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FISIOLOGIA DOS HORMÔNIOS PANCREÁTICOS ● INTRODUÇÃO Pâncreas: Localizado abaixo e posteriormente ao estômago. Trata-se de uma glândula mista com porções exócrinas (produção do suco pancreático pelos ácinos pancreáticos) e endócrinas (Ilhotas de Langerhans). Ilhotas de Langerhans: São células agrupadas com capacidade de produzir alguns hormônios. As células são as seguintes - - Células alfa (20%) = produtoras de glucagon; - Células beta (65%) = produtoras de insulina e amilina (secretada junto da insulina e que inibe a secreção do glucagon e o esvaziamento gástrico, mas não se sabe o quão significativas são essas ações); - Células delta (10%) = produtoras de somatostatina; - Células PP/F/gama = produtoras do polipeptídeo pancreático (estimula a secreção gástrica). Glicemia: Para manter-se nessa faixa é necessário um equilíbrio entre a secreção de insulina e glucagon. Outros hormônios hiperglicemiantes também atuam na regulação da glicemia como o cortisol, GH, adrenalina e noradrenalina. ● INSULINA Hormônio hidrossolúvel. Essa cadeia é a pró-insulina, composta por 3 cadeias - A e B (unidas por pontes de dissulfeto e que representam a insulina propriamente dita) e o peptídeo conector. A maior parte da insulina liberada pelas células beta está solta do peptídeo conector. Síntese da insulina: Compreende as seguintes etapas - 1. Transcrição gênica; 2. Tradução do RNAm no RER → formação da pré-pró-insulina; 3. Quebra da pré-pró-insulina no retículo plasmático → formação da pró-insulina; 4. A pró-insulina é quebrada no Aparelho de Golgi → liberação do peptídeo conector (peptídeo C) → formação de vesícula contendo as cadeias A e B unidas (insulina) + peptídeo C; 5. Liberação da vesícula com a insulina e o peptídeo C. + Como o peptídeo C é secretado junto da insulina, ele pode ser utilizado como marcador desse hormônio. Funções do peptídeo C: Não se sabe ao certo o quão significativos são esses efeitos - - Influencia a atividade da bomba Na/K+ ATPase; - Influencia a óxido-nítrico sintase que é a enzima produtora de NO; - Influencia na sintase endotelial. Mecanismo de ação - insulina: Por ser um hormônio hidrossolúvel, atua em receptores da membrana plasmática das células. A cadeia B da insulina se liga nas subunidades alfa do receptor. Essa ligação permite uma autofosforilação da subunidade beta, que proporciona a ativação da tirosina-quinase, a qual irá fosforilar outras enzimas intracelulares, como o grupo do IRS (Substrato do Receptor de Insulina). Essas enzimas fosforiladas irão atuar em diversas vias resultando nos efeitos celulares da insulina - translocação do GLUT-4, por exemplo. Transportadores de glicose: - GLUT-1 = hemácias e cérebro; - GLUT-2* = fígado e células pancreáticas do tipo beta; não depende da ação da insulina; a liberação da insulina depende desse transportador; - GLUT-3 = neurônios (principal fonte de energia é a glicose); - GLUT-4* = músculo estriado e tecido adiposo; faz a captação da glicose dependente de insulina; - GLUT-5 = intestino delgado e espermatozóides Efeitos metabólicos - insulina: CARBOIDRATOS = - Aumenta captação de glicose; Maior quantidade de glicose intracelular → maior secreção de insulina. - Formação de glicogênio hepático e muscular = glicose captada é fosforilada pela glicoquinase (enzima estimulada pela insulina), o que impede a glicose de sair da célula; a insulina inativa a fosforilase hepática, enzima que quebra o glicogênio; a insulina aumenta a atividade da glicogênio sintase, enzima que forma o glicogênio; + Glicogênio hepático é utilizado para a regulação da glicemia; o glicogênio muscular é utilizado pelo próprio músculo. LIPÍDEOS = - Promove a lipogênese; - Inibe a lipólise. A insulina ativa a lipoproteína lipase, que libera o TAG das lipoproteínas e forma AG, que pode entrar no adipócito. Nos adipócitos o AG pode formar um novo TAG. A insulina promove a entrada de glicose no adipócito e parte dela é usada para a formação de ácido graxo (será utilizado para formar TAG) e parte é transformada em alfa-cetoglutarato, o qual será convertido em glicerol (será utilizado