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B.M.F 3 Fisiologia do pâncreas endócrino Conceitos • Período pós-prandial ou pós-absortivo = após se alimentar • Neuroglicopenia = diminuição de glicose nos neurônios • Incretinas = hormônios gastrointestinais que fazem efeitos antecipatórios para a secreção de insulina, antes que aja aumento da glicose circulante • GLP-1 é usado em medicamentos • Proteínas IRS = substratos dos receptores de insulina • DM-2 = diabetes mellitus causada por resistência á insulina • Quinase fosforila • Fosfatase desfosforila • Um indivíduo que é resistente á insulina tem prejuízos na fosforilação dos segundos mensageiros (AKT, PI3K, PIP2) • Um indivíduo obeso possui as células adiposas cheias de gordura, quando os adipócitos cheios de gordura crescem exageradamente eles começam a secretar citocinas pró inflamatórias. Quando essas citocinas caem na circulação, elas prejudicam a fosforilação das proteínas da cascata de fosforilação da insulina (inibem fosforilação de AKT, por exemplo). Por esse motivo geralmente pacientes obesos possuem resistência a insulina • Indivíduo pré-diabético = é um indivíduo normoglicemico e hiperinsulinemico Pâncreas - É uma glândula que possui 2 porções: . Porção exócrina = compõe 98% da glândula, é repleta de ácinos (células que produzem enzimas pancreáticas e bicarbonato) . Porção endócrina = compõe 2 % da glândula, é repleta de ilhotas pancreáticas/ilhotas de langerhans (aglomerados de células distribuídas entre um “mar” de ácinos) Ilhotas de langerhans - Também chamada de ilhotas pancreáticas - Compõe a porção endócrina do pâncreas - O sangue que drena a ilhota chega principalmente na porção central e depois flui para a periferia. Por este motivo as células beta se localizam em grande maioria no centro da ilhota (em um período pós- prandial, o sangue rico em glicose vai primeiro irrigar as células beta e elas vão secretar insulina, a maior parte dessa insulina vai para a corrente sanguínea mas uma menor parte faz um efeito parácrino nas células alfa e inibe a secreção de glucagon) - Possui 4 tipos celulares principais : . Células beta = produzem insulina, se localizam em grande maioria no centro da ilhota, constituem 70% da ilhota . Células alfa = produzem glucagon, se localizam em grande maioria na periferia da ilhota, constituem 20% da ilhota . Células delta (D) = produzem somatostatina (esta tem efeito inibitório sobre secreção de hormônios e sobre motilidade gastrointestinal) B.M.F 3 . Células PP (F) = produzem polipeptídeo pancreático (tem ação sobre controle de ingestão alimentar) Relação hormônios insulina/glucagon Período pós-prandial - Há predominância de secreção de insulina e pouca secreção de glucagon (pois ocorre um aumento na glicemia) - Ocorre aumento da glicólise, da síntese de glicogênio, de gorduras e da síntese proteica Período de jejum - Há predominância de secreção de glucagon e pouca secreção de insulina (pois ocorre uma redução na glicemia) - Ocorre aumento da glicogenólise, da gliconeogênese e da cetogênese (formação de corpos cetônicos) B.M.F 3 Hormônios insulina e glucagon - São hormônios proteicos - Ficam armazenados em fragmentos peptidicos - Síntese: 1- o RNA mensageiro nos ribossomos une os aa, formando uma cadeia peptidica chamada pré-pró-hormônio 2- o pré-pró-hormônio é direcionada para dentro do RE por uma sequência-sinal de aa 3- as enzimas do RÉ retiram a sequência sinal do pré-pro-hormônio, gerando um pro- hormônio (hormônio inativo) 4- o pró-hormônio passa do RE para o aparelho de golgi 5- vesículas secretoras contendo enzimas brotam do aparelho de golgi e o pro-hormônio é empacotado em grânulos secretórios 6- as enzimas clivam o pro-hormônio, gerando o desligamento dele dos fragmentos peptidicos formando um hormônio ativo + fragmentos peptidicos 7- o hormônio e os fragmentos peptidicos correspondentes ficam armazenados esperando o estímulo para a secreção (exocitose) 8- no caso do glucagon, quando há redução da glicose circulante, ele é secretado junto com seus fragmentos peptidicos (porém esses não possuem nenhuma função biológica) 9- no caso da insulina, ela é secretada junto com seu fragmento peptidico (chamado peptídeo C). O peptídeo C reflete na quantidade de insulina endógena produzida (o peptídeo C e a insulina endógena são secretados juntos em mesma quantidade, portanto para medir a produção de insulina endógena de um indivíduo que faz uso de insulina exógena é importante medir a quantidade de peptídeo C, pois a insulina exógena não possui peptídeo C) Regulação da glicemia - É importante manter a glicemia em um valor aceitável pois os neurônios funcionam utilizando glicose, se não houver glicose o suficiente o sistema nervoso central se desliga e o indivíduo