (moderada) da inflação, equilíbrio externo com melhora do PB.
Contrariando a “lógica” econômica:
Relação direta entre crescimento e inflação (C. de Philips – inversa entre desemprego e inflação)
Relação inversa entre crescimento e saldo do BP
1 e 2 não aconteceram nesse período, por isso essa época ficou conhecida como milagre econômico
Desempenho devido a:
Reformas institucionais anteriores e recessão do período anterior: geraram uma capacidade ociosa no setor industrial
Crescimento da economia mundial
Mudança no diagnóstico da inflação: inflação vista como inflação de demanda passou a ser vista como inflação de custos, com isso afrouxaram-se as políticas de contenção da demanda (monetária, fiscal e creditícia).
Arrocho salarial
Controle de preços através do conselho interministerial de preços (CIP): os reajustes deveriam ter aprovação prévia do governo, com base nas variações de custos.
Aumento da produtividade agrícola
Principais fontes de crescimento:
Retomada do investimento público em infraestrutura: possibilitada pela recuperação financeira do setor público, devido a reforma fiscal.
Aumento do investimento das empresas estatais
Demanda por bens duráveis: devido a grande expansão do crédito ao consumidor pós reforma financeira.
Construção civil: cresceu por força do aumento dos investimentos públicos nessa área e a maior demanda por habitações provocadas pela expansão do crédito do SFH.
Crescimento das exportações: graças ao crescimento no comércio mundial e à melhora nos termos de troca, bem como às alterações promovidas na política externa do país e aos incentivos fiscais – benefício para a balança comercial.
Principais fontes de crescimento nos outros setores:
Bens de consumo (não duráveis) e agricultura: apresentaram desempenhos mais modestos, o crescimento que apresentaram foi devido ao aumento da massa salarial (aumento do emprego e ao crescimento das exportações de manufaturas)
Bens de capital – duas fases
Até 1970 – menor crescimento, dado que o crescimento observado baseou-se na ocupação de capacidade ociosa e não na ampliação da capacidade instalada.
1971/73 – a formação bruta de capital fixo superou 20% do PIB
Bens intermediários: apresentou uma taxa média de crescimento de 13,5% a.a no período.
Aumento do endividamento externo
Forte onde de endividamento externo: cresceu em trono de U$$ 9 bilhões nesse período.
Estímulos ao endividamento externo brasileiro: elevada demanda por crédito, taxas de juros internas elevadas (reforma 94/95), grande liquidez no sistema financeiro internacional e ausência de mecanismos de financiamento de longo prazo na economia brasileira, exceto as linhas oficiais.
Principais tomadores de recursos externos: empresas multinacionais e os bancos de investimento estrangeiro.
Participação do setor público na economia
Controle dos principais preços da economia: câmbio, salários, juros, tarifas e uma política de preços administrados via CIP.
Responsabilidade pela maior parte das decisões de investimento: por meio dos investimentos da administração pública, empresas estatais, captação de recursos financeiros – fundos de poupança compulsória, títulos públicos.
Concentração da renda -> principal crítica ao milagre
Explicação do regime
A concentração da renda era uma tendência de um país que se desenvolvia e que demandava de mão –de-obra qualificada escassa.
A concentração era uma estratégia necessária para aumentar a capacidade da poupança da economia, financiar os investimentos e com isso o crescimento econômico, para que depois todos pudessem usufruir (teoria do bolo – segundo a qual o bolo deveria crescer primeiro para depois ser dividido).
Cap 16 – Do crescimento forçado à crise da dívida
Herança do “Milagre” ao governo Geisel:
- Mudanças estruturais: crescimento liderado pelo setor industrial e, este, pelos bens de consumo duráveis – necessidades de importar bens de capital, insumos produtivos e energéticos.
- Forte crescimento com rápida expansão das importações e da dívida externa: aumento da dependência externa do país.
- Riscos em caso de mudança para um cenário internacional adverso.
Contexto: 
Choques econômicos – petróleo e juros internacionais
Choques ortodoxos: redução da AI e restrição ao crédito e ao G
AI = C+G+I; DA = C+G+I+X
Como enfrentar o 1º choque do Petróleo
	O debate sobre o que fazer em 1974 situou-se na dicotomia de ajustamento ou financiamento. O choque do petróleo significava transferência de recursos reais ao exterior e, com a existência de um “hiato potencial de divisas”, a manutenção do mesmo nível de investimento trazia a necessidade de maior sacrifício sobre o consumo.
Ajustamento: desvalorizar o câmbio e conter a demanda interna para evitar que o choque externo (petróleo) se transformasse em inflação, além de corrigir o desequilíbrio externo.
Financiamento: manter o crescimento e fazer um ajuste gradual dos preços relativos (alterados pela crise do petróleo), enquanto houvesse financiamento externo abundante. Suponha-se que a crise era passageira.
	1974 – Simonsen sinalizou a opção pelo ajustamento, buscando o controle da demanda pelo controle da liquidez. Entretanto, essa política não pode ser levada adiante, devido, entre outras pressões, à crise financeira detonada pela quebra do banco Halles. Após a derrota eleitoral da Aliança Renovadora Nacional nas eleições para o Congresso Nacional, o governo abandona de vez as tentativas de conter a demanda, e faz a opção pela continuidade do processo de desenvolvimento.
II Plano nacional de desenvolvimento: Alternativa à dicotomia de ajustamento ou financiamento, colocando-o como uma estratégia de financiamento, mas promovendo-se um ajuste na estrutura de oferta, simultaneamente à manutenção do crescimento econômico. Esse ajuste na estrutura significava alterar a estrutura produtiva brasileira de modo que, a longo prazo, diminuísse a necessidade de importações e fortalecesse a capacidade de exportar de nossa economia.
Meta do II PND: manter o crescimento econômico em trono de 10% a.a., com crescimento industrial em torno de 12% a.a. Essas metas não conseguiram ser cumpridas, porém manteve-se elevado o crescimento econômico.
	O plano significou uma alteração completa nas prioridades da industrialização brasileira do período anterior (milagre): de um padrão baseado no crescimento do setor de bens de consumo duráveis com alta concentração de renda, a economia deveria passar a crescer com base no setor produtor de meios de produção – bens de capital e insumos básicos.