para formar TAG). A insulina inibe a lipase hormônio-sensível, que é responsável por degradar TAG em AG. Isso favorece o armazenamento do TAG. PROTEÍNAS = - Estimula a síntese de proteínas = estimula a ação de ribossomos; aumenta captação de aminoácidos pelas células; aumenta transcrição de DNA. Regulação da secreção de insulina: Depende de uma série de eventos - Aumento da glicemia → entrada de glicose pelo GLUT-2 presente na membrana das células → formação de glicoquinase → oxidação da glicose e formação de muito ATP → aumento da relação ATP/ADP→ inibição dos canais de K+ sensíveis ao ATP (serão fechados)→ aumento intracelular de K+→ despolarização das células beta → abertura dos canais de Ca2+ voltagem dependente e entrada de Ca2+ → fusão das vesículas com a insulina pré-formada → exocitose da insulina. - Pico pós-prandial de insulina = gerado pela liberação da insulina pré-formada; é pouca quantidade, que será rapidamente degradada; - Após 10-15 minutos = as células beta começam produzir insulina, que será liberada após 2 a 3 horas (corresponde ao tempo de digestão) e terá sua secreção sustentada. ● INCRETINAS E INSULINA As incretinas são um grupo de hormônios que influencia a secreção da insulina. Alguns trabalhos mostram que 30% a 60% da secreção pós-prandial de insulina é causada pela ação das incretinas. São exemplos de incretinas (ambas ajudam na liberação de insulina) - - GIP = peptídeo inibitório gástrico ou peptídeo insulinotrópico dependente de glicose; produzido pelas células K presentes no duodeno e jejuno; apresenta tempo de meia vida muito curto, portanto, na prática desempenha ação rápida; - GLP-1 = peptídeo semelhante ao glucagon; produzido pelas células L presentes no íleo. Funções do GLP-1: O aumento da glicemia é um dos estímulos que promove a secreção do GLP-1. - Diminui o esvaziamento gástrico = saciedade; - Diminui o apetite = atua no centro da fome no hipotálamo; tratamento da obesidade (há controvérsias); - Aumenta secreção de insulina; - Diminui secreção de glucagon; - Aumento da síntese de insulina; - Aumento da proliferação de células β; - Diminui a apoptose das células β. Inativação das incretinas: É um processo que depende da ação de uma enzima presente no plasma e nas células do plasma - a dipeptidil peptidase IV (DPP-4). Alguns medicamentos utilizados no tratamento de diabetes inibem essa enzima para favorecer um aumento na quantidade de GIP e GLP-1. - Inibidores da DPP4 = Vildagliptina (galvus) - Novartis, Sitagliptina (nome comercial Januvia); - Forma sintética do GLP-1 (agonista do receptor do GLP-1) = Exenatida (nome comercial Byetta), Liraglutida (nome comercial Victoza). ● GLUCAGON É o hormônio do estado de jejum. Ações do glucagon: O glucagon ativa a lipase hormônio-sensível, que quebra os TAGs liberando os AGs. + Altas concentrações de glucagon aumenta a força de contração cardíaca e aumenta a secreção da bile, mas não se sabe o quão significativos são esses efeitos. ● SOMATOSTATINA É fabricada pelas células delta. Ainda é um hormônio pouco estudado. Apresenta atuação parácrina, inibindo as células alfa e beta. Efeitos da somatostatina: - Diminui a secreção de insulina e glucagon. Acredita-se que é um mecanismo para compensar um grande aumento desses hormônios; - Diminui a motilidade do estômago; - Diminui secreções do TGI. ● DIABETES Alta incidência mundial e alta previsão de crescimento. Diabetes X betatrofina: A betatrofina é um hormônio produzido no fígado capaz de estimular a formação de novas células beta. A betatrofina injetada em camundongos com resistência à insulina melhorou o quadro de resistência. Nos humanos foi identificado o gene que produz a betatrofina. Cirurgia para o diabetes - transposição íleo-duodenal: Parte do estômago e 1 metro do íleo são retirados. O 1 metro do íleo retirado vai ser transposto no começo do duodeno, pois as células L presentes na mucosa ileal sãocapazes de produzir mais GLP-1 já que há maior concentração de glicose nessa nova região. O GLP-1 será capaz de estimular maior secreção de insulina. Ainda é um procedimento controverso.
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