entre em coma hipoglicêmico - Uma pessoa saudável que passa o dia em jejum e bebe muita bebida alcoólica pode entrar em coma hipoglicêmico (pois o metabolismo do etanol gera NADH inibindo a gliconeogênese) - Uma pessoa saudável que passa o dia em jejum não pode apresentar perda de consciência por hipoglicemia (o organismo possui diversos mecanismos para manter reservas de glicose evitando o coma hipoglicêmico) - Mecanismos que mantem uma quantidade suficiente de glicose circulando : . Secreção de glucagon (faz com que os hepatocitos quebrem o glicogênio e façam gliconeogênese) B.M.F 3 . Secreção de hormônios contra-reguladores (ajudam o glucagon á enviar glicose dos tecidos para a circulação) = GH (induz diminuição da sensibilidade há insulina), adrenalina (aumenta a gliconeogênese, aumenta a lipólise) e cortisol Captação de glicose - A glicose não consegue atravessar a bicamada fosfolipídica pois é uma molécula apolar - A glicose atravessa a bicamada fosfolipica através de transportadores (GLUT e SGLT) - Os SGLTs transportam glicose e sódio - Os GLUTs (com exceção do GLUT4) ficam ancorados na membrana plasmática para transportar a glicose - O GLUT4 está no citosol (armazenado em vesículas) só vai para membrana sob estímulo de insulina (é encontrado nos tecidos que dependem da insulina para aumentar a captação de glicose, como o músculo esquelético, músculo cardíaco e tecido adiposo) - A diferença entre os GLUTs é o KM (quantidade de glicose que cada um consegue transportar) Secreção de insulina Características - A secreção de insulina acompanha os aumentos na glicemia - A insulina é um hormônio proteico (não consegue atravessar a membrana celular, precisa se ligar a um receptor de membrana) - Receptor da insulina = receptor enzimático do tipo tirosina-quinase (este receptor possui 2 porções, porção alfa que é virada para o espaço extracelular e porção beta que é virada para o espaço intracelular. A porção beta possui atividade tirosina- quinase) - Insulina é anabólica - Os efeitos intracelulares de insulina são exercidos a partir da fosforilação das proteínas IRS - Células beta são as responsáveis pela secreção de insulina - Estímulos simpáticos inibem a secreção de insulina - Secretagogos (induzem secreção de insulina) = glicose, estímulos parasssimpaticos, aminoácidos, carboidratos, GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon) e GIP (peptídeo inibidor gástrico) . Todos os secretagogos, com exceção da glicose (que induz secreção de insulina através da glicólise), induzem secreção de insulina B.M.F 3 através da ligação á receptores ligados a proteína G . Principal secretagogo = hiperglicemia . Ação do GLP-1 (incretina) = depois de ingerir a refeição, quando o bolo alimentar chega no intestino as células intestinais detectam que chegou alimento e secretam GLP-1. O GLP-1 secretado cai na corrente sanguínea e vai ate a célula beta, preparando a célula beta para secretar insulina (por este motivo ele é considerado um estímulo antecipatório, antes a glicose ser absorvida, ele é secretado e avisa a célula beta que logo terá que começara secreção de insulina) Processo Secreção de insulina através de glicose 1- no período pós-prandial ocorre aumento da glicose circulante 2- a glicose chega na célula beta (rica em GLUT2) 3- o GLUT 2 vai permitir que bastante glicose entre na célula beta 4- começa o processo de glicólise 5- o processo de glicólise resulta no aumento de ATP 6- o aumento de ATP gera fechamento de canais de potássio dependentes de ATP, a membrana da célula beta é despolarizada e canais de cálcio dependentes de voltagem são abertos 7- ocorre um aumento de cálcio intracelular na célula beta, fazendo com que os grânulos sejam direcionados e se fundam com a membrana plasmática (exocitose de grânulos) 8- insulina é secretada 9- a insulina se liga á um receptor enzimático do tipo tirosina-quinase (se liga á porção alfa do receptor -> o receptor muda sua conformação -> ativa a porção beta que é a porção tirosina-quinase -> proteínas IRS são fosforiladas -> começa a cascata de fosforilação da insulina e a amplificação do sinal) 10- insulina exerce seus efeitos (ex: tranlocação do GLUT 4 para a membrana, síntese de proteínas, síntese de lipídeos, síntese de glicogênio, crescimento e expressão gênica) * A fosforilação de IRS gera uma cascata de fosforilação, dentre essa cascata a AKT é fosforilada. Esta AKT é responsável por diversas ações da insulina, como a de síntese de glicogênio, inibição de glicogeogênese, translocação do GLUT 4 * Importante lembrar: a prática de exercícios físicos induz a translocação do GLUT4 independente de insulina (a prática de exercícios físicos gera ativação de AMPK, esta vai nas vesículas que contém GLUT4 e induz a translocação