Projetos em infraestrutura
	As expectativas otimistas para o setor de capital esperavam a redução na participação das importações no setor de 52% para 40%, além de gerar excedente exportável em torno de 200 milhões de dólares. Quanto aos insumos, previa-se aumentar a produção de aço, triplicar a produção de alumínio, aumentar a produção de zinco de 15 mil toneladas para 100 mil, grande ampliação na produção de minério de ferro, por meio do Projeto Carajás. Quanto ao setor energético, esperava-se alterar o padrão e diminuir as necessidades de importação, pelo aumento da capacidade hidroelétrica, destacando-se o Projeto Itaipu; desenvolver a fonte de energia nuclear, pela Nuclebrás, ampliar a prospecção de petróleo, mudança no sistema de transporte público, com maiores incentivos para ferrovias e hidrovias.
	A lógica do modelo estava em que, conforme as empresas estatais avançassem, seus projetos de investimento no setor de insumos gerariam demanda derivada que estimularia o setor privado a investir no setor de bens de capital. Além da garantia de demanda, vários incentivos foram dados ao setor privado pelo Conselho de desenvolvimento econômico, principal órgão de implementação do plano. Entre os incentivos, destacavam-se: o crédito do IPI sobre a compra de equipamentos, a possibilidade de depreciação acelerada, a isenção do imposto de importação, formasmais ou menos explícitas de reserva de mercado para novos empreendimentos (por exemplo, a Lei da Informática), garantia de politica de preços compatível com as prioridades da política industrial.
Durante o II PND manteve-se o crescimento industrial: a indústria em sua totalidade cresceu 35% entre 1974/1979: metalurgia (45%), material elétrico (49%), papel e papelão (50%) e químico (48%), têxtil (26%), alimentos (18%), material de transportes (28%).
	O II PND buscou também atender a pressão pela modernização das regiões não industrializadas por meio da descentralização espacial dos projetos: a maior siderúrgica em Itaqui (MA), a prospecção de petróleo na plataforma litorânea do Nordeste, soda de cloro em Alagoas, petroquímica na Bahia e no RS, fertilizantes em Sergipe, fosfato em MG e carvão em SC.
	
Questão do financiamento
O estado visava garantir o suporte ao Plano equacionando deste modo a questão política, restava ainda a questão do financiamento.
Quanto as empresas estatais, verificou-se a restrição do acesso destas ao crédito interno e uma política de contenção tarifária, que visavam conter as pressões inflacionárias e força-las ao endividamento externo. Essa busca de recursos externos também serviria para cobrir o “hiato de divisas” existente na execução do plano. Iniciou-se com isso o processo de estatização da dívida externa. Já o setor privado foi financiado basicamente com crédito subsidiados de agências oficiais, entre as quais ganhou destaque o BNDES, que teve seu funding praticamente duplicado, com a transferência para este dos recursos do PIS-Pasep, antes administrados pela CEF.
	A dívida externa cresceu rapidamente no período, US$ 15 bilhões entre 74/77 e mais US$ 17 bilhões em 78/79.
	A facilidade de obtenção de recursos externos está relacionada ao processo de reciclagem dos petrodólares.
	Para realizar o II PND, o Estado foi assumindo um passivo, para manter o crescimento econômico e o funcionamento da economia. Dados os níveis extremamente baixos das taxas de juros internacionais, o Estado era capaz de pagar os juros, mas correndo o risco de que qualquer alteração na estrutura das taxas poderiam inviabilizar as condições de pagamento.
A Heterodoxia Delfiniana
Crises no final da década de 70: Aumenta a insatisfação e pressão popular !!
- Transformação no cenário internacional: trazendo a tona a vulnerabilidade da economia brasileira aos condicionantes externos. 
2º Choque do Petróleo (1979) e a reversão nas condições de financiamento internacional, com elevação da taxa de juros internacional (BR = juros de 28% sobre as exportações).
Déficit em transações correntes de US$10,8 bilhões e entrada de capitais de US$7,7 bilhões – início da crise cambial.
- Deterioração da situação fiscal do Estado:
Redução da carga tributária bruta;
Aumento no volume de transferências, com destaque para os juros da dívida interna;
Estatais tornam-se foco dos déficits: grande passivo financeiro e controles das tarifas (preços).
- Aceleração inflacionária: elevação do preço do petróleo, limitações na agricultura, déficit público, indexação... Inflação em 1979: 77% a.a.
- Mudança de governo (Geisel por Figueiredo) e pressões por abertura política: anistia, liberdade sindical, partidos políticos.
Gestão Delfim (79): combate à inflação com crescimento
- Principais medidas adotadas:
Controle das taxas de juros;
Expansão de crédito para a agricultura e contenção dos preços dos alimentos;
Criação da Secretaria Especial das Empresas Estatais para controlar as empresas estatais e a aceleração dos reajustes das tarifas;
Eliminação de alguns incentivos fiscais às exportações e anulação (revogação) da Lei do Similar Nacional;
Maxidesvalorização de 30% do cruzeiro em dezembro de 1979;
Prefixação da correção monetária e cambial em 50% e 45% (1980) – combate “psicológico” da inflação;
Nova lei salarial, que instituía a semestralmente dos reajustes salariais.
- Resultados da Gestão de Delfim:
Resultados considerando o recrudescimento da maior crise internacional no pós-guerra: 2º choque do petróleo (de 15 para 35 US$) e da elevação dos juros internacionais:
Deterioração das contas externas, aumento da dívida e perda de reservas;
Aceleração inflacionária para 100% a.a., em função do aumento dos preços públicos, reajustes semestrais salariais e maxidesvalorização cambial;
Aumento da especulação devido à maxidesvalorização cambial e à prefixação que provocou perda nos ativos financeiros –, levando a uma retração do sistema financeiro, direcionando recursos para a especulação com estoques e US$ (taxa de prefixação < inflação).
A crise da dívida externa
	 A piora na situação cambial levou o governo, em 1980, a reverter a política econômica e a adotar uma política ortodoxa, denominada “ajuste voluntário”.
	As dificuldades crescentes para a renovação dos empréstimos externos, juntamente com seu encarecimento, fizeram com que a política interna se pautasse pela redução da necessidade de divisas, por meio do controle da absorção interna.
	A partir de 1979, o FED adotou uma política monetária restritiva, visando conter a tendência de desvalorização do dólar. Para tal restringiu o crédito e dificultou o financiamento do tesouro americano. Quando Reagan assumiu a presidência americana em 1980, elevou ainda mais as taxas de juros e transformou os EUA no grande absorvedor da liquidez mundial.
OBS: Excesso de demanda interna seria mesmo o diagnóstico correto?
Não. O desequilíbrio externo pode ser decorrência de um processo de um forte endividamento externo ou de uma brusca elevação das taxas de juros internacionais, associados à deterioração dos termos de troca.
Quando os juros se elevam a situação do endividamento sai do controle.
Ajuste com FMI
	Nesse contexto de taxas de juros mais elevadas e maior dificuldade de obter recursos, isto é, rolar os passivos acumulados, muitos países em desenvolvimento se viram em problemas com a dívida externa, levando a insolvência polonesa e argentina e a moratória mexicana no chamado “setembro negro” (1982), o que provocou o rompimento completo do fluxo de recursos voluntários aos países em desenvolvimento.
	Assim, esses países foram praticamente obrigados gerar superávits externos para pagar os juros da dívida. Anos 70, o endividamento era solução para a superação dos constrangimentos. Já nos anos 80, foi um gerador de constrangimentos.
A partir de 82, a política adotada baseava-se em acordos com o FMI para garantir o pagamento das dividas:
 - contenção da demanda agregada: redução do déficit público, com redução nos gastos públicos; aumento da taxa de juros interna e restrição do crédito; redução do salário real e desemprego.
- em tornar a estrutura de preços relativos favorável ao setor externo: intensa desvalorização real do cruzeiro; elevação do preço dos derivados de petróleo; contenção de alguns preços públicos e de subsídios e incentivos à exportação.
Resultado da política de ajustamento
 - profunda recessão em 1981 e 1983 e baixo crescimento em 1982, com grande queda na renda per capita no período.
- Aceleração da inflação em 82, estabilizada em 100% nos anos de 81 e 82.
- Política de comércio exterior bem sucedida: balança comercial sai do déficit em 1980 para superávits em 1983.
 - em 1984, o superávit foi atingido mesmo com recuperação do produto, o que pode ser explicado em boa medida pelo sucesso do II PND, que permitiu amplo processo de substituição de importações e criou setores com competividade externa, para elevar exportações.
Problema do ajustamento
- 80% da dívida era pública, enquanto a maior parte da geração do superávit era privado.
- Para o governo adquirir divisas deveria: gerar um superávit fiscal (inviável) , emitir moeda (incompatível com a política de controle inflacionário) ou endividar-se internamente (aconteceu em condições cada vez piores) – transformação da dívida externa em dívida interna.
Este processo acelerou a deterioração das contas públicas e ampliou o grau de indexação da economia em função das condições de negociação. Raiz dos problemas enfrentadosna segunda metade da década.
A situação fiscal do setor público se deteriora por várias razões:
- política cambial agressiva e as maxidesvalorizações aumentavam o custo interno do serviço da dívida externa.
- recessão diminuía a base tributável, com efeito negativo sobre a arrecadação
- transferência de recursos produtivos para atividades de exportação significava uma renúncia fiscal, devido aos incentivos dados ao setor.
- taxas de juros interna elevadas encarecem a rolagem da dívida interna
- aceleração inflacionária diminuía a arrecadação
A inflação mostrava-se resistente às políticas ortodoxas e o peso do ajuste é cada vez mais criticado por causa do desemprego. Insatisfação geral, impopularidade: movimento das “Diretas Já”.
Cap. 17 – A saga dos planos heterodoxos
	A política da Nova República elegeu o combate inflacionário como meta principal.
Planos econômicos que visavam a quedas abruptas da inflação:
Cruzado (1986), Bresser (1987), Verão (1989), Collor I (1990), Collor II (1991) e Real (1994) – tinham por base o diagnóstico da inflação inercial (congelamento de preços).
	Fase marcada por grandes oscilações nas taxas de inflação e no produto real. Todo o processo se deu em um ambiente de democratização.
	Com exceção do plano Real, todos os demais planos se deram em um contexto em que o Brasil se encontrava praticamente excluído do fluxo de capitais internacionais.
Governo Sarney
A nova República inicia-se com:
- economia em crescimento
-balanço de pagamentos em transações correntes equilibrado (o saldo comercial era suficiente para pagar a remessa de juros sem necessidade de novos aportes de capital) 
- inflação elevada em torno de 200%aa ( inflação acelerada)
- incertezas políticas (agrupamento plural, Presidente sem legitimidade das urnas, populismo)
	Esse governo pode ser considerado como de transição entre o regime militar e a democracia, tendo no cenário político: as eleições diretas para governador em 1986, as eleições para o Congresso Nacional de 1986, que também seria a Assembleia Constituinte, responsável pela elaboração da nova Constituição que definiria qual seria o mandato do então presidente e a organização das eleições diretas para o futuro presidente. O quadro político foi uma importante condicionante de todas as decisões econômicas tomadas nesse governo.
- Indefinições e mudanças de rumo na política econômica:
Francisco Dornelles era adepto do gradualismo ortodoxo no combate à inflação adotando uma série de medias de austeridade fiscal e controle monetário-creditício (ineficaz e impopular, pois o próprio controle tarifário contribuía para deteriorar a situação fiscal, ao elevar o déficit das empresas estatais).
Dilson Furano heterodoxia, apoiava-se em economias de linha pós-keynesiana (popular, eficaz num primeiro momento).
Antecedentes do Plano Cruzado
- persistência da inflação com ou sem crescimento
- consenso de que a correção monetária causa inflação, mas não de como eliminá-la.
Propostas:
1- Pacto social: Setor flex-price – no qual o preço é o resultado da interação da oferta e da demanda, sendo o produtor tomador de preços. Setor fix-price – no qual o produtor é formador de preços mediante uma regra de mark-ups sobre custos, e a oferta e a demanda determinariam a quantidade via movimento dos estoques.
2- Ortoxia: estancar a emissão de moeda, o que só pode ser conseguido com a retração da demanda, quer do setor privado, pela elevação de impostos, quer do setor público, pela queda nos gastos públicos.
3- Choque hetorodoxo: congelamento rigoroso de preços durante seis meses e descompressão com variações de até 1,5% para restabelecer preços relativos, que duraria 18 meses.
4- Reforma monetária: busca de desindexação da economia por meio da indexação total, isto é, provoca=se um encurtamento dos períodos de reajuste de tal modo a tornar as rendas reais insensíveis à taxa de inflação doméstica e permitir uma sincronização perfeita dos reajustes. Isso seria obtido com a alteração da unidade de conta na economia, por exemplo, atrelando o preço ao dólar.
Plano Cruzado
	O plano cruzado introduziu uma nova moeda, substituindo o cruzeiro pelo cruzado, e definiu regras de conversão de preços e salários de modo que se evitasse efeitos redistributivos, ou seja, buscou promover um “choque neutro” que mantivesse sob o cruzado o mesmo padrão de distribuição de renda do cruzeiro.
Principais medidas:
Quanto ao salário: deveria ser convertido pelo poder de compra dos últimos 6 meses mais um abono de 8% e para salário mínimo este abono seria de 16%. Além disso, introduziu-se a escala móvel – o gatilho salarial, que seria acionada toda vez que a inflação atingisse 20%. Este item acrescentava um elemento instabilizador no futuro e ampliava a indexação ao romper a única âncora nominal que restava na economia.