de GLUT4 e captação da glicose independente da via da insulina. Além de que também aumenta a expressão de GLUT4, por isso indivíduos que costumam se exercitar possuem mais GLUT4 do que um indivíduo sedentário) B.M.F 3 Secreção de insulina através de outros secretagogos - Induzem secreção de insulina através da ligação á receptores ligados a proteína G - Atuam através de vias da adenilato ciclase ou da fosfolipase C Mecanismos de ação da insulina nos tecidos alvo - Nos hepatocitos a insulina ativa a via de glicólise (captação de glicose), inibe a glicogenólise, inibe gliconeogênese, aumenta síntese de ácidos graxos - Nos músculos a insulina aumenta a captação de glicose (através da translocação do GLUT4), aumenta síntese de glicogênio, aumenta gliconeogênese (músculo é egoísta, não libera glicose para a circulação), aumenta síntese de proteína, inibe glicogenólise - No tecido adiposo a insulina ativa lipogenese, aumenta captação de glicose, ativa glicólise, aumenta síntese de TAG (triacilglicerol) B.M.F 3 Secreção de glucagon Características - É secretado pelas células alfa - Sua secreção ocorre em período de jejum - Secretagogos (induz secreção de glucagon) = hipoglicemia, adrenalina, estimulação vagal - Inibem secreção de glucagon = hiperglicemia e somatostatina - É um hormônio proteico (não consegue atravessar a membrana celular, precisa se ligar a um receptor de membrana) - Receptor do glucagon = receptor acoplado a proteína G - Tecidos alvo = fígado, pâncreas, tecido adiposo Processo 1- um indivíduo em jejum, passam por momentos de luta ou fuga, o que resulta na secreção de adrenalina 2- a adrenalina vai até a célula alfa e induz secreção de glucagon 3- o glucagon vai para a corrente sanguínea em direção aos tecidos alvo 4- ao chegar nos tecidos alvo, o glucagon se liga á um receptor acoplado á proteína G 5- ocorre a cascata de fosforilação do glucagon (glucagon se liga ao receptor -> ativa proteína G -> ativa adenilato-ciclase -> converte ATP em AMPc -> AMPc ativa PKA -> PKA fosforila outras proteínas) 6- Glucagon age quebrando tudo que estava armazenado nos tecidos alvo quando tinha insulina, forma glicose e a envia para a circulação (induz glicogenólise, induz gliconeogênese, induz cetogense, induz lipólise, aumenta captação de aa, inibe glicogênese) Mecanismo de ação do glucagon nos tecidos - No fígado glucagon se liga ao receptor ligado á proteína G e ativa a PKA, essa induz glicogenólise (todo o glicogênio armazenado é quebrado para formar glicose), induz gliconeogênese (forma glicose a partir de outros substratos), induz beta oxidação (gera corpos cetonicos, que são enviados para a circulação e são utilizados como fonte de energia por músculo e SNC) - No tecido adiposo glucagon se liga ao receptor ligado á proteína G e ativa a enzima triacilglicerol-lipase (quebra lipídeos formando diacilglicerol + ácido graxo). Assim, o glucagon induz lipólise, faz com que ácidos graxos livres sejam levados para a circulação e possam ser utilizados no fígado para a gliconeogênese Patologias associadas Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) - Causas da hiperglicemia = ausência de produção de insulina pelas células beta, B.M.F 3 degeneração de células beta por doença autoimune/infeções (células beta são destruídas pelo sistema imune) - Tempo para inicio dos sintomas = muito rápido (quando perceber é quase súbito) - Acomete mais indivíduos na juventude (antes dos 20 anos) - Quantidade de insulina plasmática = muito reduzida ou ausente - Sintomas = perda de glicose na urina, desidratação, lesões teciduais, perda de peso - É conhecida também como diabetes juvenil (muitos desenvolvem a doença na infância) - Os indivíduos são deficientes em insulina (não produzem ou produzem pouca insulina) - Pode ser desencadeada por uma infecção viral Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) - Causas da hiperglicemia = resistência aos efeitos metabólicos da insulina (os indivíduos secretam muita insulina no começo, porém depois de um tempo as células beta entram em falência pois a quantidade de insulina que secretavam não tava fazendo efeito) - Tempo para início dos sintomas = muito demorado (é uma doença silenciosa) - Acomete mais indivíduos adultos (depois dos 20 anos) - Quantidade de insulina plasmática = aumentada no início e redução no decorrer da doença - Os indivíduos são resistentes á insulina - É diagnosticada quando o pâncreas não consegue mais secretar insulina para compensar a resistência (enquanto as células beta não entram em falência o indivíduo é diagnosticado com resistência á insulina, a partir do momento que não há mais produção de insulina pelas células beta o indivíduo é diagnosticado com DM2)
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