Quanto aos preços: foram congelados no nível de 28-2-86, com exceção da energia elétrica, que obteve aumento de 20%. É importante destacar que, quanto maior a taxa de inflação, maios a dispersão de preços relativos, o que faz com que a cada instante do tempo existam produtos com preços defasados e outros com preços acima, de acordo com o prazo decorrido do último reajuste.
A taxa de câmbio: foi fixada no nível 27-2, e descartou-se a necessidade de uma maxidesvalorização compensatória ou defensiva, dada a folga cambial e a tendência à desvalorização do dólar em relação às demais moedas.
Para os alugueis: tiveram os valores médios recompostos por meio de fatores multiplicativos com base em relações média-pico.
Para os ativos financeiros: foram criadas diferentes regras. Deu-se a substituição das ORTNs pelas OTNs, que ficariam com o valor congelado durante 12 meses. Para os contratos pós-fixados, os juros acima da correção monetária transformaram-se em juros nominais, com proibição da indexação de contratos com prazos inferiores a um ano.
Evolução:
Crescimento econômico devido a: aumenta da renda real, aumento do consumo e de investimentos, fim da ilusão monetária que levou a uma despoupança por causa da queda das taxas de juros nominais, expansão da oferta de moeda que levou a taxas de juros reais negativas.
Consequência da expansão da demanda
	A consequência dessa expansão da demanda foi a pressão sobre diversos mercados, principalmente sobre aqueles cujo preço estava defasado ou aqueles que possuíam alta elasticidade-renda e passaram a incorporar os agentes que foram beneficiados com o aumento de renda propiciado pelo plano. Em alguns casos, fazia-se sentir a escassez de produtos como leite, carne e outros que acabou resultando na cobrança de ágios e no aparecimento de filas de espera pelo produto.
	O governo recorreu a vários instrumentos, para tentar resolver o problema de oferta sem abrir mão do congelamento, por exemplo: isenções de impostos, subsídios, liberação da importação de produtos alimentícios etc. Com o tempo, os agentes foram encontrando mecanismos para escapar do controle como, maquiagem de produtos, mudança de embalagens, alteração nas especificações. O congelamento foi tornando-se inócuo e as tentativas de mantê-lo acabavam rebatendo no lado fiscal e nas contas externas do país.
Cruzadinho
	Pacote fiscal que tentava desaquecer o consumo pela imposição de empréstimos compulsórios sobre a gasolina, os automóveis e as passagens aéreas internacionais, sendo que os recursos assim obtidos deveriam financiar o Plano de Metas do governo.
	A política econômica foi marcada pelo imobilismo, o clima de fim do cruzado levou a um grande aumento do consumo, devido à expectativa de descongelamento, mas a inflação oficial permanecia baixa, por não captar o efeito do ágio, do desabastecimento e da introdução de novos produtos.
Cruzado II
	Visava controlar o déficit público pelo aumento da receita em 4% do PIB, com base no aumento de tarifas e dos impostos indiretos. Tentativa de alinhar preços, principalmente dos bens de consumo da classe média.
- Saída descoordenada do congelamento: em fevereiro de 1987, romperam-se os controles de preços, corrigiu-se o valor da OTN, ea indexação voltou pior do que antes, pois agora os salários passariam a ter reajustes praticamente mensais.
- elevação da taxa de juros real: com reintrodução de mecanismos de indexação parcial, atrelando um conjunto de ativos à remuneração do overnight.
- Moratória: estancar a perda de reservas e reiniciar as negociações da dívida externa.
Fim do cruzado devido a: problemas de concepção e de execução.
Plano Bresser
Sequelas do Cruzado: em primeiro lugar, introdução de um novo elemento a influir no comportamento dos agentes econômicos – a “expectativa do congelamento”. Sempre que a inflação se elevava, os agentes passavam a esperar um novo congelamento, tomando medidas preventivas que provocavam a aceleração inflacionária. Em segundo lugar, grande perda de apoio político do governo, que teve sua credibilidade fortemente reduzida.
Objetivo: deter a aceleração da inflação e evitar a hiperinflação.
Principais medidas
Congelamento de salários por três meses, com o resíduo inflacionário sendo pago em seis parcelas a partir de setembro.
Congelamento de preços por três meses, sendo que vários preços, em especial os públicos, foram aumentados antes do plano.
Desvalorização cambial de 9,5% em 12/6 e não congelamento da taxa de câmbio, mantendo as minidesvalorizações diárias, mas em menor ritmo.
Criação da Unidade Referencial de Preços que corrigia o salario dos três meses seguintes, a partir de uma taxa prefixada com base na média geométrica da inflação dos três meses anteriores, entrando em vigo a partir de setembro. Pretendia-se com isso reduzir o déficit público e comprometer-se no futuro com a independência do Banco Central, mas as medidas foram frágeis, não atingindo seus objetivos.
Política monetária e fiscal ortodoxa mantendo a taxa real de juros positiva, para inibir a especulação com estoques e o aumento do consumo.
Plano verão
Política “feijão com arroz”: rejeitava-se a ideia de choques heterodoxos e visava-se estabilizar a inflação em 15% a.m. e concomitantemente reduzir o déficit operacional do governo de 8% do PIB para 4%. (não inovou, controlou gastos públicos, conter a demanda).
Ortodoxo: visava conter a demanda, pela diminuição dos gastos públicos e da elevação das taxas de juros, procurando evitar uma fuga dos ativos financeiros.
Heterodoxo: visavam promover a desindexação da economia sem a predeterminação de novas regras. (congelamento de preços, URP, Tablita – transferência de renda dos credores para os devedores).
Reforma monetária: introdução do cruzado novo.
Desvalorização de 18% do cruzado e fixação da taxa de câmbio 1 cruzado = 1 dólar.,
O plano foi de curta duração, sem ajuste fiscal, o que mantinha elevados e crescentes os déficits públicos. O descontrole fiscal levava ao descontrole monetário, esses aspectos juntamente com as incertezas do último ano do governo Sarney e um profundo imobilismo da política econômica, levaram a inflação a acelerar-se rapidamente.
Principais características do Governo Sarney
Grandes descontroles de contas públicas, com aumento nos déficits operacionais e crescimento do endividamento interno. Prazos mais curtos, com giro diário, e cuja necessidade de rolagem inflexibilizava a taxa de juros. Isso levava a adoção de uma política monetária, que visava a sustentação de taxas de juros reais elevadas, endogeneizando a oferta monetária e rompendo a possibilidade de controle da política monetária.
O fim do governo Sarney - Aprendizados: 
Após a estabilização seguem movimentos de expansão da demanda – pressão inflacionária;
indexação (gatilho salarial) pode atuar como acelerador da inflação;
Congelamento é muito problemático: desequilíbrios de preços relativos e descongelamento difícil de se administrar;
Repetição de programas resultou em fracasso: agentes se antecipam e especulam (aprendem a se “defender” e a ganhar). 
O fim do governo Sarney – ensinamentos:
A indexação consistia em um problema a ser solucionado, mas o congelamento definitivamente não foi uma estratégia eficiente.
“Os vencedores pensam que a história terminou bem porque eles estavam certos, ao passo que os perdedores perguntam por que tudo foi diferente, e essa é uma questão muito mais relevante.” 
Governo Collor
Preocupação básica: inflação.
	Além do diagnóstico tradicional de descontrole monetário e fiscal, uma tese começou a ganhar força crescente: o insucesso dos choques anti-inflacionários do governo Sarney devia-se à elevada e crescente liquidez dos haveres financeiros não monetários.
Possibilidade de monetização das aplicações financeiras levava a um aumento abrupto da demanda de bens de consumo, ativos reais e de risco, com as consequentes pressões inflacionárias.
O medo da “fuga” dos ativos financeiros imobilizava as políticas monetária e cambial, o que impedia romper com a indexação: espiral preço-câmbio-salário. Para evitar a especulação, o governo deveria manter a taxa de juros alta e estável. A necessidade de fixar as taxas de juros levava a uma política monetária passiva, impedindo o controle dos agregados monetários. (overnight, indexação sem limites).
Essa indexação diária dos ativos financeiros tinha impactos sobre preços e câmbio que também passavam para a indexação plena. Assim, com a existência da chama Moeda indexada, cuja oferta cresce com a inflação, e as altas taxas de juros necessárias para sua rolagem, inviabilizavam-se as políticas monetária, fiscal e cambial.
1950-80 – industrialização com participação do Estado: infraestrutura (energia e transportes, siderurgia, mineração e pretroquímica); elevada proteção à indústria nacional (tarifas, câmbio e barreiras); crédito em condições favoráveis para novos projetos. É o MSI – Estado empreendedor (“gargalos”) e indutor da industrialização;
Consequências:
A estrutura industrial brasileira tornou-se madura e integrada;
Mas: viés anti-exportador; endividamento público, indexação e “convivência” com inflação => Crise com choques do petróleo e altas dos juros;
Principais medidas
Reforma monetária: redução da liquidez da economia, pelo bloqueio de cerca de metade dos depósitos a vista.
Reforma administrativa e fiscal: que tinha por objetivo promover um ajuste fiscal da ordem de 10% do PIB, eliminando um déficit projetado de 8% do PIB e gerar um superávit de 2%.
Congelamento de preços e desindexação dos salários em relação a inflação passada, definindo uma nova regra de prefixação de preços e salários.
Mudança do regime cambial para um sistema de taxas flutuantes, definidas livremente no mercado.
Mudança na política comercial, dando início ao processo de liberalização dos comércio exterior (a chamada abertura comercial), com redução qualitativa das tarifas de importação de uma média de 40% para menos de 20% em quatro anos.
Grande âncora: o confisco da liquidez, buscou-se retomar a capacidade de fazer política monetária ativa congelando o estoque de moeda. 
O impacto imediato foi uma grande desestruturação do sistema produtivo com corte nas encomendas, semiparalisia na produção, demissões etc. Provocando uma retração do PIB da ordem de 8% no segundo trimestre de 1990.
Programa de privatização: elemento central no processo de ajuste fiscal e patrimonial do setor público. (33 empresas federais privatizadas – siderurgia, petroquímica, fertilizantes).
Abertura comercial: redução de tarifas, eliminação dos incentivos às exportações e adoção do sistema de câmbio flutuante.
Resultados do 1º Plano de Collor
Controle do déficit fiscal (primário): de 8% do PIB em 1989, para -1,2% em 1990;
Expansão posterior da liquidez :
Não se viabilizaram mecanismos para controle dos novos fluxos monetários: (fluxo X estoque);
acerto no estoque comprometido com “torneirinhas” (medo de uma grande recessão);
Deterioração da BC sem financiamento na BK => forte desvalorização cambial;
Persistência da aceleração inflacionária no início de 1991, com dificuldade crescente de financiamento do governo, levou a uma nova tentativa heterodoxa de estabilização: O Plano Collor II
Plano Collor II
	O overnight foi substituído pelo Fundo de Aplicação(FAF) que tinha sua composição regulada pelo governo.
	A introdução dos títulos estaduais no pacote deu-se a partir das pressões dos governadores pela renegociação das dívidas estaduais. A remuneração desses fundos seria dada pela Taxa Referencial (TR) que fora criada e refletiria a média das remunerações futuras dos títulos federais e privados; com isso, esperava-se que a remuneração refletisse as expectativas futuras de queda na inflação – tentava-se eliminar a memória inflacionária.
	Congelamento de preços e salários.
Marcílio (executivo de banco, nome do mercado) 
Plano nada: volta à ortodoxia e uma tentativa de combate gradualista à inflação, por meio de um maior controle do fluxo de caixa do governo e dos meios de pagamento, sem tratamento de choque;
Descongelamento e preparo para desbloqueio;
Reaproximação do Brasil com mercado financeiro internacional;
Elevação das taxas de juros – forte ingresso de capitais externos e ampliação das reservas;
Aumento da dívida interna
Governo Itamar Franco (out/92)
Impeachment Collor – substituição por vice: Itamar Franco – governo de transição
Demora inicial para definir política econômica
Maio de 1993 assume novo Ministro da Fazenda: início da preparação para Plano Real
Avanço na melhora das contas públicas: aprovação do imposto provisório sobre movimentação financeira (IPMF), o lançamento do Plano ade Ação Imediata (PAI), cujo ponto básico era a redução das despesas em todas as despesas em todas as esferas de governo, o endurecimento nas negociações com Estados e Municípios, forçando a retomada do pagamento das dívidas e colocando dificuldades para que estes usassem os bancos estaduais como forma de se financiar; e FSE;
Acumulo de reservas internacionais;
Manutenção da abertura financeira e comercial;
Período anterior – reindexação da economia, sem grandes choques – volta idéia de inércia
	Situação fiscal melhor, maior nível de reservas, volta ao mercado financeiro internacional e maior grau de abertura comercial.
Cap. 18 – Pós estabilização: plano Real
Impactos do Plano Real
- Queda rápida da inflação
Um pouco mais lenta que no Cruzado, mas persistente;
Grande crescimento da demanda e da atividade econômica;
Valorização cambial (real e nominal), entrada de recursos externos e abertura comercial – camisa de força para preços;
Eficiente para os Bens tradables (bens que são transacionados no mercado internacional – exportáveis e importáveis -, principalmente os produtos industriais) x ineficiente para os bens non tradables (serviços – “mercadorias” que não se pode importar).
O crescimento da demanda foi devido a:
- aumento do poder aquisitivo das classes de baixa renda;
- recomposição dos mecanismos de créditos.
- fim da ilusão monetária: mais consumo
Problemas com o Plano Real: a questão externa
Os superávits comerciais do país eram utilizados para compensar os déficits na Balança de Serviços, o que mantinha o saldo em Transações Correntes relativamente equilibrado. Com a deterioração da balança comercial, voltaram os déficits em Transações Correntes. Isso pode não ser um problema a curto prazo, enquanto o país possuir reservas suficientes ou houver um entrada de recursos externos para financiá-lo. O problema é que se vai acumulando uma dívida externa que no futuro pressionará a remessa de juros e que em algum momento deverá paga.
Dois problemas da opção:
- Pauta de importações, apesar de todos os componentes terem crescido em 1994/95, os dois itens que apresentaram maiores aumentos foram: automóveis e bens de consumo.
- Capital ingressante, forte predomínio dos chamados investimentos de portfólio – ações, fundos de aplicação financeira, fundos de privatização etc, que se caracterizam pela possibilidade de refluir rapidamente em resposta às incertezas, queda na taxa de juros interna, aumento na taxa de juros internacional etc.
Considerações sobre os primeiros anos do Real
Plano extremamente bem sucedido no combate inflacionário => presente há décadas na economia brasileira; abertura comercial e âncora cambial foram fundamentais para estabilidade dos preços;
No entanto, acarretou em um elevado custo – revelado nas taxas de crescimento medíocres e numa elevação drástica da dívida pública entre 1994 e 99;
Desafios: corrigir os desequilíbrios (fiscal e externo), manter a estabilização e alcançar o cresc. econômico (ou seja, gerar emprego e renda).
A Crise do México: País com estabilização baseada na âncora cambial.
	Como o país apresentava profundos desequilíbrios macroeconômicos aos quais se somou um quadro político conturbado em 1994, os investidores estrangeiros passaram a apostar na desvalorização da moeda mexicana, provocando o ataque contra ela. O governo foi obrigado a deixar a moeda desvalorizar-se e recorrer a um pacote de ajuda internacional no FMI e a uma série de governos, para atender a fuga de recursos.
No Brasil situação arriscada no longo prazo:
- A opção do governo para fazer frente à perda de reservas que o país vinha sofrendo foi ampliar o controle da demanda interna, principalmente com restrições ao crédito e elevação das taxas de juros.
- Promoveu uma tímida desvalorização da taxa de câmbio e alterou-se a política cambial, com o alargamento das bandas de flutuações, projetando-se uma desvalorização nominal (de forma gradual).
Plano Real pós crise do México:
- Principal instrumento: Política monetária, buscando conter a demanda e com isso impedir que os déficits comerciais se tornassem muito elevados. Além de ter um papel importante na contenção de preços, agora num quadro de leve desvalorização do câmbio nominal, e, principalmente, na administração da taxa de juros com o fim de manter o país atraente ao capital estrangeiro.
Efeitos dessa política:
- retração da atividade econômica
- inadimplência e crise financeira
- crise financeira combatida com Proer (programa de estímulo a reestruturação e fortalecimento do sistema financeiro nacional) com fusões, transferências acionárias e abertura para bancos estrangeiros e Proes *programa de incentivo à redução do setor público estadual na atividade bancária) que correspondia a empréstimos da união para cobrir os rombos desses bancos).
- Juros altos e entrada de recurso para impedir nova apreciação, esses recursos converteram-se em reservas;
- Para evitar impacto monetário recorreu-se a esterilização com o consequente aumento da dívida pública interna, pois não se conseguia obter superávits fiscais;
- A partir de então, define-se uma trajetória de stop and go em que os condicionantes externos dão o ritmo da economia brasileira:
Crise externa – aumento dos juros – contração econômica
Alívio externo – diminuição dos juros – crescimento
+ JUROS - CRESCIMENTO
Problemas com o Plano Real: a questão fiscal
 - deterioração da situação fiscal, sendo o motivo a redução do superávit primário, apesar da contínua elevação da carga tributária no período, refletindo um aumento muito grande das despesas não financeiras.
- forte crescimento da divida pública devido a: baixos superávits primários, passivos financeiros gerados anteriormente, mas que não eram reconhecidos pelo governo (esqueletos) e elevados gastos com juros, apesar da carga tributária e dos recursos da privatização.
Balanço do Plano Real (1994-1998)
- Estabilização após 1994: sucesso com redução significativa das taxas de inflação com o Plano Real.
- Mas com alto custo:
Vulnerabilidade e dependência externa;
Dívida pública ascendente;
Crescimento econômico comprometido;
Aumento das taxas de desemprego, da precarização do trabalho e da inadimplência.
Da crise asiática à desvalorização brasileira
- Crise asiática (fins de 1997): aumento dos juros e recomposição das reservas.
- Dificuldades no Brasil:
Elevação dos spreads em relação aos EUA
Sustentação cambial difícil: desvalorização iminente;
Todos os indicadores macroeconômicos mostram a deterioração das condições em 1998: Taxa de desemprego; variação do PIB; STC; dívida/PIB.
- Crise Russa:
Perda de reservas de US$ 30 bilhões (ago/set de 98), apesar da elevação da taxa de juros ede um pacote fiscal, mas reservas não se recuperam.
Agosto/setembro de 1998: outra elevação de juros e novo pacote fiscal, mas reservas não se recuperam.
- negociação de um pacote de ajuda com o FMI no valor de US$ 42 bilhões.
- Governo protege o setor privado: mercado futuro e à vista de dólar, dívida pública interna com cláusula cambial (assume o risco cambial)
- Depois da crise russa – desvalorização impositiva, com duas ressalvas para seu atraso:
Calendário eleitoral (reeleição), o governo tinha a estabilização como grande conquista.
Exposição do setor privado à desvalorização cambial (setor privado com passivos em moeda externa)
Mudança cambial
- Em janeiro de 1999 – adoção do sistema de câmbio flutuante, sendo o impacto imediato uma desvalorização da taxa da câmbio nominal.
Consequências da mudança cambial
- Riscos de uma forte desvalorização:
1 – Volta da inflação -> ex: México
2 –Contração econômica -> ex: Ásia
- Setor comercial externo – recuperação lenta... 
Dificuldade em se recompor mecanismos exportadores;
Piora nos termos de troca (pXs/pMs) - commodities
- Problema nas Finanças Públicas
Efeitos patrimoniais da desvalorização concentrada no Governo – ampliação do endividamento;
Com juros altos, para se evitar a explosão da dívida pública seria necessário a geração de enormes superávits fiscais primários;
Expressivo aumento da carga tributária federal e implementação da LRF.
- Brasil adota sistema de metas inflacionárias
Pequena elevação da inflação no curto prazo mas não permanente (1)
Sem grande contração econômica (2):
Propicia alguma substituição de importações
Recupera o crescimento – reprimido pelos juros elevados
Desvalorização permite queda da taxa de juros mas inferior ao desejado -> em função das dificuldades externas e da possibilidade de inflação.
Setor comercial externo – recuperação lenta
Dificuldade em se recompor mecanismos exportadores;
Piora nos termos de troca (exportações/importações) – commodities
Problema nas Finanças Públicas
Efeitos patrimoniais da desvalorização concentrada no Governo – ampliação do endividamento
Com juros altos, para se evitar a explosão da dívida pública seria necessário a geração de enormes superávits fiscais primários
Expressivo aumento da carga tributária federal e implementação do LRF
Prática dessa política:
Regra de Taylor: Inflação acima da meta = eleva-se a taxa de juros; inflação abaixo da meta = reduz-se a taxa de juros
- Autonomia Operacional do BCB para buscar a meta de inflação (credibilidade, reputação e transparência): a autoridade monetária não pode cair na tentação “populista”.
Novo regime macroeconômico; tripé:
Taxa de câmbio flutuante;
Metas de inflação – em jun/99
Superávit primário.
Problemas da âncora cambial como estratégia quase permanente
- Déficits na Balança Comercial; necessidade de juros altíssimos, aumento da dívida pública; estagnação do PIB e desemprego.
- Visão retrospectiva: o abandono planejado do câmbio fixo seria melhor do que a saída traumática em jan/99, pois a economia estava desaquecida (demanda reprimida):
Consumo (juros e desemprego)
Investimento (redução das vendas, capacidade ociosa e pesada carga tributária)
Gastos do governo (ajuste fiscal)
Exportações (desaceleração da economia mundial e moeda sobrevalorizada).
FHC – 2º Mandato (início em 1999)
Vitória em 1º turno. Ampla base de apoio no Congresso (PSDB, PFL, PMDB);
Mudança cambial em jan/99: sistema de bandas (sai Franco entra Lopes, no BCB)...
... tímida, não estancou a saída de recursos: mercado previa uma desvalorização maior;
Escândalos (Bco. Marka) e saída de Lopes para entrada de Armínio;
Adoção do câmbio flutuante: 1º impacto, desvalorização de 70% (1US$ = 2R$);
Desempenho da inflação
- Após a desvalorização verifica-se uma elevação da inflação, que se retrai posteriormente;
- Maiores elevações nos bens transacionáveis (ao contrário da primeira fase do Plano Real) e nos chamados preços administrados (índices contaminados pelo câmbio: IGP).
- Preços livres ajudam no controle da inflação. No II FHC cumpriu-se as metas nos dois primeiros anos e descumpriu-se nos dois últimos anos (metas muito restritivas e câmbio sem controle).
Superávit Primário e Desempenho Fiscal
- Elevados superávits (elevação da carga tributária): Cofins, CPMF, PIS..., que refletem a deterioração da qualidade do sistema tributário; elevação do ICMS em função do efeito da desvalorização sobre o preço de combustíveis, energia e telecomunicações.
- Retração dos investimentos públicos.
- Dívida pública, estabilizada em 1999 e 2000; crescendo nos dois anos seguintes devido ao aumento da Selic e também aos efeitos patrimoniais da variação cambial.
- Mudanças relevantes: LRF, Reforma Previdenciária e renegociação de dívidas estaduais.
Desempenho Externo
- Reversão da deterioração do saldo comercial e do saldo em transações correntes em 1999 – redução do déficit comercial em US$5 bi e do saldo em TC em US$8 bi.
- Forte retração das importações e fraco desempenho das exportações em 1999; recuperação lenta das exportações a partir de 2000.
- Saldo comercial volta a ser superavitário em 2001, tendo uma forte elevação em 2002 – efeito câmbio.
Atividade econômica
	Com a mudança cambial a expectativa era uma melhora da situação externa e a possibilidade de uma maior queda dos juros estimulando o crescimento do I e do C, mas:
- Crescimento médio anual: FHC I = 2,5%; FHC II = 2,1%
1999: fraco desempenho decorrente do processo de estabilização (0,3%);
2000: uma boa taxa de crescimento 4,3%;
2001: crise energética, crise argentina e ataques terroristas, derrubam a taxa de crescimento 1,3%;
2002: outra crise (cambial) implica em novo baixo crescimento 2,7%.
2002 – Crise cambial em ano eleitoral
- Último ano de governo:
Baixo crescimento econômico e elevação do desemprego;
Aumento da dívida pública apesar do superávit primário;
Pressões inflacionárias (vindas do câmbio).
- Agravado pelo risco de vitória eleitoral da oposição:
Alta do juros para conter a inflação Deterioram a situação fiscal Risco-país Fuga de capitais Desvalorização cambial Pressões inflacionárias
Ciclo vicioso: dominância fiscal.
Resultados em 2002
	Último ano de FHC caracterizado por:
Melhora do desempenho externo, com forte contração das importações;
Baixo crescimento econômico; crescimento da dívida pública; forte desvalorização cambial com significativas pressões inflacionárias.
Campanha eleitoral da oposição:
“Letter to the Brazilian people” by PT
Aliança com empresariado (J. Alencar/PL)
Pallocci para a Fazenda
Vitória da oposição (Lula/PT) nas eleições presidenciais.
Situação deixada ao novo governo
- Fins de 2002: crise cambial no ano da eleição:
Baixo crescimento e elevação do desemprego
Aumento da dívida pública apesar do superávit primário
Pressões inflacionárias (vindas do câmbio)
- Agravado pelo risco de vitória eleitoral da oposição
Alta dos juros para conter a inflação Deterioram a situação fiscal Risco-país Fuga de capitais Desvalorização cambial Pressões inflacionárias
1º Governo Lula
- Primeiro passo antes mesmo da vitória eleitoral e da posse: conquista de credibilidade
- Abandono das ideias de algumas correntes do PT (Carta ao Povo Brasileiro) – defesa do regime de metas de inflação, compromisso com a manutenção do superávit primário e com o pagamento da dívida.
- Palocci para o Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles para o BCB e preservação de sua diretoria.
Políticas de Metas de Inflação
- Manutenção da política monetária voltada para alcançar uma determinada taxa de inflação no ano. Taxa básica de juros como o principal instrumento voltado para o controle dos preços;
- Na prática:
Inflação acima da meta eleva-se a taxa de juros
Inflação abaixo da meta reduz-se a taxa de juros
- Autonomia Operacional do BCB para buscar a meta de inflação (credibilidade, reputação e transparência)
Canais de transmissão da política monetária para o controle da inflação
Como a determinação da Selic pelo BCB pode impactar a taxa de inflação?
1 – Via estrutura a termo da taxa de juros:Propaga-se para as demais taxas de médio e longo prazo da economia, impactando o investimento e o consumo (bens duráveis);
2 – Via movimento de Ks externos: Impacta na taxa de câmbio, alterando o preço de bens transacionais, e de serviços corrigidos pelo IGP – efeito relevante no Brasil, pois o potencial de repasse de uma desvalorização cambial para os preços domésticos é alto.
3 – Via expectativas: Variações na taxa básica influenciam as decisões dos agentes quando ao I e ao C.
4 – Via crédito: Altera a decisão dos bancos em relação à aplicação dos depósitos – empréstimos ao público ou ao governo.
5 – Via preço dos ativos (efeito riqueza): Uma redução da taxa, estimula o consumo e a expectativa de lucro das empresas -> aumento o preço das ações. Uma maior riqueza financeira pode causar elevação do consumo, pressionando o nível de preços.
Governo Lula: conquista de credibilidade
- Primeiras medidas:
Renovação do acordo com o FMI;
Elevação da meta de superávit primário fiscal (4,25% do PIB para os 4 anos de governo);
Elevações da Selic nas primeiras reuniões do Copom.
- Resultados:
Retorno de recursos externos que combinados com superávits comerciais possibilitam a apreciação cambial (o câmbio estava muito desvalorizado).
Apreciação cambial e o controle da demanda leva a queda da inflação, que se mantém dentro das metas durantes os 4 anos de governo.
1º Mandato Lula
- Estabilização: queda da inflação a cada ano;
- Preservação de elevadas taxas reais de juros;
- Elevação constante no SBC (forte crescimento das exportações – bom desempenho da economia mundial) e volta de superávits no STC;
- Redução da dívida externa: melhora significativa dos indicadores externos e queda do risco-país, levando a valorização cambial;
- Melhora Fiscal: elevados superávits primários e redução da dívida pública a partir de 2004, destaca-se a mudança do perfil da dívida com o aumento dos títulos pré-fixados.
Atividade econômica (Lula I)
- Taxa média de crescimento fraca: 3,5% a.a., acima de FHC, mas inferior ao crescimento médio mundial;
- Fraco desempenho em 2003 (1,2%), 2004 foi o melhor ano liderado pelas exportações, mas pressões inflacionárias levaram a retração no ano seguinte;
- Em termos de demanda, duas fases:
Crescimento puxado pelas exportações (2004)
Atenção ao consumo doméstico (a partir de 2006):
Aumento real do salário mínimo;
Ampliação do crédito (microc, consignado, etc)
Aumento de benefícios sociais
2º Mandato Lula
- Modificação na política econômica: Mantega no lugar de Pallocci, manutenção do Presidente do BCB.
- Implementação do PAC (Dilma Roussef) – Investimento público e PPPs – infraestrutura (energia, rodovias, ferrovias);
- Continuação do combate à pobreza:
Consolidação do programa Bolsa Família
Valorização do salário mínimo (base para benefícios sociais)
- Com a crise americana (2008-2009), uma novidade:
Política alimentícia: incentivo ao consumo, isenção de impostos, redução de juros, ampliação do crédito via bancos públicos, aumento do investimento estatal.
Atividade Econômica (Lula II)
- Taxa média de crescimento: 4,6% a.a., relativa recuperação em relação ao crescimento econômico mundial;
- Retração em 2009 (maior crise internacional deste 1929): 2010 foi o melhor ano, liderado pelo consumo doméstico;
- Entretanto, preocupações com a inflação (aumento dos juros e do superávit) levam a desaceleração em 2011;
- Em termos de demanda, dois destaques:
Importância do mercado interno: salário mínimo, crédito e benefícios sociais (2010)
Forte aumento de importações (R$ apreciado): sobretudo nos componentes industriais (2011)
Dilma Roussef
- Modificação na política econômica: Mantega, troca do Presidente do BCB (Tombini);
- Manutenção do PAC e difusão do MCMV (programa de habitação popular);
- Continuação do combate à pobreza:
Consolidação do programa Bolsa Família
Valorização do salário mínimo (base para benefícios sociais)
- Ainda por conta da crise americana:
Política anticíclica: incentivo ao consumo, isenção dos impostos, redução de juros, ampliação do crédito via bancos públicos, aumento do investimento estatal.
Atividade econômica (Dilma)
- Taxas de crescimento: 2,7% (2011) e 0,9% (2012);
- Retração em 2012 (ainda efeitos da crise); 2011 também foi fraco – muitos importados, apesar do consumo doméstico;
- Mudança do rendimento da poupança: redução dos juros ao mínimo histórico;
- Em termos de demanda, o destaque é forte aumento de importações (R$ apreciado): sobretudo nos componentes industriais (2011).
Alguns resultados econômicos recentes:
1 – Nível de atividade (PIB);
2 – Índices de preços (IPCA, IGP, metas do CMN);
3 – Comércio exterior (exportações, importações, SBC e taxa de câmbio);
4 – Finanças públicas (DLSP, Selic, carga tributária);
5 – Mercado de trabalho (taxa de desoc. e composição);
6 – Indicadores sociais (coeficiente de Gini, taxa de pobreza, salário mínimo real).
Considerações finais:
- Desde o Plano Real, ocorre a consolidação da estabilização dos preços na economia do país;
- FHC I, II e Lula I: baixas taxas de crescimento, apesar da estabilização e da melhora da economia mundial – diferentes resultados fiscais e comerciais;
- Lula II: retomada do crescimento interrompido pela crise internacional;
- Questão: que variáveis travam o crescimento?
Uma das maiores taxas de juros (e spreads) do mundo;
Baixo investimento público e privado;
Alta carga tributária e problemas de infraestrutura;
- Além de distribuir renda, ao objetivo principal agrega-se a retomada do crescimento sustentável.

Continue navegando

Outros materiais